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Wildo Eugenio
A Candidata: A Supervisora:
_______________________ ______________________
Wildo Eugenio Msc. Telma Vasco Armando
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Agradecimentos
Ao ISCED, pelos ensinamentos transmitidos ao longo dos quatro anos, disponibilizando módulos
e plataforma, material sem o qual não teria sido possível concluir a formação.
À minha supervisora, Msc. Telma Vasco Armando, pelo esforço, críticas e sugestões que
serviram para melhorar este trabalho, por sempre estar apta a me ajudar, pelas várias leituras dos
textos deste trabalho.
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Dedicatória
Dedico o presente trabalho à minha família no geral, especialmente aos meus sobrinhos e irmã
para que sirva de inspiração para o alcance de muitos degraus na vida académica.
Aos meus pais, por terem cuidado de mim desde o ventre, idade tenra e por criarem condições
para que me formasse como pessoa até adquirir conhecimentos e me tornar no que sou e
pretendo ser, com muito amor, respeito e honra a Deus.
À minha filha Eyshila Alana, por me tornarem adulta e ensinar a ser uma mãe cada vez melhor;
por aguentar minhas ausências devido ao trabalho e faculdade; pelos abraços, amizade e
conversas infantis e por ser motivo das minhas batalhas dia após dia.
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Lista de Abreviaturas e Siglas
v
Lista de Gráficos
vi
Lista de tabelas
vii
Lista de Figuras
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INDICE
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1. Contextualização
O país encara a extracção mineira como uma actividade que pode alavancar a economia
nacional, visto que o mesmo dispõe de uma cadeia de planaltos e algumas montanhas que
propiciam a execução desta atividade (Selemane 2009a).
Na localidade de Mafuiane, devido a constantes de edificações de empresas ligadas a extração
mineira, infraestruturas econômicas, bem como a construção de habitações, cria muita
atractividade na área empresarial e na sua maioria a actividade é exercida de forma não muito
controlada, e por estas actividades serem desenvolvidas em áreas próximas as comunidades, o
seu decurso interfere na vida das comunidades e no próprio meio ambiente, durante a pesquisa,
foi notável que a indústria extrativa têm contribuído para a degradação do meio ambiente local,
desde a paisagem natural, os ruídos, a poluição do ar bem como a existência da erosão dos solos.
O envolvimento da comunidade de Mafuiane na Educação Ambiental representaria um conjunto
de acções sustentáveis voltadas a preservação do meio ambiente, objectivando a compreensão e a
difusão de conceitos relacionados com o meio ambiente (sustentabilidade, preservação e
conservação) na comunidade, nas empresas e nas instituições existentes por forma a capacitar
cidadãos a tornarem se conscientes e comprometido tendo em conta a crescente acção do homem
sobre a natureza, que tem provocado danos ao meio ambiente, valorizando a inter-relação entre o
ser humano e o meio ambiente.
Sabendo se que Educação Ambiental objectiva-se na formação de cidadãos activos, que saibam
identificar os problemas relacionados com o ambiente, resultantes da acção humana e participar
activamente na prevenção e resolução dos mesmos. Por isso, suas actividades da comunidade de
Mafuiane (educadores ambientais locais) devem permitir a população local, a formar opiniões
que lhes permitam concretizar acções a favor de uma causa colectiva e, desta forma, exercer o
seu envolvimento na Educação Ambiental.
O presente trabalho procurou perceber até que ponto a população tem conhecimento a respeito da
exploração dos recursos naturais, preservação do ambiente bem como desenvolvimento
sustentável por formas a avaliar o nível do envolvimento desta comunidade na Educação
Ambiental.
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1.1. Problematização
Com o aumento da industrialização, surgiram os problemas ambientais e estes, por sua vez,
acabaram afectando a qualidade de vida das pessoas.
O desequilíbrio ambiental é percebido pela própria manifestação da natureza como a redução da
camada de ozónio e o aumento da temperatura na terra. A tomada de consciência deste facto está
modificando a percepção da humanidade em relação ao meio ambiente e a necessidade de uma
nova postura em relação às questões ambientais (Wils, at all, 2011).
Esta nova percepção provoca mudanças no cenário social, a sociedade começa a questionar o
papel dos vários agentes económicos e políticos, seu impacto no ambiente e passa a exigir uma
postura diferenciada. Apesar de alguns países mostrarem-se na dianteira em matéria da Educação
Ambiental, o desempenho global da Educação Ambiental não tem sido satisfatório, no que diz
respeito a sustentabilidade dos recursos naturais (idem).
É preciso construir o sentimento de que o homem pertence ou é parte fundamental da natureza, e
nela buscar a identidade de ser vivo entre os demais seres vivos e, a partir dessa identidade,
construir sua consciência crítica e permitir a transformação da sua realidade no ambiente.
É impossível resolver os problemas ambientais e reverter suas consequências sem que ocorra
uma mudança nos sistemas de conhecimento, nos valores e no comportamento gerado pela
economia do desenvolvimento (Jacobi, 2003).
Neste contexto, a actividade de exploração de recursos naturais causa modificações ao meio
ambiente, os chamados impactos ambientais, pois, a natureza dos processos envolvidos na
exploração destes, e em particular a extracção da pedra, causam danos ao meio ambiente e as
pessoas, podendo mesmo afectar construções existentes em torno das pedreiras da localidade de
Mafuiane.
