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Andréa Zhouri Klemens Laschefski

ORGANIZADORES

DESENVOLVIMENTO E

conflitos
AMBIENTAIS

Belo Horizonte
Editora UFMG
2010
C) 2010, Os autores
C) 2010, Editora UFMG
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita do Editor.

Desenvolvimento e conflitos ambientais /Andréa Zhouri, Klemens Laschefslci,


D451 organizadores. -Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
484 F.

Coletánea do I Seminário Nacional Desenvolvimento e Conflitos


Ambientais, realizado entre 2 e 4 de abril de 2008, na UFMG.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7041-774-9

1. Meio ambiente - Aspectos políticos. 2. Desenvolvimento econômico -


Aspectos ambientais. 1. Zhouri, Andréa. II. Laschefslci, Klemens. III. Seminário
Nacional Desenvolvimento e Conflitos Ambientais (1. :2008 : Belo Horizonte, MG).
IV. Título. V. Série.

CD): 574.5
CDU: 504

Elaborada pela DITTI - Setor de Tratamento da Informação


Biblioteca Universitária da UFMG

Este livro recebeu apoio financeiro da


Fapemig e da Fundação Ileinrich Bóll

ASSISTÊNCIA EDITORIAL Eliane Sousa e Euclidia Macedo


EDITORAÇÃO DE TEXTOS Maria do Carmo Leite Ribeiro
REVISÃO E NORMALIZAÇÃO Lira Córdova
REVISÃO DE PROVAS Alexandre Vasconcelos de Melo, Beatriz Trindade,
Nathalia Campos e Simone Ferreira
PROJETO GRÁFICO, FORMATAÇÃO E CAPA Cássio Ribeiro
IMAGEM DA CAPA Detalhe de Herbstbaume - 1911, de Egon Schiele
PRODUÇÃO GRÁFICA Warren MarilaC

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12 DESENVOLVIMENTO E CONFLITOS AMBIENTAIS

Contudo, as estratégias desenvolvimentistas não lograram o cumpri-


mento de suas promessas. A desigualdade social cresceu em todo o país: vale
registrar o fenômeno do desemprego estrutural nos centros urbanos, os mais
variados conflitos fundiários e formas de exclusão de grupos marginalizados.
Além disso, as novas fronteiras de "inclusão nacional" ao longo dos eixos de
desenvolvimento resultaram na devastação ambiental e na ameaça aos grupos
que viviam nessas áreas, os quais passaram a se organizar em resistência a esse
processo. Os protestos surtiram efeitos: o Banco Mundial e demais institui-
ções que conduziram a colaboração técnica entre os países industrializados e
os países em desenvolvimento suspenderam, no final dos anos 1980 e início
dos anos 1990, o financiamento para os grandes projetos de infraestrutura e
para madeireiras industriais nas florestas tropicais. Além disso, passaram a
exigir, no caso de novos projetos, estudos de avaliação de impactos ambientais
e sociais e planejamento participativo no sentido do "empoderamento" das
vítimas do desenvolvimento (Sachs, 2000; Zhouri, 2004; 2006).
Nesse processo, o assassinato de Chico Mendes, em 1988; representa
um marco simbólico em um duplo sentido: de um lado, maicou o auge dos
conflitos entre visões ambientalistas e desenvolvimentistas; por outro, Chico
Mendes e seus companheiros seringueiros se tornaram emblemáticos no
sentido de uma nova concepção de atuação socioambientalis—tás Ou seja, eles
passaram a expressar uma defesa da natureza diferente da visão preservacio-
nista clássica, que valorizava a natureza porque presumivelmente "intocada".
A luta dos seringueiros representava a ideia de que a natureza poderia ser
v,alorizadacom a inclusão dos grupossociais que_nela vivem. Então, nos anos
1-980, se consolidou a noção de uso sustentável da natureza' e.da existência
os "povos da floresta", isto é, os grupos indígenas, ribeirinhos, seringueiros
e demais.grupos tradicionais, que se tornaram protagonistas na história de
superação da dicotomia sociedade-natureza e da promoção_da "desenvolvi-
_.
mento sustentável".
Essa ideia foi internacionalmente reconhecida na II Cúpula da Terra,
no Rio de Janeiro, em 11992 (Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvnnento - CNUMAD, mais conhecida como Eco '92).
Com efeito, na conferência, mais de uma centena de países concordaram que
um novo modelo de desenvolvimento deveria ser construído a partir do tripé
economia-ecologia-equidade social. Para tanto, os lideres mundiais passaram a
convocar os chamados especialistas de notório saber nessas três esferas, a fim
de que eles elaborassem propostas para políticas públicas correspondentes.
Desenvolvimento e conflitos ambientai um novo campa de investigação 13

Ocorre que o discurso sobre o desenvolvimento sustentável foi apropria-


do, nesse contexto, em um -Sentido diferente daquele pretendido pela lutados
"povos da floresta" e de seus apoiadores. Para esses Últimos, os modos de vida
dos grupos locais - incluindo apropriação material e simbólica da natureza -
representavam um contraponto ao modo de vida da sociedade urbano-indus-
trial que, a partir desse ponto de vista, não poderia ter continuidade na trilha
do desenvolvimento, tendo em vista a sua insustentabilidade. Ao contrário
dessa visão no entanto, apenpectiva política que se consolidou
_ fez emergir
owadigma da.participação na gestão ambiental e social como objetivo &
conciliar os interesses econômicos, ambientais e sociais e, assim, "molda? o
Modelo clássico de desenvolvimento., Assim emergiram as ações de prevenção
de impactos ambientais através de meios técnicos ou, nos casos em que isso
não fosse possível, a adoção de medidas de mitigação e de compensação para
os danos ambientais. Em relação aos problemas sociais, foram formuladas
políticas de "necessidades básicas" para combater a pobreza, acompanhadas
por iniciativas de capacitaçaõe_de autoajuda, além de políticas assistencialistas.
Na esteira desse eSquema concilJ, menns_crítico, de "adequação ambien-
tal e social" (Zhou0-0-5Y-foram perdendo terreno as concepções que
preconizavam uma reestruturação profunda da sociedade urbano-industrial-
-capitalista, assim como as reivindicações societárias que resistiam (e ainda
resistem) a esse modelo de desenvolvimento e clamavam (ainda clamam) o
direito de autonomia para decisão sobre o seu próprio destino, configurando
propostas de m,odernidades alternativas (Escobar, 2005).
A administração da estratégia de desenvolvimento sustentável hoje
pLealiterapte desencadeou toda uma dinâmica no sentido da implemen-
tação de sistemas regulatórios e institucionais. Destaca-se a criação de fóruns
internacionais,_nacionais e loca _luara discutir a_questão, a introdução de
esmeknas
i de avaliação ambiental nas instituições financeiras internacionais,
com a subsequente criação de instituições ambientais, mecanismos de licen-
ciamento ambiental, reforço da legislação ambiental e ênfase na educação
ambiental em geral. No setor privado, o processo se reflete no desenvolvi-
mento de novas tecnologias ditas ambientais, em iniciativas para promoção_
da responsabilidade socioambiental empresarial e na—abertura para o diálogo
com os antigos adversários: os grupos ambientalistas e os movimentos so_ams.
Nesse processo, sob a alegação_de"amadurecimento",_ grupos ambientalistas
___
passaram a substituir as estratégias de confrontação por atuações em parcerias
com a finalidade-
_ cle se promoverem
_ soluções
_ _ (Zhouri, 1998; 2006; Laschefski,
2001; 2002). O foco deixou de ser o confronto com empresas ou institukões
14 DESENVOLVIMENTO E CONFLITOS AMBIENTAIS

