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TOCANTINS

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e ruínas da


Igreja de São José do Tocantins (Niquelândia, GO)
HISTÓRIA DO TOCANTINS
1. Introdução ------------------------------------------------- 03
2. Desbravamento da região ------------------------------ 03
3. Norte de Goiás ------------------------------------------- 03
4. O Povoamento do Tocantins no séc. XVIII e XIX - 03
5. Povos indígenas do Tocantins -------------------------- 05
5.1. O povo Karajá, Javaé e Xambioá -------------------- 05
5.2. O povo Xerente --------------------------------------- 05
5.3. O povo Krahô ------------------------------------------ 06
5.4. O povo Apinayé ---------------------------------------- 06
6. Mov. de criação do TO, desde o séc XVIII até 88 - 07
6.1. O crescimento------------------------------------------ 07
6.2. Novo estado, projeto antigo ------------------------- 07
7. Economia do ouro --------------------------------------- 07
7.1. O Ciclo do ouro em Barreiras ---------------------- 08
8. Formação dos arraiais ----------------------------------- 08
9. O controle das minas ------------------------------------ 09
10. Decadência da produção ------------------------------ 10
10.1. A crise econômica ------------------------------------ 10
11. Subsistência da pop. e a integração econômica --- 10
12. Criação da Comarca do Norte - 1809 ------------- 11
13. Mov. Separatista do Norte de Goiás - 1821 a 24 - 11
14. Trajetória de luta pela criação do Tocantins ------ 12
14.1. A criação do Estado do Tocantins - 1988-------- 12
15. Conhecimentos de história --------------------------- 13
16. Referências bibliográficas ------------------------------ 17
17. Respostas dos exercícios ------------------------------ 17
1. INTRODUÇÃO dentro da região das Minas dos Goyazes na época dos
A História do Tocantins é uma compilação acerca dos fatos descobrimentos auríferos no século XVIII.
históricos que culminaram com a criação do nosso Estado,
em 05 de outubro de 1988. Conhecer a História do Com referência ao aspecto geográfico, essa denominação
Tocantins é muito mais do que só saber sobre a sua criação. perdurou por mais de dois séculos, até a divisão do Estado
É também buscar entende-lo dentro do contexto da história de Goiás, quando a região norte passa a ser o Estado do
geral do Brasil e, principalmente, nas suas particularidades, Tocantins. Num segundo momento, com a descoberta de
onde se configuram sua formação social, as formas de grandes minas na região, o norte de Goiás passou a ser
resistências e as buscas de alternativas da população diante conhecido como uma das áreas que mais produziam ouro na
das adversidades. Esse trabalho visa apontar caminhos para a capitania. Esta constatação despertou o temor ao
compreensão desses fatos. contrabando que acabou fomentando um arrocho fiscal
maior que nas outras áreas mineradoras.
Nesse sentido apresenta a construção dessa história em dois
momentos: no primeiro, o leitor tem acesso a uma síntese Por último, o norte de Goiás passou a ser visto, após a queda
da história econômica e social do Antigo Norte de Goiás, até da mineração, como sinônimo de atraso econômico e
a segunda metade do século XX. Num segundo momento, o involução social, gerador de um quadro de pobreza para a
texto trata especificamente dos processos históricos que maior parte da população. Essa região foi palco
culminaram com a criação do Estado do Tocantins, até a primeiramente de uma fase épica vivida pelos seus
implantação da capital, Palmas. exploradores, “que em quinze anos abriam caminhos e
estradas, vasculharam rios e montanhas, desviam correntes,
2. DESBRAVAMENTO DA REGIÃO desmatam regiões inteiras, rechaçaram os índios, exploram,
A colonização do Brasil se deu dentro do contexto da habitam e povoam uma área imensa...” (PALACIM, Luis,
política mercantilista do século XVI que via no comércio a 1979, p.30). Descoberto o ouro, a região passa, de acordo
principal forma de acumulação de capital, garantido, com a política mercantilista do século XVIII, a ser
principalmente, através da posse de colônias e de metais incorporada ao Brasil. O período aurífero foi brilhante, mas
preciosos. breve. E a decadência, quase sem transição, sujeitou a região
a um estado de abandono.
Além de desbravar, explorar e povoar novas terras os
colonizadores tinham também uma justificativa ideológica: a Foi na economia de subsistência que a população encontrou
expansão da fé cristã. "Explorava-se em nome de Deus e do mecanismos de resistência para se integrar economicamente
lucro, como disse um mercador italiano" (AMADO, ao mercado nacional. Essa integração, embora lenta, foi se
GARCIA, 1989, p.09). A preocupação em catequizar as concretizando baseada na produção agropecuária, que
populações encontradas foi constante. A colônia brasileira, predomina até hoje e constitui a base econômica do Estado
administrada política e economicamente pela metrópole, do Tocantins (PARENTE, Temis Gomes, 1999, p.96)
tinha como função fornecer produtos tropicais e/ou metais
preciosos e consumir produtos metropolitanos. Portugal, 4. O POVOAMENTO DO TOCANTINS NO
então, iniciou a colonização pela costa privilegiando a cana SÉCULO XVIII E XIX.
de açúcar como principal produto de exportação. Durante os séculos XVI e XVII, em razão das condições
econômicas vigentes no País, essencialmente orientadas para
Enquanto os colonizadores portugueses se concentravam no o comércio exportador, a grande lavoura litorânea foi à base
litoral, no século XVII ingleses, franceses e holandeses da economia nacional, determinando a mais tardia ocupação
conquistavam a região norte brasileira estabelecendo das regiões interiores. No final do século XVI, em
colônias que servissem de base para posterior exploração do decorrência da atividade da caça ao índio (procurado como
interior do Brasil. Os franceses, depois de devidamente mão-de-obra), surgiram algumas penetrações esparsas, que
instalados no forte de São Luís na costa maranhense, iniciam não fixaram o homem ao solo.
a exploração dos sertões do Tocantins. Coube a eles a
descoberta do Rio Tocantins pela foz no ano de 1610 Ao longo do século XVIII, graças à expansão do bandeirismo
(RODRIGUES, 2001). e à catequese jesuítica, estabeleceu-se ampla linha de
penetração: uma oriunda do Norte que, pela via fluvial do
O rio Tocantins foi um dos caminhos para o conhecimento Tocantins penetrou a porção setentrional de Goiás; e outra,
e exploração da região onde hoje se localiza o Estado do paulista, advinda principalmente do Centro-Sul.
Tocantins. Nasce no Planalto Central de Goiás e corta, no
sentido sul-norte, todo o território do atual Estado do Em função do bandeirismo paulista, uma série de
Tocantins. penetrações ocorreu ao longo do século XVII, atingindo
Só mais de quinze anos depois dos franceses foi que os Goiás; e no ano de 1674 registrou-se a última grande
portugueses iniciaram a colonização da região pela "decidida expedição do período. (No ano de 1674, uma bandeira
ação dos jesuítas". E ainda no século XVII os padres da composta de 800 membros, dirigida por Sebastião Paes de
Companhia de Jesus fundaram as aldeias missionárias da Barros, oriunda de São Paulo, chegou até o Pará através do
Palma (Paranã) e do Duro (Dianópolis) (SECOM, 1998). Tocantins. Porém, essas penetrações não representaram fase
de fixação e colonização, constituindo-se em incursões de
3. NORTE DE GOIÁS reconhecimento das possibilidades econômicas da região,
O norte de Goiás deu origem ao atual Estado do Tocantins. através da coleta de amostragens de ouro e de apresamento
Segundo a historiadora Parente (1999), esta região foi de silvícolas. Enquanto o século XVII representou etapa de
interpretada sob três versões. Inicialmente, norte de Goiás investigação das possibilidades econômicas das regiões
foi denominativo atribuído somente à localização geográfica goianas, durante a qual o seu território tornou-se conhecido,
no século seguinte, em função da expansão da marcha do subsidiárias. O comércio, com exceção do comércio de
ouro, foi ele devassado em todos os sentidos, metais, foi de cunho interno, fundamentado na importação
estabelecendo-se a sua efetiva ocupação através da dos gêneros de primeira necessidade e dos manufaturados,
mineração. Nesse momento, a grande expedição que e as ligações diretas com o exterior foram proibidas. (O
ocorreu foi a dos paulistas Bartolomeu Bueno da Silva, filho, fechamento do intercâmbio direto com o exterior pelo Pará
João Leite Ortiz e Domingos do Prado que, atraídos pelos e Maranhão, via Tocantins, decorreu, sobretudo da
incentivos governamentais à busca de metais, saíram de São necessidade de conter o contrabando do ouro.
Paulo em 1722 e descobriram as lavras de Goiás três anos
depois (1725). Às descobertas iniciais nas porções sulinas de Portugal adotou esta política isolacionista em todas as
Goiás, foram-se sucedendo outras, ocorrendo penetrações regiões auríferas). Em 1737 a navegação pelo Tocantins foi
rumo ao Tocantins, depositário das mais ricas minas de proibida por tempo indeterminado, provocando o
Goiás. truncamento das relações Centro-Norte, o isolamento da
região das minas e a decadência e morte de povoações
Entre 1727 e 1732 surgiram diversos arraiais, além de localizadas nas zonas banhadas por aquele rio e os seus
Santana (posteriormente Vila Boa de Goiás), em afluentes.
conseqüência das explorações auríferas ou da localização na
rota de Minas para Goiás. Nas proximidades de Santana Até quase o final do século XVIII as rotas internas, através
surgiram os arraiais de Anta e Ouro Fino; mais para o Norte, das quais eram atingidos os centros abastecedores, ficaram
Santa Rita, Guarinos e Água Quente. Na porção Sudeste, voltadas para Pernambuco, através do Duro, São Domingos
Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte (atual Pirenópolis) e Taguatinga, e para os centros criadores da Bahia, pela via
e Santa Cruz. de Minas Gerais e Vale do São Francisco. (Abreu, João
Capistrano de - "Caminhos Antigos e o Povoamento do
Outras povoações surgidas na primeira metade do século Brasil". Rio de Janeiro, 1960, pg. 84).
XVIII foram: Jaraguá, Corumbá e o Arraial dos Couros (atual
Formosa), na rota de ligações de Santana e Pirenópolis a Durante cerca de 50 anos do século XVIII (década de 30 -
Minas Gerais. Ao longo dos caminhos que demandavam a década de 80), os caminhos que demandavam ao exterior
Bahia, mais ao Norte, na bacia do Tocantins, localizaram-se foram os mesmos dos primeiros tempos - orientados para o
diversos núcleos populacionais, como São José do Tocantins Centro-Sul através de São Paulo ou de Minas Gerais, rumo
(Niquelândia), Traíras, Cachoeira, Flores, São Félix, Arraias, ao Rio de Janeiro -, permanecendo a rota fluvial pelo Norte
Natividade, Chapada e Muquém. interditada até 1782.