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Na localidade de Mafuiane, durante o período de 2016-2019, os problemas de degradação são
notórios, sendo possível fazer menção a poluição das águas, da atmosfera (poeiras em
suspensão), alteração da paisagem natural, da degradação dos solos, da perda de vegetação bem
como a fácil degradação das habitações. Estes problemas são decorrentes do desequilíbrio
causado pelo uso inadequado dos recursos naturais, falta de estudos de impacto ambiental e essas
são as preocupações da localidade, que é sujeita a habituar a conviver de forma equilibrada com
o meio ambiente.
Actualmente, a compreensão da relação entre a utilização dos recursos naturais e impactos
ambientais, ascende a perspectiva para reflexão sobre a reeducação da sociedade no sentido de
minimizar esses impactos. Frente a presente problemática, educação ambiental para uso
sustentável do meio ambiente, ajudaria na melhoria da qualidade de vida da população e
minimizar os impactos negativos.
Perante esta situação paradoxal, caracterizada por implantações de novas pedreiras e que pode
pôr em risco a estabilidade ambiental, coloca-se a seguinte questão:
Quais são os factores que influenciam o envolvimento da comunidade na educação
ambiental na localidade de Mafuiane?
1.2. Objectivos
1.2.1 Objectivo geral
Avaliar o nível de envolvimento da comunidade na Educação Ambiental em Mafuiane.
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1.3. Hipóteses do trabalho
H1- O envolvimento da comunidade de Mafuiane na educação Ambiental é influenciado pela
fraca disponibilidade finaceira;
1.4. Justificativa
A localidade de Mafuiane possui um potencial em recursos minerais, com estes há cada vez mais
existência de empresas para a sua exploração, e isto tem propiciado a degradação da paisagem
natural desta localidade, assim sendo a população é exigida a posicionar se e a ter uma postura
diferente face a educação ambiental como forma de se envolver e influenciar as empresas nas
praticas sustentáveis e que preservem o Meio Ambiente. É neste contexto que surge a
necessidade de se fazer uma pesquisa de Educação Ambiental para procurar perceber a respeito
do que a população tem feito para o seu envolvimento na EA e foi possível testar os diferentes
argumentos recolhidos referentes as limitações dos nossos entrevistados no processo de EA a
nível da localidade e por fim propor estratégias que as pedreiras, a população, o governo no geral
e os lideres comunitários em particular.
O presente tema, irá servir de alerta sobre a possível ocorrência de consequências ambientais
decorrentes da extracção mineira em curso na localidade de Mafuiane, distrito de Namaacha,
uma vez que estas consequências podem provocar alterações irreversíveis ao meio ambiente e na
saúde da população caso não haja envolvimento da comunidade e académicos nas medidas de
prevenção do meio ambiente.
O mesmo, permitirá à população desta localidade, despertar a atenção sobre a importância da
Educação Ambiental com vista preservação do meio ambiente, e seu envolvimento na
sustentabilidade, bem como os impactos que estas actividades podem trazer a nível ambiental, de
rendimentos, no combate ao desemprego e a redução da pobreza da população.
Com os resultados obtidos nesta pesquisa, se espera que haja ganhos a nível académico no
sentido de despertar interesse aos estudantes e outros na exploração de conhecimentos
académicos ligados a Educação Ambiental para a preservação do meio, e para o governo para a
adopção de políticas que defendam os interesses e permitam o envolvimento das comunidades
locais.
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1.5. Delimitação Temporal e Espacial
Esta pesquisa foi realizada na localidade de Mafuiane, posto administrativo de Namaacha-Sede,
no distrito com mesmo nome, província de Maputo. Faz fronteira a este com a Localidade de
Marconi no distrito de Boane, é atravessada pela EN2 que dá acesso a Vila de Namaacha e
permite também acesso direto com as cidades de Maputo e Matola passando da Vila de Boane,
(MAE, 2005). Esta localidade tem cerca de 06 bairros os quais são Mafuiane sede (Q1, Q2, Q3,
Q4 e Q5), bairro Ngonhamo, Micuacuene, Baca-baca (1 e 2), Zona F e Zona G, e cada um destes
bairros com uma liderança local que subordina se a secretaria da localidade de Mafuiane.
A recolha de dados para esta pesquisa teve duração de 04 meses, isto é, de setembro a dezembro
de 2019, a análise dos dados sobre a Educação Ambiental das comunidades que decorreu no
período de dezembro de 2019 a janeiro de 2020, cujo objecto de estudo é a avaliação do
Envolvimento da comunidade local nos processos da Educação Ambiental.
Agricultura e economia
A agricultura é a base da economia, tendo como principais culturas hortícolas, milho, feijão,
batata-doce, banana e mandioca. As espécies de gado predominantes são: bovinos, caprinos e
suínos, destinados para consumo familiar e comercialização.
A agricultura na localidade de Mafuiane é praticada em explorações familiares de 1 hectare e em
regime de consorciação de culturas com base em variedades locais, havendo algumas regiões
recurso a tracção animal e tractores, os camponeses também cultivam hortícolas, fruteias
(citrinos, banana, morango, abacate e litches), feijão, e milho. A localidade tem tido fraco
fomento pecuário apesar de ter tradição na criação de gado e no uso da tracção animal.