~cimovan_i_atividades_ambientalmente predatórias e prejudiciais aos


grupos marginalizados. Ao contrário, a maiorparte das ações ambientalistas
tem' se concentrado nos esforços para uma espécie de "pedagogia" voltada
para o esverdeamento do empresariado, ou seja, estratégias de convenci-
mento junto ao empresariado para a_ adoção de planos de gestão ou manejo
ambiental, além da elaboração de políticas
_ sociais.
_ _ _ Tal mudança indicava, para
Muitos analistas e até mesmo ativistas, que o "ambientalismo multissetorar
permearia a sociedade, a qual se uniria frente ao objetivo único de evitar a
crise ecológica planetária.
Contudo, na prática, as soluções que têm sido apresentadas abrangem,
primordialmente, propostas que visam à eficiência energética material na
produção, o desenvolvimento de novas mercadorias "ecologicamente corre-
tas", o desenvolvimento de mecanismos de mercado (certificação ambiental,
mercado de carbono) e melhoramentos das condições de trabalho, sempre
encaixadas numa racionalidade produtiva que visa à abertura de novos mer-
cados. Consolidou:se,_por essa via, tuna aposta no casamento feliz entre a
economia e aecologia.
_
Nesse cenário, o que se realizowpelo menos em parte, fotamodernização
ecolgica, tal como entendida e formulada pela Comissão Mundial sobre o
Tiesenvolvimemo e Meio Ambiente, em 1987. Segundo a comissão,

o conceito de desenvolvimento sustentável tem, é claro, limites — não limites


absolutos, mas limitações impostas pelo estágio atual da tecnologia e da
organização social, no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidade da
biosfera de absorver os efeitos da atividade humana. Mas tanto a tecnologia
quanto a organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de pro-
porcionar uma nova era de crescimento econômico (CMMAD, 1991, p. 9).

Os últimos 20 anos de história tem comprovado os limites dessa formu-


lação. No Brasil, quando o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o
governo, em 2003, foi grande a esperança de uma mudança estrutural. Repre-
sentantes de ONGs ambientalistas e de movimentos sociais foram convidados
a assumir cargos nos diversos escalões do governo federal. Marina Silva, que
acompanhava a luta de Chico Mendes, foi designada para o Ministério de
Meio Ambiente. Um de seus objetivos era realizar a transversalidade entre os
demais setores do governo para que as ações econômicas, sociais e ambien-
tais se tornassem coerentes. Ainda em 2008, Marina Silva foi apontada pelo
jornal inglês The Guardian, como uma das 50 pessoas que poderiam salvar o
planeta. Porém, no âmbito nacional, as esperanças se esvaneceram após os
primeiros anos do governo Lula.
Desenvolvimento e conflitos ambientais: um novo campo de investigação 15

Não obstante os avanços sociais assistidos pelo pais, os resultados do


modelo de desenvolvimento sustentável baseado na chamada modernização
ecológica não são animadores no seu conjunto. Os índices que apontam as
mudanças climáticas estão cada vez mais evidentes, o desmatamento conti-
nuou nas mesmas taxas anuais, a extinção de espécies se acelerou, o quadro
de poluição dos meios terra, água e ar se agravaram e a desigualdade social,
apesar dos avanços sociais, não diminuiu.
O Brasil, ao final da primeira década do navio milênio, encontra-se
marcado pelo ressurgimento de velhos conflitos em_torno,à_temática socio-
_ ,
-ambiental. Marina Silva perdeu a luta contra os transgênicos e a influência
nas políticas para a Amazônia e demais ecossistemas ameaçados. No âmbito
do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), foram retomaclos_grandes
projetos de infraestrutura,, como hidrelétricas, hidrovias, rodovias, portos,
entre outros, ao longo dos antigos eixos de desenvolvimento, dessa vez
com a perspectiva da "inclusão internacional" da nação ao mercado global.
Observa-se que os ganhos ambientais, como o _código flôrestal, o licencia-
mento ambiental, os planos de mitigação e de compensação_ambiental as
propostas para realização de Zoneamentos Ecológicos e Econômicos
e os direitos de grupos indígenas, quilombolas e povos tradicionais anco-
rados na Constituição de 1988, têm sido considerados como "entraves" ao
desenvolvimento.
Diante desse quadro, surgem as indagações: o que de_ fato representa
a_ transposição do Rio São Francisco para as populações ribeirinhas, para
o Nordeste e para o pais? O qüe-representa para os povos que vivem do
cerrado e das florestas tropicais o avanço das monoculturas de eucalipto,
cana-de-açúcar, soja, milho e outras plantações relacionadas ao agrocom-
bustivel? Quais as consequências da ênfase na matriz energética centrada
na hidroeletricidade para os que vivem às margens dos rios? Qual o estado
do saneamento e da saúde nas nossas cidades? O que dizer dos loteamentos
urbanos, das condições de trabalho nas fábricas e nas plantações?
As recentes descobertas de reservas de petróleo na camada pré-sal, no
litoral do estado do Rio de Janeiro, trazem ainda novas contradições. En-
quanto representantes de altos escalões do governo discorrem sobre o "novo
padrão de desenvolvimento",i a "era pós-fóssil", que indicaria um modelo
energético renovável na direção de uma sociedade sustentável, parece ficar
mais distante. O que se observa, não apenas no cenário politico, mas também
no ambiente acadêmico, é a reafirmação de receitas desenvolvimentistas que
fazem lembrar a ambiência pré-Eco '92. Em muitas situações e discursos, até
mesmo os adjetivos sustentável e ambiental parecem desaparecer.
16 DESENVOLVIMEN-0 E CONFLITOS AMBIENTAIS

