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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS -


BACHARELADO

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


PARA UM MERCADO DE PEQUENO PORTE.

MEYRE LUCIA THOMÉ CARDOSO MALAGUÊS


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PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


PARA UM MERCADO DE PEQUENO PORTE.

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Universidade Federal do Rio Grande Do Sul – UFRGS
como requisito para conclusão do curso de Ciências
Biológicas Bacharelado.

Orientador: Profa. Dra. Teresinha Guerra


Coorientação: Prof. Dr. Darci Barnech Campani

Porto Alegre
2021
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MEYRE LUCIA THOMÉ CARDOSO MALAGUÊS

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


PARA UM MERCADO DE PEQUENO PORTE.

Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado


_______________ para a obtenção do título de Bacharel
em Ciências Biológicas e aprovado em sua forma final
pelo Orientador e pela Banca Examinadora designados
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Dr. Allan de Oliveira de Oliveira

______________________________________________________________________

Me. Paulo Robinson da Silva Samuel


_____________________________________________________________________

Orientadora Profa. Dra. Teresinha Guerra – Universidade Federal Do Rio Grande Do


Sul

Coorientação Prof. Dr. Darci Barnech Campani – Universidade Federal Do Rio Grande
Do Sul
______________________________________________________________________
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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos vão a todas as partes que ajudaram a tornar isso possível. A todos
aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta durante minha trajetória dentro da
Universidade. Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais Dariléia e Vladimir
por desde cedo me instigarem pela busca do conhecimento e educação. E mais que isso,
poderem me proporcionar as condições e meios para que isso se realizasse. As minhas
avós que sempre cuidaram de mim em casa, fizeram meus almoços e jantares e me
esperaram até tarde. Aos meus irmãos Nay e Dudu, que sempre acreditaram em mim e
apoiaram minhas ideias mais loucas. A minha tia Taís pelo apoio incondicional. A
Thais, pelo amor, cumplicidade e nossa amizade. E ao Léo, por acreditar nos meus
sonhos, me inspirar e me proporcionar almoços cheios de aventuras.

Aos meus companheiros de curso, agradeço ao Jordã por me fazer companhia no


primeiro dia de aula, a Eduarda por estar perdida conosco, parada no pilar de mármore,
desde esse dia a gente não se desgrudou mais. A Rejane por nos unir na aula química e
nos deixar muito mais próximos e nos tornar uma família, além disso, puxar o Giovanni
para o nosso grupo, que se tornou meu fiel escudeiro.

Por último e não menos importantes, a Rose e a Eva, que fizeram minhas manhãs e
tardes tão divertidas e engraçadas. Fizeram Cafés da manhã e almoços espetaculares,
sou muito grata por tudo e passei alguns dos meus melhores dias com vocês.

“Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:


Contemplai as minhas obras, ó poderosos e
desesperai-vos!"

- P. B SHELLEY
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RESUMO

As políticas de descarte de resíduos sólidos, por muito tempo, ficaram sendo pautas
secundárias no desenvolvimento do país e dentro das empresas. Entretanto, em 2010 foi
aprovada uma Lei específica para instruir e melhorar a gestão de resíduos sólidos no
Brasil. Este trabalho tem como finalidade a elaboração de um Plano de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos para um mercado de pequeno porte no município de Porto Alegre,
RS. A fim de realizar boas práticas em políticas de desenvolvimento ambiental e
executar as medidas exigidas pela Lei Nacional de Resíduos Sólidos, o trabalho foi
realizado com levantamento prévio de dados, análise e diagnóstico. Atualmente o
mercado não possuí nenhuma política de gerenciamento de resíduos sólidos, portanto, o
levantamento de dados foi determinante para identificar as limitações estruturais e
educacionais que a empresa possui. O espaço físico de trabalho é uma das ferramentas
implícitas responsáveis pelo sucesso das atividades. Após conclusão das etapas
anteriores o plano foi elaborado e será disponibilizado em forma de documento para os
proprietários do estabelecimento. Este plano é um documento e ferramenta que
identifica o tipo e a quantidade de resíduos sólidos gerados, indica práticas
ambientalmente corretas para a segregação, coleta, armazenamento, transporte e
destinação final, bem como, instrução para a redução do desperdício e destinação dos
resíduos sólidos para o mercado
.
Palavras-chave: resíduos sólidos, segregação, plano de gerenciamento,
estabelecimento comercial
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ABSTRACT

Solid waste disposal policies, for a long time, were secondary guidelines in the country's
development and within companies. However, in 2010 a specific law was passed to
instruct and improve solid waste management in Brazil. This project aims to prepare a
Solid Waste Management Plan for a small market in the city of Porto Alegre, RS. In
order to carry out good practices in environmental development policies and carry out
the measures required by the National Law on Solid Waste, the work was carried out
with prior data collection, analysis and diagnosis. Currently, the market does not have
any solid waste management policy, therefore, the data collection was crucial to identify
the structural and educational limitations that the company has. The physical work
space is one of the implicit tools responsible for the success of the activities. After
completing the previous steps, the plan was prepared and will be made available as a
document for the owners of the establishment. This plan is a document and tool that
identifies the type and amount of solid waste generated, indicates environmentally
correct practices for the segregation, collection, storage, transport and final destination,
as well as instruction for the reduction of waste and disposal of solid waste for the Good
Price market.
Keywords: solid waste, segregation, plan, law
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8
OBJETIVOS ....................................................................................................... 133
GERAL .............................................................................................................. 133
ESPECÍFICOS .................................................................................................... 133
METODOLOGIA ................................................................................................ 133
CARACTERÍSTICAS DO ESTABELECIMENTO.................................................. 144
RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 16
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 244
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 265
APÊNDICE: PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS)
MERCADO DE PEQUENO PORTE........................................................................ 28
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INTRODUÇÃO

O século XX foi marcado pelo uso intenso de energia e combustíveis não renováveis
como carvão, petróleo e gás natural. Com o fomento da indústria e resultado das
atividades antrópicas há evidências do aumento de produção de resíduos sólidos e
poluição das águas e do planeta no geral. Segundo Moura (2016, p.2), nas décadas de
1930 a 1960 não havia propriamente uma política ambiental no Brasil ou uma
instituição gestora da temática ambiental e a temática só ganhou impulso no final da
década de 1960.
Para Celso Antônio Pacheco (2009):

“o lixo urbano está inserido no fenômeno da urbanização e atinge de forma considerável


os valores ambientais.(...) Outrossim, o lixo e o consumo são fenômenos indissociáveis,
porquanto, o aumento do consumo pela sociedade, associado ao desordenado processo
de urbanização, proporciona maior acesso aos produtos feitos em massa ”.Dessa forma,
o resíduo urbano atinge de forma mediata e imediata os valores relacionados com saúde,
habitação, lazer, segurança, direito ao trabalho e outros componentes de uma vida
saudável e com qualidade (apud RAUBER, v (4), n°4, 2011, p 1).

