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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

UNIDADE ORGÂNICA DE CHIMOIO


PRÁCTICAS PEDAGÓGICAS

CÉLULA VEGETAL

Doneaires Augusto Serrote

LICENCIATURA EM BIOLOGIA COM HABILIDADES EM SAÚDE


PÚBLICA

Chimoio, Abril 2024


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
UNIDADE ORGÂNICA DE CHIMOIO
PRÁCTICAS PEDAGÓGICAS

CÉLULA VEGETAL

Docente:
Dr.
Realizado por:
Doneaires Augusto Serrote

LICENCIATURA EM BIOLOGIA COM HABILIDADES EM SAÚDE


PÚBLICA

Chimoio, Abril 2024


Índice
Capítulo III..................................................................................................................................5

1. Introdução............................................................................................................................5

1.1. Objectivos........................................................................................................................5

1.1.1. Geral.............................................................................................................................5

1.1.2. Específicos...................................................................................................................5

1.2. Metodologia.....................................................................................................................5

Capítulo II...................................................................................................................................6

2. Célula vegetal......................................................................................................................6

2.1. Forma...............................................................................................................................6

2.2. Composição......................................................................................................................7

2.3. Estrutura da célula vegetal...............................................................................................7

2.4. Divisão celular na célula vegetal.....................................................................................8

2.5. Funções da célula vegetal................................................................................................9

3. Tecidos vegetais.................................................................................................................10

3.1. Tipos de tecidos vegetais...............................................................................................10

4. Anatomia e morfologia vegetal.........................................................................................12

4.1. Raiz................................................................................................................................12

4.2. Caule..............................................................................................................................15

4.3. Folhas.............................................................................................................................17

4.4. Flores..............................................................................................................................19

4.5. Frutos.............................................................................................................................21

4.6. Sementes........................................................................................................................24

5. Multiplicação e reprodução vegetativa..............................................................................26

5.1. Tipos de multiplicação vegetativa..................................................................................27

Capítulo III................................................................................................................................30

6. Conclusão..........................................................................................................................30
7. Referências bibliográficas.................................................................................................31
Capítulo III
1. Introdução

O presente trabalho visa esclarecer com mais enfase questões relacionadas as células vegetais,
anatomia e morfologia vegetal e multiplicação e reprodução vegetativa. As células vegetais se
assemelham às animais em muitos aspectos de sua morfologia, como a estrutura das
membranas e de várias organelas. Também são semelhantes em vários mecanismos
moleculares básicos, como a replicação do DNA e sua transcrição em RNA, a síntese protéica
e a transformação de energia via mitocôndrias. Diferem, porém, em algumas características
morfofisiológicas importantes. Juntamente com a presença de uma parede celular rígida e o
desenvolvimento de um grande vacúolo utilizado para vários fins, os cloroplastos são
componentes característicos das células vegetais.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Compreender as células vegetais e a sua reprodução vegetativa;
1.1.2. Específicos
 Conceituar a célula vegetal;
 Identificar os tipos de tecidos vegetais;
 Descrever a anatomia e morfologia vegetal;
 Descrever a Multiplicação e reprodução vegetativa;
1.2. Metodologia

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, por estar em concordância e harmonia


com o tema proposto. Baseado em autores competentes, que dominam bem o assunto e a
utilização de suas obras que deram suporte a este trabalho. A coleta foi feita através de livros,
materiais impressos e sites da internet.

Prosseguindo-se, buscou-se a adoção de alguns critérios para uma revisão bibliográfica com
todo o material que foi coletado. Em busca de melhor entender os elementos utilizados, os
dados foram tratados de uma forma qualitativa, examinando os itens em destaque segundo os
fenômenos ressaltados pelos autores.

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Capítulo II
2. Célula vegetal

Segundo Carmello (2006), a célula vegetal é eucariótica e, assim como a célula animal, é
constituída por uma membrana plasmática, um citoplasma e um núcleo. Esses dois tipos de
célula também apresentam algumas organelas em comum, como a mitocôndria, retículo
endoplasmático liso e rugoso, ribossomos, sistema golgiense e peroxissomos.

Em relação às diferenças entre ambas, a célula vegetal possui parede celular, plastos,
glioxissomas e vacúolos de suco celular, ausentes na célula animal. Esta, por sua vez,
apresenta lisossomos, ausentes na vegetal.

2.1. Forma

Eles apresentam formato discoide, dupla membrana e, em seu interior, uma complexa rede de
membranas formada por sacos achatados denominados de tilacoides. Seu formato também é
diferente pois as células animais são redondas e têm forma irregular, enquanto as células
vegetais possuem formas fixas e retangulares. Tanto as células vegetais como as animais são
eucarióticas (Esau, 1974).

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2.2. Composição

A célula vegetal apresenta as estruturas básicas de uma célula eucarionte: membrana


plasmática, citoplasma, organelas celulares membranosas e núcleo delimitado por membrana.
Essas características são compartilhadas com as células animais, mas, na vegetal, há também
a presença de parede celular, vacúolo de suco celular e plastídios (Carmello, 2006).

2.3. Estrutura da célula vegetal


 Parede celular

A parede celular é uma estrutura relativamente rígida que está localizada externamente à
membrana plasmática, restringe o tamanho da célula e impede sua ruptura no momento em
que ocorre a entrada de água. Além disso, ela também atua na defesa contra organismos
patogênicos, na junção de células adjacentes, fornece resistência ao vegetal, entre outras
funções (Carmello, 2006).

A parede celular é formada basicamente por celulose, mas também possui outros
componentes, como a hemicelulose e substâncias pépticas. Em alguns tecidos, a parede é
impregnada de lignina, que funciona como um reforço nas paredes celulares. A lignina é
encontrada em paredes de células do esclerênquima e xilema, por exemplo.

Além das substâncias citadas, ao observar uma parede celular, é possível verificar a deposição
de cutina, suberina e ceras. O principal papel dessas substâncias é garantir que a perda de
água não ocorra de maneira exagerada.

 Plastídios

Os plastídios apresentam genoma próprio e capacidade de se autoduplicar, o que sugere que


essas estruturas surgiram por endossimbiose. Eles são classificados em três tipos básicos:
cloroplastos, cromoplastos e leucoplastos.