Clima e Hidrografia
De acordo com a classificação de Koppen, o clima de Mafuiane é tropical húmido modificado
pela altitude. Predominam duas estações na localidade de Mafuiane, a quente e de pluviosidade
elevada entre Outubro a Abril, e a fresca e de seca nos meses de Abril a Setembro. A Localidade
de Mafuiane é atravessada pelas águas dos rios Umbeluze, Movene (MAE, 2005).
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Recursos geológicos
Os principais recursos geológicos nesta localidade são pedras de construção, areia mina,
bentonite e outros. A participação da comunidade local na exploração dos recursos naturais, não
funciona com base no conjunto de regras que devem ser usadas na exploração destes de tal
maneira que não se respeitam os mecanismos de sustentabilidade dos ecossistemas e garantia a
preservação dos recursos naturais para as futuras gerações (MAE, 2005).
Infraestruturas
A localidade de Mafuiane é composta por uma rede de infraestruturas dentre elas um mercado,
duas escolas do nível primário e pré-escolar respetivamente, dois centros de saúde incluindo o
centro de saúde pediátrico, secretaria da localidade, posto policial e outros.
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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo fez-se a revisão da literatura dando destaque a fundamentação teórica com
especial abordagem da educação ambiental, desenvolvimento sustentável e recursos naturais
renováveis e não-renováveis por fim uma visão empírica sobre a educação ambiental.
1
Machado, C. B., et all. (2006). A sustentabilidade Ambiental em Questão. In: SILVA, Christian Luiz da.
Desenvolvimento Sustentável: Um Modelo Analítico, Integrado e Adaptativo. 1 ed. Petrópolis, RJ: Vozes.
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2.2. Educação Ambiental
Segundo Manjate e Cossa (2011), Educação é o processo de actuação de uma comunidade sobre
o desenvolvimento do indivíduo afim de que ele possa actuar em uma sociedade pronto a busca
dos objectivos colectivos.
Para o MICOA (2009), a Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos
e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores,
habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e colectivamente
a resolver problemas ambientais presentes e futuros.
Segundo Proença (1994:11), citado em Rungo, Teresa (Isced, 2016), define Educação Ambiental
como um processo de reconhecimento de valores e de clarificação de conceitos que permitem ao
ser humano adquirir as capacidades e os comportamentos necessários para abarcar e apreciar as
relações de interdependência entre o homem, a sua cultura e o seu meio biofísico.
A definição que é actualmente aceite a nível mundial, é a que foi proposta em 1970 pela União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), posteriormente trabalhada pela
Organização das Nações Unidas para Educação Ciências e Cultura (UNESCO) em colaboração
com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), no qual: a Educação
Ambiental é o processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos de modo a
desenvolver habilidades e atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-relações
entre o homem, a sua cultura e o seu meio biofísico circundante (Castelo-Branco, 1983:22).
Desta maneira, a educação ambiental sustenta-se na busca da conexão permanente entre as
questões culturais, políticas, económicas, sociais, religiosas, estéticas e outras, determinantes
para nossa relação com o ambiente. Sua proposta é ampliar o entendimento e integrar acções sem
reduzir o foco, criar mais uma divisão no conhecimento, como ainda percebemos em alguns
projectos.
De acordo com Anselmo e Cardoso (2007) educação ambiental, é a prática da Educação, orientada
para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de
uma participação activa e responsável de cada indivíduo e da colectividade.
Reigota (1998), a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na
conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de
avaliação e participação dos educandos. Para Pádua e Tabanez (1998), a educação ambiental
propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades,
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condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio
ambiente.
Quando nos referimos à educação ambiental, situamo-la em contexto mais amplo, o da educação
para a cidadania, configurando-a como elemento determinante para a consolidação de sujeitos
cidadãos. O desafio do fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para
um grupo restrito, concretiza-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e
deveres, e de se converter, portanto, em actor corresponsável na defesa da qualidade de vida.
Para atingir as finalidades da Educação Ambiental, precisa-se estar sempre consciente de que
este é um trabalho educacional completo e que, portanto, deve-se cumprir todas as fases do
processo (Sensibilização, Mobilização, Informação e Acção). Nenhuma das fases pode ser
desenvolvida isoladamente ou de modo linear, é preciso enfatizar que todas são inter-
relacionadas, que a Educação Ambiental não pode se resumir à uma delas somente e que todas
devem ocorrer sob uma planificação, controle e avaliação permanentes (MICOA, 2009).
21
desenvolvimento de indivíduos conscientes e com conhecimentos sobre as questões relacionadas
ao meio ambiente onde vivem.
22
Diante dos três tipos de Educação Ambiental, citados por Francisco (2010) o presente estudo
enquadra-se na educação ambiental não formal, pois a mesma foi desenvolvida na comunidade,
neste contexto na comunidade de Mafuiane, distrito de Namaacha.
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A Educação Ambiental é a acção educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a
tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem
entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela
desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes
que promovem um comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto
em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes ne-
cessárias para dita transformação (Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a
Educação Secundária – Chosica/Peru, 1976).2
Segundo Lima (2005), a Educação Ambiental deve ser dirigida à comunidade despertando o
interesse do indivíduo em participar de um processo activo no sentido de resolver os problemas
dentro de um contexto de realidades específicas, estimulando a iniciativa, o senso de
responsabilidade e o esforço para construir um futuro melhor. Por sua própria natureza, a
Educação Ambiental pode, ainda, contribuir satisfatoriamente para a renovação do processo
educativo.
