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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Aluno: Ronald Cavalcante Castelo Branco


Componente Curricular: Formação Econômica do Brasil
Professor: Dr. Dalton Melo Macambira Turno: Manhã
Referência Bibliográfica:
PRADO JÚNIOR, Caio. Atividades acessórias. In: História Econômica do Brasil. 30. ed.
São Paulo: Brasilense, 1984.
PRADO JÚNIOR, Caio. Sentido da Colonização. In: Formação do Brasil Contemporâneo.
21. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.

Resumo 6
PRADO JÚNIOR, Caio. A mineração e a ocupação do Centro-Sul. In: História
Econômica do Brasil. 30. ed. São Paulo: Brasilense, 1984. [p. 56-65]

Sustentada pela exportação da cana-de-açúcar durante considerável parte do


século XVI, a economia brasileira começara a vislumbrar alternativas de ganho de renda
a partir da virada para os seiscentos. Permeada por um imaginário maravilhoso que
precedia sua própria confirmação, as terras americanas constituíam, na vulgata europeia,
o espaço de confinamento de tesouros e riquezas inigualáveis (MELLO E SOUZA, 1986).
De monges copistas a Voltaire, o além-mar se concebia enquanto a porta terrena para o
Paraíso ou, até mesmo, a morada celeste posta entre os homens. Segundo Prado Júnior
(1984), essa construção discursiva, no entanto, não se mostrou verdadeira na América
portuguesa, pelo menos até a aurora do século XVII, quando surgiram notícias das
primeiras jazidas de ouro, localizadas no interior da colonialidade lusa.
Retardatário na obtenção de minérios em comparação às demais potências
mercantis, Portugal investiu grande atenção para a atividade aurífera, deixando em
segundo plano outras rendas comerciais, incluindo as lavouras da cana-de-açúcar. Nesse
sentido, a máquina estatal metropolitana ensejou construir um sistema de exploração que
fosse vantajoso para a Coroa, resultando em um aparato burocrático que coordenaria a
exploração, a venda e a circulação de ouro nos territórios brasílicos. Nas Minas Gerais,
território onde se concentrava o caudal da busca pelo ouro, houve o loteamento das
jazidas, divididas de forma diretamente proporcional à quantidade de escravos que
poderiam trabalhar nelas. A venda destes espaços pelos seus administradores era, então,
vetada, só podendo ser praticada frente à perda integral da força de labor escrava ou por
vontade direta da Fazenda Real.
Concedendo o privilégio do ouro aos donos de escravos, a administração
metropolitana retira a ação direta na exploração, facultando seus ganhos nos impostos
cobrados nas expedições mineiras, notabilizando a cobrança do “quinto”, que consistia
na entrega da quinta parte de cada produção aos cofres portuguesas. No sentido de evitar
calotes por parte dos mineradores, o Fisco elabora táticas de fiscalização do comércio,
dentre as quais notabiliza-se a fundição das pequenas pepitas em barras de ouro marcadas
com o selo real e a instituição de punições severas para aqueles que infringissem as
normas postas pela matriz, a exemplo do degredo do transgressor. À margem do sistema
dourado, encontrava-se a busca por diamantes, pedra preciosa que encontrava berço, à
época, em poucas outras localidades ao redor do globo. Assim como as leis de domínio
do ouro, o diamante formatou todo um aparato de ordenação acerca de sua exploração e
comercialização.
Apesar de notáveis, o ciclo dos metais e gemas preciosas não durou muito,
esgotando-se as reservas das minas em poucas décadas. Cada vez mais escasso no interior
da terra, o ouro passava a abundar no leito dos rios, disperso e em pequenas pepitas que
não justificavam um esforço sistemático em prol de sua obtenção. Sobre os diamantes, o
cenário era semelhante, agravado por um profundo atraso técnico, somente dirimido
séculos adiante por intermédio de empresas privadas do exterior. Ainda assim, a presença
do ciclo mineiro consolidou o início da marcha rumo ao interior oeste da colônia,
território até então quase integralmente desconhecidos. Essa situação corrobora a
perspectiva de Prado Júnior (1984) de que o Brasil se formou a partir de uma necessidade
exploratória, sendo o povoamento resultado direto das buscas por capital. Do Nordeste
ao Centro-Oeste da colônia, povoavam, mais que pessoas, as ideologias de
enriquecimento e de acúmulo de bens, motor do assentamento da sociedade brasileira.

