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O Candidato O Supervisor:
Eu, Wildo Pinto Eugénio, com identidade do aluno número 31160103, estudante do
curso de Licenciatura em Gestão Ambiental do Instituto Superior de Ciências e
Educação a Distância, declaro que o conteúdo do trabalho intitulado: Análise dos
Impactos ambientais da mineração artesanal na Localidade de Mutala, Distrito de
Alto Molocué (2016 – 2019), é reflexo de meu trabalho pessoal e manifesto que perante
qualquer notificação de plágio, cópia ou falta em relação à fonte original, sou
directamente o responsável legal, económica e administrativamente, isentando
Orientador, a Universidade e as instituições que colaboraram com o desenvolvimento
deste trabalho, assumindo as consequências derivadas de tais práticas.
Assinatura:
i
Resumo
A mineração é uma actividade de uso temporário da terra, que altera as condições
ambientais e naturais, também é forte modificadora da paisagem, pós degrada extensas
áreas, que muitas vezes a sua recuperação é difícil. O presente trabalho aborda acerca
dos impactos ambientais dos recursos minerais nas comunidades locais: Estudo de caso
mineração artesanal na Localidade de Mutala, Distrito de Alto Molocué/ Zambézia
2016-2019), foi feito um levantamento da mineração artesanal, sua importância cultural,
económica e social na região, seus principais impactos ambientais bem como as
medidas mitigadoras. Este estudo teve como objectivo analisar os impactos ambientais
da mineração artesanal no povoado, o mesmo foi possível através de 75 entrevistados,
incluindo membros da comunidade, garimpeiros, líderes comunitários e também os
membros do governo. A pesquisa foi qual-quantitativa, o que faz desta uma pesquisa
mista. Na recolha de dados foi feita análise bibliográfica, entrevistas, inquéritos, e
observações no campo. Para identificação e sistematização dos impactos ambientais da
mineração foram utilizados vários métodos tais como: Ad-Hoc, checklist, matrizes de
Leopold, redes e diagramas. Com resultados concluiu-se: (i). Que a actividade tem
resultado na destruição do meio ambiente, sobretudo a fauna e a flora e aponta se a falta
de informação sobre técnicas adequadas de exploração e também a inexistência de
outras fontes de renda familiar. (ii). Fez-se elaboração das medidas de mitigação
estruturais e não estruturais com vista a minimizar os impactos ambientais nas áreas
degradadas. (iii). Igualmente foram deixadas recomendação nos sectores da saúde no
tratamento das águas destinadas ao consumo humano, autoridades locais na fiscalização
e penalização dos infractores das normais ambientais, e aos garimpeiros, na sua
organização em cooperativas e associações, para minimizar os impactos ambientais e
melhorar as condições socioculturais, económicas e da saúde da população de saúde na
região.
ii
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela dádiva da vida que deu, aos meus pais, pela
educação e determinação e pela motivação transmitida e por me proporcionarem muito
amor, carinho e amizade.
Em seguida agradeço a minha esposa, Sonália Reginaldo, pelo encorajamento força e
determinação, transmitido na vida social e estudantil.
Aos colegas do trabalho, da escola e amigos, pelo suporte incondicional, ao supervisor
desta monografia Dr. Eufrásio João Nhongo, pelo apoio prestado e aos demais docentes
pelos ensinamentos dados durante o período de aprendizagem.
Manifesto, igualmente a minha gratidão a todos que, directa ou indirectamente,
contribuíram para o sucesso deste trabalho, principalmente aos garimpeiros que
aceitaram fazer as entrevistas, e partilhar algumas experiências por eles vividas na
comunidade. Por fim, agradecer a minha família que sempre me deu força para a
realização deste sonho.
iii
Dedicatória
Aos meus pais Sr. Eugénio Januário e Sra. Inácia Pinto Zeferino pelo apoio
incondicional para continuação com os estudos, aos meus irmãos Ercílio, Inalcidia,
Nito, Fatima e Winete que estiveram do meu lado diante de várias adversidades.
As minhas filhas e sobrinhos para que lhes sirva de exemplo por seguir em suas vidas.
iv
Lista de Abreviaturas e Siglas
v
Lista de Gráficos
vi
Lista de Tabelas
vii
Lista de Figuras
viii
ÍNDICE
Declaração de Honra.......................................................................................................i
Resumo..........................................................................................................................ii
Agradecimentos............................................................................................................iii
Dedicatória...................................................................................................................iv
Lista de Abreviaturas e Siglas.......................................................................................v
Lista de Gráficos ..........................................................................................................vi
Lista de Tabelas...........................................................................................................vii
Lista de Figuras..........................................................................................................viii
Introdução ................................................................................................................... 11
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................. 12
1. Contextualização ................................................................................................. 12
1.1. Problematização ............................................................................................... 13
1.1.1. Formulação do problema .............................................................................. 13
1.2. Objectivos ............................................................................................................ 13
1.2.1 Objectivo geral ................................................................................................... 13
1.2.2 Objectivos Específicos ....................................................................................... 14
1.3. Hipóteses .............................................................................................................. 14
1.4. Justificativa .......................................................................................................... 14
1.5. Delimitação temporal, espacial e explorativa ...................................................... 14
1.6. Limitações do trabalho......................................................................................... 18
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ......................................................... 20
2. Mineração ............................................................................................................ 20
2.1. Mineração no mundo ........................................................................................... 20
2.2. Mineração em Moçambique ................................................................................ 22
2.3. Recursos naturais ................................................................................................. 25
2.4. Recursos naturais na Zambézia............................................................................ 26
2.4. Impactos Ambientais ........................................................................................... 27
2.5. Impactos ambientais nos recursos naturais .......................................................... 27
