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Objetivos
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Geografia Agrária do Brasil
Introdução
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Aula 4 • A fazenda de café e a consolidação do modelo agroexportador no Brasil
Onda verde
Por ser uma cultura de características peculiares, a atividade agrícola
Foi a expressão criada
por Monteiro Lobato baseada no café buscou terras onde a planta pudesse se desenvolver de for-
que significa o processo
de ocupação, feito de
ma mais apropriada e, respondesse de forma mais efetiva às expectativas
forma voraz, das terras econômicas. Assim se inicia o que ficou conhecido como “onda verde”.
do planalto do Sudeste
pela atividade cafeeira. A Diferente da cultura canavieira, o plantio do café se caracteriza pelo
voracidade da ocupação
pode ser constatada pela desenvolvimento de um cultivo delicado. Exigente, desenvolve-se me-
devastação das áreas
de mata atlântica e pela
lhor em climas que alternam estações bem marcadas, secas e chuvosas,
degradação rápida dos com temperaturas médias em torno dos 18 oC e pequenas oscilações
solos provocados por este
cultivo agrícola. anuais. Em se tratando do sudeste do território brasileiro, equivale a
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Geografia Agrária do Brasil
terras que ocupam as cotas situadas entre 500 e 800 metros de altitu-
de. Apesar de, no início, ocupar as encostas litorâneas do território do
estado do Rio de Janeiro, abrangendo desde a área metropolitana até
os atuais municípios de Angra dos Reis e Parati, logo se interioriza e se
instala nas terras do vale do rio Paraíba do Sul.
Figura 4.2: Território do café no vale do rio Paraíba, e as estradas que o leva-
vam aos portos para exportação.
Fonte: Adaptação do mapa das estradas do café com suas variantes para o mar. In: Terra roxa
MARTINS, 1994. É o nome dado ao solo
vermelho de origem
basáltica, devido à alta
concentração de óxido de
Uma das características do sistema de plantio adotado no início da ferro. No Brasil, localiza-
se sobretudo na porção
produção cafeeira no Brasil, baseado na monocultura, é o esgotamento norte do Rio Grande do
gradativo dos solos que são expostos a esta produção. Na busca contí- Sul, oeste dos estados de
Santa Catarina, Paraná
nua por manter a produtividade, os cafezais foram avançando por cima e São Paulo, e nas partes
de terras novas, devastando a Mata Atlântica e deixando para trás um sul de Minas Gerais e
Mato Grosso do Sul.
espaço caracterizado por terras desgastadas, e praticamente impróprias Pode-se considerar a
denominação “terra roxa”
para a manutenção da atividade agrícola. A estas terras restou um novo como sendo um grande
arranjo produtivo que teve como base a atividade pecuária. equívoco.
Ao chegarem ao Brasil, os
imigrantes italianos, ao
Em função desta característica, o apetite por espaço da atividade ca- se depararem com a terra
feeira logo ultrapassa os limites do médio vale do rio Paraíba do Sul, de tons avermelhados,
logo a denominaram
atingindo terras de estados vizinhos ao Rio de Janeiro. Sendo assim, terras rossas, que, em
incorporou áreas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito San- italiano, significa “terras
vermelhas”. Com
to, onde se consolida como a principal cultura dessas áreas até o ano de o aportuguesamento,
essas terras passaram
1850, quando se espalha pelo planalto paulista, em direção aos férteis a ser conhecidas como
solos de terra roxa. terras roxas.
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Aula 4 • A fazenda de café e a consolidação do modelo agroexportador no Brasil
Atividade 1
Atende ao objetivo 1
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Geografia Agrária do Brasil
Resposta comentada
Aqui você deve relacionar os fatores que possibilitaram a expansão do café
no sudeste do Brasil, e suas consequências para a organização do espaço
agrário brasileiro. É importante relatar o processo contínuo de incorpo-
ração de novas terras, mostrando as sucessivas etapas deste processo de
ocupação. Não se esqueça de fazer referência às características naturais do
território, pois foram fatores importantes neste processo espacial.
