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Germinação de sementes

Prof. Teresa Freitas


Objetivos da aula:

- Conceito

- Fases da germinação

- Tipos de germinação

- Fatores que afetam a germinação

- Teste de germinação
Germinação de Sementes

Conceitos:

Fenômeno biológico que pode ser considerado botanicamente como a


retomada do crescimento do embrião, com o consequente rompimento do
tegumento pela radícula.

Para os tecnólogos de sementes,

a geminação é reconhecida como tal, desde que as plântulas apresentem


tamanho suficiente para que possam avaliar a normalidade de suas partes e
a sua possibilidade de sobrevivência.
Côme & Tissaoui (1973)

Processo de germinação

Defendem a ideia de que devem considerar apenas as fases que antecedem


crescimento do eixo embrionário

O início da multiplicação celular e que leva à protusão da raiz primária e


posteriormente das estruturas da parte aérea

Parte do processo de crescimento

do processo de germinação
Nas RAS o conceito de germinação tem um cunho mais prático –
para que uma semente seja considerada como tendo germinado é
necessário que tenha produzido uma plântula normal

De acordo com Perry (1972)

Conceito desenvolvido na década de 30

Necessidade de dar ao agricultor uma


informação de valor relativo sobre “valor de
Plantio” de um lote

Unir os dois objetivos do teste de germinação de sementes


- Permitir a comercialização de sementes
- e Proporcionar informação de valor prático para o agricultor
Fases da germinação:
Fase I:

- Acentuado aumento na intensidade


respiratória;

- Resultando na produção de energia utilizadas


em uma série de reações bioquímicas;

- Degradação das reservas para nutrir o


embrião;

- Absorção de água devido ao potencial


matricial de vários tecidos da semente;

- Fase muito rápida, é um período de


embebição da semente
A Fase I é a fase inicial de embebição ou de absorção de água,
dirigido pelo gradiente de potencial hídrico entre a semente e o
seu ambiente

É um processo puramente físico – depende somente da


ligação da água à matriz da semente
Fase II:

- O eixo embrionário já está recebendo


algum nutriente, mas ainda não
consegue crescer;

-A semente praticamente pára de


receber água;

- É uma fase mais longa em relação a


anterior;

- A intensidade respiratória é mais lenta;


Fase III:

- A semente volta a absorver água e a


respirar intensamente;

- No nível bioquímico, o que caracteriza é


que as substâncias desdobradas na fase I
e transformada na fase II são
reorganizadas em substâncias complexas,
o que, em última análise, permite o
crescimento do eixo embrionário –
protrusão da radícula)

Iniciado o crescimento – semente perde rapidamente sua tolerância a


desidratação, ou seja após a protrusão da radícula marca um ponto
sem retorno
Iniciação de crescimento do embrião e enfraquecimento dos tecidos
de revestimento

- Em alguns casos a protrusão


- Ou Pode ocorrer um número
inicial do embrião através dos
substancial de divisões celulares e
tecidos de revestimentos
morfogênse antes da protrusão e da
envolve apenas a expansão emergência
das células existentes (Sementes de tomates e cenoura).
Para que ocorra a expansão da radícula e

a germinação é necessário haver:

O aumento do potencial de
Enfraquecimento e/ou
crescimento, ou tugor, por parte do
afrouxamento dos tecidos
embrião, para superar a resistência
circunvizinhos de
exercida pelos tecidos de
revestimento, que podem
revestimento, permitindo assim o
controlar o sincronismo de
alongamento
emergência da radícula, e/ou,
- Os produtos da degradação enzimática da parede celular são, em geral,

carboidratos que são transportados à extremidade da radícula

- Assim, a degradação das rígidas paredes celulares trabalha em ambos os

sentidos:

- Enfraquecendo o tecido do endosperma e

- Aumentando o potencial de crescimento do embrião

- Permitindo a protrusão da radícula


Preparação para o crescimento da Plântula

- Embora a germinação Stricto sensu termine com a protrusão da radícula, o

processo germinativo também pode envolver a preparação para o crescimento da

plântula.

- A plântula em crescimento tem que cumprir uma determinada distância até a

superfície;

- Em seguida, a luz induz a síntese de clorofila e o começo da fotossíntese.

- Até esse momento, o crescimento da plântula é abastecido pelos carboidratos

derivados das reservas das sementes

- Tanto o amido como os lipídios são convertidos em sacarose

- Fonte de energia para o crescimento


Tipos de Germinação:

O pólo de geotropismo positivo do eixo embrionário, que irá originar o sistema


radicular, não encontrou dificuldades para crescer em um ambiente de solo,
caracterizado por alto grau de resistência mecânica.

O pólo oposto, que originará a parte aérea, precisou desenvolver um sistema


para que, na germinação, a parte aérea fosse posta para fora do solo sem se
danificar.