A Educação Ambiental possui uma força de transformação, pois leva a realização de crítica da
conduta pessoal, permiti pensamento e prática comprometida, superação os diversos interesses,
luta em defesa do direito de desfrutar do meio ambiente, compreensão crítica e global do
ambiente que promova conservação e a adequada utilização dos recursos naturais (Jacobi,
2005).3
Para Pádua (1997), a educação ambiental dirigida a populações circunvizinhas a áreas naturais
pode ser eficaz, pois dessa forma serão oferecidos meios de enriquecer conhecimento e de
aumentar o grau de sensibilização para a conservação. Para a autora, essa sensibilização é
essencial, pois cada vez é mais evidente a desconexão ao meio natural demonstrado pelo ser
humano, que tem se comportado como se não fizesse parte da natureza.
Perante estes posicionamentos as práticas de consciencialização sobre o meio ambiente precisam
assumir forças, buscar a comunidade e mostrar que a natureza é parte de suas vidas, apenas
quando for conhecida a importância da natureza no dia-a-dia das pessoas, é que esta será
2
Disponível em: <www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental>. Acesso em 23 de maio
de 2020.
3
Jacobi, Pedro Roberto. (2005). “Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico,
complexo e reflexivo” Educação e Pesquisa. (, v.31, n.2) São Paulo.
24
valorizada e respeitada e lavada a sério e só assim haverá participação das comunidades que
levara a transformação e mudança de comportamento.
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estimulando a responsabilidade e o engajamento individual e colectivo nas decisões sobre o lugar
onde se vive (Francisco, 2010).
A Educação Ambiental deve ser encarada como uma prática social, tendo em vista que a sua
intenção é, no aspecto humanístico, fazer com que o homem use os seus saberes para as reais
necessidades da sociedade. Propõe o ideal de respeito entre o homem frente ao natural, ou seja,
que o homem perceba que ele sem o natural não pode fazer nada, já que os elementos dependem
intrinsecamente uns dos outros, sejam eles artísticos culturais ou científicos (Fazenda, 1994).
A compreensão dessa conexão das redes pode ser alcançada na perspectiva do sujeito ecológico.
O sujeito ecológico não são propriamente os integrantes de movimentos ecológicos. É evidente
que eles podem assumir tal postura, mas também compreende aqueles que aderem a novos
hábitos voltados para um maior respeito com o Meio Ambiente (Gomes. (2010).
A ação desse sujeito é orientada pelo ideário ecológico, que leva a um novo estilo de vida com
modos próprios de pensar o mundo e, principalmente, de pensar a si mesmo e a relação com os
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outros nesse mundo (Carvalho, 2008). O sujeito ecológico é um ser de ideários utópicos, que
vive na constante busca da perfeição (Gomes, 2010).
De acordo com Boff, (1999, p.81) “o ser humano e a sociedade não podem viver sem utopia”.
Essa utopia faz com que sejamos seres humanos melhores, vivamos em busca de novos valores
que regem a sua vida. Um ser utópico não é um ser sonhador, mas, um ser que está sempre a um
passo à frente daquilo que deseja que seja real. As vivências apresentadas e discutidas neste
trabalho mostram que a perspectiva do sujeito ecológico ainda se apresenta no plano da utopia,
mas, como está posto acima, a utopia é o horizonte das ações e possibilidades da Educação
Ambiental (Carvalho, 2008).
Fazenda (1994), afirma que a prática da interdisciplinaridade não deve ficar apenas no campo
das intencionalidades, mas, deve de fato ser concretizada e promover um encontro de indivíduos
e não de disciplinas.
4
Medeiros, M. J. L. et al. (2006). Impactos Ambientais causados em decorrência do rompimento da Barragem
Camará no município de Alagoa Grande. Revista De Biologia E Ciências Da Terra, (v. 6, n. 1, p. 20-34): PB.sd.
27
fases de sua extracção, como à abertura da cava, (retirada da vegetação, escavações,
movimentação de terra e modificação da paisagem local), seguido pelo uso de explosivos nas
rochas (pressão atmosférica, vibração do terreno, lançamento de fragmentos, fumos, gases,
poeira, ruído), ao transporte e beneficiamento do minério (geração de poeira e ruído), afectando
os meios como água, solo e ar, além do impacto sócio ambiental na população local (Bacci et al,
2006).
2.2.6. Educação ambiental e problemas ambientais
Em quase todas as regiões do país há problemas ambientais, nesse sentido programas
educacionais ambientais são importantes, as questões ambientais foram traduzidas como
problemas de poluição do ar, do solo, da água e da escassez dos recursos naturais colocando em
risco o bem-estar do homem. Por isso, deveriam ser conservados, com ênfase na necessidade de
adoptar políticas globais baseadas na interdependência planetária de todos os problemas
ambientais (MICOA 2002).
Manifesta-se a necessidade de mudança na intervenção do meio ambiente, e entende-se que isso
é possível pela educação ambiental. Ocorre, assim, o primeiro pronunciamento oficial sobre a
necessidade da educação ambiental em escala mundial, convertendo-se numa recomendação
universal imprescindível, com a propagação de inúmeros projectos e programas para a sua
implementação.