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Aula 4 • A fazenda de café e a consolidação do modelo agroexportador no Brasil
Marc Ferret
Figura 4.4: Escravos, incluindo seus filhos, reunidos em uma fazenda de café
em 1885.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_do_Brasil#mediaviewer/Ficheiro:
Slaves_in_coffee_farm_by_marc_ferrez_1885.jpg
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Geografia Agrária do Brasil
A nova realidade em curso faz com que uma série de medidas sejam
tomadas no que se refere às técnicas de produção da lavoura cafeeira.
De forma similar ao que acontece na reestruturação do espaço canaviei-
ro, os cafeicultores, na tentativa de otimizar a produção, investem em
técnicas mecânicas, no beneficiamento do produto e na construção de
ferrovias para escoamento da produção.
Quando o café atinge as áreas a oeste do planalto paulista, dominado
pelas terras roxas, entre os anos de 1850 e 1880 (ver Figura 4.3), o re-
gime baseado na escravidão já se encontra em crise e bastante próximo
do seu fim. Dessa forma, o espaço escravista vai cedendo lugar à nova
forma de produção baseada na mão de obra do colono imigrante italia-
no, resultado dos estímulos dados à imigração pelo Estado Nacional.
Na realidade, o colonato é marcado por uma relação de trabalho as-
salariado, em que o colono, além de receber um salário relativo aos nú-
meros de pés de café que tem de cuidar na parcela de terra na qual está
baseado, tem também o direito a um pedaço de terra para plantar aquilo
que é necessário ao seu sustento. A essa produção de livre escolha pode
dar o destino que melhor lhe convier. Essa relação de trabalho leva ao
colono o desejo de acumular capital suficiente para que um dia consiga
comprar uma parcela de terra. Dessa forma, conseguiria passar de tra-
balhador a pequeno proprietário rural.
Esse desejo em acumular para conseguir sua independência faz com
que o colono reivindique a possibilidade de plantar entre os pés de café.
Isso faria com que otimizasse seu tempo de trabalho, acelerando seu
processo de acumulação. É exatamente este o ponto de embate entre o
colono e o proprietário, que só oferece terras de plantio em áreas distan-
tes dos cafezais.
Essa forma de produção acaba provocando um novo mercado que
vai se caracterizando como sendo cada vez mais dinâmico. A expansão
constante da lavoura de café cria um mercado de terras altamente lu-
crativo. Esse mercado é responsável em incorporar áreas novas a serem
“beneficiadas” para posteriormente serem vendidas, auferindo bons lu-
cros. Dessa forma, acontece uma integração intersetorial, provocando a
confluência de capitais agrários, urbanos e financeiros. As novas áreas
loteadas contavam com uma linha ferroviária que promovesse a circu-
lação de mercadorias e pessoas, assim como capitalistas responsáveis
pelo financiamento da produção. Dessa forma, o sujeito passa a ser, ao
mesmo tempo, cafeicultor, especulador imobiliário, transportador e fi-
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Aula 4 • A fazenda de café e a consolidação do modelo agroexportador no Brasil
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Geografia Agrária do Brasil
Atividade 2
Atende ao objetivo 2
Resposta comentada
Neste momento, você deve relacionar a política populacional do Impé-
rio brasileiro com o estabelecimento de novas relações de trabalho na
agricultura. É importante que você liste, em seu texto, todos os movi-
mentos políticos que ocorreram neste período. É fundamental que fique
claro o processo que promove a transformação do colono em pequeno
proprietário no espaço agrário nacional.
Conclusão
Pelo que vimos ao longo desta aula, pudemos compreender de forma
ainda melhor como o Estado se apresenta como agente organizador do
território. Mesmo que a partir de políticas aparentemente tímidas, pri-
meiramente estimuladas por um deslocamento populacional.
Pudemos entender também como o café se mostrou como a grande
saída para a agricultura nacional, que tinha sido ofuscada pelo ciclo da
mineração. Além disso, o acúmulo de capital, oriundo desta atividade,
acaba contribuindo para o desenvolvimento de um setor urbano carac-
terizado pela atividade industrial.
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Aula 4 • A fazenda de café e a consolidação do modelo agroexportador no Brasil
Atividade final
Resposta comentada
Resposta livre, entretanto você deverá relacionar as características da
produção cafeeira nas diferentes fases – vale do Paraíba e oeste paulista
– com o processo de organização espacial do rural brasileiro. Deve levar
em consideração a estrutura agrária e as relações sociais de produção de
cada fase.
Resumo
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