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Rio Claro
2017
MÔNICA ZANUZZI ROMÃO
Rio Claro
2017
372.357 Romão, Mônica Zanuzzi
R761e A educação ambiental para as crianças da educação
infantil / Mônica Zanuzzi Romão. - Rio Claro, 2017
60 f. : il.
Comissão Examinadora
_______________________________________________
Profa. Dra. Maria Bernadete Sarti da Silva Carvalho
Departamento de Educação – Universidade Estatual Paulista Júlio de Mesquita Filho
_______________________________________________
Prof. Dr. Luiz Carlos Santana
Departamento de Educação – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
_______________________________________________
Profa. Dra. Dalva Maria Bianchini Bonotto
Departamento de Educação – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
2
RESUMO
A Educação Ambiental (EA) passa a ser um tema de destaque na sociedade
contemporânea, sobretudo, por apresentar-se como uma estratégia para o
enfrentamento do desequilíbrio nas relações entre homem e homem e homem e
natureza. Os problemas ambientais exemplificam a situação de crise ambiental,
entretanto, a questão é abrangente, incluindo um colapso também no âmbito social,
caracterizado por inúmeros tipos de desigualdades: econômicas, étnicas, culturais e
políticas. No âmbito político, temos presenciado o atendimento dos interesses da
classe hegemônica. Por outro lado, a falta de noções ambientais ultrapassa a
construção da consciência ecológica e reflete em como os valores se ausentam do
contexto da crise ambiental na atualidade. Buscando ser uma prática que promove
mudanças, a EA está cada vez mais presente no contexto escolar colaborando com a
transformação da realidade social. Sendo assim, entendemos que a Educação
Ambiental, visando à formação de cidadãos em seu sentido pleno, deve ser trabalhada
desde a Educação Infantil e permanecer nos demais segmentos da escolarização,
podendo colaborar para efetivas mudanças de atitude em relação às questões
ambientais. O principal objetivo deste trabalho foi, portanto, identificar práticas
pedagógicas presentes no trabalho com a temática ambiental no trabalho da Educação
Infantil. A pesquisa é de natureza qualitativa, de análise documental, do tipo “estado da
arte”, tendo como fonte de dados o banco do Projeto EArte de teses e dissertações em
Educação Ambiental. Este banco foi nossa fonte para constituir o corpus documental.
As teses e dissertações foram selecionadas a partir dos filtros “Recursos didáticos” e
“Processos e métodos de ensino aprendizagem”, sendo que foram localizados e
estudados dez trabalhos. Como ferramenta analítica dos dados optamos pela análise
de conteúdo (BARDIN, 1977). Os resultados indicam que as práticas pedagógicas
desenvolvidas pelos professores da Educação Infantil estão de acordo com as
orientações pedagógicas dos RCNEIs e com a Educação Ambiental em sua vertente
crítica.
3
ABSTRACT
Environmental Education (EE) becomes a prominent issue in contemporary society,
especially as it presents itself as a strategy for coping with the imbalance in the
relationship between man and man and man and nature. Environmental problems
exemplify the situation of environmental crisis. However, the issue is comprehensive,
including a social collapse characterized by numerous types of inequalities: economic,
ethnic, cultural and political. In the political sphere, we have witnessed the service of the
interests of the hegemonic class. On the other hand, the lack of environmental notions
goes beyond the construction of ecological awareness and reflects on how values are
absent from the context of the current environmental crisis. Seeking to be a practice that
promotes change, EA is increasingly present in the school context collaborating with the
transformation of social reality. Therefore, we understand that Environmental Education,
aiming at the formation of citizens in their full sense, must be worked from Childhood
Education and remain in other segments of schooling, and can collaborate for effective
changes in attitude towards environmental issues. The main objective of this work was,
therefore, to identify pedagogical practices present in the work with the environmental
theme in the work of Early Childhood Education. The research is qualitative, of
documentary analysis, of the type "state of the art", having as source of data the bank of
the Project EArte of theses and dissertations in Environmental Education. This bank
was our source to constitute the documentary corpus. The theses and dissertations
were selected from the "Didactic Resources" and "Learning Methods and Methods"
filters, and ten papers were located and studied. As an analytical tool of the data we
opted for content analysis (BARDIN, 1977). The results indicate that the pedagogical
practices developed by the teachers of Early Childhood Education are in agreement
with the pedagogical guidelines of the RCNEIs and with the Environmental Education in
its critical aspect.