Vale ressaltar que o comportamento das comunidades influencia na preservação do meio
ambiente e tornam a prática educativa mais conservadora. Contudo, priorizar palestras de
consciencialização em vez de problematizar questões estruturais do sistema político-económico
vigente auxilia na mitigação dos problemas ambientais, agindo em suas consequências e não em
suas causas.
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Neste sentido, a produção de conhecimento deve necessariamente contemplar as inter-relações
do meio natural com o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o papel dos
diversos actores envolvidos e as formas de organização social que aumentam o poder das acções
alternativas de um novo desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de
desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade sócio ambiental.
Para Pato e Tamayo (2002), “sendo os valores antecedentes das atitudes e comportamentos,
conhecendo-se os valores pode-se compreender e predizer atitudes e comportamentos nas mais
variadas culturas, podendo-se até mesmo gerar modificações de modos específicos de agir”
(p.115). Por sua vez, cultura, segundo o dicionário Aurélio (1999, p.256) “é o complexo dos
padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas,
intelectuais, etc., transmitidos colectivamente e típicos de uma sociedade; o conjunto dos
conhecimentos adquiridos por determinado grupo”.
Ainda Pato e Tamayo (2002), afirmam que a cultura é um factor que influencia muito o
envolvimento da comunidade na Educação ambiental. Cada comunidade observa uma cultura
diferente, de acordo com o lugar no qual está inserida, com as pessoas que fazem parte da
comunidade escolar e com a realidade que abrange. A relação entre meio ambiente e educação
para a cidadania assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos
saberes para apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se
intensificam.
As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização da crise
ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade contraditória
e geradora de desigualdades, que transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e
tecnológicos disponíveis. O desafio é, pois, o de formular uma educação ambiental que seja
crítica e inovadora, em dois níveis: formal e não formal. Assim a educação ambiental deve ser
acima de tudo um acto político voltado para a transformação social (Jacobi, 1999).
29
o ser humano é o predador, o discurso apocalíptico que tende a criar o imobilismo com
informações fragmentadas e descontextualizadas (Zoomers, 2012).
Não se trata, entretanto, de negar o que tem sido feito, a superação conceitual implica a
incorporação de elementos já construídos. Mas, importa sim, avaliar e questionar como e em que
medida o que se faz contribui para alcançar os objectivos propostos. Ele não é, em si, um objecto
específico para definir uma educação. É importante compreender que a concepção de natureza
predominante actualmente na sociedade é um dado histórico. O que significa admitir a
possibilidade de transformação de determinados modelos de interpretação da natureza.
O pressuposto de formar-se uma consciência ecológica, formar indivíduos com conhecimentos e
valores que possibilitem uma relação mais equilibrada e harmoniosa entre o homem e o meio
ambiente, trabalhar com as inter-relações e interdependências a partir de um enfoque sistémico
para analisar e ordenar os ecossistemas naturais e os humanos, baseado no elemento teórico-
metodológico de ecossistema que, apesar de ser algo suspeito e ambíguo, teve uma influência
decisiva no processo ecológico do pensamento educacional e nas concepções de educação
ambiental.
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CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE TRABALHO
31
Esta pesquisa é aplicada, pois a mesma poderá gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais, se esta for
aplicada de forma objectiva.
32
3.2. Métodos de Pesquisa
Os métodos desta pesquisa foram utilizados com o propósito de aumentar a percepção do tema,
por outro lado para testar a viabilidade de conduzir estudos mais aprofundados e desenvolver
métodos a ser empregues em estudos mais detalhados. Para o efeito, recorreu-se a uma
investigação exploratória e descritiva com recurso aos seguintes métodos:
33
3.2.1. Método de Abordagem
Quanto ao método de abordagem, o presente trabalho foi realizado com base no método
dedutivo, que iniciou com percepção de lacunas no que diz respeito a informação sobre
Educação Ambiental, e daí foram formuladas as hipóteses do trabalho permitindo testar a
eficácia da ocorrência dos fenómenos abrangidos pelas hipóteses.
Nesta pesquisa foram empregues duas principais técnicas para colecta de dados que são:
Questionário
Entrevistas
Para Ketele (1998; p.18) “entrevista é um método de recolha de informações que consiste em
conversas de forma oral e individual ou em grupos, com várias pessoas seleccionadas
cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e viabilidade é analisada na perspectiva dos
objectivos de recolha de informações”.
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As entrevistas decorreram de duas formas, individual para melhor controlar facilmente controlar
o processo, e entrevistas em grupo com uma parte dos membros da população o que permitiu o
pesquisador obter maior quantidade de informações em um curto período de tempo, devido a sua
organização.
No final de processo de colheita de dados, fez se a comparação das técnicas de colecta de dados,
onde constatou-se que tanto a aplicação de questionário ou da entrevista directa, visavam a
obtenção de atitudes individuais, sensibilidades, sentimentos e crenças, pontas chave que
provocam uma multiplicidade de pontos de vista e processos de envolvimento dentro de um
contexto de colectividade.
Igualmente foram combinados dois (02) métodos a saber:
Checklists
Na análise dos dados colhidos fez-se listagens de controlo (ou checklists), organizado em pontos
de uma forma sequenciada, onde foram identificados os prováveis factores ambientais associados
às empresas, que influenciam o envolvimento da comunidade na educação ambiental, e por fim
foram propostas as medidas que visam melhorar o envolvimento das comunidades na educação
ambiental.
