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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE OCUPAÇÃO DO SOLO NA ZONA CONFINANTE Á

LINHA FÉRREA NO BAIRRO MUDZINGADZI

Plácido Leontino Silvestre Sabonete

Chimoio, 2015
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE OCUPAÇÃO DO SOLO NA ZONA CONFINANTE Á

LINHA FÉRREA NO BAIRRO MUDZINGADZI

Plácido Leontino Silvestre Sabonete

Chimoio, 2015
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE OCUPAÇÃO DO SOLO NA ZONA CONFINANTE Á

LINHA FÉRREA NO BAIRRO MUDZINGADZI

Plácido Leontino Silvestre Sabonete

Orientador: Eng. Carvalho Matsinhe


Co - Orientador: Arq. Ivo M. Paiva

Monografia submetida à Faculdade de Engenharia


Ambiental e dos Recursos Naturais da Universidade
Zambeze, Chimoio, em parcial cumprimento dos
requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura
em Engenharia de Desenvolvimento Rural.

Chimoio, 2015
DECLARAÇÃO

Eu, Plácido Leontino Silvestre Sabonete, declaro que esta monografia é resultado do meu

próprio trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Licenciatura na Universidade

Zambeze, Chimoio. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação

em nenhuma outra universidade.

_____________________________________________________________

(Plácido Leontino Silvestre Sabonete)

_____________________ ,______ de _____________________, de 2015


DEDICATÓRIA

A minha mãe Rafaela Laque Silvestre, por acreditar na minha capacidade de estudo, seu afecto,

seu amor, por se prontificar na atenção em todo o meu percurso, e por ser o que sou hoje, dedico

a te mãe do fundo do meu coração.

Ao meu pai José Sabonete por ter acreditado na minha potencialidade de luta para o progresso

mediante as minhas actividades, e me dar forças no dia-a-dia relativamente aos estudos.


AGRADECIMENTOS

A cada dia que passa, cada um de nós aprende algo novo, pois eles não são iguais, porém

tenho a agradecer a Deus, aos meus queridos pais, irmãos e a minha namorada por terem me

dado forças durante este percurso para aquisição do grau académico o qual me dedico.

Aos meus docentes, Eng. Carvalho Matsinhe, Arq. Ivo M. Paiva, MSc. Loida E. Venzant

Fontaine, MSc. Luis Manuel García Rojas, MSc. Eufrásio Sozinho Nhongo, e os demais que

fizeram parte do deste meu percurso, bem como os meus colegas Gildo J. R. Camuja, Nélio

Cuamba, Roberto Mendes, Augusta Paulo Francisco, e aos que directa e indirectamente fizeram

parte do meu dia-a-dia neste percurso, vai os meus agradecimentos, pois apreendi que nada vem

do nada nesta vida, cada amizade que adquirimos a cada dia que passa, apreendemos algo de

novo com os mesmos.

ii
RESUMO
A ocupação irregular do solo ao longo da linha férrea pela população no bairro

Mudzingadzi cria uma contradição com o plasmado na alínea ‘f’ do artigo 8 de Lei de terras que,

considera-se zonas de protecção parcial a terrena ocupada pelas linhas férreas de interesse

público e pelas respectivas estações, com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado do

eixo da via. O trabalho teve como objectivo Avaliar a ocupação do solo na zona confinante à

linha férrea no Bairro Mudzingadzi. Os procedimentos empregues, envolveram a digitalização da

área de estudo limites e análise espacial. A variável considerada de restrição foi a linha férrea

com a aplicação das normas da lei de terra. Com o trabalho, foram identificadas 283 famílias que

se encontram perante a ocupação irregular, das quais, verifica-se a ocupação do solo até aos

10.52 m de distância relativamente a linha férrea. Como solução do enquadramento das normas

da lei de terra, foi feito o enquadramento de reaproveitamento da zona confinante á linha férrea

para realização de actividades temporárias como parqueamento de automóveis, espaços livres,

pista para pedestres e áreas verdes com vista a dar a possibilidade de oferta à população de novas

áreas de lazer e recomenda-se as autoridades municipais da cidade de Chimoio que antes da

ocupação do solo pela população, estabeleçam as normas de uso e ocupação do solo, de modo

que haja boa harmonia entre o homem e o espaço físico.

Palavras-chave: Uso e ocupação irregular, Linha férrea, Bairro Mudzingadzi.

iii
ABSTRACT
The irregular occupation of land along the railway line by the population in Mudzingadzi

neighborhood creates a contradiction with molded in subparagraph 'f' Article 8 Land Law that

are considered zones of partial protection of the land occupied by railways of public interest and

the respective stations, with a bordering strip of 50 meters on either side of the track center. The

work aimed to evaluate the land use in the area bordering the railway line in the neighborhood

Mudzingadzi. The procedures employed, involved scanning limits study area and spatial

analysis. The restriction considered variable was the railway line with the implementation of the

land law norms. With the study, we identified 283 families who are faced with the irregular

occupation, of which there is land use up to 10:52 m of distance from the railway line. As a

solution the framework of the rules of land law, the zone reuse framework was made confining

will railway to carry out temporary activities such as car parking, open spaces, trails for

pedestrians and green areas in order to give the possibility to offer the population of new

recreational areas and recommended the municipal authorities of the city of Chimoio that before

the occupation of land by the population, establish the rules of use and occupation of land, so

that there is good harmony between man and the physical space .

Keywords: Use and irregular occupation, Railway line, Neighborhood Mudzingadzi.

iv
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização geográfica da Área de Estudo…………………………………...……….25

Figura 2: Enquadramento do bairro de estudo………………………………...…………………29

Figura 3: Moradias de construções convencionais e precárias na área de intervenção…….……30

Figura 4: Verificação do distanciamento da linha férrea em relação as casas……………...……31

Figura 5: Uso e ocupação do solo no bairro Mudzingadzi………………………………………32

Figura 6: Ilustração da rede das vias existentes………………………………………………….33

Figura 7: Enquadramento geográfico da área de estudo…………………………………………34

Figura 8: Mapa de topografia do Bairro Mudzingadzi…………………………………………..36

Figura 9: Mapa da Situação de Sinalização na Faixa Confinante……………………….….……37

Figura 10: Ilustração da irregularidade na ocupação actual do Solo………………………….…43

Figura 11: Infra-estruturas existentes na zona confinante a linha férrea………………………...44

Figura 12: Representação da ocupação numa das áreas de intervenção…………………...….…45

Figura 13: Mapa de ocupação do solo na zona de protecção parcial…………...………………..46

Figura 14: Mapa de sobreposição das ocupações na área de intervenção……………………….48

Figura 15: Mapa de enquadramento das Infra-estruturas na área de Intervenção……………….49

Figura 16: Mapa de enquadramento das actividades exequíveis no reaproveitamento da zona

confinante………………………………………………………………………………………...51

v
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Descrição de dados Cartográficos para obtenção dos mapas………………………….26

Tabela 2: Variáveis consideradas de restrição……………….…………………………..………41

Tabela 3: Resultado da entrevista na área de estudo…………………………………………….42

vi
LISTA DE ABREVIATURAS

CENACARTA – Centro Nacional de Cartografia e Teledetecção

DUAT – Direito de Uso e Aproveitamento de Terra

INPF – Instituto Nacional do Planeamento Físico

LOT – Lei do Ordenamento de Território

SIG – Sistema de Informação Geográfica

PEU – Planos de Estrutura Urbana

PGU – Planos Gerais de Urbanização

PPU – Planos Parciais de Urbanização

vii
SUMÁRIO

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 4

1.2 PROBLEMA .................................................................................................................... 4

1.3 HIPÓTESE ....................................................................................................................... 5

1.4 OBJECTIVOS...................................................................................................................... 6

1.4.1 Geral ............................................................................................................................... 6

1.4.2 Específicos ................................................................................................................ 6

CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 7

2.1. ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO ............................................................................... 7

2.1.1 Instrumentos do Ordenamento Territorial Autárquico ................................................ 10

2.1.2 Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) .............................................. 12

2.1.3 Ordenamento e a Ferrovia ............................................................................................ 13

2.1.4 Vantagens e Desvantagens do Ordenamento do Território ......................................... 13

2.2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA .............................................................. 14

2.2.1 Componentes do SIG ................................................................................................... 14

2.2.2 Uso do Sistema de Informação Geográfica no Ordenamento do território ................. 15

2.3 PLANEAMENTO TERRITORIAL ................................................................................... 18

2.4 USO E APROVEITAMENTO DA TERRA.................................................................. 18

2.4.1 Extinção do direito de uso e aproveitamento da terra .................................................. 19

viii
2.4.2 Desigualdade no Uso e Aproveitamento da Terra ....................................................... 19

2.5 IRREGULARIDADE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA ..................................... 20

2.5.1 Principais Localizações das Irregularidades do Uso e Ocupação da Terra ............ 21

2.6 ASSENTAMENTOS INFORMAIS ................................................................................... 22

2.6.1 Identificação de alguns riscos como resultado de aglomerados humanos ................... 22

2.6.2 Directrizes da Política de Reassentamento .................................................................. 23

CAPÍTULO III: MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 26

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................... 26

3.2 MATERIAIS ....................................................................................................................... 27

3.3 MÉTODOS ......................................................................................................................... 28

3.3.1. Revisão Bibliográfica.................................................................................................. 28

3.3.2. Trabalho de Campo e Entrevista ................................................................................. 28

3.3.3.Uso dos Sistemas de Informação Geográfica .............................................................. 28

3.4 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ....................................................................... 30

3.4.1 Descrição Socioeconómica .......................................................................................... 30

3.4.2 Sistema das vias de acesso do Bairro ........................................................................... 31