2.6. Desenvolvimento e desafios nos recursos naturais .............................................. 28
2.7. Sustentabilidade da Mineração ............................................................................ 29
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DO TRABALHO .............................................. 31
3.1 Tipo de Pesquisa ................................................................................................... 31
3.2. Métodos de Pesquisa ............................................................................................ 32
3.3. Método de Abordagem ........................................................................................ 33
3.4 Tipo de Dados ....................................................................................................... 34
3.4.1. Vantagens e Desvantagens de usar dados primários......................................... 34
3.4.2. Vantagens e Desvantagens de usar dados secundários .................................... 34
3.5. A colecta de dados ............................................................................................... 34
3.6. Universo e Amostra ............................................................................................. 35
3.6.1 Amostragem não probabilística ......................................................................... 35
3.6.2 Amostragem probabilísticas .............................................................................. 35
3.7. Questões Éticas Da Pesquisa ............................................................................... 36
CAPITULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................... 37
4.1. Legislação da actividade mineira no contexto Moçambicano ............................. 37
4.2. Indústria extractiva no distrito de alto Molocué .................................................. 38
4.3. Identificação dos principais impactos ambientais................................................ 39
4.3.1. Perda de vegetação local ................................................................................... 39
4.3.2. Poluição da Água .............................................................................................. 41
4.3.3. Alteração da camada superficial do solo .......................................................... 42
4.3.4. Poluição atmosférica ......................................................................................... 44
4.3.5. Erosão do solo ................................................................................................... 44
4.3.6. Alteração da paisagem natural .......................................................................... 46
4.4. Impactos sociais, económicos e saúde da população ........................................... 47
4.5. Impactos antes e depois da massificação da mineração artesanal em Mutala ..... 48
4.6. Medidas de mitigação dos impactos ambientais na mineração artesanal ............ 48
CAPÍTULO V: CONSIDERACOES FINAIS ............................................................ 50
5.1. Recomendações ................................................................................................... 51
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 52
Apêndices .................................................................................................................... 55
Anexos ........................................................................................................................ 59
Introdução
A província da Zambézia ocupa um dos lugares cimeiros no que refere aos recursos
minerais do país, o povoado de Mutala, situado no distrito de Alto Molócuè a Norte da
Província da Zambézia, o sector mineiro tem-se mostrado de grande importância na
economia local como também, um dos maiores empregadores de mão-de-obra e tem um
grande impacto rural o que constitui uma forte fonte de desenvolvimento e de combate à
pobreza no povoado de Mutala.
A presente pesquisa, foi apresentada em seguintes capítulos: (i) introdução, que contém
uma apresentação do tema e do problema; os objectivos; as hipóteses de trabalho e a
justificativa. (ii) revisão literária que aborda sobre conceitos relacionados ao tema no
mundo e em Moçambique em particular. (iii) o capítulo metodologias que aborda sobre
os procedimentos usados para a realização da pesquisa. (iv) discussão e apresentação de
resultados, onde foram apresentados os impactos causados pela mineração artesanal em
Mutala bem como os impactos sociais, na saúde da população, economia e na
agricultura. (v) as conclusões e recomendações da pesquisa, onde estão resumidas as
implicações da actividade e as recomendações deixadas aos envolvidos na actividade
mineira (garimpeiros, comunidade e autoridades locais).
A escolha desta área de estudo deve se facto de ser terra natal dos meus pais e ser uma
região que apresenta uma vasta gama de recursos minerais e com eles a existência de
mais garimpeiros, e pelo facto de pretender trazer a real situação sócio ambiental de
Mutala decorrente da actividade de extracção mineira.
O tema motivou me pelo facto do distrito de Alto Molocué ter vindo a envidar esforços
nos últimos quatro (4) anos, na redução dos impactos ambientais da mineração artesanal
e pelo registo do aumento do número dos praticantes da actividade mineira.
Espero que os resultados obtidos ao longo desta investigação possam ajudar a promover
a compreensão do tema em estudo e contribuir para a implementação de estratégias e
programas eficazes, no sentido de promover uma vida sã da população e
sustentabilidade dos recursos minerais na região.
11
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1. Contextualização
Para Bacci et. al. (2000), em todo mundo, ao longo de muitas décadas a exploração
mineral têm se destacado, como uma actividade que, além de gerar empregos e ser fonte
extra de renda para pequenos proprietários rurais, sobretudo nas localidades onde não há
desenvolvimento ou expectativa de melhoria social, também é uma actividade que causa
enormes impactos ambientais, muitos desses irreversíveis.
Para Mechi e Sanches (2010), a maioria das actividades de mineração causam grandes
prejuízos à vegetação, podendo prejudicar sua regeneração. No predomínio dos casos
retira-se o horizonte pedológico superficial “A”, o qual possui a maior quantidade de
minerais primários, imprescindíveis para boas taxas de fertilidade. Além dos impactos
negativos nas coberturas vegetais, a actividade de exploração mineral acarreta também
assoreamento de corpos hídricos, bem como prejuízo às populações circunvizinhas.
1
BOLETIM DA REPUBLICA. (2004). Decreto 26/2004 de 20 de agosto. Regulamento ambiental para
actividade mineira em Moçambique ; Maputo. Imprensa Nacional.
12
1.1. Problematização
Na localidade de Mutala, a mineração tem um grande impacto e tem servido de ponte
para o desenvolvimento e de combate à pobreza, nesta região, e a mineração de pequena
escala surge como alternativa para as populações carentes deste povoado, sobretudo na
renda familiar, e mostra-se fundamental para um desenvolvimento das economias
locais.
De acordo com a secretaria da localidade de Mutala, nos últimos quatro anos (2016-
2019), a extracção de ouro de aluvião constituiu uma das actividades mais praticadas
pela população. O sistema empregue pelos garimpeiros para exploração das minas em
Mutala é fundamentalmente artesanal praticada por pequenos grupos de indivíduos
(garimpeiros) que utilizam instrumentos rudimentares e devastam grandes áreas com
objectivo de extracção de ouro aluvionar.