Neste contexto, em 2 de agosto de 2010 surge a primeira Lei Federal 12.305 (Brasil,
2010) que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A política traz
conceitos inovadores, como a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos entre fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e
poder público (Senado Federal, 2014). A partir do exposto, observa-se que o país
enfrentou um longo caminho até o surgimento de uma política que instaurasse
procedimentos e condutas adequadas para lidar com os resíduos sólidos. Sob a
perspectiva Estadual, o Rio Grande do Sul, em 16 de abril de 2014, sanciona a Lei
14.528 (Rio Grande do Sul, 2014), que dispõe sobre a POLÍTICA ESTADUAL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS, que delibera sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos. Alguns dos objetivos mais relevantes da política são proteger a saúde pública e
a qualidade ambiental; estimular a adoção de padrões sustentáveis, racionais e eficientes
de produção e consumo de bens e serviços; estimular a adoção, o desenvolvimento e o
aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais.
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Destaca-se que o estado também possui a Lei 9921, de 1993, sobre o mesmo tema. O
Plano Estadual de Resíduos Sólidos, aprovado
através da Resolução CONSEMA 297, na reunião nº 180, em 20/08/2015, tem vigência
por prazo indeterminado, abrangendo todo o território do Estado, com duração de 20
anos e revisões a cada 4 anos.
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos (BRASIL, 2020), a geração saiu de
66,7 milhões de toneladas em 2010 para 79,1 milhões em 2019, uma diferença de 12,4
milhões de toneladas e que cada brasileiro produz, em média, 379,2 kg de lixo por ano,
o que corresponde a mais de 1 kg por dia (PIRES; OLIVEIRA, 2021).

Mesmo após a criação de uma política nacional e estadual de resíduos sólidos a


produção de resíduos ainda é crescente, isso aponta que um plano de gestão durar um
período de 20 anos pode ser equivocado e trazer prejuízos ambientais, visto que a cada
ano o território e meio ambiente tem novas necessidades. Portanto, existe demanda para
revisões e manutenções em um período menor afim de encontrar as melhores soluções e
medidas para preservação ambiental.

Em contrapartida, no âmbito municipal, temos um cenário diferente sobre a capital do


Estado Do Rio Grande do Sul. A cidade de Porto Alegre foi uma das pioneiras no país a
criar e instaurar políticas que visassem o manejo e destinação correta dos resíduos
sólidos, a partir de 1989. Esse marco foi precedido por uma crise nos 2 lixões existentes
no município e gerou um movimento de conscientização sobre a importância do
tratamento e a correta destinação dos resíduos (SILVA et al, 2017, p.6). Já, em 1975, a
cidade ganhou um novo rumo em relação à gestão de resíduos e, a partir da Lei Nº
4080, de 15 de dezembro (PORTO ALEGRE,1975) foi criado o Departamento
Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), com objetivo de melhor desempenhar a
realização dos serviços de limpeza pública da cidade. Como aponta o Plano Municipal
de Gestão Integrada de Resíduos Sólido (Volume 1, 2013), na virada da década de 1980
para 1990, o sistema de meio ambiente do país, que até então praticamente se detinha na
problemática da poluição hídrica, passou a reconhecer a fundamental importância da
gestão qualificada dos resíduos sólidos. Portanto, por imposição legal e por avanço das
crescentes consciências técnica e popular, a partir de 1990 iniciou-se uma nova fase da
limpeza urbana e gestão de resíduos sólidos no município. A partir da adesão ao
conceito de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Ainda de acordo com Plano
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Municipal de Gestão Integrada, tendo em vista a necessidade de qualificação técnica do


DMLU, uma nova divisão emergiu, a Divisão de Destino. A partir da contratação de
técnicos de diversas áreas, como Engenharia, Biologia e Sociologia, o trabalho de
limpar a cidade e destinar os resíduos passou a ser encarado como um conjunto de
atividades integradas e engajadas, em que o manejo e o destino dos resíduos sólidos
eram projetados e executados de forma científica, respeitando-se as variáveis
ambiental, social e econômica. Em 1990 iniciou-se a recuperação do chamado Lixão da
Zona Norte, com processo de remediação ambiental, licenciado pela FEPAM, bem
como iniciou a coleta seletiva, no dia 7 de julho, no bairro Bom Fim, sendo que após
alguns anos a cidade possuía cobertura de 100% como coleta seletiva.

Em 2013, Porto Alegre criou seu o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólido publicada em 2 volumes. O primeiro, conta com o Diagnóstico e Prognóstico e o
segundo com o Planejamento. Este Plano tem caráter de reconstrução permanente e com
revisão a cada 4 anos e é requisito obrigatório para municípios terem acesso a recursos
da União, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos
sólidos (Quadro 1).

Quadro 1. Itens do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos


Volume 1 – Diagnóstico e Prognóstico Volume 2 - Planejamento
Aspectos físicos e históricos
Gestão e estratégia
Diagnóstico Aspectos socioeconômicos

Eixo 1 - geração de
resíduos sólidos
Eixo 2 – coleta e
Diagnóstico transporte
Modelo sistêmico do
situacional dos Eixo 3 – tratamento e
planejamento planos de
resíduos sólidos em Geração Caracterização disposição final.
ação
Porto Alegre Eixo 4 – qualificação do
ambiente urbano
Eixo 5 – sistemas de
gestão e estratégia

Transbordo e transporte
Coleta Estação de transferência Ações de processo
Tratamento e pré-tratamento

Gestão e Controle Metas e indicadores


Disposição final
Iniciativas e capacidade de globais
educação ambiental
Efeitos resultantes da
alteração de políticas públicas
Desenvolvimento de
Perspectivas para a gestão
Prognóstico longo prazo
associada com municípios da
região.
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Fonte: autora

Em relação à iniciativa privada, não existe uma lei exclusiva que disponha sobre como a
administração de resíduos sólidos deva ocorrer nessas instituições. Entretanto, nos três
âmbitos da administração Pública, Federal, Estadual e Municipal as leis amparam sobre
o dever da iniciativa privada. As Leis 12.305 (Política Nacional de Resíduos Sólidos,
BRASIL, 2010), Lei 14.528, (Política Estadual de Resíduos Sólidos, RIO GRANDE
DO SUL, 2014) e Lei Complementar 728 (Código Municipal de Limpeza Urbana,
PORTO ALEGRE, 2014) atribuem a mesma responsabilidade dos cidadãos e do
governo para as empresas:

“geradores de resíduos sólidos são as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou


privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nessas incluído o
consumo e fica incumbida a elas sua gestão integrada dos resíduos sólidos gerados.”

Os Resíduos Sólidos são definidos como sendo todo material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor
tecnologia disponível, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305
de 02 de agosto 2010, (BRASIL). A Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) NBR 10004:2004, classifica os resíduos sólidos em 2 grandes grupos e 2
subgrupos:

a) Resíduos classe I - Perigosos;


b) Resíduos classe II – Não perigosos;
– Resíduos classe II A – Não inertes.
– Resíduos classe II B – Inertes.

Abaixo está o quadro (Quadro 2) de identificação de alguns resíduos classificados como


não perigosos. Esses resíduos são aqueles que podem ter características como
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biodegradação, combustão e solubilidade em água. São resíduos que não apresentam


risco de periculosidade ao meio ambiente e aos seres humanos. Entretanto, seu descarte
inadequado pode causar prejuízos ambientais.

Quadro 2 – Identificação de Resíduos.

Fonte: ABNT (2004).

