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Avaliação do Envolvimento da Comunidade na Educação Ambiental: Estudo de caso na

Localidade de Mafuiane, Distrito de Namaacha-Maputo (2016-2019)

Wildo Eugenio

Maputo, 08 Maio de 2020


Avaliação do Envolvimento da Comunidade na Educação Ambiental: Estudo de Caso na
Localidade de Mafuiane, Distrito de Namaacha-Maputo (2016-2019)

Monografia entregue ao Centro de Recurso de Maputo no Departamento de Ciências Sociais e


Humanas, como requisito para obtenção do Grau Académico de Licenciatura em Gestão
Ambiental

A Candidata: A Supervisora:
_______________________ ______________________
Wildo Eugenio Msc. Telma Vasco Armando

Maputo, 08 Maio de 2020


Resumo
O presente estudo discute sobre o envolvimento da comunidade na educação ambiental: Estudo
de Caso na Localidade de Mafuiane, Distrito de Namaacha-Maputo. A crescente industrialização
contribuiu para a degradação ambiental e a diminuição da qualidade de vida da população em
todo o mundo. A Educação Ambiental é proposta como uma ferramenta para a formação de
sociedades que se espera serem ambientalmente responsáveis, sendo necessário incorporar a ela
as dimensões sociais, políticas, económicas, culturais, ecológicas e éticas. Este estudo, teve como
objectivo analisar o nível de envolvimento da comunidade na Educação Ambiental em Mafuiane.
O estudo foi desenvolvido com 70 participantes, que incluía membros da comunidade,
trabalhadores das empresas, líderes comunitários e também os membros do Governo. Trata-se de
uma pesquisa com enfoque qualitativo, apoiado pelo método quantitativo e baseou-se na recolha
de dados através de entrevista, observação directa, análise documental. Os resultados desta
pesquisa revelaram o seguinte: (i) O envolvimento da comunidade de Mafuiane na educação
Ambiental é influenciado pela implantação das empresas ligados aos factores cultuais, sociais,
políticos e económicos (ii) a preservação do ambiente é deficitária visto que não há uma
educação ambiental activa dentro da própria comunidade. (iii) a preservação do meio ambiente
por parte da comunidade revela-se não efectiva por falta de interesse, pois a comunidade sente-se
excluída no envolvimento para a tomada de decisões sobre a implantação das empresas
extractivas. (iv) a comunidade reconhece a importância da preservação do meio ambiente razão
pela qual defende a necessidade da educação ambiental para que tenha bases que ajudem na
actuação face às empresas. (v) a comunidade clama pela auscultação para a indicação de locais
de exploração, visto que, algumas empresas operam em lugares localmente históricos, que a
comunidade luta em preservar. A comunidade mostra-se revoltada, pois, percebe que interesses
políticos e económicos, colocam-na numa situação de inoperância visto que, os líderes locais
nada fazem para ajudar na preservação do meio ambiente, por tirarem dividendos junto às
empresas. O estudo recomenda aos líderes comunitários a consciencializar as empresas sobre a
quebra do estigma em relação à participação dos trabalhadores no processo de educação
ambiental nas empresas e nas comunidades a sua volta, a comunidade a conhecer as formas de
preservação e conservação do meio ambiente e as empresas a financiar iniciativas locais com
vista ao envolvimento comunitário na educação ambiental, para que o envolvimento se torne
realidade nesta localidade.

Palavras-chave: Envolvimento Comunitário; Educação Ambiental; Educação Ambiental na


comunidade, Meio Ambiente.

ii
Agradecimentos

Ao ISCED, pelos ensinamentos transmitidos ao longo dos quatro anos, disponibilizando módulos
e plataforma, material sem o qual não teria sido possível concluir a formação.
À minha supervisora, Msc. Telma Vasco Armando, pelo esforço, críticas e sugestões que
serviram para melhorar este trabalho, por sempre estar apta a me ajudar, pelas várias leituras dos
textos deste trabalho.

iii
Dedicatória

Dedico o presente trabalho à minha família no geral, especialmente aos meus sobrinhos e irmã
para que sirva de inspiração para o alcance de muitos degraus na vida académica.
Aos meus pais, por terem cuidado de mim desde o ventre, idade tenra e por criarem condições
para que me formasse como pessoa até adquirir conhecimentos e me tornar no que sou e
pretendo ser, com muito amor, respeito e honra a Deus.
À minha filha Eyshila Alana, por me tornarem adulta e ensinar a ser uma mãe cada vez melhor;
por aguentar minhas ausências devido ao trabalho e faculdade; pelos abraços, amizade e
conversas infantis e por ser motivo das minhas batalhas dia após dia.
.

iv
Lista de Abreviaturas e Siglas

ADN- Administração da Namaacha,


CPLP- Comunidade de Países de Língua Portuguesa,
CSM- Centro de Saúde de Mafuiane,
EA- Educação ambiental,
EIA- Estudo de Impacto Ambiental,

EN- Estrada Nacional,


IUCN-União Internacional para a Conservação da Natureza,
ISCED- Instituto de Ciências de Educação a Distância,
MAE-Ministério da administração estatal,
MICOA-Ministério para coordenação do meio ambiente,
ONG- Organizações não-governamental,
PNUMA- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
SDSMAS- Serviço de saúde, Mulher e acção social,
SDAE-Serviços Distritais de actividades Económicas,
SDPI- Serviços distritais de planeamento e infraestruturas,
UNESCO- Organização das Nações Unidas para Educação Ciências e Cultura.

v
Lista de Gráficos

Gráfico 1: Resultados do inquérito sobre causas dos factores culturais.….............….……...….40


Gráfico 2: Resultados do inquérito sobre causas dos factores sociais………...…….......…....…42
Gráfico 3: Resultados do inquérito sobre causas dos factores económicos……..…………...….44
Gráfico 4: Resultados do inquérito sobre causas dos factores políticos………….………..……45
Gráfico 5: Visitas no âmbito de saúde a comunidade...................................................................47
Gráfico 6: Actividades de educação Ambiental nas escolas de Mafuiane....................................48

vi
Lista de tabelas

Tabela 1: População da Pesquisa ………………..…..…………………..……..……….………36


Tabela 2: Amostra da Pesquisa ………………....……………………....……...……….………37
Tabela 3: Medidas de melhoria do envolvimento da comunidade na educação ambiental em
Mafuiane........................................................................................................................................49

vii
Lista de Figuras

Figura 1: Imagem da pedreira Multi-pedra de Mafuiane..............................................................39

viii
INDICE

Declaração de Honra ........................................................................................................................i


Resumo............................................................................................................................................ii
Agradecimentos..............................................................................................................................iii
Dedicatória......................................................................................................................................iv
Lista de Abreviaturas e Siglas ........................................................................................................v
Lista de Gráficos.............................................................................................................................vi
Lista de tabelas
..............................................................................................................................vii
Lista de tabelas
.............................................................................................................................viii
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 12
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
1. Contextualização ................................................................................................................................. 13
1.1. Problematização .............................................................................................................................. 14
1.1.1. Formulação do problema: A questão inicial ............................................................................... 14
1.2. Objectivos ............................................................................................................................................ 15
1.2.1 Objectivo geral ................................................................................................................................... 15
1.2.2 Objectivos Específicos ....................................................................................................................... 15
1.3. Hipóteses do trabalho ........................................................................................................................... 16
1.4. Justificativa .......................................................................................................................................... 16
1.5. Delimitação Temporal e Espacial ........................................................................................................ 17
Clima e Hidrografia ............................................................................................................................ 17
Recursos geológicos............................................................................................................................ 18
1.7. Limitação do trabalho .......................................................................................................................... 18
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 19
2.1. Meio Ambiente .................................................................................................................................... 19
2.2. Educação Ambiental ............................................................................................................................ 20
Educação Ambiental Formal ............................................................................................................... 21
Educação Ambiental não Formal ........................................................................................................ 22
2.2.2. Educação Ambiental em Moçambique ............................................................................................. 23
2.2.3. Educação Ambiental na comunidade ................................................................................................ 23
2.2.4. Envolvimento da comunidade na educação ambiental ..................................................................... 25
2.2.5. O meio ambiente como um aspecto teórico essencial ....................................................................... 26
2.2.5. Problemas Ambientais da Industria Extractiva ................................................................................. 27
2.2.6. Educação ambiental e problemas ambientais.................................................................................... 28
2.2.7. Factores que contribuem para o envolvimento na Educação ambiental ........................................... 28
2.2.8. Tendências do envolvimento da comunidade na Educação Ambiental ............................................ 29
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE TRABALHO ............................................................................... 31
3.1 Tipo de Pesquisa ................................................................................................................................... 31
3.2. Métodos de Pesquisa ............................................................................................................................ 33
3.2.2. A colecta de dados ............................................................................................................................ 34
3.3. Técnicas de Colecta de Dados ............................................................................................................. 34
Analise e apresentação de resultados .......................................................................................................... 35
3.4. População e Amostra ........................................................................................................................... 36
3.5. Técnicas de Análise de Dados ............................................................................................................. 37
3.6. Considerações éticas da pesquisa ......................................................................................................... 37
CAPITULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 38
4.1. Envolvimento da comunidade de Mafuiane na Educação ambiental ............................................... 38
4.2. Industria Extractiva em Mafuiane .................................................................................................... 38
4.3.1. Factores culturais .............................................................................................................................. 40
4.3.2. Factores sociais ................................................................................................................................. 42
4.3.3. Factores económicos ......................................................................................................................... 44
4.3.4. Factores políticos .............................................................................................................................. 45
4.5. Medidas para melhoria do envolvimento da Comunidade na EA em Mafuiane............................. 49
4.5. Formas de Envolvimento a ser implementadas.................................................................................... 50
CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 51
Recomendações/Sugestões ......................................................................................................................... 52
Referências Bibliográficas .......................................................................................................................... 54
Apendice ..................................................................................................................................................... 58
Anexos ........................................................................................................................................................ 60
INTRODUÇÃO
A problemática ambiental tornou-se um dos assuntos mais discutidos do momento, numa
sociedade que está em meio a uma profunda crise civilizadora (Braga, 2003). A degradação
ambiental, com o consequente comprometimento da qualidade de vida, representa um problema
de âmbito global que vem causando preocupações cada vez maiores, envolvendo todos os
segmentos da sociedade.
O presente trabalho tem como objectivo, a identificação e apresentação dos factores que
influenciam o envolvimento das comunidades na preservação do meio ambiente, e espera-se que
os resultados da pesquisa sejam aplicados, e contribuam para melhorar o envolvimento das
comunidades e para materialização da educação ambiental, foram adoptadas metodologias como
revisão bibliográfica, observação directa, entrevista e questionários de forma qualitativa, para
descrever os mais diversos factores que contribuem para o envolvimento da população, não
deixando de lado as variáveis estabelecidas para o estudo.
Surge a necessidade de uma Educação Ambiental, que critique os sistemas autoritários, que
busque alternativas sociais, éticas e justas para as gerações actuais e futuras. No entanto, as
acções desenvolvidas em torno do envolvimento ambiental têm sido insuficientes para
neutralizar a deterioração da qualidade do meio ambiente, e sobretudo, ilusórias e ou
equivocadas para formar uma consciência colectiva de preservação ambiental.
Numa comunidade que tem vindo a receber novos investimentos ligados a implantação de
pedreiras, fiquei motivada no sentido de perceber melhor os factores a volta do fenómeno. Com
o mesmo tema, procurei compreender melhor a questão ambiental e trabalhar com o conceito de
natureza em uma perspectiva que envolve o meio natural, social, cultural e económico na
implicação histórica das empresas que esta localidade acolhe, para a exploração dos recursos
naturais existentes.