Nesse sentido, a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente,


em 2008, pode ser lida como um indicador do ressurgimento de conflitos
entré visões desenvolvimentistas e ambientalistas que, até então, estavam
subsumidas pela categoria homogeneizadora de desenvolvimento sustentável.
Entretanto, a situação atual se delineia de forma diferente daquela vivida há
20 anos. O "ambientalismo" mostra-se mais dividido. Enquanto alguns con-
c__— - _
tinuam
_ a lutar para tornar as medidas da modernização ecológica
. realmente
eficientes,
_ outros
. vêm apontando os limites estruturais dessas estratégias.
Retoma-se uma-discussão sobre a insustentabilidade estrutural do modelo de
desenvolvimento urbano-industrial-capitalista, mesmo quando "ambiental-
mente adequado" (a esta sociedade). Os grupos tradicionais persistem na luta
pelo reconhecimento dos seus modos de vida e o direito de autonomia. Então,
o campo dos conflitos, arribientais,2 ponto central das_ contribuições nesta
coletânea, encontra-se caracterizado pela diversidade e pela heterogeneidade
dos atores e 'dos seus modos de pensai°.inundo e nele projetar o futuro. As
possibilidades diversas,- então gestadas pelos diferentes inconformismos e
resistências, sinalizam, positivamente, a continuada busca de uma sociedade
mais justa, igualitária e ambientalmente viável.

••
Este livro reúne as contribuições feitas por diferentes pesquisadores
do país e do exterior durante o I Seminário Nacional sobre Desenvolvimento
e Conflitos Ambientais 3 Elas permitem uma reflexão crítica ao chamado
paradigma da Modernização Ecológica, que orienta os discursos, debates
e ações hegemônicas do campo ambiental na atualidade. Longe de um dis-
curso uníssono, contudo, os autores expressaram as diversas possibilidades
que compreendem as investigações e as interações que recobrem sociedade,
natureza e meio ambiente, questionando, assim, as posturas homogeneiza-
doras que subsumem os complexos processos sociais e os diversos sujeitos
neles envolvidos.
Consequentemente, este livro pretendeu, então, reunir as reflexões
que provocassem um questionamento epistemológico das categorias hoje
correntes na pesquisa e na ação ambiental, notadamente desenvolvimento,
sustentabilidade, territorialidade, equidade, conservação, consenso, par-
ticipação, sociedade civil, gestão, entre outras. Esse questionamento com
vistas à produção de um conhecimento crítico revela-se atualmente ainda
mais pertinente frente à crescente explicitação, nos discursos oficiais e nos
órgãos de comunicação, da oposição entre desenvolvimento e meio ambiente.
Contraposição latente, mas camuflada nas últimas duas décadas, como visto
Desenvolvimento e conflitos ambientais: uni novo campo de investigação 17

anteriormente, pelo pretendido consenso gerado pela noção de "desenvolvi-


mento sustentável". Ao colocar em relevo as políticas vigentes no chamado
camp ' o ambiental, os autores refletem sobre os diversos conflitos ali ineren-
tes, problematizando, assim, concepções consagradas de forma acritica pela
pesquisa ambiental nas duas últimas décadas.
Em vários casos analisados, viu-se que, seapela ação do Estado, seja
pelas consequências_ das atividades econômicas voltadas à acumulação de
c---
apital— , a sustentabilidade das_ praticas de reprodução material e simbólica de
diferentes populações vê-se ameaçada. Em geral, essas populações _ constituem-
_ _
-se
_ em . agentes de conflitos ambientais, articulando variadas estratégias de
resistência. A reseriç_a do Estado, nos diferentes casos, mostra-se carregada
de eiedac iLevde um fado, surge como implementador das políticas conser-
vaçjpinas_ autocráticas que acirram conflitos ambientais; de outro, surge
como med,S12_r_tue, por vezes, se posta ao lado das populações atingidas. Essa
dubiedade pode ser interpretada como expressão da incidência dos conflitos
ambientais sobre o campo institucional das chamadas "políticas ambientais",
fato que evidencia a presença de brechas de contestação no interior da domi-
nação exercida pelo paradigma do desenvolvimento.
Por meio desses conflitos, portanto, exprimem-se as contradições do
agenciamento espacial de atividades e formas sociais de uso e apropriação dos
recursos territorializados. Algumas contribuições, neste livro, se referem aos
conflitos ambientais territoriais gerados, na maioria dos casos, pela fronteira
cle-errp—aT
isão da produção de commodities- que sechoca coma territorialidade
de gruposque têm na base de seus recursos elemento fundamental para a
suareProdução _ .. sociocultural, bem como para a sustentação de sua presença
nos embates em torno à natureza do desenvolvimento que se pretende para
o país.
No entanto, vale mencionar que, além desses conflitos ambientais de
cunho territorial, há situações em _que as práticas sociais de um grupo pror
yoca m efeitos ambientais negativos que afetam, através dos fluxos espaciais,
outros grupos, como o lançamento de poluentes no ar ou na água ia -conta-
minação de solos. A abrangência de tais efeitos, em muitos_ casos, é difusa,
com intensidades regionais variadas, que n'aro lao—clem ser circunscritas em
determinados territórios, seja em um sentido estritamente físico-geográfico
seja no sentido antropológico (das territorialidades). c..orif-LÀ
Assim, podemos dizer que os conflitos ambientais surgem das distintas 4
práticas de apropriação técnica, social e cultural do munAiin_aterial. Nesse
sentido, tais conflitos não se restringem apenas a situações em que determi-
nadas práticas de apro~au.e-n-aWsiejam em curso, mas se iniciam \
18 DESENVOLVIMENTO E CONFLITOS AMBIENTAIS

mesmo desde a concepçãoe/ou_ planejamento


_ de certa atividade espacial ou
territorimo revelam nossas análises_sobre o processo de licenciamento
ambiental
— _ - (Zhouri; Laschefski; Pereira, 2005). Tal fato nos leva à questão
das distintas visões sobre a utilização do espaço, as quais configuram a base
cognitiva para os discursos e as ações dos grupos envolvidos em conflitos
ambientais Os debates acadêmicos e políticos sobre as formas de apropriação
do espaço podem configurar o início de conflitos, quando consideramos que
a visão dominante é o ponto de partida para o planejamento. Como lembra a
crítica de Lefebvre (1991), qualquer planejamento, concepção ou represen-
tação do espaço é uma redução da realidade, conforme a percepção dos seus
idealizadores. Os conflitos se materializam quando essas concepções de espaço
são transferidas para o espaço vivido.
Dessa forma, a questão territorial ou espacial se encontra no cerne de
muitos conflitos ambientais que envolvem as relações entre poder e meio am-
biente no terreno. Nesse sentido, ainda que de forma breve, é proveito consi-
derar, para efeitos heurísticos, três tipos diferentes de conflitos ambientais.

