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03/03/2023 19:10 Estudando: Desenvolvimento Sustentável | Prime Cursos

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Estudando: Desenvolvimento Sustentável

Ambiente e Desenvolvimento
A preocupação com a deterioração ambiental, que se manifestou aos finais da década de 1970, trouxe
implícita uma violenta crítica ao conceito de desenvolvimento dominante, no qual prevaleciam aspectos
econômicos, em particular a idéia de crescimento. Nesta perspectiva, o crescimento/desenvolvimento era
negativo, havia adquirido um caráter cancerígeno, e a sobrevivência da espécie humana e do planeta requeria
que os crescimentos explosivos, tanto o populacional como o da economia, deviam terminar. Difundiu-se,
assim, a expressão "crescimento zero", de claro caráter malthusiano (1).

O malthusianismo sustenta que a população aumenta em proporção geométrica, enquanto os recursos


disponíveis para a subsistência crescem apenas em proporção aritmética. A população aumenta, portanto, até
mais além do limite de subsistência, fenômeno que apenas o próprio ser humano, a guerra e as enfermidades
podem conter. Então, para o malthusianismo, a possibilidade de aumento sustentado da população encontra
um limite no caráter finito dos recursos disponíveis.

Ante esta teoria, outras propuseram uma visão do conceito de desenvolvimento que explicitasse explícitas
suas múltiplas dimensões, entre elas a ambiental.

A polêmica do desenvolvimento

Conforme mencionado, os anos sessenta e setenta foram testemunhas de uma crítica cruel ao
desenvolvimento (crescimento) visto por alguns como primeira causa da deterioração ambiental. No entanto, a
década de 1980 presenciou o esgotamento e o retrocesso do bem-estar de uma grande parte da
Humanidade. A falta de crescimento econômico impediu o desenvolvimento e se traduziu em maior pobreza,
causando, além disso, uma maior pressão sobre o sistema natural, última fonte de subsistência, assim como
de recursos para o desenvolvimento.

Em meados dos anos 80, promoveu-se o conceito de desenvolvimento em escala humana, construído sobre
uma interessante proposta de Max-Neef, Elizalde e outros (1986). Esse desenvolvimento se sustenta "na
satisfação das necessidades humanas fundamentais, na geração de níveis crescentes de autodependência e
na articulação orgânica dos seres humanos com a natureza e com a tecnologia, dos processos globais com
os comportamentos locais, do pessoal com o social, do planejamento com a autonomia, e da sociedade civil
com o Estado". Junto a esse conceito, trabalhou-se também o de pobreza, passando da noção clássica e
estritamente econômica (que se refere à situação das pessoas que se encontram abaixo de determinado nível
de renda) a uma noção ampla que abrange a ausência de satisfação de necessidades humanas
fundamentais: pobreza de subsistência (por alimentação e abrigo insuficientes); de proteção (por sistemas de
saúde ineficientes, por violência, carreira armamentista, etc.); de afeto (devido ao autoritarismo, à opressão,
às relações de exploração do ambiente natural, etc.); de entendimento (pela baixa qualidade da educação); de
participação (pela marginalização e pela discriminação das mulheres, das crianças e das minorias); de
identidade (pela imposição de valores alheios a culturas locais e nacionais, pela emigração forçada, pelo exílio
político, etc.); e assim sucessivamente.

Posteriormente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD, difundiu o conceito de
desenvolvimento humano, definido como o processo de ampliação da gama de opções para as pessoas,
oferecendo-lhes maiores
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O "índice de desenvolvimento humano" - IDH - combina Ok indicadores de esperança de vida, educação, e

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rendas. O PNUD sugeriu um índice de liberdade humana e política (ILH) para avaliar a situação em matéria
de direitos humanos, índice que foi posteriormente revogado por desacordo de alguns países.

Em todo caso, estamos de acordo com Bifani (1997), quando afirma que hoje, em função das diversas
perspectivas sob as quais pode ser analisado o conceito de desenvolvimento é difícil de definir. No entanto,
poder-se-ia afirmar que sempre está associado ao aumento do bem-estar individual e coletivo. Embora esse
aspecto tenda a ser medido exclusivamente pelas magnitudes econômicas, é cada vez mais evidente a
importância que se atribui às outras dimensões, como o acesso à educação e ao emprego, à saúde e à
segurança social ou a uma série de valores tais como a justiça social, a eqüidade econômica, a ausência de
discriminação racial, religiosa ou de outra natureza, a liberdade política e ideológica, a democracia, a
segurança e o respeito aos direitos humanos, e a qualidade e a preservação do meio ambiente.

No entanto, a problemática do desenvolvimento geralmente é considerada como econômica e política e a


tarefa de alcançalo tem sido responsabilidade de economistas e políticos. Entre estes tem sido freqüente
considerar que a industrialização é o meio através do qual é possível obter níveis superiores de
desenvolvimento ou, em outros termos, aceita-se comumente que as sociedades desenvolvidas são aquelas
que têm experimentado mudanças estruturais que as têm levado de uma economia predominantemente
agrária a outra na qual as atividades dinâmicas e dominantes são as fabris e de serviços. Então, a partir dos
finais da década de sessenta é enfatizada a dimensão social do desenvolvimento e fala-se de
desenvolvimento econômico e social.