1.2. Objectivos
1.2.1 Objectivo geral
Analisar os impactos ambientais da actividade mineira em Mutala.
13
1.2.2 Objectivos Específicos
Identificar os impactos ambientais que resultam da actividade mineira neste
Povoado;
Descrever as alterações ambientais resultantes dos impactos (nos rios, solo e ar),
1.3. Hipóteses
De acordo com a questão de base acima levantada, apontam-se as seguintes hipóteses:
1.4. Justificativa
O tema em estudo, justifica-se pelo facto do distrito de Alto Molocué, ter vindo a
envidar esforços nos últimos quatro (4) anos, na redução dos impactos ambientais da
mineração artesanal. Entretanto, as informações existentes sobre a exploração destes
recursos, mostram que de 2016-2019, registou incremento do número dos praticantes
desta actividade mineira (Secretaria da localidade, 2019).
A motivação para realização do estudo nesta localidade, foi pelo facto de ser terra natal
dos meus pais, por conseguinte, onde passei parte da minha infância e assistia o
garimpo de perto, como sendo a base de sustento das famílias. Neste contexto, surgiu a
necessidade de perceber o cenário que se continua vivendo nesta localidade, e sendo
estudante do curso de Gestão Ambiental achei pertinente voltar as minhas origens para
desenvolver uma pesquisa.
14
A cobertura temporal desta pesquisa foi de quatro (4) anos, e baseou se na análise dos
impactos ambientais da mineração artesanal do povoado de Mutala, Distrito de Alto
Molocué – Zambézia, o estudo teve um suporte bibliográfico através de artigos ligados
ao tema.
Povoado de Mutala
i) Clima
Segundo a classificação climática de Thornthwaite, o clima de Mutala é húmido,
megatérmico, moderado com deficiência de água no inverno. A quantidade de água das
chuvas registada, em termos de média anual é de 1402.6 mm com uma
evapotranspiração de 1258.1 mm.
O balanço hídrico segundo Thornthwaite permite apurar que o período de excesso de
água ocorre no último mês do quarto trimestre e no trimestre Janeiro – Março, no qual
precipitação é maior em relação a quantidade de evapotranspiração. Durante a época
fresca, a evapotranspiração é superior, em todos os meses, à quantidade de precipitação,
com este padrão da precipitação apenas é possível uma colheita por ano, considerando a
produção agrícola de sequeiro.
ii) Relevo
15
Segundo MAE (2005), o relevo da localidade de Mutala é irregular em todo o território.
A parte do interior das minas verifica-se formações planálticas (0-500m de altitude),
sendo a montanha de Mutala o ponto mais alto da localidade.
iii) Solos
Segundo MAE (2005), no distrito de Alto Molocué e na localidade de Mutala
predominam solos pesados, argilosos e com uma textura avermelhada.
v) Hidrografia
De acordo com a imagem (2), a localidade é atravessada pelos Rio Lice e Mulela,
caracterizados por possuírem regime periódico, não obstante estão sujeitos a caudais
diferenciados: bastante caudalosos e por vezes, com ocorrências de inundações, no
período chuvoso, e caudais reduzidos, no período de seca.
Apesar do seu regime periódico, as bacias hidrográficas apresentam um grande
potencial para a prática da piscicultura e para a actividade agropecuária, dadas as terras
férteis, para além de propiciarem a exploração faunística e florestal, oferecem, ainda,
um potencial hidroeléctrico e condições naturais para a construção de represas de água
16
para a irrigação, sendo que as suas baixas são usadas pelos camponeses para a abertura
de tanques piscícolas.
vi) Vegetação
A vegetação é constituída por florestas semi-densas (floresta aberta), onde se podem
encontrar algumas espécies de madeira (MAE, 2005) conforme a imagem abaixo.
viii) Demografia
17
A população desta localidade e maioritariamente composta por mulheres com uma
percentagem de cerca de 52 % seguido de homens com 48% com forme ilustra o gráfico
a baixo.
ix) Educação
Nesta localidade existem 5 escolas das quais uma escola secundária e quatros escolas
primárias, distribuídas pelas diversas zonas de Mutala, são elas: Escola secundária de
Mutala e escola primária de Mutala na sede da localidade, no povoada da Hapua está a
escola primária de Hapua, em Muhiru a Escola primária de Muhiru e a escola primária
de Chaua no povoado com mesmo nome.
x) h) Saúde
A localidade de Mutala conta com uma rede sanitária de duas unidades sanitária que
assistem à população nas diversas patologias e estes são: o centro de saúde de Mutala e
o centro de saúde de Welela. Ainda existem vários programas de cuidados de saúde
primários a vários níveis que mostram uma evolução positiva nos últimos anos, como é
o caso da saúde ambiental que é realizada em todas as unidades sanitárias e nas
comunidades, bem como em brigadas móveis e nos locais de interesse sanitário.
18
Houve igualmente dificuldades na sistematização das informações recolhidas nas
entrevistas semiestruturada, uma vez que as informações dos entrevistados eram de
respostas livres e não estavam condicionadas à uma padronização de alternativas.
Como estratégias, para sistematização dos dados usou-se gravações ao longo das
entrevistas e chamadas telefónicas de modo a não perder qualquer informação relatada e
posterior análise do sentido de cada narração prestada pelos entrevistados. Igualmente
foram feitas palestras no povoado, com vista a sensibilizar os garimpeiros a
participarem no estudo e facilitar as informações necessárias para alcançar os objectivos
da pesquisa.
19
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo foi feita uma revisão dos conceitos relacionados com a mineração, para
ajudar a perceber os fenómenos a volta da actividade. Tratou-se dos conceitos da
mineração, seus impactos ambientais, sustentabilidade e desafios nos recursos naturais.
2. Mineração
A mineração é um termo que abrange os processos, actividades e indústrias, cujo
objectivo é a extracção de substâncias minerais a partir de depósitos ou massas
minerais. Podem incluir-se aqui a exploração de petróleo e gás natural e até de água,
como actividade industrial, a mineração é indispensável para a manutenção do nível de
vida e avanço das sociedades modernas em que vivemos (Barreto, 2002).