4
LISTA DE QUADROS e TABELAS
5
LISTA DE SIGLAS
EA – Educação Ambiental
EI – Educação Infantil
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
MEC – Ministério da Educação
ONU – Organização das Nações Unidas
PCN – Parâmetro Curricular Nacional
PIEA – Programa de Educação Ambiental
RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58
APÊNDICE ................................................................................................................ 62
7
INTRODUÇÃO
9
A sociedade contemporânea, entretanto, envolvida pela gama crescente
de mudanças e de problemas que assolam o planeta em nível global, tem
sido caracterizada por muitos como atravessada por uma “crise de
valores” e como carente de reflexão ética, ocorrendo, no geral, uma falta
de parâmetros para reflexão e ação diante dos desafios que se
apresentam. (BONOTTO, 2012, p. 37)
10
Em seguida, no capítulo 5, apresentamos a “DISCUSSÃO DOS RESULTADOS”
e, nas “CONSIDERAÇÕES FINAIS” procuramos sintetizar os achados da pesquisa,
considerando o quadro teórico e os referenciais da Educação Ambiental crítica.
11
1 A CRISE AMBIENTAL E O PAPEL DA EA
12
Lima (1999) escreve que a crise ambiental é resultado das relações conflituosas
entre o sistema de desenvolvimento econômico industrial e a realidade socioambiental.
Assim também é o pensamento de Giddens (2004, p. 231), que defende que “a
preocupação de que um mundo em industrialização poderia crescer além de seus
recursos data do século XIX, mas só se tornou difundida há uns trinta ou quarenta
anos”.
Bookchin (2006, p. 226) sobre isso explica que:
[...] a maioria dos ganhos produzidos por vários séculos de
“desenvolvimento‟ econômico foi invalidada pela separação entre os
seres humanos e a natureza e pela degradação ecológica resultante.
Diante disso é preciso estabelecer uma nova harmonia entre a natureza
e a vida social humana, baseada em profundas revisões de nossos
modos de vida atuais.
Ferreira (2000, p. 129) também corrobora com este pensamento ao elucidar que:
[...] os problemas ambientais, hoje, são nossos problemas
socioambientais. Fatalmente, onde quer que o homem esteja, numa
aldeia montanhosa, longe da civilização, ou espremidos nos trens dos
subúrbios, todos serão mais ou menos afetados.
13
A própria natureza da crise ambiental, que coincide com outras
mutações históricas significativas no campo econômico, tecnológico,
cultural e político, tem propiciado curiosas oportunidades de reflexão e
ação, orientadas para novas sínteses que articulam economia e
ecologia, ética e política, ciência e religião, cultura e natureza, ciências
naturais e sociais, entre outras dicotomias.
14
A segunda reunião internacional, promovida pela UNESCO, ocorreu em Tbilisi
no ano de 1977, culminando com a elaboração de um documento norteador para a
Educação Ambiental, a saber:
1) Processo dinâmico interativo: a Educação Ambiental foi definida [...] como “um
processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu
meio e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e a
determinação que os torna aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver
problemas ambientais. ”
15
7) Contextualizadora: A Educação Ambiental deve atuar diretamente na
realidade da comunicação sem perder de vista a sua dimensão planetária (MEC, 1998,
p. 31).
16
A Educação Ambiental é, portanto, uma possibilidade educativa que se mostra
capaz de sensibilizar os cidadãos sobre o seu papel na sociedade, assim como a
importância da conservação dos recursos.
A Constituição Federal dispõe, no art. 225, que o Estado e a coletividade têm o
dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
A ordem constitucional prevê, portanto, a necessária compatibilidade de aspectos
fundamentais: o desenvolvimento econômico-social e a preservação do meio ambiente,
o equilíbrio ecológico, pela promoção do desenvolvimento sustentável que, segundo
Silva (2001, p. 24) “consiste na exploração equilibrada dos recursos naturais, nos
limites da satisfação da necessidade e do bem-estar da presente geração, assim como
de sua conservação no interesse das gerações futuras”.
