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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA
MONOGRAFIA
Supervisor:
Doutor Jorge Jaime dos Santos Fringe
Esta Monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau
de Licenciatura em Psicologia das Organizações e aprovada na sua forma final pelo curso
de Licenciatura em Psicologia, Departamento de Psicologia da Faculdade de Educação
da Universidade Eduardo Mondlane.
Director do Curso:___________________________________________________
(dr. Rui João)
Presidente do Júri:___________________________________________________
(dra. Lídia Domingos)
Oponente: _________________________________________________________
(Doutor Octávio Zimbico)
Supervisor:_________________________________________________________
(Doutor Jorge Jaime dos Santos Fringe)
i
Agradecimentos
Pelo incontável número de pessoas que me auxiliaram, só conseguiria ser fiel ao meu
coração, escrevendo os meus agradecimentos ao longo da mesma quantidade de páginas
contidas neste trabalho. Não sendo possível, procurei eleger alguns que as suas contribui-
ções e ensinamentos foram cruciais e sem os quais não chegaria ate aqui.
Primeiro ao Sr. Marcos John Romanisse, meu pai, por tudo que tem feito por mim, igual-
mente à minha Madrasta e por extensão, a toda família e amigos pelo apoio incondicional
durante este longo percurso.
Manifesto ainda, o meu especial reconhecimento aos professores Milton Mucuanga e Al-
cídio Cumbe pelo aconselhamento e orientação.
ii
Dedicatória
iii
Declaração de honra
Declaro que esta Monografia nunca foi apresentado, na sua essência, para a obtenção de
um outro qualquer grau ou num outro âmbito e que constitui o resultado do meu labor
individual, e todas as fontes utilizadas encontram-se indicadas no desenrolar do texto e
nas referências bibliográficas.
Assinatura
_______________________________________________
(Yuri Marcos John Romanisse)
iv
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos
DP Desvio-Padrão
EP Erro Padrão
M Média
Máx Máximo
Mín Mínimo
N Total
v
Índice
Agradecimentos ............................................................................................................ ii
Resumo ........................................................................................................................ x
Abstract ....................................................................................................................... xi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
vi
2.3.1. Perspectiva histórica.......................................................................................... 13
2.3.2. Conceituação de Qualidade de vida no trabalho ................................................. 14
2.3.3. Modelos de qualidade de vida no trabalho ......................................................... 15
2.3.3.1. Modelo de QVT de Nadler e Lawler ............................................................... 15
2.3.3.2. Modelo de QVT de Hackman e Oldhan .......................................................... 15
2.3.3.3. Modelo de QVT de Walton ............................................................................ 16
3. Qualidade de vida no trabalho e satisfação no trabalho ............................................ 17
Apêndice
Anexos
vii
Anexo C: Credencial da Faculdade de educação para efeitos de estágio .........................62
viii
Lista de Figuras e de Tabelas
Figuras
Gráficos
Quadros
Tabelas
ix
Resumo
x
Abstract
This work sought the relationship between quality of life at work and job satisfaction
among employees of the Milange District Education, Youth and Technology Service. Ac-
cording to the proposed objectives, a study was selected that integrates the quantitative
approach. The data were collected through the application of a questionnaire answered
by 23 participants selected using the sampling technique by convenience, and the re-
sponses were analyzed using Excel and the Statistical Package for Social Sciences, SPSS.
The results showed high levels of satisfaction and a positive perception of most dimen-
sions related to quality of life at work. Correlation techniques were used to verify the
association between the studied constructs, and the results indicated that there is a rela-
tionship between the constructs and that the perception of employees in relation to the
quality of life at work can somehow influence job satisfaction, however, have some pe-
culiarities of their own, as their correlations proved to be very weak, therefore, it is en-
couraged to expand the present investigation in other areas using a different approach and
with a larger number of participants.
xi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1
de Educação, Juventude e Tecnologia de Milange, se utilizando de uma de uma aborda-
gem quantitativa, empregou-se um questionário de forma a colher as informações perti-
nentes.
Neste trabalho apresentam-se resultados de uma pesquisa realizada no âmbito das ac-
tividades didáticas para obtenção do grau de licenciatura em Psicologia das Organizações.
O mesmo é composto por quatro partes, nomeadamente: a primeira parte compreende a
revisão da literatura de matérias como satisfação no trabalho e QVT, e investigações re-
alizadas por outros autores com os temas em alusão (capítulo II); na segunda parte é apre-
sentado o material e os métodos aplicados para a elaboração do trabalho, este capítulo
aborda especificamente: a população em estudo, o tipo de pesquisa, os instrumentos de
recolha de dados e as forma adoptadas para análise dos dados (capítulo III) l; a terceira
parte apresenta resultados e discussões do estudo baseando-se na informação contida na
revisão da literatura e os dados provenientes do estudo (capítulo IV) e; a última parte
apresenta as conclusões do estudo e as recomendações para a SDEJT-M, as limitações e
sugestões para estudos posteriores (capítulo V).
1.3. Problematização
2
estão insatisfeitos devido a uma série de factores, tais como: condições salariais, condi-
ções de trabalho, atrasos na condução de processos para mudança de carreira; falta de
promoção pelo tempo de serviço e falta de prestigio da profissão do professor na socie-
dade (MINEDH, 2019).
Essa realidade evidencia que a organização do trabalho dos professores alocados para
áreas de gestão possui características que o expõe a factores estressantes que podem re-
percutir sobre sua saúde física, mental, sobre a qualidade de sua vida e de seu trabalho.
Dessa forma, faz-se necessário investigar os aspectos relacionados à satisfação no traba-
lho dos funcionários alocados à área de gestão, pois, sendo uma política administrativa
adotada a pouco tempo pelo MINEDH objectivando melhorar a motivação dos professo-
res, é necessário avaliar a sua eficácia.
1
A avaliação do desempenho constitui um poderoso meio de melhorar a qualidade do trabalho e a
qualidade de vida nas organizações (Chiavenato, 2009).
2
Brázio (2016) citando Podsakoff et al (1990), alude que a satisfação se relaciona com o comportamento
espontâneo, inovador e não prescrito pelo papel funcional.
3
Outro aspecto verificado é que SDEJT-M passou por uma recente restruturação, em
que algumas repartições foram transferidas para locais provisórios desprovidos de condi-
ções físicas agradáveis enquanto se espera a construção da sede, portanto, suspeitando-se
que o ambiente físico precário em algumas repartições, a forma como são alocados os
funcionários de cargos de docência para cargos de ‘chefia’, e os de mais processos e po-
líticas que caracterizam o modus operandi na Gestão dos Recursos Humanos do SDEJT-
M, estejam a influenciar a QVT, e esta, a satisfação no trabalho dos funcionários desta
instituição, surgiu o interesse na realização desta pesquisa que buscou responder a se-
guinte pergunta:
4
1.6. Justificativa do estudo
O estudo ainda se justifica pela relevância que a satisfação e QVT exerce sobre as
pessoas nas organizações, uma vez que a mesma se configura como transformador de
qualquer ambiente laboral (Brunelli, 2008 como citado em Frazão, 2016). A relevância
deste estudo justifica-se em vários níveis, nomeadamente institucional, social e pessoal.
