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Faculdade da Amazônia - FAMA

Graduação em Agronomia

Cultura da banana (Musa spp.)

MSc. Maylla Muniz Sprey


Fruticultura Agronomia - FAMA
1. Origem
• Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira, pois ela se perde
na mitologia grega e indiana.

• Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do sul da China.

• Há referências da sua presença na Índia, na Malásia e nas Filipinas, onde


tem sido cultivada há mais de 4.000 anos.

• As sementes das bananeiras primitivas, que eram férteis, teriam tido 2 cm.

• Atualmente, em geral são estéreis e se apresentam como pequenos pontos


escuros localizados no eixo central da fruta.

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2. Importância econômica

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2. Importância econômica

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2. Importância econômica

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2. Importância econômica
• Caracterização da bananicultura no Brasil:
✓ É a fruta mais consumida no país.
✓ Grande volume de produção e ampla distribuição.
✓ Caracterizada como cultura de baixa produtividade.
✓ Baixo nível tecnológico.
✓ Elevadas perdas na pré e pós-colheita.
✓ Importante fonte de renda de pequenos produtores.
✓ Fonte de nutrientes para populações mais carentes.

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2. Importância econômica
• Valor nutricional

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2. Importância econômica
• Versatilidade na utilização

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3. Classificação botânica

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3. Classificação botânica
• As bananeiras apresentam níveis cromossômicos di, tri ou tetraplóides,
respectivamente com 22, 33 e 44 cromossomos.

• Em combinações variadas de genomas das espécies Musa acuminata (genoma AA) e


Musa balvisiana (genoma BB).

• Estes cultivares diferem das espécies silvestres devido a presença de genes


responsáveis pela partenocarpia.

✓ Partenocarpia é a formação do fruto (ovário)


sem a fecundação da semente (óvulo).

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3. Classificação botânica
• Grupos cromossômicos, os principais cultivares de bananas cultivados no
Brasil:

✓ Os cultivares mais comuns são os triplóides, devido ao seu vigor, maior tamanho dos frutos e
consistência mais agradável destes em relação aos diploides.
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3. Morfologia
• A Bananeira é uma planta herbácea.

• Caracterizada pela exuberância de suas formas e dimensões das


folhas.

• Possui tronco curto e subterrâneo, representado pelo rizoma e o


conjunto de bainhas das folhas de pseudocaule.

• O rizoma constitui um órgão de reserva, onde se insere as raízes


adventícias e fibrosas.

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3. Morfologia
• A planta adulta apresenta sempre ao seu redor, em condições
naturais, outras bananeiras em diferentes estádios de
desenvolvimento.

• O que as denominam como touceiras.

• As touceiras de bananeiras são formadas por rebentos que


constituem a primeira, segunda, terceira. Que recebem as
denominações de “mãe”, “filho”, “neto”

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3. Morfologia
• Mãe
✓ é a planta mais velha da touceira.

✓ Pode estar em fase vegetativa, inflorescência ou cacho.

✓ Após a colheita perde essa denominação.

✓ Na touceira somente existe uma mãe.

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3. Morfologia
• Filho
✓ É todo e qualquer rebento originário do intumescimento de uma gema
vegetativa seguido de seu posterior desenvolvimento.

✓ Localizado no rizoma da planta mãe.

• Neto
✓ É todo e qualquer rebento originário de um “filho”.

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3. Morfologia

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4. Ciclo vegetativo

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5. Cultivares

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6. Preparo do solo
• Preparo do solo:
✓ Visa melhorar o desenvolvimento do sistema radicular.
✓ Aumento da aeração.
✓ Infiltração da água.
✓ Redução à expansão radicular.
✓ Controle de plantas daninhas.
✓ Permite o uso mais eficiente de corretivos e fertilizantes.

• Revolver o solo o mínimo possível: quebra excessiva de torrões deixa-o mais exposto ao
aparecimento de crostas superficiais.

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6. Espaçamento
• Deve-se considerar a combinação de alguns fatores tais como:

✓ Porte da cultivar,

✓ Condições edafoclimáticas,

✓ Nível tecnológico do cultivo,

✓ Destino da produção.

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6. Espaçamento
• Espaçamentos utilizados no Brasil, em cultivos comerciais são:

✓ Porte baixo a médio: 2,0 x 2,0m; 2,5 x 2,0m e 2,5 x 2,5m.


'Nanica’, ‘Grande Naine’, ‘Nanicão’, ‘Prata Anã’;

✓ Porte semi-alto: 3,0 x 2,0m; 3,0 x 2,5m.


'Maçã’, ‘D´Angola’, ‘Terrinha’, ‘Figo’

✓ Porte alto: 3,0 x 3,0m; 3,0 x 4,0m.