Cloroplastos: são os plastídios mais conhecidos e também os mais complexos. Estão


relacionados com a fotossíntese e contêm como pigmento principal a clorofila. Eles
apresentam formato discoide, dupla membrana e, em seu interior, uma complexa rede de
membranas formada por sacos achatados denominados de tilacoides.

Cromoplastos: armazenam principalmente carotenoides, pigmentos responsáveis pela


coloração que vai do amarelo ao vermelho. Essa organela é encontrada em maior quantidade
nas partes coloridas das plantas.
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Leucoplastos: são plastídios que não possuem nenhum pigmento, mas armazenam
substâncias. Eles recebem nomes diferentes de acordo com a substância armazenada. Aqueles
que armazenam amido, por exemplo, são chamados de amiloplastos, e aqueles que
armazenam proteínas são chamados de proteinoplastos.

 Vacúolo de suco celular

O vacúolo de suco celular é uma estrutura típica da célula vegetal que atua em diversas
atividades da célula, garantindo, por exemplo, o acúmulo de substâncias, a manutenção do
pH, a digestão de componentes celulares, a degradação de macromoléculas, a manutenção da
rigidez dos tecidos, o controle osmótico, entre outras funções. Essa estrutura é delimitada por
uma membrana denominada de tonoplasto e apresenta em seu interior suco celular (Esau,
1974).

Os vacúolos em células meristemáticas apresentam-se numerosos e pequenos. À medida que


ocorre a diferenciação, os vacúolos iniciam um processo de fusão. Em uma célula vegetal
diferenciada, o vacúolo pode ocupar cerca de 90% do espaço celular total.

 Glioxissomos

Além das estruturas citadas, em algumas células vegetais, principalmente em sementes


oleaginosas, é possível observar a presença de glioxissomos. Essa estrutura, classificada como
microcorpo, participa do processo de conversão de lipídios em açúcares (Carmello, 2006).

2.4. Divisão celular na célula vegetal

As células vegetais possuem algumas particularidades na fase M. Sua divisão é anastral, ou


seja, apesar da existência dos centrossomos e sua migração para pólos opostos, não existem
centríolos e nem ásteres. Além disso, sua citocinese é centrífuga, ao contrário da centrípeta
das células animais, ou seja, ocorre do interior da célula para fora, ao invés do
estrangulamento de fora para dentro das células animais (Carmello, 2006).

A formação da nova parede celular (incluindo a membrana plasmática) a partir da lamela


média, é o resultado da fusão de inúmeras vesículas, oriundas, em grande parte, do complexo
de Golgi, na região central da célula, onde existe um arcabouço de microtúbulos denominado
fragmoplasto. Essa lamela, então, se expande para a periferia até alcançar a membrana
plasmática, dividindo a célula em duas. Posteriormente, microfibrilas de celulose irão se
depositar na matriz da lamela, completando, assim, a formação de uma nova parede celular.

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2.5. Funções da célula vegetal

A célula vegetal é o componente básico de todos os seres vivos que fazem parte do Reino
Vegetal. Em conjunto, as células formam os tecidos que, consequente, formam os órgãos, os
quais são responsáveis pela execução de funções vitais como respiração, alimentação e
reprodução (Carmello, 2006).

Membrana Plasmática: película que reveste, protege e delimita a célula.

Citoplasma: material líquido localizado entre a membrana e o núcleo.

Núcleo: responsável pelo material genético.

Reticulo endoplasmático: transporta substâncias dentro da célula e sintetiza proteínas

Mitocôndrias: libera a energia.

Complexo de golgi: armazena as proteínas.

Lisossomos: função – digestão intracelular.

Centríolos: participam da divisão celular.

Parede celular: tem a função de proteger e sustentara célula. É composta por uma substância
chamada celulose que forma uma rede de fibras, que confere pouca elasticidade ao contorna
da célula vegetal, contribuindo com a manutenção de sua forma.

Plastídios ou Plastos: são capazes de realizar diversas funções. As mais importantes são os
cloroplastos, dotados de clorofila e relacionados com uma função importante: a fotossíntese.

Vacúolos: armazena líquidos e pigmentos, além de diversas outras substâncias produzidas


pelas células.

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3. Tecidos vegetais

De acordo com Carmello (2006), os tecidos vegetais podem ser definidos, de maneira
simplificada, como associação de células que formam unidades estruturais e funcionais. São
denominados de tecidos simples quando formados por apenas um tipo de célula, e de
complexos, quando formados por dois ou mais tipos celulares. O parênquima, o colênquima e
o esclerênquima são considerados tecidos simples. A epiderme, o xilema e o floema, por sua
vez, são tecidos complexos.

Os tecidos vegetais estão organizados em três sistemas: sistema dérmico, sistema fundamental
e sistema vascular. No corpo da planta, geralmente, o que se observa é a presença do sistema
vascular sendo envolvido pelo sistema fundamental, o qual é envolvido pelo sistema dérmico,
que reveste todo o corpo da planta.

O sistema dérmico é o mais externo observado no corpo da planta, protegendo-a contra


danos físicos e a herbivoria. A epiderme faz parte dele, bem como a periderme, que é
encontrada em plantas com crescimento secundário.

O sistema fundamental, por sua vez, está relacionado com várias funções, como
preenchimento, reserva, sustentação e realização de fotossíntese. Esse sistema é formado por
três tipos de tecidos fundamentais: o parênquima, o colênquima e o esclerênquima.

Por último temos o sistema vascular do vegetal que garante a condução de substâncias pelo
corpo da planta. Dois tipos de tecido fazem parte dele: o xilema e o floema (Carmello, 2006).

3.1. Tipos de tecidos vegetais


 Meristemas

São um tecido vivo ainda não diferenciado. Eles apresentam a capacidade de multiplicar-se e
dar origem a outros tecidos. Podemos classificar os meristemas em dois tipos: os apicais e os
laterais. Os apicais são localizados no ápice da raiz e do caule e estão envolvidos com o
crescimento em comprimento da planta (crescimento primário). Os laterais (câmbio vascular e
felogênio) estão relacionados ao crescimento em espessura (crescimento secundário).