5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
A satisfação do homem com o trabalho tem vindo a desenvolver-se ao longo dos úl-
timos séculos, porém o seu início é geralmente apontado como coincidente com a Escola
de Relações Humanas (Vieira, 2016).
Foi em 1903, nos Estados Unidos da América que com Taylor surge a primeira teoria
da administração cujo objectivo primordial era o aumento da produtividade nas empresas.
Os operários executavam trabalho pesado e não qualificado, que embora resultasse em
aumento da produtividade implicou e originou a perda de valor social das profissões,
desmotivação, desinteresse e elevada rotatividade dos trabalhadores (Vieira, 2016).
O trabalhador era visto como mais uma máquina, desprovido de criatividade, vontade
e iniciativa. Esta teoria, assente no mecanicismo e na especialização do trabalhador viria
a ser posta em causa pelos modelos humanistas que o sucederam valorizando mais o fac-
tor humano. É a partir daqui que a satisfação no trabalho ganha espaço para o seu desen-
volvimento e interesse para muitos teóricos, gestores e investigadores (Vieira, 2016).
A palavra satisfação deriva do étimo latino satisfactione que significa prazer, rego-
zijo, alegria, contentamento, aprazimento, e que resulta da produção do que é desejado
ou esperado (Costa & Melo, 1996, como citados em Vieira, 2016).
Tendo como ponto de partida Vieira (2016) citando Locke (1969), satisfação no tra-
balho é o resultado da avaliação que o trabalhador tem sobre o seu trabalho ou a realização
de seus valores por meio dessa actividade, sendo uma emoção positiva de bem-estar3. Na
3
Vale ressaltar que esse autor difere valores de necessidades, em que necessidades se referem à sobrevi-
vência e ao bem-estar do indivíduo, sendo essas inatas e comuns a todos, e os valores são diferentes de
pessoa para pessoa (Marqueze & Moreno, 2005).
6
mesma perspectiva, Marqueze e Moreno (2005) citando Neves et al (2001), define a sa-
tisfação no trabalho como um conjunto de sentimentos e emoções favoráveis ou desfavo-
ráveis resultantes da forma como os empregados consideram o seu trabalho.
Há três elementos básicos que podemos observar nas definições de satisfação dos au-
tores Locke (1969) e Marqueze e Moreno (2005): os valores, sua importância e sua per-
cepção. Os valores estão relacionados ao que alguém deseja alcançar; e a importância que
é dada aos valores diferencia-se de pessoa para pessoa, e essas distinções afetam o grau
de satisfação individual, por fim, a percepção refere-se à visão que alguém tem de deter-
minada situação e tem por base os valores individuais, podendo não representar as cir-
cunstâncias reais do trabalho.
Vieira (2016) citando Spector (2006), define satisfação no trabalho como sendo uma
atitude mutável que demonstra como os indivíduos se sentem em relação ao trabalho e ao
ambiente onde o executam, ou seja, a satisfação é o quanto os trabalhadores gostam do
seu trabalho e gostam do que fazem.
Pelo exposto nesse grupo de autores, o tema satisfação no trabalho, refere-se a res-
postas emocionais, ou seja, o que conta para satisfação no trabalho é o estado emocional
do trabalhador, como ele se sente em relação ao seu em torno laboral.
Numa outra perspectiva, Robbins (2005) define satisfação no trabalho “como a atitude
geral de uma pessoa em relação ao trabalho que realiza”.
O homem possui uma reação activa às situações de trabalho que não o satisfazem,
deliberando atitudes de mudanças. Diferentemente da visão da satisfação como estado
emocional, esta concepção aborda a satisfação e a insatisfação no trabalho como fenôme-
nos distintos, sendo que a insatisfação está relacionada aos factores que determinam o
trabalho, como ambiente, recompensas e chefia, esta visão harmoniza-se com a teoria de
dois factores de Herzberg (Robbins, 2000, como citado em Vieira, 2016).
Não existe uma definição irrefutável e única, pois, existem autores que olham a satis-
fação no trabalho como uma emoção e outros como uma atitude, sendo assim, de forma
à abarcar as duas perspectivas, o estudo compreende a satisfação profissional como um
estado emocional agradável e positivo do individuo, que resulta da avaliação que o traba-
lhador faz de determinado trabalho, ou experiência no trabalho (emoção) que pode ser
7
verbalizada através de uma opinião ou uma intensão comportamental (atitude) (Graça,
2000, como citado em Ferreira, 2015).
Da mesma forma que não existe uma única definição de satisfação no trabalho, tam-
bém nas teorias as ideias divergem sobre o que satisfaz no ambiente laboral, cada autor
tem a sua própria abordagem, tendo todas elas a sua relevância no estudo da satisfação
do trabalho. Abaixo estão algumas das teorias de satisfação.
A teoria das necessidades defendida por A.H. Maslow, propõe que os indivíduos se-
riam motivados para satisfazer as suas necessidades de forma hierarquizada arranjadas
em uma pirâmide de importância no comportamento humano. Na base da pirâmide estão
as necessidades mais baixas e recorrentes, as chamadas necessidades primárias, enquanto
no topo estão as mais sofisticadas e intelectualizadas as necessidades secundárias. A Fi-
gura 1 dá uma idéia desse arranjo hierárquico (Chiavenato, 2009).
auto-
realização
Necessidades
es;ma Secundárias
Sociais
Segurança Necessidades
Primárias
Fsiológicas
8
conforto, vestuário, afetos. No contexto do trabalho significa que precisa de salários ade-
quados e boas condições de trabalho (Abdulla, 2009, como citado em Leite, 2013).
9
O modelo dos dois factores segue a mesma logica, isto é, quando existem determina-
dos factores nocivos a contaminar o contexto laboral podem desencadear atitudes de tra-
balho mais fracas, mas se estes factores higiénicos forem melhorados, deixam de servir
como impedimento para o desenvolvimento de atitudes de trabalho mais positivas. Os
factores higiénicos incluem a supervisão, relações interpessoais, condições física do tra-
balho, salário, políticas da empresa e práticas administrativas, benefícios e segurança de
trabalho. Quando estes factores se deterioram a um nível abaixo do qual o colaborador
considera aceitável, surgem problemas de satisfação com o trabalho. Contudo, o inverso
pode não se verificar, não sendo garantido que mesmo com condições óptimas de trabalho
o colaborador se sinta satisfeito e desenvolva atitudes positivas (Herzberg, Mausner &
Snyderman, 1959, como citados em Amorim, 2016).