Resumo 7
PRADO JÚNIOR, Caio. A pecuária e o progresso de povoamento do Nordeste. In:
História Econômica do Brasil. 30. ed. São Paulo: Brasilense, 1984. [p. 66-75]

Visando a manutenção da produção açucareira, o Brasil dos séculos XVII e XVIII


vislumbra uma considerável interiorização de seus assentamentos humanos, empreendido
pela busca de pastos para o rebanho bovino, base da alimentação das populações que
circundavam o cosmos das lavouras. Ponto de partida para os grupos de desbravadores, o
litoral nordestino logo converte-se no berço do povoamento europeu rumo ao norte e ao
interior, terras que seriam utilizadas para o estabelecimento de currais ganadeiros,
conformadores de novas práticas econômicas e de sociabilidade. Dessa forma, Prado Júnior
reafirma o caráter fundamental de sua interpretação sobre a formação brasileira, orientada
pela busca de bens materiais, em uma constante interação e luta entre as classes de
dominados e dominadores.
Seguindo o curso de alguns dos principais rios nordestinos, a exemplo do São
Francisco e do Parnaíba, muitas das fazendas do Nordeste, estabelecidas em regiões que
iam da atual Bahia até o Maranhão, firmaram-se através da barbárie, onde devassadores
massacravam grupos indígenas para usufruto das terras que habitavam. Em geral, essa luta
se dava pelo fato de a população indígena ocupar os poucos espaços fecundo para a
prosperidade de qualquer espécie de rebanho, munida de um curso d’água considerável e de
plantação minimamente abundante. Dessa forma, a configuração espacial dos núcleos
fundiários nordestinos, acompanhando os cursos de água, reproduzia, em menor escala, a
dinâmica das Capitanias: grandes latifúndios, afastado por léguas uns dos outros. Ainda que
tivessem considerável sucesso em sua primeira centúria, a produção pecuarista da região
tornava-se cada vez mais onerosa e difícil, resultado, em grande parte, do clima da região.
Apesar de estarem banhadas por alguns rios volumosos, estes concentravam-se distantes
entre si, deixando vastos sertões sem um curso de água perene.
Ainda que em crise desde o século XVIII, a pecuária no Nordeste consolidou os
hábitos comunitários de uma sociedade erigida sobre a pata do gado, conformando práticas
de existência na região e de resistências contra os ditames certeiros de um clima colérico.

Resumo 8

PRADO JÚNIOR, Caio. A colonização do Vale Amazônico e a Colheita Florestal. In:


História Econômica do Brasil. 30. ed. São Paulo: Brasilense, 1984. [p. 69-75]