O autor acrescenta que o desenvolvimento sustentável requer, como requisito
indispensável, “um desenvolvimento econômico que envolva equitativa redistribuição
dos resultados do processo produtivo e a erradicação da pobreza, de forma a reduzir
as disparidades nos padrões de vida e melhor atendimento da maioria da população”
Isso porque “se o desenvolvimento não elimina a pobreza absoluta, não propicia um
nível de vida que satisfaça as necessidades essenciais da população em geral, ele não
pode ser qualificado de sustentável” (SILVA, 2001, p. 24)
Novamente se evoca a relação essencial e recíproca entre o ser humano e a
natureza para afirmar que o desenvolvimento sustentável constitui um processo
socioeconômico, político e cultural que compreende a necessária erradicação da
pobreza, o que significa proteção da vida humana, com qualidade, como parte do
ecossistema em que se insere.
O princípio da prevenção está intimamente relacionado ao princípio da
Educação Ambiental, positivado no art. 225, § 1o, inc. VI, da Constituição Federal
1988, segundo o qual cabe ao Poder Público promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
A Lei no 6.038, de 31 de agosto de 1981, no art. 2o, inc. X, estabelece, como
princípio da Política Nacional do Meio Ambiente, “a Educação Ambiental a todos os
níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente”.
17
Em 1998 o MEC apresenta proposta para que, através da reorientação
curricular, fossem inseridas novas políticas na educação, sendo que o tema Meio
Ambiente passou a fazer parte do currículo escolar como Tema Transversal,
documento que complementou a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCNs.
O volume nove dos PCNs, cujo título é ‘Meio Ambiente e Saúde’, explicita a
importância da temática ambiental e leva os professores a refletirem sobre suas
práticas e atividades no ambiente escolar. Segundo os PNCs (MEC, l997, p. 29), a
principal função da Educação Ambiental:
[...] é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para
decidirem a atuarem na realidade sócio-ambiental (sic) de um modelo
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da
sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que
informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes,
com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de
habilidades e procedimentos. Esse é um grande desafio para a
educação.
18
A Educação Ambiental também é fundamental à efetiva participação dos
cidadãos no controle do Estado e da iniciativa privada com vistas à preservação do
meio ambiente. Tanto é assim que um dos objetivos fundamentais da EA é “o incentivo
à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do
equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como
valor inseparável do exercício da cidadania” (Lei no 9.795/99, art. 5o, inc. IV).
De acordo com Carvalho (2000) a educação ambiental pode ser entendida de
três formas, no sentido estrutural da aprendizagem:
Formal: conteúdos programáticos inseridos nos currículos dos ensinos no intuito
de levar desde cedo às crianças, adolescentes e adultos o ideário básico da
preocupação com o meio ambiente, suas primeiras noções sobre os acontecimentos
que podem favorecer ou prejudicar o equilíbrio do mesmo. Trabalhos de pesquisa e
divulgação de trabalhos e pesquisas no ensino superior (graduação e pós-graduação).
Informal: trabalhos realizados com a sociedade civil para criar ou aumentar a
consciência ambiental de uma dada população (de um país, estado, município, bairro,
escolas etc). São trabalhos de educação do dia a dia sem preocupação com a
formalidade do ensino, e sim para a efetividade da aprendizagem, visto que são
questões que serão (ou pretende-se ser) aplicados imediatamente no dia-a-dia das
pessoas que estão inseridas nestas populações, como campanhas e programas de
televisão ou revistas, out-doors, cartazes, ou trabalho de ecoturismo.
19
Espirituais/Culturais: promoção do autoconhecimento e conhecimento do
mundo, através do resgate de valores, sentimentos e tradições e da reconstrução de
referências espaciais e temporais que possibilitem uma nova ética fundamentada em
valores como a verdade, amor, paz, integridade, diversidade cultural, felicidade e
sabedoria, visão global e holística;
20
2 A TEMÁTICA AMBIENTAL NO PROCESSO EDUCATIVO PARA A EDUCAÇÃO
INFANTIL
Além disso, Lima (2011) traça uma problemática acerca da EA. Os constantes
debates entre duas vertentes de concepções metodológicas e pedagógicas, sobretudo
no aspecto ensino-aprendizagem. Uma delas caracteriza-se pela ideia de transmissão
do conhecimento de forma verticalizada: “Nesse caso, o professor é o sujeito
privilegiado do conhecimento, que vai transmitir ou comunicar ao aluno o
conhecimento, as normas e os valores culturais” (p. 195). Por outro lado, o mesmo
autor expõe a dimensão da construção coletiva de saberes, pautada no afeto e no
diálogo entre professor e aluno, bem como, nos ideais de liberdade, criticidade e
experiência dos educandos.