3.4.3 Topografia da área de Estudo ...................................................................................... 35

3.4.4 Sinalização em Torno da Linha Férrea ........................................................................ 37

3.5 INTERVENÇÕES NA REQUALIFICAÇÃO ............................................................... 39

3.5.1 Características Básicas na Intervenção da Requalificação Urbana......................... 40

ix
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 41

4.1 Verificação da Conformidade do Uso e Ocupação da Terra .............................................. 41

4.2 A Linha Férrea na área de estudo ................................................................................... 46

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 54

5.1 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 54

5.2 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 55

6.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 56

7.0 APÊNDICES........................................................................................................................... 59

8.0 ANEXOS ................................................................................................................................ 61

x
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

A questão urbana, à consciencialização geral dos efeitos negativos que alguns modelos

sócio-espaciais trouxeram a cidade e aos modelos de vida urbana, tem assumido um destaque

face à necessidade de serem implementadas estratégias sustentáveis, com vista a melhorar a

interacção entre o homem e o espaço físico, onde a paisagem física e o ambiente deverão ser

pensados como um património e um recurso fundamental para a sobrevivência da humanidade. O

processo de produção e reprodução do espaço apresenta-se intimamente vinculado à dinâmica de

produção geral da sociedade, a qual se realiza dia-a-dia a partir das acções engendradas pelos

grupos sociais, que viabilizam a própria sobrevivência e reproduzem as diversas classes e grupos

da sociedade (NASCIMENTO, 2005, p.13).

O acesso à terra urbana assume importância fundamental, uma vez que esta se apresenta

como condição essencial para a realização de qualquer actividade, seja ela referente à obtenção

de renda monetária, seja para a simples função da moradia. Por essa razão, a terra passa a ser

disputada pelos diversos actores sociais para diversos fins, como residenciais, industriais, de

preservação ambiental, para especulação imobiliária, entre outros. A escolha do tipo de melhoria

a ser implementada em cada situação depende das condições de cada local, baseadas em vários

parâmetros que influenciam na segurança de cada travessia (NASCIMENTO, 2005, p.13).

Segundo o artigo 8 da Lei de Terra de 1997, é considerada os terrenos ocupados pelas

linhas férreas de interesse público e pelas respectivas estações, com uma faixa confinante de 50

metros de cada lado do eixo da via.

O espaço habitado no planeta deixou de ser predominantemente rural e passou a ser, em

regra, urbano. Tal revolução se verifica na medida em que a “transformação urbana” se apresenta

de forma surpreendentemente acelerada (DANAN, 1978 apud GUIMARÃES, 2010, p.18).

1
Diante desse cenário, o urbanismo passa a ser, em um primeiro significado, “uma nova

realidade”, uma nova forma de assentamento humano e ordenação do espaço que, pela primeira

vez em vários milénios da história humana, substitui os modos da civilização rural que parecia

haver logrado uma articulação quase perfeita entre o homem e a terra (GARCIA; PAREJO, 1978

apud GUIMARÃES, 2010, p.18).

Segundo Guimarães, (2010, p.18) é nesse mesmo contexto, entretanto, que o urbanismo

também gerará respostas novas, cada vez mais complexas e procedentes de diversas áreas, como

a arquitectura, a arte, a história, o direito, a sociologia, a psicologia, a economia, as engenharias,

a ecologia, todas elas devendo estar coordenadas e articuladas para concretizar soluções.

As questões do urbanismo passaram indirectamente pelos interesses do património

cultural imóvel. Era da alçada do governo no momento de tratar dos espaços, prezar pela

“beleza” da cidade. A questão estética, ainda que secundária, sempre foi de interesse da matéria

urbanística (GUIMARÃES, 2010, p.20).

No entanto, perante a situação apresentada pelas irregularidades ocorridas no bairro

mediante os parâmetros legais que restringem a ocupação e uso da terra, a qual viola a alínea “f”

do artigo 8 da lei de terras referente aos terrenos ocupados pelas linhas férreas de interesse

público e pelas respectivas estações, estejam com uma faixa confinante de 50 metros de cada

lado do eixo, faz - se necessária a utilização de um instrumental eficiente, que permita, de forma

simples, a captura e o processamento de uma gama de dados espaciais bem como o auxílio do

desenho.

O Capítulo 1 é a presente introdução, onde estão descritos também a justificativa,

problema, hipóteses e objectivos.

2
O Capítulo 2 contém a Revisão Bibliográfica o qual desenvolve matéria relacionada com

o tema.

O Capítulo 3 descreve os materiais e métodos, localização da área de estudo, bem como

descrição da situação actual da área de estudo.

O Capítulo 4 apresenta os resultados e discussão do trabalho desenvolvido.

O Capitulo 5 apresenta a conclusão e as respectivas recomendações.

3
1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo o decreto n.º 60/2006 de 26 de Dezembro, Regulamento do Solo Urbano, a falta

de zonas de expansão com infra-estruturação, faz com que a população até então permaneça nos

centros urbanos, não cumprindo de certa forma, determinadas normas de uso e ocupação de terra.

Mediante esta situação, é notório a existência de casas ao longo de faixa de ferrovia, a qual, estas

áreas são proibidas por lei, ou seja áreas de protecção parcial. Como consequência de uma zona

que não consta no plano de urbanização de um município é a falta dos serviços de saneamento do

meio.

Segundo o artigo 7 da lei de bases da política de ordenamento do território e de

urbanismo de 1998, o sistema de gestão territorial organiza-se, num quadro de interacção

coordenada, em três âmbitos distintos (mencionando um):

O âmbito municipal, que define, de acordo com as directrizes de âmbito nacional e

regional e com opções próprias de desenvolvimento estratégico, o regime de uso do solo e a

respectiva programação.

1.2 PROBLEMA

A ocupação irregular do solo ao longo da linha férrea pela população no bairro

Mudzingadzi cria uma contradição com o plasmado na alínea ‘f’ do artigo 8 de Lei de terras que

consideram-se zonas de protecção parcial os terrenos ocupados pelas linhas férreas de interesse

público e pelas respectivas estações, com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado do

eixo da via.
Com isto, a ocupação irregular, não ocorre, todavia, somente para fins de moradia, há

vários outros tipos de usos praticados que contrariam frontalmente as determinações da

legislação ambiental e de uso e ocupação urbana tal como estabelecimentos comerciais. O acesso

à terra urbana para a simples função da moradia passa a ser disputado pelos diversos atores

sociais para diversos fins, como residenciais, industriais, de preservação ambiental, para

especulação imobiliária, entre outros (NASCIMENTO, 2005).

Mediante este problema apresentado, a questão que se coloca é: Será que a ocupação do

solo na zona confinante a linha férrea no bairro Mudzingadzi não trás impactos negativos a

população e a ocupação estará a obedecer as normas estabelecidas de uso e ocupação do solo?

1.3 HIPÓTESE

A disponibilização das áreas identificadas para o reassentamento da população que se

verifica entorno da linha férrea no bairro Mudzingadzi solucionará a contradição da ocupação

irregular com os parâmetros urbanísticos de uso e ocupação do solo e haverá a conformidade do

cumprimento do artigo 8 de Lei de terras que na sua alínea “f” o qual considera-se zonas de

protecção parcial os terrenos ocupados pelas linhas férreas de interesse público e pelas

respectivas estações, com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado do eixo da via.

5
1.4 OBJECTIVOS

1.4.1 Geral

Avaliar a ocupação do solo na zona confinante à linha férrea no Bairro Mudzingadzi.

1.4.2 Específicos

Descrever a situação actual da ocupação das infra-estruturas na área de intervenção;

Analisar os riscos da população que se encontra na zona confinante a linha feria no bairro

Mudzingadzi.

Identificar o possível enquadramento de reordenamento da ocupação do solo para a

população que se encontra na zona confinante à linha férrea no bairro Mudzingadzi.

6
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

O ordenamento do território é conjunto de princípios, directivas e regras que visam

garantir a organização do espaço nacional através de um processo dinâmico, contínuo, flexível e

participativo na busca do equilíbrio entre o homem, o meio físico e os recursos naturais, com

vista à promoção do desenvolvimento sustentável (SERRA, 2008).

O ordenamento do território tem como objectivo geral “assegurar a organização do

espaço nacional e a utilização sustentável dos seus recursos naturais, observando as condições

legais, administrativas, culturais e materiais favoráveis ao desenvolvimento social e económico

do país, à promoção da qualidade de vida das pessoas, à protecção e conservação do meio

ambiente” (SERRA, 2008).

Mediante os objectivos específicos, o ordenamento do território visa:

 Garantir o direito à ocupação actual do espaço físico nacional pelas pessoas e

comunidades locais, que são sempre consideradas como o elemento mais importante em

qualquer intervenção de ordenamento e planeamento do uso da terra, dos recursos

naturais ou do património construído;

 Requalificar as áreas urbanas de ocupação espontânea, degradadas ou aquelas resultantes

de ocupações de emergência;

 Identificar e valorizar as potencialidades de actividade económica, social e cultural da

população rural.

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 Preservar o equilíbrio ecológico da qualidade e da fertilidade dos solos, da pureza do ar, a

defesa dos ecossistemas e dos habitats frágeis, das florestas, dos recursos hídricos, das

zonas ribeirinhas e da orla marítima, compatibilizando as necessidades imediatas das

pessoas e das comunidades locais com os objectivos de salvaguarda do ambiente;

 Defender, preservar e valorizar o património construído e da paisagem natural ou

transformada pelo homem;

 Compatibilizar e articular as políticas e estratégias ambientais e de desenvolvimento

socioeconómico, respeitando as formas actuais de ocupação do espaço;

 Optimizar a gestão dos recursos naturais para que o seu uso e aproveitamento bem como

a defesa e a protecção do meio ambiente, se processe com a estrita observância da lei

(SERRA, 2008).