Os factores que conduzem a este tipo de atitudes caracterizam-se por não estarem
directamente relacionados com as características do desenho da função e ocorrem quando
a necessidade de auto-actualização no trabalho está satisfeita, sendo designados por mo-
tivadores, em oposição aos higiénicos, estes factores são intrínsecos, dado estarem rela-
cionados com o desenvolvimento pessoal e deles fazem parte a realização, o reconheci-
mento, o conteúdo do trabalho, a responsabilidade e crescimento profissional. (Martinez
& Paraguay, 2003, como citados em Amorim, 2016).
Assim, segundo este modelo a satisfação profissional é determinada pela presença dos
factores motivadores, uma vez que são estes que conseguem conduzir o indivíduo para
um esforço e desempenho superior e a insatisfação surge ligada à carência dos factores
higiênicos, que são mais extrínsecos ao indivíduo (Amorim, 2016).
Victor Vroom, psicólogo e teórico da era humanista, desenvolveu a teoria das espec-
tativas (1964) que entende a satisfação profissional como resultado de uma comparação
entre a recompensa obtida e a esperada. “Quanto maior for a diferença entre esses dois
valores, tanto mais elevado será o grau de satisfação ou insatisfação, conforme o obtido
seja maior ou menor que o esperado” (Azevedo 2012, como citados em Leite, 2013).
A teoria das espectativas foi das primeiras a concentrar- se nos processos cognitivos
subjacentes à motivação e satisfação no trabalho. Esta teoria destaca que a satisfação no
trabalho é baseada na crença das pessoas sobre a probabilidade de que o esforço leva ao
10
desempenho (expectativa), multiplicado pela probabilidade de que o desempenho condu-
zirá à recompensa (instrumentação), multiplicado pelo valor recebido de recompensa (va-
lência) (Greenberg & Baron, 1997, como citados em Leite, 2013).
A teoria dos eventos situacionais proposta por Quarstein, McAfee e Glassman (1992)
assenta na ideia de que a satisfação no trabalho resulta de dois factores, as características
situacionais que se referem a dimensões do trabalho que podem ser analisadas pelo indi-
viduo antes mesmo de aceitar desempenhar a função (salário, oportunidades de desenvol-
vimento pessoal, condições de trabalho, politicas da empresa); e os eventos situacionais,
estes acontecem após início do desempenho da função, ao longo do seu trabalho o indi-
viduo pode encontrar situações que lhe são favoráveis, ou situações que lhe são desfavo-
ráveis (Ferreira et al, 2011, como citados em Leite, 2013).
Esta teoria advoga que é mais fácil para o individuo controlar as respostas emocionais
resultantes das características do trabalho, do que o controlo das mesmas quando se trata
11
de eventos situacionais. Desta forma é perceptível a variação que ocorre no nível de sa-
tisfação dos indivíduos como resultado de um conjunto de respostas emocionais a eventos
situacionais mesmo que se identifiquem características do trabalho idênticas (Leite,
2013).
Ao longo dos anos, em que muitos estudos realizados sobre o tema da satisfação no
trabalho foram sendo utilizadas ferramentas para medir e avaliar as variadas característi-
cas e determinantes associadas a este conceito (Frazão, 2016). Porém, persistem os pro-
blemas relacionados à sua forma de avaliação, pois, sendo um dos construtos mais inves-
tigados, é também um dos que mais carece de padrões metodológicos no campo da pes-
quisa organizacional. Outro problema na medida da satisfação no trabalho, é o uso de
questionários sem modelos teóricos que os sustentem (Staw,1984; Bussing, Bissels, Fu-
chs & Perrar,1999, como citados em Carlotto & Câmara, 2008).
Entre as teorias contempladas na sessão 2.1.3, a teoria que melhor se aplica às anali-
ses feitas neste estudo pela sua abrangência e importância na compreensão da satisfação
laboral, é o modelo Motivação-Higiene que de certa forma detalha melhor os aspectos
12
que levam a satisfação e sistematiza a teoria das necessidades de Maslow (também apli-
cada neste estudo), entretanto, por ser generalista e pouco considerar as diferenças indi-
viduas (Hulin, 1966; Rollinson, 2008 como citados em Leite, 2013), a teoria de Locke e
dos eventos situacionais se mostraram úteis para colmatar esta brecha do modelo Moti-
vação-Higiene e igualmente serviram de base para as análises realizadas.
Com o passar do tempo, começa a surgir uma crescente preocupação com os aspectos
humanos no contexto laboral e desta preocupação emerge o modelo psicossocial do tra-
balho, que vem efetivamente romper com o modelo vigente, focando essencialmente a
organização como um organismo social, cujo principal objetivo recai sobre a valorização
do ser humano, onde o essencial recai sobre as relações interpessoais estabelecidas e não
somente no factor monetário associado ao trabalho e à actividade laboral (Amorim, 2016).
Elton Mayo4, no início dos anos 20, foi um dos primeiros estudiosos a debruçar-se
sobre as organizações e sobre o seu lado mais humano. Através da experiência realizada,
o investigador concluiu que o trabalho é tido fundamentalmente com uma actividade de
caráter grupal e, nesta perspetiva, quanto maior for o sentimento de pertença ao grupo e
quanto mais o individuo se conseguir relacionar com o grupo de pares, maior será a sua
motivação para produzir. Mayo demonstrou a importância e a influência que os factores
psicológicos podem exercer no contexto laboral e que estes acabam, de certa forma, por
condicionar toda a produção, bem como a motivação e a QVT (Amorim, 2016).
4
Investigador, levou a cabo uma experiência denominada por “experiência de Hawthorne”, na Western
Electric Company.
13
Organizacional. Juntamente com seus colaboradores realizou estudos que compreendes-
sem a relação existente entre trabalhador e organização (Ribeiro & Santana, 2015).
A expressão “Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)” foi cunhada por Louis Davis
na década de 1970 quando desenvolvia um projecto sobre desenho de cargos. Para ele, o
conceito de QVT refere-se à preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos colabora-
dores no desempenho de suas actividades (Chiavenato, 2014).
Não existe um consenso relativo à definição de QVT. No entanto, França (1996), re-
fere que a QVT representa uma necessidade de se actuar mais profundamente na valori-
zação das condições de trabalho, no que se refere aos procedimentos da tarefa em si, ao
ambiente físico e aos padrões de relacionamento. Por outro lado, Chiavenato (2014), de-
fine QVT como um conjunto de acções de uma empresa, envolvendo diagnóstico e im-
plantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do
ambiente de trabalho, visando a propiciar condições plenas de desenvolvimento humano
para e durante a realização do trabalho.
Ainda Chiavenato (2014), diz-nos que “no fundo, a QVT busca uma visão integral e
ética do ser humano em seu relacionamento com as organizações. Tem sido utilizada
como indicadora das experiências humanas no local de trabalho e o grau de satisfação das
pessoas que desempenham o trabalho”.
