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SÃO CRISTÓVÃO-SE
2022
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BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Profº Dra. Sindiany Suelen Caduda dos Santos
Orientadora
(UFS/PROFCIAMB-UFS)
____________________________________________________________
(UFS/PROFCIAMB-UFS)
____________________________________________________________
( )
Suplentes:
____________________________________________________________
Profª Dra.
(PROFCIAMB-UFS)
____________________________________________________________
Profª
(UFS)
SÃO CRISTÓVÃO
2022
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RESUMO
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ABSTRACT
Keywords:
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
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LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
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LISTA DE APÊNDICE
SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA NA ESCOLA PARA
DISCUTIR A PROBLEMÁTICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL
UTILIZANDO O DESIGN THINKING
1.1. Educação ambiental crítica para formação de sujeitos ecopolíticos
1.2. O papel da escola para discutir problemas socioambientais
1.3. Saneamento ambiental: perspectivas no Brasil
1.4. Políticas públicas de saneamento ambiental em Pernambuco
1.5. Estrutura do saneamento ambiental
1.6. Metodologias e práticas ativas para discutir o saneamento ambiental na escola
1.6.1. Design Thinking como caminho para repensar problemas de saneamento
ambiental na escola
CAPÍTULO 2. CAMINHOS METODOLÓGICOS
2.1. Caracterização da área de pesquisa......................................................................................31
2.2. Estudantes da escola, sujeitos envolvidos na pesquisa........................................................33
3.3. Método e técnicas da pesquisa.............................................................................................34
3.4. Aplicação das etapas de Design Thinking............................................................................35
3.4.1. Etapa de descoberta- o problema do saneamento ambiental na escola.............................36
3.4.2. Etapa de imersão-saneamento e impactos socioambientais diretos e indiretos................36
3.4.3. Etapa de ideação- compartilhamento de ideias.................................................................38
3.4.4. Etapa de experimentação- Construção do protótipo de solução do problema
identificado.................................................................................................................................40
3.4.5. Etapa de evolução- Avaliação do protótipo.....................................................................40
3.5.Guia prático como produto técnico a partir da vivência do Design Thinking no contexto
socioambiental............................................................................................................................40
5. CAPÍTULO 3 –RESULTADOS......................................................................................41
6. CRONOGRAMA DA PESQUISA..................................................................................43
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
8. APÊNDICE
INTRODUÇÃO
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DT, poderá auxiliar na disseminação de saberes sobre a problemática de saneamento
ambiental, em São José da Coroa Grande?
No que se refere à estrutura, este estudo está dividido em três capítulos: O
primeiro capítulo trata da relação da Educação Ambiental Crítica no ambiente escolar,
em razão de discutir saneamento ambiental através do Design Thinking. O referido
capítulo também apresenta algumas ações e serviços que constituem o saneamento
ambiental e suas possíveis articulações com o Design Thinking. Discorre sobre a
Educação Ambiental Crítica e suas características voltadas à emancipação dos sujeitos,
bem como a descrição conceitual do Design Thinking, tido enquanto abordagem
norteadora deste estudo, orientado para repensar questões socioambientais e especial os
problemas de saneamento ambiental.
O capítulo dois apresenta os caminhos metodológicos da pesquisa em que consta
a caracterização da área de estudo e dos sujeitos, traz o método fenomenológico como
norteador da pesquisa, as etapas do Design Thinking e a análise dos dados.
No terceiro capítulo, é encontrado os resultados do estudo, onde são discutidos
os dados coletados através da Análise de Discurso.
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CAPÍTULO 1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA NA ESCOLA PARA
DISCUTIR A PROBLEMÁTICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL
UTILIZANDO O DESIGN THINKING
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questões ambientais (VIANA et al., 2020). No entanto, o direito à educação está
garantido em lei, na qual está inserida a dimensão ambiental, para assegurar aos sujeitos
uma formação ambiental.
Entretanto, um dos principais desafios latentes se relacionava à necessidade de
construir uma postura educativa de formação de cidadãos, e estes serem capazes de
transformar a realidade, inserida na crise socioambiental (GUIMARÃES, 2004). Neste
contexto, além de dissuadir a lógica econômica, seria necessário estabelecer paralelos
entre novos processos educativos, a sociedade e o ambiente, visando construir novas
estratégias educacionais voltadas para a criticidade (SEGURA, 2001).
Para Loureiro e De Lima (2012) a Educação Ambiental passa por contradições e
conflitos que envolvem os princípios, construção de conhecimento, disseminação dos
saberes e práticas. Essa educação emerge em meio de movimento pacífico de
contracultura, originada nas discussões de ecologia política, em detrimento ao estilo de
vida pautado no capitalismo, realizado pelos ambientalistas na década de 1960
(LOUREIRO, 2006).
Porém, o aspecto conservador das primeiras ações propostas de Educação
Ambiental em escala global, compreendia concepções sobre o ambiente, limitada a
relações ecológicas, reduzia o debate mais amplo sobre sustentabilidade e a resolver os
problemas ambientais eram vistos como algo que impedia o desenvolvimento da nação
(LOUREIRO, 2008).
A proposta da EA conservadora exerce tendência que fragmenta seres humanos
e natureza, em destaque apenas das relações ecológicas, ignorando as dimensões ligadas
aos domínios sociais, culturais e políticos (LAYRARGUES; LIMA, 2014). Dessa
forma, a EA está dentro de uma concepção superficial e ingênua, que segue discursos
dominantes e hegemônicos (MORALES, 2009).
Avançar na superação dessa dicotomia que trata os elementos naturais à parte da
sociedade, representa um desafio, em vista do desenvolvimento de uma perspectiva
emancipatória para o debate ambiental. Isso exige o desenvolvimento de práticas
educativas ambientais que impulsione uma postura transformadora (OLIVEIRA, 2020;
MARTINS, 2019).