Segundo o artigo 109 da constituição da república de 2014, a Terra é considerada

propriedade do Estado não devendo por isso ser vendida, ou por qualquer outra forma alienada,

nem hipotecada ou penhorada. Como meio universal de criação da riqueza e do bem-estar social,

o uso e aproveitamento da terra é direito de todo o povo moçambicano.

Segundo Marques (2001), os instrumentos estratégicos de desenvolvimento que traduzem

as opções de ordenamento do território, estabelecendo as directrizes gerais, dão prosseguimento

aos instrumentos de planeamento territorial. Nesta perspectiva, os instrumentos de planeamento

territorial podem ser de acordo com os Planos e as medidas preventivas e normas provisórias.

Segundo Marques (2001) os Planos têm uma hierarquia, devendo os planos sectoriais,

desenvolver e concretizar as directrizes do Plano Nacional de Política de Ordenamento do

Território (PNPOT). Os Planos Regional de Ordenamento do Território (PROT) devem integrar

as regras do PNPOT e também, compatibilizar com os Planos Sectoriais. Os Planos Especiais de

8
Ordenamentos do Território (PEOT) são definidos como Planos de Ordenamento de Áreas

Protegidas (POAP), os Planos de Ordenamento de Albufeiras (POA) e os Planos de

Ordenamento de Orlas Costeiras (POOC). Estes prevalecem sobre os planos municipais e inter-

municipais, devendo também ser coordenados com o PNPOT e com os PROT.

Com base nas medidas preventivas e normas provisórias, a legislação urbanística é

composta por diversos regulamentos complementares, regulamentos de plano e regulamentos de

medidas preventivas e normas provisórias.

 Os regulamentos de planos podem ser constituídos por diversos documentos de interesse.

Quer os regulamentos de planos, quer os regulamentos de medidas preventivas e normas

provisórias, têm sempre associado figuras de planos eficazes.

 Os planos, de competência Municipal ou de ordem superior, são graficamente traduzidos

em plantas, podendo estas ser de diversos tipos. No caso particular das medidas

preventivas e normas provisórias, as plantas são sempre do tipo plantas de zoneamento.

 As plantas são constituídas por diversas entidades espaciais que variam consoante o

âmbito do plano e consequentemente o tipo de planta.

 Entre as entidades espaciais e os documentos constituintes dos regulamentos de planos é

possível estabelecer associações, e assim definir referências importantes para documentos

de interesse.

 As entidades espaciais são representadas graficamente por um dos três tipos de elementos

gráficos: polígonos, linhas ou pontos.

9
2.1.1 Instrumentos do Ordenamento Territorial Autárquico

Segundo o n.º 5 do artigo 10 da LOT, constituem instrumentos de ordenamento territorial

ao nível autárquico: os Planos de Estrutura Urbana (PEU), os Planos Gerais e Parciais de

Urbanização (PGU e/ou PPU) e os Planos de Pormenor (PP) (SERRA, 2008).

2.1.1.1 Planos de Estrutura Urbana

Os PEU estabelecem a organização espacial da totalidade do território do município ou

povoação, os parâmetros e as normas para a sua utilização, tendo em conta a ocupação actual, as

infra-estruturas e os equipamentos sociais existentes e a implantar e a sua integração na estrutura

espacial regional (SERRA, 2008).

Nos termos do n.º 1 do artigo 42 do RLOT, o PEU tem como objectivos (mencionando

alguns):

 Estabelecer os princípios de sustentabilidade ambiental, a rede principal de acessos de

ligação das diversas autarquias locais e dentro de cada autarquia local, a ordem de

prioridades para o desenvolvimento urbano, e os parâmetros gerais que devem governar a

ocupação do território autárquico;

 Eliminar as assimetrias sociais e dos privilégios na escolha dos locais para a distribuição

das redes de infra-estrutura, de serviços e dos equipamentos sociais (SERRA, 2008).

2.1.1.2 Planos Gerais e Parciais de Urbanização

Os PGU e/ou PPU estabelecem a estrutura e qualificam o solo urbano, tendo em

consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, definem as redes de

transporte, comunicações, energia e saneamento, os equipamentos sociais, com especial atenção

10
às zonas de ocupação espontânea como base sócio espacial para a elaboração do plano (SERRA,

2008).

Os PGU e PPU têm como objectivos (mencionando alguns):

 A materialização dos princípios e parâmetros definidos pelos Planos de Estrutura Urbana,

abrangendo escalas e domínios territoriais diversos;

 A dimensão e o esquema geométrico da subdivisão do solo urbano para os diversos usos;

 As áreas com valores paisagísticos excepcionais, ou que façam parte do património

cultural a conservar, e os princípios a observar para o planeamento das áreas adjacentes

cujo desenvolvimento possa afectar a conservação daqueles valores;

 As zonas urbanas a requalificar, dentro do princípio do respeito pela ocupação existente e

da sua progressiva integração no tecido urbano planificado com infra-estruturas e

serviços urbanos essenciais; (SERRA, 2008).

2.1.1.3 Planos de Pormenor

Os PP definem com pormenor a tipologia de ocupação de qualquer área específica do

centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço urbano, dispondo sobre usos do solo e

condições gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as características das redes de

infra-estruturas e serviços, quer para novas áreas ou para áreas existentes, caracterizando as

fachadas dos edifícios e arranjos dos espaços livres (SERRA, 2008).

Os Planos de Pormenor têm como objectivos (mencionando alguns):

 A definição dos limites exactos da área de intervenção;

 A situação legal de cada parcela ocupada ou livre de ocupação;

 A integração das redes viárias e de serviços na malha urbana geral;

11
 O desenho urbano com o tratamento altimétrico do terreno, a definição das vias.

A elaboração dos instrumentos de gestão territorial para o nível autárquico é de carácter

obrigatório, dos quais, são elaborados por iniciativa dos Órgãos Executivos das Autarquias, e

aprovados pelas Assembleias Autárquicas. Ela obriga a identificar e a ponderar, nos diversos

âmbitos, os planos, programas e projectos com incidência na área em causa, tendo em

consideração não apenas os que já existam, mas também os que se encontrem em preparação, de

forma a assegurar que sejam realizadas as necessárias compatibilizações (SERRA, 2008).

Segundo o n.º 1 do artigo 52 da RLOT durante todo o processo de elaboração dos

instrumentos de gestão territorial de nível autárquico, o Órgão Executivo da Autarquia deverá

facultar a todos os interessados todos os elementos relevantes para que estes possam conhecer o

estádio e evolução dos trabalhos, bem como formular observações, sugestões ou recomendações

para a melhoria dos mesmos (RLOT, 2006).

Para o efeito, deverá o órgão executivo da autarquia recorrer a todos as técnicas de

informação que se revelarem necessários para garantir uma ampla participação de quaisquer

interessados no processo de elaboração dos instrumentos de gestão territorial de nível autárquico,

especialmente aqueles que vierem a ser afectados pelas disposições dos referidos instrumentos

(RLOT, 2006).

2.1.2 Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT)

O PROT como subtipo de plano, é representada graficamente por mapas compostas por

entidades espaciais de tipos de áreas e traçados de infra-estruturas de interesse regional e

nacional. As áreas que aqui são contempladas, são de tipo de protecção de bens culturais, local

de actividades ou serviços.

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A representação gráfica das entidades espaciais do tipo de área é feita por elementos

gráficos do tipo polígono e a representação gráfica das entidades espaciais do tipo traçado de

infra-estrutura como a linha férrea e vias de acesso é feita por elementos gráficos do tipo linha.

2.1.3 Ordenamento e a Ferrovia

Desde o início de sua existência a ferrovia tem sido um factor determinante na expansão

e desenvolvimento das cidades e, hoje em dia, nas transformações da cidade consolidada. Com a

expansão da área urbanizada, as estações, pátios ferroviários e outros equipamentos acabavam

localizados nas regiões centrais. Muitas vezes as cidades cresciam exactamente ao longo de e por

causa das estradas de ferro, formando outros pólos comerciais e industriais ou bairros operários

em volta das estações (NEFS, 2006).

2.1.4 Vantagens e Desvantagens do Ordenamento do Território

O ordenamento do território tem como vantagem a correcção dos efeitos que as diversas

actividades humanas originam no espaço geográfico, o qual, o principal objectivo é o espaço.

Seguindo esta ordem de ideias, a sua génese corresponde, portanto, e na maior parte dos casos, a

uma simples intenção de correcção dos diferentes desequilíbrios espaciais (ARAÚJO, 2014).

A riqueza patrimonial e natural, que pode ser tomada como importante instrumento de

atracção turística, é “perturbada” pelo deficiente ordenamento das actividades e das dinâmicas

urbanas, fruto de insuficiente planeamento e de deficiente gestão do território e de intervenções

que nem sempre ponderam todos os seus impactos. A qualidade de vida dos residentes também é

gravemente prejudicada. Muito pode ser feito para corrigir erros passados e melhorar a acção

presente (RIBEIRO, 2013).

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2.2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Sistema de Informação Geográfica é o conjunto de ferramentas para colher, armazenar,

procurar, transformar e visualizar dados espaciais. Este sistema é mais adequado para análise

espacial de dados geográficos. Esta capacidade é conhecida como topografia, ou seja, o estudo

genérico dos lugares geográficos, com suas propriedades e relações. Esta estrutura alem de

descrever a localização e a geometria das entidades de um mapa, define relações de

conectividade (GILBERTO & DAVIS, s/d).

