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A
maior parte das 185 prin- dem estética. Municipal de São Paulo. No período
cipais pontes e viadutos Em 1988, o trabalho apresentado do acidente, discutia-se qual órgão
da cidade de São Paulo, pelo engenheiro Catullo Magalhães era responsável pela sua inspeção
em concreto armado e protendido, (Magalhães et al., 1989), junto com e manutenção.
foi construída antes de 1984, apesar outros engenheiros da Prefeitura do A infiltração de água, a falta de es-
que o histórico de pontes e viadutos Município de São Paulo, já denuncia- tanqueidade e problemas no sistema
no Brasil e na própria cidade de São va o estado deplorável das pontes e de drenagem são as causas de gran-
Paulo é amplo e, ao longo dos anos, viadutos da cidade de São Paulo. No de parte das manifestações patológi-
se enriquece com as novas concep- relatório citado, consta que das 145 cas do concreto de pontes, colabo-
ções introduzidas permanentemente pontes vistoriadas, 86 tinham infiltra- rando diretamente para a redução de
pelos arquitetos e projetistas. Atual- ções nas juntas de dilatação (59,3%); seu desempenho e durabilidade.
mente as tecnologias das pontes se 83 apresentavam vigas e lajes com in- Para resolver problemas de infil-
encontram bastante disseminadas, filtrações de água e/ou armaduras ex- tração de água, além dos sistemas
desde as obras convencionais até as postas (57,2%); 11 com pilares com convencionais de impermeabilização,
pontes suspensas e as estaiadas com armaduras expostas e/ou corroídas, hoje existem métodos e sistemas de
sistema de aduelas ou balanços su- entre outras várias manifestações pa- última geração, mais eficazes e menos
cessivos, que dispensam escoramen- tológicas constatadas. onerosos, que garantem proteção do
tos e que vencem grandes vãos. Uma das razões desse descaso, concreto contra a ação de agentes e
Apesar dessas modernidades, a por incrível que pareça, como revelou ambientes agressivos. Essa proteção
verdade é que nessas mais de três o rompimento da ponte dos Remé- pode ser obtida por um mecanismo
décadas, segundo o que o Prof. Vi- dios ocorrido em 1997, passa pela de formação de cristais extras na mi-
tor Aly, secretário da PMSP, decla- identificação da instância responsá- croestrutura convencional do concre-
rou nesta edição, praticamente não vel pela manutenção dessas estrutu- to, induzidos pela adição dos aditivos
houve manutenção dessas estruturas ras. Até o final dos anos 1970, a ponte cristalinos para aumentar a chamada
antigas, nem sequer houve arquivo dos Remédios era de responsabilida- impermeabilização integral por cris-
adequado de projetos e intervenções de do Departamento de Estradas de talização, principalmente dos tabu-
ocorridas, sendo que as ações se Rodagem (DER), de âmbito estadual. leiros, mas também do concreto em
concentraram apenas em ações de Mas, na metade da década de 1980, geral de fundações, infraestrutura e
2. IMPERMEABILIZAÇÃO
INTEGRAL POR CRISTALIZAÇÃO
Este artigo apresenta o concreto
autocicatrizante “engenheirado”, que
pos
sui capacidade de autocicatriza-
ção autônoma, potencializadora do
mecanismo de colmatação natural
do concreto, por meio de um aditivo
cristalino que ativa os componentes
presentes na dosagem do concreto,
como os cimentos e as adições mine-
rais. Este método tem capacidade de
reparar fissuras passivas com abertu-
ra de até 0,5 mm. u Figura 1
Os aditivos cristalizantes moder- Excecução de laje de subpressão em edificação mista (residencial e
comercial), composta de três subsolos com forte presença do lençol freático,
nos, em sua quarta geração, perten-
localizada no primeiro bairro ecológico do Brasil – setor noroeste
cem à categoria de aditivos imperme- em Brasília – DF, Soul Housing & Shopping