Foram desenvolvidas duas soluções


A parte aérea da planta é posta acima da superfície do solo,
envolta pelos cotilédones

-Esse mecanismo se baseia essencialmente em um rápido e vigoroso crescimento


inicial do eixo hipocótilo-radicular, ao passo que o epicótilo e as folhas primárias, no
interior dos cotilédones, praticamente não crescem
- à medida que o eixo hipocótilo-radícula cresce, forma-se, próximo do nó
cotiledonar, uma alça, que é a primeira parte da plântula a atingir a superfície do
solo
- Ao atingir a luz, essa alça tende a se endireitar

- Em uma extremidade desta alça está o S.R., crescendo ativamente; na outra,

estão os cotilédones, trazendo em seu interior, o epicótilo e a plúmula.

- Como os cotilédones não estão presos ao solo à semelhança da raiz primária,

eles serão a parte que serão levantadas, fechados, contendo intactos em seu

interior epicótilo e plúmula, os cotilédones saem à luz.

- A partir de então há uma reversão na velocidade de crescimento: o epicótilo

cresce a uma taxa bem maior do que o hipocótilo, originando a parte aérea.

- Esse tipo de germinação ocorre quase com exclusividade entre dicotiledôneas.

Ex.: de monocotiledôneas - cebola


Na família gramineae

A parte aérea é posta para fora do solo envolta por uma estrutura especial,
tendo o formato tubular de uma bainha, constituído de um material
membranoso, resistente – coleóptilo.
- O coleóptilo, com um formato anatômico adaptado para furar, rompe a camada de

solo e sai à luz

- A plúmula vem crescendo imediatamente depois, envolvida pelo coleóptilo, sem

sofrer qualquer restrição mecânica

- O coleóptilo ao sair à luz, se abre e deixa a plúmula sair do seu interior

- O coleóptilo interrompe o seu crescimento, mas não imediatamente para dar apoio

ao crescimento inicial da parte aérea, muito frágil e quebradiça


Nas dicotiledôneas

- A germinação se processa face ao crescimento mais rápido do epicótilo do que do

hipocótilo

- A plúmula fica dobrada e colada ao epicótilo e este cresce perfurando a camada

de solo e ou detritos, arrastando as folhas primárias

- Ao atingir a luz, as folhas primárias se soltam e começam a crescer formando a

parte aérea.
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/1745202/
Fatores que afetam a Germinação:

Fatores externos:

a) Água:

A absorção da água pela semente, aumenta o seu tamanho, causando rupturas


nos tecidos, facilitando as trocas gasosas.

 Fatores que afetam a rapidez na absorção de água:

 Espécie: quanto maior o conteúdo de proteínas, mais rápida a absorção

 Disponibilidade de água: maior disponibilidade maior absorção

 Área de contato: maior contato entre o solo e a casca, mais rápida a


absorção

 Temperatura: quanto maior a temperatura maior a velocidade de


absorção até certo limite.
b) Temperatura:

 Interfere tanto no aspecto de germinação total, como na sua velocidade;

 A germinação só ocorre dentro de determinados limites: acima ou abaixo


dos limites superior e inferior, respectivamente, a germinação não ocorrerá

 dentro desses limites existe uma temperatura ou faixa de temperaturas na


qual o processo ocorre na máxima eficiência;

 É recomendada na forma constante ou alternada;

 Alternada: maior quantidade de plantas normais: semelhante do que


acontece ao natural;
c) Luz:

 A resposta à luz, está sob controle do fitocromo;

 Fotoblástica +: A germinação é favorecida pela luz (luz ativa);

 Fotoblásticas -: Germinação é inibida pela presença de luz e pode até


induzir a dormência;

 Indiferentes: Para maior número de sementes, a luz não afeta a


germinação.

Carvalho e Nakagawa (2012)

A luz não seria um fator que influencia na germinação


A luz é um dos agentes naturais de superação de dormência de

sementes de algumas espécies e que em sementes sensíveis à

luz, depois que a dormência foi superada por ação deste agente,

ou outro qualquer, a germinação ocorrerá tão bem no escuro como

à luz
d) Oxigênio:

A degradação das substâncias de reserva da semente para o fornecimento


de nutrientes e energia para o desenvolvimento do eixo embrionário é
um processo de queima desses produtos na qual é utilizado o oxigênio,
sendo então fundamental para que a
germinação ocorra;

- Início = Processo anaeróbico

(energia obtida pela respiração);

- Semente emite as raízes, ocorre rompimento do envoltório facilitando as


trocas gasosos;

Na primeira fase de absorção de umidade, o O2 não é fator limitante,


sendo-o, entretanto, para a emergência da radícula.
Fatores internos:

a) Longevidade:

 Período máximo que uma semente pode viver, permanecendo viável;