Na década de 1740 a porção mais povoada de Goiás era o O povoamento de Goiás até a década de 60 do século XVIII
Sul, mas a expansão rumo ao setentrião prosseguia com a apresentava-se bastante concentrado, principalmente nas
implantação dos arraiais do Carmo, Conceição, São regiões Centro-Sul (em torno de Vila Boa, sede do governo
Domingos, São José do Duro, Amaro Leite, Cavalcante, da capitania), Sudeste (ao longo dos caminhos para Minas
Palma (Paranã) e Pilar de Goiás. O achado do ouro Gerais) e Centro-Leste (na intersecção das rotas do sertão
promoveu a fixação do homem ao território goiano e o baiano).
lançamento das bases da colonização portuguesa no Centro-
Oeste, integrado, a partir de então, no contexto mercantil No Centro-Sul, além de Vila Boa de Goiás, existiam à época
da colônia. A região passou a funcionar como área (1760), os arraiais de Anta, Ouro Fino, Santa Rita, Guarinos,
fornecedora de metais preciosos à metrópole. Rio Claro (Iporá), Jaraguá, Meia Ponte, Corumbá e São
Estruturalmente, a mineração exerceu em Goiás papel de Francisco das Chagas. Na zona do Sudeste, os arraiais dos
suma relevância, determinante de aspectos peculiares Couros (Formosa), Santa Luzia (Luziânia) e Santa Cruz. Na
fundamentais do conjunto da capitania. zona do Tocantins e rotas do sertão baiano, Água Quente,
Traíras, São José do Tocantins, Cachoeira, Muquém, São
As descobertas auríferas numa fase inicial propiciaram Félix, Flores, Cavalcante, São José do Duro, Chapada e
elevado afluxo populacional. Mas a região, se visualizada no Carmo. No Centro-Oeste (região menos povoada), Pilar de
seu conjunto, não chegou a ser efetivamente ocupada. Os Goiás, Crixás e Amaro Leite.
núcleos de povoamento representados pelos arraiais foram
concentrações isoladas, cercadas por vastas porções A partir da segunda metade do século XVIII, Portugal
desérticas sob o aspecto humano. À semelhança do começou a entrar em fase de decadência progressiva, que
povoamento, a administração, os transportes e as coincidiu com o decréscimo da produtividade e do volume
comunicações foram envolvidos no processo de médio da produção das minas do Brasil. A partir de 1778, a
mercantilismo português, para o qual, durante três quartos produção bruta das minas de Goiás começou a declinar
de século, no dizer de Alencastre, Goiás funcionou como progressivamente, em conseqüência da escassez dos metais
"uma vasta feitoria, cuja população, dividida em turmas de das minas conhecidas, da ausência de novas descobertas e do
operários mineiros, sob a direção do guarda-mor territorial, decréscimo progressivo do rendimento por escravo. (Já em
se movia em todas as direções, parava onde havia trabalho, 1749, o rendimento por escravo apresentava-se baixo, não
não tendo amor ao lar doméstico nem afeição ao solo". mais que uma oitava por semana. V. Palacin, Luiz - op. cit, pg.
(Alencastre, J.M.P. - "Annaes da Província de Goyaz". R. Inst. 139).
Hist. Geogr. Bras., 27:20-21, 1864).
Um novo tipo de povoamento se estabeleceu a partir do final
Decorreu então que a quase totalidade da mão-de-obra foi do século XVIII, sobretudo no Sul da capitania, onde campos
absorvida pela mineração, permanecendo a agricultura e a de pastagens naturais se transformaram em centros de
pecuária até o final do século XVIII como atividades criatório. A necessidade de tomar dos silvícolas áreas sob

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seu domínio, que estrangulavam a marcha do povoamento projetos de educação para formação de professores
rumo às porções setentrionais, propiciou também a bilíngües.
expansão da ocupação neste período.
No Tocantins, o Governo do Estado está qualificando
Povoações surgidas no período: professores das escolas nas aldeias, visando ensinar crianças
✓ Arraial do Bonfim (Silvânia), à margem do rio e jovens a escrever e ler na própria língua, possibilitando o
Vermelho, fundado por mineradores que haviam resgate da historia oral dos povos indígenas e a valorização
abandonado as minas de Santa Luzia, em fase de de sua cultura e tradição. Já são 61 escolas atendendo 2.269
esgotamento. alunas.
✓ Campo Alegre, originada de um pouso de tropeiros;
primitivamente, chamou-se Arraial do Calaça. Os povos indígenas da Tocantins têm uma organização social
✓ Ipameri, fundada por criadores e lavradores e política própria que lhes sustenta, correspondendo a um
procedentes de Minas Gerais. processa de crescimento demográfico e a retomada de seus
✓ Santo Antônio do Morro do Chapéu (Monte Alegre valores culturais que constituem não somente para a Estado,
de Goiás), na zona Centro-Oriental, na rota do mas para a humanidade, um patrimônio de diversidade.
sertão baiano.
✓ Posse, surgida no início do século XIX, em 5.1. O POVO KARAJÁ, JAVAÉ E XAMBIOÁ
conseqüência da fixação de criadores de gado de Os Karajá, Javaé e Xambioá são o mesmo povo e se
origem nordestina. autodenominam Iny. Pertencem ao tronco lingüístico Macro-
✓ A expansão do povoamento do Centro-Oeste de Jê, família Karajá e língua Karajá.
Goiás foi mais discreta, se bem que algumas
povoações aí se erguessem, como o Arraial do
Descoberto (Porangatu), originado de descobertas
tardias de jazidas auríferas.

Nas porções setentrionais, ligadas à política de povoamento


dos vales dos rios Araguaia e Tocantins, com objetivos
ligados à implantação do comércio fluvial, surgiram às
seguintes povoações:

✓ Porto Real (Porto Nacional), no final do século


XVIII.
✓ São Pedro de Alcântara e Araguacema, na região do
Araguaia no início do século XIX.

O povoamento da capitania, à época, apresentava as Os três grupos falam a mesma língua e vieram migrando do
seguintes características: maiores concentrações no Sul e Norte, baixo Araguaia antes de 1500. Mantiveram suas
Sudeste; no Norte, só as áreas do Leste do Tocantins aldeias separadas em virtude da luta com o não-índio. Os
apresentavam-se ocupadas permanecendo o Oeste sob o Karajá são, sobretudo, pescadores e coletores, embora hoje
domínio dos índios. O estrangulamento da expansão do também faςam roςas. Segundo Darcy Ribeiro, estes índios
povoamento e as dificuldades econômicas foram de tal porte migraram sempre, até chegar a Ilha do Bananal. Lá vivem hoje
que motivaram a preocupação do ministro de Estado, Conde 1.600 habitantes Karajá em oito aldeias, e 849 Javaé a
de Linhares no sentido da utilização das vias fluviais da margem do rio Javaé em nove aldeias. Os Xambioá
capitania, para a pacificação do indígena e para. conhecidos pelo seu povo como Hirarumarandu, ou
"Karajáde baixo", vivem hoje em duas aldeias, com uma
5. POVOS INDÍGENAS DO TOCANTINS. populaςão de 182 pessoas, próximos as cidades de Santa Fé
O Tocantins apresenta uma população aproximada de 6.000 e Xambioá. A festa do Hetoroky, ou iniciaςão do menino
índios, que continua a crescer. Vivem no estado os Xerente para a fase adulta, reúne famílias Karajá de aldeias distantes e
(povo Akwen), os Karajá, Javaé e Xambioá (povo Iny), os é comemorada com danςas, lutas e comida farta, mantendo
Apinajé (povo panhi) e os Krahô (povo Meri). uma forte ligaςão com suas origens.Os Karajá tem tradiςão
na arte de fazer cerâmica. As mulheres oleiras fazem figuras
de animais, figuras míticas, representaςões do cotidiano e,
principalmente, as bonecas ritxokô, vendidas como
artesanato.

Aldeias Kara¡á: Santa Isabel do Morro, Fontoura,


Tutemã; Aldeias Javaé: Txuiri, Gantanã, Boto Velho,
Wari Wari, São João, Cachoeirinha, Manalué , Barreira
Branca,Imonti; Aldeias Xambioá: Xambioá e Kurerê.

Esses povos têm uma cultura rica e uma história de luta pela 5.2. O POVO XERENTE
sobrevivência e mantêm rituais e festas com uma forte Os Xerente se autodenominam Akwen, que significa
ligação com o seu passado. Uma contribuição fundamental "indivíduo", "gente importante". Eles vieram, provavelmente,
para a percepção dos sentimentos antigos dos povos são os das terras secas do Nordeste até o Norte, onde
encontraram abundancia de água. Os primeiros contatos

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com os bandeirantes datam de 1738. Em 1840, os Xerente massacre desfechado por criadores de gado, fato que
aceitaram o aldeamento de Teresa Cristina, atual Tocantíia, continua vivo na memória de seus habitantes mais velhos.
proposto pelo franciscano frei Antonio de Ganges. Hoje Entre importante para o dia-a-dia da aldeia.
vivem na margem direita do rio Tocantins, numa área de
183.542 hectares (junto à área do Funil), próximos a cidade Possuem muitas crenças, acreditam que todos os seres sejam
de Tocantínia. animais, vegetais ou minerais, e têm alma, que chamam de
Karõ. Os Krahô negociam com os brancos como meio de
Sua população é de 1.800 pessoas, distribuías em trinta e uma promover sua sobrevivência na relação interétnica. Assim
aldeias. Sua sobrevivência sempre veio da terra e do rio, da ganham uma “os índios Krahô, as terras pertencem a todos
pesca, da caça e, principalmente, da roça de subsistência, a da tribo. As aldeias são politicamente independentes,
chamada "Roça de Toco", onde plantam o milho, o arroz e a construídas em forma circular, com um grande pátio no
mandioca. Produzem artesanato com palhas de babaçu. São centro onde a tribo se reúne para decidir as divisões do
cestas, balaios, esteiras, cofos, redes e bolsas. trabalho e tudo que seja certa independência" e podem
manter sua identidade já que possuem terras.