abilizantes redutores da porosidade do
concreto,são amplamente emprega- concreto quanto à ação positiva de quantidade de artigos de pesquisa
dos no mercado de produtos quími- alguma adição “de engenharia”, como dedicou-se à autocicatrização autô-
cos da construção, sendo classificados os materiais cimentícios suplementa- noma “engenheirada”, em diferentes
como Permeability-Reducing Admixtures res, fibras e os aditivos cristalinos. aspectos de investigação, tais como,
exposed to Hydrostatic conditions O fenômeno da colmatação au- como a autocicatrização atua com
(PRAH), segundo a recomendação téc- tógena de fissuras em concreto já reforço de fibras, autocicatrização
nica americana ACI 212.3R-10 “Relatório teria sido reportado pela Academia produzida por bactérias produtoras
sobre Aditivos Químicos para Concreto”. Francesa de Ciências em 1836, sen- de minerais, autocicratização por
O consenso alcançado sobre o do atribuído à transformação do hi- polímero superabsorvente, por agen-
concreto autocicatrizante (CAC) entre dróxido de cálcio (Ca(OH)2) em cris- te cicatrizante contido em cápsulas
a comunidade internacional resultou tais de carbonato de cálcio (CaCO3) e, atualmente, por adição de aditivo
no relatório de estado da arte da RI- como consequência da sua exposi- cristalino especialmente desenvolvido
LEM “Fenômeno de autocicatrização ção ao dióxido de carbono (CO2) na para esse fim.
em materiais à base de cimento”, atmosfera. Mais tarde, também foram Como relatado, há várias pesqui-
publicado pelo Comitê Técnico 221- observadas muitas fissuras cicatriza- sas e estudos que demonstra a via-
SHC, criado em 2005. Nele, distin- das preenchidas com cristais de sili- bilidade e utilidade do emprego de
gue-se o mecanismo da colmatação cato de cálcio hidratado (C-S-H), de aditivos cristalizantes adicionados
“autógena” (ou natural), como sendo etringita (C6ASH32) e de carbonato de na massa do concreto, para uso em
o fechamento de fissuras devido ao cálcio (CaCO3) devido ao mecanismo obras e estruturas novas. Sua prin-
próprio concreto, e a autocicatriza- da autocicatrização por hidratação cipal função é reduzir o ingresso de
ção “autônoma” (ou de engenharia), contínua de partículas não hidratadas águas agressivas e colmatar peque-
como sendo o conjunto do selamen- de cimento e adições minerais, como nas fissuras. Com isso, reduzem
to de fissuras e da restauração de cinzas volantes (CV) e escória de alto substancialmente o risco de reações
propriedades mecânicas e de per- forno (EAF) residuais. deletérias, pois todas elas (AAR,
meabilidade, devido tanto ao próprio Na última década, uma grande sulfatos, carbonatação e cloretos)
u Figura 9
Amostras para o ensaio de u Figura 10
microscopia eletrônica de Micrografias de cristais nas fissuras tratadas com o catalisador cristalino (A)
varredura (MEV) e apenas a parede do gel nas amostras não tratadas (B)
Fonte: acervo pessoal de Emilio Takagi Fonte: TAKAGI, et al., 1996
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Instituto Brasileiro do Concreto. Manifestação do IBRACON sobre o lamentável acidente na Capital Federal. IBRACON, fevereiro de 2018. Disponível em
http://marketing.arteinterativa.com.br/ver_mensagem.php?id=H|105|252678|149252256388359600.
[2] MAGALHÃES, Catullo P.; FOLLONI, R.; FURMAN, H. Análise da Patologia das Obras de Arte do Município de São Paulo. In: Simpósio Nacional de Reforços, Reparos
e Proteção das Estruturas de Concreto, São Paulo, maio 1989. Anais. São Paulo, EPUSP, 1989, p. 3-17.
[3] TAKAGI, E. et al. Repair of road bridge RC floor slab with advanced cracks from the floor underside. In: 51st Annual Meeting of Civil Engineering Society of Japan.
Tokyo: [s.n.]. 1996. Proceedings… p. 344-345.