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21/09/2018

Universidade Federal de Goiás ROTEIRO DA AULA


Departamento de Zootecnia
✓ INTRODUÇÃO
Forragicultura ✓ CAPINS DO GÊNERO BRAQUIÁRIA
✓ CAPINS DO GÊNERO PANICUM

Principais gramíneas forrageiras


Brachiaria e Panicum

Prof. Wilton Ladeira


Setembro de 2018

USO DA TERRA NO BRASIL Principais atributos desejáveis na planta forrageira

•Produção de forragem

•Valor nutritivo (composição química e digestibilidade) e

aceitação pelo animal (aceitabilidade);

•Persistência;

•Facilidade de propagação e estabelecimento

•Resistente à pragas e doenças.

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ESCADA DA ILUSÃO

• Com a substituição das forrageiras, aumentou-se o número de degraus


da “Escada descendente feliz” ou “Escada da ilusão”, proposta por Corsi
em 1988

CARACTERÍSTICAS GERAIS

 alta produção de forragem

Caracterização de  principais espécies são cespitosas

gramíneas do gênero  não apresentam problemas limitantes de doenças

Brachiaria  crescimento bem distribuído durante a maior parte do ano

 70% das pastagens no Brasil = cultivadas => gramíneas do gênero


Brachiaria

 Adaptação ampla, abrangendo várzeas inundáveis, margens de


florestas ralas e até regiões semidesérticas

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ESPÉCIES INTRODUZIDAS NO BRASIL GRAMÍNEAS DO GÊNERO BRAQUIÁRIA

Plantas de regiões tropicais, principalmente africanas,


Brachiaria brizantha (Hochst) Stapf
abrangendo cerca de 80 espécies.
Brachiaria decumbens - sementes da Austrália
Brachiaria decumbens - introdução IPEAN Do ponto de vista forrageiro, destaca-se:
Brachiaria dictyoneura (Fig & De Mot) Stapf
Brachiaria humidicola (Rendel) Schuwnickerdt Brachiaria decumbens e B. brizantha na região do Brasil Central;
Brachiaria radicans Napper Brachiaria humidicola na Amazônia;
Brachiaria ruziziensis Germain & Evrard Brachiaria purpurascens para solos úmidos nas regiões
Brachiaria vittata Stapf litorâneas.

Urochloa

CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS

Classificação – Família: Gramineae/Poaceae  A inflorescência mede 11 a 24 cm, tem 3-7 espigas com
espiguetas solitárias dispostas em duas fileiras
Gênero : Brachiaria

• Colmo herbáceo, florescendo todos os anos  Ráquis com 1,5 a 3 mm de largura com pêlos

 Espigueta obtusa de 4-4,6 mm, glabras


• Flor hermafrodita ou masculina com 1 a 3 estames

• Espigueta oval em rácemos unilaterais

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Brachiaria decumbens Brachiaria decumbens

 adaptada a áreas tropicais úmidas de verão chuvoso, com estação


 forma relvado com folhas junto ao seca não superior a quatro ou cinco meses
solo e é bastante procurada pelo
gado  cresce em muitos tipos de solo, porém requer boa drenagem e
condições de baixa a média fertilidade
 constitui um capim ideal para o
abafamento de invasoras.  tolera secas não muito acentuadas

Nome comum: capim-braquiária,  tem tido considerável difusão, tendo-se destacado pelo bom
decumbens, signalgrass comportamento em solos de cerrado

 Boa performance sob sombra

FOTOSSENSIBILIZAÇÃO

 esporos do fungo Pithomyces chartarum

 fungo = micotoxina esporidesmina = lesões nos ductos biliares =


prejudica o fluxo da bile

 paralela à doença hepática, a micotoxina esporidesmina também é a


causa de uma dermatite, que provoca lesões cutâneas semelhantes
Recomendação = Áreas de encosta ou sujeitas a erosão a queimaduras, especialmente nas orelhas, flanco, base da cauda e
glúteos

 com a impossibilidade de ser eliminado junto com a bile, o pigmento


filoeritrina, resultante do metabolismo normal da clorofila presente no
capim, se acumula na corrente sangüínea, principalmente na
circulação cutânea.

 por ser fotossensível, ao receber luz solar, esse pigmento reage


fotoquimicamente e libera substâncias nocivas à derme.

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FOTOSSENSIBILIZAÇÃO FOTOSSENSIBILIZAÇÃO

CIGARRINHAS DAS PASTAGENS CIGARRINHAS DAS PASTAGENS

Quando ocorre a eclosão ?