12
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1. Contextualização
O país encara a extracção mineira como uma actividade que pode alavancar a economia
nacional, visto que o mesmo dispõe de uma cadeia de planaltos e algumas montanhas que
propiciam a execução desta atividade (Selemane 2009a).
Na localidade de Mafuiane, devido a constantes de edificações de empresas ligadas a extração
mineira, infraestruturas econômicas, bem como a construção de habitações, cria muita
atractividade na área empresarial e na sua maioria a actividade é exercida de forma não muito
controlada, e por estas actividades serem desenvolvidas em áreas próximas as comunidades, o
seu decurso interfere na vida das comunidades e no próprio meio ambiente, durante a pesquisa,
foi notável que a indústria extrativa têm contribuído para a degradação do meio ambiente local,
desde a paisagem natural, os ruídos, a poluição do ar bem como a existência da erosão dos solos.
O envolvimento da comunidade de Mafuiane na Educação Ambiental representaria um conjunto
de acções sustentáveis voltadas a preservação do meio ambiente, objectivando a compreensão e a
difusão de conceitos relacionados com o meio ambiente (sustentabilidade, preservação e
conservação) na comunidade, nas empresas e nas instituições existentes por forma a capacitar
cidadãos a tornarem se conscientes e comprometido tendo em conta a crescente acção do homem
sobre a natureza, que tem provocado danos ao meio ambiente, valorizando a inter-relação entre o
ser humano e o meio ambiente.
Sabendo se que Educação Ambiental objectiva-se na formação de cidadãos activos, que saibam
identificar os problemas relacionados com o ambiente, resultantes da acção humana e participar
activamente na prevenção e resolução dos mesmos. Por isso, suas actividades da comunidade de
Mafuiane (educadores ambientais locais) devem permitir a população local, a formar opiniões
que lhes permitam concretizar acções a favor de uma causa colectiva e, desta forma, exercer o
seu envolvimento na Educação Ambiental.
O presente trabalho procurou perceber até que ponto a população tem conhecimento a respeito da
exploração dos recursos naturais, preservação do ambiente bem como desenvolvimento
sustentável por formas a avaliar o nível do envolvimento desta comunidade na Educação
Ambiental.

13
1.1. Problematização
Com o aumento da industrialização, surgiram os problemas ambientais e estes, por sua vez,
acabaram afectando a qualidade de vida das pessoas.
O desequilíbrio ambiental é percebido pela própria manifestação da natureza como a redução da
camada de ozónio e o aumento da temperatura na terra. A tomada de consciência deste facto está
modificando a percepção da humanidade em relação ao meio ambiente e a necessidade de uma
nova postura em relação às questões ambientais (Wils, at all, 2011).
Esta nova percepção provoca mudanças no cenário social, a sociedade começa a questionar o
papel dos vários agentes económicos e políticos, seu impacto no ambiente e passa a exigir uma
postura diferenciada. Apesar de alguns países mostrarem-se na dianteira em matéria da Educação
Ambiental, o desempenho global da Educação Ambiental não tem sido satisfatório, no que diz
respeito a sustentabilidade dos recursos naturais (idem).
É preciso construir o sentimento de que o homem pertence ou é parte fundamental da natureza, e
nela buscar a identidade de ser vivo entre os demais seres vivos e, a partir dessa identidade,
construir sua consciência crítica e permitir a transformação da sua realidade no ambiente.
É impossível resolver os problemas ambientais e reverter suas consequências sem que ocorra
uma mudança nos sistemas de conhecimento, nos valores e no comportamento gerado pela
economia do desenvolvimento (Jacobi, 2003).
Neste contexto, a actividade de exploração de recursos naturais causa modificações ao meio
ambiente, os chamados impactos ambientais, pois, a natureza dos processos envolvidos na
exploração destes, e em particular a extracção da pedra, causam danos ao meio ambiente e as
pessoas, podendo mesmo afectar construções existentes em torno das pedreiras da localidade de
Mafuiane.

1.1.1. Formulação do problema: A questão inicial


A localidade de Mafuiane é exemplo do contexto Moçambicano que dispõe de várias áreas de
recursos minerais diferentes e dispõe de cerca de 09 pedreiras e nos últimos 3 anos, a localidade
contou com implantação de 04 novas pedreiras, facto que acontece pela disponibilidade de
recursos naturais e cuja exploração contribui para a degradação do meio ambiente local, ligados
a falta de consciencialização, assim é imprescindível a atuação da população na EA para fazer
face a estes problemas.

14
Na localidade de Mafuiane, durante o período de 2016-2019, os problemas de degradação são
notórios, sendo possível fazer menção a poluição das águas, da atmosfera (poeiras em
suspensão), alteração da paisagem natural, da degradação dos solos, da perda de vegetação bem
como a fácil degradação das habitações. Estes problemas são decorrentes do desequilíbrio
causado pelo uso inadequado dos recursos naturais, falta de estudos de impacto ambiental e essas
são as preocupações da localidade, que é sujeita a habituar a conviver de forma equilibrada com
o meio ambiente.
Actualmente, a compreensão da relação entre a utilização dos recursos naturais e impactos
ambientais, ascende a perspectiva para reflexão sobre a reeducação da sociedade no sentido de
minimizar esses impactos. Frente a presente problemática, educação ambiental para uso
sustentável do meio ambiente, ajudaria na melhoria da qualidade de vida da população e
minimizar os impactos negativos.
Perante esta situação paradoxal, caracterizada por implantações de novas pedreiras e que pode
pôr em risco a estabilidade ambiental, coloca-se a seguinte questão:
 Quais são os factores que influenciam o envolvimento da comunidade na educação
ambiental na localidade de Mafuiane?

1.2. Objectivos
1.2.1 Objectivo geral
 Avaliar o nível de envolvimento da comunidade na Educação Ambiental em Mafuiane.

1.2.2 Objectivos Específicos


 Identificar os factores que influenciam o envolvimento da comunidade na educação
ambiental na Localidade de Mafuiane;

 Descrever as causas dos factores que influenciam envolvimento da comunidade na educação


Ambiental na Localidade de Mafuiane;

 Propor medidas de melhoria para o envolvimento da comunidade na educação ambiental na


Localidade de Mafuiane.

15
1.3. Hipóteses do trabalho
 H1- O envolvimento da comunidade de Mafuiane na educação Ambiental é influenciado pela
fraca disponibilidade finaceira;

 H2– O envolvimento da comunidade de Mafuiane na educação Ambiental não é influenciado


pela fraca disponibilidade finaceira;

1.4. Justificativa
A localidade de Mafuiane possui um potencial em recursos minerais, com estes há cada vez mais
existência de empresas para a sua exploração, e isto tem propiciado a degradação da paisagem
natural desta localidade, assim sendo a população é exigida a posicionar se e a ter uma postura
diferente face a educação ambiental como forma de se envolver e influenciar as empresas nas
praticas sustentáveis e que preservem o Meio Ambiente. É neste contexto que surge a
necessidade de se fazer uma pesquisa de Educação Ambiental para procurar perceber a respeito
do que a população tem feito para o seu envolvimento na EA e foi possível testar os diferentes
argumentos recolhidos referentes as limitações dos nossos entrevistados no processo de EA a
nível da localidade e por fim propor estratégias que as pedreiras, a população, o governo no geral
e os lideres comunitários em particular.
O presente tema, irá servir de alerta sobre a possível ocorrência de consequências ambientais
decorrentes da extracção mineira em curso na localidade de Mafuiane, distrito de Namaacha,
uma vez que estas consequências podem provocar alterações irreversíveis ao meio ambiente e na
saúde da população caso não haja envolvimento da comunidade e académicos nas medidas de
prevenção do meio ambiente.
O mesmo, permitirá à população desta localidade, despertar a atenção sobre a importância da
Educação Ambiental com vista preservação do meio ambiente, e seu envolvimento na
sustentabilidade, bem como os impactos que estas actividades podem trazer a nível ambiental, de
rendimentos, no combate ao desemprego e a redução da pobreza da população.
Com os resultados obtidos nesta pesquisa, se espera que haja ganhos a nível académico no
sentido de despertar interesse aos estudantes e outros na exploração de conhecimentos
académicos ligados a Educação Ambiental para a preservação do meio, e para o governo para a
adopção de políticas que defendam os interesses e permitam o envolvimento das comunidades
locais.

16
1.5. Delimitação Temporal e Espacial
Esta pesquisa foi realizada na localidade de Mafuiane, posto administrativo de Namaacha-Sede,
no distrito com mesmo nome, província de Maputo. Faz fronteira a este com a Localidade de
Marconi no distrito de Boane, é atravessada pela EN2 que dá acesso a Vila de Namaacha e
permite também acesso direto com as cidades de Maputo e Matola passando da Vila de Boane,
(MAE, 2005). Esta localidade tem cerca de 06 bairros os quais são Mafuiane sede (Q1, Q2, Q3,
Q4 e Q5), bairro Ngonhamo, Micuacuene, Baca-baca (1 e 2), Zona F e Zona G, e cada um destes
bairros com uma liderança local que subordina se a secretaria da localidade de Mafuiane.
A recolha de dados para esta pesquisa teve duração de 04 meses, isto é, de setembro a dezembro
de 2019, a análise dos dados sobre a Educação Ambiental das comunidades que decorreu no
período de dezembro de 2019 a janeiro de 2020, cujo objecto de estudo é a avaliação do
Envolvimento da comunidade local nos processos da Educação Ambiental.

 Agricultura e economia
A agricultura é a base da economia, tendo como principais culturas hortícolas, milho, feijão,
batata-doce, banana e mandioca. As espécies de gado predominantes são: bovinos, caprinos e
suínos, destinados para consumo familiar e comercialização.
A agricultura na localidade de Mafuiane é praticada em explorações familiares de 1 hectare e em
regime de consorciação de culturas com base em variedades locais, havendo algumas regiões
recurso a tracção animal e tractores, os camponeses também cultivam hortícolas, fruteias
(citrinos, banana, morango, abacate e litches), feijão, e milho. A localidade tem tido fraco
fomento pecuário apesar de ter tradição na criação de gado e no uso da tracção animal.

 Clima e Hidrografia
De acordo com a classificação de Koppen, o clima de Mafuiane é tropical húmido modificado
pela altitude. Predominam duas estações na localidade de Mafuiane, a quente e de pluviosidade
elevada entre Outubro a Abril, e a fresca e de seca nos meses de Abril a Setembro. A Localidade
de Mafuiane é atravessada pelas águas dos rios Umbeluze, Movene (MAE, 2005).

17
 Recursos geológicos
Os principais recursos geológicos nesta localidade são pedras de construção, areia mina,
bentonite e outros. A participação da comunidade local na exploração dos recursos naturais, não
funciona com base no conjunto de regras que devem ser usadas na exploração destes de tal
maneira que não se respeitam os mecanismos de sustentabilidade dos ecossistemas e garantia a
preservação dos recursos naturais para as futuras gerações (MAE, 2005).