No entanto, a tendência de EA que emergiu foi a pragmática que colocava os
seres humanos no cerne da crise ambiental e desenvolvia ações sem uma reflexão
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política, social e histórica (LAYRARGUES; LIMA, 2014). Uma materialização das
correntes de Educação para o Desenvolvimento Sustentável e para o Consumo
Sustentável ( NOGUEIRA;TEIXEIRA, 2017).
Ocorreu um crescimento no discurso de que resolver problemas ambientais
locais seria responsabilidade do cidadão, uma lógica de responsabilização individual no
enfrentamento da crise ambiental, essa proposta foi aderida por muitos educadores
ambientais (LAYRARGUES; LIMA, 2014). É uma Macrotendência próxima da
conservadora, pois evidencia uma simplificação da crise ambiental em não trazer a
sociedade, o conhecimento científico, a influência dos sujeitos em escala temporal para
o debate (LOUREIRO, 2012).
A EA praticada no ambiente urbano teve um afastamento da proposta
conservadora pela proximidade das discussões sobre a relação produção e consumo,
porém restrita a conservação dos recursos naturais e longe de correlacionar com a
dimensão social e econômica. Há uma representação do conjunto das políticas
ambientais, e atendimento ao mercado, tendo em vista que o discurso é voltado aos
sujeitos para repensar seu padrão de consumo e também para que as empresas revejam
suas ações em relação ao meio ambiente (LAYRARGUES; LIMA, 2014).
Em contradição com as macrotendências conservadora e pragmática, a
intersecção entre educação e meio ambiente gera um campo teórico e metodológico que
une as propostas de EA crítica, compreendida através do contexto histórico. Carvalho
(2001) expõe que as práticas educativas ambientais têm sentido, quando considerada a
historicidade dos grupos sociais, tal como convertida em propostas pedagógicas.
É imprescindível práticas educativas que possam contribuir com a construção de
percepções para a transformação de realidades, as quais são derivadas da crise
socioambiental, além de ser um impulsionador para inserção da EA crítica
(GUIMARÃES, 2004). Em que o estudante possa se identificar com seu ambiente (local
de convívio) sentindo-se parte dele, ou seja, ele se perceba responsável pela
conservação desses espaços (RODRIGUES; FARRAPEIRA, 2016).
Para tanto, os sujeitos precisam se mobilizar, promover ações de intervenção e
de enfrentamento perante os problemas socioambientais presentes em sua realidade
(MELO, 2017). A ênfase da vertente crítica da Educação Ambiental parte da premissa
que o ambiente não é um espaço isolado constituído apenas pela natureza, mas por todas
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as alterações que os seres humanos promovem sobre ela (BICALHO; JADEJISKI,
2020).
Nesse contexto, partindo da realidade socioambiental dos alunos, é possível
estruturar práticas educativas que contemplem repensar diferentes contextos em nível
local e global, com finalidade formativa, superando a visão meramente informativa que
muitas ações voltadas para EA acabam realizando (TÚLIO et al, 2019).
Do ponto de vista pedagógico, existe necessidade de unir teoria e prática,
geradoras de metodologias de ensino capazes de consolidar uma Educação Ambiental
Crítica, sendo os espaços escolares lugares estratégicos para a promoção de mudanças
enriquecedoras para o aprendizado e o comportamento atitudinal. Os jovens passam a
ser protagonistas de transformação quanto à relação pessoa-ambiente (GONÇALVES,
2019). Para o desenvolvimento de práticas teórico-metodológicas que contemplem a EA
Crítica é necessário pleitear os princípios: Ambiente é um bem comum, historicidade,
práxis, totalidade e emancipação (Pires et al, 2014).
A Constituição Federal em seu artigo 225 afirma que um meio ambiente
equilibrado é direito de todos, como bem de uso comum e essencial para qualidade de
vida. No entanto, na prática não funciona assim. A população fica entre os jogos de
interesses de exploração dos recursos naturais pela classe dominante (QUINTAS, 2004).
Então é preciso construir uma visão sobre o ambiente, como o local que se vive, e que
todos possuem responsabilidades e dependência sobre o que é produzido, consumido e
descartado ( PIRES et al, 2014).
A formação a que a sociedade é submetida, através de contextos históricos e
culturais, constroem significados que refletem na concepção do mundo. Assim, a prática
educativa ambiental quando voltada para historicidade, transforma-se em formação do
movimento histórico de discussões e lutas da manifestação humana, por conseguinte,
constituição de pensamento significativo da sociedade com a natureza (MORALES,
2009).
Nesse contexto, para estudos de EA Crítica realizar uma reflexão da realidade a
partir da influência dos processos históricos é essencial, permitir aos estudantes
possibilidades de perceber a pluralidade e diversidade histórica, em virtude da
superação de paradigmas em prol da geração de atitudes que promovam um ambiente
saudável (MATOS, 2009).
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Para Layrargues (2012) a práxis da EA Crítica se configura pelo caráter
problematizador da realidade e pela intencionalidade de intervenção através de um
projeto de sociedade alternativo em contraposição aos modelos de alienação. A ação
político-pedagógica segue intervenções práticas diversas sobre política, ética, sociedade,
desenvolvimento, educação, natureza, meio ambiente e economia. A práxis constitui um
princípio educativo, na qual em uma visão emancipatória da EA a humanidade
representa parte da natureza (LOUREIRO, 2005).
Na Educação Ambiental a práxis desenvolve novas formas de compreensão dos
seres humanos e o meio, possibilitando o surgimento de novos comportamentos. Sabe-
se que muitos foram os avanços técnico-científicos e com eles as informações chegam
mais rápido às pessoas, muitas vezes sem filtro, e isso favorece a uma cultura de
alienação em favor da degradação ambiental e consumismo em favor de lucro (ADÃO,
2005).
Desta forma, é necessário repensar as ações por novas abordagens teórico-
metodológicas, para desenvolver processos educativos ambientais que discutam e
reflitam a questão ambiental sob diversas óticas. Para Guimarães (2013), a construção
de uma Educação Ambiental Crítica, caminha para a transformação da sociedade em
consequência da relação de cada sujeito com o seu processo de se educar, em um ensino
que reúna teoria e prática.