Para Detoni (2001) citando Fernandes (1996) apesar da existência de varias definições
e com diferentes enfoques, observa-se algo comum voltado para a conciliação dos inte-
resses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo que melhora a satis-
fação do trabalhador, melhora a produtividade da empresa.
Neste estudo entende-se QVT como um olhar holístico sobre o meio laboral e o tra-
balho em si, não reduzindo a busca financeira, mas a vários outros fins pessoais como
identidade, realização, reconhecimento e outros intentos que não se restringem a questão
financeira. Assim, se deve buscar a harmonização dos interesses dos colaboradores e das
organizações, tornando o seu crescimento concomitante.
14
e objectivos delineados, desta forma surgem os programas de qualidade de vida com obje-
tivo primordial avaliar todos os aspetos que influenciam a satisfação dos colaboradores,
para serem adotadas medidas que estejam ao alcance da organização, com o intuito de
melhorar a QVT e diminuir o impacto que os factores decorrentes na vida pessoal exer-
cem no desempenho do colaborador (Novo, 2003, como citado em Amorim, 2016).
Hackman e Oldhan analisam a QVT sob o vértice do desenho de cargo. Para eles, as
dimensões do cargo produzem estados psicológicos críticos que conduzem a resultados
pessoais e de trabalho que afectam a QVT. Neste modelo, para melhorar a QVT o cargo
deve requerer varias e diferentes habilidades da pessoa (Variedade de habilidades); O
trabalho deve ser realizado do início até para que a pessoa possa perceber que produz um
resultado palpável (identidade da tarefa); A pessoa deve conhecer o significado da tarefa
e ter responsabilidade pessoal para planejar e executar as tarefas (autonomia); A tarefa
deve proporcionar informação de retorno à pessoa para que ela própria possa autoavaliar
seu desempenho (Retroação do próprio trabalho); e a deve haver o retorno proporcionado
pelos superiores hierárquicos ou clientes a respeito do desempenho na tarefa (Retroação
extrínseca) (Chiavenato, 2014).
15
Se olhada com atenção, esta teoria contrapõe-se com a divisão de trabalho proposta
pelos princípios da administração científica de Taylor, principalmente quando trata da
importância das diferentes habilidades que se deve possuir no trabalho em oposição a
especialização em uma única tarefa preconizada pelo taylorismo, assim como a identidade
da tarefa e o significado da tarefa, aspectos que o taylorismo pouco considerava (Chiave-
nato, 2014).
16
8) Relevância social da vida no trabalho: o trabalho deve ser uma actividade social
que traga orgulho para a pessoa em participar de uma organização. A organização
deve ter uma actuação e uma imagem perante a sociedade.
Silva (2001), realizou um estudo qualitativo sobre a satisfação no trabalho, com vinte
(20) gestores de escolas secundárias públicas, em Portugal. Os resultados do estudo apon-
taram que os gestores demonstraram satisfação com os factores resultados, reconheci-
mento e relação interpessoais, porém, revelaram estarem insatisfeitos com os factores au-
tonomia, remuneração e gestão de pessoas.
17
Serra (2006), analisou a QVT numa amostra de 255 professores de 13 instituições de
Ensino Superior localizadas na Província de Maputo e nas Cidades de Maputo, Que-
limane e Nampula, em Moçambique. Os resultados do estudo revelaram que os professo-
res associaram o conceito QVT a factores de dimensão organizacional, com maior desta-
que para a remuneração e benefícios, valorização do indivíduo, condições e recursos de
trabalho. O estudo apurou também que os professores revelaram, em termos globais, um
grau médio de satisfação moderada com a QVT, tendo a dimensão compensação justa e
adequada sido o ponto crítico de insatisfação para os mesmos (Serra, 2006, como citado
em Manjate, 2015).
Melo (2007) desenvolveu um estudo que teve como principal objectivo analisar a
QVT no Instituto Nacional de Acção Social (INAS) sob a perspectiva dos funcionários.
A pesquisa abrangeu o universo de funcionários da INAS Central em Maputo. Os resul-
tados do estudo revelaram que para os funcionários da INAS o termo QVT está associado
a aspectos de ordem organizacional e menos a dimensões biológicas, psicológicas e soci-
ais. Por outro lado, o estudo apurou também, no global que os funcionários manifestaram
estar moderadamente satisfeitos com a QVT, mas insatisfeitos com a dimensão Compen-
sação Justa e Adequada, comparativamente às restantes dimensões analisadas (Melo,
2007, como citado em Manjate).
Frazão (2016), na sua pesquisa sobre a satisfação no trabalho dos servidores públicos
administrativos e docentes do Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí e sua relação
com o clima organizacional, entre os vários achados, demonstrou que os servidores par-
ticipantes da pesquisa, de uma forma geral, estão mais satisfeitos com o conforto, lim-
peza, ventilação e iluminação do ambiente onde trabalham do que com as relações hie-
rárquicas e o trabalho como um fator de realização.
As lições que podem ser extraídas da sessão 2.3.2. são varias, contudo, destaca-se a
busca de valorizar o trabalhador enquanto ser bio-psíco-sócio-cultural, e olhar mais ho-
listicamente sobre o meio laboral e o trabalho em si, não reduzindo a busca financeira,
mas a vários outros fins pessoas como identidade, realização, reconhecimento e outros
intentos que não se restringem a questão financeira, e claro, sempre considerando as di-
ferenças individuais.
18
CAPÍTULO III: METODOLOGIA
4.2.Tipo de pesquisa
19
4.3. População, amostra e amostragem
O questionário foi aplicado pelo estudante aos funcionários que mostraram interesse
em participar como voluntários, convidados a preencher aproximadamente 47 questões
fechadas e de múltipla escolha para avaliar os níveis de satisfação no trabalho e a QVT.
VANTAGENS DESVANTAGENS
• Economiza tempo • Percentagem pequena dos questionários que
• Grande número de dados voltam
• Atinge maior número de pessoas simultaneamente • Grande número de perguntas sem respostas
• Abrange uma área geográfica mais ampla • Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas
• Respostas mais rápidas e mais precisas • Impossibilidade de ajudar o informante em
• Maior liberdade nas respostas questões mal compreendidas
• Mais segurança • Dificuldade de compreensão
• Menos risco de distorção • Uniformidade aparente
• Mais uniformidade na avaliação • Pode uma questão influenciar a outra
• Mais tempo de resposta
21
Efectuou-se o pré-teste a uma amostra aleatória dos funcionários do SDEJT-M, no
sentido de incrementar a validade e fiabilidade do questionário utilizado, assim como
recomendam Marconi e Lakatos (2003). Surgiu a necessidade de realizar alguns ajustes
ao nível da linguagem, corrigiram-se alguns erros ortográficas existentes no questionário,
termos complexos nas questões foram alterados; e removeu-se questões que não se apli-
cavam a natureza do trabalho dos participantes.