Segundo Alves (1994), os dados em ambiente SIG são armazenados em Sistemas

Gerenciadores de Banco de Dados (SBGD), os quais são ferramentas fundamentais para os SIG

que grava, armazena dados em camadas ou layer, embora muitos ainda utilizem sistemas de

arquivos para fazer o gerenciamento dos dados.

2.2.1 Componentes do SIG

Segundo Silva (2001) os Sistema de Informação Geográfica são compostos por Software,

que é o conjunto de programas (ArcInfo, ArcView, SPRING, IDRISI, MapInfo.) cuja finalidade

básica é colectar, armazenar, processar e analisar dados geográficos, tirando partido do aumento

da velocidade, facilidade de uso e segurança no manuseio destas informações, apontando para

uma perspectiva interdisciplinar de sua utilização. O software contempla basicamente cinco

módulos:

a) Colecta, Padronização, Entrada e Validação de Dados;

b) Armazenamento e Recuperação de Dados;

c) Transformação ou Processamento de Dados;

d) Análise e Geração de Informação;

14
e) Saída e Apresentação de Resultados.

Hardware: Conjunto de equipamentos necessários para que o software possa

desempenhar as funções descritas. Inclui o computador e periféricos, como impressora, plotter,

scanner, mesa digitalizadora, unidades de armazenamento (unidades de disco flexível, disco

rígido, Componentes de um SIG CD/DVD-Rom, Pen-drivers, etc.); A comunicação entre

computadores também pode ser realizada por meio de um ambiente de rede (SILVA, 2001, p33).

Dados: São materiais brutos que alimenta o sistema, permitindo gerar informação, que

nada mais é do que o significado que é atribuído aos dados, do ponto de vista de um determinado

usuário; o que tem revolucionado os processos tradicionais de utilização da informação é a

maneira como ela pode ser rapidamente processada e utilizada para diferentes objectivos

(exemplos: georreferenciada, especializada, etc.); o Exemplos de dados em SIG: Mapas, tabelas,

imagens, cadastros, relatórios, textos, etc. (SILVA, 2001, p34).

Recursos Humanos: Os SIG por si só não garantem a eficiência nem a eficácia de sua

aplicação, como em qualquer organização, ferramentas novas só se torna eficientes quando se

consegue integrá-las adequadamente a todo o processo de trabalho, não basta apenas

investimento em hardware e software, mas o treinamento de pessoal, usuários e dirigentes para

maximizar o potencial de uso de uma nova tecnologia (SILVA, 2001, p34).

2.2.2 Uso do Sistema de Informação Geográfica no Ordenamento do território

O uso de Sistemas de Informações Geográficas permite e agiliza a análise dos dados

colectados e referenciados espacialmente, possibilitando a realização de processos de selecção

parametrizados fundamentado nos dados de entrada. O ambiente de desenvolvimento dos

aplicativos tem-se mostrado eficaz na manipulação de dados cadastrais, proporcionando boas


15
perspectivas para futuras implementações visando à melhoria do atendimento ao usuário

(GILBERTO & DAVIS, s/d).

Para facilitar a ilustração da área de estudo a qual verifica-se a ocupação irregular bem,

foi facilitado através da digitalização no ArcGis 10.1.

Segundo GILBERTO & DAVIS (s/d) a digitalização é o processo de transferência das

informações gráficas em papel (mapas ou fotos já existentes) para a forma digital. Pode-se

utilizar o processo manual, através de uma mesa digitalizadora ou instrumento fotogramétrico,

ou o processo automático através de um scanner bem como na execução do programa ArcGis 10.

As técnicas usadas para essa transformação são a digitalização manual, que gera mapa na

estrutura vectorial, e digitalização automática, também chamada de rasterização, que resulta em

mapas na estrutura matricial (raster), (GILBERTO & DAVIS, s/d).

Segundo MACHADO (2000) apud MARQUES (2001), os SIG foram concebidos e

desenvolvidos para proporcionar aos utilizadores a integração de informação georreferenciada de

natureza multidisciplinar e multi-regional num único sistema informático, permitindo a criação

de uma nova informação, em resposta às necessidades específicas de cada utilizador. A nova

informação cria mais-valias e é gerada através de operações de inquirição espacial (queries), de

cruzamento de dados e de outras análises espaciais.

2.2.3 O potencial do uso do SIG no Ordenamento do território

O potencial do SIG, consiste na arte e engenho de integrar grandes quantidades de

informação, que com recurso à poderosa capacidade analítica, permite a manipulação da

informação e a criação de cenários. Estes, são conseguidos com a articulação de poderosas bases

de dados, que cobrem todo o tipo de informação georreferenciada (redes de transporte,

16
hidrografia, características da população, actividade económica, Instrumentos Legais, e outras

características dos ambientes naturais e sociais). Estes recursos são valiosos para um grande

número de situações para planeamento urbano, administração de recursos ambientais,

administração de riscos, planeamento de emergência, entre outros, com o objectivo de apoiar a

decisão (MARQUES, 2001).

Os Sistemas de Informação Geográfica são ferramenta importantes para a delimitação

dos aspectos verificáveis no meio ambiente bem como os objectos, pois com ela é possível fazer

a sobreposição e cruzamento de grandes camadas de visualizações, das quais, o presente trabalho

faz uma demonstração, onde com um maior número de elementos, torna-se preciso e fácil, a

obtenção de resultados.

Segundo MARQUES (2001), destaca-se como maior área de aplicação, na administração

de infra-estruturas, na qual é notável nas seguintes aplicações:

 Localização cabos subterrâneos,

 Planeamento de infra-estruturas;

 Monitorização do uso de energia eléctrica;

 Aquisição de solo;

 Política de impacto ambiental.

17
2.3 PLANEAMENTO TERRITORIAL

Segundo Lei nº 19/207 de 18 de Julho apud RODRIGUES (2009), Planeamento

Territorial é um processo de elaboração dos planos que definem as formas espaciais da relação

entre as pessoas e o seu meio físico e biológico, regulamentando os seus direitos e formas de uso

e ocupação do espaço físico.

De uma forma simples e clara, ocupação informal do solo entende-se como sendo aquela

que, e acordo com a legislação vigente não obedeceu as autorizações devidas. Pelo facto de não

seguirem as devidas autorizações normalmente, não existe ninguém com conhecimentos na área

que oriente esta ocupação daí a não salvaguarda de aspectos que afectem o bem-estar e

segurança em todas as vertentes. Ocupações informais dão a grosso modo ao que se designa

como ocupação desordenada do solo “vulgarmente designados por subúrbios (RODRIGUES,

2009).

2.4 USO E APROVEITAMENTO DA TERRA

Segundo o artigo 110 da Constituição da República de 2014, cabe ao Estado: Determinar

as condições de uso e aproveitamento da terra, conferir o direito de uso e aproveitamento da terra

às pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim social ou económico. Na

titularidade do direito de uso e aproveitamento da terra, o Estado reconhece e protege os direitos

adquiridos por herança ou ocupação, salvo havendo reserva legal ou se a terra tiver sido

legalmente atribuída à outra pessoa ou entidade.

O Cadastro Nacional de Terras procede à qualificação económica dos dados dentre os

quais, os tipos de ocupação, o uso e o aproveitamento, bem como a fertilidade dos solos, as

florestas, as reservas hídricas, a fauna e flora, as zonas de exploração mineira e de

18
aproveitamento turístico, de modo a permitir a distribuição racional dos recursos do país

(UNCCD, 2009).

A Lei de Terras tem como objectivos garantir o acesso e a segurança de posse de terra,

tanto dos camponeses moçambicanos, como dos investidores nacionais e estrangeiros, incentivar

o uso e aproveitamento de terra, de modo que esse recurso seja valorizado e contribua para o

desenvolvimento da economia nacional (UNCCD, 2009).

2.4.1 Extinção do direito de uso e aproveitamento da terra

Segundo o n.º 1 e 2 do artigo 18 da Lei de Terra, o direito de uso e aproveitamento da

terra extingue-se:

a) Pelo não cumprimento do plano de exploração ou do projecto de investimento, sem

motivo justificado, no calendário estabelecido na aprovação do pedido, mesmo que as

obrigações fiscais estejam a ser cumpridas;

b) Por revogação do direito de uso e aproveitamento da terra por motivos de interesse

público, precedida do pagamento de justa indemnização e/ou compensação;

c) No termo do prazo ou da sua renovação;

d) Pela renúncia do titular.

No caso de extinção do direito de uso e aproveitamento da terra, as benfeitorias não removíveis

revertem a favor do Estado.

2.4.2 Desigualdade no Uso e Aproveitamento da Terra

No espaço urbano muitas pessoas se relacionam e exercem diferentes actividades,

buscando atender às suas diversas necessidades. Uma dessas necessidades é o acesso à terra

urbana, o qual é condição para a realização de toda e qualquer actividade. Afinal de contas, seja

19
para o lazer, seja para a moradia, seja igualmente para a produção de mercadorias, é impossível

fazê-lo sem se apropriar de um “pedaço de chão” na cidade, ou seja, uma determinada fracção da

terra urbana (NASCIMENTO, 2005, p.22).

Pode-se facilmente perceber que o uso da terra urbana é inevitavelmente conflituoso, pois

estão em jogo interesses distintos, muitos deles antagónicos, engendrados por atores sociais

igualmente distintos. Notadamente, os principais conflitos se dão, como já se destacou, no

âmbito da contradição existente entre os interesses do capital e da sociedade de um modo geral,

pois enquanto aquela busca se reproduzir por meio do processo de valorização, a sociedade

busca melhores condições de reprodução da vida de uma maneira ampla (NASCIMENTO, 2005,

p.22).