A mineração corresponde à uma actividade económica e industrial que consiste na
pesquisa, exploração, lavra (extracção) e beneficiamento de minérios presentes no
subsolo (Sousa, Rafaela 2010)2.
A actividade Mineira em Moçambique é entendida como todas as operações que
consistem no desenvolvimento, de forma conjunta ou isolada, de acções como o
reconhecimento, prospecção e pesquisa, mineração, processamento e tratamento de
produtos mineiros (Castelo-Branco, C. 2009b).
A Organização das Nações Unidas (ONU) define mineração como sendo a extracção,
elaboração e beneficiamento de minerais que se encontram em estado natural: sólido,
como carvão e outros; líquido, como petróleo bruto; e gasoso, como o gás natural.
Segundo Pinto (2006), a mineração é reconhecida internacionalmente como actividade
propulsora do desenvolvimento, tendo grande participação no desenvolvimento
económico de muitas das principais nações do mundo, e a civilização actual, tal como a
conhecemos, pura e simplesmente não existiria, facto do qual a maioria de nós nem
sequer se apercebe.
2
SOUSA, Rafaela. (2010)."Mineração"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/mineracao.htm. Acesso em 28 de Maio de
2020.
20
descobertas novas jazidas. Assim como em outras regiões do Brasil, a mineração teve
início com produção em pequena escala nos primórdios do período colonial, sendo
pouca explorada, com extração de minerais, como areia, cascalho e argila, os quais eram
utilizados para suprir a demanda da crescente construção civil no país (Maia, 2013).
Nos países industrializados, um projeto de mineração só é aprovado mediante
apresentação do Estudo de Impactos Ambientais (EIA). Um dos problemas centrais que
envolvem a questão de desmatamento no Brasil é resultante do estabelecimento de
sistemas de utilização de terras de forma não sustentáveis, que originam as “áreas
degradadas”, caracterizadas pelo elevado nível de danos ambientais e de pequena
capacidade de suporte humano (FAO, 1985).3
Fausto, (2013), a importância socioeconômica dos minerais vem desde o início das
civilizações, em que o ferro e o carvão eram utilizados na cocção de alimentos na
Revolução Industrial. A demanda por bens minerais e o mercado consumidor têm
crescido, desde aquela época proporcionando maior geração de renda. Hoje a indústria
da mineração é considerada uma das atividades de maior representatividade econômica
de países como África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá e Estados Unidos.
3
FAO. (1985). Tropical Forestry Action Plan. Rome.
21
2.2. Mineração em Moçambique
Segundo Selemane (2010), a mineração em Moçambique é praticada a dois níveis:
industrial (empresas) e artesanal (garimpo). O primeiro nível tem estado a dominar a
atenção de investidores estrangeiros do Governo, da comunicação social e da
comunidade doadora pelo facto de Moçambique se estar a tornar um novo-rico nesse
campo.
É por via disso, tem havido pouca discussão sobre a mineração no país concentra-se nas
questões relacionadas com o quadro legal e fiscal, a transparência, as exportações, e
outros deixando-se à deriva questões não menos importantes como as transformações
socioeconómicas, ambientais e geológicas que a actividade mineira cria,
independentemente da escala em que é praticada (Castelo-Branco, C. 2009b).
Os minerais que estão a ser explorados actualmente incluem titânio, tântalo, mármore,
ouro, bauxite, carvão, granito, calcário e pedras preciosas. Existem também depósitos
conhecidos de pegmatitos, platinoides, urânio, bentonite, ferro, cobalto, crómio, níquel,
cobre, granito, flúor, diatomite, esmeraldas, turmalinas e apatite (ITIEM, 2011).
Segundo Sociedade Civil em Moçambique um pouco por todo o país onde há
potencialidades de recursos minerais, os mesmos são olhados sob ponto de vista
económico e poucas vezes sob ponto de vista social, isto é, as comunidades locais que
acolhem a implantação de indústrias de extracção pouco beneficiam dos ganhos obtidos
do processo, mais acolhem os impactos ambientais da actividade, perante este cenário a
população não regista melhorias das condições de vida, e pouco participam na tomada
de decisão, o que compromete o desenvolvimento sustentável4
Segundo Castelo- Branco (2008), a actividade de extracção mineira tem um potencial de
gerar um fluxo enorme de receitas públicas por algumas décadas, permitindo que
Moçambique deixe de ser dependente da ajuda externa e, por conseguinte, consolide a
soberania do Estado e do povo sobre os seus assuntos políticos, económicos e sociais. E
se estas receitas forem utilizadas para gerar reservas e oportunidades de
desenvolvimento alargado e diversificado da base produtiva, tecnológica e comercial,
então Moçambique poderá tornar a indústria extractiva numa alavanca do
desenvolvimento real.
4
http://www.playstv.co.mz/jornal da noite/10.11.2019.
22
Silva (2010), diz que relativamente ao modo de escavação as minas podem dividir-se
em dois tipos principais: minas subterrâneas e minas a céu aberto, e quanto as formas de
extracção podem ser industriais e artesanais.
Segundo Barbosa (1992), a escolha do método de lavra depende em grande parte da
localização e forma do depósito mineral, devendo ser escolhido o mais seguro e ao
mesmo tempo mais económico.
23
menor profundidade, ou seja, as jazidas que estão localizadas bem próximas à
superfície.
Segundo Barbosa (1992), define a mineração artesanal é um tipo de operação de
pequena escala de mineração que não está associado a grandes empresas corporativas.
Esse tipo de mineração de subsistência é um tanto comum nos países em
desenvolvimento e usa muitas ferramentas manuais (picaretas) e métodos que têm sido
utilizados por garimpeiros ao longo da história.