 Infraestruturas
A localidade de Mafuiane é composta por uma rede de infraestruturas dentre elas um mercado,
duas escolas do nível primário e pré-escolar respetivamente, dois centros de saúde incluindo o
centro de saúde pediátrico, secretaria da localidade, posto policial e outros.

1.7. Limitação do trabalho


O carácter exploratório do estudo, limitou fortemente em termos de revisão de literatura e de
comparação de resultados com outros estudos realizados. O tempo e a amostra foram dois
factores que influenciaram na pesquisa, a amostra não é probabilística, o que dificultou cada vez
mais a sistematização da informação colhida através das bibliografias, entrevista, visto que os
entrevistados saíam de forma transparente e livre e as respostas não estavam padronizadas.
Devido a esses problemas sem alguns questionários, o número da amostra foi consideravelmente
diminuído. Foram recolhidos questionários em branco, mal preenchidos ou preenchidos de uma
forma pouco reflectida relativamente à temática.

18
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo fez-se a revisão da literatura dando destaque a fundamentação teórica com
especial abordagem da educação ambiental, desenvolvimento sustentável e recursos naturais
renováveis e não-renováveis por fim uma visão empírica sobre a educação ambiental.

2.1. Meio Ambiente


Para Castelo-Branco (2009), o termo “meio ambiente” tem sido utilizado para indicar um
“espaço” (com seus componentes bióticos e abióticos e suas interações) em que um ser vive e se
desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e transformando-o. No
caso dos seres humanos, ao espaço físico e biológico soma-se o “espaço” sociocultural.
Interagindo com os elementos do seu ambiente, a humanidade provoca tipos de modificação que
se transformam com o passar da história. E, ao transformar o ambiente, os seres humanos
também mudam sua própria visão a respeito da natureza e do meio em que vive.
Segundo Francisco (2010), o meio ambiente engloba os elementos vivos e não vivos que estão
relacionados com a vida na terra, hoje, quando se fala em meio ambiente, a tendência é pensar
nos inúmeros problemas do mundo actual, com relação à questão ambiental. Lixo, poluição,
desmatamentos, espécies em extinção e testes nucleares são, dentre outros, exemplos de
situações lembradas.
Na Conferência de Estocolmo e 1972, o meio ambiente ficou definido como sendo o conjunto de
componentes físicos, químicos biológicos e sociais capazes de causar efeitos direitos e indirectos
em prazo curto ou longo sobre os seres vivos e as actividades humanas (Machado, Santos e Souza,
2006:124).1
Estas definições do conceito de Ambiente dão a entender que o Homem é parte integral deste.
Fazendo parte dele o Homem deve usar o que o ambiente oferece com a consciência de que a sua
acção pode contribuir para a melhoria da qualidade ambiental ou para a sua destruição. Sendo
assim as comunidades vivem e se desenvolvem num determinado ambiente que deve ser
conservado e preservado. A acção de cada um dos seus membros pode ter repercussões positivas
ou negativas que afectam não só a sua comunidade, mais também as outras em redor.

1
Machado, C. B., et all. (2006). A sustentabilidade Ambiental em Questão. In: SILVA, Christian Luiz da.
Desenvolvimento Sustentável: Um Modelo Analítico, Integrado e Adaptativo. 1 ed. Petrópolis, RJ: Vozes.

19
2.2. Educação Ambiental
Segundo Manjate e Cossa (2011), Educação é o processo de actuação de uma comunidade sobre
o desenvolvimento do indivíduo afim de que ele possa actuar em uma sociedade pronto a busca
dos objectivos colectivos.
Para o MICOA (2009), a Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos
e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores,
habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e colectivamente
a resolver problemas ambientais presentes e futuros.
Segundo Proença (1994:11), citado em Rungo, Teresa (Isced, 2016), define Educação Ambiental
como um processo de reconhecimento de valores e de clarificação de conceitos que permitem ao
ser humano adquirir as capacidades e os comportamentos necessários para abarcar e apreciar as
relações de interdependência entre o homem, a sua cultura e o seu meio biofísico.
A definição que é actualmente aceite a nível mundial, é a que foi proposta em 1970 pela União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), posteriormente trabalhada pela
Organização das Nações Unidas para Educação Ciências e Cultura (UNESCO) em colaboração
com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), no qual: a Educação
Ambiental é o processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos de modo a
desenvolver habilidades e atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-relações
entre o homem, a sua cultura e o seu meio biofísico circundante (Castelo-Branco, 1983:22).
Desta maneira, a educação ambiental sustenta-se na busca da conexão permanente entre as
questões culturais, políticas, económicas, sociais, religiosas, estéticas e outras, determinantes
para nossa relação com o ambiente. Sua proposta é ampliar o entendimento e integrar acções sem
reduzir o foco, criar mais uma divisão no conhecimento, como ainda percebemos em alguns
projectos.
De acordo com Anselmo e Cardoso (2007) educação ambiental, é a prática da Educação, orientada
para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de
uma participação activa e responsável de cada indivíduo e da colectividade.
Reigota (1998), a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na
conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de
avaliação e participação dos educandos. Para Pádua e Tabanez (1998), a educação ambiental
propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades,

20
condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio
ambiente.
Quando nos referimos à educação ambiental, situamo-la em contexto mais amplo, o da educação
para a cidadania, configurando-a como elemento determinante para a consolidação de sujeitos
cidadãos. O desafio do fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para
um grupo restrito, concretiza-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e
deveres, e de se converter, portanto, em actor corresponsável na defesa da qualidade de vida.
Para atingir as finalidades da Educação Ambiental, precisa-se estar sempre consciente de que
este é um trabalho educacional completo e que, portanto, deve-se cumprir todas as fases do
processo (Sensibilização, Mobilização, Informação e Acção). Nenhuma das fases pode ser
desenvolvida isoladamente ou de modo linear, é preciso enfatizar que todas são inter-
relacionadas, que a Educação Ambiental não pode se resumir à uma delas somente e que todas
devem ocorrer sob uma planificação, controle e avaliação permanentes (MICOA, 2009).

2.2.1. Tipos de Educação Ambiental


A educação ambiental tem melhor enquadramento por considerar tanto as dimensões individual e
colectiva no processo de tomada de consciência em relação as questões ambientais, e ainda tem
como referência que este processo deve ser contínuo e constante para a inserção de novos
saberes e valores, frente à relação do ser humano com o ambiente que o cerca e com toda a sua
complexidade, (MICOA, 2009).

 Educação Ambiental Formal


Segundo Francisco (2010), define a educação ambiental como sendo aquela que se processa no
âmbito da escola, nas salas de aulas, sendo promovida pelos docentes, corpo pedagógico e
gestores da comunidade escolar.
Para Rodrigues (2013), a educação informal, é aquela que possibilita aquisição e acúmulo de
conhecimentos, por meio de experiências quotidianas e corriqueiras, seja em casa, trabalho ou
lazer.
De acordo com Porto (1996), a educação ambiental formal é um processo integrado à educação
geral, onde as escolas atuam com a função fundamental de educar para a formação e o

21
desenvolvimento de indivíduos conscientes e com conhecimentos sobre as questões relacionadas
ao meio ambiente onde vivem.

 Educação Ambiental não Formal


Aquela em que as acções e práticas educativas voltadas à sensibilização da colectividade sobre as
questões ambientais e a sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente,
ou seja, os processos de sensibilização ocorrem no âmbito das comunidades (Francisco, 2010).
Dias (2003, p. 205) conforme a Lei Brasileira 9.795/99, em seu artigo 13° citado por conceitua a
educação ambiental não-formal como: ‟as acções e práticas educativas voltadas para a
sensibilização da colectividade sobre as questões ambientais e a sua organização e participação
na defesa da qualidade do meio ambiente.”
Educação Ambiental não Formal, não se submete a nenhuma das regulamentações e órgãos
educacionais, porém compreende toda actividade educativa organizada e sistemática que ocorre
fora dos âmbitos escolares (Rodrigues, 2013).

 Educação Ambiental Informal


Segundo Francisco (2010), a Educação Ambiental é aquela que é exercida em diversos espaços
da vida social, mas não possui compromisso com a sua continuidade. Portanto, ela tem a função
de utilizar as médias para sensibilizar a população em uma escala macro, por meio de seus
anúncios, programas televisivos, reportagens, etc. implementados pelo sector privado e público.
Dias (2003, p. 205), aborda também a educação informal, que é aquela transmitida por meios de
comunicação, através de matérias veiculadas pela mídia, que induz à assimilação de
comportamentos ou atitudes, e que fornece materiais para discussão crítica. Essa regulamentação
incentiva à implementação do processo educativo de forma descentralizado e em todos os níveis,
federal, estadual e municipal.
Porto (1996), afirma que a Educação Ambiental Informal constitui os processos destinados a
ampliar a conscientização pública sobre as questões ambientais através dos meios de
comunicação de massa, como jornais, revistas, rádio e televisão; e sistemas de informatização
com a utilização de recursos da multimídia, redes como a internet e de bancos de dados
ambientais, além de videotecas e filmotecas especializadas.

22
Diante dos três tipos de Educação Ambiental, citados por Francisco (2010) o presente estudo
enquadra-se na educação ambiental não formal, pois a mesma foi desenvolvida na comunidade,
neste contexto na comunidade de Mafuiane, distrito de Namaacha.

2.2.2. Educação Ambiental em Moçambique


Lima (2005) aborda a questão da institucionalização da educação ambiental e os caminhos que a
mesma seguiu. Para esse autor, a educação ambiental pode ser analisada sob duas perspectivas: a
primeira é a que busca a expansão da informação e a problematização e conscientização
ambiental; e a segunda segue a linha do discurso ambiental conciliatório, que esvazia e distorce o
sentido da sustentabilidade.

A preservação do meio-ambiente é uma atitude responsável na utilização dos recursos naturais e


é um factor preponderante para que possamos coexistir com a Natureza e com a biodiversidade.
A sustentabilidade ambiental não é apenas um factor de diferenciação, mas o único caminho para
a continuidade da humanidade como a conhecemos. Assim, a consciencialização é importante e
fundamental porque é a partir do conhecimento dos perigos e riscos que podemos tomar atitudes
(Sato, 2005).

Deste modo, a consciencialização ambiental de massa só será possível com a percepção e o


entendimento do real valor do meio ambiente natural em nossas vidas. Mas, se nada for feito de
forma rápida e efectiva, as próximas gerações serão prejudicadas duplamente, pelos impactos
ambientais e pela falta de visão da nossa geração em não explorar adequadamente os nossos
recursos naturais (Cassol, 2009).
Nesta perspectiva, a educação ambiental nas comunidades é fundamental para a formação social
do homem e, actualmente, é de primordial importância que as escolas promovam informações
ambientais que geram maior conhecimento às gerações futuras (idem).

2.2.3. Educação Ambiental na comunidade


Conforme Rodrigues (2013), a Educação Ambiental é um processo de aprendizagem
permanente, promove respeito. Ela estimula a formação de comunidades justas e ecologicamente
equilibradas, com diversidade.