Uma práxis que torne crítica uma atividade já existente, requer formação de
educadores em bases teóricas e epistemológicas, para que consigam conduzir os debates
em contradição ao sistema de mercado expressa por visões fragmentadas e ideologias
que alienam e desconsideram a historicidade. Em geral para um ensino crítico, é
possível entender a práxis como atividade organizada e subjetiva que forma um sujeito
criativo, social, produtivo, um resultado de sua atividade no mundo (LOUREIRO;
VIEGAS, 2013). Portanto, a práxis caracteriza-se pela ação do sujeito, que por meio de
uma práxis reflexiva e formula novas compreensões do mundo (LOUREIRO; VIEGAS,
2013). Entretanto, esse processo acontece coletivamente em exercício de cidadania, por
movimentos coletivos de transformação socioambiental.
Para Freire libertação é práxis, pois
“Se os homens são seres do que fazer é exatamente porque seu fazer
é ação e reflexão. É práxis. É transformação do mundo. E, na razão
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mesma em que o que fazer é práxis, todo fazer do que fazer tem de ter
uma teoria que necessariamente o ilumine. O que fazer é teoria e
prática. É reflexão e ação”. (Freire,p.79,1970)
Os sujeitos são vistos como seres que exercem ação e reflexão, diante de uma
prática que reúna uma teoria que o direcione para o fazer, ou seja, esse fazer constitui a
relação de teoria e prática. É através de uma manifestação crítica desenvolvida pelas
relações sociais por meio de ação educativa, que há possibilidade de transformação da
noção de progresso voltada para expansão de capital (SAUVÉ, 2005). A preocupação da
época estava ligada a escassez de recursos naturais, resultante do consumo acelerado em
favor do aumento populacional e busca pelo desenvolvimento, desse modo a Educação
Ambiental esteve ligada com os estudos ecológicos (SANTOS; TOCHI, 2015).
A Educação Ambiental no Brasil se consolidou dentro de uma proposta
conservadora quanto a visões ambientais e pedagógicas. Um modelo dominante que
dialogava com o discurso político e econômico, não havendo problematização das
questões ambientais, e isso era importante para manutenção da ordem estabelecida
(SANTOS; TOCHI, 2015).
É nesse período que o debate ambiental emerge no Brasil, através de pressão
internacional, visto que o país estava sob o regime militar. De acordo com Loureiro
(2008), a política ambiental brasileira se consolidou de maneira centralizadora e
tecnocrática. Em 1980 a formulação da Lei Federal 6.938, de 31/08/81 instituiu a
Política Nacional de Meio Ambiente. Esse documento é essencialmente a
materialização da dimensão ambiental da Educação, um processo oriundo de cerca de
duas décadas com a visão de instaurar no Brasil um novo valor ético entre a relação da
sociedade com a natureza (GUIMARÃES, 2020).
Houve uma propagação gradativa de uma consciência ecológica pela sociedade,
que difunde novos parâmetros de convivência ecológica (LAYRARGUES, 2002). No
Brasil, em meados de 1980 o discurso ambientalista se aprimora, com o advento da
redemocratização. A EA visava disseminar ideias ambientalistas através de ações
militantes, então surgem as iniciativas junto aos órgãos competentes pela educação, e
com o tempo chega às universidades (LOUREIRO, 2008). Dessa forma, o processo de
formação de educadores ambientais se deu em militâncias e paulatinamente chegou às
escolas (GUIMARÃES, 2013).
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Destarte, a Educação Ambiental está ligada primeiramente a políticas ambientais
vinculadas aos órgãos de meio ambiente, em modelo de educação não formal. Após essa
fase houve um vínculo das práticas educativas ambientais com as políticas educacionais
e os órgãos de educação em modelo formal, como tema transversal no currículo escolar
(Carvalho, 2001).
Vale ressaltar que a EA é destacada como dever do estado e direito da população
pela Constituição Federal de 1988. No Art. 26 Incube ao Poder Público “promover a
educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente”. Nesse caso, a EA é tida como um direito social que
deve estar presente em todas as escolas, convertendo-se em área de conhecimento e
prática educacional, a qual sofreu pressão dos modelos da lógica capitalista de países
que priorizavam o desenvolvimento econômico desprezando as questões ambientais
(VIANA et al, 2020). No entanto, o direito à educação está garantido em lei, inserida a
dimensão ambiental, para assegurar aos sujeitos uma formação ambiental.
Entretanto, um dos principais desafios que se desenhava no horizonte,
relacionava-se à necessidade de construir uma postura educativa de formação de
cidadãos capazes de transformar a realidade, inserida na crise socioambiental
(GUIMARÃES, 2004).
Para Loureiro e De Lima (2012) a Educação Ambiental passa por contradições e
conflitos que envolvem os princípios, construção de conhecimento, disseminação dos
saberes e práticas. Essa educação emerge em meio ao movimento pacífico de
contracultura, originada nas discussões de ecologia política, em detrimento ao estilo de
vida pautado no capitalismo, realizado pelos ambientalistas na década de 1960
(LOUREIRO, 2006).
A EA Conservadora exerce tendência de fragmentação dos seres humanos e a
natureza, em destaque apenas das relações ecológicas, ignorando as dimensões ligadas
aos domínios sociais, culturais e políticos (LAYRARGUES; LIMA, 2014). Desse
modo, a EA está dentro de uma concepção superficial e ingênua, que segue discursos
dominantes e hegemônicos (MORALES, 2009).
Porém, a vertente da EA que emergiu foi a pragmática, uma derivação da EA
Conservadora focada nas questões de lixo urbano, uma investidura em ações individuais
e comportamentais, de maneira conteudista e não considerando o viés histórico e
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político para a crise ambiental, assim responsabilizando os sujeitos de causadores da
crise ambiental (LAYRARGUES;LIMA, 2014).