15 dias 25 a 35 dias
Maiores prejuízos

Ovos em diapausa
INSETO ADULTO

Injetam secreções salivares =


10 dias morte de folhas

Grupo de insetos sugadores que se


alimentam apenas de gramíneas =
Homoptera

Fotos: José Raul Valério


Deois flavopicta B. Decumbens = Resistência

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Brachiaria brizantha Brachiaria brizantha


 hábito de crescimento cespitoso, de 1 a 1,5 m de altura alta resposta à aplicação de fertilizantes
boa capacidade de cobertura do solo
 espécie perene bom desempenho sob sombreamento
bom valor nutritivo
Principais atributos
 colmos eretos ou suberetos, pouco radicantes nos nós inferiores alta produção de raízes
alta produção de sementes
 bainhas pilosas

 nós glabros e salientes.

 Gênero mais cultivado no Brasil

 Propagação por sementes

Brachiaria Brizantha cv. Marandu Brachiaria Brizantha cv. Marandu


 A mais cultivada no Brasil
 é considerada resistente a cigarrinha das pastagens

 Cespitosa, bainhas pilosas, perene


 é tolerante à acidez, podendo ser utilizada em solos de média
fertilidade
 se adapta bem a solos de média e boa fertilidade
 possui bom potencial de produção e boa qualidade nutricional quando
 não tolera solos encharcados e é suscetível a geadas comparada a outras gramíneas tropicais

 adapta-se até 3.000 metros de altitude, precipitação anual ao redor de  Consorciações com leguminosas
700 mm e cerca de cinco meses de seca no inverno
 o estabelecimento é feito por sementes
 possui boa tolerância ao sombreamento, ao fogo e à seca

 Lamina foliar: pubescente na parte ventral e glabra no dorso

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Brachiaria Brizantha cv. Marandu MORTE SÚBITA

Locais: Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso,


Tocantins e Maranhão

Na época chuvosa, em solos com drenagem deficientes

1°) reboleiras → restante da pastagem

PRINCIPAL FORMA DE UTILIZAÇÃO = PASTEJO

Brachiaria Brizantha cv. Xaraés Brachiaria Brizantha cv. Xaraés


 liberada pela Embrapa em 2003 = evitar o monocultivo da cv.  é medianamente exigente em fertilidade
marandu
 lâminas foliares mais largas que as da cultivar Marandu e a coloração é
 cespitosa, até 1,5 m de altura verde-escura

 possui folhas lanceoladas e longas,  estabelecimento rápido, com melhor rebrotação que a cultivar Marandu
com poucos pêlos de coloração verde-escura
 alta produtividade, especialmente de folhas, a rápida rebrota e o
 colmos finos e radicantes nos nós florescimento tardio, prolongando o período de pastejo até o período
seco
 Inflorescências grandes, com espiguetas em uma só fileira = rácemo
 apresenta bom valor nutritivo e alta
 Região norte ➔ substituit a cv marandu (Morte-Súbita) capacidade de suporte

 Menos resistente a cigarrinhas das pastagens  Principal utilização: Pastejo

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Brachiaria humidicola Brachiaria humidicola

Capim-agulha; Quicuio do Amazonas, braquiaria espetudinha


 Possui estabelecimento lento
 Perene; crescimento prostrado; estolões vigorosos e possui rizomas
 Utilização = pastejo
 Folhas glabras e oblíquas em forma de calha e serrilhadas na borda
 Baixo consumo voluntário
 Inflorescência com 2 a 3 rácemos

 Uma das espécies mais rústicas do mercado


 Adaptada a solos ácidos e muito pobres em fósforo
 Grande adaptação a solos mal drenados Baixo desempenho animal
 Pode ser cultivada em áreas de morro
 Tolerante a cigarrinhas das pastagens

Brachiaria humidicola Problema: Osteodistrofia Fibrosa "Cara Inchada"

 abundante florescimento no ano  Doença caracterizada por um inchaço bilateral dos ossos da face
de estabelecimento, mas a
formação de sementes é esparsa  causada por deficiência de cálcio no sangue que estimula a glândula
paratireóide a produzir um hormônio (paratohormônio) que mobiliza o
 utiliza-se a propagação por cálcio dos ossos para o sangue
secções das hastes ou pedaços
de touceira com raízes  o cálcio retirado dos ossos é substituído por um tecido cicatricial
fibroso, que provoca aumento de volume dos ossos da face

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Problema: Osteodistrofia Fibrosa "Cara Inchada" Problema: Osteodistrofia Fibrosa "Cara Inchada"

Ca2+

Baixa relação Ca : P

Baixa qualidade
Alta [oxalatos]