 Epiderme

É um tecido vegetal que reveste o corpo da planta. As células desse tecido estão dispostas de
maneira compacta, sendo essa característica importante na função de proteção exercida por
ele. As células epidérmicas são vivas e vacuoladas, e podem apresentar diversas substâncias,
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como pigmentos. Na epiderme encontramos algumas células com funções específicas, como
as células-guarda dos estômatos, os litocistos, as células suberosas e os tricomas."

 Periderme

Surge em substituição à epiderme em plantas com crescimento secundário. Diferentemente do


que muitos pensam, a periderme não se trata de um tecido único, sendo, na realidade, um
conjunto de tecidos de revestimento que apresentam origem secundária. A periderme é
formada pelo súber, pelo felogênio e pela feloderme. O felogênio é um tecido meristemático
de origem secundária, que produz para o fora o súber, e para a região mais interna, a
feloderme (Esau, 1974).

 Parênquima

É um tecido vegetal formado por células vivas e que geralmente apresentam formato
isodiamétrico. Esse tecido apresenta a capacidade de retomar sua atividade meristemática,
sendo importante, portanto, em processos como cicatrização e regeneração. Podemos
classificar o parênquima em três tipos básicos: parênquima de preenchimento, parênquima
clorofiliano e parênquima de reserva.

 Colênquima

É um tecido vegetal que apresenta células vivas com paredes celulares espessadas não
lignificadas. Quando observado em microscópio fotônico, as células desse tecido apresentam
cor branca e brilhante característica. Assim como o parênquima, o colênquima pode retomar a
atividade meristemática. Ele é um tecido relacionado com a sustentação do corpo da planta,
em especial, a sustentação de órgãos jovens em crescimento. É classificado, de acordo com o
tipo de espessamento que possui, em: angular, lamelar, lacunar e anelar.

 Esclerênquima

É um tecido relacionado com a sustentação, assim como o colênquima. Entretanto, o


esclerênquima é um tecido que apresenta células mortas na maturidade. Além disso, apresenta
parede secundária espessada, que pode ser lignificada ou não, sendo o espessamento
uniforme. Dois tipos de células são identificados nele: as fibras e as esclereídes. As fibras são
células, geralmente, mais longas do que largas, e as esclereídes tendem a ser menores.

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 Xilema

É um tecido complexo formado por vários tipos celulares, como células parenquimáticas,
fibras e elementos condutores. O xilema apresenta como função garantir o transporte de água
e solutos, a chamada seiva bruta.

Existem dois tipos básicos de elementos traqueais (células mais especializadas do xilema): os
elementos de vaso e as traqueídes. A principal diferença entre eles é que aqueles são dotados
de placas de perfuração (regiões com uma ou mais perfurações, ou seja, sem paredes primária
e secundária), enquanto estes são imperfurados.

O xilema pode ser originado do procâmbio, sendo um xilema primário, ou então do câmbio
vascular, sendo um xilema secundário.

 Floema

Assim como o xilema, é um tecido relacionado com a condução de substâncias, entretanto, ele
conduz materiais orgânicos e inorgânicos em solução (seiva elaborada). O floema é um tecido
complexo dotado de vários tipos celulares, como células parenquimáticas, fibras, esclereídes e
células especializadas na condução. Essas últimas são os elementos crivados, sendo possível
distinguir dois tipos deles: as células crivadas e os elementos do tubo crivado.

As células crivadas apresentam áreas crivadas (conjunto de poros) em todas as paredes,


enquanto os elementos do tubo crivado apresentam placas crivadas (região com poros
maiores) nas paredes terminais e áreas crivadas nas paredes laterais. Assim como o xilema,
existe o floema primário originado do procâmbio e o floema secundário, que se origina do
câmbio vascular (Carmello, 2006).

4. Anatomia e morfologia vegetal


4.1. Raiz

A raiz é, geralmente, um órgão subterrâneo e tem como funções principais fi xar o vegetal ao
substrato e dele absorver água e nutrientes minerais. A maioria das raízes não possui clorofi la
e gema e apresenta geotropismo positivo, o que faz com que seu crescimento se dê em direção
ao solo. Diferente do caule, a raiz não está dividida em nós e entrenó (Esau, 1974).

A raiz se desenvolve a partir da radícula do embrião e a primeira raiz a ser formada é chamada
de raiz primária. A partir da raiz primária são formadas as raízes secundárias e terciárias. O

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padrão de desenvolvimento das raízes primárias e secundárias permite reconhecer dois
sistemas de raízes (Esau, 1974):

 Sistema axial pivotante: a raiz primária permanece funcional e constitui um eixo


principal, a partir da qual são formadas as raízes secundárias. É o sistema radicular
típico das eudicotiledôneas;
 Sistema fasciculado: a raiz primária para de se desenvolver e se degenera
precocemente e o sistema radicular é constituído exclusivamente pelas raízes
adventícias, que são formadas a partir da base do caule. É o sistema radicular típico
das monocotiledôneas.

Ao observar os detalhes da aparência externa da raiz, podemos notar algumas regiões que se
distinguem por suas características específicas. São as chamadas regiões ou partes da raiz, que
estão presentes nas raízes primária, secundária e adventícia (Esau, 1974):

 Coifa ou caliptra: é uma estrutura que cobre a ponta da raiz e tem como função
proteger o meristema apical e parte dos tecidos meristemáticos primários –
protoderme, meristema fundamental e procâmbio;
 Região lisa ou de distensão: é a porção sem ramificação da raiz, localizada entre a
coifa e a região pilífera. Nessa região as células se alongam;
 Região pilífera ou de absorção: nessa região estão localizados os pelos absorventes,
que são estruturas com função de ampliar a absorção de água e nutrientes a partir do
substrato;
 Região de ramificação: é a porção ramificada da raiz, ou seja, de formação das raízes
secundárias. É constituída por tecidos completamente diferenciados, sendo,
geralmente, espessada.

As raízes apresentam características morfológicas particulares, que podem estar relacionadas


ao ambiente em que elas se desenvolvem. Com base nisso, podem ser classificadas em
terrestres, aquáticas ou aéreas (Esau, 1974):

 Raízes terrestres: são aquelas que se desenvolvem sob um substrato, sendo também
denominadas subterrâneas;
 Raízes aquáticas: são aquelas que se desenvolvem dentro da água;

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 Raízes aéreas: são aquelas que se desenvolvem expostas ao ar. Em algumas plantas,
as raízes aéreas são capazes de absorver água da atmosfera, como ocorre nas orquídeas
que apresentam uma epiderme radicular multisseriada chamada velame.

