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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM REDE NACIONAL PARA O
ENSINO DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS
________________________________________________________________
BELÉM
2018
i
Universidade Federal do Pará
Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação em rede nacional para o ensino das
Ciências Ambientais
Banca Examinadora:
_________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Petracco Orientador – UFPA
________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Voyner Ravena Cañete
Membro – UFPA
_______________________________________________
Prof.ª Dr.ª Márcia Valéria Porto de Oliveira Cunha
Membro - IFPA
ii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho inicialmente à minha amada esposa Ana Rosa, minhas filhas
Beatriz e Sophia, que representam minha motivação de seguir na maravilhosa jornada que é a
vida. Com todo afeto e gratidão aos meus pais, José Varella e Palmira, meus irmãos, Rodolfo,
Araci e Victor. Estes que carregam em si o espírito de ser coletivo.
Dedico ainda este trabalho à todas as pessoas que acreditam na educação ambiental
como forma de sobrevivência da espécie humana.
iii
AGRADECIMENTO
Por fim gostaria de deixar um especial agradecimento ao meu orientador, Prof. Dr.
Marcelo Petracco, que com dedicação, paciência e amizade me guiou durante esta jornada
construtiva. Grato!
iv
RESUMO
A sociedade atual está passando por uma crise ambiental, situação que demanda ações
de gestão e educação ambiental que levem as populações a tomarem uma nova via para sua
manutenção e para a relação da sociedade com a natureza. As ações mais efetivas se dão nos
lugares, pois é nesta escala de vivência que as relações do meio ambiente e sociedades, em suas
concepções de vida e influências socioculturais, se concretizam. O modo com o qual uma
determinada sociedade se relaciona com a natureza reflete a cultura desta sociedade, dada pelos
seus costumes e hábitos. Nas culturas urbanas podemos observar estreita relação com o
consumo de produtos de origem industrial, que geram resíduos que, quando não são dispostos
e tratados de forma adequada, impactam consideravelmente o meio ambiente urbano. A
população do bairro da Marambaia, situado em Belém do Pará, com mais de 65.000 habitantes,
tem sofrido com problemas ambientais relacionados à gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos -
RSU, e por vezes tem contribuído com o aumento desta problemática ambiental quando despeja
estes resíduos de forma irregular. Alguns dos problemas causados são proliferação de vetores
de doenças, mau cheiro, poluição visual, aumento de gastos públicos no recolhimento não
planejado destes materiais, entre outros. Nesse sentido, esse estudo apresenta uma plataforma
de mapeamento de pontos de despejo irregular de RSU no bairro da Marambaia, utilizando
técnicas de Geoprocessamento, ferramentas computacionais e estímulo à participação de
escolas do bairro via mapeamento participativo e colaborativo. O mapa de distribuição de
pontos de despejo irregular de RSU poderá auxiliar na tomada de decisão do setor público ao
combate ao despejo irregular de RSU e em ações prioritárias de educação ambiental.
Palavras-chave:
v
ABSTRACT
The current society is going through an environmental crisis, a situation that demands
actions of management and environmental education that lead the populations to take a new
route for its maintenance and for the relationship of society with nature. The most effective
actions take in places, because it is in this scale of experience that the relations of the
environment and societies, in their conceptions of life and sociocultural influences, are
concretized. The way in which a particular society relates to nature reflects the culture of this
society, given its customs and habits. In urban cultures, we can observe a close relationship with
the consumption of products of industrial origin, which generate waste that, when not disposed
of and treated properly, has a significant impact on the urban environment. The population of
the district of Marambaia, located in Belém do Pará, with more than 65,000 inhabitants, is suffer
from environmental problems related to the management of Urban Solid Waste - RSU, and has
sometimes contributed to the increase of this environmental problem when dumps waste
irregularly. Some of the problems caused are proliferation of vectors of diseases, bad smell,
visual pollution, increase of public expenses in the unplanned collection of these materials,
among others. In this sense, this study presents a platform for mapping of irregularly solid waste
disposal points in the district of Marambaia, using Geoprocessing techniques, computational
tools and stimulation of participation of neighborhood schools through participatory and
collaborative mapping. The map of irregularly solid waste disposal points can help in public
sector decision-making to combat illegal waste disposal and priority environmental education
actions.
Key words:
vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTO ............................................................................................................. iv
RESUMO ..................................................................................................................................v
ABSTRACT ............................................................................................................................ vi
1- INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1
3- OBJETIVOS ...................................................................................................................... 30
viii
4. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................... 32
ix
6.7 – PERCEPÇÃO DOS ALUNOS QUANTO À NATURALIZAÇÃO DA PRESENÇA DO
LIXO E DE SEU CONHECIMENTO DA POSSÍVEL RECICLAGEM DO MESMO
.................................................................................................................................................. 85
x
1- INTRODUÇÃO
A problemática ambiental dada na maioria das cidades do mundo nos remete para a
necessidade de uma ‘reforma ecológica’, que possibilitará que os ambientes urbanos possam
ter qualidade suficiente ao bem-estar de suas populações. Entretanto tal mudança somente será
alcançada através da reflexão crítica e do estímulo à adequadas políticas públicas e educação
ambiental, assim como a fiscalização de sua implantação. Em nossas cidades é comum
observarmos os espaços públicos negligenciados tanto pelos governos, como pelas populações,
com o lançamento irregular de resíduos nas vias, em córregos e logradouros públicos. A questão
da produção de resíduos sólidos é tão importante nas cidades que para o planejamento destas
não se pode deixar de incluir nas políticas, normas e ações públicas a questão do(s) lixo/resíduos
sólidos (ibid. p.112-113).
Para Braga, Ramos & Dias (2010, p. 269) o estudo da problemática do resíduo sólido
urbano (RSU) trata de um tema de relevância global, sendo que tem relação direta com a questão
da água e com o meio ambiente. Para estas autoras, existe crescente necessidade para que se
diminuam os impactos sobre os recursos naturais, demandando que sejam desenvolvidas
estratégias tecnológicas adequadas sobre a destinação final e a reciclagem dos resíduos
produzidos pelas sociedades.
1
decisório e da solução. Assim o desafio de construção de lugares em que a qualidade de vida
esteja no ponto central das ações se torna mais factível.
Aguiar (1994, p. 41) faz uma importante avaliação em relação à gestão pública do meio
ambiente. Este autor explica que as ações de fiscalização e combate às agressões ao meio
ambiente, mais eficazes e legítimas da gestão pública, estão diretamente relacionadas com o
exercício da cidadania ambiental.
As cidades não são isoladas, são dependentes de diversos fatores bióticos e abióticos
como um ecossistema. De acordo com Dias (2004, p. 227-228) é uma ilusão acreditar que uma
cidade é autossuficiente, pois é dependente do fluxo de matéria e energia vindo de outras
localidades, e ainda altera e é alterado por outros ecossistemas, locais e globais.
2
[...] uma cidade, especialmente uma Cidade industrializada, é um
ecossistema incompleto ou heterotrófico, depende de grandes áreas
externas à ele para a obtenção de energia, alimentos, fibras, água e outros
materiais. (ODUM, 1988, p.45)
O adensamento das populações urbanas tem relação direta com o aumento de problemas
diversos, tais quais: problemas sociais, políticos, econômicos e no nível dos indivíduos. A
relação que as cidades têm com o meio ambiente é de alteração deste último e chega ao ponto
de sua negação (AGUIAR, 1994, p.53). A negação da natureza nas cidades é visível em ações
que prejudicam a qualidade ambiental das mesmas, por exemplo, quando há o despejo irregular
de resíduos em áreas verdes, ou espaços públicos, o impacto vai além da questão paisagística,
chegando ao desequilíbrio ambiental e podendo levar ao aumento de problemas de saúde nas
comunidades afetadas pela proliferação de animais e insetos, vetores de doenças.
3
2- BASE CONCEITUAL
Braga, Ramos & Dias (2010, p.272) abordam as primeiras formas de tratamento dado
por alguns países sobre a questão dos Resíduos Sólidos Urbanos - RSU. Estas autoras informam
que durante a Idade Média, na Inglaterra, aproximadamente em 1388, o parlamento determinou
que fosse proibida a disposição de lixo nas ruas e corpos d´água. Já no ano de 1407, houve a
orientação de que o lixo produzido fosse guardado dentro das residências, aguardando a
passagem do serviço de coleta, e que isto foi aplicado por aproximadamente cinco séculos.
Entretanto, a gestão encontrou dificuldades para manter tal situação com o crescimento
industrial. No ano de 1874 os ingleses desenvolveram uma tecnologia de incineração de RSU,
conhecido como “O Destruidor”.
Braga, Ramos & Dias (Ibdem, p.272-273) também fazem um breve apanhado histórico
sobre o tratamento do lixo, por parte do Estado no Brasil. De acordo com essas autoras, em
1880 na capital do Império do Brasil foi dado início em 25 de setembro, o primeiro Serviço de
Limpeza Urbana de forma oficial, na capital imperial, São Sebastião do Rio de Janeiro, via
decreto de Dom Pedro II, nº 3.024, o qual fazia a aprovação de serviço de “limpeza e irrigação”
na cidade. No ano de 1885, fora contratado para o serviço de limpeza das praias e ainda a
destinação do lixo para a Ilha de Sapucaia, o francês Aleixo Gary, de onde se originou o termo
“gari” para os trabalhadores da limpeza urbana.
De acordo com Grippi (2006, p.4), as mudanças ocorridas pela forte urbanização
brasileira a partir dos anos 80 motivaram que a população destinasse, através de novas formas
4
de consumo, outros tipos de materiais ao “lixo”, diferentes dos que eram destinados em períodos
anteriores. Além do tipo, também se alterou a quantidade e a qualidade, destacando-se os
diversos tipos de embalagens. Segundo esse autor se produz em média 100.000 toneladas de
resíduos sólidos por dia no Brasil, atingindo uma média de 500g de resíduos por brasileiro/dia.
Infelizmente, em nosso país, a maioria das prefeituras trata a questão dos resíduos
sólidos urbanos de forma ineficiente. De acordo com dados da Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE, no ano de 2016, o Brasil
possuía mais de 3.331 municípios, que encaminharam 29,7 milhões de toneladas de RSU para
lixões ou aterros controlados sem as especificações técnicas adequadas para o tratamento deste
material (ABRELPE, 2016, p.14).
De acordo com Oliveira (2000, p.191), no aspecto de gestão municipal, Belém, teve um
plano urbanístico criado com fins de expansão urbana no período da intendência de Antônio
José de Lemos, de 1897 até 1911, período no qual surgiu o código de obras, o serviço de limpeza
urbana e a construção de um forno crematório para o saneamento da cidade, o que deu origem
ao nome do bairro da Cremação na capital do Estado do Pará.
Oliveira (ibdem, p. 198) nos explica que a cidade de Belém, foi uma das primeiras a
implantar uma Usina de Incineração em nosso país, esta que teve sua implantação em 1901 e
poderia cremar até 80 toneladas de resíduos por dia. Ainda de acordo com este pesquisador,
sofreu ampliação e teve em operação 19 câmaras de combustão, porém funcionou até 1978. A
usina foi desativada por causa de diversos fatores, tais quais, manutenção inadequada,
sobrecarga da capacidade de queima, e ainda problemas ambientais junto à população das
proximidades.
No ano de 1978 foi criado o Plano Diretor de Limpeza Pública da Região Metropolitana
de Belém – RMB, que tinha como objetivo a implantação de um Aterro Sanitário e buscava
solucionar ainda a problemática de coleta de resíduos na cidade que chegava ao alarmante
índice de 70% não coletado. Em 1984, estudos iniciais apresentaram a proposta de criação do
“Complexo de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Belém”, que previa em sua
estrutura: Usina de Incineração de materiais de alto risco (hospitalar e restos de animais) com
capacidade de processamento de 21 toneladas por dia; Usina de reciclagem e compostagem de
material domiciliar, feiras e mercados, para processar 600 toneladas por dia; Aterro Sanitário
para rejeitos das usinas e resíduos da limpeza pública. Teria sua locação em Santana do Aurá,
5
Ananindeua/PA, município da RMB de Belém (OLIVEIRA, 2000, p. 198-199). Infelizmente,
o projeto foi implantado com falhas e incompleto, chegando a desenvolver diversos problemas
socioambientais causados pela má gestão do espaço, sendo fechado, porém ainda recebe
materiais considerados como “entulho”. Nos dias atuais o Aterro Sanitário de Marituba/PA,
novo aterro para a RMB, carrega em si também problemas de gestão e impactos
socioambientais, mostrando que ainda há um grande caminho a se seguir na capital do Pará na
questão dos RSUs.
Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias formas. Braga, Ramos e Dias
(2010, p. 299-300) informam que a forma mais usual de classificação leva em consideração a
origem, a composição química e a periculosidade dos materiais, e, desta forma, não existe um
padrão ideal de classificação. Assim, estes autores destacam alguns critérios para a classificação
do RSU: a) Origem, fonte e local de produção: doméstico, residencial ou domiciliar, comercial,
hospitalar, especial, radioativo, industrial, público, urbano e rural; b) Tratabilidade:
biodegradável, descartável e reciclável; c) Grau de biodegradabilidade: alto, moderado, lento e
não degradável; d) Padrão econômico e fonte: alto, médio e baixo; e) Possibilidade de reagir
com o meio: inerte, orgânico e reativo; f) Aspecto econômico: aproveitável, inaproveitável e
recuperável; g) Possibilidade de incineração: combustível e não combustível; h)
Recuperação/geração energética: alta, média e baixa; i) Aspecto sanitário: contaminado e não
contaminado; j) Natureza física: seco e molhado; k) Composição química: orgânica e
inorgânica;
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De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT , os Resíduos
Sólidos são todos os resíduos oriundos de atividades industriais, domésticas, hospitalares,
comerciais, agrícolas, serviços, limpeza e varrição de espaço públicos. Incluem-se lodos de
sistemas de tratamento de água, de sistemas de controle de poluição e líquidos que possuem
características que impedem seu lançamento em sistema de esgoto ou canais fluviais. Ainda, de
acordo com a origem podem ser classificados como: domiciliares, de serviços de saúde, de
atividades comerciais, industriais, de varrições, material radioativo, de portos e aeroportos,
entre outros (BRINGHENTI, 2004, p.3).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em sua NBR 10.004/2004, define
algumas formas de classificação e na NBR 10.007/2004 apresenta formas de amostragem dos
materiais. Na NBR 10.004/2004 os Resíduos possuem as seguintes classificações finais:
Resíduos Classe I, Perigosos, apresentam periculosidade com risco à saúde ou ao meio
ambiente, ou que apresentem inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e
patogenicidade; Resíduos Classe II A, Não Inertes, os que não pertencem a Classe I ou a Classe
II B, estes podendo ser biodegradáveis, combustíveis e solúveis, e ainda não apresentam
nenhuma forma de contaminação de origem industrial; e Resíduos Classe II B, Inertes, estes
não apresentam solubilidade, também não são inflamáveis ou podem sofrer reação física ou
química e ainda não são reativos à outras substâncias.
Para que se possa proceder de forma adequada na gestão dos RSU, há necessidade de se
conhecer, de forma zoneada, observando-se as características socioespaciais da cidade e bairros,
ou cidades envolvidas. Barros (2012, p.17) expõe que se deve levantar as características dos
resíduos produzidos, para assim determinar as ações e direcionamentos da gestão dos mesmos,
estas características são físicas (quantidade per capita, teor de umidade e peso, por exemplo),
químicas (proporção de carbono/nitrogênio, aproveitamento térmico, acidez e nutrientes) e
biológicas (microbiologia, degradação orgânica e gases produzidos). Desta forma, os
responsáveis pela gestão terão conhecimento das melhores formas de coletar, transportar,
armazenar e tratar destes materiais até a sua adequada disposição final. Também se faz
7
pertinente observar de onde se originam tais materiais para que se possa fazer a adequada
responsabilização nas etapas a serem desenvolvidas no processo de gestão, nas diversas esferas,
municipal, estadual e federal.
Barros (2012, p.8) mostra dois conceitos fundamentais que fazem parte da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, a questão da Logística Reversa e da Responsabilidade
Compartilhada, pontos que deveriam ser estimulados para sua implementação em nossos
municípios, com integração da sociedade. A Logística Reversa consiste no retorno ao setor
empresarial, dos resíduos resultantes de seus produtos industrializados, a exemplo de
embalagens e peças danificadas. Desta forma seria valorizado o reaproveitamento dos
materiais, através de processos de reuso e ou reciclagem dentro do ciclo produtivo, como
também as empresas contribuiriam diminuindo o passivo ambiental, pois direcionariam os
resíduos que não pudessem entrar em outro ciclo produtivo para um destino final com menor
impacto ambiental. Entretanto, para que tais ações se tornem possíveis, há necessidade de se
criarem protocolos e ações que possibilitem a coleta adequada destes materiais, com ampla
participação do setor produtivo e estímulo aos consumidores para sua colaboração.
Barros (ibdem. p.4) explica que sobre a produção de RSU existe a responsabilidade
compartilhada de todos os envolvidos no processo que vai da geração do produto até a
disposição final dos resíduos resultantes de sua produção, incorporando aí o ciclo de vida dos
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produtos. Grippi (2006, p.29) explica que, de acordo com a legislação em vigor, a
responsabilidade pelo resíduo sólido depende do tipo, sendo o material de origem domiciliar,
comercial e público, das prefeituras e os de origem hospitalar, especial, industrial e agrícola,
dos geradores.
9
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias pelo
lançamento de substâncias, efluentes, carreamento de materiais
ou uso indevido dos recursos naturais;
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XIV - destinar resíduos sólidos urbanos à recuperação
Para o município de Belém/PA, existem normas legais que direcionam o tratamento dos
resíduos sólidos urbanos e pontos correlacionados como educação ambiental, código de postura
e outros. Observamos que o município tem bom amparo legal neste sentido. A seguir
destacaremos algumas:
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ambientais; Acesso à informação sobre fontes e
causas de poluição e degradação do meio
ambiente; promoção de ações judiciais e
administrativas de responsabilidade aos
poluidores e aos que degradem o meio ambiente;
Dar prioridade à conservação e recuperação
ambiental em qualquer programa, projeto ou
política pública e privada.
12
Lei nº 7747 de 02 de janeiro de Criação do Centro de Referência em Educação
1995 Ambiental, Escola Bosque “Professor Eidorfe
Moreira”
providências.
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pneumáticos, e dá outras providências.
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Manutenção Continua nos Canais localizados no
Município de Belém, e dá outras providências.
Braga, Ramos & Dias (ibdem. p.280) definem que a Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos Urbanos é um conjunto de ações que visam o controle de produção, o armazenamento,
a coleta, o transporte, o processamento e a disposição de resíduos sólidos. Isto interrelacionando
as esferas da gestão pública, a legislação, as finanças e o planejamento. Observando-se ainda à
questão da saúde pública, da economia, das técnicas de engenharia mais adequadas, à questão
de conservação dos recursos naturais, à estética e ao meio ambiente, integrando às comunidades
de forma a que sejam estimuladas transformações sociais positivas na forma de relação com o
meio ambiente e com a própria sociedade. Barros (2012, p.3) expõe a importância do
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos e que este possui etapas que vão da coleta até a
destinação final para que ocorra o menor impacto ambiental possível. Cada etapa tem influência
direta na posterior.
Tanto a prevenção quanto a Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos têm reconhecimento
pela comunidade científica internacional como a melhor forma de se diminuir a pressão sobre
o planeta. Para eles a reciclagem diminui a quantidade de RSU para a disposição final e ainda
favorece a diminuição da exploração de recursos naturais. Porém para que a reciclagem se torne
mais eficiente, observando a necessidade de integração dos processos de gestão, caberia o
planejamento para que os produtos fossem projetados de forma em que fosse facilitada a
separação de materiais para a reciclagem de suas matérias-primas. O material que por sua vez
não fosse utilizado nos processos de reciclagem e que, dependendo de suas características,
poderia seguir para a produção de compostos orgânicos e/ou produção de energia. Assim, de
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todo o RSU produzido, apenas uma pequena parte iria para os Aterros Sanitários (BOVE e
LUNGHI apud. BARROS, 2012, p. 4).
Entender o espaço urbano exige um esforço interdisciplinar por este espaço em si ser
um ambiente complexo, nele se dão diversas relações. Devem-se observar aspectos
econômicos, culturais, políticos, espaciais, históricos, ambientais, entre outros, nenhuma
disciplina isolada poderá abarcar tal entendimento (SOUZA, 2010, p. 101).
Ainda de acordo com Braga, Ramos & Dias (2010, p.280) a busca de resoluções para a
questão crescente da produção de RSU pode ser dada através de uma abordagem
interdisciplinar, congregando disciplinas tais quais: a ciência política, onde são abordadas a
produção de legislação macro e micro para as cidades e suas populações; o planejamento
urbano, abordando questões ambientais e adequação de obras, vias, áreas verdes, áreas
residenciais, industriais, serviços e outros.; a geografia, onde se trabalham o mapeamento, as
relações de proximidade, os fluxos, os objetos urbanos e outros; a saúde pública, em programas
de controle e prevenção de doenças; a sociologia, com a percepção dos atores e fatos sociais
envolvidos na problemática dos RSU; a comunicação social, com ações de educação e
publicidade das atividades e gestão; a conservação ambiental, com práticas adequadas à
16
melhoria e conservação do meio ambiente; e ainda as engenharias e ciências de materiais para
os estudos necessários de implantação, acompanhamento e planejamento de equipamentos e
materiais processados/tratados.
Sobre a coleta dos RSU, Braga, Ramos & Dias (2010, p. 288-289), consideram esta
como fase fundamental em todo processo de gestão ambiental urbana. Nas fases de coleta e
transporte para as áreas adequadas para o tratamento e destino final, evita-se o acúmulo ou
disposição inadequada de RSU em ambientes públicos. Observam a necessidade da
regularidade da coleta, com dias, horários e locais bem determinados e com publicidade e
orientações necessárias à população, tanto do lixo domiciliar, com a coleta regular, quanto da
coleta especial de materiais como entulhos, podas, materiais tóxicos, animais mortos etc. As
autoras ainda explicam que no processo de coleta dos RSU, a primeira fase, ou fase preliminar
é de responsabilidade do gerador, que deve tratar do material com adequado acondicionamento
e armazenagem, é a fase da coleta interna, e fase de coleta externa é de responsabilidade da
limpeza pública municipal.
A gestão dos resíduos sólidos urbanos deve prever todas as fases, e nas palavras de
Grippi (2006, p.21), “[...] cuidar dele do berço ao túmulo […] desde sua geração, à seleção e
finalmente sua disposição final”. Nas cidades é comum que o material produzido seja lançado
nas ruas, parques, praças, terrenos baldios, este é um quadro que nos demonstra a falta de zelo
de sua população pelos espaços públicos, como também a baixa atuação da gestão pública na
fiscalização, educação e prevenção desta problemática socioambiental. As cidades estão
doentes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, a saúde integral se dá na
comunidade e não apenas nos indivíduos, nos meios em que vivem, assim, a OMS define saúde
como sendo um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência
de afeções e enfermidades.
Braga, Ramos & Dias (ibdem., p.280-284) explicam que para a gestão dos RSU, no que
tange às fases necessárias para seu adequado tratamento pelo poder público, devem considerar
as seguintes fases: a) geração de resíduos; b) manuseio e separação; c) armazenamento e
processamento na fonte; d) separação, processamento e transformação dos resíduos; e)
transporte; f) disposição final. De forma mais genérica, estes autores explicam que as fases
fundamentais para que se implemente um programa integrado de gestão dos RSU são, a redução
na fonte, que envolve fatores diversos tais quais a toxidade e quantidade de resíduos produzidos,
17
tendo relação com a diminuição do uso de recursos naturais e menores impactos ambientais, e
ainda envolvem processos de produção de embalagens de produtos, padrões de compra e venda,
reutilização de materiais. A reciclagem, que tem relação com a separação e coleta de materiais,
a sua preparação para reuso ou reprocessamento, pode gerar importantes frentes de geração de
renda e inclusão social. Além disto a reciclagem contribui para diminuir a exploração de
recursos naturais e aumentar a vida útil dos aterros sanitários; a recuperação de recursos que
pode ser dada através do uso dos RSU para a produção de energia, e ainda, a compostagem que
pode se integrar à produção de adubos para a jardinagem pública, por exemplo, como também,
pela produção de biogás (dado pela decomposição anaeróbica da porção orgânica do RSU); por
fim o aterramento, com projetos adequados ao meio ambiente, com estudos do meio biótico,
abiótico, socioambiental, adequado à legislação em vigor e à demandas técnicas dadas pelas
engenharias e geologia (ibdem, 284).