Ao contrário de grandes operações de mineração que fazem uso de máquinas pesadas,
explosivos e tratamentos químicos, os garimpeiros costumam aproveitar métodos mais
primitivos. A maioria dessas operações de mineração em pequena escala emprega
ferramentas manuais simples. A mineração artesanal é um tipo de extracção do ouro de
pequena escala que acontece com o uso de ferramentas simples e exige pouco ou
nenhum treinamento, ela corresponde a uma percentagem significativa anual do ouro
em todo o mundo da produção, embora muitos outros materiais também sejam obtidos
através desta técnica (Dondeyne, 2005).
Estas ferramentas são empregues usualmente quando as camadas dos minerais são
aproximadamente horizontais e ocorrem em profundidades pequenas e reduzida
espessura de cobertura de estéril (Aguiar et al, 2008).
Este tipo de mineração coloca em risco os próprios garimpeiros pois verifica-se nesta mina
um eminente perigo de desabamento de terras onde a escavação é baseada mediante o uso
de picaretas, porque os garimpeiros artesanais não dispõem de condições económicas
suficientes para fazer face as técnicas sofisticadas (Silva, 2010).
Em alguns casos, trabalhadores agrícolas sazonais encontram emprego na mineração
artesanal quando não trabalho intenso até a colheita, apesar de que há mineiros
artesanais actuando em tempo integral. Muitos outros factores económicos também
podem conduzir os trabalhadores de outras áreas à mineração artesanal como uma forma
alternativa de se conseguir meios de subsistência (Barbosa, 1992).
24
2.3. Recursos naturais
Segundo o MICOA (1995:78), recurso natural “é qualquer parte do ambiente natural
como o ar, água, solo, floresta, fauna e minerais”.
Para Brito (2006, p. 72) os recursos naturais são aqueles que se originam sem qualquer
intervenção humana”.
Recursos Naturais são geralmente entendidos como todos aqueles que constituem uma
dádiva, sua existência não decorre da acção do homem e que sejam úteis para alcance do
desenvolvimento económico (Per-Åke Andersson et al., 2007).
Recursos naturais são elementos da natureza com utilidade para o Homem, com o
objectivo do desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em
geral, é qualquer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas
necessitam para sua manutenção (Pensamento Verde, 2013).
São considerados recursos naturais tudo que é necessário ao homem e que se encontra
na natureza, dentre os quais podemos citar: o solo, a água, o oxigénio, energia oriunda
do Sol, as florestas, os animais, dentre outros (Castelo-Branco, 2009).
25
Os recursos não renováveis são aqueles que uma vez utilizados não pode ser substituído
como, por exemplo, o combustível fóssil que uma vez utilizado para movimentar um
veículo, está perdido para sempre (Pensamento Verde, 2013)5
Freitas, Eduardo de. (2010),6 define os recursos naturais não renováveis são aqueles que
abrangem todos os elementos que são usados nas actividades antrópicas, e que não têm
capacidade de renovação. Com esse aspecto temos: o alumínio, o ferro, o petróleo, o
ouro, o estanho, o níquel e muitos outros. Isso quer dizer que quanto mais se extrai,
mais as reservas diminuem, diante desse fato é importante adoptar medidas de consumo
comedido, poupando recursos para o futuro.
Os recursos naturais não renováveis são recursos esgotáveis e cada vez mais os órgãos
ambientais criam normas e leis para conter a exploração indiscriminada destes recursos
(Braga at all. 2005).
De acordo com Lächelt (2004) na região de Alto Ligonha ocorrem pegmatitos e também
minerais de metais raros tais como tântalo e nióbio, assim como minerais de terras raras
ocorrem frequentemente associados a pegmatitos, e em menor grau a intrusões alcalinas
e carbonatos.
5
PENSAMENTO VERDE (2013). Como preservar os recursos naturais não
renováveis? http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/como-preservar-os-recursos-naturais-nao-
renovaveis/.
6 FREITAS, Eduardo de. (2010). "Os recursos naturais "; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/os-recursos-naturais.htm. Acesso em 28 de Maio de 2020
26
2.4. Impactos Ambientais
Segundo a resolução de CANOMA (1986),7 o impacto ambiental ê definido como
qualquer alteração das propriedades, físicas, químicas e biológicas, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante da actividades humanas que, directa ou
indirectamente afectam a saúde e bem-estar da população, actividades sociais e
económicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias de meio ambiente, e a qualidade
dos recursos ambientais.
Para Mugadui, Adelino (Isced, 2017: 19) o impacto ambiental é qualquer mudança no
ambiente biofísico ou no ambiente socioeconómico causado por um a actividade directa,
do passado ou proposta, especialmente com efeitos na água, no ar, e na saúde das
pessoas. Os impactos ambientais variam quanto ao tipo e natureza, magnitude, extensão,
período, duração, incerteza (probabilidade), reversibilidade e significância.
O Castelo-Branco, C. (2009b), define o impacto ambiental, refere-se exclusivamente aos
efeitos da acção humana sobre o meio ambiente. Portanto, fenómenos naturais, como:
tempestades, enchentes, incêndios florestais por causa natural, terramotos e outros,
apesar de poderem provocar as alterações ressaltadas, não caracterizam como impacto
ambiental.
Estes autores convergem ao afirmar que o impacto ambiental é toda mudança que o
homem causa na natureza, quando este vai a busca de meios para sua sobrevivência,
estas mudanças na mineração podem resultar na alteração do relevo devido à alteração
da intensidade dos processos morfogênicos (intensificação do escoamento superficial), à
redução da infiltração em função do aumento da declividade, além da retirada da
cobertura vegetal da área de exploração.