As raízes também podem ser classificadas com base na função principal que desempenham no
corpo da planta, sendo que mais de um tipo de raiz pode ser observado em uma mesma planta
(Esau, 1974):

 Raízes escora ou suporte: são as raízes adventícias de muitas plantas altas ou que
crescem sobre um substrato instável. A raiz escora se desenvolve na base do tronco,
permitindo maior sustentação e estabilidade à planta;
 Raízes estranguladoras: são as raízes aéreas de algumas plantas epífi tas. A raiz
estranguladora envolve a planta que serve como apoio, tornando-se bastante
espessada, o que impede o desenvolvimento e provoca a morte da planta apoio;
 Raízes grampiformes: são as raízes adventícias de muitas plantas trepadeiras. A raiz
grampiforme fi xa a planta em um apoio, auxiliando na sua sustentação;
 Raízes haustórios: são as raízes aéreas presentes nas plantas parasitas. A raiz
haustório possui estruturas denominadas apressórios, que permitem a ela penetrar os
tecidos da planta hospedeira até atingir o sistema vascular, dele retirando os nutrientes
orgânicos transportados pelo floema (planta holoparasita) e/ou os nutrientes minerais
transportados pelo xilema (planta hemiparasita);
 Raízes pneumatóforos ou respiratórias: são as raízes aéreas de algumas plantas que
crescem em substrato pobre em oxigênio. A raiz pneumatóforo possui geotropismo
negativo, crescendo em direção ao ar, e possui estruturas denominadas pneumatódios,
que permitem a essa realizar trocas gasosas;
 Raízes tabulares: são as raízes aéreas de muitas plantas que atingem grande porte. A
raiz tabular se desenvolve na base do tronco, permitindo maior sustentação e
estabilidade à planta;
 Raízes tuberosas: são raízes geralmente subterrâneas de muitas plantas com
importância comercial. Ambos os sistemas, axial pivotante e fasciculado, podem ser
constituídos por raízes tuberosas. A raiz tuberosa armazena compostos orgânicos,
nutrientes minerais ou água, sendo geralmente muito espessa.

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4.2. Caule

O caule é, geralmente, um órgão aéreo e tem como funções principais sustentar as folhas e
ligá-las à raiz. O caule possui gemas apicais e axilares e está subdividido em nós e entrenós.
Apresenta fototropismo positivo, o que faz com que seu crescimento se dê em direção à luz, e
pode ter clorofila, auxiliando no processo fotossintético (Esau, 1974).

As gemas abrigam o meristema apical caulinar, os tecidos meristemáticos primária


protoderme, meristema fundamental e procâmbio, e os primórdios de folhas, sendo
responsáveis pelo fenômeno da dominância apical. As gemas podem formar apenas folhas,
quando são vegetativas, ou formar flores e inflorescências, quando são reprodutivas.

O caule se desenvolve a partir do epicótilo, às vezes a partir do epicótilo e de parte do


hipocótilo - do embrião. O padrão de ramificação dos caules permite reconhecer dois sistemas
de crescimento (Esau, 1974):

 Sistema monopodial: uma única gema é responsável pelo crescimento, originando


um eixo principal, geralmente com formato piramidal;
 Sistema simpodial: muitas gemas são responsáveis pelo crescimento, originando
vários eixos, geralmente com formato difuso. O caule é o principal órgão responsável
pelo porte da planta. O porte é uma característica dinâmica, que pode variar
dependendo do ambiente ou do estádio de desenvolvimento da planta. O porte não tem
a ver com a altura da planta, mas com sua forma e estrutura:
 Porte herbáceo: observado em plantas com caule em estrutura primária, não lenhoso,
geralmente verde e pouco resistente;
 Porte subarbustivo: observado em plantas com características intermediárias entre
ervas e arbustos possuindo, geralmente, a base do caule ou o sistema subterrâneo
lenhoso; •
 Porte arbustivo: observado em plantas com caule lenhoso, resistente, ramificado
próximo ao solo, nas quais os galhos não formam um eixo principal;
 Porte arbóreo: observado em plantas com caule lenhoso, resistente, ramificado no
ápice, com um eixo principal evidente;
 Porte liana: observado em plantas com caule flexível que precisam de um suporte
para sua sustentação, embora tenham suas raízes fixadas no solo;

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 Porte epífito: observado em plantas que se desenvolvem utilizando como suporte
geralmente outra planta, sem que suas raízes tenham contato com o solo.

Os caules apresentam características morfológicas particulares que podem estar relacionadas


ao ambiente em que eles se desenvolvem. Com base nisso, os caules podem ser classificados
em terrestres, aquáticos ou aéreos (Esau, 1974):

 Caules terrestres: são aqueles que se desenvolvem sob um substrato, sendo também
denominados subterrâneos;
 Caules aquáticos: são aqueles que se desenvolvem dentro da água;
 Caules aéreos: são aqueles que se desenvolvem expostos ao ar.

Os caules também podem ser classificados com base na função principal que desempenham
no corpo da planta, sendo que mais de um tipo de caule pode ser observado em uma mesma
planta (Esau, 1974):

 Caules troncos: são os caules aéreos eretos robustos, lenhosos e rígidos, geralmente
formados por um eixo principal que se ramifica a uma distância relativamente grande
da base;
 Caules estipes: são os caules aéreos eretos robustos, bastante resistentes, geralmente
formados por um eixo principal não ramificado ou que se ramifica apenas na base,
com folhas concentradas na região apical;
 Caules hastes: são os caules aéreos eretos herbáceos, macios, flexíveis, não lenhosos
e geralmente verdes;
 Caules colmos: são os caules aéreos eretos herbáceos, flexíveis, geralmente não
ramificados, com regiões de entrenós bem evidentes denominadas gomos. Os gomos
podem ser ocos (fistulados) ou maciços (cheios);
 Caules volúveis: são os caules aéreos de plantas que crescem sobre um apoio, sendo
geralmente flexíveis. O caule volúvel é capaz de se enrolar sobre o suporte, não
apresentando estruturas especializadas para isso. O caule que se enrola no suporte da
esquerda para a direita é denominado volúvel dextrorso, enquanto o caule que se
enrola da direita para a esquerda é denominado sinistrorso;
 Caules trepadores: são os caules aéreos de plantas que crescem sobre um apoio,
sendo geralmente flexíveis. O caule trepador possui estruturas especializadas para se
aderirem ao suporte, como gavinhas (caule ou folha modificada em uma estrutura