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3.4. População e Amostra
3.4.1. Delimitação de Universo – População
Entende-se que Universo ou População é o conjunto de seres, animais ou inanimados que
apresentam pelo menos uma característica em comum. A delimitação do universo consiste em
explicar que pessoas ou coisas, fenómenos, etc., serão pesquisados (Lakatos & Marconi, 2009).
A população para o presente estudo foi constituída por habitantes de Mafuiane, exclusivamente
para a população jovem e os líderes da mesma, que tenham algum conhecimento do assunto em
estudo, onde cada participante seleccionado expôs o seu posicionamento social, cultural, político
e económico em relação ao envolvimento ambiental da comunidade e o conjunto dos
posicionamentos representados sociológica e estatisticamente, na comunidade de Mafuiane, a
mesma conferiu a cada elemento seleccionado para fazer parte da amostra.
3.4.2. Amostra
Segundo Gil (2002:99), a amostra é o subconjunto do universo ou população da qual são
estudadas as características desse universo ou população de onde foi retirado. A selecção da
amostra obedeceu a técnica ou critério de amostra por conveniência segundo o autor, esta baseia-
se na selecção de uma amostra de indivíduos de fácil disponibilidade, e também com algum
conhecimento sobre o tema em estudo.
Deste modo, constitui amostra do estudo 70 participantes, com idade que varia dos 15 anos a 79,
correspondente a cerca de 1,6% do universo da pesquisa, dos quais foram escolhidos
aleatoriamente 02 técnicos de saúde ambiental do distrito, 02 técnicos de saúde do Centro de
Saúde de Mafuiane, 02 técnicos dos Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas
(SDPI), 02 técnicos das organizações não-governamental, 42 membros da comunidade incluindo
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as Autoridades Comunitárias, 12 trabalhadores das empresas e 08 representantes das mesmas, e,
todos os participantes tiveram a mesma oportunidade de fazer parte da amostra, como indica a
tabela abaixo.
A amostra prevista foi de 70 pessoas, mas apenas foi possível trabalhar com 60 pessoas, devido à
disponibilidade dos participantes.
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do termo de consentimento, sendo este também estendido para a exibição de imagens da
comunidade no seu quotidiano, ainda que estas não permitam a identificação dos mesmos e por
forma a segurar a confidencialidade, não foram divulgados para a preservação da sua identidade.
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de saúde incluindo o centro de saúde pediátrico, de 11 empresas, sendo 9 ligadas à indústria
extractiva e 02 de produção de matéria-prima, um sistema de abastecimento de água.
A pesquisa é sustentada com facto desta localidade estar a crescer continuamente no sector da
indústria extractiva e com o crescimento neste ramo, nota se a danos ao meio ambiente causados
pela extração de jazidas localizadas em ecossistemas; ruídos gerados pela detonação dos
explosivos no processo de extração de maciços rochosos, e as frequentes queixas de problemas
de saúde da população, como e o caso das doenças do fórum respiratório, doenças da pele e
problemas de tráfego de veículos; poeira e derrame de substancias toxicas; contaminação das
Águas dos rios; Rejeito e Estéril, deixando estes contaminados, assim durante o período em
analise (2016-2019), foram advertidas as empresas Rugunate e sal brita pela inobservância do
estabelecido no EIA.
A imagem a seguir ilustra o funcionamento das maquinas da pedreira Multi-pedras no
processamento de recursos naturais onde são extraídas pedra grossa (Rachão), pedra fina (Brita),
e outros inertes.
39
Segundo as observações feitas durante o trabalho de campo, coadjuvadas com respostas das
entrevistas, foi possível constatar que o envolvimento desta comunidade é condicionado pelos
factores culturais (valores, intensões, atitudes e comportamento), sociais, económicos e políticos.
Como também pela falta de informação sobre a temática.
40
Factores culturais
[VALUE]%
80 [VALUE]% [VALUE]%
70 [VALUE]%
60
50
[VALUE]%
40 [VALUE]%
[VALUE]%
30 [VALUE]%
20
5%
10 2% [VALUE] % 0%
0
Comunidade Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
empresas
Gráfico 1: Resultados do inquérito sobre causas dos factores culturais na localidade de Mafuiane.
Fonte: Autora, entrevista (2019)
O gráfico faz menção a falta de auscultação por parte das empresas, a falta de organização da
comunidade como indicadores que contribuem para o fraco envolvimento da população na
Educação Ambiental (cerca de 65%), enquanto que uma média de 27% dos entrevistados que
incluindo os membros do governo apontam a falta de participação da população como sendo
potencial contributo para o fraco envolvimento na Educação Ambiental.
Igualmente a falta de preparação dos activistas ambientais, a falta da motivação devido às
condições de trabalho, muitas vezes precárias, e as políticas públicas ambientais, pouco
conhecidas pelos educadores que orientam a prática de educação ambiental nas comunidades,
são tidas como principais barreiras na implementação da educação ambiental.
Durante as observações, foi possível verificar que segundo o que consta na alínea h), dos
princípios sobre política de responsabilidade social-empresarial para a indústria extractiva de
recursos minerais defende que para alcançar os seus objectivos, a política de responsabilidade
social empresarial, deve incluir acções que valorizem e promovam o respeito pela cultura,
costumes e valores das comunidades locais, das zonas onde os projectos serão implantados, e
infelizmente, os modelos de educação ambiental ainda estão muito distante de solucionar a
problemática da falta de consciência ambiental pelos exploradores de recursos naturais e da
população.