Contudo, é um fato evidente que a maioria das interpretações tende a privilegiar um conceito de
desenvolvimento no qual se destaca a idéia de crescimento econômico, medido pela expansão do produto
nacional bruto. Esse enfoque, que tem dominado a ação política e a gestão econômica, parecia não haver
permitido alcançar plenamente seus objetivos. A frustração, a impaciência e o desespero manifestam-se
abertamente, aumentando a inquietação social, embora por motivos diferentes, em países desenvolvidos e
em desenvolvimento.

Os primeiros parecem não alcançar nunca o horizonte denominado "qualidade de vida", em favor do qual
sacrificam muitas vezes sua própria liberdade como pessoas, quando não sua saúde, agredida constante e
sutilmente através dos numerosos e excessivamente processados alimentos que consomem. Quanto aos
países em desenvolvimento, tampouco alcançam seu horizonte, neste caso o de uma existência digna, pois
vêem como as cifras macroeconômicas deixam-lhes sempre em uma posição marginal.

Neste contexto de desenvolvimento, situa-se o conceito de sustentabilidade, que reconhece as condições


ecológicas, sociais e culturais para manter um crescimento econômico, que não se dá sozinho.

Não se pode, portanto, dissociar a sustentabilidade físico-natural da socioeconômica, já que os dois tipos de
ambiente estariam no mesmo sistema global.

O conceito de sustentabilidade tem duas vertentes principais: a referente ao ambiente físico-natural e


a referente ao ambiente socioeconômico.

Sustentabilidade e recursos

Os recursos a serem realmente considerados quando se aplica o conceito de sustentabilidade são aqueles
que, sendo renováveis, podem-se esgotar caso sejam explorados num ritmo superior ao de sua renovação.
Seu uso sustentado é regido pelas leis da ecologia, e quando esses recursos são explorados num ritmo
excessivo, sofrem perturbações que impedem sua renovação (por exemplo, a impossibilidade de recarga de
um aqüífero) e os convertem em recursos não renováveis.
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Os recursos não renováveis, tanto para prover materiais quanto como fonte de energia, por existirem em
quantidades finitas, estabelecem problemas relacionados com o esgotamento dos próprios recursos, a
eliminação direta de comunidades e ecossistemas, a perda de recursos culturais (por exemplo, as jazidas

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arqueológicas) no processo de extração, e os efeitos indiretos da exploração, como a contaminação produzida


nos trabalhos de transporte e na transformação do produto base em produto útil. Em todo caso, a
sustentabilidade não é aplicável a esses recursos.

Se combinamos os aspectos teóricos da sustentabilidade ecológica com as conclusões da Conferência do Rio


de Janeiro em 1992, é possível fazer uma síntese dos principais problemas que apresenta a gestão
sustentável em nível mundial. Porém, em todo caso, a raiz do problema não é outra senão a capacidade de
carga da biosfera, em relação ao aumento da população, tanto em número como em taxa de consumo per
capita.

O cálculo dos limites de pressão que pode suportar o planeta é um problema de ecologia, difícil de resolver,
tal como evidencia o Relatório sobre os Limites do Crescimento do Clube de Roma, que destaca o caráter
sociológico, econômico, político, cultural, ético, e até religioso da questão. Com efeito, enquanto o controle do
crescimento das populações animais e vegetais se faz por mecanismos puramente biológicos, na população
humana atual esses mecanismos atuam apenas em casos extremos, tendo sido substituídos por mecanismos
socioculturais.

Em resposta ao documento do Clube de Roma, a Fundação Bariloche, com um grupo de especialistas,


elaborou o estudo "Catástrofe ou Nova Sociedade? Um Modelo Mundial Latino-americano", no qual se
estabelece um conjunto de políticas que, se aplicadas, poderiam permitir à Humanidade alcançar níveis
adequados de bem-estar em um prazo de um pouco mais de uma geração. E sublinha que os obstáculos que
se opõem ao desenvolvimento harmônico da humanidade não são físicos ou econômicos, em sentido estrito,
mas essencialmente sociopolíticos.

Os problemas mais estritamente ecológicos da sustentabilidade estariam para alguns representados pelo
desflorestamento e suas seqüelas, como a seca, a erosão e a desertificação, o perigo de degradação dos
ecossistemas mais frágeis (áreas úmidas e montanhosas, costeiras, ilhas) e a diminuição da diversidade
biológica.

Enfim, hoje todo o mundo, aparentemente, está de acordo em que o atual modelo econômico não se pode
manter de forma indefinida, sendo necessário estabelecer um novo modelo que não esteja baseado
exclusivamente na expansão e no crescimento econômico e que respeite as margens de tolerância do
sistema planetário.

Chegamos, assim, ao conceito de desenvolvimento sustentável, cujo uso e significado foi consolidado pela
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento como a "capacidade de atender
necessidades atuais sem comprometer as das gerações futuras", explicitando seu conteúdo e pondo-o em
conexão com políticas socioeconômicas de caráter internacional, cristalizadas nos debates e nos acordos da
Conferência do Rio, em 1992.