À noite, os Krahô se reúnem para cantar, brincar e contar


histórias. Apesar de enfrentarem inúmeras dificuldades em
suas terras, eles conseguem manter suas tradições e cultura.

Aldeias Krahô: Rio Vermelho, Manoel Alves Pequeno, Cachoeira,


Pedra Branca, Macaúba, Pedra Furada, Campos Lindos, Água
Branca, Riozinho, São Vidal, Morro do Boi, Serra Grande, Forno
Velho, Santa Cruz e Lagoinha.

5.4. O POVO APINAYÉ


Os Apinajé pertencem ao tronco Macro-Jê, família Jê
Pertencem ao grupo lingüístico Macro-Jê e estão em contato descendentes do grupo Timbira e vivem numa área
com os não índios há aproximadamente duzentos anos. demarcada, a partir de 1985, de 141.904 hectares, próximos
Juntam tudo que aprenderam com as comunidades vizinhas aos municípios de Tocantinópolis, Maurilândia e Lagoa de São
e retomam suas vidas com consciência e respeito a sua Bento. Sua população atual é de 1.000 habitantes,
história. Em quase todas as festas praticam a corrida de toras, distribuídos em, sete aldeias. Os primeiros registros datam
onde homens e mulheres demonstram sua força e coragem. de 1774.

Aldeias Xerente: Funil, Bela Vista, Cercadinha, Brejo Eram conhecidos como grandes guerreiros, "os poderosos
Comprido, Serrinha I e II, Centro, Água Fria, Rio do índios da região Norte". O confronto com os exploradores
Sono, Mirasol, Recanta, Baixa Funda, Brejinha, Salto, de ouro provocou doenças e guerras, obrigando os apinayé
Porteira, Aldeia Nava, Sangradouro, Lajeadinho, a viverem em aldeias para a sobrevivência da comunidade.
Cabeceira, Morrinho, Recanto da Água Fria, Novo
Horizonte, Zé Brito, Aldeinha, Rio Preto, Bom Jardim,
Paraíso, Baixão, Traíra, Ponte, Mirasol Nova.

5.3. O POVO KRAHÔ


Vive numa área demarcada de 302.533 hectares, próxima as
cidades de Itacajáe Goiatins, em 15 aldeias e uma população
de 1.500 pessoas. A reserva onde vivem hoje é considerada
a maior área de cerrados inteiramente preservada do Brasil.

Pertencem ao tronco lingüístico Macro-Jê, da família Jê,


descendentes dos Timbiras setentrionais. No final do século Hoje, eles têm suas aldeias localizadas no campo e utilizam a
XVIII, habitavam a região do Rio Balsas no Maranhão. A mata para a caça e a agricultura. Fazem a coleta do babaçu,
aldeia de Pedro Afonso foi fundada em 1849 pelo missionário extraem o óleo das amêndoas e aproveitam as folhas para
frei Rafael de Taggia. Os Krahô sempre enfrentaram a fabricar utensílios domésticos e cobrir suas casas.
pressão colonizadora. Em 1940, sofreram um violento

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Nas testas e rituais, mantêm o casamento e o batizado, 6.2. NOVO ESTADO, PROJETO ANTIGO
realizados no verão, época da colheita. Quando vão preparar O relevo é formado por depressões. As partes sul e
as roças, percorrem uma longa distância, a procura de mata nordeste do Tocantins conservam áreas de Planalto sob o
e terras para a plantação de milho e suas variedades. Muitas impacto da erosão. Na parte central predominam extensas e
vezes fazem acampamento por lá e ficam durante vários dias belas planícies. As maiores altitudes ficam a leste e ao sul,
com toda a família. O trabalho é dividido. As mulheres onde se situam as serras do Estrondo, Lajeado, Carmo e
trazern lenha, coletam frutos, cuidam das crianças e Paraíso, com altitude média entre 360 e 600 metros.
produzem artesanato; os homens caçam, pescam e trabalham
na roça. Em setembro de 1821, houve um movimento que proclamou
um governo autônomo na região norte do Estado, em
Aldeias Apinajé: São José, Mariazinha, Butica, Cavalcante e, posteriormente, em Natividade. Cinqüenta e
Riachinho, Cocalinho e Bonito. dois anos depois foi proposta a criação da Província de Boa
Vista do Tocantins, projeto não aceito pela maioria dos
Textos extraídos de "Os Povos Indígenas do Tocantins", Professora parlamentares do Império. Em l956, o juiz de Direito da
Lídia Soraya Liberato Barroso. Comarca de Porto Nacional elaborou e divulgou um
Manifesto à Nação, assinado por numerosos nortenses,
6. MOVIMENTOS DE CRIAÇÃO DO ESTADO DO deflagrando um movimento nessa Comarca, que revigorava
TOCANTINS, DESDE O SÉCULO XVIII ATÉ 1988. a idéia da criação de um novo estado.
Era o velho Goiás, amazônico, tropical, com temperaturas
médias anuais de 26º C nos meses de chuva (de outubro a Em 1972, a Comissão da Amazônia apresentou na Câmara
março), e 32º C na estação seca (de abril a setembro). Era o dos Deputados o Projeto de Redivisão da Amazônia Legal,
velho norte goiano, com um volume de chuvas de 1.800 do qual constava a criação do Estado de Tocantins, aprovada,
milímetros por ano em suas regiões norte e leste e de 1.000 finalmente, em 27 de julho de l988 plenário da Assembléia
milímetros por ano na sua região sul. Apresentamos o jovem Nacional Constituinte. O primeiro governo do estado foi
estado do Tocantins, habitado por mais de 1,1 milhão de empossado na cidade de Miracema do Tocantins, escolhida
pessoas numa área de 278,4 mil Km2. Situado no norte como capital provisória do novo Estado, até que a cidade de
brasileiro, Tocantins encontra-se na zona de transição Palmas, a atual capital do estado, fosse construída.
geográfica entre o Cerrado e a Floresta Amazônica.
7. ECONOMIA DO OURO
Divide-se em oito microrregiões e em 139 municípios. As descobertas de minas de ouro em Minas Gerais no ano
Palmas, cidade planejada, é a capital. Limita-se com os 1690 e em Cuiabá em 1718 despertaram a crença de que em
estados do Maranhão, Piauí, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Goiás, situado entre Minas Gerais e Mato Grosso, também
Pará. Produz arroz, milho, soja, mandioca e cana-de-açúcar. deveria existir ouro. Foi essa a argumentação da bandeira de
Ostenta um rebanho bovino de aproximadamente 6 milhões Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (filho do primeiro
de cabeças de gado, mais de 730 mil cabeças de suínos, 180 Anhanguera que esteve com o pai na região anos antes), para
mil eqüinos e 30 mil bubalinos. conseguir a licença do rei de Portugal a fim de explorar a
região.
Águas privilegiam o estado. A bacia hidrográfica tocantinense
abrange, aproximadamente, dois terços da área da Bacia do O rei cedia a particulares o direito de exploração de riquezas
Rio Tocantins e um terço do Rio Araguaia. Os rios Araguaia, minerais mediante o pagamento do quinto, que segundo
Tocantins, Sono, Balsas e Paraná são os mais importantes. ordenação do reino, era uma decorrência do domínio real
No Araguaia encontra-se a exótica Ilha do Bananal, a maior sobre todo o subsolo. O rei, não querendo realizar a
ilha fluvial do Brasil. exploração diretamente, cedia a seus súditos este direito
exigindo em troca o quinto do metal fundido e apurado, a
6.1. O CRESCIMENTO salvo de todos os gastos.
O Estado do Tocantins não pára de crescer. Sua indústria de
processamento de alimentos, a construção civil, a produção Em julho de 1722 a bandeira do Anhanguera saiu de São
de móveis e a riqueza madeireira em geral despontam na Paulo. Em 1725 volta com a notícia da descoberta de
economia. córregos auríferos. A partir desse momento, Goiás entra na
história como as Minas dos Goyazes. Dentro da divisão do
O passado está presente nesse contexto: jazidas de estanho, trabalho no império português, este é o título de existência
calcário, dolomita, gipsita e ouro são exploradas desde o e de identidade de Goiás durante quase um século.
passado. Em 1625, missionários católicos chefiados pelo Frei
Cristóvão de Lisboa, percorreram a região do Rio Tocantins Um grande contingente populacional deslocou-se para “a
e fundaram uma missão religiosa. Começou aí, o região do Araés, como a princípio se chamou essa parte do
desbravamento do extremo-norte que mais tarde ganharia o Brasil, que diziam possuir montanhas de ouro, lagos
nome de Tocantins. Dois séculos depois, uma corrente de encantados e os martírios de Nosso Senhor de Jesus Cristo
migração vinda do Norte e Nordeste ocupou parte da gravados nas pedras das montanhas. Era um novo Eldorado
região. de histórias romanescas e contos fabulosos” (ALENCASTRE,
José Martins Pereira, 1979, p. 45).
Do outro lado, no sul, chefiados por Bartolomeu Bueno, os
bandeirantes paulistas do século XVIII percorreram toda a Diante dessas expectativas reinou, nos primeiros tempos, a
região correspondente aos estados de Goiás e Tocantins. anarquia, pois era a mineração “alvo de todos os desejos. O
proprietário, o industrialista, o aventureiro, todos

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convergiam seus esforços e seus capitais para a mineração”
(ALENCASTRE, José Martins Pereira, 1979, p. 18).

Inicialmente, as minas de Goiás eram jurisdicionadas à


capitania de São Paulo na condição de intendência, com a
capital em Vila Boa e sob a administração de Bueno, a quem
foi atribuído o cargo de superintendente das minas com o
objetivo de “representar e manter a ordem legal e instaurar
o arcabouço tributário”. (PALACIN, Luís, 1979, p. 33)

7.1. O CICLO DO OURO EM BARREIRAS


Sem ter tido minas de qualquer metal precioso, Barreiras
viveu, desde sua origem até algumas décadas atrás, um
verdadeiro ciclo do ouro, devido à fartura desse valioso
metal no vizinho estado de Goiás e atual Tocantins, com seus
ricos garimpos.