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alongada que se enrola intensamente), espinhos (caule ou folha modificada em uma
estrutura pontiaguda) e raízes grampiformes (raiz adventícia modificada em uma
estrutura de fixação);
 Caules estolões: são os caules aéreos rastejantes que formam raízes a partir da região
dos nós, quando esta toca o substrato. O caule estolão é observado em plantas que
ocupam de forma rápida a superfície do solo;
 Caules sarmentosos: são os caules aéreos rastejantes que não formam raízes quando
tocam o substrato. O caule sarmentoso é observado em plantas que ocupam de forma
rápida a superfície do solo, sendo às vezes empregado para as plantas trepadeiras;
 Caules rizomas: são os caules subterrâneos ricos em reservas de nutrientes, com nós e
entrenós bastante evidentes;
 Caules tubérculos: são os caules subterrâneos muito espessos, sem raízes e folhas,
mas que possuem gemas;
 Caules bulbos: são os caules subterrâneos reduzidos e achatados. O caule bulbo
geralmente porta folhas modificadas e sem clorofila, denominadas catafilos, podendo
ser do tipo tunicado (disco pouco desenvolvido com catafilos internos suculentos e
externos secos), escamoso (disco pouco desenvolvido com catafilos espessos) e sólido
ou cormo (disco bastante desenvolvido com catafilos membranáceos);
 Caules pseudobulbos: são os caules aéreos que apresentam algumas regiões de
entrenós bastante espessas e preenchidas com tecidos de armazenamento de
substâncias;
 Caules cladódios: são os caules aéreos achatados, verdes e, por isso, especializados
no processo fotossintético. O caule cladódio geralmente não possui folhas, ou elas são
transformadas em espinhos;
 Caules filocládios: são os caules aéreos muito achatados, geralmente laminares,
verdes e, por isso, especializados no processo fotossintético;
 Caules rizóforos: são os caules aéreos que apresentam geotropismo positivo,
crescendo em direção ao solo, auxiliando na sustentação do vegetal quando este se
desenvolve sobre substrato instável.
4.3. Folhas

A folha é um órgão aéreo, geralmente achatado e fi no, características que estão relacionadas à
sua função principal de realizar fotossíntese. A folha se origina a partir dos primórdios
foliares, que estão contidos nas gemas. As gemas são estruturas que abrigam o meristema
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caulinar, os tecidos meristemáticos primários – protoderme, meristema fundamental e
procâmbio –, e os primórdios de folhas. Uma folha pode ser facilmente reconhecida a partir
da localização do nó do caule e da gema axilar (Gonçalves, 2011).

Ao observar os detalhes da aparência externa da folha, podemos notar algumas regiões que se
distinguem por suas características específi cas. São as chamadas partes da folha (Gonçalves,
2011):

 Lâmina: também chamada de limbo, é a parte geralmente achatada e verde, onde são
observadas as nervuras, que são os tecidos vasculares;
 Pecíolo: é a haste que sustenta a lâmina e a liga ao caule, localizada geralmente na
base do limbo, estando ausente nas folhas sésseis e em grande parte das
monocotiledôneas;
 Bainha: é a parte basal do limbo, geralmente expandido e que envolve o caule. Tem
função de proteger as gemas axilares;
 Estípula: formação laminar existente na base do pecíolo de certas folhas.

A folha pode ser classifi cada em relação à sua aparência geral (Gonçalves, 2011):

 Folha completa: é constituída por lâmina, pecíolo e bainha;


 Folha incompleta: quando a lâmina, o pecíolo e/ou a bainha estão ausentes;
 Folha simples: apresenta a lâmina inteira, não dividida;
 Folha composta: apresenta a lâmina dividida em subunidades que são denominadas
folíolos;
 Folha recomposta: também chamada de bipinada, apresenta os folíolos divididos em
subunidades que são denominadas foliólulos;
 Folha simples lobada: apresenta limbo recortado, mas não dividido, já que os recortes
não atingem a nervura central;
 Folha composta unifoliolada: apresenta um folíolo;
 Folha composta bifoliolada: apresenta dois folíolos;
 Folha composta trifoliolada: apresenta três folíolos;
 Folha composta digitada: apresenta mais de três folíolos, todos partindo de um
mesmo ponto;

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 Folha composta pinada: apresenta os folíolos partindo de diferentes pontos, de forma
semelhante a uma pena. Se a folha terminar em um folíolo, é chamada imparipinada.
Se a folha terminar em dois folíolos, é chamada paripinada;
 Folha triternada: apresenta três folíolos, cada um deles também sendo subdividido
em três foliólulos.

As folhas podem ser classificadas em relação ao arranjo delas ao longo do caule, o que é
chamado de filotaxia (Gonçalves, 2011):

 Filotaxia alterna dística: quando há apenas uma folha inserida em cada nó e as folhas
de nós consecutivos encontram-se num mesmo plano;
 Filotaxia alterna espiralada: quando há apenas uma folha inserida em cada nó e as
folhas de nós consecutivos se encontram em vários planos;
 Filotaxia oposta dística: quando há duas folhas inseridas em cada nó e as folhas de
nós consecutivos se encontram num mesmo plano;
 Filotaxia oposta cruzada: quando há duas folhas inseridas em cada nó e as folhas de
nós consecutivos se encontram em vários planos;
 Filotaxia verticilada: quando há mais de duas folhas inseridas num mesmo nó; •
Filotaxia rosulada: quando os entrenós são muito curtos.