2.5 IRREGULARIDADE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA

A produção do espaço urbano se dá dentro das normas ditadas pelo jogo capitalista que,

segundo Fernandes, inclui mecanismos segregativos como mercados de terras centrados na

especulação imobiliária, além de sistemas políticos e regimes jurídicos elitistas, esses

mecanismos que têm cerceado o acesso formal à terra urbana, principalmente para os mais

pobres, e acelerando assim a ocupação e o uso irregular da terra na cidade (FERNANDES, 2002

apud NASCIMENTO, 2005).

Tendo em vista tais considerações, o fenómeno do uso e da ocupação irregular da terra na

cidade reflecte, de modos distintos e muitas vezes simultâneos, as necessidades e os interesses de

diferentes atores sociais produtores do espaço urbano. Algumas irregularidades podem

meramente representar a busca pela optimização do uso de uma área regularizada, como em

certas terras de uso agrícola situadas na cidade, onde se estende o cultivo para dentro das faixas

20
de protecção dos cursos de água, estabelecidas por lei. Outras áreas irregulares expressam

também um outro tipo de obtenção de renda da terra por parte de determinados proprietários

fundiários, os quais loteiam e vendem a preços mais acessíveis, áreas sem a sua devida

regularização jurídica, essas terras, inclusive, que podem ser não edificáveis perante a legislação

vigente (NASCIMENTO, 2005, p.35).

2.5.1 Principais Localizações das Irregularidades do Uso e Ocupação da Terra

Vários os locais que comummente são utilizados irregularmente na cidade, mas de um

modo geral, tais irregularidades localizam-se principalmente nas áreas rejeitadas pelo mercado

imobiliário, que são normalmente aquelas atreladas a fortes restrições legais de uso, como áreas

de protecção permanente, cuja ocupação acarreta danos ambientais, e ainda locais cuja ocupação

torna-se de alto risco à integridade física (NASCIMENTO, 2005, p.41).

Nos arredores da cidade de Chimoio, em certas bairros, dos quais, verifica-se locais mais

ocupados irregularmente para a constituição de áreas residenciais, das quais destacam-se:

 Faixas de domínio: são faixas de segurança, localizadas nas proximidades de

determinadas construções, tensão eléctrica, estradas de ferro e rodovias.

As diversas irregularidades de uso e ocupação da terra na cidade de Chimoio estão

associadas às áreas residenciais, constituindo-se, além das próprias moradias, estabelecimentos

comerciais tal como o mercado feira, carpintaria que se localiza nas proximidades da passagem

de nível, a carpintaria que se localiza no bairro Mudzingadzi, carpintaria que se localiza no

bairro 3 de Fevereiro, local comercial de blocos e áreas de prestação de serviços.

21
2.6 ASSENTAMENTOS INFORMAIS

A aglomeração consiste na existência de pelo menos dois núcleos familiares assentados

em determinado espaço físico. No entanto, este número de agregados familiares mínimo, a ter

que ser considerado tal urbe sugeriria existência de grande quantidade de urbes que até quase que

se resumiria em toda a sociedade humana. Dos parâmetros de Assentamentos informais, salienta-

se a quantidade de agregados familiares concentrados numa determinada área (espaço físico), a

sua organização na ocupação deste espaço bem como as actividades económicas levadas a cabo

por esta população (RODRIGUES, 2009).

Segundo RODRIGUES (2009), a aglomeração de famílias trouxe inúmeras vantagens

para o ser humano, entretanto nem tudo se resumiu em vantagens. Sempre constituiu problema

para as urbes a questão de saneamento do meio, a saúde pública (aumento de risco de

contaminação por doenças infecto-contagiosas devido a proximidade e contacto entre as

pessoas), para além da agudização das divergências entre as pessoas por causa da estratificação

social originada pelo poder tanto político como económico.

2.6.1 Identificação de alguns riscos como resultado de aglomerados humanos

Risco urbano é a potencialidade da ocorrência de um acidente, um desastre, um evento

físico em área urbana que resulte em perdas e danos sociais ou económicos, com destaque para a

ocupação desordenada. Em situações que as entidades responsáveis (sejam as autarquias ou

Governos Distritais ou Provinciais) devem proceder ao mapeamento dos riscos urbanos,

quaisquer que sejam. Conhecer a localização exacta dos riscos e seu impacto na região de

entorno é importante para planejar as medidas de controlo e de resposta às emergências

(RODRIGUES, 2009).

22
Ao se optar por uma forma de assentamentos humanos sob forma de lotes ou casas

adjacentes tem largas vantagens mas existem também desvantagens quando o processo em

devido momento não acautela (RODRIGUES, 2009).

Segundo RIBEIRO (2010), Vulnerabilidade é a capacidade de um grupo humano prever e

preparar-se para um desastre. Isso depende de uma série de factores, como a percepção do risco,

a capacidade de prever o desastre e a possibilidade de adoptar medidas eficazes para proteger o

grupo social do desastre, que é de curta duração e pode ocorrer de modo surpreendente. A

vulnerabilidade pode ser aferida à luz desses parâmetros e faz sentido para avaliar o estágio do

grupo social sujeito ao risco e para organizar uma intervenção do Estado, que passa a ter uma

medida que permite dimensionar carências e planejar acções preventivas ao evento que gera uma

catástrofe.

2.6.2 Directrizes da Política de Reassentamento

Um processo de relocação de pessoas pode gerar grandes transtornos à vida das famílias

afectadas, como por exemplo, empobrecimento, danos ambientais graves, quebra da rede de

apoio social, a menos que medidas adequadas sejam devidamente planejadas e implementadas

(PEDRL, 2001).

Para o reassentamento que possivelmente pode ser implementado na situação desta

natureza, com base na problemática que se verifica, é de tal relevância pois as mesmas estão

expostas ao risco de acidentes na ferrovia (descarrilamento, atropelamento, etc.) não obedecem a

ocupação de maneira regular, a maior parte das edificações são de forma precária, que mediante

os padrões mínimos de habitabilidade não prospera o adequado desenvolvimento humano.

Mediante este aspecto de reassentamento que possivelmente pode ser implementado poderá ter

23
como os seguintes pontos a serem desenvolvidos: a garantia da recomposição da qualidade de

vida das famílias afectadas pela actividade, no aspecto físico (perda de moradia) (PEDRL, 2001).

Segundo PEDRL (2001), para a execução do reassentmento, os fundamentos e directrizes

expostas a seguir deverão regular a modelagem das soluções alinhadas neste plano especifico de

desapropriação, reassentamento e locação. Nesta perspectiva, as possíveis soluções de

reassentamento, a serem empregues serão realizados sempre com observância mediante as

directrizes descritas a seguir:

Directriz 1: Minimizar o número de imóveis a serem desapropriados. As soluções de engenharia

adoptadas, durante a etapa de estudo, buscaram adoptar soluções que viabilizem a implantação

dos serviços e da infra-estrutura e que concomitantemente minimizem o número de relocações.

Directriz 2: Garantir a oferta de diferentes opções de atendimento, de forma a contemplar a

diversidade social. As alternativas de atendimento deverão considerar as especificidades

(diferentes capacidades e vulnerabilidades socioeconómicas) das famílias a serem reassentadas.

Directriz 3: A população afectada terá total liberdade de escolha quanto à sua opção de

atendimento, dentro dos critérios adoptados pela política de compensação/atendimento do

Programa – critérios de elegibilidade.

Directriz 4: Gestão Compartilhada – Governo e Comunidade. Será garantida a participação da

comunidade em todas as etapas do Programa.

Directriz 5: Decreto de Utilidade Pública Para Fins de Desapropriação. A publicação do decreto

é etapa obrigatória para o processo de desapropriação independente se o mesmo ocorra de forma

administrativa ou jurídica.

24
Directriz 6: Garantia da melhoria ou da manutenção das condições de moradia. As moradias a

serem produzidas pelo Programa atenderão aos critérios de habitabilidade e serão compatíveis

com a realidade local, ou seja, respeitarão a forma de vida da população afectada.

Directriz 7: Dos conjuntos habitacionais a serem construídos deverão estar de acordo com a

legislação urbanística e ambiental existente.

Directriz 8: Os custos das soluções de realojamento não serão repassados às famílias. As

moradias a serem construídas pelo Programa serão adjudicadas pelo Governo às famílias

afectadas através do mecanismo da Permuta.

Directriz 9: Isonomia e Equidade Social. Todas as famílias afectadas e cadastradas pelo

Programa independente de sua condição de acesso a terra (irregular), relação com o imóvel

(proprietário, posseiro, ocupantes, locatários) serão alvo de reposição de moradia. As soluções a

serem adoptadas deverão considerar a capacidade e a vulnerabilidade das famílias frente ao

processo de relocação.

Directriz 10: A documentação de propriedade e/ou uso das moradias de reposição serão emitidas

em nome do casal, sob condição de negociação prévia com os componentes do grupo familiar.

25
CAPÍTULO III: MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O presente trabalho teve como área de estudo o Bairro Mudzingadzi, situado na cidade de

Chimoio, Província de Manica, com as seguintes coordenadas geográficas, longitude:

33.487391°; latitude: 19.125514°; elevação: 720m (coordenadas levantadas no Infantário do

Município de Chimoio), o qual tem os seguintes limites:

 Norte: Nhamaonha;  Este: Bairro Residencial Textáfrica;


 Sul: 7 de Abril.  Oeste: Bairro 3 de Fevereiro

Figura 1: Localização geográfica da Área de Estudo

Fonte: Autor (2015)

26
3.2 MATERIAIS

 ArcGis 10 - aplicativo usado para a elaboração dos mapas temáticos e análises espaciais

das áreas avaliadas;

 Google Earth Pro v7.0.2.8415 Premium Final Full- aplicativo que auxiliou no

mapeamento da base de dados através da visualização das imagens da área de estudo;

 Global Mapper 16 - aplicativo usado para a elaboração das curvas de nível.