O Governo Federal mantinha contratos de compra de ouro


com empresas barreirenses, de todo o precioso metal que
captassem nos garimpos de Goiás, que deveriam enviar para
Salvador, já purificado e transformado em lingotes de um
quilo, onde tinham garantida a compra. O ourives que fazia
esse beneficiamento do ouro era o Sr. Clóvis Macedo, de
tradicional família barreirense, que o recebia em pepitas,
incrustado de areia e pedras, derretia-o, purificando-o e
coagulando-o depois em barras.

Já no início da década de 1970, quando começou um novo


ciclo imigratório em Barreiras, com a chegada de agricultores
vindos de vários lugares do nordeste, que compraram terras
Eram muitas histórias… contava-se até que lá o ouro era aqui, para implantação de lavouras beneficiadas com os
tanto, que as galinhas, quando ciscavam o chão à cata de empréstimos do PROTERRA, e também iniciaram comércios
milho, às vezes engoliam pequenas pepitas de ouro – que são nas áreas da agropecuária, entre os imigrantes, como o
mesma cor do milho – e, por isso, a caminho da panela, era engenheiro agrônomo Carlos Costa, o veterinário, Dr.
preciso observar com atenção o conteúdo de seu papo, que Reginaldo, veio também Romero Amorim, fundador da Casa
poderia conter uma verdadeira riqueza… Grande Agropecuária, cuja esposa, a dentista Dra. Clara,
admirava-se, em seu consultório, de encontrar tantas
Na vizinha cidade de Dianópolis, atual Tocantins, havia obturações feitas em ouro… o que, naquela data, já não se
entrada de garimpos até dentro da área urbana, em outros fazia mais. Com tal abundância em Barreiras, do precioso
lugares, eram procuradas as pepitas nas margens e leitos dos metal, uma vez, na década de 1930 o Dr. Geraldo Rocha veio
riachos. do Rio de Janeiro até aqui para adquirir lingotes, que iria levar
de presente para sua amiga Eva Perón, na Argentina, pois
Muito distante da sua própria capital, situada bem ao sul, que tinha ficado sabendo que ela estava desejando ter uma
foi primeiro Goiás Velho e depois Goiânia, o norte de Goiás penteadeira, com a moldura do espelho trabalhada em ouro.
comercializava o seu ouro através de Barreiras, onde
existiam muitos ourives com sua criativa produção de jóias, 8. FORMAÇÃO DOS ARRAIAIS
inclusive revenda de jóias fabricadas nas áreas dos garimpos, “Há ouro e água”. Isto basta. Depois da fundação solene do
principalmente peixes de ouro, correntes, crucifixos etc. primeiro arraial de Goiás, o arraial de Sant'Anna, esse foi o
critério para o surgimento dos demais arraiais. Para as
Os dentistas, também, em lugar de fazerem obturações margens dos rios ou riachos auríferos deslocaram-se
usando o amálgama importado, próprio para isso, e, claro, populações da metrópole e de todas as partes da colônia,
bem mais caro, preferia utilizar o ouro, que era muito mais formando à proporção em que se descobria ouro, um novo
barato aqui, enfim, era a própria prata da casa… Dentistas arraial “que podia progredir ou ser abandonado,
de outros lugares, como de Juazeiro, às margens do rio São dependendo da quantidade de riquezas existentes”.
Francisco, também mandavam comprar ouro em Barreiras,
(PARENTE, Temis Gomes, 1999, p.58)
e, entre algumas pessoas, havia até o hábito um tanto bizarro
de ostentar riqueza e poder, recobrindo totalmente de ouro
Nas décadas de 1730 e 1740 ocorreram as descobertas
um ou mais dentes da frente, o que foi muito comum até
auríferas no norte de Goiás e, por causa delas, a formação
meados do século XX: exibiam um faiscante sorriso áureo!
dos primeiros arraiais no território onde hoje se situa o
Estado do Tocantins. Natividade e Almas (1734), Arraias e
Chapada (1736), Pontal e Porto Real (1738). Nos anos 40,

8
surgiram Conceição, Carmo e Taboca, e mais tarde Príncipe direção às minas. Os rios foram trancados à navegação. As
(1770). Alguns foram extintos, como Pontal, Taboca e indústrias proibidas ou limitadas.
Príncipe. Os outros resistiram à decadência da mineração e
no século XIX se transformaram em vilas e posteriormente A lavoura e a criação inviabilizadas por pesados tributos:
em cidades. braços não podiam ser desviados da mineração. O comércio
foi fiscalizado. E o fisco, insaciável na arrecadação.
O grande fluxo de pessoas de todas as partes e de todos os
tipos permitiu que a composição social da população dos “Só havia uma indústria livre: a mineração, mas esta mesma
arraiais de ouro se tornasse bastante heterogênea. sujeita à capitação e censo, à venalidade dos empregados de
Trabalhar, enriquecer e regressar ao lugar de origem era os registros e contagens, à falsificação na própria casa de
objetivos dos que se dirigiam para as minas. Em sua maioria fundição, ao quinto (...), ao confisco por qualquer ligeira
eram homens brancos, solteiros ou desacompanhados da desconfiança de contrabando” (ALENCASTRE, José Martins
família, que contribuíram para a mistura de raças com índias Pereira, 1979, p. 18). À época do descobrimento das Minas
e negras escravas. No final do século XVIII, os mestiços já dos Goyazes vigorava o método de quintamento nas casas
eram grande parte da população que posteriormente foram de fundição. A das minas de Goiás era em São Paulo. Para lá
absorvidos no comércio e no serviço militar. que deveriam ir os mineiros para quintar seu ouro. Recebia
de volta, depois de descontado o quinto, o ouro fundido e
A população branca era composta de mineiros e de pessoas selado com selo real.
pobres que não tinham nenhuma ocupação e eram tratados,
nos documentos oficiais, como vadios. O ouro em pó podia ser usado como moeda no território
das minas, mas se saísse da capitania, tinha que ser declarado
Ser mineiro significava ser dono de lavras e escravos. Era o ao passar pelo registro e depois quintado, o que
ideal de todos os habitantes das minas, um título de honra e praticamente ficava como obrigação dos comerciantes. Estes,
praticamente acessível a quase todos os brancos. O escravo vendendo todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos
podia ser comprado a crédito, sua posse dava o direito de acabavam ficando com o ouro dos mineiros e eram os que,
requerer uma data - um lote no terreno de mineração - e o na realidade, canalizavam o ouro das minas para o exterior e
ouro era de fácil exploração, do tipo aluvional, acumulado no deviam, por conseguinte, pagar o quinto correspondente.
fundo e nas margens dos rios.
O método da casa de fundição para a cobrança do quinto
Todos, uns com mais e outros com menos ações, seria ideal se não fosse um problema que tomava de
participavam da bolsa do ouro. Grandes comerciantes e sobressalto o governo português: o contrabando do ouro,
contratadores que residiam em Lisboa ou Rio de Janeiro que oferecia alta rentabilidade: “os vinte por cento do
mantinham aqui seus administradores. Escravos, mulatos e imposto mais dez por cento de ágio”. Das minas para a costa
forros também praticavam a faiscagem - procura de faíscas ou para o exterior era sempre um negócio lucrativo, que
de ouro em terras já anteriormente lavradas. Alguns, pela “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas régias e provisões, nem
própria legislação, tinham muito mais vantagens. O negro os seqüestros, devassas de registros, prêmios prometidos
teve uma importância fundamental nas regiões mineiras. aos delatores e comissões aos soldados puderam por freio
Além de ser a mão-de-obra básica em todas as atividades, da (...)”. ( PALACIN, 1979, p. 49).
extração do ouro ao carregamento nos portos, era também
uma mercadoria de grande valor. Primeiro, a quantidade de O grande contrabando era dos comerciantes que
negros cativos foi condição determinante para se conseguir controlavam o comércio desde os portos, praticado (...) “por
concessões de lavras e, portanto, para um branco se tornar meio da conivência dos guardas dos registros, ou de
mineiro. subornos de soldados, que custodiavam o comboio dos
quintos reais”. Contra si o governo tinha as dilatadas
Depois, com a instituição da capitação no lugar do quinto, o fronteiras, o escasso policiamento, o costume inveterado e
escravo tornou-se referência de valor para o pagamento do a inflexibilidade das leis econômicas. (PALACIN, 1979, p. 49).
imposto. A seu favor tinha o poder político, jurídico e econômico
sobre toda a colônia. Assim, decreta como primeira medida,
Neste, era a quantidade de escravos matriculados que em se tratando das minas, o isolamento destas.
determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a
Coroa. Mas a situação do negro era desoladora. Os maus A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de
tratos e a dureza do trabalho nas minas resultavam em acesso a Goiás ficando um único caminho, o iniciado pelas
constantes fugas. bandeiras paulistas que ligavam as minas com as regiões do
Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, ficava interditado
A mão-de-obra indígena na produção para a exportação foi o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí. Foi
muito menor que a negra. Isso é devido ao fato da não proibida a navegação fluvial pelo Tocantins, afastando a
adaptação do índio ao rigor do trabalho exigido pelo branco, região de outras capitanias - Grão-Pará e Maranhão.
gerando uma produção de baixa rentabilidade.
À proporção que crescia a importância das minas surgiram
9. O CONTROLE DAS MINAS atritos com os governadores das capitanias do Maranhão e
Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Minas Pará, “quando do descobrimento das minas de Natividade e
de Goyazes, o governo português tomou uma série de São Félix e dos boatos de suas grandes riquezas (...).
medidas para garantir para si o maior proveito da exploração
das lavras. Foi proibida a abertura de novas estradas em Os governadores tomaram para si a incumbência de nomear
autoridades para os ditos arraiais e outras minas que