As folhas podem ser classificadas em relação à forma geral da lâmina, levando-se em conta as
características da base, do ápice e da margem. Também podem ser classificadas em relação à
presença ou não de indumento, que leva em conta o tipo, a quantidade e a distribuição dos
tricomas localizados na lâmina foliar. Nas folhas, os feixes vasculares constituem as nervuras,
que podem ser:

 Nervura primária: é a nervura principal, geralmente única e central;


 Nervura secundária: é a nervura lateral, que surge a partir da nervura primária;
 Nervura marginal: é formada pela união das nervuras laterais, próximo à margem da
lâmina.
4.4. Flores

A flor é a estrutura responsável pela reprodução das plantas angiospermas. É por meio da
reprodução que novas plantas são originadas, assegurando a manutenção dos ecossistemas
(Gonçalves, 2011).

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 Funções das flores

A função primordial das flores é a produção de sementes para a formação de novas plantas,
garantindo a sobrevivência das espécies.

Assim, a flor é responsável pela reprodução das plantas. Para isso, elas são formadas por
folhas modificadas, geralmente de cores atrativas e formatos diferenciados para atrair os seus
polinizadores (Gonçalves, 2011).

 Partes das flores

Uma flor completa apresenta as seguintes estruturas (Gonçalves, 2011):

 Estame: estrutura masculina da flor onde localizam-se o filete e a antera.

 Carpelo: estrutura feminina da flor, formada pelo estigma, estilete e ovário.

 Pétalas: folhas modificadas e coloridas com a função de atrair os polinizadores. O


conjunto de pétalas é chamado de corola.

 Sépalas: localizadas abaixo das pétalas, geralmente, de coloração verde. O conjunto


de sépalas é chamado de cálice.

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Toda essa estrutura é sustentada pelo pedúnculo, haste responsável por ligar a flor à planta. O
pedúnculo apresenta uma porção dilatada ligada à flor denominada de receptáculo floral,
onde estão inseridos os elementos florais (Gonçalves, 2011).

Gineceu e Androceu

De acordo com a estrutura da flor, ela pode ser feminina ou masculina. Essa definição
depende da presença do gineceu e do androceu.

Gineceu

O conjunto de carpelos é denominado de gineceu, a parte feminina da flor.

O gineceu é formado por carpelos, pistilo, estigma, estilete e ovário. Dentro do ovário estão os
gametas femininos da planta (Gonçalves, 2011).

O estigma é a porção que recebe o grão de pólen e através do estilete liga-se ao ovário. Já o
ovário é a parte que vai se transformar em fruto.

O fruto é resultado do desenvolvimento do ovário, enquanto a semente representa o


desenvolvimento do óvulo depois da fecundação.

Androceu

O conjunto de estames é denominado de androceu, a parte masculina da flor. O androceu é


formado pelos estames, antera e filete. Os estames são formados pela antera e filete. O filete
corresponde a uma haste longa e fina, onde em sua extremidade encontra-se a antera,
responsável pela produção do pólen (Gonçalves, 2011).

4.5. Frutos

O fruto é a estrutura carnosa das plantas angiospermas que se desenvolve a partir do ovário,
após a fecundação.

Ele corresponde ao ovário desenvolvido da flor e com sementes maduras.

As funções do fruto são (Gonçalves, 2011):

 Proteção da semente em desenvolvimento;

 Em alguns casos, auxilia na dispersão da semente;

 Promove a propagação e perpetuação da espécie.

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Os frutos atuam como um envoltório protetor das sementes.

Entretanto, nem todos os tipos de frutos têm sementes. A estes damos o nome de frutos
partenocárpicos, pois são produzidos por partenocarpia, processo no qual não ocorre
fecundação. Um exemplo de fruto partenocárpico é a banana.

Partes do Fruto

O fruto é constituído por duas partes fundamentais: o fruto propriamente dito, também
chamado de pericarpo e a semente. Todas as partes do fruto derivam da flor.

O pericarpo é originado da parede do ovário e apresenta três camadas (Gonçalves, 2011):

 Epicarpo: parte externa do fruto, conhecido também como casca.

 Mesocarpo: parte intermediária e mais desenvolvida. Geralmente, é comestível.

 Endocarpo: é a parte que reveste a cavidade do fruto. Por ser muito fina, pode ser de
difícil identificação e separação.

Classificação dos Frutos

Os frutos são classificados através de suas variadas características (Gonçalves, 2011):

Desenvolvimento do ovário

Quanto ao desenvolvimento do ovário, os frutos são classificados em simples, agregados e


múltiplos.

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Frutos Simples

Os frutos simples são originários de um só ovário e de uma única flor. Exemplos: tomate e
cereja.

Os frutos simples podem ser do tipo seco ou carnoso.

Frutos Secos

Os frutos secos são os que possuem pericarpo pobre em água. As substâncias nutritivas
concentram-se na semente.

Os frutos secos classificam-se conforme a abertura do pericarpo, nos seguintes tipos:

 Frutos deiscentes: são os que o pericarpo se abre durante o amadurecimento.


Exemplo: castanha.

 Frutos indeiscentes: são os que o pericarpo não se abre naturalmente. Exemplo:


girassol.

Frutos Carnosos

Os frutos carnosos possuem pericarpo rico em água e substâncias nutritivas.

Os frutos carnosos podem ainda ser classificados em:

 Baga: frutos com várias sementes facilmente separadas do fruto. Exemplo: goiaba,
mamão e melão.

 Drupa: frutos com semente envolvida por um endocarpo duro, também chamado de
caroço. Exemplo: azeitona, abacate e ameixa.

Frutos Agregados

São chamados frutos agregados são os que se originam de uma flor com muitos ovários
separados. Também são denominados de frutos apocárpicos.

Exemplo: magnólia.

Frutos Múltiplos ou Infrutescência

Os frutos múltiplos desenvolvem-se de inflorescências, nas quais os muitos ovários fundem-


se e formam uma estrutura única.

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Exemplos: Figo, abacaxi e amora.

Número de Sementes

 Frutos Monospérmicos: são os que apresentam uma única semente. Exemplo:


abacate.

 Frutos Polispérmicos: são os que possuem mais de uma semente. Exemplo: laranja.

Crescimento do fruto

Os frutos crescem somente nas plantas angiospermas, que são os vegetais desenvolvidos.

Eles surgem após a polinização e fecundação da oosfera. Estimulados por hormônios


vegetais liberados pelo embrião contido na semente, o ovário sofre hipertrofia e converte-se
em fruto.