Caminhando a lentos passos, o percurso exploratório da bacia hidrográfica


amazônica pelos portugueses inicia-se como uma tentativa de firmar a autoridade lusa
neste espaço, uma vez que este era alvo constante de investidas estrangeiras, a exemplo
da Inglaterra e dos Países Baixos. Nesse sentido, a fundação de Belém do Pará, em 1616,
marca a ocupação da foz do rio Amazonas, início de um percurso colonial vagaroso em
suas primeiras décadas.
Contrastando com as secas constantes da porção Nordeste, na região Norte do
território colonial imperava um regime de clima mais úmidos, caracterizado por
constantes chuvas. Essas características impossibilitavam a pecuária extensiva e não
oferecia requisitos favoráveis a instituição de lavoura canavieiras. Assim, a região se viu
na necessidade de direcionar seu desenvolvimento comercial em outra direção. Segundo
Caio Prado Júnior, estabeleceram-se a produção de especiarias como o cravo, a canela, a
castanha, a salsaparrilha e, sobretudo, o cacau, além dos recursos obtidos na fauna e na
flora locais. Notabiliza-se, no caso amazônico, relativa cooperação entre colonos e
indígenas, tributário da adequação dos nativos ao gênero das atividades que a
colonialidade lusa iria requerer destes sujeitos: exploração da mata e dos rios ainda
desconhecidos para os europeus e a serventia enquanto navegadores para o transporte de
pessoas e mercadorias, uma vez que a rota fluvial era, praticamente, o único meio de
locomoção possível.
Acerca da natureza dos colonos, estes constituíam-se enquanto membros de
ordens religiosas, em especial o clero da Companhia de Jesus e dos irmãos carmelitas.
Estes sujeitos coordenavam não só a vida econômica, mas social destes redutos, erigindo
igrejas e templos através da mão-de-obra indígena, catequizados e instruídos nas línguas
europeias pelos membros da Igreja. Com o tempo, a atuação dos religiosos começara a
ameaçar os ganhos públicos, passando os clérigos a atuar na lide dos indígenas. Desse
modo, o início de um povoamento europeu foi plasmado pela expansão do cristianismo e
dos ganhos metropolitanos, situação comum à quase integral extensão do Brasil.

Resumo 9
PRADO JÚNIOR, Caio. Mineração. In: Formação do Brasil Contemporâneo. 21.
ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. [p. 169-185]

No território onde se dispõem os limites de um futuro Brasil, ensaiam-se os olhares


acerca da prosperidade europeia. Pensada enquanto subsídio da economia metropolitana,
as atividades produtoras e comerciais deste solo configuraram a justificativa principal de
manutenção do regime colonial, instituindo-se como a razão motora do povoamento
branco nos trópicos. A lavoura, em primeiro plano, constituiu o caudal dos produtos
vendidos ao estrangeiro, base da quase integral acumulação de capital no Novo Mundo. À
lide do solo somam-se atividades alternativas, dentre as quais destaca-se a mineração, por
ter natureza de destino semelhante à agricultura: a exportação. Estando à margem das
necessidades básicas da população colonial, estas atividades, ainda quem não ficassem
dentro da colônia e não se inserissem nas dinâmicas de existência locais, ofereceram o
combustível para o devassamento do interior continental, vilipendiado pelos ditames da
disputa mercantil.
Tendo sido descobertas no período de transição do século XVII para o XVIII na
região do atual centro oeste, as minas conformaram um processo de expansão da população
brasileira, empurrando-as do Nordeste para o interior, estabelecendo novas dinâmicas de
sociabilização. Acerca da atividade mineradora, esta era apanágio de donos de escravos,
que obtinham terras demarcadas pela máquina lusa, que mantinha a prioridade sobre o
destino destas áreas. De notificação compulsória, a descoberta de minas ao longo dos
territórios do atual cerrado movimentaram o trabalho escravo no colonato local,
delimitando ainda mais os contornos divergentes das classes na sociedade ibero-
americana. O trabalho e os trabalhadores dependiam do formato que a atividade mineira
levaria: segundo Caio Prado Júnior, existiam dois tipos principais de mineração, sendo a
primeira a lavra, capitaneada por empresas com material minimamente apropriado para tal
empreitada e fornida de um grande número de trabalhadores, e a segunda a faiscação, onde
um garimpeiro, com a ajuda de um pequeno grupo de pessoas, trabalhava de forma
“autônoma”.
Ainda que a extração do ouro, e depois dos diamantes, tenha marcado um ciclo
específico da atividade econômica no país, este durou pouco, pois, frente a grande
voracidade dos mineiros, as jazidas de fácil acesso já haviam sido obtidas e dilapidadas. O
ouro que ainda se encontrava na superfície natureza condensava-se ao longo dos leitos dos
rios e riachos da região, mas em frações tão pequenas que não compensavam um
investimento mais sistemático. A crise da mineração brasileira, raiz de uma parcela do
atual Brasil sertanejo, só veio a ser mitigada nos oitocentos com a exploração externa das
minas por empresas europeias, cuja tecnologia permitia o acesso às camadas mais
profundas das rochas que abrigavam os minerais preciosos.
Conforme aponta Prado Júnior, a criação de regimes populacionais ao longo
do território nacional costura-se com a necessidade de exploração deste. Desse modo, a
formação da sociedade brasileira é perpassada, antes de tudo, pelas intenções mercantis de
um mundo externo.