-
Conflitos ambientaik»istributivosi

São conflitos que, manifestadamente, indicam graves desigualdades


sociais em torno do acesso e da utilização dos recursos naturais. Essa moda-
lidade de conflito marca os.- daiaTte—s ------------ internacionais desde o seu
surgimento. O Relatório Brundtland já enfatizava a questão da distribuição
dos recursos entre as gerações
- _ presentes e entre estas e. as gerações futuras.
.
Também a Agenda 21, apresentada pelas Nações Unidas corno resultado da
Eco '92, menciona que

(...) as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mun-


dial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos
países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo
e produção provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios (Nações
Unidas, 1992, p. 1).

Os estudos que visam quantificar tais desigualdades são abundantes.


Segundo o PNUD (1994), 20% da população_ mundial consomem 80%_ dos
recursos, enquanto somente 20% destes estariam acessíveis aos outros 80%
da população. Estimativas como essas se tornaram o ponto de partida para
as abordagens sobre o "espaço ambientar (Opschoor, 1992), ou ainda uma
abordagem semelhante que se refere à "pegada ecológica" (Wackernagel;
Desenvolvimento e conflitos ambientais: um novo campo de investigação 19

Rees, 1996), que tem como objetivo calcular, de forma mais detalhada, o
superconsumo do "Norte" às expensas do "Sul". A ONG Amigos da Terra cal-
culdu que o "espaço ambiental"4 da Holanda, em 1993, era aproximadamente
15 vezes maior do que o seu próprio território (Buitenicamp et al., 1993).
ida-e----"
Essa (!díi-t- colLfigic-a"(Martínez-Alier, 1999, p. 216) dos países ricos
poderia, entãci:Ser vista como um contrapeso à dívida econômica dos países
pobres. Esse conceito combinou a crítica dos limites do crescimento do atual
modelo de desenvolvimento com a questão da justiça entre "Norte" e "Sul", o
que permitia também a vinculação da questão ambiental com as abordagens
dos teóricos latino-americanos ao analisarem a dependência estrutural dos
países "da periferia". Dessa forma, alguns autores utilizam o conceito de troca
econômica-ecológica desigual (Montibeller, 2004; Rice, 2007; Roberts; Parks,
2008) como_ alegoria ao termo "troca socioeconômica desigual",. _ usado pela
escola da teoria da dependê:na-à. Ségundo essas abordagens estruturalistas, a
rédnção do consumo nos países ricos seria necessária como forma de permitir
que os países "dependentes" consigam elevar o consumo interno para garantir
as condições dignas de vida para toda a população. A esse proposito,du4)
(1999) sublinhou as desigualdades sociais internas em países como o Brasil,
lembrando quea s i.rst
jáji_Lião se refere necessariamente às diferenças entre
Estado-nações, mas, de modo geral, às elites ricas que vivem à custa do espaço
ambiental dos segmentos mais pobres no seu próprio pais.
_ .
Cabe destacar que os estudos que abordam o "espaço ambiental" e a
‘`pegada ecológica" focalizam os conflitos ambientais distributivos apenas
de forma abstrata e quantitativa. Eles fornecem, portanto, subsídios às abor-
dagens que visam à transformação da sociedade industrial, questionando o
consumo material nas sociedades ditas modernas.
_
Entretanto, é necessário salientar algumascdiferençal no que se refere
ás soluções propostas a partir desse referencial. Uma linha de argumentação
-destaca a necessidade de mudanças tecnológicas no âmbito da "moderniza-
ção .ecológica", defendendo abordagens vinculadas à economia ambiental
baseadas em teorias econômicas clássicas ou neoclássicas. Para a reestru-
turação das sociedades urbano-industriais em direção à "sustentabilidade",
seria preciso uma revolução da "eficiência" na produção industrial a fim de
se pouparem recursos naturais e energia. Essa abordagem não questiona o
modelo capitalista ou sequer o modelo de industrialização. Ao contrário,
a produçacnte-novirfiéruilogias "limpas" é entendida como resultado de
investimentos de empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), os quais
apenas poderiam ser garantidos por meio do crescimento econômico. Assim,
20 DESENVOLVIMENTO E CONFLITOS AMBIENTAIS

sustenta-se o modelo atual pela defesa das chamadas indústrias limpas como
fontes geradoras de emprego assalariado, bem como a subsequente geração
de mércados como meio de inserção social.
Outras vertentes chamam atenção para o fato de que o sistema capitalista
- e suas contradições - seria o responsável_pela desigualdíae na_ —cirst.gtuição
dos recursos e sua concefitração nas mãos de alguns poucos. Consequente-
mente, tais vertentes elaboram o discurso da troca ecológica-desigual para
reivindicar a superação do cápit_alismo por um sisterha ecossocialist
Para amenizar os conflitos entre essas linhas de pensamento, algumas
propostas defendem que, além da revolução da eficiência, seria igualmente
necessária uma revolução da "suficiência", para se repensar o conceito de
crescimento econômico e o consumo ilimitado como parâmetros de quali-
dade ,de vida nas sociedades modernas. Assim, promovem-se valores que
sustentam "estilos de vida solidários", baseados em princípios do "bem viver
ao invés do muito possuir" (Loske; Bleischwitz, 1996; Weizsãcker; Lovins;
Lovins, 1997).
Contudo, os_ conflitos ambientais distributivosAjo se restring_em apenas
ao nível discursivo dos grandes debates ambientais. No mundo real, há inú-
,
meros conflitos que —envolvem o acesso aos recursos das florestas, da agua„dos
minérios,
_ entre outros. Um dos exemplos mais ilustrativos remete à guerra
no Iraque, em que o acesso ao petróleo pelos países industrializados configura
um fator de suma importância. Outros exemplos remetem àquelas situações
envolvendo o acesso à água entre Estados Unidos e México (exploração do
Rio Colorado para a irrigação na Califórnia), Turquia e Síria (construção da
barragem Ataturk para fins de irrigação) e entre Jordânia e Israel (conflito
sobre o acesso da água do Lago Genezaré). Nesse sentido, esta coletânea apre-
senta análises dos conflitos sobre a água no espaço urbano bem como os casos
concretos em torno da transposição do Rio São Francisco, o regulamento da
pesca e suas consequências para os ribeirinhos desse rio.
Outro exemplo remete aos agrocombustíveis no contexto do debate sobre
matriz energética e mudanças climáticas. Nesse caso, os conflitos ambientais
distributivos se referem a um sistema agroexportador que fornece combustí-
veis para os países desenvolvidos, ou melhor, as camadas sociais mais ricas,
enquanto grande parte da população, nas áreas de origem, não só será privada
do acesso a essa mercadoria tão valorizada, como terá a base material da sua
própria existência comprometida. No entanto, a questão não se esgota. Pelo
contrário, remete ainda a outro tipo de conflito em torno das necessidades
extensionistas por parte dos agrocombustíveis, quer dizer, a demanda por
Desenvolvimento e conflitos ambientais: um novo campo de investigação 21,