Configura-se em um direcionamento para o Desenvolvimento e consumo
sustentável, enraizada na relação de produção e consumo, poderia aproveitar o potencial
crítico, enaltecendo uma leitura crítica da realidade da articulação social, cultural,
econômica, política e ecológica em reflexões de problemas ambientais
(LAYRARGUES;LIMA, 2014). Para Nogueira e Teixeira (p.155, 2017), “esse
afastamento do pensamento crítico induz à procura de soluções rápidas, ingênuas,
simplistas e reducionistas, que não priorizam a reflexão e a intervenção nas causas e
origens da crise ambiental”.
Entretanto, a intersecção entre educação e meio ambiente gera um campo
teórico e metodológico que une as propostas de EA crítica, compreendida através do
contexto histórico. Carvalho (2001) destaca que as práticas educativas têm sentido
quando considerada a historicidade dos grupos sociais, tal como convertida em
propostas pedagógicas.
Para tanto, o desenvolvimento de práticas que contemplem a EA Crítica é
necessário pleitear os princípios: Ambiente é um bem comum, historicidade, práxis,
totalidade e emancipação (Pires et al, 2014). Estes princípios incorporados aos estudos e
práticas pedagógicas denotam que a EA Crítica se mostra como uma postura ética,
política e social em um campo de práticas, valores e visões de mundo (LOPES;
ABÍLIO, 2021).
A busca pela compreensão dos problemas socioambientais versa sobre a
totalidade, pois não é possível considerar apenas parte da questão, para propor soluções
é preciso ir na origem e consequências. Para Morin (p.14, 2000)
“uma série de fatores para regular a totalidade dos problemas levantados pela
crise multiforme, que atravessamos atualmente, é menos uma solução que o
próprio problema… Efetivamente, a inteligência que só sabe separar fragmenta
o complexo do mundo em pedaços separados, fraciona os problemas,
unidimensionaliza o multidimensional. Atrofia as possibilidades de
compreensão e de reflexão, eliminando assim as oportunidades de um
julgamento corretivo ou de uma visão a longo prazo”
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estão inseridos (ANELLO, 2009). Por isso as práticas educativas devem conceber a
realidade do educando, o mundo dele precisa ser apreciado respeitando a subjetividade
de cada um, essa é uma forma de compreender o mundo. A totalidade é um princípio de
EA Crítica que possibilita o aprendizado de um fenômeno através de mediações,
relações e contradições que o formam (MENDES, 2020).
A Educação Ambiental de cunho emancipatório é aquela que a dialética se
materializa em conteúdo, e consegue promover mudanças na atividade humana, e
vinculadas às questões educativas, constituem alterações individuais e coletivas
(LOUREIRO, 2005). É um movimento de libertação frente às formas de alienação, pois
é um processo crítico e autocrítico para romper com padrões impostos. Assim, a
Educação Ambiental encontra na escola uma aliada relevante enquanto espaço de
formação e socialização, é um potencial para construção de saber ambiental. Tendo em
vista a integração dos saberes, superando a fragmentação do conhecimento (NARCIZO,
2009).
1.2. O papel da escola para discutir problemas socioambientais
A função da escola na sociedade relaciona-se com a história de grupos sociais, e
suas concepções da educação constituída nesse espaço formativo, que condiz com
objetivos, valores e ideologias variadas. Na perspectiva transformadora, encontra-se um
viés crítico possível de ser trabalhado na escola pelos docentes, no sentido de
democratização da sociedade, quando a mesma garantir aos estudantes saberes
reflexivos de sua realidade social na qual convivem (TONOZI-REIS, 2008).
No espaço escolar é possível encontrar variadas possibilidades para aprender e
reaprender os saberes. Um aprender associado a um crescimento planejado, que visa o
desenvolvimento da cidadania e identidade humana, características que bem se
conectam com a EA que instiga desenvolvimento de habilidades investigativas,
exercício de cidadania, design de ideias e a prática de enfrentamento de problemas
ambientais (ZAGO et al, 2021).
Pode-se dizer que no território escolar se encontram muitas possibilidades para o
aprender e redesenhar os saberes (ZAGO et al, 2021). Ao refletir sobre a didática, a
construção de diálogos fundamentados em argumentos se apresenta como caminho da
contribuição interdisciplinar no processo educativo ambiental, ampliando o
entendimento da essência das relações entre seres humanos e natureza (MORIN, 2014).
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A prática pedagógica, através da leitura do ambiente, em consonância com os
conhecimentos peculiares de cada um, convertidos em análise e interpretações do
cotidiano, estreita as relações das áreas de conhecimento das disciplinas. Assim, as
interações e novas formas de olhar, repensando o entendimento ambiental caminham
através do confronto de saberes (COIMBRA, 2005).
E nesse contexto, Guimarães (2009) traça uma intersecção de fatores, diante da
natureza crítica da Educação Ambiental, realizada através do processo entre os sujeitos
e sua vida social, em atuações e transformações sociais em busca de uma nova
sociedade ambiental.
Para Carvalho (2004) é possível perceber a diversidade do processo educacional
voltado às questões ambientais, essas variações demonstram a necessidade de
reformular os sentidos das posições pedagógicas, entretanto contemplem um diálogo
com diferentes abordagens. Nesse processo, espera-se que algo novo surja tanto no
modo de observar, quanto no de interpretar e valorizar o fazer educativo. Isso aponta
para o reconhecimento da importância de uma educação ambiental na formação de
sujeitos contemporâneos (Ibid, 2004).
O processo educativo crítico reconhece relações entre finalidades e
procedimentos escolares, e como a sociedade valida os saberes construídos. A fim de
entender a integração de cultura e natureza, discussões dos padrões sociais acerca de
autocrítica. Para Loureiro (2007) que “crítica sem autocrítica é problematizar o
movimento querendo ficar de fora”, assim enfatiza que o caráter transformador é
fundamental para formação de cidadãos na tendência crítica.