A classificação dos resíduos pode sofrer variações de acordo com as tecnologias e


processos existentes, em cada cidade ou região. O trabalho de segregação dos resíduos
deve estar em consonância com o serviço de coleta municipal (UEL, 2021).
Segundo o DMLU, os resíduos podem ser classificados para a coleta de 3 formas:
resíduos orgânicos, resíduos recicláveis e rejeito. Embora sejam classificados em três
categorias, em relação a coleta, só há distinção entre orgânico e reciclável. Apesar de
que os serviços prestados pelo DMLU coletam apenas duas frações, o seletivo e os
rejeitos, onde inclui a matéria orgânica.

• Resíduos orgânicos são aqueles de origem vegetal ou animal.


• Rejeitos, são resíduos sem potencial de reaproveitamento ou que não possuam
viabilidade técnica e financeira de reciclagem.
• Recicláveis são todos os materiais plásticos, de vidros, de metais e de papeis
limpos sendo reaproveitados.
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Todas as atividades exercidas pela sociedade que geram resíduos precisam de uma
administração adequada. As empresas são unidades que fazem parte do coletivo. São
estruturadas a partir das relações humanas e meio ambiente. Grande parte das atividades
dependem de recursos naturais. Sendo unidades que dependem das relações humanas e
de recursos providos pelo meio ambiente existe um compromisso social, muito além de
questões econômicas e seus próprios interesses. É necessário o desenvolvimento de
habilidades e tecnologias que visem o desenvolvimento ambiental e sustentável, nessa
perspectiva, o objetivo deste trabalho é a elaboração de um plano de gerenciamento de
resíduos sólidos para uma empresa privada, a fim de aprimorar processos de gestão de
resíduos e boas práticas em desenvolvimento ambiental.

OBJETIVOS

Geral

O objetivo deste trabalho é a elaboração de uma proposta de Plano de Gerenciamento de


Resíduos Sólidos para um mercado de pequeno porte.

Específicos

● Elaborar diagnóstico da segregação e destinação final dos resíduos sólidos, a


análise qualitativa da segregação, da estrutura disponível, procedimentos e normas
gerais adotadas para segregação, armazenamento e destinação;
● Revisar as normas legais em todos os âmbitos administrativos (federal, estadual,
municipal e institucional) que incidem sobre a gestão de resíduos neste tipo de
edificação, instituição;
● Elaborar uma proposta de gerenciamento de resíduos sólidos para o Mercado.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado no segundo semestre de 2021 e o delineamento


metodológico empregado foi de levantamento de dados em uma instituição comercial
no município de Porto Alegre, que se configura pelo interesse em compreender as
atividades realizadas, a produção e o manuseio de resíduos no estabelecimento, visando
a elaboração da proposta do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos do
empreendimento, tendo por base o modelo de Plano de Gerenciamento de Resíduos do
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Superior Tribunal De Justiça (CORTÊS et al, 2017), Hotel Vila Ventura (CENCI et al,
2017), Restaurante no Município de Campo Mourão (DOMINGUES, 2013), Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos do Ceclimar (CAMPANI, 2019) e Plano Municipal
de Gestão Integrada de Resíduos Novo Hamburgo (TUBINO et al., 2017).

O levantamento de dados é um processo importante no desenvolvimento dos Planos de


Gerenciamento de Resíduos. Nos permite explorar, coletar, organizar, analisar e
comparar dados já existentes com atuais e, a partir disso, ter consciência do todo. Serve
como uma ferramenta para traçar planos estratégicos que permitam o desenvolvimento
de melhorias em quaisquer setores. De acordo com (FLECK et al., 2013, v (2) p. 68), a
qualificação da organização, composta por recursos humanos, estrutura física e
ferramentas a serviço dos trabalhos, é condição necessária para que o planejamento saia
do âmbito imaterial da aspiração e se realize de fato. Com isso, para compreender
melhor as necessidades e limitações do mercado foi feito um levantamento prévio nos
setores, o qual contempla informações sobre a segregação, destinação,
acondicionamento e políticas descarte atuais.

Para a avaliação da segregação foram utilizadas três classificações: boa, ruim e


razoável. Boa, significa que todos os resíduos descartados em todos os coletores do
setor pertenciam à mesma classe e não havia qualquer tipo de contaminação. Ruim, os
resíduos descartados não pertenciam à mesma classe. Razoável, os resíduos dispostos
no coletor pertenciam à mesma classe predominantemente, porém havia algum tipo de
contaminação.

CARACTERÍSTICAS DO ESTABELECIMENTO

O estudo inicial constituiu-se em um levantamento qualitativo dos resíduos sólidos


gerados pelo empreendimento, e pela análise dos resultados obtidos para a elaboração
da proposta do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (BOLDRIN, 2014).
O gerenciamento do espaço físico de trabalho é uma das ferramentas implícitas
responsáveis pelo sucesso das atividades. Sendo assim, um bom arranjo e planejamento
do mesmo poderá tornar os funcionários envolvidos mais motivados e produtivos,
resultando em um melhor desenvolvimento da organização, (CETNAROVSKI, 2013).
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O mercado XX apresenta muita instabilidade na disposição de coletores. Durante o


período de estudo houve a subtração e inserção de novos coletores, resultando em
cenários variados durante a coleta de dados. A primeira semana foi a única que
apresentou resultados satisfatórios em relação à segregação. Embora houvesse muitas
mudanças na disposição dos coletores, as primeiras semanas não foram afetadas por
isso, portanto, a boa segregação na primeira semana não é justificável por esse motivo,
além disso, não foi observado mudança de hábito dos funcionários da primeira semana
até a última, portanto, sugere-se que o bom descarte de resíduos na primeira semana foi
aleatório.

O levantamento de dados aconteceu 3 vezes na semana, em dias úteis e em horários


aleatórios, no turno diurno em um mercado comercial de pequeno porte que atende toda
população local e coleta de dados foi realizada durante um mês, tendo início no dia 6 de
julho de 2021 e finalizado no dia 6 de agosto de 2021.
GERHARDT E SILVEIRA (2009, p.31-32) propõem que:

“A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica,


mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma
organização etc. A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da
realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e
explicação da dinâmica das relações sociais.”

O método de análise qualitativa foi escolhido por se adaptar ao expediente do mercado,


não interferindo nas funções dos funcionários, enquanto o método quantitativo
implicaria no manejo dos coletores e sacos de resíduos de um setor para o outro para
realizar sua pesagem sendo necessário de ser executado no período noturno e, pelo fato
de o estabelecimento se localizar em uma região de risco de segurança, este método foi
descartado.

O mercado possui uma área com cerca de 200 m² e conta com 12 colaboradores para o
desempenho das atividades. Em dias úteis o expediente inicia às 8h da manhã e finaliza
às 22h da noite, com total de 14 horas de funcionamento e aos finais de semana
funciona das 9h às 21h.Os funcionários chegam no estabelecimento cerca de 20 minutos
antes horário do expediente para se prepararem e saem 20 minutos depois do horário de
funcionamento para fecharem o estabelecimento.
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O estabelecimento é dividido em 8 setores: caixas de atendimento, hortifruti, bebidas,


alimentos perecíveis, padaria, açougue, área de serviços e estoque. O levantamento de
dados foi realizado nos setores de padaria, caixas de atendimento, área de serviços e
açougue, identificando o número de coletores, a quantidade de sacos trocados durante o
dia e a identificação da qualidade da segregação. Os setores hortifruti, bebidas e estoque
e alimentos não perecíveis não possuem dados coletados, pois não apresentam qualquer
tipo de coletor para descarte de resíduos sólidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O mercado é um estabelecimento comercial de pequeno porte localizado na zona norte


de Porto Alegre e atende toda população local.