grandes extensões de terra, o que acaba se configurando como outra moda-


lidade de conflito, os conflitos ambientais territoriais (ver adiante). Antes,
poren, da discussão territorial propriamente dita, cabe ressaltar, para melhor
compreensão, a natureza espacial dos conflitos ambientais.

Conflitos ambientais espaciais

Os conflitos ambientais espaciais abrangem aqueles causados por efeitos


ou im actos ambientais que ultrapassam os limites entre os territórios—de
diversos agentes
. ougrupos sociais, tais coma emissões gasosas, poluição da
água etc. Trata-se, assim, de conflitos quelko girgem,em torno de disputas
ferritoriais entre grupos com modos distintos de ,apropriaçãodução
d-o—eir-
o4-To:S-i-tnação que configura um conflito ambiental territoriaP, como
serldiscutido em seguida. A questão da chuva ácida, oriunda de emissões de
compostos de enxofre SO„ (formando o ácido sulfúrico) na Europa Continen-
tal, que afetaram os lagos na Escandinávia, o acidente, em 1984, na indústria
química da Union Carbide India Limited, localizada em Bhopal, índia, que
resultou em 3.800 vítimas fatais, a catástrofe nuclear de Chemobyl, em 1986,
e o problema do desaparecimento das ilhas-nações no Oceano Pacífico, por
causa das mudanças climáticas, são exemplos de impactos ambientais que
provocaram conflitos em nível internacional. Esses conflitos contribuíram
para a emergência e a consolidação de sujeitos sociais, os movimentos ambien-
talistas dos anos 1970 e 1980 que, para alguns, até pareciam configurar uma
força transformadora da sociedade urbano-industrial.
Nesse sentido, merece destaque_omovimento pela¡Justiça_ Ambiental,.
_
que surgiu nos .anos 1980, nos Estados Unidos, embora não esteja restrito
apenas aos grup—o-s- envolvidos em conflitos ambientais espaciais. O movi-
mento pela Justiça Ambiental tem sido marcado pelo objetivo de. elaborar_
urna agenda comum entre as inúmeras lutas localizadas contra diversos
conflitos emtairili5-65-tratarnento de esgoto, poluição industrial,
_ lixo tóxico,
incineradores;alérif_ dás condições
- insalubres
. de trabalho etc., em que os
envolvidos se sentem, enfim, privados dos_ seus direitos. De fato, as ativi-
dades causadoras de impactos ambientais são, frequentemente, localizadas
em áreas ocupadas pela população mais marginalizada e vulnerabilizada da
cidadania, ou seja, as camadas sociais de baixa renda, as quais coincidem,
muitas vezes, nos Estados Unidos, com as comunidades afro-americanas,
amerindias e asiático-americanas. O eixo comum das atividades desse
movimento heterogêneo tem sido a denúncia e a luta contra — a injustiça mia
22 DESENVOLVIMENTO E CONFLITOS AMBIENTAIS

desigualdade ambiental, evidenciando, assim, seu caráter de conflito social.


-~Easo, a abordagem da Justiça Ambiental difere daquelas comumente
encontradas entre os ambientalistas "clássico;;', que se concentram nas
questões
, técnicas ou administratiVas- Paa s011iCIonar os_
-impactos ambien-
_
tais ou preservar a natureza.
Acselrad (2004b) parece entender que o movimento pela Justiça Am-
biental, num contexto global, poderia representar um contrapeso à expansão
do capital. Atualmente, no contexto da globalização econômica, o capital
retira a sua força da "C..) capacidade de se deslocalizar, enfraquecendo os
atores sociais atuais menos móveis - governos locais e sindicatos, por exem-
plo - e desfazendo, pela chantagem da localização, normas governamentais
urbanas ou ambientais, bem como as conquistas sociais" (Acselrad, 2004b,
p. 34). Contudo,

os grupos sociais que resistem a essa divisão espacial da degradação ambien-


tal dificultam, consequentemente, a rentabilização esperada dos capitais, ao
reduzir para estes a liberdade de escolha locacional e o índice de mobilidade
-cl-e-s-eqs componentes técnicos. As lutas por justiça ambiental mostram assim
to—cii a sua potência como barreira organizada a este instrumento de subordi-
nação política próprio à acumulação flexível: a mobilidade espacial dos capitais
(Acselrad, 2004b, p. 34).