 E esse período é determinado por suas características genéticas

 É praticamente impossível determinar, pois as condições ótimas


variam entre espécies.
b) Viabilidade:

 Período que realmente a semente se mantém viável;

 Definido pela interação genética x Ambiente;

 Fatores que afetam a viabilidade:

 Características genética da planta progenitora;

 Vigor da planta progenitora;

 Condições climáticas predominantes durante a maturação das


sementes

 Grau de injuria mecânica;

 Ambiente de armazenamento.
Testes de Germinação:

 Objetivo: Avaliar a capacidade da semente germinar e produzir plântulas


normais;

 Avaliações são realizadas em laboratório

 Os laboratórios atendem aos procedimentos prescritos pelas RAS;

 Visando o estabelecimento de padrões, muitos estudos com substrato,


temperatura... são realizados;

 Críticas quanto à validade dos testes.


 Campo pode influenciar tanto de forma positiva como negativa, no
entanto, são válidos para a comparação de lotes de sementes em
trabalhos de rotinas e pesquisa;
Os testes de CV e estufas por não serem padronizados, não são aceitos
para fins de fiscalizações do comercio de sementes, que exige testes
realizados segundo as normas estabelecidas pelas RAS, em
laboratórios credenciados e oficiais;
 Número de sementes necessário:

• Sementes retiradas da porção pura (devem ser mantidas até o final dos
testes);

• Pelo menos 400 sementes devem ser utilizadas: (RAS)

•4 repetições de 100,

•8 repetições de 50,

•ou 16 de 25.

Espécies florestais nativas:


- Algumas tem pouca produção de sementes;
- Sementes ou frutos muito grande (chapéu-de-sol, sapucaia e araribá)

200 sementes
 Condições para germinação

Devem ser favoráveis ao desenvolvimento da planta até o estádio em que


serão classificados como normais ou anormais

 Água e Germinação

• Quantidade necessária para a hidratação inicial depende de:

- Composição química das sementes;

- Permeabilidade do tegumento;

- Disponibilidade de água no ambiente de germinação.


- O substrato deve ser molhado uniformemente;

- A adição de água no decorrer do teste deve ser evitada;

- A perda de umidade pode ser reduzida, para isso:

• Manter a umidade de 90 a 95% dentro do germinador;

• Recipientes (Gerbox) devem ser mantidos fechados .

Obs: O substrato, como papel de filtro, quando utilizados para sementes


pequenas, não deve formar película de água no entorno da semente.
 Temperatura e Germinação

- Fator determinante para a germinação;

- T°C ótima e o intervalo dentro do qual a germinação ocorre,


depende de cada espécie;

Luz e Germinação

-A luz nem sempre é fator imprescindível e limitante

- Quando a luz é indicada na RAS, deve ser utilizada no mínimo 8 h


durante o período de 24 h.

- Sua intensidade deve ser distribuída uniforme no substrato para que não
afete a T°C prescrita e, consequentemente, o resultado da germinação;
Oxigênio e Germinação

- Em concentrações baixas, ocorre o retardamento do processo e influencia


na formação de plântulas normais;

- Evitar fatores que limite o acesso ao oxigênio como:

Excesso de umidade

Proximidade das sementes na semeadura

Excessiva condensação de umidade sobre as sementes


Substrato e Germinação

- Função de suprir a semente e promover o ambiente no qual pode germinar e


se desenvolver;

- Escolha do substrato deve se considerar:

Tamanho de sementes;

Sua exigência quanto à umidade;

Sensibilidade ou não à luz;

Facilidade oferecida para o desenvolvimento e a avaliação das plântulas;


- Mais utilizados e descritos nas RAS:

- Pano, papel-toalha, papel-mata borrão, terra e areia

- Sementes grandes

Vermiculita

- Sementes de formas esféricas

Vermiculita

- Sementes médias e pequenas de forma achatadas

Papel
Condições sanitárias dos materiais e equipamentos

Devem ser conservados limpos para que seja mínima a contaminação


por fungos e bactérias

As sementes devem ser esterilizadas com hipoclorito de sódio a 2% por 4


a 10 minutos, após pré-embebição em água destiladas por 5 a 15
minutos, e depois lavadas em água corrente para remoção completa
do produto

Instalação do teste de germinação

Quando não existe método padronizado para a espécie adota-se


prescrições e recomendações estabelecidas para espécies
semelhantes
Semeadura e espaçamento

1,5 a 5 X a largura ou diâmetro da semente. Evitar ao máximo o


entrelaçamento entre as plântulas antes de efetuar a contagem e
removê-las

Duração do teste e contagem:

É dependente das espécie.


Interpretação dos Testes de germinação:

Plantas normais

Sementes que germinam


Plantas anormais

Sementes duras Não intumescem (tegumento impermeável)

Aplica-se método de superação de dormência

Sementes firmes Não intumescem após superação de dormência


Fim

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