Outras definições, mais atuais, aprofundam o conceito ao referirem-se a ele como "um tipo de
desenvolvimento orientado a garantir a satisfação das necessidades fundamentais da população e elevar sua
qualidade de vida, através do controle racional dos recursos naturais, propiciando sua conservação,
recuperação, melhoria e usos adequados, por meio de processos participativos e de esforços locais e
regionais, de modo que tanto esta geração como as futuras tenham a possibilidade de desfrutá-los com
equilíbrio físico e psicológico, sobre bases éticas e de eqüidade, garantindo a vida em todas suas
manifestações e a sobrevivência da espécie humana".

Estamos de acordo, contudo, de que o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade não são,


propriamente, um conceito, mas um metaconceito, ou seja, um conceito que, por sua, vez gera todo um
campo de reflexão e conhecimento (em permanente evolução) sobre si mesmo, cuja principal característica é
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aparente comconsenso que provoca em todo o mundo, embora não isento de uma visão crítica.
estas condições.

O ambiente social
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O ambiente social compreende os seres humanos e suas atividades, as quais têm como ponto de partida o
aproveitamento dos recursos naturais. Considera-se aqui todo tipo de infra-estruturas (edificações, maquinaria
e equipamentos) e, geralmente, tudo o que seja resultado da invenção da humanidade (ciência, tecnologia).
Compreende também o comportamento dos seres humanos para com seus semelhantes e com a natureza,
incluindo aspectos positivos (criatividade, preservação do ambiente) e negativos (destruição, poluição
ambiental).

"O homem é ao mesmo tempo obra e operário do meio que o rodeia, o qual lhe proporciona sustento material
e lhe oferece a oportunidade de se desenvolver intelectual, moral, social e espiritualmente. Na longa e
tortuosa evolução da raça humana neste planeta, tem-se chegado a uma etapa em que, graças à rápida
aceleração da ciência e da tecnologia, o homem tem adquirido o poder de transformar, de inumeráveis formas
e em uma escala sem precedentes, tudo que o rodeia. Os dois aspectos do meio ambiente, o natural e o
social, são essenciais para o bem-estar do homem e para a satisfação dos direitos humanos, inclusive o
direito à vida" (Declaração sobre o Meio Humano, Item 1, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Humano, Estocolmo, 1972).

Ante essa afirmação, há que se considerar também outro aspecto importante: o aumento da população
mundial, que crescerá 40% nos próximos vinte e cinco anos, até alcançar os 8.300 milhões em 2025, dos
quais grande parte viverá nos países em desenvolvimento.

Em dezembro de 2005, a população mundial alcançou a cifra de 6500 milhões de pessoas.

Toda essa população se encontra numa terça parte da superfície do planeta, concentrada nos continentes
onde se utiliza cada vez menos cuidadosamente os recursos oferecidos pelo meio natural. O mau uso dos
recursos naturais se traduz em uma crescente deterioração que se apresenta sob forma de contaminação da
atmosfera por emanações gasosas, de destruição progressiva da camada de ozônio que protege a Terra da
influência prejudicial das radiações ultravioletas, de poluição sonora provocada por todo tipo de ruídos
desagradáveis, de contaminação da água doce e marinha por dejetos tanto industriais quanto domésticos, de
contaminação dos solos por lixos, produtos agroquímicos e resíduos industriais e, finalmente, de destruição
progressiva da natureza em desacordo com a ecologia, por atividades tais como o desflorestamento massivo,
a exploração dos lençóis freáticos (cuja conseqüência é a má drenagem e a salinização dos solos), a caça
indiscriminada e a superpesca (que provoca a extinção de espécies valiosas e a ruptura de ciclos ecológicos),
o mau manejo dos solos (cuja conseqüência é a erosão), bem como o uso de terras agrícolas para outros fins,
tais como a fabricação de materiais de construção e a urbanização.

São problemas também do meio ambiente os de ordem social, que se encontram relacionados com a falta de
um planejamento no uso dos espaços e na construção de moradias inadequadas, a falta de educação em
todo âmbito (que se traduz em ignorância) e os problemas de saúde e salubridade.

_____________________

1 Thomas Robert Malthus. (Inglaterra, 1766-1834). Economista. Em 1798, publicou de forma anônima sua
primeira contribuição destacada no campo da economia política com o título "Ensaio sobre o princípio da
população" que, na edição de 1803, já convertido em um verdadeiro tratado sobre os limites do crescimento
demográfico, titulou-se "Resumos sobre os efeitos passados e presente relativos à felicidade da humanidade".
Outras obras suas são, "Princípios de economia política" (1820) e "A medida do valor" (1823). Malthus
escrevia principalmente tendo em vista os problemas do desemprego e aos apuros econômicos na Inglaterra
da primeira Revolução Industrial. No século XIX, o colonialismo e a abertura de novas áreas de terra cultivável
impediram o agravamento dessa situação.

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