Factor itens
A proximidade e frequência com que é supervisionado
Factor I: Satisfação com a supervisão
O apoio que recebe dos seus superiores hierárquicos
Factor II: Satisfação com o ambiente A ventilação do seu local de trabalho
físico de trabalho A temperatura do seu local de trabalho
As oportunidades de formação que a sua instituição oferece
Factor III: Satisfação com os benefí-
As oportunidades de promoção/carreira que a sua instituição lhe ofe-
cios e políticas da organização
rece
As oportunidades que o seu trabalho oferece para fazer as coisas de
Factor IV: Satisfação Intrínseca no
que gosta
trabalho
Os objetivos, metas e produtividade que deve alcançar
Factor V: Satisfação com a participa- A sua participação nas decisões relativas à sua instituição
ção A sua participação nas decisões do seu serviço
22
A escala S20/23 permitiu efectuar uma avaliação diagnóstica da satisfação no trabalho
e foi realizada mediante uma escala de resposta Likert de sete possibilidades (extrema-
mente insatisfeito, muito insatisfeito, algo insatisfeito, indiferente, algo satisfeito, muito
satisfeito, extremamente satisfeito).
A caracterização do que foi típico no grupo no que concerne aos índices de satisfação
no trabalho e a percepção da QVT foi feita mediante a utilização das medidas de posição
(média aritmética, mínimos e máximos), e o grau de semelhança ou diferença entre os
participantes em relação aos construtos em estudo foi obtida pela utilização das medidas
de dispersão (desvio-padrão).
Isto posto, foi inicialmente verificado o tipo de distribuição dos dados (normal ou
não), onde optou-se pelo teste de normalidade de Shapiro-Wilk pelo tamanho da amostra
<30 (Nascimento, Tibana, Melo, & Prestes, 2015), e pela plotagem de histogramas das
variáveis. Além disso, verificou-se o grau de distribuição dos escores através dos valores
da assimetria e da curtose (vide em Apêndice C), tal como é recomendado por Bre-
ackwell, Hammond, Fife-Schaw e Smith (2010).
Dados da pesquisa
Os valores entre 0,10 e 0,29 podem ser considerados pequenos; escores entre 0,30 e
0,49 podem ser considerados como médios; e valores entre 0,50 e 1 podem ser interpre-
tados como grandes (Cohen, 1988, como citado em Filho e Júnior, 2015). Por outro lado,
Dancey e Reidy (2005) também citados em Filho e Júnior (2015), apontam para uma
classificação ligeiramente diferente: r = 0,10 até 0,30 (fraco); r = 0,40 até 0,6 (moderado);
r = 0,70 até 1 (forte).
Para a realização do estudo, foi encaminhada junto a Direção do SDEJT-M, uma so-
licitação de autorização para a realização, onde se garantiu os direitos e deveres que dizem
respeito aos participantes da pesquisa, e a visão Geral do Projecto, assim como os termos
de garantia.
26
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
27
A leitura dos dados da tabela 6 ilustra-nos que a Satisfação no trabalho avaliada pelo
questionário de satisfação no trabalho apresenta um valor médio de 4,24 (DP= 0,79), com
o valor mínimo de 3 e o máximo de 6, ou seja, em média os participantes se encontram
entre ‘indiferente’ e ‘algo satisfeito’. Contudo, notou-se alguma variação da percepção
individual, principalmente nos factores ll e V que apresentaram um desvio-padrão de 1,01
e 1,21, respectivamente, sugerindo que no que se refere a ‘satisfação relacionada ao am-
biente físico e a participação’ os índices não se concentram em uma única escala ou opi-
nião, isto é, a opinião dos participantes em relação ao ambiente físico e a sua participação
não é unânime, ela difere entre os participantes.
Observou-se ainda que todos os factores apresentam valores médios superiores a 4,01,
sendo a satisfação intrínseca no trabalho (fator IV) o que apresentou valor mais elevado
(M=4,71; DP=0,324), seguido da satisfação com a supervisão (M=4,20), onde para ambos
os factores (IV e l) notou-se menor variabilidade da distribuição em torno da média
(DP=0,79; 0,93, respectivamente). Na sequência, o factor ‘da satisfação relacionado aos
benefícios’ apresentou uma média não muito inferior aos factores l e IV (satisfação com
a supervisão e satisfação intrínseca), e igualmente os dados tiveram menor variabilidade
em torno da média (M=4,12; DP=0,73). Por outras palavras, os participantes se encon-
tram entre “Indiferente” e “Algo satisfeito” para estes factores.
A satisfação com o ambiente físico (M= 4,02) e com a participação (M=4,15), reve-
laram-se também no patamar de satisfeito (M³4), no entanto, com valores médios inferi-
ores em relação aos demais factores e com maior variabilidade em torno da média da
distribuição (DP=1,01; 1,21, respectivamente) e com valores que variaram por quase toda
escala (Min=2; Max=6) denotando isso que alguns dos participantes expressam alguma
insatisfação no que toca ao ambiente físico e com a sua Participação nos processos deci-
sórios.
28
4.1.2. Caracterização da Qualidade de vida no trabalho
29
Podemos ainda observar na tabela 7 que as dimensões da QVT relacionadas as con-
dições de trabalho (M=3,8; DP=0,75); a remuneração e benefícios (M=3,3; DP=0,65); A
oportunidade de crescimento e segurança (M=3,4; DP=0,93); e o constitucionalismo
(M=3,8; DP=0,76), foram as dimensões que apresentaram valores médios mais baixos e
maior variação dos dados em torno da média, ou seja, alguns participantes para estas di-
mensões expressaram alguma insatisfação, estando entre “Pouco insatisfeito” e “Pouco
satisfeito” com o valor médio concentrada na escala referente a indiferença (3).
As dimensões que apresentaram valores médios mais baixos e maior variação dos
dados em torno da média, indicam que nem todos partilham da mesma opinião com rela-
ção a justiça distributiva e adequada compensação pelo trabalho executado; a jornada de
trabalho e ambiente físico adequado à saúde e ao bem-estar da pessoa; as possibilidades
de carreira na organização, crescimento e desenvolvimento pessoal e segurança no em-
prego de forma duradoura e; o estabelecimento de normas e regras da organização, direi-
tos e deveres do trabalhador, recursos contra decisões arbitrárias e um clima democrático
na organização.