Quando amadurecem, os frutos assumem cores, aromas e sabores que chamam a atenção dos
animais. É a estratégia da natureza para usar os animais como dispersores das sementes.

Após ingerir o fruto, os animais soltam as sementes longe da planta, permitindo que cresça em
outros locais.

Fruto, fruta e pseudofruto

Os termos fruto, fruta e pseudofruto possuem significados diferentes (Gonçalves, 2011):

 Fruto: é o resultado do desenvolvimento do ovário da flor.

 Fruta: termo popular empregado para frutos e pseudofrutos comestíveis e de sabor


adocicado.

 Pseudofruto: qualquer estrutura que se assemelhe a um fruto, mas que não seja
formada pelo amadurecimento do ovário e sim de outras estruturas da flor como o
pedicelo e receptáculo.

4.6. Sementes

A unidade de propagação sexuada, também denominada de dissemínulo, propágulo, unidade


de dispersão ou diásporo, deve conter essencialmente um embrião, podendo ser constituída
por uma semente (semente verdadeira) ou conter alguma parte de fruto associada, como a
cariopse, espigueta, antécio fértil (cariopse envolta pelas glumelas, lema e pálea), antécio

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fértil ligado a um antécio estéril, aquênio, carpídio, cremocarpo, drupa, esquizocarpo,
glomérulo, mericarpo, núcula, nuculânio, sâmara e samarídio (Gonçalves, 2011).

A semente verdadeira é originada do processo de fecundação, desenvolvimento e


amadurecimento do óvulo, sendo, portanto, o óvulo maduro fecundado.

As sementes das Angiospermas são formadas basicamente pelo tegumento e embrião


(cotilédone(s) + eixo embrionário), e um terceiro componente denominado endosperma, às
vezes ausente. Nas Gymnospermae, como não ocorre dupla fecundação, o tecido que persiste
como tecido de nutrição do embrião é o próprio ginófito, embora muitos autores o denominem
de endosperma primário (porque já existia no óvulo antes da fecundação), diferenciando-se do
endosperma secundário resultante da fecundação dupla das angiospermas.

No entanto, do ponto de vista funcional, as sementes são constituídas por casca (cobertura
protetora), tecido de reserva (endospermático ou cotiledonar, ou perispermático) e tecido
meristemático (eixo embrionário), cada parte apresentando funções específicas.

Estrutura

É a estrutura externa, que delimita a semente e pode ser constituída apenas pelo tegumento ou
conter também o pericarpo (Gonçalves, 2011).

1. a) Tegumento

O tegumento é uma cobertura constituída por camadas celulares originárias dos de


integumentos, da calaza, de tecidos da rafe, e algumas vezes também de camadas da nucela
que pode ser incluída na camada mais interna. Por ser originário de tecidos do óvulo,
apresenta as características genéticas da planta mãe. O tegumento é constituído em geral de
duas camadas a testa e o tégmen (Gonçalves, 2011):

TESTA

É o tegumento externo da semente, quando o óvulo tem originalmente dois integumentos


(primina e secundina). O têrmo só pode ser usado como sinônimo de tegumento quando a
semente apresenta uma única camada (tégmen ausente) e portanto se originou da primina do
óvulo.

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TÉGME ou TÉGMEN

É o tegumento interno da semente, quando o óvulo tem originalmente dois integumentos


(primina ou intina – in e secundina ou exina – ex). A testa e o tégmen nem sempre estão bem
diferenciados; às vezes aparece um só tegumento, em outras ocasiões este falta ou perde a sua
individualidade e ainda podem ocorrer mais de dois tegumentos.

5. Multiplicação e reprodução vegetativa

Multiplicação vegetativa é a designação atribuída ao conjunto de métodos usados pelas


plantas para se reproduzirem de forma assexuada. Outra designação atribuída à multiplicação
vegetativa é propagação vegetativa. Este método reprodutivo pode ocorre em diversas partes
da planta, desde as folhas, ao caule ou ainda nas raízes (Souza, 2008).

O desenvolvimento da prática da multiplicação vegetativa terá surgido no final dos anos 50 do


século XIX, com a propagação das vinhas, na Europa. Esta ocorreu através do uso de técnicas
como a enxertia.

Neste tipo de reprodução, os descendentes produzidos apresentam exactamente as mesmas


características que o indivíduo que lhes deu origem, assemelham-se a clones. Estes clones
surgem pois a reprodução ocorre através da divisão celular por mitose.

A multiplicação de células, por mitose, só é considerada reprodução se os indivíduos


originados se separarem do progenitor, uma vez que a descendência surge ligada fisicamente a
este, só existe reprodução quando ocorre a divisão entre os seres, passando a existir pelo
menos dois seres distintos, mas geneticamente semelhantes (Souza, 2008).

O principal objectivo da multiplicação vegetativa é o desenvolvimento de plantas saudáveis e


que apresentem um bom rendimento reprodutivo, uma vez que a grande maioria dos
indivíduos produzidos são utilizados para a alimentação. Para isso podem ser utilizados
métodos mais tradicionais, que serão mencionados posteriormente, ou métodos mais
modernos que utilizam a biotecnologia (cultura de tecidos in vitro).

Reprodução assexuada

Muitos seres vivos (em particular os invertebrados e as plantas) reproduzem-se de forma


assexuada, uma vez que este processo permite um menor dispêndio de energia, não sendo
necessário concentrar muita energia nessa actividade (Souza, 2008).

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Este tipo de reprodução não envolve as células sexuais dos indivíduos que se reproduzem. Os
organismos que têm origem por cada um dos diferentes processos de reprodução assexuada
surgem devido a divisões resultantes de um processo de mitose, consequentemente, as células
formadas são todas iguais, uma vez que apenas existe um progenitor e não
ocorreu fecundação.

Além da multiplicação vegetativa, outras formas de reprodução assexuada são


a fragmentação (estrela-do-mar), a gemulação (leveduras), a esporulação (fungos),
a partenogénese (abelhas), entre outros métodos que não são tão comuns. O processo de
reprodução assexuada varia consoante o individuo que se reproduz, sendo possível que o
mesmo individuo pratique mais do que um método, mas não em simultâneo (Souza, 2008).