Quando vivenciada na escola, essa tendência crítica resulta em capacidades de
problematização das questões ambientais sobre a égide da cultura, política, biologia
entre outras (LOUZADA, 2014). Forma-se um diálogo entre o mundo e a educação. Os
sujeitos compreendem seu papel político, e a tão necessária Educação Ambiental para
materialização do processo emancipatório, um passo relevante consiste em reformular
as práticas educativas ambientais (SORRENTINO et al, 2005), permeando conhecer e
sentir-se parte.
Destarte a Educação Ambiental Crítica pode ser articulada a variados temas, a
exemplo do saneamento ambiental, em um processo educativo com ênfase na
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transformação social dos envolvidos, em razão da superação da crise socioambiental
(LLAMAS et al, 2019).
Um exemplo é a pesquisa de Ribeiro e Guntter (2002) que teve como objetivo a
integração da Educação Ambiental e o Saneamento como estratégia de promoção da
saúde e do meio ambiente. Embora, trata-se de um estudo baseado na Educação
Ambiental, os resultados denotam a mudança da realidade, convertidas em melhorias da
condição de saneamento e de noção de cidadania.
A Educação Ambiental também é contemplada dentro dos programas
governamentais, como o Programas de Educação e Saúde e Mobilização Social,
Fundação Nacional de Saúde, e Educação Ambiental, Os referidos programas
corroboram pelo viés de ações educativas participativas e a mobilização social. As
políticas em torno do saneamento e ações de aprendizagem contemplam iniciativas de
participação e mobilização social (MOISES et al, 2010).
Outros estudos que trazem a articulação da Educação Ambiental Crítica e o
saneamento Básico, como Lhamas(2019); Santos e Kuhnen (2022); Rocha e Silva
(2022), discutindo sobre a percepção e compreensão dos participantes sobre os serviços
que envolvem o saneamento.
12
abastecer a cidade do Rio de Janeiro. Dessa forma, “o abastecimento de água
primeiramente era feito através de chafarizes e fontes próprias, sendo as vilas as
responsáveis pela captação e distribuição das águas, neste período o processo de coleta
de lixo era feito pelas famílias” (DIAZ; NUNES, 2020, p.6).
Neste sentido, de acordo com Sousa e Costa (2016) havia uma individualização
das ações de saneamento e que se resumiam à drenagem de terrenos e implementação de
chafarizes. As soluções relativas aos demais serviços de evacuação dos dejetos,
recolhimento de lixo ficavam sob encargo da população.
No tocante ao abastecimento de água era realizada pela população diretamente nos
mananciais, enquanto as ações de saneamento, estavam direcionadas prioritariamente à
drenagem (SILVA, 1998).
Os holandeses, que possuíam vasto conhecimento técnico sobre a eliminação de
áreas pantanosas, realizaram as primeiras obras no século XVII (DA SILVA,1998).
Estas consistiam em aterramento e drenagem, construção de diques, canais e
ancoradouros, como os construídos em Recife para a expansão e ocupação de novas
áreas urbanas. Como nesta época não havia sido descoberta a patologia das doenças, as
formas de intervenção eram voltadas ao ambiente, através de obras para eliminação dos
pântanos e áreas úmidas (COSTA, 1994).
A partir do século XIX, o abastecimento domiciliar através das redes começou a ser
implantado, sendo o aqueduto da Lapa, no Rio de Janeiro, o primeiro a ser construído
no Brasil, captando água do Rio Carioca até o chafariz do Largo do Rio Carioca; essa
ideia virou modelo para as demais cidades do país (DA SILVA, 1998).
E foi através do engenheiro Saturnino de Brito, considerado o pai da Engenharia
Sanitária e Ambiental no país, que as primeiras obras de saneamento foram criadas.
Dentre elas, destacam-se os canais de drenagem de Santos, criados em 1907 com o
objetivo de evitar a proliferação de insetos em áreas alagadas (RIBEIRO; ROOK,
2010).
As autarquias e mecanismos de financiamento para abastecimento de água
começaram a ganhar corpo a partir de 1940, por meio da influência do Serviço Especial
de Saúde Pública (SESP), que atualmente é conhecido como a Fundação Nacional de
Saúde (FUNASA) para a comercialização do saneamento (COSTA, 1994). E, em 1971,
o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) foi instituído no país, então, foram
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criadas diretrizes, medidas e infraestrutura para o saneamento básico no Brasil, o que
acabou gerando disputas entre as esferas de governos sobre quem gerenciaria essas
normas.
Os órgãos que atuam no monitoramento dessas diretrizes são a Agência
Nacional de Águas (ANA), responsável pelos recursos hídricos, e o Sistema Nacional
de Informação sobre Saneamento (SNIS). Atualmente, o Plano Nacional de Saneamento
Básico (PLANSAB) é o norteador e condutor das políticas públicas, metas e estratégias
para o setor de saneamento no país (BRASIL, 2013).
Dentre os diversos fatores que dificultaram, e ainda embargam, o progresso do
saneamento no Brasil, é possível citar a falta de planejamento, a insuficiência de
investimento e qualidade técnica dos projetos, além da dificuldade para se conseguir
financiamentos e licenças para a execução das obras (CARNEIRO et al., 2018).
Dessa maneira, desde o ano de 2000, quando foi lançada a agenda dos
“Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, muitas pessoas garantiram o acesso à água
potável e saneamento, embora tenham ampliado o serviço para a população, isso não
garantiu que esse saneamento seria realizado de modo seguro, com o devido tratamento
atendido (Ibid).