A tabela abaixo descreve os dados utilizados e a natureza dos mapas apresentados, onde os dados

foram digitalizados no ArcMap com auxílio das imagens do software Google earth resultando

desta operação dos ship files referentes as vias de acesso existentes, casas, linha férrea, áreas

ocupadas e espaços vazios.

Tabela 1: Descrição de dados cartográficos para obtenção dos mapas

DESCRIÇÃO MODELO DE DADOS FONTE DE INFORMAÇÃO

Limites administrativos de Chimoio Vectorial Cena carta

Bairros da Cidade de Chimoio Vectorial Cena carta

Imagem Google Earth Raster Google Earth

Fonte: Autor (2015)

27
3.3 MÉTODOS

Para a execução do presente trabalho o qual teve como área de estudo o bairro

Mudzingadzi, baseou-se nas seguintes etapas:

3.3.1. Revisão Bibliográfica

A primeira etapa consistiu na análise do aspecto que constitui a problemática nos

arredores da cidade de Chimoio concretamente no bairro Mudzingadzi e a aquisição da revisão

bibliográfica. A revisão bibliográfica consistiu na recolha da literatura relacionada com o tema, a

qual foi feita leitura minuciosa.

3.3.2. Trabalho de Campo e Entrevista

No trabalho de campo foi feita a observação directa da situação na faixa confinante da

linha férrea. Para além disso, nesta fase, realizou-se uma entrevista o qual o formulário consta no

apêndice dois (2), com uma amostra de 283 famílias, e a entrevista foi de forma aleatória. O

inquérito foi realizado num período de 14 dias.

3.3.3.Uso dos Sistemas de Informação Geográfica

O sistema de informação geografia foi aplicado inicialmente para a obtenção da imagem

do bairro Mudzingadzi, que possibilitou a delimitação da área do estudo, que facilitou a

identificação das áreas que necessitam de uma intervenção com vista a melhorar a qualidade de

ocupação pela população. Feitas as análises pela imagem fornecida pelo Google earth e a

visualização no terreno, chegou-se a conclusão que com a aplicação dos conhecimentos

adquiridos, é possível solucionar a problemática a qual foi identificada mediante a aplicação das

ferramentas que dispomos para os efeitos com base no cumprimento nas normas estabelecidas e

28
a ilustração da aplicação do SIG, o qual teve como materiais Google Earth Pro v7.0.2.8415

Premium Final Full, Global Mapper 16 e ArcGis 10.

O estudo feito, o qual está directamente ligada ao planeamento físico, visa implementar

os instrumentos do Ordenamento do Território proporcionando o uso e ocupação do solo de

melhor maneira, possibilitando a melhor organização e enquadramento das infra-estruturas.

Mediante a análise da situação actual que o bairro Mudzingadzi se encontra, verificou-se

que há incumprimento das normas de posicionamento das infra-estruturas que lá si encontram

em relação a linha férrea, criando perigo para a população que lá se encontra, bem como dando

um mau aspecto físico. Com vista a solucionar estes aspectos, aplicou-se os conhecimentos

práticos das ferramentas do SIG, ilustrando a situação actual e mediante a análise, identificou-se

meios de melhoria com base na visualização possibilitada pelo Google Earth, que por sua vez foi

feita a análise no terreno, e propondo enquadramento das actividades exequíveis nestas áreas.

O suporte digital da informação permitiu a criação de modelos de representação gráfica a

três dimensões. Este tipo de representações têm permitido sensibilizar as entidades públicas para

a utilização da informação geográfica física nos seus estudos e projectos que, dados os prazos de

execução muito limitados (REBELO, 1976 apud BATEIRA, 1996).

29
3.4 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Imagem satélite do Bairro Mudzingadzi

Figura 2: Enquadramento do bairro de estudo

Fonte: Google Earth

3.4.1 Descrição Socioeconómica

A população da área de intervenção, caracteriza-se por um modo de vida que integra a

prática de comércio e agricultura, dos quais, a maior parte dos que praticam negócio, actuam as

suas actividades no mercado Francisco Manhanga, vulgarmente conhecido por mercado 38. Com

a aglomeração, o arruamento bem como as edificações (grau de urbanização), que se verificam

na área de intervenção, ditam que a zona é tipicamente urbana, mas contendo algumas distorções

relativamente a natureza das casas.

30
Com base na actividade de campo, foram consideradas a natureza das moradias, das

quais, de acordo com o número da amostra, verificou - se que 74% das moradias são de

construção convencional e 26% de construção precária. Sendo as casas com constrições precárias

as que se verificam mas próximas da linha férrea. A figura abaixo ilustra os valores percentuais

da natureza das construções que se verifica nas proximidades da linha férrea.

Construcões na área de
Intervenção
Construção Convencional Construção Precária

74% 26% 26%

Figura 3: Moradias de construções convencionais e precárias na área de intervenção

Fonte: Autor (2015)

3.4.2 Sistema das vias de acesso do Bairro

Mediante a situação actual no que diz respeito a organização da zona confinante da linha

férrea no bairro Mudzingadzi, verificou-se a irregularidade do cumprimento do distanciamento

das residências em relação a linha férrea, factor este, que constituiu o marco importante para a

realização do presente estudo, visto que, perante esta situação, em ocorrência de acidente poderá

causar inúmeras catástrofes. Sendo observadas residências a uma distância em relação a linha

férrea de dez ponto cinquenta e dois metros, conforme ilustra a figura quatro, o qual foi feita a

31
análise com o programa Google Earth, que possibilitou a identificação das residências e fazer a

medição das distâncias das mesmas, conforme ilustra a imagem abaixo.

Figura 4: Verificação do distanciamento da linha férrea em relação as casas

Fonte: Autor (2014)

Com base no aplicativo Google Earth, fez-se a medição do distanciamento das casas que

não cumprem as normas estabelecidas, tendo a imagem, digitalizou-se, dando a possibilidade de

ilustrar as edificações a qual devem ser expropriadas com vista a cumprir com as normas,

mediante os instrumentos do ordenamento do território das autarquias. Nesta perspectiva, a

figura abaixo ilustra a execução dos procedimentos considerados.

32
Figura 5: Uso e ocupação do solo no bairro Mudzingadzi

Fonte: Autor (2014)

Com a elaboração do mapa temático representado na figura cinco, facultou a elaboração

do mapa ilustrando as vias de acesso, a repartição dos quarteirões dos possíveis espaços para o

enquadramento da população que se encontram dentro da área a qual não cumprem com as

normas, segundo a figura abaixo.

Nestas faixas, para além das próprias casas, verifica-se existência de quartos de banho,

casas ainda em construções, como se não estivessem a ver os riscos que os mesmos estão sujeitos

a sofrer.

33
Figura 6: Ilustração da rede das vias existentes.
Fonte: Autor (2014)

Feita a representação da rede das vias de acesso bem como das demais intervenções,

houve a necessidade de representar o uso e a ocupação do solo na área de intervenção, mediante

o que existe nos quarteirões que no presente bairro se encontra, dando a perceber de melhor

maneira com o mapa temático que foi feito com as ferramentas do ArcGis 10.1 e o programa

Google earth, fazendo a manipulação dos dados fornecidos pela CENACARTA e a imagem

satélite deste bairro que é apresentado na figura sete, ou seja, imagem no verso.

34
Figura 7: Enquadramento geográfico da ocupação no bairro Mudzingadzi
Fonte: Autor (2014)

3.4.3 Topografia da área de Estudo

Os mapas de declives permitem perceber muitos elementos que se referem à dinâmica

natural do meio físico. Já não se trata de saber qual o suporte físico à acção humana, mas prever

as consequências dessa acção nos processos e dinâmica do meio físico (BATEIRA, 1996; 1997).

Um utilizador com um bom conhecimento da dinâmica do meio físico de uma área

poderá, com o auxílio dos mapas de declives, concluir e tirar conclusões importantes para o

ordenamento dessa área. Embora o estudo sobre o meio físico já tenha permitido perceber as

grandes influências entre a dinâmica desse meio e a acção do homem, é possível, hoje, e de uma

forma mais acessível estudar o meio físico como sistema natural sublimado e não como suporte

35
físico capaz de absorver todas as consequências da acção humana. Nesse processo de análise do

meio físico é essencial a informação geográfica física. Se essa informação, apesar de útil, era

difícil de tratar, hoje ela está mais acessível dada a facilidade concedida pela utilização dos SIG

(BATEIRA, 1996).

Com a necessidade de obter o desnível do terreno do bairro, foi feito o uso do aplicativo

Global Mapper, o qual favoreceu na obtenção das curvas de nível que permitiu fazer a leitura do

declive, identificando os pontos altos e baixos, o qual tem percorrido as águas pluviais, uma vês

obtidas curvas de nível, foi enquadrado os dados para a representação o mapa que é representado

na figura oito. Neste aspecto, visto que as curvas contém números, a sua leitura é feita mediante

os mesmos, o qual os números mais elevados revelam os pontos mais altos e os números baixos

indicam os pontos baixos destas áreas conforme ilustra a figura 7 abaixo.

As diferentes irregularidades do espaço físico não são desprezadas por uma qualquer

grelha justaposta ao mapa de origem, por que ela da informações essências para o

enquadramento eficaz e essencial para as edificações, e o melhor planeamento para o escoamento

superficial das águas. Neste sentido, feitas as análises, o desnível que se verifica no bairro,

variam entre três ponto dois à três ponto seis metros (3.2 à 3.6 m).