23
A Educação Ambiental é a acção educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a
tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem
entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela
desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes
que promovem um comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto
em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes ne-
cessárias para dita transformação (Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a
Educação Secundária – Chosica/Peru, 1976).2

Segundo Lima (2005), a Educação Ambiental deve ser dirigida à comunidade despertando o
interesse do indivíduo em participar de um processo activo no sentido de resolver os problemas
dentro de um contexto de realidades específicas, estimulando a iniciativa, o senso de
responsabilidade e o esforço para construir um futuro melhor. Por sua própria natureza, a
Educação Ambiental pode, ainda, contribuir satisfatoriamente para a renovação do processo
educativo.
A Educação Ambiental possui uma força de transformação, pois leva a realização de crítica da
conduta pessoal, permiti pensamento e prática comprometida, superação os diversos interesses,
luta em defesa do direito de desfrutar do meio ambiente, compreensão crítica e global do
ambiente que promova conservação e a adequada utilização dos recursos naturais (Jacobi,
2005).3
Para Pádua (1997), a educação ambiental dirigida a populações circunvizinhas a áreas naturais
pode ser eficaz, pois dessa forma serão oferecidos meios de enriquecer conhecimento e de
aumentar o grau de sensibilização para a conservação. Para a autora, essa sensibilização é
essencial, pois cada vez é mais evidente a desconexão ao meio natural demonstrado pelo ser
humano, que tem se comportado como se não fizesse parte da natureza.
Perante estes posicionamentos as práticas de consciencialização sobre o meio ambiente precisam
assumir forças, buscar a comunidade e mostrar que a natureza é parte de suas vidas, apenas
quando for conhecida a importância da natureza no dia-a-dia das pessoas, é que esta será

2
Disponível em: <www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental>. Acesso em 23 de maio
de 2020.
3
Jacobi, Pedro Roberto. (2005). “Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico,
complexo e reflexivo” Educação e Pesquisa. (, v.31, n.2) São Paulo.

24
valorizada e respeitada e lavada a sério e só assim haverá participação das comunidades que
levara a transformação e mudança de comportamento.

2.2.4. Envolvimento da comunidade na educação ambiental


De acordo com Porto (1996), a Educação Ambiental, como campo do conhecimento e da prática
educacional, tem uma história recente. Diante de fortes demandas sociais, ela nasce como forma
de contestação a modelos societários construídos sobre pilares insustentáveis, sendo crítica aos
modelos desenvolvimentistas adoptados tanto pela antiga URSS quanto pelos países capitalistas.
Nesse sentido, o desenvolvimento de acções de educação ambiental que busquem a participação
das comunidades, garantindo a difusão de conhecimentos e a tomada do puder dos cidadãos, é o
primeiro passo para o fortalecimento dos grupos em busca da defesa da qualidade do ambiente
em que vivemos.
Essas acções, porém, devem reconhecer a pluralidade dos sujeitos envolvidos e estimular a
participação intensa e colectiva, já que o debate contribui para o surgimento de novas ideias e
informações, dúvidas e incoerências que levam à organização do pensamento, reafirmando ou
modificando posições (UNCCD, 2009).
Aspecto importante nesse processo da educação ambiental é conhecer as reais condições do local
onde se irá actuar e esse trabalho deve incluir visitas e a aplicação de questionários que
possibilitem conhecer a realidade da comunidade e detectar seus principais problemas (Jacobi
1999).
A partir daí, já é possível fazer uma análise crítica e reflexiva sobre a realidade de uma
comunidade e pensar em soluções “sob medida” para os problemas específicos. Dessa forma, as
acções educativas poderão ser desenvolvidas por meio de oficinas, rodas de conversa, fóruns de
debate, sessões de cinema comunitárias e vários outros formatos de actividade que se adequem
ao público e à localidade em questão sobre vários os temas que podem ser trabalhados nessas
iniciativas (Capra, 2005).
No entanto, num processo que busque uma educação ambiental crítica, é importante que os
temas sejam trabalhados de forma que propiciem o fortalecimento do exercício da cidadania e
estimulem a participação crítica, propositiva e construtiva de novos caminhos, promovendo a
transformação humana a partir da compreensão das estruturas de poder desta sociedade e

25
estimulando a responsabilidade e o engajamento individual e colectivo nas decisões sobre o lugar
onde se vive (Francisco, 2010).

2.2.5. O meio ambiente como um aspecto teórico essencial


O campo ambiental na concepção de Carvalho (2008) é essencialmente interdisciplinar, uma vez
que a interdisciplinaridade é uma integração de vários saberes que levam a uma simples
comunicação ou um diálogo amplo e aprofundado (Fazenda, 1994). Esses diálogos estabelecidos
no campo ambiental são de várias ordens e integram um complexo que apresenta a ideia de um
tecido, isto é, que une vários elementos interligados. Enfim, no campo ambiental, o sujeito
encontra-se em um entrecruzamento social, histórico e cultural.

Nesse sentido, a Educação Ambiental é importante no que se refere à emergência do campo


ambiental, tendo em vista que ela tem caráter humanístico, holístico e interdisciplinar e utiliza
metodologias com base científica. A Educação Ambiental é um processo educacional em sentido
amplo que fomenta novas sensibilidades e dá a sociedade uma visão que o Meio Ambiente é um
espaço de relações, um campo de interações, sejam elas culturais, sociais e naturais (Medeiros,
2006).

A Educação Ambiental deve ser encarada como uma prática social, tendo em vista que a sua
intenção é, no aspecto humanístico, fazer com que o homem use os seus saberes para as reais
necessidades da sociedade. Propõe o ideal de respeito entre o homem frente ao natural, ou seja,
que o homem perceba que ele sem o natural não pode fazer nada, já que os elementos dependem
intrinsecamente uns dos outros, sejam eles artísticos culturais ou científicos (Fazenda, 1994).

A compreensão dessa conexão das redes pode ser alcançada na perspectiva do sujeito ecológico.
O sujeito ecológico não são propriamente os integrantes de movimentos ecológicos. É evidente
que eles podem assumir tal postura, mas também compreende aqueles que aderem a novos
hábitos voltados para um maior respeito com o Meio Ambiente (Gomes. (2010).

A ação desse sujeito é orientada pelo ideário ecológico, que leva a um novo estilo de vida com
modos próprios de pensar o mundo e, principalmente, de pensar a si mesmo e a relação com os

26
outros nesse mundo (Carvalho, 2008). O sujeito ecológico é um ser de ideários utópicos, que
vive na constante busca da perfeição (Gomes, 2010).

De acordo com Boff, (1999, p.81) “o ser humano e a sociedade não podem viver sem utopia”.
Essa utopia faz com que sejamos seres humanos melhores, vivamos em busca de novos valores
que regem a sua vida. Um ser utópico não é um ser sonhador, mas, um ser que está sempre a um
passo à frente daquilo que deseja que seja real. As vivências apresentadas e discutidas neste
trabalho mostram que a perspectiva do sujeito ecológico ainda se apresenta no plano da utopia,
mas, como está posto acima, a utopia é o horizonte das ações e possibilidades da Educação
Ambiental (Carvalho, 2008).

Fazenda (1994), afirma que a prática da interdisciplinaridade não deve ficar apenas no campo
das intencionalidades, mas, deve de fato ser concretizada e promover um encontro de indivíduos
e não de disciplinas.

2.2.5. Problemas Ambientais da Industria Extractiva


E notável que os impactos ambientais têm aumentado de maneira significativa, provocando
assim destruição e alteração nos ecossistemas. A justificativa dos problemas e impactos
ambientais decorrentes do desenvolvimento económico foram por muitos anos colocados como
sendo um “mal necessário” indispensável no factor de crescimento e um desenvolvimento
progressivo e a responsabilidade sócio ambiental das empresas se confrontava com seus
paradigmas de maximização de capital, com isso a maioria das empresas se se limitavam a
cumprir as normas e leis ambientais vigentes. Esse modelo de desenvolvimento económico
aliado ao crescimento exponencial da populacional e a falta de comprometimento ambiental têm
ocasionado rupturas ecológicas que ameaçam a capacidade de suporte do planeta (Medeiros,
2006).4
Segundo Berté, 2009 “os problemas ambientais são ocasionados por choques de interesse
directos ou indirectos envolvendo o homem a natureza”, esse conflito ambiental torna-se
evidente através do consumo e exploração dos recursos naturais renováveis. Assim, na
exploração de recursos naturais os efeitos e alterações ambientais são associados às todas as

4
Medeiros, M. J. L. et al. (2006). Impactos Ambientais causados em decorrência do rompimento da Barragem
Camará no município de Alagoa Grande. Revista De Biologia E Ciências Da Terra, (v. 6, n. 1, p. 20-34): PB.sd.

27
fases de sua extracção, como à abertura da cava, (retirada da vegetação, escavações,
movimentação de terra e modificação da paisagem local), seguido pelo uso de explosivos nas
rochas (pressão atmosférica, vibração do terreno, lançamento de fragmentos, fumos, gases,
poeira, ruído), ao transporte e beneficiamento do minério (geração de poeira e ruído), afectando
os meios como água, solo e ar, além do impacto sócio ambiental na população local (Bacci et al,
2006).
2.2.6. Educação ambiental e problemas ambientais
Em quase todas as regiões do país há problemas ambientais, nesse sentido programas
educacionais ambientais são importantes, as questões ambientais foram traduzidas como
problemas de poluição do ar, do solo, da água e da escassez dos recursos naturais colocando em
risco o bem-estar do homem. Por isso, deveriam ser conservados, com ênfase na necessidade de
adoptar políticas globais baseadas na interdependência planetária de todos os problemas
ambientais (MICOA 2002).
Manifesta-se a necessidade de mudança na intervenção do meio ambiente, e entende-se que isso
é possível pela educação ambiental. Ocorre, assim, o primeiro pronunciamento oficial sobre a
necessidade da educação ambiental em escala mundial, convertendo-se numa recomendação
universal imprescindível, com a propagação de inúmeros projectos e programas para a sua
implementação.
Vale ressaltar que o comportamento das comunidades influencia na preservação do meio
ambiente e tornam a prática educativa mais conservadora. Contudo, priorizar palestras de
consciencialização em vez de problematizar questões estruturais do sistema político-económico
vigente auxilia na mitigação dos problemas ambientais, agindo em suas consequências e não em
suas causas.

2.2.7. Factores que contribuem para o envolvimento na Educação ambiental


A problemática sócio ambiental, ao questionar ideologias teóricas e práticas, propõe a
participação democrática da sociedade na gestão dos seus recursos atuais e potenciais, assim
como no processo de tomada de decisões para a escolha de novos estilos de vida e a construção
de futuros possíveis, sob a óptica da sustentabilidade ecológica e a equidade social (Jacobi,
1999).