‘Terra’, ‘Terra Maranhão’, ‘Prata’, ‘Pacovan’

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6. Espaçamento
• Espaçamentos em filas simples e duplas:

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6. Adubação e calagem
• Demanda nutricional muitas vezes suprida pela ciclagem dos próprios
nutrientes.

• Cerca de 66% da massa vegetativa produzida na colheita é devolvida ao


solo.

• Os nutrientes de maior demanda pela planta são K e N


✓ Mg > Ca > S >P
✓ B > Zn > Cu

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6. Adubação e calagem
• Calcário dolomítico.
• Relação K/Mg desequilibrada causa o distúrbio fisiológico “azul da
bananeira” .
✓ Deficiência de Mg pelo excesso de K.
• Elevar a saturação de bases do solo à 70% em área total.
• pH inferior a 6,0 aplicar + 300 g de calcário por cova plantio.
• Teor de Mg > 0,8 Cmolc .dm-3.

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6. Adubação e calagem

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6. Propagação
• As mudas tem papel fundamental na qualidade fitotécnica e fitossanitária
do bananal.
• Nematóides, broca-do-rizoma, sigatoka-negra, mal-do Panamá, moko,
podridão-mole e vírus podem ser levados pela muda.

• Propagação vegetativa é a mais utilizada, embora a propagação in vitro seja


mais recomendada.

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6. Propagação
• Propagação vegetativa:

• Mudas desenvolvidas a partir de gemas do rizoma.

• Ideal que provenham de viveiros certificados.

• Quando adquiridas em bananais deve-se escolher plantas vigorosas e em


ótimas condições fitossanitárias.

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6. Propagação
• As mudas obtidas são classificadas como:
• Chifrinho: apresentam de 20 a 30 cm de altura e têm somente folhas
lanceoladas.

• Chifre: apresentam de 50 a 60 cm de altura folhas lanceoladas.

• Chifrão: é o tipo ideal de muda, com 60 a 150 cm de altura, já apresenta


uma mistura de folhas lanceoladas com folhas características de planta
adulta.

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6. Propagação
• Adulta: são mudas com rizomas bem desenvolvidos, em fase de
diferenciação floral, apresentam folhas largas, porém jovens.

• Pedaços do rizoma: pedaços do rizoma com gema bem entumescida e


massa de 800 g.

• Rizoma com filho aderido: muda de grande massa e que exige cuidado no
manuseio em função do filho aderido.

• Guarda-chuva: mudas pequenas, rizomas diminutos, mas com folhas típicas


de plantas adultas.
✓ Devem ser evitadas, pois possuem pouca reserva e aumentam o ciclo vegetativo.
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6. Propagação

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6. Sulcamento e coveamento
• Covas 30x30x30cm ou 40x40x40cm.
✓ De acordo com o tamanho da muda.

• Sulcos de 30 cm de profundidade.

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7. Exigências edafoclimáticas
• Topografia

✓ Quando as condições climáticas são favoráveis não tem exigência por relevo;
✓ Recomenda-se declives menores que 8%;
✓ De 8 à 30% existem restrições;
✓ Maiores que 30% são considerados inadequados.

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7. Exigências edafoclimáticas
• Aeração

• Disponibilidade adequada de oxigênio é fundamental para o


desenvolvimento do sistema radicular.

• Falta de oxigênio:
✓ As raízes perdem a rigidez
✓ Adquirem uma cor cinza-azulada pálida
✓ Apodrecem rapidamente

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7. Exigências edafoclimáticas
• Solos:
• A bananeira pode ser cultivada e desenvolver em vários tipos de solos.

• Para se obter alto potencial produtivo os solos devem apresentar as


seguintes características:
✓ Bem drenados
✓ Profundos (100 cm)
✓ Textura média à argilosa
✓ Bem estruturado
✓ Fértil
✓ pH neutro
✓ Sem problema de inundação
✓ Sem salinidade
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7. Exigências edafoclimáticas
• Temperatura:
• Temperaturas altas e uniformes são essenciais para o bom rendimento

• Temperatura ótima recomendada entre 15 à 35º C.


• Abaixo de 15º C a atividade da planta é paralisada.
• Acima de 35º C a atividade também é inibida desidratação dos tecidos.

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7. Exigências edafoclimáticas
• Precipitação
• Elevado e constante consumo de água
• Morfologia e hidratação dos tecidos
• Precipitação anual de 1900 mm, bem distribuídos
• Período de maior demanda de água:
✓ Diferenciação floral
✓ Início da frutificação

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7. Exigências edafoclimáticas
• Vento
• Pode causar de pequenos danos até destruição total do bananal.
• Os efeitos são proporcionais à intensidade:
✓ Chilling em casos de ventos frios
✓ Desidratação da planta
✓ Diminuição da área foliar
✓ Rompimento de raízes
✓ Quebra de plantas
✓ Tombamento da planta

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7. Exigências edafoclimáticas
• Umidade relativa
• Apresenta melhores resultados em regiões com UR acima de 80%.
✓ Acelera a emissão de folhas
✓ Prolonga a longevidade
✓ Favorece a emissão da inflorescência
✓ Uniformiza a coloração dos frutos

• Associada a altas temperaturas pode favorecer o aparecimento de doenças


fungicas;.