SETOR PADARIA

A padaria é um dos setores mais rentáveis do mercado, sendo responsável por quase
toda a produção de seus produtos: pães, salgados fritos, salgados assados, tortas, bolos e
biscoitos. As massas para tortas e bolos bem como seus recheios, como doce de leite,
brigadeiro e nata são produtos adquiridos em empresas terceirizadas.

A padaria é um dos setores que mais produz resíduos. Dentre os resíduos descartados,
foram identificados restos de verduras, tortas, bolos, massas, pizzas, pastéis, papelão,
caixas, plástico, garrafas pet, papel, plástico sujo, papel com óleo e balde de alimentos.
Possui 3 coletores sendo 1 deles disposto ao lado do balcão de atendimento e os outros
2 coletores na área interna, em contato com a produção alimentícia. Existe manipulação
tanto de resíduos orgânicos como recicláveis.

Há uma variação na produção de resíduos devido à demanda do dia, entretanto os


coletores são trocados uma vez ao dia, o que deixa um saldo de 150 litros de resíduos
produzidos, correspondendo de 1 a 2 sacos de 50 litros em todos os coletores deste setor
(Tabela 2).
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O mercado apresenta instabilidade em relação a sua organização. Nas duas primeiras


semanas a padaria só tinha 2 coletores, mas na semana final de realização do trabalho, o
setor ganhou mais um coletor. A troca de sacos também variou, no primeiro dia devido
à alta demanda de produção houve a troca por duas vezes de sacos nos dois coletores.
Nas outras semanas, de acordo com observado, a troca aconteceu apenas uma vez. Em
relação a qualidade de segregação, apenas 3 dias tiveram uma segregação razoável, o
que significa que os resíduos dispostos no coletor predominantemente pertenciam à
mesma classe, porém havia contaminação. Nos outros 9 dias, a segregação estava
totalmente comprometida.

Tabela 2. Número de coletores, quantidade de resíduos e qualidade da segregação da


Padaria
Setor PADARIA
Número de Quantidade de sacos trocados ao Qualidade da
Semanas Dias
Coletores dia (50L/unidade) segregação
1 2 2 Razoável
1 2 2 1 Razoável
3 2 1 Ruim
4 2 1 Ruim
2 5 2 1 Ruim
6 2 1 Ruim
7 2 1 Ruim
3 8 2 1 Ruim
9 2 1 Ruim
10 3 1 Razoável
4 11 3 1 Ruim
12 3 1 Ruim
Fonte: a autora

SETOR CAIXAS DE ATENDIMENTO, HORTIFRUTI, BEBIDAS E ALIMENTOS


PERECÍVEIS

O setor de caixas de atendimento divide a área com setor de bebidas, hortifruti e


alimentos perecíveis. Atualmente essa área só possui um coletor que comporta um saco
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de 50 litros que é trocado quase sempre uma vez ao dia. Pelo tamanho e diferença dos
produtos dessa área é importante disponibilizar um coletor de resíduos orgânicos para
dispor as sobras de hortifruti bem como os alimentos consumidos pelos clientes na saída
do mercado.

Nos coletores dos caixas de atendimento são descartados com frequência: notas fiscais,
papéis, plásticos, garrafas plásticas, embalagem de chicletes e balas, restos de frutas,
cigarros etc. (Tabela 3). Caso houvesse um coletor para resíduos orgânicos no setor
seria possível classificar os caixas de atendimento como produtor predominante de
resíduos recicláveis.

Ao longo do trabalho os caixas de atendimento apresentaram apenas 1 coletor, mas na


semana final do estudo esse coletor foi retirado, ficando este setor sem suporte para os
resíduos produzidos. Quando havia coletor, o saco era trocado uma vez ao dia. Em
relação a qualidade da segregação, apenas 2 dias apresentaram segregação razoável,
significa que os resíduos predominantes pertenciam a mesma classe, mas havia algum
tipo de contaminação. Os 7 dias restantes foram marcados por segregação ruim, onde o
resíduo estava com a segregação completamente comprometida.

Tabela 3. Número de coletores, quantidade de resíduos e qualidade da segregação das


Caixas de Atendimento

Setor Caixas de atendimento


Número de Quantidade de sacos trocados ao Qualidade da
Semanas Dias
Coletores dia (50L/unidade) segregação
1 1 2 Razoável
1 2 1 1 Razoável
3 1 1 Ruim
4 1 1 Ruim
2 5 1 1 Ruim
6 1 1 Ruim
7 1 1 Ruim
3 8 1 1 Ruim
9 1 1 Ruim
10 0 - -
4 11 0 - -
12 0 - -

Fonte: a autora
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SETOR ÁREA DE SERVIÇO

A área de serviço é um local de acesso somente para os funcionários. Serve como local
de descanso e cozinha improvisada. Nesse setor existe uma grande variabilidade de
resíduos descartados como restos de alimentos, frutas, papel, terra vermelha, borra de
café com filtro, embalagem de papelão, (Tabela 4). Está disponível apenas um coletor e,
na última semana do levantamento de dados, o coletor foi retirado. Quando disponível,
o saco do coletor era trocado uma ou duas vezes ao dia, entretanto, nos dias 2 e 3 da
primeira semana o coletor não apresentava saco e os resíduos foram todos descartados
diretamente no coletor. Apenas no primeiro dia de coleta foi trocado duas vezes. Em
relação a qualidade da segregação, em nenhum dia a segregação foi boa ou razoável.
Todas as coletas foram caracterizadas por segregação ruim.

Tabela 4. Número de coletores, quantidade de resíduos e qualidade da segregação na


Área de Serviços.

Setor Área de Serviços


Número de Quantidade de sacos trocados ao Qualidade da
Semanas Dias
Coletores dia (50L/unidade) segregação
1 1 2 Ruim
1 2 1 - Ruim
3 1 - Ruim
4 1 1 Ruim
2 5 1 1 Ruim
6 1 1 Ruim
7 1 1 Ruim
3 8 1 1 Ruim
9 1 1 Ruim
10 0 - -
4 11 0 - -
12 0 - -

Fonte: a autora
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SETOR AÇOUGUE

No açougue existe a manipulação de alimentos orgânicos como carnes, ossos, gordura e


temperos. Por conta das características químicas, físicas e biológicas desses resíduos, as
sobras como ossos e restos de gordura são armazenadas numa câmara fria onde há
coleta uma vez por semana de uma empresa especializada. Além desse espaço para
armazenamento, o setor açougue, possui um coletor disposto ao lado da mesa de cortes
de carne. O saco desse coletor é trocado quase sempre uma vez ao dia.
Em relação à qualidade da segregação, apenas um dia houve uma segregação ótima na
primeira semana, enquanto os outros dias foram marcados por uma segregação
inadequada (Tabela 5).