36
Figura 8: Mapa de topografia do Bairro Mudzingadzi

Fonte: Autor (2015)

3.4.4 Sinalização em Torno da Linha Férrea

Vários factores assim como aspectos que facultam na circulação eficiente nas vias

públicas, deste modo, referir que a sinalização é um instrumento que da o informe da situação a

qual a via ou o espaço físico se encontra, evitando a ocorrência de acidentes.

Ao longo da linha férrea nesta área de intervenção, verifica-se vias que partem da estrada

principal N6 dando acesso ao bairro. Nestas vias, circulam tanto os peões como veículos, e nas

proximidades destas vias encontram-se carpintarias, bem como a existência de espaço que se tem

37
praticado o negócio de venda de tijolos, grelhas, que para o acesso das mesmas, passam pela

linha férrea. Neste sentido, surge a necessidade de sinalização de modo a garantir a melhor

circulação nestes pontos.

Figura 9: Mapa da Situação de Sinalização na Faixa Confinante

Fonte: Autor (2015)

38
3.5 INTERVENÇÕES NA REQUALIFICAÇÃO

Segundo MOREIRA (2007) apud LIMA (2012), a Requalificação Urbana define-se como

um processo social e político de intervenção no território, que visa essencialmente (re) criar

qualidade de vida urbana, através de uma maior equidade nas formas de produção (urbana), num

acentuado equilíbrio no uso e ocupação dos espaços e na própria capacidade criativa e de

inovação dos agentes envolvidos neste processo.

Renovação Urbana corresponde a um conjunto de operações urbanísticas que visam a

reconstrução de áreas urbanas ocupadas ou degradadas, às quais não se reconhece o seu valor

como património arquitectónico ou conjunto urbano a preservar, com deficientes condições de

habitabilidade, de salubridade, de estética ou de segurança, implicando geralmente a substituição

dos edifícios existentes (DIRECÇÃO GERAL 2000, apud LIMA 2012).

As intervenções da requalificação visam:

 Melhorar a qualidade de vida nas cidades através de intervenções nas vertentes

urbanística e ambiental, aumentando a atractividade e a competitividade de pólos urbanos

 Melhorar a qualidade do ambiente urbano e valorizar a presença de elementos ambientais

estruturantes tais como frentes de rio ou de costa.

A valorização e importância do Centro Histórico nos nossos dias, vai-se assim entrosando

a par com o alargamento da noção de património a este subjacente. O conceito de Centro

Histórico remete-nos hoje, para categorias histórico-culturais. O seu entendimento evoluiu assim,

desde limitadas visões de monumentalidade, aonde numa primeira fase, se valorizava pouco mais

que as singularidades arquitectónicas dos espaços, passando-se a considerar uma multiplicidade

de factores: históricos; culturais; morfológicos; económicos; sociais; simbólicos; éticos; etc., que

39
hoje e no senso comum, integram e identificam de forma indelével os locais. (REVILLA 2003

apud LIMA 2012).

3.5.1 Características Básicas na Intervenção da Requalificação Urbana

a) Humanização dos espaços colectivos produzidos;

b) Valorização dos marcos simbólicos e históricos existentes;

c) Participação da sociedade na concepção e implantação.

A ferrovia é um dos principais elementos estruturadores do espaço urbano municipal,

através de seu percurso, ela atravessa 8 bairros do município de Chimoio, nomeadamente o

bairro Agostinho Neto, Nhamatsane, 25 de Junho, Bairro 3, 3 de Fevereiro, Mudzingadzi,

Nhamaonha e Nhaoriri, além da possibilidade de integração com o meio rural e pequenos

municípios agrícolas vizinhos. O espaço remanescente da ferrovia, 50 metros de faixa de

domínio público de cada lado dos trilhos, mediante a norma, deve existir um espaço livre. Tendo

em vista esse cenário, torna necessária esta intervenção com objectivo de reinserir esse elemento

urbano patrimonial no quotidiano da cidade e de seus cidadãos de acordo com a norma bem

como humanização e valorização dos marcos simbólicos.

40
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a realização do presente trabalho, resultou o desenho bem como a elaboração de

mapas que visão melhor a percepção das condições do espaço na área de intervenção bem como

a criação de meios alternativos exequíveis para a satisfação da população que se encontra na área

em estudo.

4.1 Verificação da Conformidade do Uso e Ocupação da Terra

Segundo o artigo 8 da Lei no19/97, de 1 de Outubro (Lei de terra), consideram-se zonas

de protecção parcial:

1) Os terrenos ocupados pelas linhas férreas de interesse público e pelas respectivas

estações, com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado do eixo da via;

2) Os terrenos ocupados pelas auto-estradas e estradas de quatro faixas, instalações e

condutores aéreos, superficiais, subterrâneos e submarinos de electricidade, de

telecomunicações, petróleo, gás e água, com uma faixa confinante de 50 metros de cada

lado, bem como os terrenos ocupados pelas estradas, com uma faixa confinante de 30

metros para as estradas primárias e de 15 metros para as estradas secundárias e terciárias;

No sentido de estabelecer o critério de conformidade de uso e ocupação do solo na área

de intervenção, a tabela abaixo tem como principal foco a ilustração da variável usada no

trabalho feito com vista a fazer o enquadramento legal do uso e ocupação do solo nesta área, a

qual teve como base a alínea “f” do artigo acima citado da lei de terras. Com o seu

enquadramento na lei de terra, as mesmas foram criadas, em parte significativa dos casos, com o

41
intuito de protecção e conservação do ambiente, o que significa que não devem ser feita o seu

uso para qualquer que seja o seu fim de forma permanente. Em contra partida, os mesmos estão

sendo usados para diversos fins no município de Chimoio concretamente no bairro Mudzingadzi.

Tabela 2: Variáveis consideradas de restrição

VARIÁVEL DESCRIÇÃO REFERÊNCIA


CONSIDERADA

Os terrenos ocupados pelas linhas Lei de Terras, Lei nº 19/97 De

férreas de interesse público e pelas 1 de Outubro.

Infra-estrutura respectivas estações, com uma faixa

confinante de 50 metros de cada

lado do eixo da via

Fonte: Autor (2015)

Ao longo do bairro Mudzingadzi, certas infra-estruturas foram construídas dentro das

faixas confinadas a protecção, sendo habitações as mais predominantes. Neste sentido, foi feita

entrevista de tal modo que se tivesse a informação se eles sabiam das condições legais de uso e

ocupação do solo que estão vivendo.

Com a amostra de 283 casas, a qual houve a necessidade de se encontrar meios

alternativos para o melhor enquadramento de ocupação do solo, obteve-se as seguintes

ideologias do grupo alvo através da entrevista na área de estudo, a informação é ilustrada na

tabela três.

42
Tabela 3: Resultado da entrevista na área de estudo

Zona de Respostas obtidas


Bairro protecção Questão Resposta Percentagem
Sim 15%
Portador de
DUAT Não 85%

1999 40%

Ano que ocupou 1997 25%


o espaço
1991 15%
Faixa de 1989 8%
Mudzingadzi Ferrovia
1994 12%
Se já houve um
acidente na área
de estudo com
comboio. Não 100%
Fonte: Autor (2015)

De acordo com a situação actual na zona confinante a linha férrea, verificou-se a

existência de casas a 10.52 m bem como, existência de locais que se pratica a produção e venda

de blocos, carpintaria, nas proximidades verifica-se a existência da estrada nacional N6, que

segundo a informação obtida no município, estão sendo traçadas alternativas que favoreçam o

ambiente de circulação neste ponto, visto que também violam as normas estabelecidas, segundo

a presente lei estabelece que, a ocupação de natureza permanente como residências, devem estar

a 30 m de distância por ser uma estrada primária, encontra partida, a EDM ocupou um paço que

dista com a linha férrea em cerca de 42,98 m, de distância, e a mesma encontra-se a cerca de 10

m de distância em relação a estrada nacional número seis. Estas infra-estruturas não obedecem a

43
lei de terra segundo os pontos do artigo 8 acima citados, e nesta perspectiva, a imagem abaixo

ilustra esta situação.

Figura 10: Ilustração da irregularidade na ocupação actual do Solo

Fonte: Autor (2015)

Para além das infra-estruturas acima referidas, nas proximidades da área de intervenção

fazendo referência concreta das áreas de serviço, tem se verificado muita aglomeração da

população na paragem vulgarmente denominada “Cheri”, que na actualidade passou a ser

dominada pelos comerciantes que tendem a alastrar os seus negócios, também verifica-se um

espaço reservado, segundo as informações obtidas na área do estudo, o local esta sendo

projectado para a construção de um posto de abastecimento de combustível.

Nas proximidades do espaço reservado para o posto de abastecimento de combustível

encontra-se a actual terminal de passageiros, que se encontra a uma distância de 33.18 m de

44
distância em relação a linha férrea, e por sua vês, a mesma dista a 5 m em relação a estrada

nacional número seis “N6”, perante esta situação, clarifica o perigo de acidente que a população

que circula nestas áreas estão sujeitos a sofrerem, bem como os passageiros.

Figura 11: Infra-estruturas existentes na zona confinante a linha férrea

Fonte: Autor (2015)

Com a representação das infra-estruturas, das quais, caracteriza-se como ocupação

irregular pelo distanciamento estabelecido, 90% dos espaços que se encontra nestas áreas a qual

foram construídas estas casas, contém terrenos que não obedecem as normas do loteamento, pois

verifica-se terrenos que apenas contém as casas habitadas e casas de banho, contendo pequenas

vias de acesso que atravessa o próprio terreno das populações que lá se encontram.