Dessa forma, justifica-se neste trabalho um esforço também por identificar, a
partir das práticas pedagógicas e principais recursos didáticos apontados pelos estudos
realizados sobre a EA na Educação Infantil, quais concepções teóricas e pedagógicas
têm sido mais adotadas nas práticas docentes, para a Educação Infantil.
De acordo com a Lei 9.394/96 a educação infantil é aquela que atende crianças
de zero a seis anos, em “creches ou instituições equivalentes, para crianças de zero a
três anos, e pré-escolas para crianças de quatro a seis anos”. (Título V, Capítulo II,
seção II - Lei 9394/96).
E a Educação Infantil deve promover o pleno desenvolvimento das crianças, por
meio das mais variadas metodologias, mas, sobretudo objetivando um único sentido: o
de possibilitar com que elas consigam trilhar seus caminhos de maneira a equilibrar os
campos racionais e emocionais. Isso porque é justamente na infância que o indivíduo
dá seus primeiros passos rumo ao autoconhecimento e constrói sua personalidade.
Visando este mesmo resultado é que o MEC publicou no ano de 1998 o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil que, em sua política de
educação para crianças pequenas, assim estabeleceu:
[...] as novas funções para a Educação Infantil devem estar associadas
a padrões de qualidade [...] práticas sociais que lhe fornecem elementos
relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais
22
variados conhecimentos para a construção de uma identidade
autônoma” (BRASIL, MEC, p. 23).
23
O mesmo autor ainda defende que a EA deve ser trabalhada de maneira
periódica e não apenas esporádica, e não pode ocorrer apenas como forma de
informação. Ademais, a linguagem a ser utilizada deve ser aquela mais adequada para
as crianças, para que elas realmente compreendam o que está sendo ensinado,
provocando assimilação e não apenas memorização. Assim de acordo com o autor:
as atividades a serem trabalhadas devem ter planejamento prévio,
objetivos claros. Deve ser desafiadora e problematizadora, de modo que
busque proporcionar a descoberta, a criatividade, a produção e a
construção do conhecimento pela criança” (RODRIGUES, 2007, p. 13).
Deste modo, resta claro que a escola infantil é o espaço privilegiado para que se
consiga trabalhar com as informações e estabelecer conexões capazes de criar
condições e alternativas que venham desenvolver nos alunos concepções e posturas
cidadãs, ou seja, seres cientes de suas responsabilidades e, principalmente,
perceberem-se como integrantes do meio ambiente, adquirindo assim valores
comprometidos com a sustentabilidade ecológica e social.
Nesse cenário, o trabalho com a EA desde a Educação Infantil fundamenta-se
também e primordialmente no trabalho com a construção de valores, por experiências
dotadas de sentido para as crianças, que as tornem sensíveis e interessadas. Dessa
forma, objetivam-se transformações em contextos e níveis escolares de maior
abrangência, ou seja, espera-se que o educando em contato, ao longo da
escolarização, com os conteúdos e discussões que abarcam a Educação Ambiental
apresente mudanças atitudinais. O seguinte trecho traduz a reflexão anterior:
[...] o trabalho com valores envolve a aprendizagem tanto do aluno
quanto do professor. E, em se tratando da EA de forma mais específica
esse desafio se amplia: a EA implica em uma proposta de mudança de
visão de mundo, de valores e práticas que se traduzam em uma
transformação de caráter socioambiental, um processo educativo que
abarca a todos os cidadãos da sociedade, inclusive os próprios
educadores. (BONOTTO, 2012, p. 52)
24
seus anos iniciais de vida, sobretudo, a fim de que a criança se reconheça como
agente participativa da vida em sociedade.