7
Resolução CONAMA nº 1, de 23 de Janeiro de 1986
27
situações, o solo superficial de maior fertilidade é também removido, e os solos
remanescentes ficam expostos aos processos erosivos que podem acarretar em
assoreamento dos corpos d’água do entorno. A qualidade das águas dos rios e
reservatórios da mesma bacia, a jusante do empreendimento, pode ser prejudicada em
razão da turbidez provo cada pelos sedimentos finos em suspensão, assim como pela
poluição causada por substâncias lixiviadas e carreadas ou contidas nos efluentes das
áreas de mineração, tais como óleos, graxa, metais pesados.
8
IPT. (1992). Curso de Geologia de Engenharia aplicada a problemas ambientais. São
Paulo. V3. 291 p.
28
de um certo período e dada uma certa taxa de extracção e uma certa dimensão dos
jazigos, ao seu desaparecimento muito antes da natureza conseguir repor o recurso.
Ollivier et al, (2009) e Castelo Branco (2008ª), afirmam que os recursos naturais
exploráveis (minerais, florestais, marinhos), localizam se frequentemente em áreas onde
já há outras actividades económicas e sociais, onde vivem populações, onde actividades
económicas alternativas à exploração dos recursos naturais podem ser desenvolvidas.
As receitas da exploração dos recursos naturais devem, sobretudo, ser apropriados por
via fiscal (impostos sobre o rendimento do capital e royalties), para financiar a criação
de oportunidades alternativas de desenvolvimento que diversifiquem a base produtiva,
comercial e tecnológica e alarguem a base social e regional de acumulação (Castelo-
Branco, 2008ª e Smith, 1992).
Estas alternativas podem entrar em conflito com a exploração de recursos naturais,
especialmente quando esta exploração gera (ou corre o risco de gerar) externalidades
negativas como poluição da água, solo e ar, desflorestamento, redução da
biodiversidade, etc. (idem)
A dependência em relação aos recursos minerais e hidrocarbonetos, a estratégia é finita
e, portanto, insustentável no tempo e do ponto de vista intergeracional. No caso da
dependência em relação a outros recursos naturais, a sustentabilidade temporal e
intergeracional da estratégia depende do maneio do recurso em causa (Ollivier et al.,
2009 e Smith 1992).
9
BANCO MUNDIAL (2005); Natural Resources and Growth Sustainability; World
Bank.
29
Amade e Lima (2009, p. 238) afirmam que “empresas de mineração têm sido orientadas
em usar sua capacidade técnica/financeira para estimular governos locais no
desenvolvimento de novos negócios não ligados à mineração”.
Enriquéz (2007, p .27) e Viana (2012) acreditam que a mineração pode ser sustentável
se promover a equidade intra e intergeracional de formas diferentes, minimizando e
compensando seus impactos negativos e mantendo níveis de proteção ecológica e de
padrões ambientais.
O termo ‘mineração sustentável’ ainda não é totalmente reconhecido pois ainda gera
conflitos com a real sustentabilidade constante, entretanto, o fato de utilizarem de
recursos esgotáveis, essa atividade tem que compensar pelo menos a sociedade que é
afetada pelo seu desenvolvimento (Carvalho et al., 2009, p. 1).
Segundo Castelo-Branco (2008ª) e Smith (1992), é necessário compensar a sociedade e
a natureza pelos efeitos negativos potenciais da exploração de recursos naturais (grande
potencial de instabilidade macroeconómica, poluição, esgotamento dos recursos,
competição com actividades existentes ou alternativas podendo implicar que tais
actividades deixem de existir ou nunca se concretizem).
30
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DO TRABALHO
No presente trabalho a metodologia desenvolvida é apresentada, através de um
fluxograma das actividades, que utilizou de dois métodos, para fornecer resultados
satisfatórios, os quais foram: (1) Pesquisa Bibliográfica; (2) Identificação dos impactos
ambientais com maiores significâncias.
31
3.1.2 Natureza do problema
A pesquisa é aplicada. Para Danton (2002), “a pesquisa aplicada, objectiva a busca de
solução para problemas concretos e imediatos.
32
(iv) Método estatístico: aplicado na elaboração de tabelas, gráficos assim como no
processamento e interpretação dos resultados (Microsoft Excel).
33
raciocínio sobre a problemática da mineração artesanal. Para tal usou hipóteses para
chegar a uma conclusão.
34
questões abertas foram usadas para complementar algumas questões fechadas e
contou com a variável independente a extracção mineira e variável dependente
resultado.
35
3.7. Questões Éticas Da Pesquisa
Para a obtenção de dados, o pesquisador dirigiu-se às autoridades locais para uma breve
apresentação e explicação da realização da pesquisa sobre a problemática dos impactos
ambientais da mineração no povoado de Mutala, todas as pessoas que faziam parte do
grupo alvo não foram identificadas ao dar o seu contributo em relação às questões que
lhes foram colocadas, apenas usou se a estratégia de colocar as iniciais do seu nome e
apelido. Portanto, para a sua protecção todas as informações fornecidas por estes nesta
pesquisa foram arquivadas de forma confidencial, não foram publicados ou
comunicados, com o intuído de não colocar em causa a privacidade e identidade.
36
CAPITULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A estrutura deste capitulo obedeceu em quatro etapas: i) leitura e análise dos
instrumentos de recolha de dados; ii) transcrição dos questionários e entrevistas; iii)
confronto dos resultados, com o objectivo de verificar possíveis similaridades e
contradições nos discursos dos inqueridos; iv) confronto da revisão bibliográfica com os
resultados obtidos no trabalho de campo.
10
BOLETIM DA REPUBLICA. (1998); Decreto 76/98 de 29 de Dezembro de 1998. Regulamento de
AIA. Maputo. Imprensa Nacional.
11
BOLETIM DA REPUBLICA. (1997); Lei 19/97 de 1 de Outubro Lei de Terras. Maputo. Imprensa
Nacional.
37
c) No caso de uma área designada de senha mineira ser declarada ou ser emitida uma
concessão mineira ou certificado mineiro, sobre terra sujeita a direitos de uso e
aproveitamento da terra, esses direitos anteriormente existentes são considerados
extintos após o pagamento de uma indemnização justa e razoável ao titular do
direito mineiro, no caso de concessão mineira ou certificado mineiro.