41
Com base na lei moçambicana, conclui-se que a função principal do educador ambiental é a
formação dos cidadãos quer de modo formal ou informal, para o seu envolvimento contínuo na
preservação do meio ambiente, na tomada de decisões e na actuação das realidades sócio
ambiental, com o propósito de defender os seus interesses, o bem-estar de cada um e da
comunidade, tanto a nível local como global.
Factores sociais
79% 80%
80
70%
70 60%
60
50
40 30% 30%
30 20%
20 10% 10%
10%
10 1% 0%
0
Membros da Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
comunidade empresas
42
Diante destes dados, uma média de cerca de 72,25% dos inqueridos correspondentes a membros
da comunidade, trabalhadores das empresas, líderes comunitários e membros do governo,
entrevistados em Mafuiane, refere que a inserção social e falta de emprego, como sendo as
causas que fazem com que a população não se oponha a práticas ambientais não saudáveis por
temer o cancelamento dos seus contratos pelas empresas e a marginalização na comunidade,
consequentemente há pouca participação na educação ambiental, enquanto que, cerca de 27%
dos entrevistados refere não ter muito espaço de actuação ligado a dificuldades económicas, com
vista a sensibilização para boas práticas ambientais, para preservação do meio ambiente e das
comunidades vizinhas e participação na tomada de decisão.
Neste sentido, há necessidade de as empresas em Mafuiane atenderem às reivindicações da
comunidade e reverter a rejeição apresentada pelas mesmas, tornando imprescindível a adopção
de programas de educação ambiental. As mesmas devem, portanto, esclarecer sobre a
importância das actividades mineiras e outras que causam a degradação do meio ambiente e
divulgar acções de preservação do meio ambiente, bem como desenvolver uma consciência
ambiental na população de modo a tornar empresas e comunidades aliadas na preservação,
valorização dos recursos naturais e na busca de soluções que levem ao desenvolvimento
sustentável.
Pode se afirmar que, o baixo investimento por parte das autoridades governamentais e empresas
na formação de recursos humanos para promover uma Educação Ambiental adequada e as
acções descontínuas e isoladas por parte das instituições públicas, não produzem efeitos práticos
e concretos, o que contribui para a falta de estrutura e consciência para resolução de problemas
ambientais na gestão de recursos naturais, bem como a implementação de planos de mitigação
dos impactos ambientais decorrentes da actividade extractiva local.
Segundo a lei de minas, da legislação moçambicana, nas alíneas c), e) e f), dos princípios sobre
política de responsabilidade social empresarial para a indústria extractiva de recursos minerais,
defende que para alcançar os seus objectivos, a política de responsabilidade social empresarial
deve assegurar, o seguinte:
43
c) Justiça e Equidade: onde a gestão de recursos minerais deve assegurar o respeito pelo direito,
interesses e prioridades legítimos de todos os cidadãos, de forma a garantir o equilíbrio na
partilha de responsabilidades e benefícios entre todos os envolvidos.
e) Consulta e participação: todas as pessoas que possam ser afectadas directa ou indirectamente
pela actividade da indústria extractiva devem ser previamente consultadas e informadas.
44
.
Factores econômicos
75%
80 70% 86%
65%
60
40 36% 30%
20%
15% 15%
20 5%
5% 4%
0
Membros da Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
comunidade empresas
45
“As empresas que exploram recursos naturais na nossa localidade, são controladas por grandes
elites partidárias, razão pela qual nós não participamos de forma activa na tomada de decisões
sobre responsabilidade social nas zonas abrangidas pelas empresas de exploração e zonas
vizinhas, pondo em causa a preservação do meio ambiente”.
Partindo deste posicionamento dos entrevistados, a pesquisadora procurou saber das causas
políticas que condicionam a população apática perante a Educação Ambiental na localidade de
Mafuiane, e o gráfico abaixo tratou de mostrar a tendência das intensões dos participantes.
Factores políticos
[VALUE]%
100
90
80 [VALUE]%
70 [VALUE]%
60
50
[VALUE]%
40 [VALUE]%
30
20
5% 2%
10 [VALUE]
[VALUE]%
% [VALUE]%
0%
[VALUE]%
0
Comunidade Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
empresas
Segundo as respostas do inquérito, cerca de 60% da comunidade e 71% dos trabalhadores das
empresas entrevistados afirmam que não há transparência dos processos a volta da exploração
dos recursos minerais, pós não são feitas as auscultações da população local e assim o seu
envolvimento na sensibilização das empresas de explorações de recursos naturais, desta maneira
a população não vê o seu contributo como sendo relevante, e com isso há falta de informação e
conhecimento na comunidade à volta das empresas de exploração recursos naturais.
Ao passo que os líderes comunitários de Mafuiane, queixam se da falta da subordinação das
empresas às estruturas locais e afirmam ainda que as empresas pertencem há um grupo de
políticos.
46
Por outro lado, há medo no seio da comunidade de ser conotada pelos políticos, o que pode
causar exclusão social, e em alguns casos, rejeição de oportunidades emprego por parte dos
empregadores (políticos), assim a população pouco tenta envolver se na educação ambiental.
De salientar o governo absteve de responder ao inquérito segundo mostram os resultados do
inquérito sobre factores políticos no envolvimento da comunidade na educação ambiental
conforme mostra o gráfico.