De outro lado, Harvey (1996) sublinha situações contraditórias em quee


as lutas contra determinadas instalações industriais não raramente são. -
ciadas por membros da classe média, os quais, por sua vez - mesmo irisando à
defesa dos direitos dos mais fracos-, se encontram em situações conflituosas
com as classes operárias e desempregadas_ que temem justamente o desloca-
-
mento do capitaLdiminuindo, assim, a possibilidade de obter ou manter o
emprgo. Para os últimos, os possíveis efeitos de uma contaminação para a
saúde são frequentemente vistos como algo distante e abstrato.
No mesmo gentido, as próprias vítimas da exposição a substâncias que
afetam' a saúde, que denunciam urna situação de injustiça, pão .necessaria-
mente questionam a existência da fágrica em si, solicitandosimplesmente a
sua deslocalização. A construção de uma rede de solidariedade intraclasse ou
int-agiu—POtem- sido colocada, então, como um dos desafios para o movimento
Pegjürça faliental. Outro aspecto refere:se ao fato de alguns conflitos
ambientais espaciais em torno da poluição emitida por estabelecimentos
industriais poderem ser resolvidos por meio da "modernização ecológica". A
titulo de exemplo, cita-se a instalação de tecnologias ambientais, como filtros
ou Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). No caso de produtos com alto
risco socioambiental - tal como o amianto utiliza- 6 na construção civil -,o
Desenvolvimento e corflitos ambientais: um novo campc de investigação 23

conflito pode ser resolvido com a substituição por outros produtos, sem que
a indústria em si seja questionada.
As lutas em torno dos conflitop arn entais espaciais são, portanto,
bastante heterogêneas. O que 1 a Harvey 96) aq_res_ponar
u as
. militâncias
_
particulares
_ contra
_ um lixão aqui ou uma fábrica acolá, dinâmickque, na sua
concepção, desafia o movimento pela Justiça Ambiental no que concerne à I I
elaboração de um prOjeto comum de transformação da sociedade.
_
Há que se observar ainda que, no caso de uma luta que se concentra no
fechamento ou na deslocalização de uma atividade causadora de impactos
ambientais, os processos podem também desencadear uma transformação
em direção a um conflito ambiental territorial. Essa é a situação que envolve
os atingidos por contaminação, ou por exposição a uma emissão ameaçadora
para a qualidade de vida, que se sentem obrigados a se deslocalizar.

Conflitos ambientais territoriais

Em principio, os conflitos ambientais territoriais marcam situações,


em que existe sobreposição de reivindicações de diversos segmentos sociais,
portadores de identidades e lógicas culturais_diferenciadas, sobre o mesmo
recorte_espacial - por exemplo, área para a implementação de uma hidrelé-
trica versus territorialidades da população afetada. A diferença em relação
aos conflitos sobre a terra é que os grupos envolvidos apresentam modos _ _
distintos de produção dos seus territórios, o que se reflete nas variadas for-
mas de apropriação daquilo que chamamos de natureza naqueles recortes
espaciais
Considerando a expansão dos agrocombustiveis para a substituição
dos derivados do petróleo, matéria-prima das mais relevantes para a indus-
trialização, enfocam-se os conflitos_e~pop hegemônicos da sociedade
urbano-industrial-capitalista e os grupos chamados tradiciotie não são
ou—aífenas parcialmente encontram-se inseridos nesse modelo de sociedade.
Para os últirnos, a cOm
- unidade e o território, com siras—c-a—racteristicas físicas,
representam uma unidade que garante a produção e a reprodução dos seus
modos de vida - entendidos em suas facetas econômicas, sociais e culturais -,
algo que resulta numa forte identidade com o espaço onde se vive. A socie-
dade urbano-industrial-capitalista, por outro lado, é caracterizada por uma
forte divisão do trabalho e pela individualização dos sujeitos sociais que se
relacionam em grande parte através da mediação do mercado. O progresso
tecnológico e a criação de redes para trocas de produtos, com inúmeros inter-
mediários, resultam num distanciamento físico e na consequente alienação
24 DESENVOLVIMENTO E CONFLITOS AMBIENTAIS

dos indivíduos em relação à base territorial necessária para a reprodução


de seus modos de vida. Um dos efeitos disso é a ilusão de que a sociedade
esteja se livrando dos constrangimentos ecológicos, ou seja, uma concepção
desmaterializada da vida na modernidade. Embora os sujeitos ditos moder-
nos possam desenvolver identidades territoriais ou mesmo multiterritoriais
nos domínios político-econômico ou sociocultural, o território físico por eles
apropriado tornou-se uma abstração fora da experiência vivida no cotidiano.
A organização e o planejamento territorial são transferidos às instâncias ditas
públicas, que controlam, numa relação dialética com o setor empresarial, os
fluxos e fixos nos territórios de sua responsabilidade (território no sentido
clássico do Estado-nação). Porém, as empresas, ao ampliarem suas atuações
para além dos limites dos territórios nacionais, ganharam e ganham em força
por meio do processo de globalização econômica. Elas se tornaram agentes
independentes que criam suas próprias espacialidades e territorialidades,
seja na busca de novos mercados de consumo ou de localizações para as suas
unidades produtivas, além de áreas de exploração de matéria-prima. No atual
regime de acumulação flexível, a territorialidade empresarial está cada vez
Mais caracterizada por temporalidades, ou seja, por desterritOriali- z-ações e
reterritorializaçees. A chantagem da deslocalização, ou melhor, a—arneata do
rompimento dos seus contratos e compromissos sociais - como empregadOres,
assim como contribuintes para o orçamento público, com todos os setores
produtivos e serviços ligados a eles) -, tornou-se a arma poderosa para que os
Estados cedam às demandas territoriais das corporações. A condição básica
para essa dinâmica territorial empresarial é a transformação do espaço em
_
unidades de_propriedades
___ privadas que_ possam ser comercializadas como mer-
_
----
cadorias, avaliads p seu valor de troca e cada vez menos pelo seu valor de
aelo
_
uso. Porém, também não pode ser negligenciado o papel dos próprios Estados,
-
cai-ri-pedindo entre si para atrair o capital externo, facilitam a aquisição.
de terrenos através da isenção de taxas e impostos ou dispor.ibilizando teu-as
publicas/devolutas para o setor privado, na forma de concessões, com a fina-
lidade de exercer determinadas atividades econômicas. Essa atitude é quase
sempre justificada sob o argumento de estímulo ao crescimento econômico
para a geração de emprego.
Com efeito,
_ .é nesse contexto que o Estado muitas vezes se alia aos
segmentos do capital contra as territorialidades dos outros grupos existentes
no interior da nação, tais como os povos indígenas, os quilombolas e outros
povos tradicionais. A regulação fundiária direcionada por um ideal de
desenvolvimento que prevê a integração daquelas comunidades ao sistema
__
Desenvolvimento e confhtos ambientai um novo campo de investigação 25

urbano-industrial-capitalista frequentemente acaba em um processo que.