28
Neste sentido, a produção de conhecimento deve necessariamente contemplar as inter-relações
do meio natural com o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o papel dos
diversos actores envolvidos e as formas de organização social que aumentam o poder das acções
alternativas de um novo desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de
desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade sócio ambiental.
Para Pato e Tamayo (2002), “sendo os valores antecedentes das atitudes e comportamentos,
conhecendo-se os valores pode-se compreender e predizer atitudes e comportamentos nas mais
variadas culturas, podendo-se até mesmo gerar modificações de modos específicos de agir”
(p.115). Por sua vez, cultura, segundo o dicionário Aurélio (1999, p.256) “é o complexo dos
padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas,
intelectuais, etc., transmitidos colectivamente e típicos de uma sociedade; o conjunto dos
conhecimentos adquiridos por determinado grupo”.
Ainda Pato e Tamayo (2002), afirmam que a cultura é um factor que influencia muito o
envolvimento da comunidade na Educação ambiental. Cada comunidade observa uma cultura
diferente, de acordo com o lugar no qual está inserida, com as pessoas que fazem parte da
comunidade escolar e com a realidade que abrange. A relação entre meio ambiente e educação
para a cidadania assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos
saberes para apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se
intensificam.
As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização da crise
ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade contraditória
e geradora de desigualdades, que transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e
tecnológicos disponíveis. O desafio é, pois, o de formular uma educação ambiental que seja
crítica e inovadora, em dois níveis: formal e não formal. Assim a educação ambiental deve ser
acima de tudo um acto político voltado para a transformação social (Jacobi, 1999).

2.2.8. Tendências do envolvimento da comunidade na Educação Ambiental


As concepções se concretizam em diferentes tendências e abordagens da educação ambiental,
entretanto, não são puras nem mutuamente excludentes, o que, aliás, demonstra a dificuldade de
classificá-las. Na prática, algumas se completam, outras se contrapõem. Elas oscilam entre a
abordagem naturalista pela idealização da natureza, onde reina a paz e constante harmonia onde

29
o ser humano é o predador, o discurso apocalíptico que tende a criar o imobilismo com
informações fragmentadas e descontextualizadas (Zoomers, 2012).
Não se trata, entretanto, de negar o que tem sido feito, a superação conceitual implica a
incorporação de elementos já construídos. Mas, importa sim, avaliar e questionar como e em que
medida o que se faz contribui para alcançar os objectivos propostos. Ele não é, em si, um objecto
específico para definir uma educação. É importante compreender que a concepção de natureza
predominante actualmente na sociedade é um dado histórico. O que significa admitir a
possibilidade de transformação de determinados modelos de interpretação da natureza.
O pressuposto de formar-se uma consciência ecológica, formar indivíduos com conhecimentos e
valores que possibilitem uma relação mais equilibrada e harmoniosa entre o homem e o meio
ambiente, trabalhar com as inter-relações e interdependências a partir de um enfoque sistémico
para analisar e ordenar os ecossistemas naturais e os humanos, baseado no elemento teórico-
metodológico de ecossistema que, apesar de ser algo suspeito e ambíguo, teve uma influência
decisiva no processo ecológico do pensamento educacional e nas concepções de educação
ambiental.

30
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE TRABALHO

3.1 Tipo de Pesquisa


3.1.1 Abordagem do problema
A abordagem do problema desta pesquisa é qualitativa. Segundo Silva (2008, p. 29) “[...] o que
difere esta abordagem da quantitativa, é o facto de o paradigma qualitativo não empregar dados
estatísticos como centro do processo de análise de um problema”.
Neste sentido busca-se a qualidade da pesquisa, ou seja, explicações do porque em alguns
lugares ocorrem factos de uma forma e em outros, com cenários bem-parecidos ocorre de forma
diferente. E esta qualidade não se obtém somente com dados quantitativos ou qualitativos, isto
depende da junção dos dois métodos.
A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos,
descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre
as investigações, hábitos, atitudes e tendências de comportamento.
No presente trabalho utilizou-se a técnica de triangulação, porque foram colectados dados
primários junto aos empreendedores e a população através da aplicação de questionários, assim
como da realização de entrevistas semiestruturadas. Onde a pesquisadora optou pela entrevista
individual tendo entrevistado cada pessoa de cada vez, pessoalmente e por telefone.
A especial preocupação com pesquisa foi retratar os fenómenos que condicionam o
envolvimento a complexidade de uma situação particular, focalizando o problema em seu
aspecto total. Assim, a pesquisa utilizou uma variedade de fontes para colecta de dados, feita em
vários momentos da pesquisa e em situações diversas, com diferentes tipos de sujeitos.

3.1.2 Natureza do problema

31
Esta pesquisa é aplicada, pois a mesma poderá gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais, se esta for
aplicada de forma objectiva.

3.1.3. Do ponto de vista de seus objectivos


Esta pesquisa é descritiva, pois de acordo com Marconi & Lakatos (2009:269), é aquela que visa
descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de recolha de dados como questionário.

Por sua vez, Richardson (1999, p.71), diz que:


“O estudo descritivo pode abordar aspectos amplos de uma sociedade como por exemplo,
descrição da população economicamente activa, de emprego de rendimentos de consumo, do
efectivo de mão-de-obra; levantamento da opinião e atitudes da população acerca de
determinada situação; caracterização do funcionamento de organizações; identificação do
comportamento de grupos minoritários. Este estudo deve ser realizado quando o pesquisador
deseja obter melhor entendimento de diversos factores e elementos que influenciam sobre
determinado fenómeno”.

3.1.4. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos


Nesta pesquisa adaptou-se a pesquisa bibliográfica, que contou com a colecta de informação em
artigos publicados em livros, teses, monografia, bem como em artigos na internet sobre a
educação ambiental, com intuito de buscar a resolução dos problemas colocados (hipóteses) por
meio de referência, analisando contribuições científicas de vários autores para subsidiar o
conhecimento sobre o envolvimento da comunidade na educação ambiental.
Portanto, a pesquisa bibliográfica possibilitou um amplo alcance de informações, além de
permitir a utilização de dados dispersos em inúmeras publicações, auxiliou também a construção,
do quadro conceitual que envolveu o objecto de estudo proposto para esta pesquisa.

32
3.2. Métodos de Pesquisa
Os métodos desta pesquisa foram utilizados com o propósito de aumentar a percepção do tema,
por outro lado para testar a viabilidade de conduzir estudos mais aprofundados e desenvolver
métodos a ser empregues em estudos mais detalhados. Para o efeito, recorreu-se a uma
investigação exploratória e descritiva com recurso aos seguintes métodos:

(i) Revisão bibliográfica


Para a materialização deste trabalho a autora teve como ponto de partida, a recolha de
informação através das diversas obras literárias, monografias, artigos de internet existentes que
tratam sobre a educação ambiental, bem como os factores que influenciam o envolvimento da
população.
Este método tinha por objectivo, compreender tudo quanto foi escrito a respeito do problema em
análise. Neste sentido, esta fase consistiu na recolha de dados de saúde da comunidade no
Serviço de Saúde, Mulher e Acção Social de Namaacha e nos Serviços Distritais de Actividades
Económicas de Namaacha.

(ii) Entrevistas e questionários distribuídos aos participantes


Na fase das entrevistas foi possível entrevistar os técnicos de saúde ambiental do distrito,
técnicos de saúde do Centro de Saúde de Mafuiane, técnicos dos Serviços Distritais de
Planeamento e Infra-estruturas, autoridades comunitárias, membros da comunidade local,
trabalhadores e os representantes das pedreiras de Mafuiane.

(iii) Método de observação directa


A observação directa foi possível com a deslocação da autora ao campo de pesquisa, como forma
de observar no terreno os fenómenos à volta da educação ambiental, das condições geográficas,
socioeconómicas, ambientais, e da exploração dos recursos minerais, os principais factores que
condicionam o envolvimento das comunidades junto das empresas existentes na localidade.

(iv) Método de Observação Indirecta


Recorreu-se a este método para a observação da localização geográfica da Localidade de
Mafuiane, de algumas pedreiras e cursos de água (Rios Movene e Umbeluze), ou seja,
informação de natureza física.

33
3.2.1. Método de Abordagem
Quanto ao método de abordagem, o presente trabalho foi realizado com base no método
dedutivo, que iniciou com percepção de lacunas no que diz respeito a informação sobre
Educação Ambiental, e daí foram formuladas as hipóteses do trabalho permitindo testar a
eficácia da ocorrência dos fenómenos abrangidos pelas hipóteses.

3.2.2. A colecta de dados


Os dados foram obtidos a partir de colecta de fontes primárias e secundárias. Para fontes
primárias aplicou-se questionário e entrevista aos membros da comunidade e aos trabalhadores
das pedreiras de Mafuiane em matéria de Educação Ambiental.
As fontes de dados secundários, foi levantada uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto
pertinente de pesquisa. Os principais documentos para compor o referencial teórico foram artigos
relacionados ao tema, teses, dissertações, livros, jornais e revistas especializadas.

3.3. Técnicas de Colecta de Dados

Nesta pesquisa foram empregues duas principais técnicas para colecta de dados que são:

 Questionário

O questionário para esta pesquisa consistiu em um conjunto de perguntas elaborados pelo


pesquisador, com o intuito de colher as sensibilidades, atitudes, sentimentos e crenças da
comunidade, por meio da reunião social e da interacção que envolvendo os participantes. Os
questionários foram previamente planejados e pré-estados, que contou com perguntas de múltipla
escolha.

 Entrevistas
Para Ketele (1998; p.18) “entrevista é um método de recolha de informações que consiste em
conversas de forma oral e individual ou em grupos, com várias pessoas seleccionadas
cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e viabilidade é analisada na perspectiva dos
objectivos de recolha de informações”.

34
As entrevistas decorreram de duas formas, individual para melhor controlar facilmente controlar
o processo, e entrevistas em grupo com uma parte dos membros da população o que permitiu o
pesquisador obter maior quantidade de informações em um curto período de tempo, devido a sua
organização.
No final de processo de colheita de dados, fez se a comparação das técnicas de colecta de dados,
onde constatou-se que tanto a aplicação de questionário ou da entrevista directa, visavam a
obtenção de atitudes individuais, sensibilidades, sentimentos e crenças, pontas chave que
provocam uma multiplicidade de pontos de vista e processos de envolvimento dentro de um
contexto de colectividade.
Igualmente foram combinados dois (02) métodos a saber:

 Espontâneas (Ad Hoc)


Este método foi usado para colecta de informação baseado no conhecimento empírico dos
membros da comunidade a respeito do assunto e/ou da área em questão. Através deste método
foi possível saber da possibilidade de estimativa rápida dos factores que influenciam o
envolvimento da comunidade na educação ambiental, em seguida foram apresentados de forma
organizada, para sua fácil compreensão.

 Checklists
Na análise dos dados colhidos fez-se listagens de controlo (ou checklists), organizado em pontos
de uma forma sequenciada, onde foram identificados os prováveis factores ambientais associados
às empresas, que influenciam o envolvimento da comunidade na educação ambiental, e por fim
foram propostas as medidas que visam melhorar o envolvimento das comunidades na educação
ambiental.

Analise e apresentação de resultados


Após a análise e cruzamento de dados colhidos, seguiu a apresentação de resultados que traz em
suma e de forma detalhada, as informações e sistematizada com base nos objectivos
preconizados para esta pesquisa.

35
3.4. População e Amostra
3.4.1. Delimitação de Universo – População
Entende-se que Universo ou População é o conjunto de seres, animais ou inanimados que
apresentam pelo menos uma característica em comum. A delimitação do universo consiste em
explicar que pessoas ou coisas, fenómenos, etc., serão pesquisados (Lakatos & Marconi, 2009).
A população para o presente estudo foi constituída por habitantes de Mafuiane, exclusivamente
para a população jovem e os líderes da mesma, que tenham algum conhecimento do assunto em
estudo, onde cada participante seleccionado expôs o seu posicionamento social, cultural, político
e económico em relação ao envolvimento ambiental da comunidade e o conjunto dos
posicionamentos representados sociológica e estatisticamente, na comunidade de Mafuiane, a
mesma conferiu a cada elemento seleccionado para fazer parte da amostra.