Para Braga, Ramos e Dias (2010, p.289), encontra-se na implantação da Coleta Seletiva,
a possibilidade de economia de espaço nos aterros sanitários, e ainda resulta em melhor valor
agregado dos materiais recicláveis pela diminuição da umidade e da contaminação por produtos
diversos, como por exemplo, materiais orgânicos. A Coleta Seletiva se caracteriza pela
separação antecipada dos materiais que podem ser reciclados, o que pode ser feito em
residências ou em unidades de separação em associação e cooperativas de catadores por
exemplo. Destacam-se entre os materiais separados os plásticos, os papéis, os metais e vidros,
que são separados dos materiais orgânicos.
Grippi (2006, p.23) mostra o tempo aproximado no qual alguns materiais levam para se
biodegradarem: Jornais (de 2 a 6 semanas); Embalagens de papel ( de 1 a 4 meses);
Guardanapos de papel (3 meses); Pontas de cigarro (2 anos); palitos de fósforo (2 anos);
Chicletes (5 anos); Cascas de frutas (3 meses); Náilon (de 30 a 40 anos); Copinhos de plástico
(de 200 a 450 anos); Latas de alumínio (de 100 a 500 anos); Pilhas e baterias (de 100 a 500
anos); Garrafas de vidro ou plástico (mais de 500 anos).
19
2.7- EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A atual crise civilizacional definida por Leff (2011) demanda ações de educação
ambiental, de forma a levar as populações a buscarem alternativas para sua sobrevivência como
espécie e sua relação com a natureza, de quem tem se apartado. Morin (2013, p.98) escreve,
“[...] o desenvolvimento técnico, econômico, capitalista da civilização ocidental começa a
conquistar essa natureza, na qual tudo o que é vivo constitui objeto para escravizar, manipular,
destruir.”. Este autor enfatiza a necessidade de se tomar uma nova via para sua manutenção e
rever a sua relação com a natureza. Carvalho (2004) expõe que as ações de educação ambiental
mais efetivas são dadas em nível local, pois é nesta escala de vivência que se dão as relações
diretas com o meio ambiente pelas sociedades em suas concepções de vida e influências
socioculturais.
Uma ação que trate de educação ambiental, para que dê bons resultados deve considerar
diversos fatores, não sendo uma ação pré-fabricada, em que as características dos lugares
fiquem em segundo plano. Conforme Guimarães (1995, p. 36) cada ação se realiza de forma
específica, respeitando a realidade de cada lugar, em seus aspectos culturais, hábitos locais,
características psicológicas e ainda, os elementos biofísicos e socioeconômicos do lugar.
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A educação ambiental é um constante exercício, no dia a dia das pessoas, em que se
mantêm a busca pela melhor qualidade de vida humana. Esta melhor qualidade de vida é fruto
do esforço pela consciência coletiva, conforme Guimarães (1995, p. 37), uma consciência
planetária, esta que vai além de uma determinada categoria social e que exige o
comprometimento de todos pelo equilíbrio ambiental local e global.
Assim, vemos que para que ações e políticas de educação ambiental sejam efetivas, no
sentido de melhorar a qualidade de vida das populações, é necessário que estas ações estejam
de mão dadas com o combate à pobreza, à desigualdade e que estimulem a geração de renda e
associativismo. Entretanto, é importante salientar que não se pode acusar o pobre pela
deterioração ambiental, este é um importante equívoco, que pode vir a reforçar o discurso
dominante. Ainda de acordo com Leff (ibdem. p. 477), a pobreza e a destruição ecológica,
devem ser entendidas como efeito da lógica econômica dominante.
Para Demo (ibdem. p.52-53) dentro deste espírito participativo, em que se constrói um
projeto de cidadania, em que a política social é construída e respeitada pelo seu caráter de
coletividade, teríamos: a valorização da formação/educação (formal e informal); valorização da
participação nos processos; o esclarecimento do que são direitos e deveres; a tomada para cada
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cidadão da necessidade de se ver como um sujeito social; a valorização dos processos
democráticos; o respeito à liberdade, a igualdade e à comunidade; o direito de acessar
informações e valorizar os saberes; e por fim reconhecer e valorizar as habilidades e
potencialidades das pessoas. Assim este autor completa seu pensamento definindo que
educação sem participação por si é deseducação, pois torna-se impositiva, replicando
pensamento dominadores em que o educando/cidadão não é a figura central.
Nas metrópoles brasileiras crescem mais e mais os problemas ambientais, estes com
baixo combate efetivo das administrações públicas e participação popular. Enchentes, acúmulo
irregular de resíduos sólidos com despejo irregular de lixo nas cidades, tem causados cada vez
mais fortes impactos à saúde das populações urbanas. Urge o estímulo e aumento de práticas
sociais com foco na difusão de informações e educação ambiental. Mais informações e
transparência nos processos de gestão ambiental nas cidades podem auxiliar na mudança para
reorganizar o poder e a autoridade (JACOBI, 2002, p. 386-387). Com mais informações e
transparência então, teremos a possibilidade de empoderamento das comunidades para que
sejam atores proativos no processo de mudança socioambiental.
Leff (2011, p. 312-313) explica que, apesar de vivermos hoje no que define como a
civilização do conhecimento, a sociedade apresenta-se como a do desconhecimento, onde o
saber é desvalorizado. Para este autor, com o avanço da pobreza e das baixas condições de
existência, muito se perde em relação às pessoas refletirem sobre o sentido de sua própria
existência, contribuindo para a perda de identidade com seu território e sua cultura. A educação
ambiental pode ser importante ferramenta para que as pessoas possam resgatar a preocupação
com o lugar onde vivem, estimulando o olhar sobre o espaço. Estimular este olhar pode levar
22
as pessoas à reflexão sobre o lugar onde atuam e observar a relação que desenvolvem com o
meio ambiente urbano, resgatando sua identidade, seu território e sua cultura.
b) a educação deve ser vista pela dimensão individual dada pela prática;
23
a) ênfase na emancipação e liberdade humana, buscando assim mudar a forma com a qual
se dá a relação dos homens com sua própria espécie, com as outras espécies e ainda com
a Terra;
f) necessidade de romper com valores e práticas incompatíveis com o bem estar público,
equidade e solidariedade.
Conforme Loureiro:
Para Layrargues (2004, p.7), o termo Educação Ambiental, tem relação com práticas
educativas que tenham como ação pedagógica motivadora o cuidado com o meio ambiente.
Desta forma se convencionou nominar de Educação Ambiental as práticas que se relacionam à
questão ambiental, confrontando-a com uma educação que não seria definida como tal.
25
comunidade. Este autor explica que a escala local pode ser microlocal (lugares e bairros),
mesolocal (cidades, municípios) e macrolocal (regiões ou áreas metropolitanas).
Um importante fator pela busca da melhoria da qualidade ambiental dos lugares está, no
que Leff (2001, p. 321-323) explica: quando há a percepção de que a degradação ambiental está
impactando na qualidade de vida das pessoas. Esta degradação causada pelo forte crescimento
da produção de mercadorias e pela tendência de homogeneização do padrão de consumo nas
sociedades, resultando em fortes impactos na exploração dos recursos naturais, o que por fim,
podemos relacionar, aumenta a produção de resíduos. Este autor ainda define que esta
percepção leva à busca/luta, via participação coletiva nas decisões, pelo direito à espaços
ecologicamente equilibrados, produtivos além do caráter estético e recreativo.
26
dois vieses: de um lado o ambiente urbano legível e perceptível
vivenciado; de outro, situações e locais imperceptíveis, ocultos ao
julgamento perceptivo (MUCELIN & BELLINI, 2008, p. 117)
27
2.9- GEOPROCESSAMENTO
28
Hoje os softwares que se dedicam ao geoprocessamento são bem mais acessíveis aos
usuários; por exemplo, o Instituto Nacional de Pesquisas espaciais – INPE, desenvolve o
sistema SPRING que pode ser acessado gratuitamente através da rede mundial de computadores
no endereço eletrônico desta instituição. Existem diversos sistemas de instituições privadas, de
acordo com o interesse da pesquisa a ser desenvolvida. Também os sistemas com base
colaborativa em sua programação, à exemplo do Quantum GIS, que é gratuito e possui
funcionalidades seguras que há muito tempo vêm sendo utilizadas por vários pesquisadores e
instituições de pesquisa e gestão pública em vários países.
Carvalho (2012, p. 189) fala sobre a ação, no caso ação política de um cidadão ou de
um coletivo, esta ação, se dá em oposição ao comportamento, tendo esta a capacidade de
identificação de possíveis problemas e ainda de buscar soluções via participação nas decisões,
ao que define como política no sentido amplo.
30
3- OBJETIVOS
31
4. METODOLOGIA DE PESQUISA
De acordo com o Plano Diretor do Município de Belém de 2008, a cidade está dividida
em macrozonas, a Macrozona do Ambiente Urbano (MZAU), que se referem à áreas
urbanizadas na porção continental do município, e a Macrozona de Ambientes Naturais
(MZAN), em áreas não urbanizadas em áreas ribeirinhas ou insulares, o bairro da Marambaia
pertence à MZAU, esta que se divide em sete Zonas de Ambiente Urbano (ZAU). O bairro da
Marambaia em sua maior parte pertence a ZAU 4, já em sua parte leste ocupa pequena área da
ZAU 6, setores III (a nordeste, nas proximidades da avenida Augusto Montenegro ) e IV (a
sudeste, nas proximidades do Entroncamento) (Figura 3).
32
A Zona do Ambiente Urbano 4 (ZAU 4) caracteriza-se por ter uso
predominantemente residencial, atividades econômicas dispersas,
presença de núcleos industriais, carência de equipamentos públicos,
infra-estrutura não consolidada, terrenos subutilizados ou não
utilizados, com ociosidade de grandes áreas, incidência de loteamentos
destinados à classe média alta e ocupações precárias.
33
Figura 2 - Mapa do bairro da Marambaia. Fonte: Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém
(http://www.belem.pa.gov.br/app/c2ms/v/?id=18&conteudo=4758, acessado em 09/09/2017).
34
A ZAU 6 - Setor IV caracteriza-se por apresentar predominância de uso residencial, com
tendência à verticalização de até quatro pavimentos, condomínios horizontais e por atividades
econômicas de porte médio.
Figura 3 – O Bairro da Marambaia nas Zonas de Ambiente Urbano de Belém. Figura adaptada
do Mapa de Zoneamento, anexo V, do Plano Diretor do Município de Belém de 2008.
35
através do uso de receptor GPS nos logradouros do bairro, com levantamento fotoFigura,
confrontando com as informações indicadas pelos participantes da primeira fase. A maior parte
das vias foram percorridas permitindo identificar relevante número de locais com despejo
irregular de RSU.
Após o levantamento dos dados de campo e o tratamento das informações coletadas foi
produzida uma Base de Dados e gerado um do mapa de pontos com despejo irregular de RSU
no bairro da Marambaia. O mapa foi processado através do software Quantum GIS, com usos
do plugin Qgis2Web, o qual permitiu que o acesso através de navegadores de Internet.
Concomitantemente foi desenvolvido um mapa colaborativo, denominado Observatório
Participativo RSU – Marambaia, com uso do sistema GoogleMaps e divulgação nas redes
sociais através da Internet onde os usuários podem acessar e informar locais com despejo
irregular de RSU através do endereço eletrônico
(https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1jXz5WiB04XfQv_5eOKXZFON9_auWX3m
u&usp=sharing).
36
dos tipos de materiais retirados das ruas do bairro pela prefeitura. Existem ações de fiscalização
e educação ambiental, pelas secretarias de Saneamento e de Meio ambiente, respectivamente.