30
4.1.3. Relação entre a Qualidade de Vida no Trabalho e a satisfação no trabalho
Das correlações negativas expostas pela tabela 8, destacam-se por exemplo, Uso e
desenvolvimento das capacidades vs participação; Oportunidade de crescimento e segu-
rança vs supervisão e satisfação intrínseca; Constitucionalismo vs supervisão, ambiente
físico, benefícios, e satisfação intrínseca; Espaço que o trabalho ocupa na vida familiar
vs ambiente físico, benefícios e satisfação intrínseca; Relevância social vs supervisão,
ambiente físico, e benefícios. Quer dizer, altos valores em uma variável são sempre e
regularmente relacionadas a baixos valores na outra, porém, em um grau menor.
A disposição dos pontos no gráfico 1 nos ajuda a perceber esse padrão de relaciona-
mento, indicando que boa parte das corelações são positivas (linha de tendência ligeira-
mente crescente) entre as variáveis, entretanto, a não linearidade entre os pontos, e a
ligeira dispersão um do outro, demonstram que o padrão de relacionamento entre as va-
riáveis é fraca, quase nula se considerada a linha de tendência quase diagonal com o eixo
X, sugerindo que as duas variáveis possuem vários aspectos peculiares e sua influência
sobre a outra tanto positivamente como negativamente, é débil.
32
linha de tendência quase diagonal com o eixo X exposta no gráfico 1, sugerindo que al-
gumas variáveis possuem um padrão de relacionamento inversamente proporcional (eg.
relevância social vs supervisão, ambiente físico, e benefícios), ou seja, com uma intensi-
dade fraca (r entre 0,10 e 0,30) altos valores em uma variável são relacionados a baixos
valores na outra, e que algumas correlações possuem uma força menor de influência uma
da outra (eg. Integração Social vs Participação).
5
Satisfação no Trabalho
0
0 1 2 3 4 5 6
QVT
33
4.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O objectivo geral deste estudo foi analisar a relação entre a QVT e o nível de satisfa-
ção no trabalho entre os funcionários do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tec-
nologia de Milange. Como objectivos específicos buscou-se identificar o nível de satis-
fação no trabalho dos funcionários e caracterizou-se a QVT dos funcionários do SDEJT-
M. A analise de dados possibilitou fazer leituras apresentadas nos parágrafos que se se-
guem.
Neste estudo notou-se também grande variação da percepção individual no que con-
cerne a satisfação no trabalho, achado esse que corrobora com a teoria dos eventos situa-
cionais e a teoria de Locke (1969) quando destacam a componente individual, ou seja, à
visão que alguém tem de determinada situação tem por base os valores individuai (Leite
(2013; Robbins, 2005; Ribeiro & Santana, 2015; Carlotto & Câmara, 2008). Desta forma,
com base na teoria dos eventos situacionais, percebe-se a variação que ocorreu no nível
de satisfação dos participantes como resultado de um conjunto de respostas emocionais a
eventos situacionais mesmo com características do trabalho idênticas.
34
Talvez seja importante lembrar que o SDEJT-M passou por uma recente restrutura-
ção, em que algumas repartições foram transferidas para locais provisórios desprovidos
de condições físicas agradáveis enquanto se espera a construção da sede, provavelmente
isto explique a insatisfação com ventilação no local de trabalho e a climatização expres-
sada por alguns participantes.
Como menciona Frazão (2016) citando Pereira (2010), o ambiente físico e a autono-
mia são extremamente relevantes quando se pensa que o indivíduo passa a maior parte do
seu tempo no trabalho, e quando há no ambiente, factores que o leva à insatisfação, a
ocorrência do estresse é quase inevitável. Factores apontados na literatura como desenca-
deadores de estresse (causadores de insatisfação) têm sido na instituição pública, dentre
eles, esta a ausência de autonomia com as tarefas desenvolvidas, falta de iniciativa e a
falta de perspectivas de ascensão profissional.
Neste sentido, estudos sugerem que pode ser obtida pela valorização da análise e das
decisões em consenso entre chefias e empregados e pela promoção do envolvimento dos
empregados nas actividades de planeamento e organização, e não apenas de execução do
trabalho (Fernandes, 2018).
35
4.2.2. Qualidade de Vida no Trabalho
Os resultados deste estudo indicaram de um modo genérico que a maior parte dos
participantes vê o seu trabalho e tudo que decorre do mesmo em relação a componentes
atinentes a QVT com uma certa indiferença (M=3,9), e os desvios em torno da média
(DP=0,5) sugerem que os participantes se encontram entre ‘indiferentes’ e ‘pouco satis-
feitos’ para com a QVT.
Tal como já foi referido acima, em relação a insatisfação que se verificou nos itens
como a ventilação no local de trabalho e a climatização, presentes nas respostas do ques-
tionário de satisfação no trabalho, a recente restruturação de algumas repartições do
SDEJT-M, pode justificar alguma insatisfação com a dimensão da ‘QVT relacionadas as
condições de trabalho, especificamente com as condições físicas (móveis, salas e outros)
e os materiais de trabalho (esferográficas, uniforme, papeis e outros).
36
proporcionado pelos superiores hierárquicos ou clientes a respeito do desempenho na ta-
refa (Retroação extrínseca), este facto se verifica na insatisfação demonstrada com a
forma que se realizam as avaliações de desempenho.
Os resultados ainda indicaram que a alguns dos participantes estão descontente com
a ‘QVT relacionado com os benéficos (alimentação, transporte, serviços médicos, etc.)
ofertados pela organização, por outros lado, um aspecto interessante observado na pes-
quisa é que nenhum dos participantes se mostrou insatisfeito com o seu salário, pelo con-
trário, a maioria se encontra satisfeito e outros indiferentes, diferente dos estudos de Serra
(2006), e Melo (2007), onde o salário recebido, foi percebido com alguma de insatisfação.
5
A promoção é a mudança para classe ou categoria seguinte da respectiva carreira e opera-se para o escalão
a que corresponde ao vencimento imediatamente superior (Decreto no. 52/2009, artigo 10, no. 1)
6
A progressão faz-se por uma mudança de escalão dentro da respectiva faixa salarial (Decreto no. 52/2009,
artigo 11, no. 1)
37
pantes, e é exatamente pela noção que eles têm destes processos com impacto no cresci-
mento profissional, que eles expressam alguma insensibilidade, pois é um processo pre-
viamente definido e inflexível.
Constatou-se que muitos são os que conseguem administrar a influência que o traba-
lho exerce sobre seu lazer, e sentem que o trabalho não influi significativamente em seu
lazer, pois, conseguem conciliar as actividades laborais e os familiares e estão satisfeitos
com os horários de descanso. Os participantes também sentem orgulho da profissão que
exercem, consideram boa a imagem que a instituição possui diante sociedade, e percebem
como sendo de qualidade os serviços prestados na instituição, assim como, encontram-se
indiferentes quanto a forma como os funcionários são tratados.