Tabela 5. Número de coletores, quantidade de resíduos e qualidade da segregação no


Açougue
Setor Açougue
Número de Quantidade de sacos trocados ao Qualidade da
Semanas Dias coletores dia(50L/unidade) segregação
1 1 1 Ótima
1 2 1 1 Ruim
3 1 1 Ruim
4 1 1 Ruim
2 5 1 1 Ruim
6 1 1 Ruim
7 2 1 Ruim
3 8 2 1 Ruim
9 2 1 Ruim
10 1 1 Ruim
4 11 1 1 Ruim
12 1 1 Ruim
Fonte: a autora

Os outros setores como hortifruti, bebidas e estoque não possuem dados coletados por
não apresentarem qualquer tipo de coletor para descarte de resíduos sólidos.
21

INFLUÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DO MERCADO

O mercado utiliza o sistema de autosserviço proposto pelo SEBRAE (2021), modelo


onde o cliente entra na loja, escolhe o produto sem intervenção de terceiros e paga na
saída. Em virtude de suas atividades o estabelecimento, é um produtor de resíduos do
tipo Classe II A, ou seja, resíduos não perigosos e não inertes.

Durante quase todo período de coleta de dados a padaria possuiu apenas 2 coletores. Na
última semana teve a inserção de um coletor novo. Em relação a segregação, em 75%
dos dias apresentou segregação ruim. Isso pode ser explicado pela falta de coletores
para segregação correta, visto que, as políticas ambientais eram de conhecimento dos
funcionários do setor. Na padaria a segregação foi razoável em 25% dos dias
pesquisados, sendo que todos os coletores possuíam em sua maioria a mesma classe de
resíduo, entretanto, estavam contaminados. Em média, houve apenas uma troca de saco
em cada um de seus coletores o que representa um saldo final de 150 litros por dia.

No açougue, durante todo o período observado apresentou um coletor apenas e na


terceira semana foi inserido um novo coletor, mas na semana seguinte foi retirado,
restando apenas um. Em 99% das visitas os coletores possuíam segregação ruim e penas
1% boa. Neste setor, era nítida a carência de políticas de educação ambiental a partir da
observação do comportamento dos funcionários do setor ao descartar resíduos,
possibilitando a má segregação. Nestes coletores era comum encontrar papelão, fluidos
como sangue, plásticos, peles etc. Em média esse setor apresentou apenas uma troca de
saco no seu coletor. Não foi possível ter acesso a quantidade de sobras disponível na
câmara fria. O saldo final foi de 50 litros por dia.

Na área de serviço, durante o período de coleta de dados, houve muita instabilidade em


relação às condições mínimas para segregar resíduos. Em 42% dos dias de pesquisa não
havia sacos para armazenamento de resíduos. Em 58% dos dias a segregação estava
ruim. Nesse setor por ser um espaço destinado a descanso, cozinha e guarda de itens do
mercado é gerado tanto resíduos orgânicos como recicláveis. Além disso, por ter fluxo
intenso de pessoas, é necessário a disposição de informativos de como fazer uma boa
segregação. Por conta da instabilidade do setor, tanto por não ter sacos para resíduos
como a falta dos coletores, houve prejuízo na coleta de dados. Entretanto, nos dias que
22

se pode observar a disposição dos sacos, ocorreu a troca de 1 saco por dia, fechando um
saldo de 50 litros ao dia.

Os caixas de atendimento apresentaram muita instabilidade nas disposições de


coletores para descartes de resíduos. Em 60% dos dias apresentou segregação ruim,
15% de segregação razoável e 25% dos dias não havia coletor. Em geral era trocado 1
saco ao dia, fechando um saldo de 50 litros. Os caixas de atendimento são a última parte
do processo de compra e, a passagem por ele acontece de forma rápida, então pode-se
sugerir que a instabilidade ocorra nesse setor pela menor importância que os gestores
dão a esse setor. O impacto da falta de estrutura é subestimado por ser uma área que
agrega 4 setores, é importante a disposição de no mínimo 2 coletores que fiquem com
acesso ao público.
O mercado, atualmente não possui nenhuma política de gerenciamento de resíduo
sólidos. Tampouco segue qualquer diretriz que dispõe sobre isso. É possível observar
que somente alguns funcionários têm conhecimento sobre a segregação, somado ao fato
de a empresa não fornece suporte adequado para atender essas duas demandas (falta de
estrutura e aperfeiçoamento das políticas públicas), a segregação efetiva não é feita.
Nesse caso, é notório a falta de estrutura e aperfeiçoamento das políticas de educação
ambiental.
Os setores padaria e açougue, são os setores que mais produzem resíduos orgânicos
devido as características físicas, químicas e biológicas que os alimentos utilizados
apresentam, mas pela falta de segregação, deverão todos serem tratados como rejeitos.
Devido ao recebimento de todas as mercadorias ocorrer no estoque, pode-se inferir que
seja o setor que mais pode produzir resíduos recicláveis, entretanto, o setor não possui
estrutura adequada para efetivar a segregação na fonte. Também, pode-se considerar os
caixas de atendimento como um dos grandes produtores de resíduos recicláveis, pois
são os únicos pontos de descarte dos usuários do mercado.

CAMINHOS PARA UMA MELHOR SEGREGAÇÃO

Cada setor do mercado possui características particulares, a partir disso, se faz


necessário destacar os principais pontos a serem desenvolvidos por cada um deles. A
falta de estrutura e políticas de educação ambiental são os principais responsáveis pela
23

má gestão dos resíduos sólidos no mercado, entretanto, os setores são afetados de forma
diferente por esses fatores.
A padaria, a partir da observação do comportamento dos funcionários do setor, se
percebe que as políticas de segregação na fonte são conhecidas, mas não são postas em
prática devido à limitação estrutural. Apesar de ser o setor com maior número de
coletores, é prejudicado pela falta de coletores para cada tipo de resíduo. Para que haja
mudança nos eventos e ações de gerenciamento de resíduos, como a segregação e
destinação final é preciso a inserção de novos coletores e identificação visual. Mais
coletores darão aos funcionários os meios adequados para segregação. O sistema visual
tende a instigar o ser humano e ajudará na associação da relação resíduo e coletor,
poderá ser inserido adesivos ou cores vibrantes nos coletores. Uma nova estrutura
organizacional associada com identificação visual e educação ambiental proporcionará
um ajuste no modo de descarte de resíduos, produzindo assim melhores resultados.
O Açougue, por se tratar de uma unidade onde há manejo predominante de alimentos de
origem animal, é relevante que se mantenha os resíduos em condições adequadas para
que suas características físicas sejam preservadas até o dia da coleta e a câmara fria é
um ótimo lugar para disposição desses resíduos. Quanto aos resíduos recicláveis que são
gerados se faz necessário a inserção de um coletor específico para isso.