Tabela 1: População da Pesquisa


Fonte: Secretaria da Localidade de Mafuiane (2019)

3.4.2. Amostra
Segundo Gil (2002:99), a amostra é o subconjunto do universo ou população da qual são
estudadas as características desse universo ou população de onde foi retirado. A selecção da
amostra obedeceu a técnica ou critério de amostra por conveniência segundo o autor, esta baseia-
se na selecção de uma amostra de indivíduos de fácil disponibilidade, e também com algum
conhecimento sobre o tema em estudo.
Deste modo, constitui amostra do estudo 70 participantes, com idade que varia dos 15 anos a 79,
correspondente a cerca de 1,6% do universo da pesquisa, dos quais foram escolhidos
aleatoriamente 02 técnicos de saúde ambiental do distrito, 02 técnicos de saúde do Centro de
Saúde de Mafuiane, 02 técnicos dos Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas
(SDPI), 02 técnicos das organizações não-governamental, 42 membros da comunidade incluindo

36
as Autoridades Comunitárias, 12 trabalhadores das empresas e 08 representantes das mesmas, e,
todos os participantes tiveram a mesma oportunidade de fazer parte da amostra, como indica a
tabela abaixo.

Tabela 2: Amostra da Pesquisa


Fonte: Pesquisadora – Construção da Amostra

A amostra prevista foi de 70 pessoas, mas apenas foi possível trabalhar com 60 pessoas, devido à
disponibilidade dos participantes.

3.5. Técnicas de Análise de Dados


Para a apresentação, análise e interpretação de dados utilizou-se se programas informáticos ou
Softwares como Word e Excel para elaboração de gráficos, tabelas. Os dados foram descritos e
analisados na perspectiva de formação da consciência ambiental e preservação do meio
ambiente. A formação da consciência ambiental foi descrita a partir de informação colhida tanto
em conversa informal com a comunidade quanto as respostas dadas durante a entrevista. Já, para
a perspectivas sobre a preservação do meio ambiente foram descritos com base na informação
colhida por observação directa e indirecta.

3.6. Considerações éticas da pesquisa


Em pesquisas que envolvam seres humanos, é imperioso que os envolvidos sejam informados da
pesquisa, bem como da sua condição voluntária em participar desta e da concordância com a
publicação científica dos resultados compilados e de maneira imparcial, por meio de assinatura

37
do termo de consentimento, sendo este também estendido para a exibição de imagens da
comunidade no seu quotidiano, ainda que estas não permitam a identificação dos mesmos e por
forma a segurar a confidencialidade, não foram divulgados para a preservação da sua identidade.

CAPITULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Neste capítulo, os resultados foram descritos e analisados através das perspectivas de formação
da consciência ambiental; preservação de meio ambiente, onde a formação da consciência
ambiental foi feita a partir de informação colhida em entrevistas tidas aquando da pesquisa com
os entrevistados.

4.1. Envolvimento da comunidade de Mafuiane na Educação ambiental


O envolvimento ambiental se torna fundamental para que se possa compreender melhor as inter-
relações entre o homem e o ambiente no qual vive, suas expectativas, satisfações e insatisfações,
valores e condutas, como cada indivíduo percebe, reage e responde frente às acções sobre o meio
ambiente.
Para sensibilizar e despertar consciência da comunidade de Mafuiane com vista a estimular a sua
participação na protecção dos recursos naturais, há necessidade urgente de práticas de Educação
Ambiental, porque o envolvimento desta comunidade na educação ambiental no que diz respeito
a exploração destes recursos, e preservação do meio ambiente mostra-se deficitário um lado pela
falta de conhecimento sobre as formas de participação e por outro lado pela falta de abertura dos
investidores na localidade a práticas de transparência na gestão dos recursos mineiras.

4.2. Industria Extractiva em Mafuiane


Antes do período de analise a localidade não registava a entrada de muitos empreendimentos na
área da indústria de extração, isto é, registou apenas a entrada duas empresas e durante o período
de 2016 -2019 esta localidade recebeu um total de 09 empresas de extração de recursos naturais,
como é o caso da Rugunate, facto que aumenta a exigência em termos de Educação Ambiental e
assim sendo a população e chamada a posicionar se no que diz respeito ao seu envolvimento nos
processos de EA.
Ela é composta por uma rede de infraestruturas dentre elas três mercados informais, duas escolas
do ensino pré-escolar, duas escolas do nível primário e uma do ensino secundário, dois centros

38
de saúde incluindo o centro de saúde pediátrico, de 11 empresas, sendo 9 ligadas à indústria
extractiva e 02 de produção de matéria-prima, um sistema de abastecimento de água.
A pesquisa é sustentada com facto desta localidade estar a crescer continuamente no sector da
indústria extractiva e com o crescimento neste ramo, nota se a danos ao meio ambiente causados
pela extração de jazidas localizadas em ecossistemas; ruídos gerados pela detonação dos
explosivos no processo de extração de maciços rochosos, e as frequentes queixas de problemas
de saúde da população, como e o caso das doenças do fórum respiratório, doenças da pele e
problemas de tráfego de veículos; poeira e derrame de substancias toxicas; contaminação das
Águas dos rios; Rejeito e Estéril, deixando estes contaminados, assim durante o período em
analise (2016-2019), foram advertidas as empresas Rugunate e sal brita pela inobservância do
estabelecido no EIA.
A imagem a seguir ilustra o funcionamento das maquinas da pedreira Multi-pedras no
processamento de recursos naturais onde são extraídas pedra grossa (Rachão), pedra fina (Brita),
e outros inertes.

Figura 1: Imagem da pedreira Multi-pedra de Mafuiane usada no processamento de Recuros extraidos


Fonte: Autora (2019)

4.3. Factores que influenciam o envolvimento da comunidade de Mafuiane na Educação


Ambiental
As actividades da indústria extractiva trazem consigo um conjunto de problemas ambientais, que
comprometem o meio ambiente, assim é possível aferir que as condições ambientais desta
comunidade são directamente influenciadas pela existência de empresas do sector extrativo.

39
Segundo as observações feitas durante o trabalho de campo, coadjuvadas com respostas das
entrevistas, foi possível constatar que o envolvimento desta comunidade é condicionado pelos
factores culturais (valores, intensões, atitudes e comportamento), sociais, económicos e políticos.
Como também pela falta de informação sobre a temática.

4.3.1. Factores culturais


A intensão da população em relação à importância dos recursos naturais e aos problemas
ambientais locais é um passo importante para alcançar os objectivos da Educação Ambiental.
Para que haja intenções sustentáveis, deve haver sintonia entre as diferentes realidades políticas,
económicas, sociais e culturais, bem como questões ecológicas na localidade.
Os nossos entrevistados afirmaram que:
“Os poucos educadores ambientais em Mafuiane, não aprofundam os assuntos ligados aos
nossos costumes, porque temos as zonas que consideramos sagradas (cemitérios e igrejas e locais
de cerimonias tracionais de invocação dos antepassados), que fazem parte da história local onde
não deviam ser implantadas indústrias de extração mineira, e isto resulta de pouca auscultação
da população pelos exploradores, aspecto que ajudaria na formação de opiniões locais e
despertar o desejo de actuar de forma a resolver problemas que são vivenciados, e com isso,
concretizar acções a favor da preservação ambiental”.

Segundo as entrevistas ministradas, os membros do governo, afirmam que os factores culturais


não influenciam no envolvimento da comunidade de Mafuiane na educação ambiental, mas a
falta da organização da comunidade condiciona esta prática enquanto, os líderes comunitários,
trabalhadores e os membros da comunidade são unânimes em afirmar que os factores culturais
influenciam significativamente no seu envolvimento na educação ambiental, conforme ilustra o
gráfico abaixo.

40
Factores culturais
[VALUE]%
80 [VALUE]% [VALUE]%
70 [VALUE]%
60
50
[VALUE]%
40 [VALUE]%
[VALUE]%
30 [VALUE]%
20
5%
10 2% [VALUE] % 0%
0
Comunidade Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
empresas

Falta de organização Falta de Ascultação Falta de Participação

Gráfico 1: Resultados do inquérito sobre causas dos factores culturais na localidade de Mafuiane.
Fonte: Autora, entrevista (2019)

O gráfico faz menção a falta de auscultação por parte das empresas, a falta de organização da
comunidade como indicadores que contribuem para o fraco envolvimento da população na
Educação Ambiental (cerca de 65%), enquanto que uma média de 27% dos entrevistados que
incluindo os membros do governo apontam a falta de participação da população como sendo
potencial contributo para o fraco envolvimento na Educação Ambiental.
Igualmente a falta de preparação dos activistas ambientais, a falta da motivação devido às
condições de trabalho, muitas vezes precárias, e as políticas públicas ambientais, pouco
conhecidas pelos educadores que orientam a prática de educação ambiental nas comunidades,
são tidas como principais barreiras na implementação da educação ambiental.
Durante as observações, foi possível verificar que segundo o que consta na alínea h), dos
princípios sobre política de responsabilidade social-empresarial para a indústria extractiva de
recursos minerais defende que para alcançar os seus objectivos, a política de responsabilidade
social empresarial, deve incluir acções que valorizem e promovam o respeito pela cultura,
costumes e valores das comunidades locais, das zonas onde os projectos serão implantados, e
infelizmente, os modelos de educação ambiental ainda estão muito distante de solucionar a
problemática da falta de consciência ambiental pelos exploradores de recursos naturais e da
população.

41
Com base na lei moçambicana, conclui-se que a função principal do educador ambiental é a
formação dos cidadãos quer de modo formal ou informal, para o seu envolvimento contínuo na
preservação do meio ambiente, na tomada de decisões e na actuação das realidades sócio
ambiental, com o propósito de defender os seus interesses, o bem-estar de cada um e da
comunidade, tanto a nível local como global.

4.3.2. Factores sociais


A comunidade de Mafuiane vem tomando consciência a respeito dos seus recursos naturais, cada
vez mais, passando a exigir o seu envolvimento na prática da educação ambiental, melhor
qualidade de vida e preservação dos recursos naturais existentes.
Quando questionados mostraram vários posicionamentos, que convergiam na fraca participação
na educação ambiental:
“. As nossas dificuldades estão relacionadas com a falta de inserção social, a falta de
informação em matéria do meio ambiente e o alto índice de desistência escolar, que nos deixam
reféns das ofertas exíguas que as empresas disponibilizam a população, o que condiciona o
envolvimento na conscientização ambiental”.
A pesquisa procurou saber das causas sociais que fazem com que estes não se oponham a práticas de
exploração que estes consideram não adequadas, tivemos as seguintes respostas segundo gráfico abaixo.