A classificação foi feita através de análise visual, não foram utilizados recursos
laboratoriais ou análise físico-química, e ainda a quantificação exata não se fez possível, mas a
presença de materiais e sua distribuição espacial foram possíveis. Quando se trata da
porcentagem dos resultados, faz relação com os pontos com presença de determinado material
e a sua classificação definida que segue: a) Origem, fonte e local de produção: doméstico,
residencial ou domiciliar, comercial, hospitalar, especial, radioativo, industrial, público, urbano
e rural; b) Tratabilidade: biodegradável, descartável e reciclável; c) Grau de biodegradabilidade:
alto, moderado, lento e não degradável; d) Padrão econômico e fonte: alto, médio e baixo; e)
Possibilidade de reagir com o meio: inerte, orgânico e reativo; f) Aspecto econômico:
aproveitável, inaproveitável e recuperável; g) Possibilidade de incineração: combustível e não
combustível; h) Recuperação/geração energética: alta, média e baixa; i) Aspecto sanitário:
contaminado e não contaminado; j) Natureza física: seco e molhado; k) Composição química:
orgânica e inorgânica Braga, Ramos & Dias (2010, p. 299-300).
Para que fosse feita a classificação, fizemos o registro dos tipos de materiais localizados
em cada ponto de despejo irregular, não considerando a quantidade específica, mas a presença
marcante. Ou seja, as porcentagens se referem a pontos com presença de determinado material,
e posteriormente, os materiais receberam a classificação. Por exemplo, pneus, foram
localizados em 2% dos pontos identificados, e este tipo de material teria as seguintes
classificações, conforme quadro 2:
Material Pneu
Origem/Fonte Comercial
Tratabilidade Reciclável
Grau de biodegrabilidade Lento e não degradável
Padrão econômico Baixa
Reação com o meio Inerte
Aspecto econômico Aproveitável
Possibilidade de incineração Combustível
Recuperação, geração energética Alta
37
Aspecto sanitário Contaminado
Natureza física Seco
Composição química Inorgânica
Quadro 2 – Exemplo de classificação de materiais, com base em Braga, Ramos & Dias (2010)
O bairro da Marambaia possui grande população e apresenta áreas com maior densidade
populacional que outras. Além disso fica evidente quando se visita o bairro, que existem áreas
com população de maior renda e menor renda, infraestruturas e usos predominantes diferentes
(área comercial, residêncial, feiras por exemplo). Estas informações foram fundamentais para
zonear o bairro em relação à densidade populacional e em relação à renda familiar. O objetivo
deste zoneamento foi cruzar estas informações com os pontos de despejo irregular de RSU,
auxiliando no entendimento da distribuição dos pontos de despejo irregular RSU, podendo
embasar ações futuras de implantação de projetos de educação ambiental e ações de prevenção
e controle ambiental no bairro. Os dados foram levantados com base nos Setores Censitários
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
O espaço geogárico é produzido e gerado pela interação com a sociedade, que de forma
dinâmica o transforma. O bairro da Marambaia é um bairro populoso, que tem passado por
várias transformações socioespaciais decorrentes da evolução urbana da Região Metropolitana
de Belém – RMB. De um bairro ‘dormitório’ na década de 1970, passa agora por fortes
transformações através de empreendimentos imobiliários, transformações nas vias públicas,
crescimento populacional, aumento de áreas de invasão, aumenta de atividades de comércio e
serviço, especulação imobiliária, violência, pressão ambiental etc.
38
bibliográficas, entrevistas junto às Secretarias do Município, pesquisas na rede mundial de
computadores, e visitas à associações e cooperativas, além de observações de campo.
A educação ambiental pode ser dada tanto em ambientes formais, quanto em ambientes
não formais de ensino. Desenvolveram-se atividades com palestras sobre Resíduos Sólidos
Urbanos, Coleta Seletiva e Reciclagem. Como forma de desenvolver nos professores e alunos
das escolas, quanto para os pais e membros de associações de bairro o interesse por esta
problemática ambiental, mostrando que além de um problema comum, também pode ser uma
oportunidade de geração de renda e atividades educativas. Foram apresentadas ações existentes
no bairro, assim como aplicar o mapeamento participativo na primeira fase do projeto. No bairro
existem 08 escolas públicas do ensino infantil ao médio e técnico profissionalizante, tanto
municipal quanto estadual. As palestras se deram em 03 escolas, buscou-se a interagir com
turmas do 6º ano e 9º ano do ensino fundamental, 1º ano e 3º ano do ensino médio e alunos de
Educação de Jovens e Adultos, um total de 05 turmas. Após as palestras foi aplicado
questionário (Anexo ) para turmas selecionadas, que auxiliou na identificação da percepção de
alunos sobre à naturalização da presença do lixo e da possível reciclagem dos mesmos.
39
5- RESULTADOS E DISCUSSÕES
40
Figura 4 – Mapa de pontos de despejo irregular de Resíduos Sólidos Urbanos no bairro da Marambaia, Belém-PA
41
Observou-se que não existem locais previamente definidos e preparados para receber os
RSU no bairro por parte da gestão pública. Também se observou uma diversidade de materiais
despejados pela população, tais quais, móveis usados, pneus, materiais plásticos, materiais
eletrônicos, restos de alimentos, materiais resultantes de podas e capinas, entulhos de obras
civis entre outros (figuras 5 e 6). Uma situação que se destacou nesta pesquisa de campo foi
verificar que os locais que mais apresentam pontos de despejo irregular de resíduos sólidos são
áreas públicas como laterais de escolas públicas (figuras 7 e 8).
42
O processo de coleta de RSU por prestadores de serviço contratados pela Prefeitura
Municipal de Belém – PMB, que ocorre uma vez por semana, é feito com uso de trator com pá
mecânica e caminhões. Em alguns pontos de despejo irregular, pôde-se constatar, através de
questionamento a alguns moradores e também, por ter verificado a forma com que os materiais
são coletados pelo serviço público, que com a retirada do resíduos tem sido causada a retirada
do solo/substrato, na raspagem do RSU do solo, resultando em depressões que acumulam águas
das chuvas, tornando-se criadores de mosquitos e outros animais (figura 9 ).
Figura 9 – Ponto de despejo irregular de RSU, em frente ao Cemitério São Jorge, no bairro da
Marambaia, Belém-PA, área com acúmulo de águas da chuva em destaque. (foto: Pesquisa de
campo)
A situação encontrada e exposta pela figura 9, em frente ao Cemitério São Jorge, hoje
encontra-se revertida pela ação da gestão municipal (figura 10), entretanto, observou-se que na
lateral deste cemitério ainda persiste tal problemática que apresentou piora de agosto até
outubro de 2018, pois apesar da ação da prefeitura ter recuperado o calçamento e ter sido
implantado uma fiscalização mais efetiva junto à feira da Tavares Bastos pela Secretaria de
Finanças Municipais (órgão que gerencia as feiras públicas na cidade) a lateral do cemitério
recebe de forma mais intensa os resíduos produzidos (figura 11), em entrevista com o gestor da
feira da Tavares Bastos na Marambaia, foi exposto pelo mesmo que está sendo desenvolvido
um trabalho de conscientização dos feirantes para que obedeçam o horário de retirada dos
resíduos produzidos na feira, porém alguns feirantes ainda não atentaram para a importância
disto e que há necessidade de intensificar esta ação em conjunto com outros órgãos municipais
como a Secretaria de Saneamento – SESAN e a Secretaria de Meio Ambiente – SEMMA, nota-
43
se ainda que além dos feirantes, foi relatado por moradores das proximidades que outros atores
tem despejado de forma irregular resíduos nestes locais, tal qual carrinheiros, transeuntes e até
mesmo pessoas em carros particulares. Mucelin & Bellini (2008, p.113) discutem sobre a
importância de se buscar entender os hábitos cotidianos, aquilo que se tornou “normal” no dia
a dia das comunidades, pois explicam que estas situações mascaram circunstâncias, e a agressão
ambiental, naturalizada, leva à não reflexão sobre os atos praticados, mesmos quando se possui
informações sobre a questão ambiental.
O bairro da Marambaia é drenado pelo Canal Água Cristal e Igarapé São Joaquim, destes
o primeiro é o mais impactado pelo despejo irregular de resíduos sólidos em suas margens, tal
canal passou por processo de urbanização durante a macrodrenagem da bacia do Una na década
de 90, sendo suas margens alteradas. Observa-se que tal sistema de drenagem já começa a ser
impactado pelo despejo irregular de RSU, com acúmulo de sacolas plásticas, garrafas plásticas
e ainda restos de móveis, como por exemplo restos de um colchão de molas (figura 12), e ainda
é uma área, conhecida como Canal Água Cristal que possui forte densidade populacional e com
baixa infraestrutura e população de baixa renda, em alguns trechos observou-se intensa
presença de pontos de despejo irregular de resíduos sólidos (figuras 12 e 13) e ainda as margens
sendo utilizadas como depósito de materiais de construção (figura 14), madeira para uso em
fornos de panificação (figura 15) e também depósito de materiais de sucata (figura 16). Tucci
(2002, p.8) informa que não existem muitos dados sobre a quantidade de resíduos sólidos que
ficam retidos nos sistemas de drenagem das cidades, e estes tipos de estudos são poucos em
nível internacional, de acordo com este autor, observam-se os impactos causados por esta
44
problemática, tais quais inundações e contaminações, para as populações humanas os principais
problemas seriam: perdas materiais e humanas; interrupções de atividades em áreas inundadas;
contaminação por doenças, tais quais leptospirose e cólera; e contaminações diversas pela
inundação.
Figura 14 - Margem Canal Água Cristal, Figura 15 - Margem Canal Água Cristal,
no bairro da Marambaia, Belém-PA, sendo no bairro da Marambaia, Belém-PA, sendo
usada como depósito de materiais de
usada como depósito de madeira.
construção.
45
6.1.2 – MAPEAMENTO PARTICIPATIVO
Figura 17 – Mapa base utilizado para mapeamento participativo com alunos das escolas públicas do
bairro da Marambaia. Fonte: Google Maps
Os dados mostrados pelos alunos foram então repassados para o software Quantum GIS
e através deste método cruzamos as informações obtidas em campo, através do levantamento
com GPS com as informações de percepção apresentada por cada turma. Foram desenvolvidos
mapas nos quais optamos por gerar áreas de influência (Buffers) com base no mapa de campo,
com dados georreferenciados de 50 e 100 metros dos pontos levantados, buscando comparar
com os dados informados pelos alunos.
47
Para os estudantes do 6º ano do ensino fundamental observamos que estes estudantes
marcaram 31 lugares onde percebiam ou acreditavam existir pontos de despejo irregular de
resíduos sólidos, destes 12 ficaram inscritos nas áreas de influência, com 10 deles inscritos na
área de 50 metros e 2 na de 100 metros (Figura 22). Considerando-se assim um acerto de 38,7%
considerando a proximidade dos pontos de despejo irregular de resíduos sólidos do
levantamento em campo com GPS. Estes estudantes têm idade média de 11 anos, sendo 56%
deles moradores do bairro da Marambaia.
Para os estudantes do 1º ano e 3º ano do ensino médio, que fizeram esta atividade em
conjunto, observamos que estes estudantes marcaram 47 lugares onde percebiam ou
acreditavam existir pontos de despejo irregular de resíduos sólidos, destes 34 ficaram inscritos
nas áreas de influência, com 25 deles inscritos na área de 50 metros e 9 na de 100 metros (Figura
24). Considerando-se assim um acerto de 72,3% considerando a proximidade dos pontos de
despejo irregular de resíduos sólidos do levantamento em campo com GPS.
48
38,7%, em relação aos pontos reais levantados em campo com GPS, seguidos dos alunos do 9º
ano com 51,5%, dos alunos do EJA com 62,3% e por fim pelo aluno do 1º e 3º anos do ensino
médio com 72,3% de maior proximidade.