Área de serviço, existe circulação de todos os funcionários do mercado, logo, tanto


colaboradores que já conhecem políticas ambientais como aqueles que não as conhecem
circulam nesse ambiente. Portanto, a segregação é afetada pela falta de educação
ambiental tanto como disposição de coletores e sacos para acondicionamento. Neste
setor se faz necessário ações educativas e estruturais. A disposição de material de
informativo servirá como ferramenta útil no processo de aprendizagem. O material
deverá conter as classes de resíduos e quais se encaixam em cada categoria. Sobre os
coletores, é necessário que sempre haja sacos para acondicionamento dos resíduos, bem
como, coletores para resíduos recicláveis e orgânicos. Portanto, é imprescindível que
haja a disposição de material informativo, coletores e identificação do que pode ser
descartado em cada um.
Os caixas de atendimento são afetados pela falta de conhecimento sobre os
procedimentos quanto ao tipo de coletores, a segregação e a disposição dos receptores
de resíduos. Embora seja um produtor predominante de resíduos recicláveis se faz
necessário a inserção de um coletor para resíduos orgânicos, visto que é um local onde
24

há resíduos produzidos tanto por atividades do mercado como dos clientes. Por ser uma
área que integra 4 setores é necessário a disposição de mais coletores e material
informativo para clientes e funcionários. O coletor deverá ficar acessível para cliente e
funcionários.

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A partir das informações obtidas e do levantamento de dados, foi elaborado um plano de


gerenciamento de resíduos sólidos, levando em consideração as particularidades do
estabelecimento bem como suas limitações e pontos a serem desenvolvidos. Na
primeira parte, o Plano de Gerenciamento de Resíduos identifica o perfil do mercado e
suas principais características. Na segunda, há definição dos resíduos sólidos e
caracterização dos resíduos que o mercado produz, além disso, o diagnóstico da
segregação atual, demonstra quais resíduos são produzidos em cada setor e como é a
destinação final. Na terceira, as melhorias a serem realizados, demonstrando todo o
processo de gerenciamento de resíduos desde a identificação pelo funcionário ou cliente
até a última etapa, destinação final. Por fim, é indicado uma proposta de educação
ambiental para funcionários e clientes, além, de duas tabelas como instrumento para
diagnósticos e procedimento a serem executados. O Plano de Gerenciamento de
Resíduos (Apêndice) será disponibilizado ao estabelecimento em formato impresso,
ficando explicito os programas e ações a serem desenvolvidos, bem como a forma de
monitoramento.

CONCLUSÃO

Fundamentado pelo objetivo inicial de criar habilidades e tecnologias que visem o


desenvolvimento ambiental e sustentável e o cumprimento das legislações cabíveis, o
levantamento de dados realizado demonstrou que o mercado apresenta limitações
quanto a separação, estrutura, segregação e acondicionamento de resíduos sólidos, bem
como, carência nas políticas de desenvolvimento ambiental. Atualmente, este
estabelecimento não possui nenhuma política interna de destinação de resíduos sólidos
ou cumprimento das Leis nos âmbitos municipal, estadual e federal.

Diariamente o mercado produz 300 litros de resíduos sólidos, considerando que


atualmente ele possui 6 coletores e a troca de sacos resíduos acontece uma vez ao dia. A
25

padaria é responsável por 50% desse volume, podemos inferir que é o maior gerador.
Embora o açougue produza 16% dos resíduos devido a origem e importância dos
resíduos produzidos, pode-se classificar como a segunda maior fonte de produção de
resíduos. Os outros 34% são divididos igualmente entres caixas de atendimento e área
de serviço, cada um contribuindo com 17%.

De acordo com o Decreto 20.227/2019 de PORTO ALEGRE, o mercado pode ser


classificado como um grande gerador de resíduos sólidos pela produção mais de 100
litros diários de resíduos. Por ser um grande gerador, é de responsabilidade o
acondicionamento, a coleta, o transporte, o destino e a disposição final do resíduo
sólido. Isso acarreta custos para a empresa, ou seja, mais um fator que incentiva o
cuidado na segregação de resíduos.

O mercado gera uma quantidade significativa de resíduos todo os dias, apoiado nisso e
no cumprimento da lei, surge a necessidade da responsabilização e comprometimento
dos proprietários da empresa com as políticas de descarte. Portanto, há necessidade de
serem feitas melhorias que visem a redução de geração de resíduos sólidos, sua
separação, acondicionamento e destinação correta. Visando um novo cenário para
empresa, a fim de evitar impactos ambientais, desperdício e gastos. Concebe-se então,
que se faz necessária a implantação e execução de um plano de gerenciamento de
resíduos para realizar tais mudanças.
26

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27

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requer-acao-coordenada-entre-governos-e-cooperativas-de-catadores. Acesso em: 20 set. 2021.
29

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Automatizada (resíduo orgânico e rejeito). Coletas. Disponível em:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/dmlu/default.php?p_secao=109. Acesso em: 30 ago. 2021.
30

APÊNDICE

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS) PARA


MERCADO DE PEQUENO PORTE

A EMPRESA

O mercado, possui uma área com cerca de 200 m². Fica localizado na Zona Norte de
Porto Alegre. A empresa utiliza o sistema de autosserviço proposto pelo SEBRAE
(2021), modelo onde o cliente entra na loja, escolhe o produto sem intervenção de
terceiros e paga na saída da loja. O mercado faz a comercialização de diversos produtos,
entre elas estão: bebidas, alimentos perecíveis e não perecíveis, produtos de limpeza e
higiene, bem como, cigarros, utensílios domésticos etc.

• Tipo de atividade: Comércio


• Número total de funcionários: 12
• Município/UF: Porto Alegre, RS
• Área ocupada pela atividade (m2): 200m²

PERFIL DO ESTABELECIMENTO

Comércio atacadista de mercadorias em geral, com predominância de produtos


alimentícios. Bem como, padaria e confeitaria com predominância de produção. Além
disso, comércio varejista de carnes – açougues. Em virtude de suas atividades, o
mercado possui grande fluxo de pessoas tanto dos colaboradores como dos clientes.
Para desempenho de suas atividades o estabelecimento conta com 12 funcionários. O
expediente começa às 8 horas da manhã e finaliza as 22 horas, totalizando 14 horas de
funcionamento. Os funcionários chegam no estabelecimento cerca de 20 minutos antes
horário do expediente para se prepararem e saem 20 minutos depois do horário de
funcionamento para fecharem o estabelecimento. Presume-se que se atenda cerca de 200
pessoas por dia.
31

CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010


(BRASIL, 2010),os Resíduos Sólidos são definidos como sendo material, substância,
objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, cuja
destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos
estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em
corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) classifica os resíduos sólidos em
2 grandes grupos e 2 subgrupos.

a) Resíduos classe I - Perigosos;

b) Resíduos classe II – Não perigosos;

– Resíduos classe II A – Não inertes.

– Resíduos classe II B – Inertes.