A Lei 20/97 de 1 de Outubro de 9712, lei do meio do Ambiente, aplica-se a todas
actividades que de forma directa ou indirectamente podem interferir nas componentes
ambientais, ela incide na precaução sobre a ocorrência de impactos negativos
significativos ou irreversíveis, mesmo sem certeza científica da ocorrência de tais
impactos.
A mesma dita que toda a actividade que pode provocar impactos ambientais estão
sujeitas a avaliação de impactos ambientais para poder acesso ao licenciamento
ambiental da actividade e deve preceder de quaisquer outras licenças legalmente
exigidas para cada caso e a avaliação dos impactos ambientais deve se basear num
Estudo do Impacto Ambiental (EIA), feito por entidades credenciadas pelo MITADER.
12
BOLETIM DA REPUBLICA. (1997); Lei 20/97 de 1 de Outubro Lei do Ambiente. Maputo. Imprensa
Nacional.
38
Figura 5: Imagem da empresa Sul Africana de extracção mineira de Hapua
Fonte: Autor, 2019
39
Tal como ilustra a imagem abaixo, a vegetação em Mutala é eliminada no começo das
actividades, ela é dada pela destruição de espécies (animais, plantas e outras espécies), o
que faz com que haja a compactação dos solos nas áreas destinadas a extracção
contribuindo para incidência directa dos raios solares e se reflecte no aumento da
evaporação (desidratação do solo).
Perante esta situação o pesquisador procurou saber quais são as causas da perda da
vegetação na localidade e o gráfico a baixo mostra os resultados do inquérito.
79% 89%
100 70
80
60
21%
40 11% 30%
20
0
Membros da Garimpeiros Governo
comunidade
Mineração Agricultura
40
ambientais são afectadas, tais com a perturbação da vida das espécies, a perturbação da
vida na água, no ar, no solo e fraca reprodução das espécies (aves, mamíferos e outros).
Perante esta situação da turvação das águas, o pesquisador procurou saber acerca das
fontes de abastecimento de água para o consumo na região, as respostas foram:
41
Fontes de Água
93% 87%
90%
100
80
60 40% 40%
40 20%
5% 2% 5% 5% 10% 3%
20
0
Membros da Garimpeiros Governo Sector da Saude
comunidade
Segundo a imagem abaixo, com a retirada dos solos há alteração geomorfologia dos
solos devido a remoção da camada mais fértil do solo causada pela presença de metais
42
como Arsénio e Chumbo, que tornam os solos impróprios para práticas de agricultura
em Mutala.
Figura 8: Imagem ilustrativa da remoção da camada superficial do solo para extracção do ouro.
Fonte: Autor, 2019
Diante desta situação o pesquisador procurou saber das causas que levam a alteração da
camada superficial dos solos nesta localidade e obteve as seguintes respostas conforme
mostra o gráfico abaixo.
43
4.3.4. Poluição atmosférica
No terreno este impacto é notório quando os garimpeiros se encontram em actividade
porque o relevo local não é homogéneo, os resíduos sólidos em suspensão são
arrastados pelos ventos para as zonas baixas, incluindo os cursos de água.
44
Figura 9: Imagem ilustrativa de zonas de Mutala assoladas por desabamento de solos, após o garimpo.
Fonte: Autor, 2019
100 65%
60% 50% 45%
50 30% 30%
10% 5% 5%
0
Membros da Garimpeiros Governo
comunidade
De acordo com o gráfico, maior percentagem dos entrevistados, refere que os processos
erosivos em Mutala surge através do garimpo que ocorre na sequência das escavações
durante a extracção do ouro, influenciados pela retirada do material de vegetação, o que
faz com que os solos estejam expostos, e aumente a facilidade de escoamento de águas
que acelera o desabamento de terras.
45
4.3.6. Alteração da paisagem natural
A extracção mineira em Mutala, tem consequências na modificação do relevo à curto e
a longo prazo, dado que a vegetação é removida de forma a deixar a área mais acessível
para os trabalhos e em seguida há remoção dos solos para dar espaço a extracção das
rochas. A imagem abaixo ilustra o cenário da paisagem que devido a actividade mineira
encontra alterada.
90% 95%
89%
100
80
60
40
8% 6% 5%
20 2% 2% 3%
0
Comunidade Garimpeiros Governo
46
Baseando-se nos dados no gráfico, indicam que o garimpo em Mutala origina uma série
de problemas ambientais significativos seja na natureza paisagística ou pedologia dos
solos, dado que as actividades de extracção mineira acontece a céu-aberto, portanto são
visíveis as escavações bem como resíduos sólidos provenientes do garimpo,
amontoados a volta das áreas de exploração, alterando directamente o aspecto visual
paisagístico.
Impactos económicos
Saúde da população.
A exposição das impurezas do ar, da água, que afectam à saúde, e são sentidos ao longo
do tempo, e podem ser:
(i) Impactos imediatos:
Desabamento de terras que causam acidentes mortais nas operações,
(ii) Impactos progressivos:
Estresse,
Poeiras que causam doenças pulmonares (ex. pneumoconiose, silicose,
faringite pneumonite, asmas, bronquite, renite alérgica, tuberculose e cancro
do pulmão), e problemas dermatológicos (pele) devido a sua composição.
As águas contaminadas que podem causar doenças de origem hídrica: (ex.
Shiguelose, Hepatite A, Ascaridíase e Amebíase).
Na agricultura
Durante a mineração artesanal a vegetação (parte fértil do solo) é retirada, as poeiras e
as águas de irrigação, com a ocorrências de metais (Arsénio e Chumbo) resultantes do
processo de limpeza das rochas e são depositadas sobre áreas cultivadas o que
47
dificultam a circulação de nutrientes nas culturas e estes cenários levam a baixa
produtividade agrícola,
Esta situação torna-se mais agravante no período chuvoso, dadas as características dos
solos em Mutala, serem predominantemente argilosos, com a deposição de poeiras
provenientes da mineração, dificultam cada vez mais a circulação de nutrientes,
favorecendo o acumulo de água na superfície.