Para Oliveira (2005, p. 105-111) a percepção espacial não está desconexa com o
desenvolvimento mental das crianças, e ainda que a noção de trajetória e localização são
relações estabelecidas entre os obejtos por quem os identifica. E para isso os seres humanos
percebem o espaço, o mundo físico, através das informações durante os processos de
deslocamento, percursos, e ainda das representações dos objetos para o indivíduo, ao que a
autora chama de modelo de meio ambiente. Oliveira (ibdem), explica que não há estudos que
neguem a relação da construção do espaço geográfico com as etapas e mecanismos perceptivos
e cognitivos apresentados por Piaget. Com base nesta análise, podemos justificar a pouca
porcentagem de acerto dos alunos do 6º ano, em relação aos pontos levantados com GPS, por
estarem em transição ente os estágios de desenvolvimento cognitivo de operações concretas
(que exige maior empiria) e de operações formais (que faz relações e tem o pensamento
hipotético-dedutivo), e ainda considerando que 44% destes estudantes não moram no bairro.
Para os alunos do 9º ano apesar de 65% destes não morarem no bairro, tiveram um acerto mais
significativo, porém, possuem idade média de 14 anos, o que dá aos mesmos maior autonomia
de percurso para a escola e ainda dedução de possíveis situações considerando outras já
percebidas.
49
Figura 22 – Mapa resultado do mapeamento participativo com alunos do 6º ano da Escola Almirante Tamandaré em comparação às zonas de
proximidades (buffer) de pontos identificados em campo com GPS, segundo semestre de 2018.
50
Figura 23 – Mapa resultado do mapeamento participativo com alunos do 9º ano da Escola Almirante Tamandaré em comparação às zonas de
proximidades (buffer) de pontos identificados em campo com GPS, segundo semestre de 2018.
51
Figura 24 – Mapa resultado do mapeamento participativo com alunos do 1º e 3º anos da Escola Francisco da Silva Nunes em comparação às zonas de
proximidades (buffer) de pontos identificados em campo com GPS, segundo semestre de 2018.
52
Figura 25 – Mapa resultado do mapeamento participativo com alunos do Ensino de Jovens e Adultos – EJA da Escola Hilda Vieira em comparação às
zonas de proximidades (buffer) de pontos identificados em campo com GPS, segundo semestre de 2018.
53
Figura 26 – Mapa resultado do mapeamento participativo com alunos de todas as escolas paticipates em comparação às zonas de proximidades (buffer)
de pontos indentificados em campo com GPS, segundo semestre de 2018.
54
6.2 – CARACTERIZAÇÃO DOS RSU EM PONTOS DE DESPEJO IRREGULAR NO
BAIRRO DA MARAMBAIA
Após a observação visual, imagem a imagem, relativa a cada ponto, num total de 46
pontos identificados, foram gerados dados que foram organizados em tabelas para fins de
análise. Os critérios de classificação utilizados foram os sugeridos por Braga, Ramos & Dias
(2010), salienta-se que existem vários critérios propostos por diversos autores. Com tais dados
pode-se vislumbrar a necessidade de gestão dos resíduos para o bairro, como também se ter
ideia das possibilidades de aproveitamento econômico, organização de ações de educação
ambiental, estrutura e materiais necessários para tratamento dos materiais, acondicionamento
adequado e retirada, dentre outros.
A maior dificuldade se deu pela característica dos pontos de despejo irregular, em que
os materiais não são dispostos de forma homogênea, demonstrando desordem e falta de
orientação do serviço público nesta problemática (Figuras 27, 28 e 29), durante a pesquisa de
campo, não foram localizados contêineres ou locais para este fim no bairro, o que não justifica
o descarte irregular destes materiais, mas que caso existissem, diminuiriam a problemática e
auxiliariam na gestão espacial desta.
Carvalho, Locatelli & Silva (2012, p.8) descrevem em um estudo sobre o município de
São Carlos-SP, o que consideramos como importante solução para o bairro da Marambaia, e
ainda para a os demais bairros da Capital do Estado do Pará, a criação de Ecoponto. Estes seriam
estruturas para recebimento de volumes pequenos de resíduos sólidos urbanos como restos de
obras, podas, materiais volumosos entre outros, que são encaminhados pelos
carroceiros/carrinheiros e ainda por parte da população. A solução supracitada, tem impacto
positivo no ambiente urbano, pois auxilia na recuperação de áreas com despejo irregular de
resíduos sólidos e é importante opção para esta problemática urbana. Considera-se ainda a
possibilidade de integração como ponto de recebimento de materiais para reciclagem, o que
acreditamos que seria uma oportunidade para estimular associações e cooperativas de
catadores, com capacitação, geração de renda e inclusão social.
55
Figura 27- Imagem de ponto de despejo Figura 28- Imagem de ponto de despejo
irregular de resíduos sólidos no bairro da irregular de resíduos sólidos no bairro da
Marambaia, Belém/PA, em agosto de 2018 Marambaia, Belém/PA, em agosto de 2018
Figura 29- Imagem de ponto de despejo irregular de resíduos sólidos no bairro da Marambaia,
Belém/PA, em agosto de 2018
Fonte: Pesquisa de campo.
Feita a análise visual das imagens dos pontos identificados, obtivemos os dados da
figura 30, tendo destaque de presença, para o bairro da Marambaia, os seguintes materiais:
madeira, restos de obras residenciais, lixo residencial, poda/roçagem, plástico, papel/papelão,
eletroeletrônicos, móveis, metal, pneus, sobra de alimentos, tecidos, caroço de açaí.
Observamos grande variedade dos materiais com destaque de lixo residencial, madeira,
plásticos, poda e resíduos de obras com as maiores e semelhantes porcentagens. Excetuando o
lixo residencial, os materiais em destaque poderiam ser encaminhados para locais próprios para
recebimento e destinação final adequada. Plásticos e papel/papelão deveriam ser encaminhados
para coleta seletiva, e eletroeletrônicos para programas de logística reversa.
56
% de pontos
15,0 14,4
16,0 13,7 13,1
14,0 12,4
12,0 8,5
10,0 7,2
8,0 5,2
6,0 3,9
4,0 2,0 2,0 1,3
2,0 0,7 0,7
0,0
Figura 30- Frequência relativa dos tipos de materiais visualizados em pontos de despejo
irregular de resíduos sólidos no bairro da Marambaia, Belém/PA, em agosto de 2018. Fonte:
Pesquisa de campo.
Origem / Fonte
95,6%
100,0
50,0
4,4%
0,0
Comercial Residencial
57
% de pontos
60,0 55,3
44,7
40,0
20,0
0,0
Contaminado Não contaminado
Aspecto sanitário
Figura 32 – Frequência relativa de acordo com o aspecto sanitário de materiais visualizados
em pontos de despejo irregular de resíduos sólidos no bairro da Marambaia, Belém/PA, em
agosto de 2018. Fonte: Pesquisa de campo.
% de pontos
41,9
60,0 32,3
40,0 22,6
20,0
3,2
0,0
Biodegradável Descartável Reciclável Outros
Tratabilidade
58
Entender o grau de biodegradabilidade e poder quantificar os materiais produzidos pode
auxiliar à gestão de resíduos sólidos a dimensionar as necessidades técnicas do destino final
destes materiais. No caso de Belém, estes materiais considerados como “entulho”, os resíduos
sólidos urbanos em pontos de despejo irregular, estão sendo direcionados para o Aterro do Aurá
ainda, e o lixo residencial para o Aterro Sanitário de Marituba. Entretanto, como podemos
identificar, há presença significativa de lixo residencial misturado ao material recolhido nos
pontos pelo serviço público, e aparentemente, as ações de fiscalização e orientações feitas pelos
órgãos da prefeitura não estão sendo suficientes para sanar este problema socioambiental. O
grau de biodegradabilidade representa o tempo que determinado material, dependendo das
características locacionais (umidade, calor, ação biológica, entre outros), levará para se
decompor. Assim, conforme as observações feitas, mais de 50% dos tipos de materiais
identificados possuem classificação de biodegradabilidade de moderado a alto (podas/roçagem,
papel/papelão, madeira, sobras de alimentos, caroço de açaí, alguns tipos de tecidos, entre
outros), 24% lento e não degradável (plástico, resto de obras, metais, pneus, eletroeletrônicos,
móveis, entre outros) e materiais não classificados tal qual o lixo residencial (Figura 34).
% de pontos
35,6
40,0
30,0 20,2 24,0 20,2
20,0
10,0
0,0
Alto Moderado Lento e não Não
degradável classificado
Grau de biodegradabilidade
% de pontos
46,8 44,7
50,0
40,0
30,0
20,0
6,4
10,0 2,1
0,0
Média ou Alta Média ou Baixa Baixa Não
classificado
Padrão econômico
Em relação à capacidade dos materiais de reagirem com o meio sob ação das
intempéries, foram considerados resíduos inertes os que possuem tempo de decomposição lento
ou não se decompõem, temos como exemplo: metais, restos de construção, pneus, vidros,
plásticos, tecidos móveis e sucata. Os resíduos identificados como reativos que foram
observados durante o levantamento são os derivados de eletroeletrônicos, que podem
60
contaminar o meio e causar doenças pela intoxicação com metais pesados e substâncias
presentes em seus componentes e o lixo residencial. Os demais seriam os orgânicos (madeira,
poda/roçagem) e os não classificados (Figura 37).
% de pontos
Figura 37 – Frequência relativa de acordo com a reação com o meio de materiais visualizados
em pontos de despejo irregular de resíduos sólidos no bairro da Marambaia, Belém/PA, em
agosto de 2018. Fonte: Pesquisa de campo.
61
% de pontos
80,0 61,6
60,0
40,0 28,8
20,0 5,5 4,1
0,0
Aproveitável Recuperável Inaproveitável* Não
classificado
Aspecto econômico
62
classificamos como média capacidade de conversão térmica. Os de baixa capacidade são
metais, restos de obras, sucatas e outros (Figura 40).
% de pontos
80,0
59,4
60,0 40,6
40,0
20,0
0,0
Combustível Não combustível
Possibilidade de incineração
% de pontos
60,0
39,6 38,5
40,0
21,9
20,0
0,0
Alta Média Baixa
% de pontos
60,0 51,3
44,7
40,0
20,0
3,9
0,0
Seco Molhado Não classificado
Natureza física
% de pontos
60,0
40,0
20,0
0,0
Orgânica Inorgânica Não classificado
Composição química
64
a) Os tipos de materiais que se destacam são madeira, restos de obras, materiais de podas
e roçagens, materiais plásticos e a presença de lixo residencial. A implantação de locais
adequados para recebimento destes materiais, e ou o estímulo à segregação destes traria
bons resultados para diminuir a problemática do despejo irregular de resíduos sólidos
no bairro, conforme explica Vilhena (Ibdem), esta separação traria ganhos tais quais
redução de gastos públicos e aproveitamento econômico destes materiais;
b) Pelas observações, a origem dos resíduos é consideravelmente residencial, 95,6%.
Assim uma campanha, porta a porta, com estímulo de participação e apoio da
comunidade, através das associações e escolas por exemplo, em parceria com os órgãos
públicos municipais de saneamento e meio ambiente traria fortes ganhos
socioambientais através da separação destes materiais de forma adequada para a
destinação, assumindo a responsabilidade compartilhada governo e população, via
Ecopontos por exemplo;
c) Um ponto que se destacou ainda é a presença de lixo residencial em 44,7% dos pontos
identificados, apesar do serviço de coleta pública funcionar regularmente no bairro esta
é uma problemática forte quando observamos estes pontos irregulares de despejo de
resíduos sólidos, esta característica com concentração nos pontos ao longo dos eixos do
Canal Água Cristal e Rua da Marinha. Este percentual demonstra a necessidade de
reforçar ações de mobilização e conscientização nestas áreas, ou revisão e adequação
do serviço de coleta em áreas com menor atendimento. Verificamos que ao longo do
eixo Canal Água Cristal existem passagens e áreas conhecidas como “invasão” nos
quais a coleta de lixo residencial, os caminhões de coleta, não têm acesso, são áreas com
considerável número de moradores, praticamente sem infraestrutura adequada. Jacobi
(2002, p. 387) expõe que existe uma forte tendência da gestão de adotar a ‘culpabilidade
da vítima’ blaming the victim, resultado de descontinuidade de ações (quebra de
governabilidade) e ações poucos impactantes, o que este autor chama de verdadeiro
círculo vicioso. Observamos que são áreas de segregação socioespacial. Viver na cidade
é um direito, de acordo com Lefebvre (2001, p.7) é resultado da renovação da
democracia o direito à vida urbana, um princípio de humanismo. Porém as cidades
mostram grandes e crescentes problemas em que a exclusão social é latente, fruto de
processos dados pelo crescimento, planificação e homogeneização das formas de
produzir e consumir. A cidade em si é o lugar das contradições, onde o capital exerce
seu poder de forma mais intensa, onde o dilema desenvolvimento econômico e vida com
dignidade sem enfrentam, enfim um eterno conflito (LEFEBVRE, 2001, p. 11-16).;
65
Os dados de forma geral indicam o potencial para implantação de projeto local para
diminuir a problemática dos pontos de despejo irregular de resíduos sólidos, que pode ter
impactos positivos na qualidade de vida da população do bairro. Projetos como implantação de
Ecopontos e estímulo à coleta seletiva e reciclagem poderão trazer benefícios socioambientais,
geração de renda e inclusão social. Na década de 90, Wittmann e Véronique (1996, p.166), em
estudo sobre reciclagem, apresentaram esta atividade como um novo modelo de crescimento
social e preservação do meio ambiente. Estes autores observaram que a reciclagem permitiria
tratar a questão da acumulação de resíduos sólidos e ainda de substituir os usos de recursos
naturais não renováveis pela reciclagem de materiais já utilizados.