25
3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E RECURSOS DIDÁTICOS PARA A EA
Resta claro, pois, e de acordo com Lima (2012) que ao educador cabe o papel
de ser o facilitador da aprendizagem na Educação Ambiental, ao mesmo tempo em que
precisa fomentar a curiosidade dos alunos, adotando estratégias que facilitem a
aprendizagem ao mesmo tempo em que estas sejam motivadoras para a participação
dos educandos.
Por fim, Lima, no seguinte trecho, traz aspectos de grande relevância para essa
discussão:
28
O excerto acima, de acordo com a visão de EI que defendemos, coloca-nos
aspectos de extrema relevância, os quais incluem também a postura de todos os
docentes, não somente dos que lecionam Educação Ambiental. Os professores, de
maneira geral, para o envolvimento e aprendizado real, devem, inicialmente, buscar
estabelecer com seus alunos uma relação recíproca, pautada pela troca de
experiências e conversas. Além de terem em mente a ideia de que suas ações,
comportamento e ideais serão assimilados, mesmo que de maneira sutil, pelos
educandos. Dessa forma, é imprescindível que o educador adote uma postura coerente
com as concepções de educação que estão no Projeto Pedagógico que se desenvolve
na escola em que trabalha e com as concepções de currículo para a EI e as de EA.
29
4. METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
30
Consideramos, para tanto, a possibilidade de uma união importante, sobretudo,
no que tange a proposta de mudança, assim como sugere o trabalho com a Educação
Ambiental. Para Lima (1999) a educação não pode ser encarada como uma panaceia
para a solução de todos os problemas sociais, toda via, não há possibilidade de
modificações positivas sem integrar a dimensão educacional.
Objetivos Específicos
31
4.3 Procedimentos Metodológicos
Sobre as pesquisas do tipo “Estado da Arte”, Pereira (2002, p. 258) assinala que
estas se caracterizam por realizarem uma “metodologia de caráter inventariante e
descritivo da produção acadêmica e científica sobre o tema que busca investigar, à luz
de categorias e facetas que se caracterizam enquanto tais em cada trabalho e no
conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser analisado”.
32
desenvolver, já que em estado da arte essa revisão será o objeto de estudo, podendo
ser considerada como metalinguagem da produção acadêmica.
Para tanto, o levantamento de dados para o estudo em questão, foi feito a partir
do banco de teses e dissertações da CAPES, mais precisamente no site
http://earte.net/, em parceria interinstitucional que envolve pesquisadores da UNESP -
Rio Claro, UNICAMP – Campinas e USP – Ribeirão Preto.
2 – Modalidade : Regular
33
5 – Recursos Didáticos
2 – Modalidade : Regular
34
Além da indicação bibliográfica de cada trabalho, acrescentou-se um
resumo de caráter informativo, para promover a divulgação e facilitar o
acesso a esses estudos. O crescimento da literatura científica
transformou os resumos em instrumentos indispensáveis, na medida em
que sua inserção em catálogos e bases de dados agiliza, em muito, a
atividade de seleção em busca bibliográfica de todos aqueles que se
dedicam ao estudo e à pesquisa. Para que desempenhem este
importante papel é necessário, no entanto, que sejam objeto de
elaboração cuidadosa.
Santos (1993) destaca que a fim de garantir que os dados apresentados nos
resumos se deem de maneira correta e completa, é praxe entre as universidades a
exigência da reescrita do resumo original por parte do pós-graduando. Desta maneira é
fato corriqueiro que os resumos sejam elaborados, revisados e reunidos especialmente
para o catálogo e, para tanto, sigam critérios definidos. Isso porque os resumos trazem,
enquanto gênero do discurso:
No entanto, tem que haver a compreensão aqui de que uma pesquisa feita a
partir dos resumos escritos nas teses e dissertações não oferece uma compreensão
linear, nem mesmo organização lógica, sequencial do conjunto de resumos. “Entre os
textos há lacunas, ambiguidades, singularidades, que são preenchidas pela leitura que
o pesquisador faz deles. Então, a História da produção acadêmica é aquela proposta
pelo pesquisador que lê. Haverá tantas Histórias quanto leitores houver dispostos a lê-
las” (PEREIRA, 1990).