Sector da saúde
Durante a pesquisa foi possível notar o sector da saúde através do programa da saúde a
comunidade são realizadas palestras de sensibilização da comunidade em matéria de saúde e
saneamento do meio ambiente, e este sector tem feito jornadas de limpezas nos mercados, saúde
escolar e outros programas de saúde como mostra o gráfico abaixo.
Visitas e metas/Mes
8 8 8 8
8
7 6
6 5 5
5
4 3 3 3
3
2
1 0 0
0
Saneamneto do Vigilancia Visita porta-a-porta Saude a
meio Epidemiologica comunidade/
Escolar
47
Fonte: Centro de Saúde de Mafuiane (2019)
Sector da educação
No sector da educação são levadas a cabo actividades de educação ambiental nas escolas com a
inclusão de temas de consciencialização durante as aulas com vista a consciencialização dos
estudantes para preservação do meio ambiente nesta localidade, igualmente acontecem jornadas
de limpezas nas escolas, como atesta o grafico a seguir.
Disciplinas com EA
10 9
8 8 8 8 8
8 7
2
0 0 0 0 0
0
Ciencias Naturais Ciencias Socias Ed. Moral Civica Geografia
48
do meio ambiente e as aulas práticas que acontecem nas aulas de Ofícios, onde os alunos
aprendem a reciclagem das matérias como forma de reduzir a poluição nas escolas e das suas
comunidades”.
As empresas devem:
Proporcionar postos de emprego,
Inserção social da população,
Factores sociais Mostrar abertura à população para realização da EA.
As empresas devem:
Dotar a comunidade de poder financeiro,
Factores económicos Criação de quotas nas empresas, destinadas a educação
ambiental, e acções de responsabilidade social por parte das
empresas.
49
As empresas devem:
Estar abertas para receber opinião da comunidade.
Melhorar as abordagens na difusão de informação a volta das
Factores políticos questões ambientais e de exploração de recursos naturais.
Forma passiva: o governo local deve elaborar questionários onde a população deve
responder, sem ser influenciada nos procedimentos e decisões,
Participação por consulta: a população deve ser consultada para opinar e as decisões
podem ser alteradas ao considerar as opiniões da comunidade,
50
Desta maneira, com as formas de envolvimento, é possível afirmar que, ao implantar e/ou
patrocinar programas de educação ambiental, é possível atender as expectativas da população
vizinhas; nos diferentes níveis, a fim de facilitar a sua implantação, aceitação, absorção e
continuidade pela comunidade.
51
Estudos comparativos mostram que, a localidade de Mafuiane antes da implantação destas
indústrias extractivas no período de 2011-2014, nesta região, o envolvimento dependia na sua
maioria dos factores culturais, que estavam ligados aos processos de auscultação das
comunidades.
Perante estes factores a comunidade não pode continuar apática em relação as acções que visam
defender os seus interesses, a partir do espírito de união no trabalho para promover a consciência
saudável sobre o meio ambiente, em detrimento dos interesses particulares de alguns grupos, é
necessário que a comunidade se organize e reivindique seus direitos, esteja ciente dos seus
deveres e responsabilidades, tenha prioridades definidas e materialize uma visão para o futuro.
Recomendações/Sugestões
Para estimular o envolvimento da comunidade, é necessário orientar os investimentos privados
muito mais em preservação do meio ambiente do que em obras físicas porque quando se fala em
envolvimento da comunidade, procurar- se entender a consolidação de relacionamentos, sejam
eles entre pessoas ou organizações.
Voltado aos pressupostos acima sobre o envolvimento na educação ambiental, a presente
pesquisa apresenta sugestões que se espera que ajudem na educação ambiental que envolva a
comunidade e propicie a preservação do meio ambiente:
Requerer apoio na gestão ambiental, educação ambiental junto das ONGs ligadas ao ramo do
meio ambiente e apoio financeiro às empresas para custear as despesas da educação
ambiental;
52
Formar comités locais e potenciar actividades fiscais comunitárias, por formas a ajudar
activamente no controlo dos exploradores clandestinos dos recursos naturais;
À comunidade
Deve:
Informar-se profundamente sobre a educação ambiental e a preservação do meio ambiente;
Criar debates sobre a postura das empresas extractivas e da própria comunidade em relação
aos recursos naturais;
Exigir assistência sanitária com vista a rastreio de doenças ligadas à extracção mineira.
Às empresas
Devem:
Cumprir com as normas que regulam a sua actividade visando a preservação do meio
ambiente;
53
implementar as formas de envolvimento comunitário na Educação ambiental ela pode trazer
excelentes resultados.
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Janeiro: sd.
57
Apendice
58
Apêndice 1: Termo de consentimento Informado
Nº de Identificação: /__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/
Eu compreendi que toda a informação colhida e observações feitas pelo estudante do ISCED
para este estudo serão confidenciais, isto significa que mais ninguém, a não ser o estudante e
59
seus supervisores, terão conhecimento do conteúdo do que eu disse ou foi observado a fazer.
Todos os dados recolhidos na investigação serão guardados num local seguro nos arquivos do
ISCED sem qualquer identificação.
Anexos
60
Anexo 1: Termo de consentimento Informado
61
Anexo 2: Guião de questionário dirigido aos trabalhadores e população.
62