9
pudessem surgir, a fim de tomarem posse e cobrarem os capitania entrou em crise e nada foi feito para a sua
quintos de ouro ali existentes”. ( PARENTE , 1999, p. 59).O revitalização. Endividados com os comerciantes, os mineiros
resultado foi o afastamento dessa interferência seguido da estavam descapitalizados.
proibição, através de bandos, da entrada das populações das
capitanias limítrofes na região e a saída dos que estavam A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades
dentro sem autorização judicial. administrativas metropolitanas quanto dos mineiros e
comerciantes, não admitiu perseveranças. O local onde não
10. DECADÊNCIA DA PRODUÇÃO se encontrava mais ouro era abandonado. Os arraiais de
A produção do ouro goiano teve o seu apogeu nos primeiros ouro, que surgiam e desapareciam no Tocantins,
dez anos de estabelecimento das minas, entre 1726 e 1735. contribuíram apenas para o expansionismo geográfico. Cada
Foi o período em que o ouro aluvional aflorava por toda a vez se adentrava mais o interior em busca do ouro aluvional,
região, resultando numa produtividade altíssima. Quando se mas em vão.
iniciou a cobrança do imposto de capitação em todas as
regiões mineiras, a produção começou a cair, possivelmente No norte da capitania a crise foi mais profunda. Isolada tanto
mascarada pelo incremento do contrabando na região, propositadamente quanto geograficamente, essa região
impossível de se mensurar. sempre sofreu medidas que frearam o seu desenvolvimento.
A proibição da navegação fluvial pelos rios Tocantins e
De 1752 a 1778, a arrecadação chegou a um nível mais alto Araguaia eliminou a maneira mais fácil e econômica de a
por ser o período da volta da cobrança do quinto nas casas região atingir outros mercados consumidores das capitanias
de fundição. Mas a produtividade continuou decrescendo. O do norte da colônia.
motivo dessa contradição era a própria extensão das áreas
mineiras, que compensavam e excediam a redução de O caminho aberto que ligava Cuiabá a Goiás não contribuiu
produtividade. em quase nada para interligar o comércio da região com
outros centros abastecedores, visto que o mercado interno
A distâncias das minas do norte, os custos para levar o ouro estava voltado ao litoral nordestino. Esse isolamento, junto
e o risco de ataques indígenas aos mineiros justificaram a com o fato de não se incentivar a produção agro-pecuária
criação de uma casa de fundição em São Félix em 1754. Mas, nas regiões mineiras, tornava abusivo o preço de gêneros de
já em 1797, foi transferida para Cavalcante, “por não consumo e favorecia a especulação. A carência de
arrecadar o suficiente para cobrir as despesas de sua transportes, a falta de estradas e o risco freqüente de ataques
manutenção”. ( PARENTE, 1999, p. 51) indígenas dificultavam o comércio.

A Coroa Portuguesa mandou investigar as razões da Além destas dificuldades, o contrabando e a cobrança de
diminuição da arrecadação da Casa de Fundição de São Félix. pesados tributos contribuíram para drenagem do ouro para
Foram tomadas algumas providências como a instalação de fora da região. Dos impostos, somente o quinto era
um registro, posto fiscal, entre Santa Maria (Taguatinga) e remetido para Lisboa. Todos os outros (entradas, dízimos,
Vila do Duro (Dianópolis). contagens, etc.) eram destinados à manutenção da colônia e
da própria capitania.
Outra tentativa para reverter o quadro da arrecadação foi
organizar bandeiras para tentar novos descobrimentos. Tem- Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento econômico
se notícia do itinerário de apenas duas. Uma dirigiu-se rumo devido à falta de acumulação de capital e ao atrofiamento do
ao Pontal (região de Porto Real), pela margem esquerda do mercado interno após o fim do ciclo da mineração, a
Tocantins e entrou em conflito com os Xerente, resultando população se volta para a economia de subsistência.
na morte de seu comandante.
Nas últimas décadas do século XVIII e início do século XIX,
A outra saiu de Traíras (nas proximidades de Niquelândia toda a capitania estava mergulhada numa situação de crise, o
(GO) para as margens do rio Araguaia em busca dos que levou os governantes goianos a voltarem suas atenções
Martírios, serra onde se acreditava existir imensas riquezas para as atividades econômicas que antes sofreram
auríferas. Mas a expedição só chegou até a ilha do Bananal proibições, objetivando soerguer a região da crise em que
onde sofreu ataques dos Xavante e Javaé, dali retornando. mergulhara.

No período de 1779 a 1822, ocorreu a queda brusca da 11. SUBSISTÊNCIA DA POPULAÇÃO E A


arrecadação do quinto com o fim das descobertas do ouro INTEGRAÇÃO ECONÔMICA
de aluvião, predominando a faiscagem nas minas antigas. Na segunda década do século XIX, com o fim da mineração,
Quase sem transição, chegou à súbita decadência. os aglomerados urbanos estacionaram ou desapareceram e
grande parte da população abandonou a região. Os que
10.1. A CRISE ECONÔMICA permaneceram foram para zona rural e dedicaram-se à
O declínio da mineração foi irreversível e arrastou “consigo criação de gado e agricultura, produzindo apenas algum
os outros setores a uma ruína parcial: diminuição da excedente para aquisição de gêneros essenciais. ( PALACIN,
importação e do comércio externo, menor arrecadação de 1989, p. 46)
impostos, diminuição da mão-de-obra pelo estancamento na
importação de escravos, estreitamento do comércio interno, Toda a capitania entrou num processo de estagnação
com tendência à formação de zonas de economia fechada e econômica. No norte, o quadro de abandono,
um consumo dirigido à pura subsistência, esvaziamento dos despovoamento, pobreza e miséria foram descrito por
centros de população, ruralização, empobrecimento e muitos viajantes e autoridades que passaram pela região nas
isolamento cultural” (PALACIN, 1979, p. 133). Toda a primeiras décadas do século XIX.

10
Saint-Hilaire, na divisa norte/sul da capitania, revelou: "à desenvolvimento da navegação dos rios Tocantins e
exceção de uma casinha que me pareceu abandonada, não Araguaia, o Alvará de 18 de março de 1809 dividiu a
encontrei durante todo o dia nenhuma propriedade, nenhum Capitania de Goiás em duas comarcas (regiões): a Comarca
viajante, não vi o menor trato de terra cultivada, nem mesmo do Sul e a Comarca do Norte. Esta recebeu o nome de
um único boi". Comarca de São João das Duas Barras, assim como chamaria
a vila que, na confluência do Araguaia no Tocantins se
Johann Emanuel Pohl, anos depois, passando pelo povoado mandaria criar com este mesmo nome para ser sua sede.
de Santa Rita constatou: "é um lugar muito pequeno, em Para nela servir foi nomeado o desembargador Joaquim
visível decadência (...). Por não haver negros, por falta de Theotônio Segurado como seu ouvidor.
braços, as lavras de ouro estão inteiramente descuradas e
abandonadas". A nova comarca compreendia os julgados de Porto Real,
Natividade, Conceição, Arraias, São Félix, Cavalcante,
O desembargador Theotônio Segurado, que mais tarde se Traíras e Flores. O arraial do Carmo, que já tinha sido cabeça
tornaria ouvidor da Comarca do Norte, em relatório de de julgado, perde essa condição que foi transferida para
1806, deu conta das penúrias em que vivia a região em função Porto Real, ponto que começava a prosperar com a
tanto do abandono como da falta de meios para contrapor navegação do Tocantins. Enquanto não se fundava a vila de
esse quadro: "A capitania nada exportava; o seu comércio São João das Duas Barras, Natividade seria a sede da
externo era absolutamente passivo: os gêneros da Europa, ouvidoria. A função primeira de Theotônio Segurado era
vindos em bestas do Rio ou Bahia pelo espaço de 300 léguas, designar o local onde deveria ser fundada essa vila.
chegavam caríssimos; os negociantes vendiam tudo fiado: daí
a falta de pagamentos, daí as execuções, daí a total ruína da Alegando a distância e a descentralização em relação aos
Capitania". julgados mais povoados, o ouvidor e o povo do norte
solicitaram a D. João autorização para a construção da sede
Diante dessa situação, a Coroa Portuguesa tomou da comarca em outro local. No lugar escolhido por
consciência de que só através do povoamento, da agricultura, Segurado, o alvará de 25 de janeiro de 1814 autorizava a
da pecuária e do comércio com outras regiões que a construção da sede na confluência dos rios Palma e Paranã,
capitania poderia retomar o fluxo comercial de antes. Como a vila de Palma, hoje a cidade de Paranã.
saída para a crise voltaram-se as atenções para as
possibilidades de ligação comercial com o litoral, através da A vila de São João das Duas Barras recebeu o título de vila,
capitania do Pará, pela navegação dos rios Tocantins e mas nunca chegou a ser construída. Theotônio Segurado,
Araguaia. ( CAVALCANTE, 1999,p.39) administrador da Comarca do Norte, muito trabalhou para
o desenvolvimento da navegação do Tocantins e o
As picadas, os caminhos e a navegação pelos rios Tocantins incremento do comércio com o Pará. Assumiu posição de
e Araguaia, todos interditados na época da mineração para liderança como grande defensor dos interesses regionais e,
conter o contrabando, foram liberados desde 1782. Como tão logo se mostrou oportuno, não hesitou em reivindicar
efeito imediato o norte começou a se relacionar com o Pará, legalmente a autonomia político-administrativa da região.
ainda que de forma precária e inexpressiva.
O 18 de março foi, oficialmente, considerado o Dia da
Nas primeiras décadas do século XIX, o desembargador Autonomia pela lei 960 de 17 de março de 1998, por ser a
Theotônio Segurado já apontava a navegação dos rios data da criação da Comarca do Norte, estabelecida como
Tocantins e Araguaia como alternativa para o marco inicial da luta pela emancipação do Estado.
desenvolvimento da região através do estímulo à produção
para um comércio mais vantajoso tanto no norte como em 13. MOVIMENTO SEPARATISTA DO NORTE DE
toda a Capitania, diferente do tradicionalmente realizado GOIÁS - 1821 A 1824
com a Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Com esse fim propôs A Revolução do Porto no ano de 1820, em Portugal, exigindo
a formação de companhias de comércio, o estímulo à a recolonização do Brasil, mobilizou na colônia,
agricultura, o povoamento das margens desses rios especificamente no litoral, a elite intelectualizada em prol da
oferecendo isenção por dez anos do pagamento de dízimos emancipação do país. Em Goiás, essas idéias liberais
aos que ali se estabelecessem, e, aos comerciantes, refletiram na tentativa de derrubar a própria personificação
concessão de privilégios na exportação para o Pará da dominação portuguesa: o capitão-general Manoel
(CAVALCANTE, 1999). Sampaio.