66
Figura 43 – Mapa do bairro da Marambaia em Belém/PA, com delimitação dos Setores Censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE, para o Censo Demográfico 2010.
67
Observando a figura 44, se revela que o bairro da Marambaia possui duas grandes áreas
diferenciadas em relação ao número de habitantes por setores, uma a norte e outra a sul. A via
que se estende às margens do Canal Água Cristal, ao sul do bairro, possui setores com maior
número de população residente, dentro de duas faixas de classificação, de 1154 a 1419
moradores, e de 1422 a 3160 moradores. Nos setores com menores números de moradores, da
parte sul do mapa, observamos as seguintes proximidades ou características: próximas a áreas
institucionais (aeronáutica e corpo de bombeiros a sudoeste), área com condomínios verticais e
horizontais, conjunto residencial e proximidade com o cemitério São Jorge e feira/comércios
(centro-sul) e setores com maior proximidade de comércios e feiras, a Feira do Entrocamento e
áreas institucionais (sudeste). No eixo norte, destacam-se os conjuntos habitacionais, sendo o
Conjunto Médici I e II, Euclides Figueiredo, o Gleba I e II, e ainda praças e áreas verdes.
Analisando a figura 45, que mostra o número de pessoas com renda nominal per capita
até R$ 70,00 mês, temos que os setores que possuem a maior quantidade de pessoas com menor
renda são os com maior proximidade ao Canal Água Cristal, ou na parte sul do bairro da
Marambaia, em um total de 10 setores, sendo 5 na faixa de 46 até 91, 3 na faixa de 92 até 139,
1 na faixa de 141 até 221, e na faixa de 222 até 1075. Na porção norte do bairro temos 5 setores
na faixa de 46 até 91 e 1 setor na faixa 92 a até 139. Estes setores somados, nas porções norte
e sul, contabilizam uma população aproximada de 21.117 pessoas, equivalente a 31,65% do
total de moradores do bairro. Na pesquisa de campo observamos que estas áreas são as que
possuem menor infraestrutura e apresenta condições de moradia de baixa renda em sua maioria.
Um aspecto social que gostaríamos de destacar é a intensidade de pessoas nas ruas, que se dá
de forma bem mais intensa na parte sul do bairro, com algumas exceções a norte. O que vai ao
encontro da análise de Carlos (2007, p.23) sobre o espaço urbano quando esta explica que existe
uma interessante observação que podemos fazer para entender o processo de diferenciação dos
espaços, dos bairros, e até mesmo dentro destes, dependendo de sua extensão, é a questão da
frequência de pessoas nas ruas. Nas áreas em que a população, de um modo geral tende a ter
maior renda, as ruas são mais vazias, por outro lado, onde a população tende a ter menor renda
o fluxo de pessoas nas ruas é maior. Conforme a autora podemos entender que os espaço se
diferenciam, por processos que segregam as pessoas, ou grupos sociais, os espaços construídos
e ocupados frutos da desigualdade social.
68
Figura 44 – Mapa do bairro da Marambaia em Belém/PA, com Setores Censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, com
informação de população residente por setor, de acordo com o Censo Demográfico 2010.
69
Figura 45 – Mapa do bairro da Marambaia em Belém/PA, com Setores Censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, com
informação de quantitativo de pessoas com rendimento nominal mensal per capita até R% 75,00 por setor, de acordo com o Censo Demográfico
2010.
70
Na figura 46, a distribuição de pontos de despejo irregular de resíduos sólidos foi
sobreposta aos setores censitários com informações de população residente. O que se pode
observar é que existe grande concentração de pontos a norte e nordeste, e a sudoeste do bairro,
com menor distribuição nos outros setores.
71
Figura 47 – Mapa do bairro da Marambaia em Belém/PA, com Setores Censitários do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em relação ao número de pessoas com
renda nominal até R$ 75,00, com ditribuição de pontos de despejo irregular de Resíduos
Sólidos Urbanos, segundo semestre de 2018.
72
presença na rotina das pessoas, acabam com o tempo sendo dados como comuns e não causam
estranheza nos cidadãos, dentre alguns destes problemas encontramos a poluição visual e a
disposição inadequada de lixo. Conforme Mucelin e Bellini (2010, p. 19-20) as pessoas que
observam tais impactos acabam as percebendo como “normais”. Sobre isto estes autores
declaram:
Não obstante vale salientar que não existe locais apropriados para o descarte de resíduos
sólidos no bairro, excluindo-se o resíduo ou lixo domiciliar, que tem retirada regular pelo poder
público com dias bem definidos. Existem interessantes experiências em outras capitais do país
para esta questão dos resíduos sólidos urbanos, como restos de podas de árvores, capinas, restos
de obras residenciais, são depósitos projetados para receber tais materiais pelas comunidades
do entorno. Esta seria uma importante solução para esta problemática do bairro. Não obstante
é importante salientar que a Prefeitura de Belém, através de sua secretaria de saneamento,
ofereço o serviço de retirada destes materiais à população. Para solicitar, o cidadão deve
telefonar para o número 156 e fazer a demanda. Acompanhamos dois chamados, e notamos que
há uma demora considerável do atendimento para a retirada na residência, com mais de 15 dias
para a retirada em um dos casos e outro não foi atendido. A serviço orienta que a quantidade de
material a ser retirado não pode ultrapassar a 1 m3 por solicitação.
Durante a pesquisa nos foi possível observar vários atores sociais com relações diretas
e indiretas para a problemática dos pontos irregulares de despejo de resíduos sólidos no bairro
da Marambaia. Alguns atores são institucionais e têm funções definidas em leis para prevenção
e combate a crimes ambientais, são estes:
73
1) o poder municipal através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMMA, para
quem compete: a formulação de políticas e de diretrizes para o desenvolvimento
ambiental municipal; planejamento, coordenação e execução de políticas, de diretrizes
a ações que tenham como objetivo a melhor qualidade ambiental municipal; buscar a
elaboração de normas para que atinja padrões de sustentabilidade ambiental; fazer com
que a política ambiental seja integrada às ações previstas no Plano Diretor Urbano
Municipal; fazer e manter articulação com instituições governamentais e não
governamentais em ações, planos, programas e projetos locais para o meio ambiente;
estimular e ainda executar estudos e pesquisas científicas, tecnológicas, de caráter
cultural e ou educativo, para fins de geração de conhecimento sobre meio ambiente e
preservação ambiental, assim também a sua difusão; dar garantia para que as
comunidades possam participar da gestão ambiental, com representação dos vários
segmentos sociais; cuidar e planejar a arborização dos logradouros públicos; entre
outros. Destacando-se a aplicação de sanções quando do descumprimento da
legislação ambiental;
74
vezes, pagam para que terceiros levem os resíduos de suas moradias para locais distantes
das mesmas, incorrendo assim em crime ambiental e gerando esta importante
problemática, muitos relatos em conversas com moradores expuseram tal situação, e
ainda questionavam, vamos fazer “o quê?”, transferindo a responsabilidade ao serviço
público municipal;
76
6) Ações comunitárias: dentre as ações comunitárias destacam-se o Grupo de Amigos da
Marambaia, que são moradores do bairro, que atuam na conscientização e na ação direta
de combate a ponto de despejo irregular de resíduos sólidos no bairro, através de ações
pontuais e organizadas atuam na mobilização de mutirões que transformam “lixões” em
jardins, com limpeza e jardinagem dos espaço públicos que foram afetados pela prática
deste crime ambiental. Também observamos o grupo EcoTerapia Comunitária, este
fundado após em 2016 e que atua focado nas escolas do bairro, estimulando ações,
palestras e divulgando nas redes sociais a questão da educação ambiental e da
mobilização social para fins de melhoria da qualidade ambiental;
Um dos objetivos desta pesquisa/ação foi ministrar palestras nas escolas do bairro sobre
a questão dos resíduos sólidos urbanos e coleta seletiva. Para isto houve reunião preparatória,
na qual foram apresentados à gestora da Secretaria Estadual de Educação -SEDUC/PA para a
Unidade SEDUC na Escola – USE 8, e as diretoras das escolas nas quais seriam aplicadas as
atividades, os objetivos da pesquisa e as atividades que seriam desenvolvidas (Figura 48).
Observou-se que as escolas receberam a proposta com motivação, sendo que tanto a gestora da
USE 8 quanto as diretoras das escolas relataram que entendiam que a questão ambiental no
bairro é fundamental. Também relataram que desenvolviam algumas atividades neste sentido já
na escola, porém que havia necessidade de reforçar tais ações. Observa-se que o entendimento
dado pelas docentes concorda com o que Oliveira (2006, p33) explica, expondo a importância
dos educadores para a formações dos cidadãos no que tange contribuírem com projetos que
busquem a compreensão sobre o ambiente que os cerca, no qual estão inseridos e,
compreendendo-o, buscar diminuir os problemas ambientais nele existentes.
77
Figura 48 – Reunião de apresentação da proposta de atividades nas escolas participantes
da pesquisa, junho 2018.
Avaliamos esta participação dos docentes em sala de aula como positiva, pois evitou um
certo “estranhamento” dos alunos em relação à alguém de fora de seu convívio escolar, além
de importantes contribuições sobre a temática em discussão. A participação e o questionamento
dos estudantes foi ativo, principalmente para as turmas do 6º, 9º anos e Educação de Jovens e
Adultos, os estudantes do 1º ano tiveram boa participação e houve alguns questionamentos, já
os estudantes do 3º teve menor participação, porém não prejudicial ao andamento das
atividades.
79
Figura 51 – Atividade com estudantes Figura 52 – Atividade com estudantes e
sobre Resíduos Sólidos Urbanos durante a particpação de membro de Grupo
pesquisa/ação. Comunitário sobre Resíduos Sólidos
Urbanos durante a pesquisa/ação.
Não fazia parte desta pesquisa/ação desenvolver uma cartilha ou produto para ser
aplicado em sala de aula. Assim, foi feita uma pesquisa sobre materiais que pudessem ser
apresentados durante os seminários nas escolas. Optamos por montar uma apresentação que
mostrasse trechos de uma cartilha que foi desenvolvida no ano de 2015 pela Universidade
Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, por Araújo & Coêlho (2015), esta que está disponível
para download no endereço eletrônico desta instituição. Somada às informações da cartilha
supracitada, também foram apresentadas aos alunos imagens da realidade do Bairro da
Marambaia sobre a questão dos pontos de despejo irregular de resíduos sólidos.
Figura 53 – Telas utilizadas como recurso didático nas atividades de seminário com as turmas
durante o desenvolvimento das atividades, apresentando informações da Cartilha de Resíduos
Sólidos de Araújo & Coêlho (2015), dados e informações sobre Resíduos Sólidos Urbanos no
bairro da Marambaia, Belém/PA
Para os seminários foi dada a seguinte forma de apresentação: antes de se falar sobre o tema,
se fazia um questionamento, por exemplo, ‘O que é resíduo sólido?’. Após dadas as repostas,
destacando as mesmas e valorizando o conhecimento prévio dos alunos iniciava-se a discussão
e a apresentação do tema. Observou-se desta maneira que os estudantes faziam relacionamento
entre resíduo e lixo, assim discutimos e foi exposto aos alunos os conceitos de lixo/rejeito,
materiais que já se esgotaram as possibilidades de tratamento e recuperação, e resíduos sólidos,
materiais que ainda podem ser reutilizados, reaproveitados, reciclados ou direcionados para
81
compostagem. Foram desenvolvidas as palestras nas escolas com esta abordagem supracitada
e seguindo os seguintes pontos:
d) O que é chorume?;
g) Possíveis soluções;
82
como também no Departamento de Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Saneamento,
ambos de Belém-Pa.