35
Para o tratamento dos dados obtidos optou-se pelos procedimentos da análise
de conteúdo. De acordo com Cavalcante, Calixto e Pinheiro (2014):
1- Pré-análise:
2- Exploração do material:
Na fase de pré-análise, após o resultado obtido no Banco Earte, com o uso dos
filtros de busca “recursos didáticos” e “métodos e procedimentos de ensino” aplicados
para o contexto escolar da Educação Infantil, após a leitura flutuante, todos os 10
trabalhos foram incluídos no estudo.
37
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
38
Quadro 2 - Filtro: Processos e métodos de ensino aprendizagem
39
A fim de se ter uma visão panorâmica das discussões abordadas no corpus
documental foi elaborado o Quadro 3, em que é possível identificar a distribuição por
filtros de busca escolhidos a partir do objetivo principal da pesquisa. O resultado da
busca e o trabalho de leitura dos resumos possibilitou identificar dois conjuntos de
trabalhos, sendo que quatro deles se preocuparam em estudar recursos didáticos e
seis se voltaram para processos e métodos de ensino aprendizagem.
Análise multidisciplinar 1
Alguns outros dados podem ser trazidos após esta fase de leitura flutuante e
caracterização dos trabalhos, como parte de um estudo do tipo “estado da arte”.
Pudemos verificar, por exemplo, que as instituições onde foram produzidos os
trabalhos se localizam nas regiões Sudeste e Sul, com apenas um trabalho produzido
40
na região Centro Oeste (Brasília). Este dado corrobora outros dados de pesquisa em
âmbito nacional sobre a concentração da produção acadêmica em nível de pós-
graduação em duas regiões do país.
Guimarães (2003), por sua vez, apresenta uma proposta de análise da importância e
possibilidade da utilização da brincadeira, concluindo que o brincar na escola é uma
ótima ferramenta para a inserção de questões ambientais no cotidiano das crianças.
Isso porque, de acordo com a conclusão da dissertação, as crianças, durante as
brincadeiras de faz-de-conta, representam papéis trazendo à tona todo o contexto
vivido por elas dentro e fora da escola.
42
Berto (2008) por sua vez realizou estudo a fim de mensurar se uma brinquedoteca
virtual pode ser utilizada como ferramenta para capacitação de professores da
Educação Infantil em EA. Para tanto, foram utilizados materiais reaproveitáveis para a
confecção de brinquedos pedagógicos, chegando-se a conclusão sobre a importância
de se criar espaços alternativos e democráticos para a inclusão da Educação
Ambiental na formação dos professores, assim como se verificou que os projetos
voltados para a formação de professores em EA não costumam vislumbrar o
reaproveitamento de materiais para a construção de brinquedos. Por fim, o trabalho
ainda contribuiu para destacar a importância de uma brinquedoteca virtual frente à
carência de brinquedos pedagógicos nas escolas municipais, diminuindo um entrave
metodológico para as aulas de EA.
Silva (2011) realizou um estudo prático objetivando analisar a horta escolar como
ferramenta para a Educação Ambiental no Ensino Fundamental e na Educação Infantil.
Para além de apresentar uma revisão bibliográfica a respeito da importância da horta
escolar e das políticas legais e educacionais da Educação Ambiental, ainda dividiu o
trabalho em três etapas práticas, sendo que na primeira implantou uma horta escolar;
em seguida utilizou a horta como ferramenta de sensibilização ambiental dos
estudantes do Pré I e Pré II e; por último ofereceu atividades didático-pedagógicas para
contribuir com o processo de sensibilização. A fim de mensurar o potencial pedagógico
da horta como ferramenta de sensibilização ambiental, o autor utilizou o desenho a ser
realizado pelos alunos antes da visita à horta assim como depois. Concluiu, por fim,
que a horta escolar adaptada à educação infantil é uma ferramenta de sensibilização
ambiental, vez que possibilita o contato direto com os elementos bióticos e abióticos
ligados ao meio ambiente da horta.
44
etapa da escolarização as crianças precisam entrar em contato direto com o objeto do
conhecimento.
45
T.3.F: MUNHOZ, Regina Helena Educação Matemática e Educação Ambiental:
implantação de atividades interdisciplinares.
46
“A problemática do lixo, então, possui, vários apontamentos que devem ser
trabalhados em sala de aula, para qualquer faixa etária, sendo, segundo Zatta (1996),
princípio básico da Educação Ambiental o conceitos dos três “R”: reduzir a quantidade
de lixo, reduzir objetos várias vezes, e reciclar o que não é mais possível reduzir e nem
reutilizar”.