Com estas propostas chamou a atenção das autoridades Houve uma primeira investida nesse sentido em 1821, sob a
governamentais para a importância do comércio de Goiás liderança do capitão Felipe Antônio Cardoso e do Pe. Luiz
com o Pará, através dos rios Araguaia e Tocantins. Foi ele Bartolomeu Marques. Coube ao primeiro mobilizar os
próprio realizador de viagens para o Pará incentivando a quartéis e ao segundo conclamar o povo e lideranças para a
navegação do Tocantins. Destacou-se como um grande preparação de um golpe que iria depor Sampaio.
defensor dos interesses da região quando foi ouvidor da Contudo, houve uma denúncia sobre o golpe e, em seguida,
Comarca do norte. A criação dessa comarca visava foi ordenada a prisão dos principais líderes rebeldes. O Pe.
promover o povoamento no extremo norte para fomentar
o comércio e a navegação dos rios Araguaia e Tocantins. Marques conseguiu fugir e novamente articulou contra o
capitão-general. Sampaio impôs sua autoridade e os rebeldes
12. CRIAÇÃO DA COMARCA DO NORTE - 1809 foram expulsos da capital Vila Boa. Alguns vieram para o
Para facilitar a administração, a aplicação da justiça e, norte, como o capitão Cardoso, que teve ordem para se
principalmente, incentivar o povoamento e o

11
retirar para o distrito de Arraias, e o Pe. José Cardoso de de Fausto de Souza para a redivisão do Império em 40
Mendonça, enviado para a aldeia de Formiga e Duro. províncias, constando a do Tocantins na região que
compreendia o norte goiano.
Mas os acontecimentos que ocorreram na capital não ficaram
isolados. A idéia da nomeação de um governo provisório, Nas primeiras décadas da República o discurso separatista
depois de fracassada na capital, foi aclamada no norte onde sobreviveu na imprensa regional, principalmente de Porto
já havia anseios separatistas. O desejo do padre Luiz Nacional - maior centro econômico e político da época - em
Bartolomeu Marques não era outro senão a independência periódicos como "Folha do Norte" e "Norte de Goiás". A
do Brasil. E a deposição de Sampaio seria apenas o primeiro partir da década de 1930 que o discurso retorna à esfera
passo. nacional.

Para este fim contava com o vigário de Cavalcante, Francisco Após a criação pela Constituição de 1937 dos territórios do
Joaquim Coelho de Matos, que cedeu a direção das coisas ao Amapá, Rio Branco, Guaporé - atual Rondônia - Itaguaçu e
desembargador Joaquim Theotônio Segurado. Ponta Porã (extintos pela Constituição de 1946), houve
também quem defendesse a criação do território do
No dia 14 de setembro, um mês após a frustrada tentativa Tocantins.
de deposição de Sampaio, instalou-se o governo
independencista do norte, com capital provisória em 14.1. A CRIAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS -
Cavalcante. O ouvidor da Comarca do Norte, Theotônio 1988
Segurado, presidiu e estabeleceu essa junta provisória até O ano era 1987. As lideranças souberam aproveitar o
janeiro de 1822. momento oportuno para mobilizar a população em torno de
um projeto de existência quase secular e pelo qual lutaram
No dia seguinte, o governo provisório da Comarca da Palma muitas gerações: a autonomia política do norte goiano, já
fez circular uma proclamação em que se declarou separado batizado Tocantins.
do governo. (ALENCASTRE, 1979).
A Conorte apresentou à Assembléia Constituinte uma
As justificativas para a separação do norte em relação ao emenda popular com cerca de 80 mil assinaturas como
centro-sul de Goiás eram, para Segurado, de natureza reforço à proposta de criação do Estado. Foi criada a União
econômica, política, administrativa e geográfica. Tocantinense, organização supra-partidária com o objetivo
de conscientização política em toda a região norte para lutar
A instalação de um governo independente - não pelo Tocantins também através de emenda popular. Com
necessariamente em relação à Coroa Portuguesa, mas sim ao objetivo similar, nasceu o Comitê Pró-Criação do Estado do
governo do capitão-general da Comarca do Sul - parecia ser Tocantins, que conquistou importantes adesões para a causa
o único objetivo de Theotônio Segurado. A sua posição não- separatista.
independencista provocou a insatisfação de alguns dos seus
correligionários políticos e a retirada de apoio à causa "O povo nortense quer o Estado do Tocantins. E o povo é o
separatista. Em outubro de 1821, transfere a capital para juiz supremo. Não há como contestá-lo", reconhecia o
Arraias provocando oposição e animosidade dos governador de Goiás na época, Henrique Santilo.
representantes de Cavalcante. Com o seu afastamento em (SILVA, 1999, p.237)
janeiro de 1822, quando partiu para Lisboa como deputado
representante de Goiás na Corte, agravou a crise interna. Em junho, o deputado Siqueira Campos, relator da
Subcomissão dos Estados da Assembléia Nacional
“A partir dessa data uma série de atritos parecem denunciar Constituinte, redige e entrega ao presidente da Assembléia,
que a junta havia ficado acéfala. Na ausência de Segurado, o deputado Ulisses Guimarães, a fusão de emendas criando
nenhuma liderança capaz de impor-se com a autoridade o Estado do Tocantins que foi votada e aprovada no mesmo
representativa da maioria dos arraiais conseguiram se firmar. dia. Pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição, em 05 de outubro de 1988,
“Pelo contrário, os interesses particulares dos líderes de nascia o Estado do Tocantins.
Cavalcante, Palmas, Arraias e Natividade se sobrepuseram à
causa separatista regional”. ( CAVALCANTE, 1999,p.64) A eleição dos primeiros representantes tocantinenses foi
realizada em 15 de novembro de 1988, pelo Tribunal
14. TRAJETÓRIA DE LUTA PELA CRIAÇÃO DO Regional Eleitoral de Goiás, junto com as eleições dos
TOCANTINS prefeitos municipais. Além do governador e seu vice, foram
No final do século XIX e no decorrer do século XX, a idéia escolhidos os senadores e deputados federais e estaduais.
de se criar o Tocantins, estado ou território, esteve inserida
no contexto das discussões apresentadas em torno da A cidade de Miracema do Norte, localizada na região central
redivisão territorial do país, no plano nacional. Mas, a do novo Estado, foi escolhida como capital provisória. No
concretização desta idéia só veio com a Constituição de dia 1º de janeiro de 1989 foi instalado o Estado do Tocantins
1988 que criou o Estado do Tocantins pelo e empossados o governador, José Wilson Siqueira Campos;
desmembramento do estado de Goiás. Ainda no Império, seu vice, Darci Martins Coelho; os senadores Moisés Abrão
duas tentativas: a defesa de Visconde de Taunay, na condição Neto, Carlos Patrocínio e Antônio Luiz Maya; juntamente
de deputado pela Província de Goiás, propondo a separação com oito deputados federais e 24 deputados estaduais.
do norte goiano para a criação da Província da Boa Vista do
Tocantins, com a vila capital em Boa Vista (Tocantinópolis), Ato contínuo, o governador assinou decretos criando as
em 1863; e, de modo mais concreto, em 1889, com o projeto Secretarias de Estado e viabilizando o funcionamento dos

12
poderes Legislativo e Judiciário e dos Tribunais de Justiça e 03. (UFT 2009) A construção da rodovia Belém-Brasília
de Contas. Foram nomeados o primeiro secretariado e os (BR-153), na década de 1950, apresentou implicações nos
primeiros desembargadores. processos de urbanização e modernização do antigo norte
de Goiás, atual Estado do Tocantins.
Também foi assinado decreto mudando o nome das cidades
do novo Estado que tinham a identificação "do Norte" e (Adaptado de GIRALDIN, Odair (org). A (trans) formação
passaram para "do Tocantins". Foram alterados, por histórica do Tocantins. 2. ed., Goiânia: Editora da UFG,
exemplo, os nomes de Miracema do Norte, Paraíso do 2004, p. 315).
Norte e Aurora do Norte para Miracema do Tocantins,
Paraíso do Tocantins e Aurora do Tocantins. Dentre essas implicações é CORRETO afirmar que:
a) houve um processo de urbanização equilibrado em
No dia 5 de outubro de 1989, foi promulgada a primeira todo o norte de Goiás (atual Estado do Tocantins).
Constituição do Estado, feita nos moldes da Constituição b) não houve impactos provocados com a abertura da
Federal. Foram criados mais 44 municípios além dos 79 já rodovia, particularmente no aspecto da especulação
existentes. Atualmente, o Estado possui 139 municípios. Foi das terras, dada a perspectiva da sua desvalorização.
construída, no centro geográfico do Estado, numa área de c) houve uma concentração da população das novas
1.024 Km2 desmembrada do município de Porto Nacional, a áreas ocupadas pela construção da BR-153,
cidade de Palmas, para ser a sede do governo estadual. Em notadamente em núcleos urbanos às margens do
1º de janeiro de 1990, foi instalada a capital. Rio Tocantins.
d) a população urbana, distante da BR-153, não
15. CONHECIMENTOS DE HISTÓRIA acompanhou o processo de modernização e
desenvolvimento, então desencadeado pela
01. (UFT 2006) No decorrer do século XIX, ocorreu um construção da rodovia.
fenômeno social e político da maior importância: a afirmação
04. (UFT 2009) No inicio do seu povoamento, no período
da classe trabalhadora como grupo social organizado em
defesa de seus interesses, lutando contra o patronato e o colonial, o antigo norte de Goiás (atual estado do Tocantins),
com o ouro de aluvião aflorando em quase toda a região, o
Estado. Considerando-se esse contexto, é CORRETO
norte goiano logo passou a ser conhecido como uma das
afirmar que:
a) a Igreja, para não perder sua hegemonia, organizou, áreas que mais produziam esse minério na capitania; daí a
preocupação do governo central com o contrabando,
na primeira metade do século XIX, sindicatos de
trabalhadores fundados na doutrina social católica. fomentando um arrocho fiscal maior que nas outras áreas
b) diferentes projetos político-ideológicos surgiram mineiras. Mas, a partir do declínio da mineração, o norte
goiano passou a ser visto pela historiografia como sinônimo
para tentar conduzir os trabalhadores na luta pela
conquista do poder, a exemplo do owenismo e do de atraso econômico e involução social, gerador de um
positivismo. quadro de pobreza para a maior parte da população.
c) o Cartismo, uma das iniciativas políticas da classe
(Adaptado de PARENTE, Temis Gomes. Fundamentos
trabalhadora de maior repercussão no período, Históricos do Estado do Tocantins. Goiânia: Editora da
tinha como meta principal o estabelecimento de UFG, 2007, p. 23-24)
uma Associação Internacional Operária.
d) os sindicatos e os partidos operários, instituições Considerando-se as informações deste texto, é CORRETO
criadas nesse período, tiveram papel central nas afirmar:
ações políticas dos trabalhadores no século XX. a) A região do antigo norte de Goiás, apesar de ter
produzido muito ouro, não acumulou capital
02. (UFT 2008) Considerando-se a “retomada do discurso impossibilitando, portanto o desenvolvimento da
autonomista do Tocantins por lideranças que encaminharam mesma.
os projetos e as possibilidades de definir o estatuto b) A região não sofreu medidas fiscais por parte da
jurídico/político do Norte de Goiás, a partir da década de metrópole, comparando com outras regiões
1980”. mineiras.
c) A região, após o período do apogeu das minas, foi
(CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo. O Discurso autonomista considerada uma região exportadora de bens de
do Tocantins. Goiânia: Ed. da UCG, (2003, p. 109-112).
consumo para as outras capitanias.
d) A região sofreu um processo de desenvolvimento
É INCORRETO afirmar que:
social, ocasionada pela exportação de produto
a) Foi à política adotada pelo Governo Federal para a
agrícola.
liberação de grandes investimentos aos pequenos
produtores rurais do norte de Goiás.
05. (UFT 2010.1) “Considerando (...) o contexto político
b) Foi motivada pela criação do Estado de Mato
nacional cuja ênfase era o desenvolvimento, também
Grosso do Sul, em 1977.
estimulado pelo governo do estado de Goiás (gestão Mauro
c) Foi à instalação do Projeto Carajás, do Governo
Borges), os estudantes e os universitários do Estado
Federal, com área de influência até o Paralelo oito
sustentaram a campanha separatista em favor da criação do
da Amazônia goiana.
Estado do Tocantins”.
d) Foi a criação da CONORTE, que tinha como
objetivo a conscientização da população norte (Adaptado de SANTOS, Jocyléia Santana. O sonho de uma
goiana sobre suas necessidades e potencial político- geração. O movimento estudantil: Goiás e Tocantins.
econômico. Goiânia: Editora da UCG, 2007, pp:.41- 65)