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6. Tratos culturais
• Controle de Plantas daninhas :
✓ Roçada mecânica ou capinas manual.
✓ Controle químico - herbicidas de pós ou pré-
emergência nas dosagens especificadas para cada
produto.

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6. Tratos culturais
• Desbaste: uma família por touceira a planta “mãe”, o primeiro seguidor
“filho” e o segundo seguidor “neto”.
• Ferramenta: desbrotador de bananeira ou “Lurdinha”.

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6. Tratos culturais
• Desbrotador de bananeira ou “Lurdinha”.

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6. Tratos culturais
• Corte de Pseudocaule após a colheita: translocação dos seus nutrientes e
hormônios para o rizoma.
• Deixar os pseudocaules com 1,2 a 1,5 m.
• Não recomendado em locais com ataque da broca do rizoma.

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6. Tratos culturais
• Desfolha do bananal: retirada das folhas secas, doentes e quebradas, ou até
mesmo normais quando localizadas entre as pencas.

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6. Tratos culturais
• Principais benefícios da realização da desfolha:
✓ Elimina folhas cuja atividade fotossintética não correspondem aos requerimentos
fisiológicos da planta.

✓ Proporciona melhores condições de arejamento e luminosidade do bananal.

✓ Proporciona maior rapidez no desenvolvimento dos rebentos.

✓ Proporciona maior controle de pragas que utilizam as folhas como refúgio ou fontes de
inóculo.

✓ Proporciona melhorias no solo pela deposição de restos culturais.

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6. Tratos culturais
• Eliminação do coração: até 15 dias após a formação da última penca de
banana produz um aumento de cerca de 5% no peso do cacho.

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6. Tratos culturais
• Poda de Pencas: Recomenda-se deixar uma fruta da
última penca.

• favorece o crescimento e uniformidade das pencas


remanescente.

• Retirada da última e penúltima penca deixando um


fruto.

• Evitar a morte ou apodrecimento da ráquis (“seca-do-


rabo”).

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6. Tratos culturais
• Retirada dos pistilos (despistilagem): melhora o aspecto visual.
• Favorecer o controle da traça da bananeira e de tripés.
• Pode ser realizado assim que cesse a emissão de pencas femininas.
• Se realizado após a colheita fazer em tanques com água e detergente, evitar que o látex
manche os frutos.

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6. Tratos culturais
• Ensacamento do cacho com plástico polietileno:
• Redução do período entre a emissão da inflorescência e da colheita do cacho.
• Proteção contra danos mecânicos e ataque de pragas.
• Melhor aspecto visual das pencas.
• Realizar após a retirada do coração e desbaste das pencas.

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6. Tratos culturais
• Escoramento das plantas:
• Evita que as plantas tombem
• Realizado com bambu ou fitas plásticas.

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7. Irrigação
• Pode-se empregar qualquer método.

• Reduz a sazonalidade de produção.

• Melhora a qualidade dos frutos.

• Aumento significativo na produção.

• Demanda de 100-150 mm/mês.

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7. Pragas

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7. Pragas
• Broca do pseudocaule

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7. Pragas
• Tripes (Frankliniella brevicaulis)

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7. Pragas
• Abelha arapuá

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8. Doenças
• Sigatoka-negra

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8. Doenças
• Sigatoka-amarela

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8. Doenças
• Moko

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8. Doenças
• Mal-do-paramá

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8. Doenças

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8. Colheita
• O ponto de colheita segue normas ligadas ao estágio de desenvolvimento dos
frutos.

✓ Tipo 0: Estágio magro: frutos com desenvolvimento incompleto e quinas salientes,


imprestáveis para o consumo. Calibre 30.
✓ Tipo 1: Estágio ¾ magro: frutos com desenvolvimento incompleto com quinas
salientes e superfície estreita e plana. Calibre 32.
✓ Tipo 2: Estágio ¾: frutos ainda com presença de quinas, porém os lados são mais
largos e ligeiramente arredondados. Calibre 34.
✓ Tipo 3: Estágio ¾ gordo: frutos não apresentam quinas e as faces são
arredondadas. Calibre 36.
✓ Tipo 4: Estágio gordo: frutos cheios e completamente arredondados. Calibre 38.

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8. Colheita
• Do tipo 1 ao tipo 4 demora 4 semanas.
• De um tipo para outro se ganha 5% de peso.

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8. Colheita

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Obrigada
Maylla Muniz Sprey
Graduada do curso de Engenharia Agronômica - FAMA
Mestra em Agricultura no Trópico Úmido – INPA
maylla_sprey@hotmail.com

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