Comparações entre as espécies de Brachiaria

Tolerância das diferentes espécies ás condições climáticas e de


manejo.
Tolerância
Nome Exigência Solos mal Acidez
científico Propagação Fertilidade Seca Geada drenados do solo
B. decumbens Sementes Baixa a média Regular Fraca Fraca Boa
B. brizantha Sementes Média Regular Fraca Fraca Boa

B. humidicola Sementes/veg Baixa a média Fraca Regular Boa Moderada/Baixa

B. arrecta Vegetativa Média Regular Regular Boa -


B. dictyoneura Sementes Baixa Fraca Fraca Regular Moderada/Baixa

Caracterização de gramíneas do gênero


Panicum

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Panicum maximum

• É originária da África Tropical, estendendo-se para o


subtrópico do continente africano;

• No Brasil → primeiras introduções → no tempo da


escravatura → chegou com os navios negreiros →era
utilizado para acomodar os escravos durante a
travessia do oceano atlântico;

• Através dos anos muitas variedades e cultivares têm


sido introduzidas. Hoje plantas dessa espécie são
encontradas em quase todo o território nacional, exceto
nas regiões frias.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

• Planta perene, robusta, entouceirada,


• Colmos com cerosidade esbranquiçada, de 1 - 2 m de altura.
• Folhas longas, finas e estreitas, superfície lisa, com pilosidade perto
do colar.
• Inflorescência ocorre na parte terminal dos colmos, com uma ou
mais panículas.
• Os frutos (cariopses) são envoltos pelas glumas, que tem coloração
ferrugínea na maturação.
• O sistema basal apresenta rizomas curtos e robustos, dos quais se
originam novos colmos, Raízes fasciculadas bastante fibrosas.

•Alta aceitabilidade pelos animais

•Alta produtividade, qualidade e adaptação

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CARACTERÍSTICAS GERAIS CULTIVARES


Cultivar Origem Porte Folhas (F), Colmos (C), Exigências
Panícula (P)
Tobiatã IAC Alto F=mais largas que a do Colonião, verde Solos férteis, de
(1982) escura, glabra, com bainha pilosa. preferência
C=grossos. Nós pilosos. arenosos.
P=tamanho grande.

Centenário IAC Alto F=largas de cor verde clara. Solos férteis.


(1988) C=bem desenvolvidos. Tolera a seca e a
presença de Al
P=grandes.
no solo.
Exigentes em manejo do pastejo = alongamento de colmos Centauro IAC Médio F=esteritas de cor verde escura. Glabras. Solos de média a
(1988) C=médios, de cor verde azulado. boa fertilidade.
Exigentes em fertilidade do solo P= tamanho médio.

Aruana IZ Médio F=esteritas de cor verde escura. Solos de média


Utilização = lotação intermitente principalmente C=finos. fertilidade.
(1989)
P= tamanho médio. Produz forragem
de boa qualidade
nas secas.

CULTIVARES Panicum maximum cv. Tanzânia

Cultivar Origem Porte Folhas (F), Colmos (C), Exigências


Panícula (P)

Vencedor CPAC/ Médio F=media/e largas de cor verde clara. Solos de média
EMBRAP Glabras. fertilidade. Tolera
A C=diâmetro médio. bem as secas.
(1990) P= tamanho médio.
Tanzânia CNPGC/ Médio F=média de cor verde escura. Solos de boa a
EMBRAP C=diâmetro médio.Cor rósea/roxo média fertilidade.
A P= tamanho médio, com espiguetas
(1990) arroxeadas.

Mombaça CNPGC/ Médio F=largas, poucos pelos na face Solos de boa


EMBRAP /alto superior, bainhas glabras. fertilidade.
A C=levemente arroxeado Boa capacidade
(1993) P= tamanho médio. de extração de P
do solo.

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Panicum maximum cv. Tanzânia Panicum maximum cv. Tanzânia

• Planta cespitosa (touceiras), atinge cerca de 1,30 a Adaptação:


1,60 m de altura.
• Seca Média
• Folhas decumbentes com 2,60 cm de largura.
• Sombreamento entre 30% e 50% Boa
• As lâminas e bainhas não possuem pilosidade ou • Solo de baixa fertilidade Baixa
cerosidade.
• Solos profundos e bem drenados Boa
• Colmos são levemente arroxeados. • Solos encharcados Não
• Inflorescências contêm espiguetas arroxeadas, • Solos rasos com alto alumínio Não
sem pilosidade.