Harvey (2005) chama de "acumulação por espoliação
t.
Na prática, tal processo se reflete na -rrionoculturização ambiental e
social do espaço, gerando um mosaico de parcelas territoriais destinadas à
produção de matérias-primas inseridas em cadeias de produção de mercado-
rias específicas. Surgem aglomerações urbanas com as suas territorialidades
múltiplas (dentro da lógica urbano-industrial-capitalista) que dependem, além
das cidades construídas, de áreas destinadas exclusivamente para a produção
de soja, frutas: milho, eucalipto ou áreas da extração de minérios, produção de
energia (hidrelétricas), em redes de fluxos com abrangência regional, nacional
ou mesmo globais, configurando, assim, os territórios dinâmicos do sistema
urbano-industrial-capitalista.
Os conflitos_ambientais
. territoriais surgem, então, qua.n
. .do
. esse siste-,
ma de apropriação do espaço, com suas consequências sociais e ambientais,
choca-se com os territórios gerados por grupos cujas formas de uso depen-
ae—m, em alto grau, dos ritmos de regeneração natural do meio. utilizado. Com
frequência, taisformas de uso são vinculadas a uma socialização do grupo
em princípios de reciprocidade e coletividade mais do que competitividade:
O território é entendido como patrimônio necessário pari a produção _ e
reprodução que garante a sobrevivência
_ da comunidade como um todo.
Odeslocamento 9u a remoção desses grupos significa, frequente-
mente, não apenas a perda da terra, mas uma verdadeira desterritorialização,
_ _ com condições físicas diferentes, pp.2_
pois muitas vezes a novalocalização,
_
permite
. a retomada
_ .dos
. modos de vida nos locais de origem, sem contar o
desmoronamento
_ _ da memória e da identidade centradas-n-OS-lugares. Assim,
as comunidades perdem literalmente a base material e simbólica dos seus
modos de socialização com a sua desestruturação. É questionável, portanto,
a tese de Haesbaert (2007) de que a desterritorialização resultaria numa
reterritorialização - processo da desterritorializaçãolreterritorialização
-, pois se vislambra, nesses casos, no máximo, urna nova territorialização
forçada, que impõe uma mudança social profun—da—eniróliiaido-tainbein a
transformação das relações dos grupos com seu novo "meio ambiente".
Contudo, concordamos com Haesbaert (2007) sobre o fato de que a dester-
ritorialização não é um estado final e permanente de um processo, pois,
mesmo os sem-teto, os sem-terra e outros grupos minoritários estão se
territorializando precariamente e lutando por territórios mínimos que
permitam uma vida com dignidade.
26 DESENVOLVIMENTO 5 CONFLITOS AMBIENTAIS

Em resumo, entendemos que a luta de grupos não inseridos, ou apenas


parcialmente inseridos, no sistema urbano-industrial-capitalista contra a
desterritorializaçâo está frequentemente vinculada com o çuestionamento
do modelo de desenvolvimento hegemônico, fenômeno que conduz alguns
pesquisadores latino-americanos a refletir sobre o processo de "colonialida-
de" do pensamento moderno (Lander, 2005; Mignolo, 2003). A análise dos
conflitos ambientais territoriais apresenta-se, pois, como um grande desafio,
que remete, inclusive, aos fundamentos da produção do conhecimento na
academia contemporâneamente.
Vale lembrar que,— em geral, se observa uma dinâmica dialética entre os
çonflitosambientais territoriais, esjaciais e distributivos. Em muitos casos, os
vários tipos de conflitos coexistem e alguns podem até provocar consequências
que pertencem a um outro tipo. Um exemplo é quando a qualidade de vida de
um determinado grupo é tão comprometida que a única solução possível é o
seu deslocamento para outro local, fato que pode transformar radicalmente
o seu modo de vida. Aqui os conflitos podem desencadear dinâmicas que são
ao mesmo tempo espaciais, distributivas e territoriais.
Apesar dos limites reais de toda classificação, uma tipologia dos con-
flitos permite, para fins analíticos, certa visualização quanto à forma e à
profundidade do enfrentamento entre os grupos envolvidos e as possibili-
dades reais da sua conciliação ou solução. Dessa forma, as questões relativas
à poluição/contaminação podem, muitas vezes, ser solucionadas através de
meios técnicos
_ dentra-da_lõ_gica_da_modernização ecológica (substituição
de produtos cancerígenos, instalações- -de filtros- ou- técnicas de tratamento
de água/esgoto etc.). Em relação aos conflitos distributivos; ,que são vincu-
lados à questão dos modos de produção, de circulação e de consumo, há. a
possibilidade do enfrentamento por vias econômicas neoclássicas/neolibe-
rais, keynesianas ou marxistas. Ou seja, abordagens que envolvem pensar o
papel do EStado e do mercado como instituições reguladoras da sociedade
rho-derna e que podem se traduzir, em última instância, em estratégias
clássicas de transformação da sociedade capitalista. Finalmente, no . . caso
_
de conflitosambientais territoriais, entre grupos com modas diferenciados
a. —r-b-P-riação do meio, o estabelecimento de compromissos ou consensos
de- --p
se torna extremamente difícil, iniia—v-ez que, frequentemente, eles colocam
em jogo racionalidades distintas. Tais conflitos revelam, em geral, modos
diféfé-nCiaãos d —xis-tência que colocam em questão o próprio conceito de
desenvolvimento, assim como expressam a luta pela autonomia de grupos
que resistem ao modelo de sociedade urbano-industrial e às instituições
reguladoras do Estado moderno.
Desenvolvimento e conflitos ambientais: um novo campo de investigação 27