Do ponto de vista teórico, pensar a relação entre saneamento ambiental e
saneamento básico passa, invariavelmente, pela análise da extensão conceitual que as
temáticas abarcam. De acordo com Nugem (2012), “O conceito de saneamento
ambiental abrange aspectos que vão além do saneamento básico, pois são ações
direcionadas para a sociedade”. Ainda segundo o autor, o saneamento ambiental
envolve “o acesso ao abastecimento de água potável, a coleta e a disposição sanitária de
resíduos sólidos e líquidos, a disciplina sanitária de uso do solo e da ocupação da terra”
( Ibid).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que,
“no Brasil, as doenças de transmissão feco-oral, especialmente as diarreias, representam
em média mais de 80% das doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado”
(IBGE, 2011). De acordo com Viana et al. (2015), ao analisar a situação da diarreia na
Amazônia Legal, constatou-se que taxas elevadas de internações por Doença Diarreica
Aguda e Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental inadequado estão
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diretamente ligadas aos altos índices de pobreza extrema, taxa de analfabetismo e do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Além de outras doenças, a FUNASA em 2013 nomeou doenças relacionadas ao
saneamento ambiental indevido, por fornecimento de água não tratada, esgotamento
sanitário inadequado, contaminação pelo contato de resíduos sólidos, ou condição
insalubre de habitação, diante disso, é possível citar além da diarréia, febres entéricas,
hepatite A, dengue, febre amarela, filariose, esquistossomose, micoses, helmintíases.
Para Saiani e Toneto Júnior (2006) a existência do déficit nos investimentos dos
serviços de saneamento básico, tendo enfoque principal no esgotamento sanitário,
acarreta diversos pontos negativos que influenciam principalmente no meio ambiente e
na saúde da população. Neste sentido, para Cartaxo et al. (2019) a ausência de
saneamento ambiental se associa à pobreza, visto que afeta principalmente os menos
favorecidos economicamente, e em situação de vulnerabilidade alimentar e de higiene.
Os índices relacionados ao saneamento ambiental no Brasil, por vezes é
insatisfatório, apresenta déficit nos serviços de água e esgoto. Segundo dados do
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2018, 84% das
residências brasileiras tinham fornecimento de água, 53% contavam com coleta de
esgoto e 46% do esgoto gerado recebia tratamento. Segundo o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o PLANSAB estimou que seria
preciso investir RS 142 bilhões em água, e cerca de 215 bilhões em esgotos, resultante
de R$26,5 bilhões por ano, estimativas realizadas com os preços de 2018. Estes valores
são estimados para que o país possa alcançar as metas de atendimento de mais de 90%
de abastecimento de água, de acesso a esgotamento sanitário e tratamento de esgoto
coletado previsto até 2033(PIMENTEL; MITERHOF, 2022).
O novo marco legal do saneamento gerou cerca de mais de R$70 bilhões de
investimentos. Após a sanção da lei houve maior captação de recursos pela realização
de leilões e abertura para o setor privado, como relata reportagem da CNN Brasil em 1
de abril de 2022. A legislação define regras para cumprimento dos municípios e
prestadores de serviços sobre a drenagem urbana e o manejo de resíduos sólidos. Além
disso, atribui função à Agência Nacional de Águas (ANA) de padronizar, uniformizar e
estabelecer critérios gerais de regulação (ROUBICEK, 2020).
15
Assim, entender os serviços de saneamento como direito e propiciar o acesso à
população passa por uma política, necessária por compreender fatores políticos, sociais,
econômicos que atuam nas decisões do Estado no campo das políticas públicas em cada
situação histórica. Existe uma relação de poder, de organização, de economia exercida
pela sociedade civil (MORAES, 2009). Para Heller e Castro (2007) a responsabilidade
da esfera pública em oferecer serviços de saneamento requer organização institucional,
planejamento e participação popular.
16
2. CAMINHOS METODOLÓGICOS
Neste tópico, é apresentado o arcabouço metodológico da pesquisa, abarcando
uma descrição do local de estudo e dos sujeitos envolvidos. Na sequência, sustenta-se a
abordagem amparada pelo método fenomenológico, na medida em que fundamenta os
caminhos a serem percorridos para compreensão dos fenômenos que se pretende
analisar neste estudo. As etapas metodológicas e a forma de coleta e análise de dados
serão apresentadas na sequência.
3.1. Caracterização da área de pesquisa
A pesquisa será realizada na cidade de São José da Coroa Grande , litoral Sul de
Pernambuco, que faz fronteira com o município de Barreiros-PE, ao norte, e com o
município de Maragogi, ao sul, no estado de Alagoas, com mostra a figura 11.
Figura 1. Localização do Município de São José da Coroa Grande, Pernambuco
1
Para a dissertação será confeccionado mapa de localização, seguindo as regras de geoprocessamento.
VOCÊ JÁ HAVIA PROMETIDO... OK
17
Quanto à estrutura física, a escola conta com oito salas de aula, sala de gestão,
sala da coordenação pedagógica, secretaria, sala de professores, sala de leitura, sala de
vídeo, estoque, almoxarifado, cozinha e banheiros. As ruas do entorno da escola estão
em condições inadequadas, pela ausência de esgotamento sanitário, carência de
drenagem e falta de pavimentação em algumas vias. Quanto ao recolhimento dos
resíduos sólidos, este acontece diariamente. O terreno do local possui declividade, o que
favorece o acúmulo de efluentes na rua como mostra a figura 2.
Figura 2. Imagem da área frontal e lateral da Escola Estadual São Francisco de Assis
18
do que se apresenta (HUSSERL, 1990). É centrado nas vivências, na experiência do que
se vive, para além das ideias filosóficas adentrar o campo transcendental, a consciência
em evidência (MACÊDO, 2017).
As categorias do método são a intencionalidade da consciência, redução
fenomenológica e a redução eidética (WILLLUDWIG, 2014). A intencionalidade da
consciência apontada por Husserl, significa que para a consciência o objeto tem sentido
(SILVA, 2009), e as vivências da intencionalidade são entendidas como fatos puros, são
formas essenciais da consciência (BRANCO; CIRINO, 2016). Respectivamente a
redução fenomenológica seria uma das premissas do processo de descoberta do objeto
em sua plenitude (GALEFFI, 2000).