13
A partir do texto, considere as afirmações abaixo: falsificando documentos com a conivência das
autoridades, ou da violência, expulsando posseiros
I. Em 04 de julho de 1960, foi registrado no 20 com a utilização de jagunços e com a ajuda da
Cartório de Registro de Documentos de Goiânia o própria polícia militar, situação conflituosa que se
Estatuto de Criação da Casa do Estudante do Norte estende até hoje.
Goiano (...) que tinha como objetivo inicial criar c) A política proposta para a região amazônica não
condições de moradia para estudantes do norte de objetivou atender a uma demanda crescente de
Goiás que migravam para Goiânia para cursar os 20 colonos que migravam para a região em busca de
e 30 graus. um pedaço de terra que ali existia. A prioridade foi
o investimento nas grandes empresas capitalistas,
II. O lema da Cenog., Tudo pela Redenção do Norte através de doações de recursos públicos, apoio
Goiano, retratava o ideal daqueles que se reuniam econômico e, sobretudo, incentivos fiscais.
para reivindicar melhorias para a região norte de d) No final da década de 1970, foi criado um órgão, o
Goiás. Grupo Executivo de Terras do Araguaia-Tocantins
(Getat), que se sobrepunha ao próprio INCRA.
III. O movimento cenoguiano criou diversas seccionais Porém, ele não resolveu as contradições, tendo, ao
em várias cidades da região tocantina, como Pedro contrário, estabelecido uma atuação de modo a
Afonso, Porto Nacional, Tocantínia, Miracema, intervir nos conflitos sempre em benefício dos
Tocantinópolis e Gurupi. A força das seccionais era grandes proprietários.
muito grande. Em suas seccionais eram debatidos os e) Não existia interesse estratégico dos militares em
problemas da região e as possíveis soluções. relação à Amazônia. Pois, foi comprovado que no
subsolo da região não havia nenhuma quantidade de
IV. O aparentemente contraditório dístico Dividir para minerais estratégicos para a indústria moderna e
Progredir animava as campanhas da entidade nenhum interesse diretamente ligado às questões
estudantil a favor da emancipação. O movimento madeireiras.
seria incrementado na efervescência dos
primórdios de 1964, a partir de manifestações 07. (UFT 2009.2) “Desde os anos 50, o deslocamento da
como comícios de Porto Nacional e Pium, frente de expansão e o processo de ocupação das terras
realizados em março, em que se ressaltava a novas na fronteira no Paraná, em São Paulo, no Mato Grosso,
necessidade do desmembramento do Estado como em Goiás, no Tocantins, no Maranhão, no Pará, no
estratégia para o desenvolvimento da região. Amazonas, no Acre podem ser vistos de modo novo, por
meio do mapa geográfico da violência pela explosão de
Assinale a alternativa CORRETA: conflitos fundiários que os acompanha, Hoje esse movimento
a) Apenas I e III estão corretas. de ocupação territorial é desenhado no mapa do país por
b) Apenas II e I estão corretas. milhares pontos de conflitos e violência”.
c) Apenas III e IV estão corretas.
d) Apenas IV e II estão corretas. (MARTINS, José de Souza. A vida privada nas áreas de
e) Todas as afirmativas estão corretas. expansão da sociedade brasileira. In: NOVAIS, Fernando
(org.) História da Vida no Brasil, São Paulo: Companhia
06. (UFT 2010.2) A década de 1970 acentuou das Letras, !998, p. 669. Vol. 4)
gradativamente uma aparente contradição que, pelas atitudes
da época, pendia visivelmente para um lado: o da grilagem Considerando a violência mencionada, é INCORRETO
oficial de terras. A contradição estava no fato de o governo afirmar:
estabelecer uma política migratória para a região conhecida a) Violência do “branco” contra o índio, violência do
como Bico do Papagaio – a faixa que abrange desde Marabá, branco rico com o branco pobre.
no sul do Pará, até Araguaína, então norte de Goiás, b) Violência dos movimentos eclesiais de base contra
passando por Imperatriz, no sul do Maranhão, e podendo as populações indígenas e pauperizadas.
estender-se até São Félix do Araguaia, no norte de Mato c) Violência do branco pobre contra o índio, violência
Grosso, tida como a porta de entrada para a Amazônia, ao de modernas empresas contra posseiros e
mesmo tempo que utilizava instrumentos que facilitaram a indígenas.
grilagem de terras nessa região. (CAMPOS FILHO, d) Violência das modernas empresas contra peões
Romualdo Pessoa. escravizados.

GUERRILHA DO ARAGUAIS a esquerda em armas. Goiânia, 08. (UFT 2011.1) Conhecida como capital cultural do
1997, p.75) Norte de Goiás, esta cidade teve papel fundamental para o
desenvolvimento da região norte do Estado, desde o século
Considerando as informações deste texto é INCORRETO XIX, até meados do século XX, quando foi “atropelada” pela
afirmar que: construção da rodovia Belém-Brasília.
a) Levas de nordestinos penetravam na região e se
estabeleciam em áreas de posses, em terras sem Com a construção dessa rodovia, os pólos de
qualquer tipo de documentação, incentivado pelo desenvolvimento das margens do rio Tocantins foram
governo federal. transferidos para o traçado da estrada, com o surgimento de
b) As grandes empresas agropecuária que ali se novos centros urbanos.
instalavam encontravam formas „eficazes‟ de
expandir suas propriedades, através da grilagem,

14
CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo Rosa. O discurso
autonomista do Tocantins. Goiânia: UCG, 2003. p. 13

Sobre a criação do estado do Tocantins é CORRETO


afirmar:
a) O discurso autonomista do Tocantins teve como
primeira referência histórica, a Proclamação de
1821, de Teotônio Segurado.
b) Sem demanda espontânea, a criação do estado do
Tocantins e a ruptura com o estado de Goiás foram
articuladas por Onofre Quinam.
c) As declarações Pró-Estado do Tocantins quando
chegaram ao conhecimento do governador Juca
Ludovico receberam manifestos de apoio.
d) A semente do discurso autonomista do estado do
Adaptado de OLIVEIRA, Maria de Fátima. In GIRALDIN, Tocantins foi plantada por Bernardo Élis quando
O. (Org.) A (trans) formação histórica do Tocantins. coordenava a Junta Provisória da Comarca do
Goiânia: CEGRAF-UFG, 2004, p. 239. Norte.

