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O continuum, a
localização do emprego e a configuração espacial do Oeste do Paraná. Heera – Revista de
História Econômica & Economia Regional Aplicada, v.1, n.2, ago/dez. 2006.
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região, como é o caso de Terra Roxa, que têm uma particularidade em especial na região,
pois sua base produtiva é voltada para setor têxtil, enquanto os outros se especializaram na
transformação agroalimentar. Isto sinaliza que o setor industrial não é tão homogêneo
regionalmente.
Com relação aos principais gêneros da região destaca-se o setor de abate de suínos
e bovinos com 21 frigoríficos. Sendo que a região Oeste é a maior produtora de soja no
Estado e sedia cinco esmagadoras da oleaginosa. Cabe observar também a presença das
unidades de recebimento, armazenamento e comercialização de grãos: a Bunge e a Cargil,
cujas instalações estão localizadas junto ao terminal das Ferrovias Paraná (Ferropar), em
Cascavel. Informações que confirmam os dados do QL e demonstram que a economia
regional evoluiu nos últimos anos para a concentração industrial no corredor viário das BRs
267 e 467.
No setor terciário, em 1970, verifica-se que somente os municípios de Foz do
Iguaçu e Cascavel possuem QL significativo. No entanto, em 1980 esta situação muda, e a
totalidade dos municípios apresentaram evolução do quociente, continuando entre 1991-
2000, quando Cascavel, Foz do Iguaçu, Guaíra, Medianeira e Santa Terezinha do Iguaçu
foram os únicos que apresentaram QL significativos. Foz do Iguaçu manteve esse
desenvolvimento devido ao turismo ecológico, comércio, produção de energia e fluxo de
transporte; e Santa Terezinha se beneficiou da proximidade em relação à Foz do Iguaçu. Já
em Medianeira o QL é influenciado pelo setor de transportes e sua localização ao longo do
corredor viário da BR-277, valendo salientar que os demais municípios que fazem parte da
BR-277 também estão evoluindo neste setor.
Cascavel, pólo regional, é privilegiado pela localização no entroncamento das
principais rodovias da região, além da rede ferroviária que passa pelo município, fazendo
que passe pelo município grande parte da produção agroindustrial dos municípios
circunvizinhos. Além de que possui a polarização mais forte da região e fica em primeiro
lugar no quesito hierarquia regional, fazendo com que Cascavel apresentasse um forte QL
do setor terciário em todo o período analisado.
Ainda em relação ao setor terciário, vale destacar que a região apresenta um enorme
potencial turístico pela riqueza ambiental e natural e apesar da especialização produtiva
regional assentar-se na agroindústria, o que toma centro de referência na atividade.
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Analisando o perfil do Continuum Setorial Regional no Oeste do Paraná, a partir da
afirmação de Ferrera de Lima (2004) que o continuum regional é um padrão locacional de
desenvolvimento ininterrupto no espaço, observamos que os municípios mais diversificados
da região (Toledo e Cascavel) mantiveram uma posição favorável na localização dos
setores secundário e terciário e reforçaram sua posição no continuum urbano/industrial. Foz
e Medianeira mantiveram, também, sua posição apesar das oscilações. No caso de
Medianeira é o setor primário que fornece insumos ao seu parque industrial. No caso de
Foz do Iguaçu, o setor terciário é altamente representativo para sua economia e, também é
válido destacar que a emancipação de Santa Terezinha de Itaipu açambarcou uma parcela
de seu distrito industrial.
Há em transição os municípios de Marechal Cândido Rondon, Terra Roxa, Guaíra,
Capitão Leônidas Marques e Matelândia. Que no final de 1990 marcou-se o fortalecimento
de uma estrutura agroindustrial até então inexistente.
No caso dos demais municípios existentes em 1970, a localização forte do setor
primário e a incapacidade de localizar de forma forte o setor secundário, aprofundou seu
continuum urbano/rural. Denotando-as como fornecedoras em potencial de insumos para o
parque industrial das cidades com um continuum urbano/industrial.
Estas informações demonstram o “poder” de transformação do capitalismo
industrial/tecnológico exercido nas regiões, modificando as bases econômicas de alguns
municípios e concentrando e/ou fortalecendo a base de outros.
Desse modo, para concluir, é fato que o processo de introdução da forma capitalista
de desenvolvimento não foi positivo em todo o conjunto da região Oeste do Paraná,
deixando alguns municípios na posição de periferia regional e intensificando outros na
posição central e polarizante. Da mesma forma, o processo de reestruturação econômica
regional reforçou a posição de destaque dos municípios pólos. A modificação nas últimas
três décadas não definem a região apenas como agrícola ou natural, dividindo a região em
outras regiões: pólos (Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Medianeira), turismo (municípios
lindeiros), e agrícolas (a periferia regional que fornece insumos para os municípios pólos),
necessitando de estudos específicos sobre a dinâmica no interior desses espaços.
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Leandro Moreira é aluno da disciplina Economia Brasileira no Programa de
Pós-Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá – período
2/2011.