Factores sociais
79% 80%
80
70%
70 60%
60
50
40 30% 30%
30 20%
20 10% 10%
10%
10 1% 0%

0
Membros da Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
comunidade empresas

Insercção Social Falta de emprego Dificuldades económicas

Gráfico 2: Resultados do inquérito sobre causas dos factores sociais


Fonte: Autora, inquérito (2019)

42
Diante destes dados, uma média de cerca de 72,25% dos inqueridos correspondentes a membros
da comunidade, trabalhadores das empresas, líderes comunitários e membros do governo,
entrevistados em Mafuiane, refere que a inserção social e falta de emprego, como sendo as
causas que fazem com que a população não se oponha a práticas ambientais não saudáveis por
temer o cancelamento dos seus contratos pelas empresas e a marginalização na comunidade,
consequentemente há pouca participação na educação ambiental, enquanto que, cerca de 27%
dos entrevistados refere não ter muito espaço de actuação ligado a dificuldades económicas, com
vista a sensibilização para boas práticas ambientais, para preservação do meio ambiente e das
comunidades vizinhas e participação na tomada de decisão.
Neste sentido, há necessidade de as empresas em Mafuiane atenderem às reivindicações da
comunidade e reverter a rejeição apresentada pelas mesmas, tornando imprescindível a adopção
de programas de educação ambiental. As mesmas devem, portanto, esclarecer sobre a
importância das actividades mineiras e outras que causam a degradação do meio ambiente e
divulgar acções de preservação do meio ambiente, bem como desenvolver uma consciência
ambiental na população de modo a tornar empresas e comunidades aliadas na preservação,
valorização dos recursos naturais e na busca de soluções que levem ao desenvolvimento
sustentável.
Pode se afirmar que, o baixo investimento por parte das autoridades governamentais e empresas
na formação de recursos humanos para promover uma Educação Ambiental adequada e as
acções descontínuas e isoladas por parte das instituições públicas, não produzem efeitos práticos
e concretos, o que contribui para a falta de estrutura e consciência para resolução de problemas
ambientais na gestão de recursos naturais, bem como a implementação de planos de mitigação
dos impactos ambientais decorrentes da actividade extractiva local.

Segundo a lei de minas, da legislação moçambicana, nas alíneas c), e) e f), dos princípios sobre
política de responsabilidade social empresarial para a indústria extractiva de recursos minerais,
defende que para alcançar os seus objectivos, a política de responsabilidade social empresarial
deve assegurar, o seguinte:

43
c) Justiça e Equidade: onde a gestão de recursos minerais deve assegurar o respeito pelo direito,
interesses e prioridades legítimos de todos os cidadãos, de forma a garantir o equilíbrio na
partilha de responsabilidades e benefícios entre todos os envolvidos.

e) Consulta e participação: todas as pessoas que possam ser afectadas directa ou indirectamente
pela actividade da indústria extractiva devem ser previamente consultadas e informadas.

f) Integração e complementaridade: os programas de responsabilidade social da indústria


extractiva devem estar enquadrados e complementar planos e programas de desenvolvimento
social, económico, institucional com prioridade para as zonas onde estas operações causam
impactos, com vista a melhoria contínua das condições de vida das comunidades.

Somente através de programas adequados de educação ambiental, conscientização e divulgação,


que levem em conta principalmente as necessidades e expectativas da população, será possível
um envolvimento pleno e conjunto, com uma postura responsável sobre as questões ambientais.

4.3.3. Factores económicos


O aproveitamento, a utilização racional dos recursos naturais, a ocupação demográfica e as
práticas produtivas que caracterizam a localidade de Mafuiane não acontecem de forma
equilibrada. Assim sendo, os ecossistemas naturais presentes são afectados de acordo com o
sentido, a magnitude, o progresso e a expansão que a industria extractiva na localidade assume.
A população quando questionada sobre o seu envolvimento em acções de educação ambiental,
esta afirma que:
“Não existem quotas nas empresas de Mafuiane, destinadas a educação ambiental, no pacote de
consciencialização da população ou para membros da comunidade que queiram trabalhar na
sensibilização das comunidades em matéria da preservação do meio ambiente, o que ajudaria
para o nosso maior envolvimento na educação ambiental e também não há acções de
responsabilidade social por parte das empresas”.
Assim procurou-se saber das causas económicas que condicionam o envolvimento desta
comunidade na EA, obtivemos as seguintes respostas segundo gráfico abaixo, uma média de
69% dos entrevistados, mostra que a pobreza nesta localidade faz com que a comunidade seja
submissa as propostas das empresas, mesmo que as acções de exploração violem os princípios
ambientais.

44
.

Factores econômicos

75%
80 70% 86%
65%

60

40 36% 30%
20%
15% 15%
20 5%
5% 4%

0
Membros da Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
comunidade empresas

Dificuldade Economica Pobreza Falta de fundos destinados a EA

Gráfico 3: Resultados de Inquérito sobre causas dos factores económicos


Fonte: Autora, inquérito (2019)

Diante disto, concluiu-se que a dificuldade económica e pobreza na localidade de Mafuiane


condicionam o envolvimento da comunidade na Educação Ambiental e em práticas de
consciencialização para a preservação do meio ambiente, quer pelos educadores ambientais
como pela comunidade, nao existem nesta localidade quotas para efeitos de palestaras, fazendo
com que haja deficiência na implantação de programas eficientes de educação ambiental, e desta
maneira, o relacionamento entre empresas e comunidade, ganha uma imagem distorcida.

4.3.4. Factores políticos


Segundo informações colhidas no SDAE durante a pesquisa, fazem referencia de que as
actividades de exploração dos recursos naturais, assumem um papel importante na estabilidade
financeira das comunidades. A forma da exploração destes recursos, na sua maioria são
elaborados pelo governo de cada país ou região, e este processo passa por uma consulta da
população local, quer directa, quer indirectamente, através dos mecanismos administrativos
previstos na legislação apropriada caso que em Mafuiane não acontece.
A população de Mafuiane afirma que:

45
“As empresas que exploram recursos naturais na nossa localidade, são controladas por grandes
elites partidárias, razão pela qual nós não participamos de forma activa na tomada de decisões
sobre responsabilidade social nas zonas abrangidas pelas empresas de exploração e zonas
vizinhas, pondo em causa a preservação do meio ambiente”.

Partindo deste posicionamento dos entrevistados, a pesquisadora procurou saber das causas
políticas que condicionam a população apática perante a Educação Ambiental na localidade de
Mafuiane, e o gráfico abaixo tratou de mostrar a tendência das intensões dos participantes.

Factores políticos
[VALUE]%
100
90
80 [VALUE]%
70 [VALUE]%
60
50
[VALUE]%
40 [VALUE]%
30
20
5% 2%
10 [VALUE]
[VALUE]%
% [VALUE]%
0%
[VALUE]%
0
Comunidade Trabalhadores das Lideres comunitarios Membros do governo
empresas

Represalias Falta de Ascultação Falta da subordinação

Gráfico 4: Resultados do inquérito sobre causas dos factores políticos


Fonte: Autora, inquérito (2019)

Segundo as respostas do inquérito, cerca de 60% da comunidade e 71% dos trabalhadores das
empresas entrevistados afirmam que não há transparência dos processos a volta da exploração
dos recursos minerais, pós não são feitas as auscultações da população local e assim o seu
envolvimento na sensibilização das empresas de explorações de recursos naturais, desta maneira
a população não vê o seu contributo como sendo relevante, e com isso há falta de informação e
conhecimento na comunidade à volta das empresas de exploração recursos naturais.
Ao passo que os líderes comunitários de Mafuiane, queixam se da falta da subordinação das
empresas às estruturas locais e afirmam ainda que as empresas pertencem há um grupo de
políticos.

46
Por outro lado, há medo no seio da comunidade de ser conotada pelos políticos, o que pode
causar exclusão social, e em alguns casos, rejeição de oportunidades emprego por parte dos
empregadores (políticos), assim a população pouco tenta envolver se na educação ambiental.
De salientar o governo absteve de responder ao inquérito segundo mostram os resultados do
inquérito sobre factores políticos no envolvimento da comunidade na educação ambiental
conforme mostra o gráfico.

4.4.Atividades de Educação Ambiental desenvolvidas pelos sectores.


Nesta localidade são levadas a cabo actividades e programas de sensibilização com vista a
melhoria da qualidade do meio ambiente e da saúde da comunidade. Estas actividades são
desenvolvidas pelas autoridades do governo do distrito e da localidade de Mafuiane pelo
governo, sector da saúde e o sector da educação.

 Sector da saúde
Durante a pesquisa foi possível notar o sector da saúde através do programa da saúde a
comunidade são realizadas palestras de sensibilização da comunidade em matéria de saúde e
saneamento do meio ambiente, e este sector tem feito jornadas de limpezas nos mercados, saúde
escolar e outros programas de saúde como mostra o gráfico abaixo.

Visitas e metas/Mes
8 8 8 8
8
7 6
6 5 5
5
4 3 3 3
3
2
1 0 0
0
Saneamneto do Vigilancia Visita porta-a-porta Saude a
meio Epidemiologica comunidade/
Escolar

Mercados/mes Escolas/mes Empresas/mes

Gráfico 5: Visitas no âmbito de saúde a comunidade.

47
Fonte: Centro de Saúde de Mafuiane (2019)

Durante a entrevista tida com as autoridades sanitárias da localidade, estas actividades


acontecem nos diversos locais de interesse sanitário tais com escolas, mercados, empresas e na
comunidade de Mafuiane e nas zonas circunvizinhas, as mesmas levam carácter sanitário, ou
seja, são abordam na sua maioria temas como tratamentos de várias doenças, e ficamos a saber
que estas actividades por vezes ficam condicionadas pela falta de meios de transporte que esta
unidade sanitária não dispõe.

 Sector da educação
No sector da educação são levadas a cabo actividades de educação ambiental nas escolas com a
inclusão de temas de consciencialização durante as aulas com vista a consciencialização dos
estudantes para preservação do meio ambiente nesta localidade, igualmente acontecem jornadas
de limpezas nas escolas, como atesta o grafico a seguir.

Disciplinas com EA

10 9
8 8 8 8 8
8 7

2
0 0 0 0 0
0
Ciencias Naturais Ciencias Socias Ed. Moral Civica Geografia

ESG M. dos Santos EPC de Mafuiane Escolinha/ Oficios

Gráfico 6: Actividades de educação Ambiental nas escolas de Mafuiane.


Fonte: Escolas de Mafuiane (2019)

Segundo os directores dos estabelecimentos de ensinos em Mafuiane, são unânimes ao afirmar


que nas escolas estão incorporados temas, que tratam de temas sobre a educação ambiental.
“Nas escolas de Mafuiane, são ministradas aulas com temas ligados a boas práticas ambientais
um pouco por todas classes nas disciplinas de ciências sociais, ciências naturais, educação moral
e cívica bem como na disciplina de geografia onde fala-se da preservação de várias componentes

48
do meio ambiente e as aulas práticas que acontecem nas aulas de Ofícios, onde os alunos
aprendem a reciclagem das matérias como forma de reduzir a poluição nas escolas e das suas
comunidades”.

4.5. Medidas para melhoria do envolvimento da Comunidade na EA em Mafuiane.


A educação ambiental deve envolver a produção de conhecimento e ser abordado de modo que
os intervenientes compreendam que a questão ambiental engloba interacções entre factores
políticos, económicos, ecológicos e socioculturais (Mazzorca, at all 2002).
Quanto às acções a serem desenvolvidas em Mafuiane, dependem dos problemas acima
mencionados, visto que, não são estáticos. Na tabela abaixo, estão algumas medidas que
ajudariam o envolvimento da população na educação ambiental.
Factores que influenciam o Proposta de Medidas de melhoria
envolvimento na EA
As empresas devem criar condições para:
 Consultar a população.
Factores Culturais  Auscultar a população,
 Optar sempre por soluções amigáveis com população.
 A população deve mostrar abertura em receber novos
investimentos.