Resumo 10

PRADO JÚNIOR, Caio. Pecuária. In: Formação do Brasil Contemporâneo. 21. ed.
São Paulo: Brasiliense, 1989. [p. 186-210].

Caio Prado Júnior inicia este capítulo distinguindo três setores da pecuária na
América Portuguesa. O primeiro é o sertão nordestino, que ele apresenta com condições
naturais desfavoráveis à pecuária, marcados pela vegetação de caatinga, pelos
lambedouros, de onde os bois tiravam o sal, destacando a concentração nas margens do
São Francisco por causa da salinidade do rio. A pecuária no Nordeste se projeta no
latifúndio com o proprietário absentista, destancando-se os seguintes pontos:
 O sistema criatório no Nordeste foi marcado pela facilidade de se levantar
uma fazenda, bem como da forma de remuneração e da precariedade do
sistema. O gado era criado solto e passava-se a maior parte do tempo
vigiando-oO vaqueiro recebia ¼ das crias como remuneração e eram
auxiliados pelos fábricas.
 Fornecimento para Minas Gerais e da Paraíba até a Bahia no litoral, bem
como ao Maranhão. Com a grande seca perdeu o mercado do litoral bem
como o de Minas para o Rio Grande do Sul.
 No transporte e de alimentação do gado, nas suas condições precárias,
faziam com que apenas 50 por cento da carne não se perdesse no
transporte.
 O leite aqui não era aproveitado comercialmente.
 Foi no Nordeste, especialmente no Ceará que surgiu a técnica da carne-
seca, que daí passou para o domínio do Piauí e por último do Rio Grande
do Sul. No Nordeste o cavalo exercia o papel de besta de carga e de
montaria.

O segundo ponto abordado é a economia pecuarista em Minas, no qual ele destaca,


estaria associada à condução do processo de mineração, nas periferias das atividades
principais, que eram as atividades mineradora. Sobre ele destaca que o gado de Minas foi
o que apresentou melhor qualidade.principalmente na região do Rio dos Mortos,
fornecendo às zonas de mineração e tomando mercado dos fornecedores do sul. Segue
algumas características fornecidas pelo autor:
 O gado aqui era domado graças aos currais com cercas de pau, com pouca
necessidade de vigilância do gado. O sal era distribuído regularmente, assim ele
não ingeria o barro dos lambedouros. Isso também ajuda a condicionar o gado,
favorecendo sua domação.
 O gado alimentava-se de farelo de milho.
 Em Minas Gerais, o leite era aproveitado comercialmente, dando origem ao
famoso queijo de Minas.
 Era favorecido por excelentes condições naturais como as terras férteis, a boa
pluviosidade, a abundancia de água e da densa mata.
 O seu sistema criatório foi marcado pela não existência de fazendeiros absentistas
e pelo trabalho escravo, que causou nessa região uma maior aproximação das
classes.
O terceiro e último ponto que ele destaca é as regiões sulistas do Brasil, onde ele
destaca a cultura do charque e como a região foi favorecida pelo condição logística, natural
e comercial para o crescimento da atividade pecuária, mas destaca um criatório precário, a
excecão de Campos Gerais.

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