38
4.2.3. Relação entre a QVT e a Satisfação no Trabalho entre funcionários do
SDEJT-M
Pelo coeficiente de correlação linear simples (r=0,1), pode-se inferir que a QVT e
satisfação no trabalho possuem boa parte de aspectos em comum, todavia, possuem tam-
bém algumas peculiaridades próprias (Rueda; Lima & Raad, 2014), pois, a alguns dos
coeficientes-10 no total- apresentam valores próximos de zero (0) como é caso da corre-
lação da grande maioria das dimensões da QVT e o factor da satisfação relacionado a
participação.
Tais necessidades seguem uma ordem hierárquica, não pela sua importância, mas pela
prioridade, e entre as prioridades, destaca-se as necessidades fisiológicas e as de segu-
rança, que em contexto laboral referem-se a salários adequados e boas condições de tra-
balho. Em seguida surgem as necessidades sócias (relacionamento entre colegas, chefias)
e às de estima (reconhecimento), que quando presentes/satisfeitas constituem a base fun-
39
cional e formativa de uma organização, pelo menos nos seus aspectos mais básicos, pro-
vavelmente por isso, é lógica as correlações positivas que se registou entre ‘QVT relaci-
onada às condições de trabalho, a remuneração e benefícios; e a integração social, com
todos factores da satisfação no trabalho’, pelo menos para esta teoria, pois, sem descon-
siderar outras dimensões da QVT, os cinco factores da satisfação no trabalho (supervisão,
ambiente físico, benefícios, intrínseca, e participação), podem ser abarcados por estas três
dimensões da QVT (condições de trabalho, a remuneração e benefícios; e a integração
social), pois, na perspectiva de Maslow um individuo nunca está completamente satisfeito
quanto às necessidades de qualquer nível, pois, os primeiros níveis influenciam a satis-
fação enquanto os outros atuam ao nível da motivação (Alis et al, 2012, como citado em
Vieira, 2016).
Ainda na teoria dos dois factores de Frederich Herzberg, factores que desencadeiam
sentimentos de satisfação estão relacionados ao reconhecimento, realização, característi-
cas do trabalho, responsabilidade, promoção, e desenvolvimento (Robbins, 200). Pres-
supostos estes que estão em concordância parcial com as correlações encontradas entre
algumas dimensões da QVT e os factores da satisfação laboral neste estudo. Começando
pelo ‘uso e desenvolvimento de suas capacidades’ que apresentou correlações positivas
com os factores de satisfação laboral (excepto com a satisfação intrínseca).
A teoria de Frederich Herzberg ainda nos diz que o crescimento profissional leva a
satisfação, pois, constitui um factor intrínseco e motivacional, sendo assim, seria lógico
pressupor que tal dimensão estaria intimamente vinculada/correlacionada com os factores
de satisfação presentes no questionário S20/23. Mas, como já foi mencionado anterior-
mente, a modalidade de promoção na administração publica de Moçambique, automatiza
40
o processo de promoção e progressão, condicionando este processo a questões inflexíveis
e previamente definidos, o que pode de alguma forma explicar os resultados das correla-
ções fracas e negativos, entre as ‘oportunidades de crescimento e segurança’ com os fac-
tores da satisfação no trabalho, principalmente com os benefícios e a participação.
Como preconizado pela teoria de dois factores, seria expectável correlações positivas
entre a ‘QVT relacionada as oportunidades de crescimento e segurança’ com os factores
de satisfação, pois este primeiro constitui um factor motivacional (Amorim, 2016), e que
o seu incremento leva a satisfação, todavia, este pressuposto foi inconsistente com os
resultados desta pesquisa.
41
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1. CONCLUSÕES
Pela relevância que a satisfação e QVT exerce sobre as pessoas nas organizações, e
ainda por serem escassos os trabalhos que tratam da relação entre esses constructos, esta
pesquisa teve como objectivo geral analisar a relação entre a QVT e o nível de satisfação
no trabalho entre os funcionários do SDEJT-M.
O segundo objectivo específico era de caracterizar a QVT, que também foi atendido
na medida em que se compreendeu que a maioria dos participantes vê o seu trabalho e
tudo que decorre do mesmo em relação a componentes atinentes a QVT com uma certa
indiferença, estando entre ‘indiferentes’ e ‘pouco satisfeitos’ para com a QVT.
42
6.2. RECOMENDAÇÕES
Apesar dos níveis elevados de satisfação encontrados e uma percepção positiva sobre
a maior parte das dimensões da QVT, e considerando as correlações entre esses dois cons-
tructos (satisfação no trabalho e QVT), que indicaram que altos valores na primeira
(QVT) variável são sempre e sistematicamente relacionadas a altos valores na segunda
(satisfação no trabalho), vê-se a necessidade de intervir no SDEJT-M nos seguintes as-
pectos:
O estudo ainda verificou que apesar da QVT e satisfação no trabalho possuírem boa parte
de aspectos em comum, também possuem algumas peculiaridades próprias. Nesse sen-
tido, vê-se a necessidade de intervir nos constructos de forma individual, assim sendo, no
que corresponde a QVT, a necessidade de intervir no seguinte aspecto:
43
Surgiram limitações no decorrer do trabalho, como as já mencionadas na sessão 4.7.
Fica no entanto, o contributo para um melhor entendimento das temáticas abordadas e um
incentivo ao alargamento da presente investigação em outras áreas, principalmente utili-
zando-se de uma abordagem diferente e com um número maior de participantes. Sugere-
se ainda o alargamento da presente investigação em outros contextos dos Serviços Distri-
tais de Educação, Juventude e Tecnologia, de forma avaliar a partir da percepção dos
colaboradores, a eficácia das politicas públicas que visem a melhorar a motivação ou sa-
tisfação dos agentes do estado alocados aos SDEJT.
44
7. Referências Bibliográficas
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45
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Mestrado). Universidade Federal de Goiás – UFG. Catalão/Go.
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Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2002). Técnica de pesquisa. São Paulo: Atlas S.A.
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Moris, C. G., & Maisto, A. A. (2004). Introdução a Psicologia. (6ª ed). São Paulo: Pren-
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análises estatísticas: uma orientação para praticantes em ciências da saúde e ativi-
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o sucesso organizacional. Revista de Iniciação Científica – RIC, 2(2), 75-96.
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Silva, T., Carlos, S., Guataçara, J., & Augusto, A. (2010). Análise da qualidade de vida
no trabalho de colaboradores com diferentes níveis de instrução através de uma
Análise de correlações. Production, vol. 20. Associação Brasileira de Engenharia de
Produção. São Paulo, Brasil
48
Apêndice
49
Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Informado
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Termo de Consentimento Livre e Informado
Apresento este convite para participar como voluntário(a), da pesquisa intitulada “Índices
de Satisfação no Trabalho e sua relação com a Qualidade de Vida no Trabalho”. Meu
nome é Yuri Marcos John Romanisse, estudante de Licenciatura em Psicologia das Or-
ganizações, realizando esta pesquisa sob a orientação do Doutor Jorge Jaime dos Santos
Fringe. Após receber os esclarecimentos e as informações a seguir, se você aceitar fazer
parte do estudo, assine ao final deste documento.