Multiplicação vegetativa

A multiplicação vegetativa ocorre nas plantas uma vez estas apresentam uma grande
capacidade regenerativa, sendo lhes possível desenvolver algumas partes da sua estrutura, no
caso de ter perdido essa parte. Por exemplo, o caule de algumas plantas consegue voltar a
desenvolver raízes se for colocado em meios de cultura adequados (Souza, 2008).

Esta capacidade de regeneração deve-se à existência de células totipotentes, isto é, células


indiferenciadas com capacidade de regenerar novos tecidos, podendo mesmo originar novos
organismos.Todos os indivíduos produzidos por multiplicação vegetativa apresentam
exactamente as mesmas características.

5.1. Tipos de multiplicação vegetativa

 Propagação por tubérculos

Ocorrência de estruturas especializadas que possuem a capacidade de diferenciação, podem


assim dar origem a novos seres. Estas estruturas surgem devido à existência de tecidos do
meristema, isto é, tecidos com a capacidade de se diferenciarem formando novos tecidos ou
órgãos.

O tubérculo é um caule subterrâneo, com uma grande quantidade de substâncias de reserva,


que cresce, por exemplo, no batateiro. Este método permite o desenvolvimento de um grande
número de descendentes (Souza, 2008).

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 Propagação por estaca

Esta técnica consiste na regeneração de tecidos que forma retirados de uma planta mãe. As
partes destacadas apresentam tecidos com capacidade de diferenciação permitindo regenerar
as partes da planta que foram perdidas. Esta técnica pode utilizar os caules ou mesmo as
folhas do individuo que lhes deu origem (Souza, 2008).

Para a realização desta técnica deve ser tido em conta o desenvolvimento de infecções
fúngicas. A porção da planta mãe é colocada num substrato adequado para que lhe seja
possível desenvolver raízes, originando uma nova planta.

Esta técnica é normalmente utilizada em plantas que não podem produzir sementes, não lhes
sendo possível reproduzirem-se de forma sexuada. Apesar de ser muito utilizada, esta técnica
não produz um grande número de indivíduos.

 Propagação por enxertia

Este método consiste na colocação, em contacto, de tecidos de diferentes indivíduos,


permitindo assim que um deles adquira as características do outro. Inicialmente realiza-se
uma fractura nos tecidos dos dois indivíduos. Seguidamente insere-se uma porção do caule
(enxerto ou garfo) de um dos indivíduos, no outro (cavalo ou porta-enxertos), permitindo
assim a união dos tecidos.

Esta técnica permite o melhoramento genético das espécies que nela intervêm permitindo que
estas espécies desenvolvam novas características que as tornaram mais resistentes a
certas pragas ou doenças. Normalmente, apenas é realizada com o auxílio do ser humano, no
entanto, podem ocorrer casos em que ocorra de forma natural, mas é algo muito raro.

Um dos problemas desta técnica é a compatibilidade entre indivíduos, uma vez que nem todas
as plantas se unem de forma adequada a outras. A utilização bem suceda desta técnica
necessita um bom conhecimento das espécies que serão utilizadas (Souza, 2008).

 Propagação por mergulhia

Esta técnica utiliza o caule da planta mãe. O caule é envolvido num meio de cultura (pode ser
simplesmente substrato) adequado de forma a permitir que este desenvolva raízes. Após a
formação das raízes o caule é destacado da planta mãe formando uma nova planta.
Os morangueiros são um de exemplo de uma planta que realiza esta técnica de forma natural.

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A reprodução por multiplicação vegetativa é muitas vezes utilizada na agricultura como forma
de garantir que as colheitas apresentam as características desejadas. Se uma boa colheita for
produzida, os espécimes são “clonados” de forma a que nas colheitas seguintes se utilize
exactamente o mesmo material genético, assegurando assim colheitas de boa qualidade.

Apesar de ser um método bom para assegurar a continuação da produção, este também
apresenta problemas. No caso da existência de doenças toda a colheita será perdida, pois os
indivíduos não apresentam variabilidade que permita a sobrevivência de indivíduos mais
resistentes, pois estes não existem.

Cada espécie vegetal reage de forma diferente à multiplicação vegetativa, em alguns casos é
quase impossível a ocorrência deste tipo de reprodução. Nos casos em que a reprodução por
multiplicação vegetativa ocorre, a técnica utilizada também varia consoante a espécie vegetal,
sendo possível que algumas espécies não se consigam reproduzir, ou apresentem rendimento
mais baixo, para um determinado método em detrimento de outro (Souza, 2008).

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Capítulo III
6. Conclusão

De forma conclusiva, a célula vegetal é eucariótica e, assim como a célula animal, é


constituída por uma membrana plasmática, um citoplasma e um núcleo. Esses dois tipos de
célula também apresentam algumas organelas em comum, como a mitocôndria, retículo
endoplasmático liso e rugoso, ribossomos, sistema golgiense e peroxissomos.

A anatomia vegetal é um ramo da botânica que se dedica a estudar a forma como as células,
os tecidos e órgãos das plantas se organizam. As plantas são seres vivos e por isso sua divisão
em partes só tem função especialmente de estudo. Mesmo porque qualquer divisão do corpo
vegetal é arbitrária.

Por fim, a multiplicação vegetativa ocorre nas plantas uma vez estas apresentam uma grande
capacidade regenerativa, sendo lhes possível desenvolver algumas partes da sua estrutura, no
caso de ter perdido essa parte. Por exemplo, o caule de algumas plantas consegue voltar a
desenvolver raízes se for colocado em meios de cultura adequados.

Esta capacidade de regeneração deve-se à existência de células totipotentes, isto é, células


indiferenciadas com capacidade de regenerar novos tecidos, podendo mesmo originar novos
organismos. Todos os indivíduos produzidos por multiplicação vegetativa apresentam
exactamente as mesmas características.

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7. Referências bibliográficas

Carmello, SM. (2006). Anatomia vegetal. 2th ed. Viçosa: Editora da Universidade Federal de
Viçosa.

Esau K. (1974). Anatomia das plantas com sementes. São Paulo: Editora E. Blücher.

Gonçalves, EG. (2011). Morfologia vegetal. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da
Flora.

Souza, VC. (2008). Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de
angiospermas da fl ora brasileira, baseado em APG II. 2. ed. Nova Odessa: Instituto
Plantarum de Estudos da Flora.

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