Período de Analise
Constituinte 2012-2015 2016-2019
Descrição do impacto Ambiental
Ambiental Significância
Vegetação Perda de Fauna Baixa Alta
Perda de vegetação Moderada Alta
Água Poluição da água Moderada Muito Alta
Ar Poluição da atmosfera Moderada Alta
Solo Erosão do solo Alta Alta
Paisagem Alteração da paisagem natural Moderado Alta
Tabela 1: Resumo comparativo dos impactos identificados em Mutala
Fonte: Secretaria da localidade, 2019
48
Poluição de água, Construção furos de água, Reciclagem das águas
alteração da camada do Construção de barreiras para em recipientes para
solo e erosão dos solos retenção dos solos retirados evitar a limpeza das
em áreas planas, para não rochas junto dos rios.
prejudicar o fluxo das águas e Entulho dos solos
do lençol freático; Intensificação da
Construção de uma barragem vegetação natural.
ou represas de água para o Palestras de educação
consumo humano. ambiental aos
Construção de ETA. garimpeiros.
49
CAPÍTULO V: CONSIDERACOES FINAIS
O presente trabalho que versou sobre a análise dos impactos ambientais da mineração
artesanal na Localidade de Mutala, Distrito de Alto Molocué/Zambézia, a pesquisa parte
do princípio que toda actividade de mineração tem implicações fortes no desequilíbrio
ecológico, com isto concluiu-se que a extracção de ouro aluvionar no povoado de
Mutala, tem resultado na destruição do meio ambiente, sobretudo a fauna e a flora,
ligado à falta de informação da comunidade sobre as formas adequadas de extracção
mineira e também pela inexistência de outras fontes de renda familiar.
Concluiu-se igualmente a população entrevistada percebe que os processos associados à
mineração, vem contribuindo para a ocorrência de danos consideráveis ao meio
ambiente, alteram áreas de mineração e circunvizinhas, apesar de esta actividade
proporcionar benefícios que se reflectem na geração de renda a comunidade e da alta
contribuição económica que actividade traz principalmente para comunidade de Mutala.
No tocante a reconstituição das componentes ambientais degradadas, percebe-se que
dificilmente as áreas exploradas atingirão o seu estado tal qual eram antes da
exploração, sendo assim há necessidade de promover se mais palestras de promoção de
educação ambiental, uma vez que a actividade decorre sem a observância das regras
estabelecidas o que propicia o surgimento de vários problemas que se reflectem na vida
social dos garimpeiros em particular, e os risco a saúde pública da comunidade em
geral.
Com os resultados obtidos ao longo da pesquisa, espera-se que possam ajudar a
população a ser mais vigilante e promover a compreensão do tema para contribuir na
implementação de estratégias e programas eficazes na actuação dos garimpeiros na
mineração artesanal, tendo em conta sustentabilidade dos recursos naturais, não
deixando de lado o equilíbrio ambiental, social bem como económica.
50
5.1. Recomendações
Diante do contexto, das observações feitas no campo de estudo importa referir a
necessidade de serem feitas reformas para o desenvolvimento sustentável, com vista a
preservação do meio ambiente equilibrado, e melhoria das condições de vida da
população, minimizando as consequências dos impactos ambientais.
O estudo recomenda:
1. Sector da Saúde
Criar condições para tratamento das águas destinadas ao consumo humano com
vista a evitar a ocorrência de doenças de origem hídrica.
Potencializar a realização de palestras de consciencialização da população.
2. Puder local
Fiscalizar e disciplinar os garimpeiros, e intensificar de palestras.
Estabelecer parcerias com empresas privadas para abertura de furos de água, para
que a populações deixe de consumir água dos rios e outros cursos de água que não
oferecem condições para o consumo humano.
3. Aos garimpeiros
Criação de cooperativas e associações, como é caso de Associação de Namunono,
para melhorar as condições ambientais e da saúde destes bem como minimizar os
impactos da actividade.
O autor deste estudo recomenda-se igualmente, novas pesquisas no sentido de analisar a
influência da actividade mineira na qualidade do meio ambiente nas suas diversas
componentes e uma proposta para a criação de mais associações licenciadas para a
exploração, de modo que se trabalhe com estes como uma organização, para facilitar o
cumprimento das normas e leis ambientais em vigor no pais. Uma vez criadas as
associações licenciadas devem ser aplicadas as penalizações para todos envolvidos
nestes processos mineiros conforme o estabelecido nas leis que regulam as actividades
em caso de violação ou incumprimento do disposto nos EIAs, RIMAs e outros
documentos que regulam esta actividades.
51
Referências Bibliográficas
53
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no Brasil. In: 2º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SAÚDE & AMBIENTE (2ºSIBSA).
Belo Horizonte: sd.
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mineral brasileiro. f. Monografia (Pós-graduação em Gestão Ambiental) –
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: sd.
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Ciências e Educação a Distância. Direcção académica. Beira: sd.
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CIP, Maputo: sd.
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Pedra Lavrada-PB. TCC - Graduação em Geografia. Universidade Estadual da
Paraíba.Rio de Janeiro: sd.
SMITH, Paul. 1992. Industrialization and Environment. In Hewitt, Johnson and
Wield: sd.
TRIVINOS. A.N. S (1987). Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo:
Editora atlas S.A.
54
Apêndices
55
Apêndice 1: Termo de consentimento Informado
Nº de Identificação: /__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/
56
Apêndice 2: Guião de entrevista semiestruturada dirigida aos garimpeiros.
57
Apêndice 3: Guião de questionário dirigido aos garimpeiros.
58
Anexos
59
Anexo 1: Fluxograma da pesquisa
60