Panicum maximum cv. Tanzânia Panicum maximum cv. Tanzânia


• As touceiras do capim Tanzânia são pastejadas por igual, devido
Recomendações agronômicas
ao porte médio e pequena lenhosidade dos colmos, já o
Tipo de solo para plantio alta fertilidade
Colonião, apresenta rejeição de consumo após o florescimento. Forma de plantio sementes
Modo de plantio lanço
Sementes necessárias 10 kg/ha
• Em relação a pragas e doenças, o Tanzânia apresenta maior Tolerância a seca baixa
Tolerância ao frio baixa
resistência às cigarrinhas das pastagens, quando comparado ao Profundidade de plantio 2,0 cm
Colonião. Tempo para utilização 60 - 90 dias após germinação
Dormência da semente inexistente

• Além disso, os resultados até então obtidos, demonstram sua


baixa suscetibilidade às principais doenças.

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Panicum maximum cv. Mombaça Panicum maximum cv. Mombaça


• O capim-Mombaça → gramínea perene → forma touceiras; robusta,
de 1 - 2 m de altura.

• Coletada em 1967 na Tanzânia → introduzida no Brasil em 1984 →


lançada em 1993 pela EMBRAPA
• Folhas: quebradiças. A folhas são longas, largas e eretas; superfície
lisa, com esparsa pilosidade, que é mais acentuada perto do colar.
Possuem poucos pêlos na face superior. Bainhas são glabras, mas
ambas não apresentam cerosidade.

• Colmos: levemente arroxeados. As vezes achatados na parte inferior,


onde podem chegar a 1 cm de espessura

Panicum maximum cv. Mombaça Panicum maximum cv. Mombaça

• Nós muito desenvolvidos, de coloração algo rosada, cobertos


por densa vilosidade. Nos nós ocorrem gemas, que se mantém
normalmente dormentes.

• Rizoma no sistema basal, curtos e robustos, dos quais se


originam novos colmos, raízes fibrosas.

• Inflorescência: do tipo panícula semelhante à do capim-


colonião comum.

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Panicum maximum cv. Mombaça Panicum maximum cv. Mombaça

• É bem aceito por bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos.


Recomendações agronômicas
Tipo de solo para plantio alta fertilidade
• Devido ao porte cespitoso, consorcia-se bem com leguminosas (P. Forma de plantio sementes
Modo de plantio lanço
phaseoloides, D. ovalifolium, C. macrocarpum, C. acutifolium, C.
Sementes necessárias 10 - 15 kg/ha
mucunoides, S. guianensis). Tolerância a seca baixa
Tolerância ao frio baixa
Profundidade de plantio 2 – 4 cm
• O florescimento está concentrado nos meses de abril-maio e o
Tempo para utilização 90 - 120 dias após germinação
rendimento de sementes podem variar de 100 a 140 kg/ha. Dormência da semente inexistente

• O Mombaça revelou-se medianamente resistente às cigarrinha-das-


pastagens, mostrando-se inferior ao Tanzânia.

Mombaça x Tanzânia Mombaça x Tanzânia


• O capim Mombaça é mais produtivo que a Tanzânia. → para
pastejo rotativo com reposição de adubo, o Mombaça é o
mais indicado.

• A Tanzânia, por ser de porte mais baixo, → pastejo mais


uniforme na pastagem, onde ocorrerão menos
reboleiras rejeitadas pelos animais pelo acúmulo de hastes,
como é o caso dos capins Colonião e Tobiatã.

• Assim, a Tanzânia é mais indicado para lotação contínua.

Mombaça Tanzânia • Como qualquer gramínea forrageira, os capins Tanzânia e


Mombaça podem ser fenados.

Fonte: EMBRAPA

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Panicum maximum cv. Massai Panicum maximum cv. Massai


•Possui inflorescências intermediárias entre uma panícula, típica
de P. maximum, e um racemo, típico de P. infestum.

• Porte baixo: aproximadamente 0,60 m de altura, em contraste


com os 1,50 m do Colonião

•Folhas estreitas

• Capacidade 30% maior de produzir folhas em relação aos


colmos, e 83% maior de rebrota após os cortes.

• Apresenta 53% menor estacionalidade de produção que o


Colonião

• Capim precoce, portanto, floresce e produz sementes várias


vezes ao ano. Seu florescimento é intenso, rápido e agrupado.

Panicum maximum cv. Massai Panicum maximum cv. Massai

Exigência média a alta fertilidade Características gerais


Nome científico Panicum maximum cv. Massai
cv menos exigente em adubação de manutenção Origem híbrido - CNPGC/EMBRAPA
a mais tolerante ao alumínio do solo Genealogia P. maximum Jacq X P. infestum BRA- 7102
Ciclo vegetativo perene
Altura da planta até 0,6 m (crescimento livre)
Forma de crescimento cespitoso
Formas de uso pastejo e fenação
Digestibilidade satisfatória
Aceitabilidade satisfatória
Tolerância a insetos tolerante a cigarrinha

persiste maior tempo em baixa fertilidade


boa produção sob pastejo

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