••
, Tendo como referência essas modalidades de conflitos ambientais, esta
coletânea encontra-se organizada em quatro partes. A primeira delas, "Inserção
do Brasil na economia-mundo e conflitos ambientais", traz contribuições
de Henri Acselrad e Gustavo das Neves Bezerra sobre o processo de difusão
de técnicas de "resolução de conflitos ambientais" na América Latina, seus
esquemas de construção da realidade, bem como o modo como qualificam
a problemática ambiental. O texto de Klemens Laschefski, "Agrocombus-
tíveis: a caminho de um novo imperialismo ecológico?", discute o papel dos
agrocombustíveis como alternativa energética para a solução às mudanças
climáticas em nível mundial, acentuando os problemas sociais e ambientais
gerados pela expansão das monoculturas de cana-de-açúcar, entre outras. Em
"Amazônia: território do capital e territórios dos povos", Jean Pierre Leroy
analisa as disputas materiais e simbólicas entre o capital e os grupos locais
da Amazônia, evidenciando o totalitarismo presente nas diferentes formas
de apropriação do território pelo mercado e os conflitos gerados por essa
apropriação Tratando o desenvolvimento como expressão da acumulação de
capital em grande escala, ampliação da economia mercantil, apropriação de
terras, de rotas e de recursos, Arsênio Oswaldo Seva Filho relaciona a emer-
gência dos conflitos à inserção do Brasil na economia-mundo, focando sua
análise nos problemas intrínsecos e graves da expansão petrolífera, mineral,
metalúrgica e hidrelétrica nas Amazônias. Encerrando essa seção, Raquel
Maria Rigotto, Alice Maria Correia Pequeno Marinho, Ana Ecilda Lima
Ellery, José Levi Furtado Sampaio e Soraya Vanini Tupinambá discutem os
aspectos históricos dos modelos de produção da região do Baixo Jaguaribe,
Ceará, dando enfoque ao recente processo de modernização agrícola e às
transformações que o agronegócio da fruticultura promove no território de
vida das comunidades humanas da região.
A Parte 2 é intitulada "Conflitos ambientais, gestão e apropriação
dos recursos naturais". Contrário à redução da dimensão do conflito pela
perspectiva técnico-administrativa, José Esteban Castro faz uma análise
interdisciplinar dos conflitos pela água em áreas urbanas do México, conflitos
estes marcados por situações de injustiça ambiental. Norma Valencio realiza
uma análise sociológica e crítica da interlocução de pescadores artesanais,
portadores de uma identidade territorializada em trecho do Rio São Francisco,
e os denominados agentes da modernidade, portadores do conhecimento
especializado, chamando atenção para o processo de desacreditação pública da
pesca artesanal. O texto de Antônio Jeovah de Andrade Meireles e Luciana de
Souza Queiroz sintetiza os danos socioambientais da monocultura de camarão
no litoral do Nordeste do Brasil, atividade econômica que tem mercantilizado
28 DESENVOLVIMENTO E CONFLITOS AMBIENTAIS

espaços vitais para comunidades tradicionais. A partir da questão "desenvolver


ou crescer sem envolver?", o artigo de Doralice Barros Pereira e Marina de
Oliveirta Penido promove uma discussão sobre desenvolvimento econômico
em detrimento de direitos e valores humanos. As autoras discorrem sobre
movimentos de desterritorialização e reterritorialização que caracterizam
conflitos socioambientais a partir de empreendimentos hidrelétricos. Já na
região amazônica, ao considerar as dinâmicas de territorialização vivenciadas
no Vale do Médio/Baixo Rio Trombetas, Maria Célia Nunes Coelho, Luis Hen-
rique Cunha e Luiz Jardim de M. Wanderley analisam os conflitos relativos aos
usos dos recursos naturais naquela região, ponto de encontro entre mundos
sociais distintos: de um lado, as populações quilombolas e ribeirinhas e, de
outro, grandes empreendimentos de exploração mineral.
Na Parte 3 do livro, "Políticas públicas e participação", Léo Heller, Ana
Paula Barbosa Vitor de Oliveira e Sonaly Cristina Rezende discorrem sobre
conflitos relativos à prestação dos serviços de saneamento como política
pública, analisando, em especial, o caso dos conflitos institucionais em
torno do abastecimento de água e do esgotamento sanitário no Brasil. Já
Sonia Oliveira, com base em dados sobre as Regiões Metropolitanas do Rio
de Janeiro, Belo Horizonte e Recife, analisa as diferenças existentes no que
se refere aos serviços de saneamento oferecidos nessas regiões, enquanto
Severino Soares Agra Filho analisa os problemas dos principais instrumentos
da política ambiental no Brasil, tendo em vista a perspectiva de resolução
de conflitos ambientais. Finalizando essa parte, Franklin Daniel Rothman
faz uma análise da assimetria nas relações de poder entre dois projetos de
desenvolvimento na região da Zona da Mata, em Minas Gerais: de um lado,
o dos agricultores familiares e das entidades de apoio e, de outro, o projeto
das grandes mineradoras. O autor reflete ainda sobre as possíveis estratégias
de articulação em redes dos movimentos sociais rurais e organizações não
governamentais na região.
A quarta e última parte desta coletânea trata dos conflitos ambientais
e processos de territorialização. Alfredo Wagner Berno de Almeida identifica,
a partir da coalisão de estratégias empresariais, uma campanha de desterri-
torialização na Amazônia que limita os direitos territoriais e controla o uso
dos recursos genéticos de povos e comunidades tradicionais. Os processos
de territorialização e conflitos sociais no uso dos recursos ambientais pelo
povo Awá-Guajá em área da antiga reserva florestal do Gurupi são tema do
artigo de Eliane Cantarino O'Dwyer, em análise realizada a partir do laudo
antropológico produzido para o processo judicial sobre o caso em questão.
Numa perspectiva urbana, Eder Jurandir Carneiro, Dayse de Souza Leite e
Denis Pereira Tavares analisam os aspectos da tentativa, por parte das elites
Desenvolvimento e conflitos ambientais: um novo campo de investigação 29

econômicas e políticas da cidade de São João del-Rei, em Minas Gerais, de


uma reconfiguração material e simbólica do território urbano do município,
relationada às iniciativas de empresariamento urbano que têm tido lugar
em diversas cidades do Brasil e do mundo. Por fim, Andréa Zhouri e Raquel
Oliveira, a partir das experiências de pesquisa em Minas Gerais, sobretudo
no que se refere aos processos de licenciamento ambiental de barragens
hidrelétricas, refletem sobre as categorias de espaço, lugar, território e
identidade para analisar os movimentos de resistência ao avanço do espaço/
capital sobre os lugares — territorialidades distintas — dos moradores do Vale
do Jequitinhonha.

Notas
1AQUINO, Y.; LIMA, D. Dilma diz que recursos do Pré-sal vão acelerar redução da pobreza.
In: AGÊNCIA BRASIL, 29 set. 2009. Disponível em: http://www.agenciabrasil.gov.br/
noticias/2009/09/29/materia.2009-09-29.3397896837/view. Acesso emi 28 out. 2009.
\
2 A noção de conflitos ambientais surgiu na corrente da ecologia política crie se preocupava com a
justiça ambiental, movimento que surgiu nos anos 1980, nos Estados Unklos (Robbins, 2004).A
discussão foi trazida para o Brasil por Henri Acselrad (2004).
3 O I Seminário Nacional sobre Desenvolvimento e Conflitos Ambientais foi realizado pelo Grupo
de Estudos em Temáticos Ambientais (Gesta) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
no período de 2 a 4 de abril de 2008, na UFMG, em Belo Horizonte.
4 C) espaço ambientà é definido pela quantidade de energia, recursos não-renováveis, água, madeira
e área cultivada com produtos agricolas.

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