Pelas referências apresentadas, trata-se de: 12. (AROEIRA) Bem aqui nesta casa tinha um neto meu
a) Araguaína casado, tinha até uma meninazinha, a mulher dizia que
b) Porto Nacional estudava de noite. Quando foi um dia, ela encostou aqui na
c) Gurupi porta numa camionete e levou as coisas dela e não disse nem
d) Miracema até logo a ninguém. Um outro neto, também se casou, não
e) Natividade demorou muita coisa, logo se apartaram. Isto foi das coisas
de liberdade demais.
09. (AROEIRA) E o sonho tornou-se realidade! Uma frase
forte bem elaborada, expressou o desfecho vitorioso da O texto acima é um relato de um pioneiro do Estado do
bandeira procriação do estado do Tocantins. “Esta terra é Tocantins, feito em 1992. Analisando o texto e relacionando-
nossa!” o ao contexto a que se refere, nota-se que ele revela a
perplexidade do pioneiro diante da:
CAVALCANTE, M. E. S. R. Tocantins. O movimento a) dissolução da família patriarcal comandada pelo
separatista do norte de Goiás – 1821-1988. São Paulo: ancião, decorrente da adoção do modelo familiar
Anita Garibaldi; Goiânia: Editora da UCG, 1999, p. 147.
europeu introduzido pelos migrantes estrangeiros.
(Adaptado).
b) facilidade de ascensão social, decorrente da
ampliação das possibilidades de enriquecimento
A frase destacada no fragmento, “Esta terra é nossa!”,
oferecidas pela industrialização do Estado.
expressa, como característica marcante da luta pela criação
c) mudança de valores e comportamentos, decorrente
do Tocantins, a participação:
da intensificação do processo migratório e de
a) das elites agrárias do norte goiano, que buscavam
modernização da região.
fazer frente ao domínio econômico dos migrantes
d) emancipação feminina, decorrente da abertura de
estrangeiros.
novas frentes de trabalho para as mulheres na nova
b) das populações do norte goiano, que visavam
capital.
alcançar o reconhecimento de suas necessidades e
potencialidades.
13. (UFT 2018) As descobertas das minas de ouro no
c) dos nativos do norte goiano, que objetivavam
norte de Goiás formaram os primeiros povoados no
garantir a posse das terras ocupadas para os seus
território, onde hoje está situado o estado do Tocantins. No
descendentes.
conjunto das primeiras cidades criadas, podemos citar:
d) dos políticos do norte goiano, que desejavam
a) Natividade, Arraias e Porto Real.
associar a sua luta ao movimento de abertura
b) Goiânia, Uruaçu e Miracema.
política nacional.
c) Palmas, Cavalcante e Uberlândia.
d) Brasília, Pedro Afonso e Araguaína.
10. (COPESE - UFT) É CORRETO afirmar que o
Tocantins, o mais novo estado brasileiro, foi criado
14. (UFT 2016) Foi construída entre o final do século XIX
oficialmente em 1988 pela promulgação:
e o início do século XX, resultado dos esforços dos Frades
a) do Plano Diretor Federal.
Dominicanos. É CORRETO afirmar que o patrimônio
b) do Regimento Federativo do Brasil.
histórico do Tocantins acima mencionado refere-se à:
c) do Ato de Criação dos Estados Brasileiros.
a) Paróquia Sagrado Coração, em Araguaína.
d) da Constituição da República Federativa do Brasil.
b) Igreja Nossa Senhora das Mercês, em Porto
Nacional.
11. (UFT) "A criação do Estado do Tocantins, em 1988,
c) Diocese de Tocantinópolis.
legitimou um projeto de autonomia que expressava as
d) Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em
necessidades econômicas e político-administrativas de seu
Conceição.
próprio tempo, mas trazia também as falas de outras
gerações e seus projetos inclusos."

15
15. (QUADRIX 2016) Considerando os aspectos c) Movimento Tocantinense
históricos do Estado do Tocantins, leia as seguintes d) União Tocantinense.
afirmativas.
I. Quando o Estado do Tocantins foi criado, havia 18. (FUNCAB 2014) A eleição dos primeiros
apenas 60 municípios. A seguir, ainda por Goiás, representantes tocantinenses foi realizada em 15 de
foram criados mais 19 novos municípios, dois dos novembro de 1988. Foram eleitos prefeitos municipais,
quais, Aliança do Tocantins e São Valério da governador e vice-governador, senadores, deputados
Natividade, foram instalados a 1º de janeiro de federais e estaduais. As primeiras eleições tocantinenses
1989. foram conduzidas pelo(a):
II. O Decreto Governamental nº 791/89, de 15 de a) Congresso Nacional.
maio de 1989, dividiu o Estado em 15 regiões b) Tribunal Regional Eleitoral de Goiás.
administrativas, sendo que em cada região há uma c) Tribunal Superior Eleitoral.
cidade sede. Palmas, por ser Capital do Estado, não d) União Tocantinense.
integra quaisquer das Regiões Administrativas.
III. Os principais redutos indígenas no Tocantins são: 19. (UFT 2013) "Os antigos povoadores de Goiás-
Apinagé, Carajá, Xerente, Krahô, Javaés, Avá- Tocantins deixaram rico acervo de arte rupestre. Muitas
Canoeiros, Tapirapés e Guarani. pinturas, petroglifos em variedades de estilos. O acervo
também é farto em distribuição e quantidade de sítios."
Pode-se afirmar que:
a) Somente I está correta. GOMES, Horieste; BARBOSA, Altair Sales; TEIXEIRA
b) Somente II está correta. NETO, Antônio. Goiás-Tocantins. 2 ed. Goiânia: UFG,
c) Somente III está correta. 2005. (Adaptado)
d) Há apenas duas afirmativas corretas.
e) Todas estão corretas. Foram identificadas oito principais áreas com arte rupestre
entre os estados de Goiás e Tocantins. É CORRETO afirmar
16. (AROEIRA 2014) Não se levou em conta o fator que a área identificada no estado do Tocantins com arte
precípuo da oportunidade, e desse modo dois movimentos rupestre corresponde a:
contraditórios sacodem a terra goiana: um eminentemente a) Corrente, que contém grandes abrigos com
unionista propugnado pela mudança da capital federal para o pinturas predominantemente de formas
planalto central, e outro, do qual estou pronunciando, geométricas bem elaboradas e definidas.
caracteristicamente separatista, do norte contra o sul do b) Chapada dos Veadeiros, uma região com grutas e
Estado. lajeados com petroglifos de várias formas e
O CORREIO DO NORTE. Tocantinópolis, n. 93. 22 jun. dimensões, algumas com pinturas realistas de
de 1956. Apud CAVALCANTE, M. E. S. R. Tocantins. O animais.
movimento separatista do Norte de Goiás– 1821-1988. c) Monte do Carmo, que possui um abrigo com
São Paulo: Anita Garibaldi; Goiânia: Editora da UCG, grandes dimensões. As paredes contêm gravuras
1999, p. 107. (Adaptado). simples, preenchidas com pinturas de formas
variadas.
O fragmento acima é parte de um manifesto ao povo goiano, d) Caiapônia, que possui cerca de quarenta e cinco
publicado no jornal O Estado do Tocantins, em 1956, pelo abrigos, a maioria de pequenas dimensões, mas com
deputado João de Abreu, representante goiano no grande quantidade de pinturas que retratam a vida
Congresso Nacional. Para manifestar a sua oposição à cotidiana.
criação do estado do Tocantins, João de Abreu justificou que
o movimento separatista não era oportuno, pois: 20. (IF-TO) São fatos históricos concernentes à História do
a) as ações políticas estavam voltadas para a que, a partir de 1988, passou-se à denominação de Tocantins,
construção da nova capital. exceto:
b) os movimentos sociais estavam centrados na a) A criação da Comarca no Norte, em 1809, para
criação da unidade nacional. facilitar a administração à aplicação da justiça e,
c) as ações governamentais buscavam a valorização principalmente, incentivar o povoamento e o
integral do interior do país. desenvolvimento da navegação dos rios Tocantins e
d) os movimentos econômicos visavam integrar o Araguaia. O Alvará de 18 de março de 1809 dividiu
norte goiano na esfera nacional. a Capitania de Goiás em duas comarcas (regiões): a
Comarca do Sul e a Comarca do Norte.
17. (FUNCAB 2014) O ano era 1987.As lideranças b) A primeira separação do Tocantins ocorreu por
souberam aproveitar o momento oportuno para mobilizar a causa do aumento do imposto de capitação (17
população [...]. A Conorte apresentou à Assembleia gramas de ouro cobradas por cada escravo, homem
Constituinte uma emenda popular com cerca de 80 mil ou mulher, acima de 12 anos) para os mineiros que
assinaturas como reforço à proposta de criação do Estado. se localizavam ao norte da região de Goiás. Os
Naquele momento, foi criada uma organização mineiros – donos de lavras e escravos – se
suprapartidária com o objetivo de conscientização política revoltaram. As minas do norte eram mais ricas em
em toda a Região Norte para lutar pelo Tocantins também ouro que as do sul.
através de emenda popular. A organização suprapartidária c) A CENOG e a CONORTE, criadas no século XX,
referida no texto foi denominada: assumem papel político que antecede a criação do
a) Assembleia do Tocantins. Estado do Tocantins. A primeira sustentada por
b) Constituinte do Tocantins. lideranças políticas e intelectuais radicadas em

16
Goiânia e Brasília, e a segunda por uma sociedade
civil sem fins lucrativos, de caráter cultural e político
apartidário.
d) A Comarca do Norte de 1809 recebeu a
denominação de Comarca de São João das Duas
Barras, assim como chamaria a vila que se mandaria
criar com este mesmo nome para ser sua sede. Foi
nomeado o Desembargador Joaquim Theotônio
Segurado como o seu Ouvidor.
e) As justificativas para a separação do norte em
relação ao centro-sul de Goiás eram, para Segurado
nos idos do século XIX, de natureza econômica,
política, administrativa e geográfica. Alegava a falta
de assistência da administração pública na região
que só se fazia presente na cobrança de tributos; da
carência de uma força política representativa e da
necessidade de um governo mais centralizado.

16. Referências bibliográficas


• BARROS, Otávio. Breve História do Tocantins, 1º
edição, FIETO, Araguaína, 1996
• BARROS, Otávio. Tocantins, Conhecendo e
Fazendo História, 1º edição, SECOM, Palmas, 1998.
• PALACIN, Luís, MORAES, Maria Augusta Sant’anna.
História de Goiás (1722-1972) 5º ed. Goiânia: Ed.
Da UCG, 1989.
• O Século do Ouro em Goiás. 3º ed. Goiânia:
Oriente, Brasília: INL, 1979.
• CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo Rosa.
Tocantins: O Movimento Separatista do Norte de
Goiás, 1821-1988 - São Paulo: A Garibaldi, Editora
da UCG, 1999.
• SILVA, Francisco Ayres da. Caminhos de Ouhãra -
2° ED. Porto Nacional: Prefeitura Municipal, 1999.
• PARENTE, Temis Gomes- Fundamentos Históricos
do Estado do Tocantins Goiânia: ED. da UFG, 1999.
• ALENCASTRE, José Martins Pereira de. Anais da
Província de Goiás. Goiânia: SUDECO/Governo de
Goiás, 1979.

17. Respostas dos exercícios


01. D
02. A
03. D
04. A
05. E
06. E
07. B
08. B
09. B
10. D
11. A
12. C
13. A
14. B
15. A
16. A
17. D
18. B
19. C
20. C

17

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