O tempo médio que você gastará para responder ao presente questionário é de, aproxima-
damente, 15 a 20 minutos. O trabalho é de carácter acadêmico e feito unicamente para
fim de aquisição do grau de Licenciatura, portanto, a sua identidade será preservada. As
respostas obtidas não serão fornecidas a ninguém, sendo garantido o seu total anonimato.
Esclareço que em caso de recusa na participação você não será penalizado (a) de forma
alguma. Mas se aceitar participar, as dúvidas sobre a pesquisa poderão ser esclarecidas
pelo pesquisador responsável, via e-mail (yurimarcosromanisse@gmail.com) e, inclu-
sive, sob forma de ligação, através do seguinte contato telefônico: (+258) 841520845. Ao
persistirem as dúvidas sobre a legitimidade e os seus direitos como participante desta
50
pesquisa, você também poderá fazer contato com a Faculdade de Educação da Universi-
dade Eduardo Mondlane pelo seguinte endereço, Av. Julius Nyerere, nº 3453, Campus
Principal, Tel: (+258) 21493313, Fax: (+258) 21493313, Maputo, Moçambique.
Informo que a participação nesta pesquisa não gerara complicações dentro ou fora do seu
trabalho, pelo contrario, O benefício que o presente projecto pode proporcionar está na
reflexão sobre a relação entre satisfação profissional e Qualidade de Vida no Trabalho.
Salientar que sempre que desejar, poderá entrar em contato com o pesquisador responsá-
vel.
Autorização
____________________________________
_______________________________________
(Estudante)
51
Apêndice B: Questionário sobre Satisfação no Trabalho e QVT
Prezado Funcionário.
Meu nome é Yuri Marcos John Romanisse. Encontro-me, a preparar uma pesquisa sobre
a Relação entre Qualidade de Vida no Trabalho e Satisfação no Trabalho. Como tal,
irei utilizar como caso prático o Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia
de Milange, sendo que irei necessitar da vossa colaboração no preenchimento do questi-
onário que se segue.
Vale ressaltar que não existem respostas certas ou erradas, apenas uma opinião pessoal
e sincera da sua parte. O tempo para responder ao presente questionário é livre, e caso
tenha alguma dúvida no preenchimento do mesmo deverá entrar em contacto comigo quer
por e-mail, telefone ou presencialmente.
Atenciosamente:
52
Parte 1: Dados Sócio-demográficos do Funcionário
53
Parte 2: QUESTIONÁRIO DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO
Extremamente insatisfeito
Extremamente satisfeito
Normalmente o trabalho e os diferentes aspectos do mesmo, produ-
Muito insatisfeito
Algo insatisfeito
zem satisfação ou insatisfação em algum grau. Classifique de acordo
Muito satisfeito
Algo satisfeito
com as seguintes alternativas marcando com X o grau de satisfação
Indiferente
ou insatisfação que produzem os aspectos distintos do seu trabalho.
1 2 3 4 5 6 7
Em que medida esta satisfeito com:
1) Trabalho enquanto factor que te faça sentir-se realizado 1 2 3 4 5 6 7
2) Oportunidades que o trabalho lhe oferece para fazer coisas nas quais faz melhor 1 2 3 4 5 6 7
3) Oportunidades que o trabalho lhe oferece de fazer coisas de que gosta 1 2 3 4 5 6 7
17) Sua participação nas decisões da organização ou na área de trabalho a que pertence 1 2 3 4 5 6 7
18) O modo como são cumpridas as normas legais e os acordos colectivos de trabalho 1 2 3 4 5 6 7
54
Parte 3: ESCALA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
NO TRABALHO
Muito Insatisfeito
Pouco insatisfeito
Muito satisfeito
Poucosatisfeito
Este questionário é sobre como você se sente a respeito da sua Quali-
Indiferente
dade de Vida no Trabalho. Por favor, responda todas as questões. Es-
colha entre as alternativas e marque com X no número que melhor re-
presente a sua opinião.
1 2 3 4 5
1. Condições de trabalho
1 2 3 4 5
1.1. A duração da sua jornada de trabalho semanal
1.2. A quantidade de trabalho 1 2 3 4 5
55
Continua.
6.3. Em relação ao respeito das suas características individuais 1 2 3 4 5
56
Apêndice C: Histograma da distribuição dos dados relativos a satisfação no trabalho e
da QVT e suas respectivas assimetrias (skewness) e curtoses.
57
Quadro 1: Descritivos estatísticos da Satisfação laboral e da QVT
Dados da pesquisa
58
Anexos
59
Anexo A: Estrutura Orgânica do SDEJT de Milange
Director
Chefe de Chefes de
Secretaria Repartição
60
Anexo B: Questionário de Satisfação no trabalho S4/82
Factores Itens
13- As relações pessoais com os seus superiores /chefias
1. Fator I 14 - A supervisão que exercem sobre si
15- A proximidade e frequência com que é supervisionado.
Satisfação com a supervisão
16- A forma como os seus superiores avaliam as suas tarefas
17- A “igualdade” e a “justiça” no tratamento que recebe da sua instituição
18- O apoio que recebe dos seus superiores hierárquicos
6- A limpeza, higiene e salubridade do seu local de trabalho
2. Fator II 7- A envolvência física e o espaço que dispõe no seu local de trabalho
8 - A iluminação do seu local de trabalho
Satisfação com o ambiente fí-
9- A ventilação do seu local de trabalho
sico de trabalho
10- A temperatura do seu local de trabalho
4- O salário que recebi
3. Fator III 11- As oportunidades de formação que a sua instituição oferece
12- As oportunidades de promoção/carreira que a sua instituição lhe oferece
Satisfação com os benefícios e
políticas da organização 22- O grau em que a sua instituição/empresa cumpre a legislação laboral
23 - A forma como se realiza a negociação relativa a aspetos laborais na sua instituição
1- O seu trabalho enquanto fator de realização
4. Fator IV 2- As oportunidades que o seu trabalho oferece para fazer as coisas em que se destaca
3- As oportunidades que o seu trabalho oferece para fazer as coisas de que gosta
Satisfação Intrínseca no tra-
balho 5- Os objetivos, metas e produtividade que deve alcançar
19- A capacidade de decidir autonomamente aspetos relativos ao seu trabalho
5. Fator V
20- A sua participação nas decisões relativas à sua instituição
Satisfação com a participação 21– A sua participação nas decisões do seu serviço
61
Anexo C: Credencial da Faculdade de Educação para efeitos de estágio
62
Anexo D: Credencial do GDM para efeitos de estagio no SDEJT-M
63
Anexo E: Termo de anuência para a realização da pesquisa no SDEJT-M
64