Em virtude de suas atividades o mercado, é um produtor de resíduos do tipo Classe II A,


ou seja, resíduos não perigosos e não inertes. Esses resíduos podem ter propriedades,
tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

DIAGNÓSTICO DA SEGREGAÇÃO ATUAL

Segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) de Porto Alegre, os


resíduos podem ser classificados de 3 formas: resíduos orgânicos, resíduos recicláveis e
rejeito. Além disso, a resolução nº 275, do CONAMA (BRASIL) estabelece o código de
cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e
transportadores, mas em Porto Alegre o órgão municipal, que determina a disposição
dos resíduos para a coleta, o DMLU, não segue estas cores, utilizando o verde para o
reciclável e o laranja para os considerados rejeitos, mas como a coleta se dá em dias
diferenciados, a coleta se dá pelo dia da semana e não pela cor do saco utilizado.
32

Os resíduos gerados diariamente (orgânicos, recicláveis e rejeitos) são classificados a


partir do descarte pelo próprio funcionário ou cliente (CENCI et al.,2017, p.3). Os
coletores do estabelecimento não seguem padrão de tamanho ou cor, bem como, a cor
do saco que comporta os resíduos. Isso é fator limitante na hora do descarte pois embora
o colaborador ou cliente saiba as regras para um descarte efetivo não há estrutura
adequada para isso.
O mercado tem 8 setores, alguns deles são integrados e dividem a mesma área. Isso faz
com que exista menos coletores do que o esperado. No total há disponível 6 coletores. 3
na padaria, sendo 1 próximo ao balcão de atendimento e 2 internos. O açougue, caixas
de atendimento e área de serviço possuem apenas 1 coletor. Apenas o coletor do caixa
fica acessível aos clientes. Os coletores para descarte são marrons, verdes ou azuis,
possuem cerca de 50 cm e comportam um saco de 50 litros. Os sacos são colocados no
início do expediente, às 8h e são retirados ao final do dia. São trocados duas vezes, mas
varia muito dependendo da produção e vendas do dia. Devido suas atividades, os
resíduos produzidos são muito variáveis.
Orgânicos: restos de verduras, tortas, bolos, massas, pizzas, pastéis.
Recicláveis: papelão, caixas, plástico, garrafas pet, papel.
Rejeitos: plástico sujo, papel com óleo, papelão sujo, balde de alimentos.

Imagem:1:Coletor da Padaria Imagem 2:Coletor da Padaria.

Fonte:a autora Fonte:a auto

Fonte: a autora Fonte: a autora


33

Imagem 3:Coletor do Açougue. Imagem 4:Coletor do Açougue.

Fonte: a autora Fonte: a autora

ORGÂNICOS:

• Restos de comida
• Resíduos do preparo de doces e salgados
• Cascas de frutas, legumes e verduras
• Alimentos vencidos
• Restos de Carnes
• Terra vermelha

RECICLÁVEIS:

Papel:

• Notas Ficais De Papel


• Papelão ondulado
• Bandejas de ovos, maçãs e frutas em geral
• Papel branco
• Toalhas de papel
34

• Embalagens Tetra Pak

Plásticos:

• Garrafa de refrigerante
• Garrafa de água
• Copos
• Embalagem de azeite
• Plástico bolha
• Vasilhames de produtos de limpeza
• Embalagem de alimentos (arroz, feijão, gelo, carne)
• Potes

Rejeitos:

• Fita adesiva
• Papéis/papelão molhado
• Bandejas de isopor para alimentos
• Papelão molhado
• Papel com óleo
• Plástico com sangue

SOBRAS DO AÇOUGUE

Os restos de ossos e gorduras são mantidos em uma câmara fria até que uma empresa
especializada faça a coleta. A coleta de ossos e gordura acontece duas vezes na semana
e é realizada por uma empresa especializada diferente da que fornece carnes.

CACOS DE VIDRO

Não há registro de como a segregação é feita.


35

ÓLEO DE COZINHA USADO

Não método adequado para descarte de óleo de cozinha. Sua geração vem da produção
de alimentos no mercado como frituras por exemplo.

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Melhorias a serem realizadas

Figura 6. Processo de Gerenciamento de Resíduos.

Coleta e Destino
Resídu Identificação Segregação Acondicionamento Armazenamento Transporte
Final
o Externo

Fonte: a autora

RESÍDUOS SÓLIDOS

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em


sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a
proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpo d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível, Lei nº 12.305 2 de agosto de 2010,
(BRASIL).

IDENTIFICAÇÃO
É o processo de identificação e classificação dos resíduos sólidos a partir de suas
características físicas, químicas e biológicas e destiná-las ao coletor adequado.

SEGREGAÇÃO

A Segregação consiste na operação de separação dos resíduos por classe, a depender da


sua periculosidade identificando-os no momento de sua geração, buscando formas de
acondicioná- los adequadamente, e a melhor alternativa de armazenamento temporário e
destinação final, (NEGREIROS et al.,2020, p.13).
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Como citado anteriormente, o processo de segregação no mercado é feito pelos


funcionários e clientes diariamente. Para que haja uma segregação eficiente é necessário
que sejam introduzidos e ministrados conteúdos referentes a gestão ambiental para
garantir a segregação correta.

ACONDICIONAMENTO

É a colocação do resíduo em embalagens adequadas para coleta, transporte,


armazenamento e disposição final adequados, (CORTÊS et al., 2017). Para os setores
padaria, açougue, área de serviços e caixas de atendimento é recomendado o uso de dois
coletores de resíduos: um para resíduos orgânicos e outro para resíduos recicláveis. Na
cozinha ficariam dispostos 6 coletores, o açougue, a área de serviço e caixas de
atendimento com 2 cada setor. Por fim, o mercado terá 12 coletores. Quanto aos outros
setores, como são comercializados produtos que não devem ser abertos ou consumidos
dentro da loja, não há necessidade de coletores, entretanto, deve existir uma sinalização
para indicar coletores próximos. A resolução nº 275, do CONAMA de 2001, estabelece
o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de
coletores e transportadores. Esse sistema tem como objetivo reduzir a geração, descarte
incorreto, e destinação final dos resíduos sólidos. Entretanto, o uso dessa identificação
traria gastos elevados ao mercado. Portanto, sugere-se que a empresa adote um sistema
de cores para ao menos dois tipos de resíduos: orgânico e recicláveis.

VIDROS

O vidro é um resíduo reciclável e antes de ser disponibilizado para coleta é necessário


que seja embalado de maneira adequada. É recomendado que o enrole no jornal e o
coloque dentro de uma caixa de papelão assim evitando qualquer tipo de acidente com
trabalhadores que fazem o manuseio.

ÓLEO DE COZINHA

Devido a suas características físicas e químicas, o óleo de cozinha causa uma película
sobre a água que pode provocar a retenção de sólidos, entupimentos e problemas de
drenagem quando colocados em pias ou vasos sanitários. Nos arroios e rios, a película
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formada pelo óleo de cozinha dificulta a troca de gases entre a água e a atmosfera,
causando a morte de peixes e outros seres vivos que necessitam de oxigênio.

Para descarte adequado do óleo é necessário que seja colocado em recipientes como
garrafas de plástico ou vidro e leve até um dos Postos de Entrega de Óleo de Fritura
(PEOF) distribuídos pela cidade. Por meio de convênio com o DMLU, a empresa
Ecológica recolhe o óleo destes pontos e encaminham o material para a fabricação de
sabão, ração animal e combustíveis, (DMLU,2021).

DESCARTE DE LÂMPADAS

O estabelecimento faz o uso de lâmpadas de led. 98% dos materiais que compõem a
lâmpada LED são recicláveis e não há metais pesados, como mercúrio, em sua
produção, (EQUIPE ECYCLE, 2020). Para seu descarte é recomendado que seja
disposta em uma caixa que preserve sua integridade e não cause acidentes. O mercado,
não utiliza lâmpadas e nem comercializa lâmpadas fluorescentes.