83
georreferenciada do pontos de despejo irregular de Rsu levantados com receptor GPS na fase
de pesquisa de campo, os pontos indicados pelos alunos (por escola) na fase de mapeamento
participativo, dois buffers ou zona de proximidade de 50 e 100 metros, para simular a
visualização e proximidade de acerto dos alunos em relação aos pontos levantados, setores
censitários do IBGE para o bairro da marambaia uma para renda e outro para população, a
drenagem principal do bairro (Canal Água Cristal e Igarapé São Joaquim) e por fim a
delimitação do bairro. Pretende-se fazer a atualização anual destes dados, com fins de observar
o avanço das ações coletivas e das ações e políticas de gestão ambiental no bairro da
Marambaia.
84
de dados do IBGE do censo de 2010. Com estes dados o gestor poderá optar pela ação mais
adequada de acordo com a população da área onde for atuar.
O produto desenvolvido poderá ser ampliado, a versão 1.0 tem sua aplicação ao bairro
da Marambaia e à problemática dos pontos de despejo irregular de resíduos sólidos, sendo assim
85
um módulo. Outras questões ambientais poderão vir a compor a plataforma de gestão e
educação ambiental, tais quais: áreas não atendidas com coleta de lixo domiciliar, áreas verdes,
áreas com inundação, poluição sonora e visual, despejo de esgoto em rio e canais, emissão de
gases ilhas de calor, entre outros. Assim além do estímulo à educação ambiental nas escolas e
no mapeamento participativo, o produto poderá ser utilizado como base para divulgação de
dados de futuros projetos de pesquisa da rede PROFCIAMB, pólo UFPA, e ainda, em apoio a
divulgação de conhecimentos ambientais e gestão municipal. Esta plataforma versão 1.0
também disponiliza dados e links de cartilhas e vídeos sobre a temática ambiental relativa aos
resíduos sólidos urbanos, figura 58.
86
turmas, duas do ensino fundamental, 6º e 9º anos, turno da manhã, na Escola Estadual de Ensino
Fundamental Almirante Tamandaré, localizada no Conjunto Cohab, Gleba I; duas turmas do
ensino médio, 1º e 3 º anos, turno manhã, na Escola Estadual Francisco da Silva Nunes (Colégio
Integrado), localizada na avenida Santarém, Conjunto Médici 2; e uma turma do Ensino de
Jovens e Adultos - EJA, 2ª etapa, turno noturno, na Escola Estadual Hilda Vieira, travessa
Marapanim, Conjunto Médici 1.
Como o objetivo deste questionário era identificar a percepção dos estudantes sobre a
questão dos resíduos sólidos e seu despejo irregular no bairro da Marambaia, procuramos saber
87
se os alunos eram moradores do bairro ou de outros. No resultado deste ponto (Tabela 2),
identificamos que os alunos, que responderam ao questionário, do ensino médio e do EJA,
declararam serem todos moradores do bairro da Marambaia. Se revelou que os estudantes do
ensino fundamental, tem boa parte residência em outros bairros, sendo os estudantes do 6º ano
com 44% deles moradores de outros bairros, tais quais, Castanheira, Jaderlândia, Benguí,
Icoaraci. Para os estudantes do 9º ano a porcentagem é maior, chegando a 65% destes, alguns
moradores nos bairros citados e ainda um aluno do município vizinho de Belém, e que faz parte
da Região Metropolitana de Belém, que seria o município de Ananindeua. O que provavelmente
explica tal situação é que a Escola Almirante Tamandaré tem localização próxima à avenida
Augusto Montenegro, que delimita a fronteira do bairro da Marambaia com outros, como
Atalaia, Castanheira, e faz eixo de acesso para Benguí, Icoaraci e outros. Esta é uma importante
avenida da cidade de Belém, no eixo de expansão urbana sentido Complexo Viário do
Entroncamento e o distrito Icoaraci, que suporta importante fluxo diário de trabalhadores que
possivelmente tenham escolhido esta escola, para seus filhos, por ser caminho para o trabalho
e/ou próximo de suas residências, no caso de estudantes de bairros vizinho.
88
Integrado 3º ano (médio) 100% 0%
Hilda Vieira EJA 100% 0%
2ª etapa
Tabela 2 – Bairro de residência dos alunos
Outro resultado obtido tratou do vínculo empregatício dos pais (pai e mãe). As menores
porcentagens de pais trabalhando foi identificada pelas informações dos estudantes do EJA
(Tabelas 3 e 4), e ainda se pode observar o seguinte aspecto, os pais destes estudantes possuíam,
em sua maioria, apenas o ensino fundamental (Tabelas 5 e 6) e ainda, são ou foram migrantes
do interior do Estado do Pará ou de outros Estados (Tabelas 7 e 8). Estes dados têm relevância
de análise pois confirma que as pessoas com maiores dificuldades de ingressar no mercado de
trabalho possuem o perfil de baixa escolaridade e ainda são migrantes de locais distantes dos
centros urbanos, o que se refletiu na oportunidade de acesso à educação para seus filhos. Em
Cury (2008, p. 216-217), podemos analisar esta tendência de exclusão ainda existente em nosso
país, este autor expõe que apesar das consquistas na área da educação no Brasil, com a questão
da universalização do ensino fundamental, expansão dos ensinos médio e infantil, fazendo um
diagnóstico da educação no país há falhas. Estas falhas são em atingir metas na educação dentre
estas a da educação de jovens e adultos, principalmente no que tange à qualidade do ensino
ofertado, porém o que se destaca é que em face da injustiça social de distribuição de renda e
inclusão social, ainda seguem historicamente penalizados os negros, os descendentes indígenas,
os migrantes, a população das periferias e pessoas com idade mais avançada.
Para os estudantes do ensino médio observamos que, em relação ao pai, a maioria possui
apenas o ensino médio completo e que as mães possuem maior porcentagem dos que concluíram
o ensino superior (Tabelas 5 e 6), entretanto, apesar deste aspecto, parcela significativa delas
não tem vínculo empregatício. Também se notou que os pais (pai e mãe) em sua maioria são da
capital do Estado do Pará. Os dados levantados mostram-se de acordo com a pesquisa
apresentada por Rosemberg & Andrade (2008, p.429), que versa sobre o ensino superior no
Brasil. Os resultados apresentados na pesquisa destes autores, através de dados do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, mostraram que a
participação de mulheres no ensino superio é maior do que dos homens, em 2002 as mulheres
eram 56,5% dos concluintes do grau superior de ensino, tendo um avanço para 62,9% em 2006.
A pesquisa destes autores mostrou que, no cenário nacional, existe maior participação feminina
89
que masculina no ensino superior, estas com melhor aproveitamento escolar, e maior número
de matrículas nas regiões dos estados do Norte, Nordeste e Centroeste do país.
90
Escola Turma Fundamental Médio Superior
Almirante Tamandaré 6º ano 42% 29% 29%
Almirante Tamandaré 9º ano 16% 57% 27%
Integrado 1º ano (médio) 13% 43,5% 43,5%
Integrado 3º ano (médio) 18% 36,5% 45,5%
Hilda Vieira EJA 86% 14% 0%
2ª etapa
Tabela 6 – Escolaridade da mãe.
91
Continuando com a análise do vínculo empregatício, formação e origem, para os
estudantes do ensino fundamental, temos que os pais empregados representam mais de 80%,
contra 58% a 67% das mães, e que o percentual de mães com ensino médio ou superior
completo é maior que a dos pais (Tabelas 3, 4, 5 e 6), o que mostra que as mães tem buscado
acessar mais estudos, porém não têm sido absorvidas, na mesma proporção que os pais, pelo
mercado de trabalho. Os dados mostram ainda que a maioria dos pais e mães dos estudantes do
ensino fundamental são nascidos em Belém/PA.
Ao entendermos um pouco mais sobre a formação dos pais e mães e a ocupação destes,
podemos sugerir às escolas que venham a desenvolver atividades integradas sobre a temática
de educação ambiental e reciclagem, com objetivo formativo e de geração de renda para
algumas famílias através do artesanato por exemplo. Encontramos em Ramos (2014 ,p.26) uma
afirmação que concorda com nossa análise, que além do importante papel que as escolas
possuem para a formação cidadã, elas podem ainda contribuir no processo de estímulo, inclusão
e geração de renda, através atividades educativas abertas à comunidade como oficinas de
produção de artesanato através do conceitos da reciclagem e reaproveitamento, à isto somamos
o estímulo ao associativismo e cooperativismo.
A atividade com a aplicação dos questionários se deu após palestras com as turmas,
inclusive estas com a participação de alguns professores das escolas. O questionário procurou
levantar se os alunos conseguiram apreender as informações mediadas, observou-se que muitos
estudantes já possuíam alguma referência com a temática abordada. No que concerne às
questões abertas: O que você entende por resíduos sólidos? e O que você entende por
reciclagem?; buscamos localizar traços comuns entre as respostas, no que foram identificados
4 padrões de resposta para a primeira pergunta (Tabela 9) e 3 padrões para a segunda pergunta
(Tabela 10). O resultado das respostas para a primeira destas questões mostrou que estudantes
do ensino fundamental e do EJA fizeram mais relação com a possibilidades de aplicação do
conceito Reduzir, Reaproveitar e Reciclar - 3Rs, 70% a 92% das respostas, uma pequena parte
fez relação vinculado com o conceito de lixo (Tabela 9). Para os estudantes do ensino médio
notamos uma importante diferença, os estudantes do 1º ano, mais de 40%, fizeram relação com
a possibilidade de aplicação do conceito dos 3Rs, e ainda relacionaram com o fato do material
estar contaminado ou não. Para as respostas dos estudantes do 3º ano, mais da metade
relacionou com o conceito de lixo (Tabela 9). Observamos assim a necessidade de maior
92
integração de todas as turmas da escola nas atividades de educação ambiental, destacamos ainda
que nesta escola, Colégio Francisco da Silva Nunes, no mesmo mês da atividade com palestra
e a aplicação do questionário, ocorreu ação na escola sobre meio ambiente com estudantes do
ensino técnico. Desta forma, no que trata da temática de educação ambiental, ações que
integrem toda a comunidade escolar são muito bem-vindas.
Em relação à pergunta, "O que você entende por reciclagem?", as respostas dos
estudantes da turma do 6º ano versaram de forma equilibrada abordando sobre reciclagem e
seus objetivos, relacionando com o cuidado ao meio ambiente e ainda alguns estudantes fizeram
conexão com a geração de renda (Tabela 10). Os alunos do 9ª ano relacionaram mais
propriamente aos aspectos da reciclagem e sua importância para cuidar do meio ambiente. Para
os estudantes do EJA, 100% relacionaram exclusivamente aos aspectos de reciclar. Os
estudantes do ensino médio também expuseram o que era reciclagem, fazendo relação às
vantagens para o meio ambiente e uma pequena parte para a geração de renda.
93
EJA
a) Referência com os 9 22 10 8 9
3Rs
b) Cuidar do meio 8 5 0 8 3
ambiente
c) Geração de renda 2 0 0 1 0
* Este item do questionário foi feito em pergunta aberta, de livre resposta, as respostas levaram ao
entendimento das linhas a, b e c, podendo em uma mesma resposta fazer referência à mais de um padrão.
Tabela 10 – O que você entende por reciclagem?
94
b) Menos lixo nas ruas e 35% 34% 25% 10,5% 43%
cidade mais limpa
c) Geração de emprego e 5% 0% 33,5% 0% 0%
renda
d) Menos desperdícios e 0% 12% 16,5% 60,5% 28,5%
descartes (referência aos
3Rs)
* Este item do questionário foi feito em pergunta aberta, de livre resposta, as respostas levaram ao
entendimento das linhas a, b, c e d, podendo uma mesma resposta fazer referência à mais de um padrão.