As empresas devem:
 Proporcionar postos de emprego,
 Inserção social da população,
Factores sociais  Mostrar abertura à população para realização da EA.

As empresas devem:
 Dotar a comunidade de poder financeiro,
Factores económicos  Criação de quotas nas empresas, destinadas a educação
ambiental, e acções de responsabilidade social por parte das
empresas.

49
As empresas devem:
 Estar abertas para receber opinião da comunidade.
 Melhorar as abordagens na difusão de informação a volta das
Factores políticos questões ambientais e de exploração de recursos naturais.

Tabela 3: Medidas de melhoria do envolvimento da comunidade na educação ambiental em Mafuiane.


Fonte: Autora entrevista (2019)

4.5. Formas de Envolvimento a ser implementadas


Conscientizar cada indivíduo sobre a importância da adopção de práticas de preservação do meio
ambiente nas actividades quotidianas; ajuda a população a despertar na sociedade a preocupação
com o desenvolvimento sustentável, no que diz respeito aos seus direitos, deveres e
responsabilidades com a qualidade de vida actual e das gerações futuras. A comunidade de
Mafuiane deve envolver-se na educação ambiental da seguinte maneira:

 Forma passiva: o governo local deve elaborar questionários onde a população deve
responder, sem ser influenciada nos procedimentos e decisões,
 Participação por consulta: a população deve ser consultada para opinar e as decisões
podem ser alteradas ao considerar as opiniões da comunidade,

 Participação interactiva: a população deve participar na análise, o que resulta na elaboração


de planos de acção antes da criação de novas instituições no local ou do fortalecimento das
existentes.

 Auto-mobilização: a população deve tomar iniciativas de forma independente,


estabelecendo contacto com empresas internas e externas para mobilizar recursos e
assistência técnica, para garantir o controlo sobre a maneira como os recursos naturais são
explorados.
 Discussão com as autoridades governamentais: formular instrumentos legais que orientem
a gestão dos recursos florestais e na fiscalização, sobretudo através dos comités de gestão dos
recursos naturais.

 Fiscalização: os fiscais comunitários junto com os fiscais do governo, devem participar


activamente no controlo dos exploradores clandestinos dos recursos naturais.

50
Desta maneira, com as formas de envolvimento, é possível afirmar que, ao implantar e/ou
patrocinar programas de educação ambiental, é possível atender as expectativas da população
vizinhas; nos diferentes níveis, a fim de facilitar a sua implantação, aceitação, absorção e
continuidade pela comunidade.

CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS


A pesquisa subordinada ao tema “Avaliação do Envolvimento da comunidade na Educação
Ambiental: Estudo de Caso na Localidade de Mafuiane, Distrito de Namaacha- Maputo”
norteada pela seguinte questão “Quais são os factores que influenciam o envolvimento da
comunidade na educação ambiental na localidade de Mafuiane?” Constituiu uma oportunidade
para aprofundar conhecimentos em volta do envolvimento comunitário na educação ambiental
para a preservação do meio ambiente.
Apesar da existência de programas de consciencialização no sector da educação com vista a
incutir nos educadores ambientais do futuro, em matéria de boas práticas ambientais e no sector
da saúde onde são levados vários programas de saúde as comunidades, escolas, mercados e
outros locais como forma de mudar os hábitos de saneamento e de saúde, os mesmos não têm
sido suficientes para o envolvimento das comunidades na educação ambiental.
Na busca de perceber o nível de envolvimento da comunidade na educação ambiental, foi
possível notar que a educação ambiental para a preservação do meio ambiente não é tomada
como primordial e necessária para a comunidade e desta forma revelou-se deficitária e ineficaz.
Conclui-se que o envolvimento da comunidade de Mafuiane na educação Ambiental é
influenciado pela fraca disponibilidade financeira, ligados aos factores cultuais, sociais, políticos
e económicos e também invoca-se a falta de informação fundamental em matéria da educação
ambiental, igualmente a falta de conhecimento da realidade ambiental, falta de identificação das
vantagens da participação e a organização da comunidade, influenciam o envolvimento da
comunidade na criação da consciência ambientalmente saudável.

51
Estudos comparativos mostram que, a localidade de Mafuiane antes da implantação destas
indústrias extractivas no período de 2011-2014, nesta região, o envolvimento dependia na sua
maioria dos factores culturais, que estavam ligados aos processos de auscultação das
comunidades.
Perante estes factores a comunidade não pode continuar apática em relação as acções que visam
defender os seus interesses, a partir do espírito de união no trabalho para promover a consciência
saudável sobre o meio ambiente, em detrimento dos interesses particulares de alguns grupos, é
necessário que a comunidade se organize e reivindique seus direitos, esteja ciente dos seus
deveres e responsabilidades, tenha prioridades definidas e materialize uma visão para o futuro.

Recomendações/Sugestões
Para estimular o envolvimento da comunidade, é necessário orientar os investimentos privados
muito mais em preservação do meio ambiente do que em obras físicas porque quando se fala em
envolvimento da comunidade, procurar- se entender a consolidação de relacionamentos, sejam
eles entre pessoas ou organizações.
Voltado aos pressupostos acima sobre o envolvimento na educação ambiental, a presente
pesquisa apresenta sugestões que se espera que ajudem na educação ambiental que envolva a
comunidade e propicie a preservação do meio ambiente:

Aos líderes comunitários


Devem:
 Ter acesso a informações aprofundadas sobre o meio ambiente, preservação e consequências
da falta da preservação para a saúde pública;

 Consciencializar as empresas sobre a quebra do estigma em relação à participação dos


trabalhadores no processo de educação ambiental nas empresas e na comunidade à sua volta;

 Requerer apoio na gestão ambiental, educação ambiental junto das ONGs ligadas ao ramo do
meio ambiente e apoio financeiro às empresas para custear as despesas da educação
ambiental;

52
 Formar comités locais e potenciar actividades fiscais comunitárias, por formas a ajudar
activamente no controlo dos exploradores clandestinos dos recursos naturais;

 Estimular o envolvimento da comunidade em acções de preservação e conservação do meio


ambiente.

À comunidade
Deve:
 Informar-se profundamente sobre a educação ambiental e a preservação do meio ambiente;

 Conhecer as formas de preservação e conservação do meio ambiente;

 Criar debates sobre a postura das empresas extractivas e da própria comunidade em relação
aos recursos naturais;

 Envolver-se na tomada de decisões, e sobre os benefícios/ ganhos que obterão na


implantação de empresas;
 Participar na elaboração de planos de acção para regular o funcionamento das leis de
responsabilidade social e fortalecimento do envolvimento da mesma na preservação do meio
ambiente,

 Exigir assistência sanitária com vista a rastreio de doenças ligadas à extracção mineira.

Às empresas
Devem:
 Cumprir com as normas que regulam a sua actividade visando a preservação do meio
ambiente;

 Cumprir com a responsabilidade social perante a comunidade onde estão inseridas;

 Financiar iniciativas locais com vista ao envolvimento comunitário na educação ambiental;

 Formar os seus colaboradores em matéria de preservação do meio ambiente;

Desta maneira, desenvolver um processo de envolvimento da comunidade na consciencialização


pode não ser difícil se houver abertura das empresas, das autoridades locais e do governo em

53
implementar as formas de envolvimento comunitário na Educação ambiental ela pode trazer
excelentes resultados.

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rompimento da Barragem Camará no município de Alagoa Grande. Revista De Biologia E
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26. MICOA. 2002. Metodologias de Educação Ambiental.sd

27. MICOA. 2009. Manual de Educador Ambiental, Maputo.sd

28. Pádua, S. Tabanez, M. (orgs.). 1998. Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil. São
Paulo: Ipê.

29. Porto, Maria de Fátima M. M.1996. Educação Ambiental: conceitos básicos e instrumentos
de acção (Manual de Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios). Belo
Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente: DESA/UFMG.

30. Richardson, R. J & Colaboradores .1999. Pesquisa Social. (3ª. Ed). São Paulo: sd.

31. Reigota, M. 1998. Meio Ambiente e representações sociais. Questões da nossa época. São
Paulo. Ipê.

32. Rodrigues, O. S. 2013. Políticas públicas educacionais de espaços não formais de educação.
Sao Paulo: sd.

33. Rungo, Teresa. 2016. Manual de gestão ambiental. Direcção académica. Beira.

34. Sato, Michéle 2005. Educação Ambiental: Pesquisas e Desafios. Porto Alegre: Artmed.

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35. Selemane, Thomas. 2009a. Alguns Desafios na Indústria Extractiva em Moçambique. CIP.
Maputo

36. Silva, J. A. L. 2008. Uma discussão sobre desertificação: caso do município de Pedra
Lavrada-PB. TCC - Graduação em Geografia. Universidade Estadual da Paraíba.Rio de
Janeiro: sd.

37. Tamayo, I. A. Pato, A. 2002. Mediação do professor na construção do conceito de natureza.


Campinas, Dissert. (Mestr.) FE/Unicamp. Brasília: IPE,
38. UNCCD. 2009. Formulação de um programa para a implementação da Convenção das
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Letras Contemporâneas.
39. Wils, A; at all. 2011. O Futuro de Moçambique – Modelos de População e Desafios de
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40. Zoomers, A. 2012. Dinâmicas da Ocupação e do Uso da Terra em Moçambique.
Apresentação feita no Seminário realizado no Anfiteatro da Universidade A Politécnica, de
29 de fevereiro a 2 de março. Assírio & Alvim.

57
Apendice

58
Apêndice 1: Termo de consentimento Informado

Nº de Identificação: /__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/

Eu,_______________________________________________, aceito participar na investigação


do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), intitulado “Avaliação do
Envolvimento da Comunidade na Educação Ambiental: Estudo de Caso na Localidade de
Mafuiane, Distrito de Namaacha-Maputo”, confirmo que compreendi os seus objectivos e
autorizo o uso das informações por mim prestadas para a elaboração de um Relatório,
Monografia, Livro e Artigos Científicos a serem publicados a nível nacional com objectivo de
fornecer respostas das causas Impactos Ambientais da mineração artesanal e apoiar na sua
disseminação. A informação foi recolhida em casa /posto de trabalho) do entrevistado.

Eu compreendi que toda a informação colhida e observações feitas pelo estudante do ISCED
para este estudo serão confidenciais, isto significa que mais ninguém, a não ser o estudante e

59
seus supervisores, terão conhecimento do conteúdo do que eu disse ou foi observado a fazer.
Todos os dados recolhidos na investigação serão guardados num local seguro nos arquivos do
ISCED sem qualquer identificação.

Assinatura do Participante: _____________________________ Data: ____/___/______

Assinatura Inquiridor/ Representante: ____________________ Data: ____/___/______

Anexos

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Anexo 1: Termo de consentimento Informado

Anexo 2: Guião de entrevista semiestruturada dirigida aos trabalhadores e população.

61
Anexo 2: Guião de questionário dirigido aos trabalhadores e população.

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