De forma, que seja analisado o sentido, em virtude da essência da consciência
desses sujeitos, acerca dos problemas socioambientais que convivem. Nesse processo se
constrói um novo olhar sobre o objeto, desprendendo-se de prejulgamentos, de
suposições sobre o que se apresenta. Visto que, o estudo busca uma análise do Design
Thinking para reflexão dos sujeitos com o meio ambiente, através da realidade
ambiental que eles encontram.
O método escolhido permite uma liberdade de interpretação dos dados. Em que
há uma suspensão de qualquer julgamento sobre o objeto investigado, descreve o que
encontra e interpreta os dados. Nesse contexto, o pesquisador descreve como os sujeitos
respondem às experiências propostas através do Design Thinking repensando o entorno
da escola através das reflexões dos problemas socioambientais de saneamento
ambiental.
A pesquisa possui natureza qualitativa, pois esta confere melhor compreensão de
um fenômeno no contexto em que surge, devendo ser analisada em um panorama
integrado, proporcionando aos investigadores criatividade e imaginação na proposição
de trabalhos que busquem novas perspectivas (GODOY, 2005). Essa é uma premissa
relevante para compreender a relação entre os estudantes e a realidade na qual estão
inseridos. Os estudos qualitativos enfatizam a realidade social e os procedimentos para
se compreender o fenômeno em estudo, revelando o mundo simbólico que sublinha as
necessidades, desejos, significados e escolhas dos pesquisados (BAUER; GASKELL,
2002).
19
O tipo de pesquisa de campo fundamenta-se na busca de informações sobre um
problema, na observação dos fatos e fenômenos como ocorrem, e consequente coleta de
dados in loco (LAKATOS; MARCONI, 2003). O caráter exploratório-descritivo da
pesquisa descreve completamente determinado fenômeno, através de procedimentos
específicos para coleta de dados (Ibid, 2003).
A aquisição de dados para análise das contribuições do Design Thinking,
fundamenta-se em uma reflexão sobre problemas socioambientais de saneamento
ambiental que envolve ações e serviços de esgotamento sanitário, drenagem urbana,
resíduos sólidos e abastecimento de água. Assim é por meio de observação sistemática,
que é uma técnica que proporciona ao pesquisador observar o objeto de forma
estruturada, planejada e controlada (LAKATOS; MARCONI, 2003) que conduziu a
coleta de dados. Essa perspectiva preconiza condições controladas para alcançar
objetivos preestabelecidos. As observações ocorreram na vivência das etapas do DT. Os
critérios de observação estarão baseados nas potencialidades do Design Thinking,
através de uma adaptação dos trabalhos de Lacerda (2019) e Lima; Oliveira; Dos Santos
(2020), sobretudo: capacidade de questionamentos, colaboração entre pares,
curiosidade, comunicação, aplicação de conhecimentos prévios, potencial criativo,
liberdade de experimentação, desenvolvimento de capacidade de análise e resolução de
problemas.
Durante a aplicação das etapas do design e observação dos fenômenos, os dados
foram sistematizados através de registros audiovisuais e anotações, estes organizados
em chuva de palavras e quadros para análise. A análise dos dados adquiridos será feita
com base na análise do discurso (AD). Através desta técnica, será possível questionar os
sentidos de variadas produções verbais e não verbais. É na análise do discurso que é
concebido a linguagem como mediação entre os seres humanos e o meio natural e
social, desse modo o discurso não é algo abstrato, mas é produzido à base de sentido
para os sujeitos (ORLANDI, 2005).
A AD, ainda articula o caráter linguístico, social e histórico, trabalhando com o
sentido produzido (CAREGNATO; MUTTI, 2006). Através da perspectiva de analisar
os conceitos presentes no discurso, bases de construção de sentido e pertencimento do
discurso (SOUZA, 2014).
20
A abordagem do DT será aplicada em momentos distintos, distribuídos em cinco
etapas: descoberta, imersão, ideação, experimentação e evolução. E diferentes
atividades, desenvolvendo empatia, colaboração e criatividade (BROWN, 2020). O
projeto submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe
(UFS) obteve aprovação no parecer de nº 5.524.545.
21
atenção deles, que estivesse relacionado com questões socioambientais de acordo com o
olhar deles. A pesquisadora durante essa observação fez uma breve explanação do que
seriam temas socioambientais, e serviços de saneamento ambiental. Os discentes
retornaram para escola após cerca de 20min, e em sala de aula concluíram a atividade
solicitada.
A segunda atividade consistiu na projeção das respostas e reflexão coletiva,
nesse momento os estudantes refletiram e justificaram as respostas, em cerca de 60min.
Então, diante deste diálogo construído entre os discentes, realizou-se a terceira
atividade, em que a pesquisadora fixou um cartaz no quadro branco com a seguinte
expressão (como podemos …), um questionamento utilizado para construção do desafio
no DT. Assim, cada estudantes recebeu post it’s para destacar o que eles entendiam que
seria uma demanda passível de resolução, melhoria. Em sequência, ofertou-se 15min
para que eles escrevessem e fixassem no cartaz as suas respostas, passado o tempo
iniciou a discussão para formulação do desafio da turma, os post it’s foram todos lidos
para os estudantes, e os mesmo em comum acordo destacaram as questões mais
relevantes relacionado ao saneamento, até formular o desafio em um tempo de 35min.
De posse do desafio ocorreu a quarta atividade, a definição do problema, para
isso a pesquisadora se reuniu com os estudantes, e apresentou o objetivo da proposta e
as orientações para esta fase da etapa da descoberta. Posto isso, os alunos receberam
post it’s para destacar os problemas identificados, em seguida fixaram os problemas
escritos em um cartaz colado no quadro branco da sala. Para auxílio na execução o
cartaz apresentava o desafio e as imagens registradas durante a observação, de modo
que houvesse conexão dos problemas citados e o desafio formulado. Em seguida, após
15 min a pesquisadora apresentou as orientações, as quais guiaram o debate de seleção e
definição de apenas um problema para nortear as próximas etapas. Essas orientações
correlatas ao princípio da empatia do DT, a qual prioriza necessidade, demanda, ou seja,
o ponto mais necessário segundo os discentes. Esta discussão contou com 30min
mediado pela pesquisadora até a definição do problema.