Tabela 11 – Qual a importância da reciclagem?
95
Embalagens Longa Vida 2,1% - 1,6% - -
Eletrônicos 1,1% 0,6% - - -
Madeira 3,2% 5,1% - 1,1% -
Orgânicos - 1,7% - - -
Outros - - 6,6% 1,1% 1,7%
Não citaram 05 exemplos 5,3% 4,5% 8,2% 6,7% 16,7%
Tabela 12 – Materiais recicláveis, por turma.
Com o entendimento de que a vivência no lugar e o dia a dia dos estudantes poderiam
trazer importantes informações quanto à problemática dos resíduos sólidos no bairro da
Marambaia através da aplicação do questionário, foram feitas três perguntas que poderiam
direcionar à compreensão de como as famílias tratam os resíduos produzidos, como os
estudantes percebem o bairro e como estes se sentem em relação ao bairro. A primeira pergunta
foi, Como você observa a retirada de ‘entulhos’ na sua casa? Foi utilizado o termo entulho
como algo genérico para os resíduos produzidos nas casas, exceto o lixo doméstico, podendo
ser restos de obras, restos do capinas e roçagens, móveis velhos, materiais resultantes de
limpezas em quintais, entre outros. Os resultados das informações mostram que mais de 60%
96
dos estudantes percebem que (Tabela 14) em suas residências o material considerado como
‘entulho’ é retirado através de pessoas que trabalham informalmente com carrinhos e carretos,
os carrinheiros ou carreteiros, alguns usam também carroças de tração animal. Tal informação
revela o hábito de boa parte da população do bairro que acaba por estimular o crime ambiental,
e ainda o praticam, quando pagam alguém para despejar tais materiais irregularmente pelas ruas
e terrenos diversos. Os dados ainda revelam que 17,6% dos responsáveis pelas residências
ligam para o serviço público municipal para retirada dos materiais de suas casas, 5,5%
contratam empresas especializadas e autorizadas, 14,3% buscam outras formas, como queima
e até mesmo descarte pelos próprios moradores.
97
vários pontos de despejo irregular de resíduos, não causa estranheza para os alunos, fazendo
parte da rotina dos mesmos.
O fato de 13% das turmas responderem ‘não sei responder’ (Tabela 16) pode identificar
duas situações, a primeira de que esta problemática sobre os resíduos sólidos no bairro ainda
precisa ser mais trabalhada nos espaços formais e informais de ensino com maior participação
das famílias e comunidade como um todo, e em segundo lugar é a de que os estudantes ainda
não desenvolveram um senso crítico ou opinião sobre o assunto.
Mais da metade dos estudantes declararam conhecer locais onde existe despejo irregular
de resíduos sólidos no bairro (Tabela 17), informações que cruzaremos com as informações do
mapeamento participativo, que os estudantes atuaram. Porém declaram ainda como locais mais
98
comuns no bairro, a rua da Marinha, as feiras, as proximidades do cemitério São Jorge, e
próximos das escolas. Retomando as informações da tabela 2, sobre alunos que moram no bairro
ou não, justifica o fato de que os estudantes do ensino fundamental, em sua maioria, declararam
não conhecer tais pontos de despejo irregular, pois grande parte destes moram em outros bairros.
99
responsabilidade pelo lugar, pelo bairro, com 55%, seguido de 21% do padrão (c) que versa
sobre preservação do meio ambiente e aplicação dos 3Rs, 16% do padrão (a) cobrando maior
atuação da prefeitura e 8% do padrão (d) através da implantação de projetos.
A educação ambiental não compõe uma disciplina nas escolas e deveria ser tratada em
todas as disciplinas ofertadas nas escolas e ainda em diversas atividades nos espaços formais e
informais de ensino, conforme a lei nº 9.795/1999. Desta maneira, através do questionário
buscamos identificar em quais disciplinas os alunos percebem a temática ambiental ser mais
tratada. No ensino fundamental as disciplinas Estudos Amazônicos, Geografia e Ciências se
destacaram, na turma de EJA foram Geografia, História e Ciências. Nas turmas do ensino médio
a disciplina mais percebida no tratamento de questões ambientais foi Biologia, com 70% para
alunos do 1º ano seguido de Sociologia com 15%, para a turma do 3º ano biologia com 38%,
seguido de sociologia e geografia, outras disciplinas também foram citadas (Tabela 20). É
importante que a temática ambiental seja reforçada nas escolas por poder contribuir com todas
as disciplinas e estar vinculado ao dia a dia dos estudantes de qualquer sociedade ou classe
100
social, e podendo facilitar para que os alunos, tendo um problema em comum, venham a
desenvolver maior senso de responsabilidade e comunidade, cidadania e respeito com os outros
e com o meio ambiente do qual seu futuro depende.
7- AÇÕES COLETIVAS
101
há um embate local, pela desnaturalização do processo em que se tornou hábito o despejo
irregular de resíduos sólidos pelo bairro da Marambaia, este embate motivado por princípios
éticos, no caso uma ética ambiental, conforme (SACHS, 2002, p. 49). Abaixo relatamos alguns
movimentos identificados:
a) A ação de Associação de Catadores de Águas Lindas: apesar de não estarem com sede
no bairro, atuam em algumas ruas deste, o que tem motivado o interesse e a participação de
moradores na separação dos resíduos para entrega aos catadores que vão de porta em porta
recolher os materais. Observamos que é uma ação incipiente, porém tem um potencial latente
para geração de renda e difusão de princípios de educação ambiental. Conforme explica Vilhena
(2013, p.6) quando há investimento em ações de coleta seletiva resultam daí vários benefícios
socioambientais, sendo: redução de custos nos aterros sanitários e aumento da vida útil destes;
diminuição de gastos públicos para limpeza de áreas degradadas (lixões); economia com gastos
de limpeza pública; maior qualidade ambiental e saúde pública; geração de renda; inclusão
social;
b) Ação de moradores para manutenção de espaços verdes: houve uma mobilização junto
ao Colégio Leonor Nogueira, no conjunto Médici 2, onde obteve adesão de moradores de ruas
próximas, servidores e professores da escola e membros da Associação de Moradores do
Conjunto Médici 1 e 2 – AMME. Foi feita limpeza e paisagismo da lateral da escola, porém
ainda persiste na lateral desta escola um ponto de despejo irregular de resíduos significativo.
Aqui observou-se a aproximação da comunidade com as escolas, em que, através da ação de
educadores ambientais, professores e coletivo EcoTerapia Comunitária, houve uma chamada
de atenção para a problemática do bairro, o descaso com os espaços públicos. Leroy (2010, p.
102
21) explica que a mudança se dá através de processos educativos, onde o educador, e no caso o
educador ambiental é parte fundamental. Entretanto observa-se que há necessidade de se
perceber educador, é preciso se reconhecer como tal, e que todos nós estamos de forma ativa
na ação de mudança. Mudança esta que se dá no indivíduo e na coletividade.
103
Quando algo problemático começa a ter aspecto de coisa/fato naturalizado em determinada
sociedade/coletividade, há a possibilidade de seu aumento. No dia-a-dia das pessoas, existe a
possibilidade de que impactos ambientais tornem-se fatos corriqueiros e não mais
problematizados nesta sociedade/coletividade. Leroy (2010, p.26) explica que não se pode
aceitar o caos e a confusão e sim deve-se observar os problemas de forma a poder melhor
entender, em cada sentido de seus processos mantenedores, sabendo-se desta forma como
combater.
Figura 58.a – Reunião com representantes Figura 58.b – Reunião com representantes
das secretarias municipais SESAN e das secretarias municipais SESAN e
SEMA e membros da comunidade. SEMA e membros da comunidade.
104
mudança tem um início, um processo e um fim (chegada), este dado pela realidade, pelo hoje,
pelo mundo em que se vive, com todas as suas contradições e conflitos. Quando este homem
sujeito toma a consciência buscará se comprometer com a realidade.
106
Figura 60 – Imagens de ações de mobilização na Escola Francisco da Silva Nunes recuperação
de espaços com depesjo irregular de Resíduos Sólidos Urbanos, com participação integrada das
secretarias municipais SESAN e SEMA, estudantes, docentes e comunidade. Antes (imagens
alto) e depois (imagens baixo).
107
8- CONCLUSÕES
- Sobre a base legal municipal, no que confere ao meio ambiente, observou-se que esta
é bem rica, porém existe falhas na sua aplicação pela gestão municipal, dadas pela baixa
108
fiscalização e falta de participação e colaboração da população em denunciar situações de crime
ambiental;
- Observa-se que a cidade carece de uma Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, e tem
falhado em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos no que tange à um adequado
planejamento e pesquisas da real situação de Belém do Pará em relação à informações sobre a
caracterização e quantificação dos resíduos produzidos na cidade. Em relação ao bairro da
Marambaia estas informações não foram disponibilizadas ou não existem nos órgãos
municipais;
- Para o zoneamento do bairro, com base nos setores censitários do IBGE, em relação a
população e renda, e se comparando com a distribuição pelo bairro dos pontos de despejo
irregular de resíduos sólidos, conclui-se que não necessariamente, a maior intensidade de pontos
tem relação com setores com maior número de pessoas com baixa renda, mas sim, com o
109
número de moradores. Observou-se assim duas grandes zonas, uma a norte e outra a sul, nas
quais a quantidade de pontos de despejo irregular de resíduos é aproximada, sendo que para a
zona mais a sul, o número de pessoas com baixa renda é maior, assim, como tanto na zona norte
e zona sul existem número aproximado de pontos, se exclui o possível discurso, com aspecto
até preconceituoso, de que a baixa renda tem relação com o descaso com os espaços públicos.
Trata-se sim de segregação espacial e ausência do Estado;
- Durante a pesquisa foram feitos alguns contatos com os representantes dos órgãos
municipais. Em alguns momentos notou-se um discurso de culpabilidade da vítima, conforme
descreve Jacobi (2002, p. 387), e ainda observamos também em parte da população do bairro
a responsabilização pela questão ambiental apenas na gestão municipal. Entretanto, como
resultado direto e indireto de mobilizações, conversas e ações coletivas, observa-se o início de
uma mudança de olhar sobre o espaço e a comunidade, uma mudança de postura, tanto dos
membros do serviço municipal, quanto da comunidade, uns em relação aos outros, a exemplo
da ação ocorrida na Escola Francisco da Silva Nunes, em que comunidade e a gestão municipal
agiram de foma integrada;
110
bairro através da percepção da qualidade ambiental a exemplo de dados obtidos sobre hábito de
descarte dos resíduos (+ de 62%, relataram ser através de carrinheiros/carroceiros) e percepção
sobre o bairro (+ de 59%, percebem sujo ou muito sujo);
111
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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115
Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU | ONU Brasil.
Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/conhecaosnovos17objetivosdedesenvolvimentosustentaveldaonu/>;
NEGRÃO, Marcelo. ALMEIDA, André Abreu de. Incineração de resíduos: contexto e riscos
associados. 2010. Disponível em: < http://incineradornao.net/2010/07/incineracao-de-residuos-
contexto-e-riscos-associados/ >. Acesso em: 15 de set. 2018;
116
ANEXO
117
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7) Você poderia citar cinco tipos de materiais que podem ser reciclados?
4:________________________; 5:____________________.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10) Quando é realizada limpeza na sua residência (capina, retirada de entulho de obras, poda de
árvores, retirada de móveis sem uso, etc. ) o responsável pela casa entra em contato com o
serviço da Prefeitura para retirar esse material ou paga para um carreteiro jogar fora esse
material ?
118
11) Em relação aos resíduos sólidos(lixo), como você considera o bairro?
( ) Acho limpo;
( ) Acho sujo;
8) Você sabe de lugares onde é comum o despejo de Resíduos Sólidos (lixo) pela população no
bairro ?
( ) Sim; ( ) Não
Onde:_______________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
___________________________________________________
9) Nos lugares do bairro com Resíduos Sólidos (lixo) nas ruas, o que mais lhe incomoda? Pode
marcar mais de uma resposta.
119
10) Em quais matérias (disciplinas) já foi falado sobre Meio Ambiente em sala de aula ou outras
atividades?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
11) O que você acha que pode ser feito para diminuir o problema dos Resíduos (lixo) sujando o
bairro?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________
120