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Revista da FAE,
Curitiba, v.5, n.2, p. 37-38, 2002.
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está inextricavelmente relacionado ao movimento ambientalista que surgiu nos anos 1960-
70 na Europa e Estados Unidos. Com base em cinco temas: a) preservação da natureza; b)
desenvolvimento da administração e da ciência tecnológica nos trópicos; c) ambientalismo
e crise global; d) ecologia global, conservação e meio ambiente; e e) ambientalismo global.
Sachs (1993) aponta cinco dimensões de sustentabilidade:
Para Sachs essas dimensões são focos para atingir o desenvolvimento sustentável,
sem esquecer, obviamente que satisfazer as necessidades e aspirações humanas é o
principal objetivo do desenvolvimento.
Quanto a relação entre industrialização e o desenvolvimento observa-se que estes
também se confundem em muitos autores. Sendo esta uma das razões para muitos países
almejarem tanto industrializar seu território. Idéia esta reforçada pelo desempenho
das nações industrializadas do globo que alcançaram elevados níveis de conforto e
qualidade de vida.
Na década de 1950 visualizou-se um direcionamento das nações em
desenvolvimento para a industrialização como base para o desenvolvimento através de
planos implementados, no entanto, esses planos encaravam a industrialização como
sinônimo de crescimento econômico e, via de regra, como desenvolvimento econômico. Na
América Latina entre 1950-60-70 as políticas enfatizaram a necessidade de promover o
crescimento do produto e da renda por meio da acumulação de capital e da industrialização
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baseada na estratégia de substituição de importações tentando-se tornar-se menos
dependentes dos países centrais.
Tal política demonstrou-se contraditória no sentido que a cooperação dos países
centrais, ao invés de romper, fortaleceu e perpetuou os laços de dependência entre estes e a
periferia. Além disso, aumentaram-se as desigualdades entre países, regiões e pessoas, os
quais tornaram evidentes com o crescimento mais que proporcional dos centros
industrializados. Sliwiany (1987) argumenta que a industrialização não gera somente
aumento no produto e renda, mas amplia a distância entre crescimento e desenvolvimento
econômico, pois provoca, dentre outros fatores, a destruição e poluição do meio ambiente,
distorções de urbanização e alienação do ser humano. Nesse contexto, Cano (1985, p. 29)
observa nas regiões industrializadas do Brasil “a qualidade de vida baixou
consideravelmente, ganharam mais indústrias e mais empregos, mas também ganharam
mais filas de transporte, menos água, escolas e hospitais (...) e muito mais favelas.”
Redescobre-se tardiamente que o crescimento por si só não é suficiente. Há a
preocupação hoje como o crescimento afeta a qualidade de vida de toda a população.
Furtado (1974, p. 75) afirma que “a idéia de desenvolvimento econômico é um simples
mito. Graças a ela tem sido possível desviar as atenções da tarefa básica de identificação
das necessidades fundamentais da coletividade e das possibilidades que abrem ao homem
os avanços para a ciência, para concentrá-las em objetos abstratos como são investimentos,
as exportações e o crescimento”.
Concluindo, há a necessidade de melhorar a distribuição de recursos básicos para a
maioria da população, como educação, saúde, saneamento básico, habitação, renda, dentre
vários outros. É preciso pensar um novo cenário que favoreça estas variáveis. Pensar ao
contrário seria como andar na contramão da história.