2.4.2. Etapa de imersão-saneamento e impactos socioambientais diretos e indiretos
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disponível no canal da TV Brasil, publicado no site do Yotube 2 em 2018. Esse
momento teve duração de 90min.
Uma segunda atividade proposta foi a realização da identificação e seleção dos
conceitos sobre saneamento básico e saneamento ambiental, dos componentes de
saneamento e os responsáveis por cada serviço. Essa proposta faz parte de um recorte de
atividade (partes/funções/conexões) da rotina de pensamento visível que possibilitou um
olhar atento ao objeto de estudo e suas conexões cotidianas (ATIVA EDUCAÇÃO,
2021). Os conceitos, componentes, responsáveis de saneamento estavam presentes na
cartilha "Dicas práticas de saneamento sustentável para o período de pandemia e além"
(VIEIRA et al, 2020). Inicialmente os estudantes formaram grupos, em seguida foi
entregue uma folha de papel color set com 4 títulos (função do saneamento básico;
função do saneamento ambiental; componentes de saneamento; Quem procurar de
serviços públicos e soluções individuais de saneamento), e um envelope com várias
tirinhas de papel com as informações, as quais foram distribuídas e organizadas abaixo
de cada título, conforme o entendimento dos alunos. Houve diálogo entre eles na
execução da atividade. Por conseguinte, passado cerca de 40min, os cartazes produzidos
foram expostos e corrigidos coletivamente, uma facilitação na visualização da
organização das informações, de forma que originou um diálogo reflexivo.
2.4.3. Etapa da ideação- compartilhamento de ideias
A atividade que correspondeu à ideação foi o “brainstorming”, ou seja, uma
chuva de ideias para elaboração de um protótipo de solução. Para aplicação da técnica,
houve um esclarecimento através da pesquisadora sobre o objetivo da atividade. Outra
questão tratada versa sobre a consideração de premissas tais como valorização de
opiniões, o entendimento que o erro não se despreza, e que esse é um processo
democrático, assim todos têm direito de expor sua opinião.
Os sujeitos de posse de diversos post-it e canetas escreveram suas ideias de
solução para o desafio proposto e colaram no painel fixado no quadro branco, esses
tiveram 20 minutos para escrever várias ideias. Passado esse tempo, as ideias foram
lidas, e intercaladas de diálogo e reflexões sobre possibilidade de execução, viabilidade,
tempo, materiais, custos e inovação. Eles discutiram, pensaram, aceitaram opiniões,
2
Disponível em: <<https://www.youtube.com/watch?v=IQ4GHwNxoDc>> acesso em 01 nov, 2022.
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discordaram até selecionar apenas uma ideia. Nesta fase de debate destinou-se cerca de
60min para filtragem e escolha de apenas uma ideia.
2.4.4. Etapa Experimentação- Construção do protótipo de solução do problema
identificado- Experimentação
Nesta etapa houve uma olimpíada de prototipação relacionada em atender ao
desafio, propor solução do problema e construir a ideia. Nesse contexto, os participantes
ao chegarem na sala a encontraram organizada com diversos materiais disponíveis, que
facilitaram o processo de laboratório de criação. Os grupos foram orientados a atribuir
funções aos participantes, tiveram um tempo estipulado para construção do protótipo,
visto que os estudantes tomaram conhecimento da atividade através de avisos de grupos
de whatsApp, para que trouxessem materiais.. Esse momento é mais delicado e por isso
obteve um tempo de 180 min.
Nessa etapa de experimentação os estudantes tiveram de fazer avaliações do seu
desempenho, e do artefato que estavam desenvolvendo para que fossem buscando
apresentar um protótipo que atendesse a demanda, utilidade e viabilidade.
2.4.5. Etapa Evolução- Avaliação do protótipo
Após a conclusão do protótipo, houve apresentação para a banca, a qual foi
composta por três professores disponíveis. Eles receberam duas rubricas, uma constando
os critérios de avaliação e outra em branco para o preenchimento deles. Vale salientar
que o protótipo ficou disponível na escola. A rubrica de avaliação do protótipo de
solução havia os critérios de demanda,utilidade, custos, tempo de construção, inovação,
durabilidade e mais três referentes ao desempenho do grupo voltados para o trabalho
colaborativo, proatividade e liberdade de experimentação. Já os níveis da rubrica foram
estipulados em elementar, básico e desejável. Após a apresentação em que cada grupo
apresentou e justificou o protótipo proposto, a banca apresentou a equipe vencedora da
olimpíada.
Os estudantes responderam a matriz de feedback em paralelo com a
experimentação, a proposta corroborou para que eles pudessem ir avaliando o modelo,
considerando as questões de viabilidade de construção, utilidade para as pessoas e
inovação. A Matriz de feedback apresenta quatro pontos, são eles fortes e fracos,
oportunidades e desafios. Dessa forma, o grupo respondeu quais os pontos positivos
(forças do protótipo), os negativos (fraquezas), oportunidades (principais dúvidas) e
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desafios (sugestões). Esse momento contou com uns 20min para respostas antes das
apresentações.
Os discentes se avaliaram a respeito da experiência do Design Thinking,
mediante uma rubrica. Esse processo de avaliação do desempenho dos estudantes
aconteceu com a realização da rubrica, com os critérios de empatia, curiosidade,
comunicação, engajamento, aplicação de conhecimentos prévios, proposição de ideias,
proatividade, colaboração e experimentação. Distribuídos em três níveis: elementar,
básico e desejável. Para conclusão desta atividade foram cerca de 20min.
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