Segundo os dados fornecidos pela CENACARTA, o uso e ocupação do solo neste bairro,

é considerado como pertencente a área habitacional, e o mesmo com a observação directa no

terreno, comprovou-se o mesmo. Com base na representação acima, este processo foi feito com a

45
digitalização das áreas ocupadas actualmente, o que fez com que houvesse a necessidade de

representar o que existe, sem a imagem satélite, mas incluindo as casas, vias de acesso, segundo

ilustra a figura abaixo.

Figura 12: Representação da ocupação numa das áreas de intervenção

Fonte: Autor (2015)

4.2 A Linha Férrea na área de estudo

A linha férrea na da área de estudo (bairro Mudzingadzi), percorre cerca de 1.96 km, e

totalizando até a estacão da linha férrea da cidade de Chimoio com uma distância de 3.74 km, em

que ao longo deste percurso verifica-se uma passagem de nível nas proximidades do mercado

feira. No entanto, com a ocupação irregular que se verifica, a população não usufrui de alguns

serviços como a existência de contentores de lixo, e estes sendo obrigados a fazerem escavações

no sentido de manterem a boa higiene. Mas para os residentes com condições melhoradas, estes

usufruem de sistemas de abastecimento de água proveniente da FIPAG.

46
Segundo a população na área de estudo, apontam como factor que faz com que eles até

então permaneçam nestas áreas, é devido a facilidade que eles têm de aceder aos produtos

alimentares através do mercado Francisco Manhanga vulgarmente conhecido por mercado trinta

e oito (38), a proximidade com a paragem denominada “Cheri”. Como desvantagem da

ocupação, a população apontam como a vibração e o ruído que o comboio tem feito nos

momentos que por lá percorre, e em relação a acidentes, até então, conforme a entrevista feita, os

dados apontam que não se verificou nenhum acidente até a data a qual foi feita a entrevista.

Figura 13: Mapa de ocupação do solo na zona de protecção parcial

Fonte: Autor (2015)

47
Segundo o mapa de ocupação do solo na zona de protecção parcial acima representado, a

ilustração das áreas habitadas, constitui uma irregularidade de ocupação do solo nestes espaços,

surgindo deste modo uma necessidade de aplicação de medidas que possam alterar o nível de

valorização deste património cultural.

Com irregularidade da ocupação segundo o mapa da figura catorze, verifica-se nas

proximidades da entrada do bairro Mudzingadzi através na estrada nacional numero seis, uma

carpintaria que não obedece o distanciamento bem como as demais infra-estruturas, em virtude

deste cenário, surge a necessidade de desprender a população do espaço, o qual foi realizado o

estudo com vista a fazer o enquadramento legal do artigo 8 da lei de terra em vigor, e com o

intuito de fazer o uso do mesmo para o reaproveitamento da zona confinante á linha férrea para

realização de actividades temporárias, pois as actividades de carácter permanente como a

edificação de residências não é permitida segundo a lei.

Perante a situação actual, verifica-se residências, postos de serviços, para o efeito, foram

desenhados polígonos bem como traçados, onde se inclui o buffer de 50 metros a partir dos

limites externos das edificações, com a função de definir que as construções de residências

poderá ser feito após o buffer de 50 m estabelecidos, com o objectivo de proteger os mesmos,

visto que o foco principal do presente trabalho foi a ocupação do solo na zona confinante a linha

férrea, como património fundamental a preservar bem como o enquadramento legal das normas

estabelecidas para o bem-estar da população.

Como ameaças e riscos verificou – se a possibilidade de ocorrência de acidentes na faixa

confinante da linha férrea em relação as casas existentes e em relação a estrada nacional número

seis “N6”.

48
Figura 14: Mapa de sobreposição das ocupações na área de intervenção

Fonte: Autor (2015)


Figura 15: Mapa de enquadramento das Infra-estruturas na área de Intervenção

Fonte: Autor (2015)


Com a expropriação destes espaços, o mapa da figura dezasseis ilustra o possível

enquadramento de ocupação do solo para a zona confinante à linha férrea no bairro

Mudzingadzi. Segundo as informações obtidas no conselho municipal da cidade de Chimoio, em

áreas que são percorridas por linha férrea podem ser exercidas algumas actividades que sejam de

carácter temporário, das quais foram descritas as possíveis actividades a serem exercidas, como

parqueamento de automóveis, existência de áreas verdes, espaços livres de lazer, pistas para

pedestres.

A criação destes espaços surge com o sentido de não haver desperdício do espaço, a

valorização do meio ambiente também deve se fazer sentir, razão pela qual surge a necessidade

de criação de áreas verdes, visto também que o espaço verde cria uma boa paisagem e estética ao

meio físico para além de dar um ambiente saudável pela sua própria natureza. Perante esta ideia

de reaproveitamento também se destaca os seguintes objectivos:

 Valorizar e promover o enquadramento das normas de uso e ocupação do solo

estabelecidos pela lei de terra;

 Defender e valorizar o património humano, melhorando a qualidade de vida e plena

integração no ambiente;

 Ordenar, conservar e proteger o património natural, proporcionando uma utilização

racional dos recursos, permitindo um desenvolvimento equilibrado e sustentável;

 Promover o desenvolvimento de infra-estruturas de transporte, e lazer;

 Melhorar da qualidade visual da paisagem;


Figura 16: Mapa de enquadramento das actividades exequíveis no reaproveitamento da zona confinante

Fonte: Autor (2015)


Com o trabalho feito, o qual contribui para o conhecimento da organização do espaço na

zona confinante da linha férrea no bairro Mudzingadzi, bem como em áreas que contém infra-

estrutura desta natureza, trás uma motivação para a produção de espaços valorizando as normas

de uso e ocupação do solo, pois ela mostra de forma real o que está a acontecer e os riscos que a

população que nesta área de estudo corre com a sua permanência nestes locais.

Para além de mostrar a ocupação irregular nesta área, o trabalho mostra as possíveis

actividades que podem ser desenvolvidas das proximidades de uma linha férrea, dando também

uma visão para as outras áreas que contém a linha férrea a se precaverem do tipo de ocupação no

sentido de garantir a qualidade de uso e ocupação pela população.

Na avaliação do nível de ocupação do solo, a aplicação as ferramentas do sistema de

informação geográfica, facilitou bastante para a melhor representação dos aspectos físicos, tais

como a posição das infra-estruturas bem como as vias de acesso, e o SIG permitiu ilustrar

devidamente com exactidão os parâmetros vigentes na lei de terras relativamente ao

distanciamento dos 50 m que deve ser obedecido na zona de protecção da faixa confinante a

linha férrea, protegendo a população dos possíveis acidentes. Com base nesta aplicação do

presente trabalho, afirma-se que, o SIG é uma ferramenta de extrema importância na adequação e

organização dos aspectos que constituem o meio físico, proporcionando o melhor plano de

organização do território.

53
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1 CONCLUSÃO

Os resultados do trabalho, mostraram que, 283 famílias que se encontram perante a

ocupação irregular, das quais, verifica-se a ocupação do solo até aos 10.52 m de distância

relativamente a linha férrea com as casas, bem como locais de prestação de serviços, dos quais

são descritas carpintarias, existência de locais que se pratica a produção e venda de blocos,

proximidades com a estrada nacional número seis “N6”. Neste sentido a população da área de

estudo descreveram como factor que faz com que eles até então permaneçam nestas áreas, é

devido a facilidade que eles têm de aceder aos produtos alimentares através do mercado

Francisco Manhanga vulgarmente conhecido por mercado trinta e oito (38), a proximidade com a

paragem denominada “Cheri”, e como desvantagem da ocupação, a população apontam como a

vibração e o ruído que o comboio tem feito ao longo desta área,

Como ameaças e riscos verificou – se a possibilidade de ocorrência de acidentes na faixa

confinante da linha férrea em relação as casas existentes e em relação a estrada nacional número

seis “N6”.

Com a desapropriação da população na zona confinante a linha férrea, e com o intuito de

fazer o uso do mesmo, foi feito o desenho de mapa do reaproveitamento da zona confinante á

linha férrea para realização de actividades temporárias como parqueamento de automóveis,

espaços livres, pista para pedestres e áreas verdes com vista a dar a possibilidade de oferta à

população de novas áreas de lazer.

54
5.2 RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se as autoridades municipais da cidade de Chimoio que antes da ocupação do

solo pela população, estabeleçam as normas de uso e ocupação do solo, de modo que haja boa

harmonia entre o homem e o espaço físico.

Para os estudos posteriores a serem realizados no bairro de intervenção, recomenda-se

que façam o reaproveitamento de alguns espaços com condições adequadas para o

reassentamento de um número considerável de população, a qual, o espaço a reassentar tem

como área total, cerca de 12.68 ha.

Recomenda-se a comunidade académica, a estimular a realização de estudos de género,

com vista a proporcionar a resolução de problemas ligados a ordenamento com o auxílio dos

aplicativos do SIG.

55
6.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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2001.

58
7.0 APÊNDICES
Apêndice I: Situação actual. Fonte: Autor (2015)

59
Apêndice II: Questões da Entrevista

Local:

Tipo de Irregularidade:

A quanto tempo estão ocupando o espaço:

Tem o conhecimento da existência da lei de Terra:

( ) Sim ( ) Não

Se tem o conhecimento, através de que meio ficou sabendo:

Em algum momento o CMC veio dar o informe da existência desta lei:

Sim ( ) Não ( )

Por que veio morar neste local:

Já houve acidente na linha férrea?

( ) Sim

( ) Não

Tem DUAT?

( ) Sim ( ) Não

60
8.0 ANEXOS

Anexo 1: Distancia entre as residências em relação a linha férrea

Fonte: (MICOA, 2006)

61

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