ARMAZENAMENTO

Segundo a ABNT, NBR 9191:2008, armazenamento é a operação de contenção


temporária de resíduos, em área autorizada pelo órgão de controle ambiental, à espera
de reciclagem, recuperação, tratamento ou disposição final adequada, desde que atenda
às condições básicas de segurança. Tendo isso exposto, é necessário que exista um
espaço e recipiente portátil para armazenamento dos resíduos até a coleta.

COLETA DO REJEITO

A coleta do DMLU no bairro do estabelecimento ocorre três vezes na semana. Terças,


Quintas e Sábados a partir das 8h. Os resíduos, poderão ser dispostos a partir das 6h da
manhã, (Lei complementar nº 728, de 8 de janeiro de 2014). Portanto, cabe aos
responsáveis, a disposição e acondicionamento dos resíduos para serem coletados nos
dias e condições corretas.
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COLETA DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

Devem ser encaminhados à coleta domiciliar resíduos basicamente orgânicos como


cascas e restos de frutas e legumes, sobras de comida, papel higiênico e fraldas
descartáveis usados, guardanapo e toalha de papel sujos, plantas, restos de podas e
varrição, pó de café e erva-mate, (DMLU,2021).

COLETA DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS

Recolhe resíduos recicláveis e reaproveitáveis como papel seco, papelão, latas de


alumínio, isopor, plásticos, metais, vidros e embalagens longa vida. E distribui tudo isso
entre as Unidades de Triagem conveniadas com o DMLU, gerando emprego e renda
para centenas de pessoas, além de beneficiar o ambiente, (DMLU,2021). A coleta
seletiva no bairro do estabelecimento, acontece às quartas e sextas a partir das 8 horas.
Se faz necessário a observação do limite de coleta domiciliar, que define os mínimos e
máximo para coleta: de 20 a 100 litros. Por ser um estabelecimento que faz a troca duas
vezes ao dia de sacos de 50 litros produz diariamente mais de 100 litros de resíduos,
portanto, é considerado um grande gerador. O Grande Gerador também poderá utilizar a
Coleta Seletiva Municipal para o recolhimento e transporte de seus resíduos recicláveis
mediante contrato, convênio ou atendendo às determinações do Código Municipal de
Limpeza Urbana.

DESTINO FINAL

Segundo DMLU (2021), resíduos sólidos domiciliares de Porto Alegre passam pela
Estação de Transbordo da Lomba do Pinheiro e de lá são transportados para Companhia
Riograndense de Valorização de Resíduos, aterro sanitário privado no município de
Minas do Leão.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental, (Lei Nº 9.795, de 27 de abril de


1999), entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
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comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. De acordo


com Gerhardt e Guerra, (2011, p.89), compreende-se a Educação Ambiental como
estratégia de intervenção democrática, transformadora e emancipatória, na organização
dos sujeitos em sociedade, buscando construir coletiva e participativamente (...).

Portanto, a Educação Ambiental não é dissociada das políticas de descarte de resíduos.


Ela é parte fundamental do processo e serve como base para o desenvolvimento de
habilidades e formação da consciência e responsabilidade do indivíduo sobre o meio
ambiente. Fica incumbida a empresa, promover programas para a capacitação dos
colaboradores e aos clientes do estabelecimento. Para que isso aconteça é necessário
criar um planejamento de educação ambiental que contenha os passos e objetivos a
serem cumpridos, lembrando que a educação ambiental é um processo contínuo e exige
constante manutenção e aprimoramento.

1. Público-alvo

Colaboradores e clientes

2. Aprendizagem

Definir qual método será utilizado para ministrar os conteúdos. Para


colaboradores sugere-se a ministrar palestras, treinamento e distribuição de
material informativo sobre descarte de resíduos sólidos e políticas de
preservação do meio ambiente. Para clientes criação de promoções que
incentivem redução do uso de sacolas plásticas, uso de garrafas retornáveis e
material informativo, bem como, indicação dos coletores do mercado e
sinalização do que pode ser descartado nele.

3. Definição de Objetivos

Diminuição da geração de resíduos sólidos e impacto ambiental pelas atividades


desenvolvidas no mercado.
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4. Monitoramento das atividades

Monitoramento das atividades dos funcionários após treinamento e aulas


ministradas. Observar padrão de consumo dos clientes e verificar se está
ocorrendo método alternativo ao uso de sacolas plásticas, e se o descarte em
coletores acessíveis a eles está correndo e forma correta.

5. Correção
Identificar pontos a serem melhorados e trabalhar para manutenção deles.

FERRAMENTAS PARA GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Para otimizar os processos de gerenciamento de resíduos e auxiliar na estruturação o


Plano De Gerenciamento de resíduos, sugere-se o uso de duas tabelas informatizadas.
Uma para diagnóstico e outra para execução de procedimentos pertinentes.

Quadro 1. FERRAMENTA PARA DIAGNÓSTICO

Diagnóstico
Oportunidades de
Resíduos Perigosos Qualificação Não conformidades
Melhoria

Não observado
Oportunidades de
Resíduos Não Perigosos Qualificação Não conformidades
Melhoria
Foi notado segregação
incorreta em todos os setores
Resíduos do mercado, bem como, a
Orgânicos, Observado em todos os falta de coletores para
Observado
Rejeitos e setores. acondicionar todos os tipos
Recicláveis. de resíduos
produzidos.

Fonte: Campani, Darci, (2017).


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Quadro 2. FERRAMENTA PARA ADOÇÃO DE PROCEDIMENTOS

Coleta e
Transport Destino
Resíduo Segregação Acondicionamento Identificação Armazenamento Transportes
e Interno Final
Externos
Separados no Em sacos plásticos Adesivo no Transporte Deverá ser Realizados Realizado pelo
Recicláveis momento e de cor azul, por coletor deverá ser definido uma por empresa DMLU, no
local de sua questões especificando realizado por área para privada a primeiro
geração por educativas, e que resíduo profissional armazenamento serviço do momento passa
colaboradores disposição em cabe ser da temporário até a DMLU.É pela Estação de
ou clientes. recipiente que descartado higienização coleta. realizada em Transbordo da
possua nele. com devido dias e Lomba do
características e equipamento horários pré- Pinheiro e de lá
estrutura adequada de proteção estabelecidos são transportados
para preservar individual. de acordo para a
suas características com a Companhia
até a coleta. prefeitura Riograndense de
municipal. Valorização de
Resíduos, aterro
sanitário privado.
Separados no Em sacos plásticos Adesivo no Transporte Deverá ser Realizados Realizado pelo
momento e de cor preta, por coletor deverá ser definido uma por empresa DMLU, no
local de sua questões especificando realizado por área para privada a primeiro
Não geração por educativas, e que resíduo profissional armazenamento serviço do momento passa
recicláveis colaboradores disposição em cabe ser da temporário até a DMLU.É pela Estação de
ou clientes. recipiente que descartado higienização coleta. realizada em Transbordo da
possua nele. com devido dias e Lomba do
características e equipamento horários pré- Pinheiro e de lá
estrutura adequada de proteção estabelecidos são transportados
para preservar individual. de acordo para a
suas características com a Companhia
até a coleta. prefeitura Riograndense de
municipal. Valorização de
Resíduos, aterro
sanitário privado.

Fonte: Campani, Darci (2017).

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