“Na manhã da conversa, não havia o menor sinal de silêncio no CMEI. Quem
habita o território da Educação Infantil sabe bem do que falo! Ali, na minha frente, um
homem que, ao perceber a motivação para a entrevista sobre a tradição de fazer
panelas e a de tirar a casca, como ele mesmo intitula seu oficio, preferiu marcar um
horário em que houvesse menos barulho, o que aconteceu no pátio próximo, à hora da
saída. O casqueiro também auxiliar de serviços gerais, congueiro, católico é um
homem segmentarizado. Ele habita vários platôs e aciona seus personagens quando é
a hora mais propícia. Na comunidade das Paneleiras, ele é um dos poucos homens
responsáveis por retirar a casca da árvore (Rysophora mangle) do manguezal”.
47
T.7.P: Coleta Seletiva (lixo) e compostagem
48
dentro de uma história que contava a vida de pangarés que eram pegos nas ruas de
Presidente Prudente e eram deixados nas áreas vizinhas à Cidade da Criança”.
“Nessa aula foi explicado para os alunos o que é uma bandeja de isopor e qual
sua finalidade, o que é substrato agrícola e vermiculita (“argila expandida”).
Posteriormente, os alunos se dirigiram ao quiosque e preencheram as bandejas com
substrato, adicionaram duas sementes de alface em cada célula e depois, nivelaram o
substrato com auxílio de uma folha de jornal”.
“Essa escolha se deu num dia em que havia marcado uma conversa com as
professoras do 1º ano do CMEI JS. O projeto possuía consonância com a cultura e as
Paneleiras. Elas estavam preenchendo suas pautas, quando uma delas expressou que
estavam ali para executar os trabalhos”.
50
T.P.7: Atividades práticas com envolvimento direto das crianças (trabalho com
projetos)
51
Quadro 3 – Unidades de Registro dos Trabalhos que tratam da
Formação Docente
Identificação Unidade de Registro
do Trabalho
“O educador tem a função de mediador na construção de referenciais
ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o
desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito de
natureza. ”
“[...]percebe-se que há uma dependência hierárquica quando se trata
da liberação das professoras para a participação em cursos – ‘Vai
depender da minha diretora autorizar’ - inviabilizando uma maior
T.1.F frequência em capacitações. O gestor da escola torna-se, na fala das
professoras, fundamental neste processo. ”
“O espaço do brincar, no contexto da Educação Infantil, necessita de
um projeto pedagógico nas escolas que possibilite espaços e
ferramentas necessários à educação da criança pequena. Conforme já
pontuamos nesta dissertação, a atividade lúdica tem sido considerada
importante elemento importante do desenvolvimento infantil e o
brinquedo tem se tornado centro de interesse dos educadores. ”
“[...] buscou-se valorizar as práticas já desenvolvidas no ambiente
T.2.F escolar segundo o plano de ação da escola.Essa estratégia pode
permitir que os participantes se sintam como educadores/gestores
ambientais, instituindo e mediando um diálogo de saberes [...]
“Uma das participantes narra sua percepção no ambiente educacional
e percebe que ‘lentamente temas como água, preservação, reciclagem,
interação com o meio ambiente estão incorporando a relação do
homem com o todo que o cerca. ’ Acreditamos que tal convicção se
aproxima dos objetivos propostos para a EA.”
“No decorrer das discussões e aprofundamento sobre o tema, notamos
que a EA se apresenta com uma lacuna na formação inicial de
professores [...]
“[...] tivemos a oportunidade de conviver por cerca de um ano letivo
T.3. F com as atividades interdisciplinares envolvendo questões
ambientais.Neste período, compreendemos que a EA não pode ser
trabalhada separada das demais disciplinas [...] Consistiam de jogos
ecológicos, dramatizações, vivências e atividades artísticas. Na
avaliação final deste projeto os professores relataram que os alunos
que estavam participando do mesmo tiveram mudanças de atitudes
significativas [...] e até o ambiente escolar ficou mais agradável. ”
“Ao final deste trabalho, pudemos traçar a ligação entre a trajetória da
pesquisadora e os resultados obtidos nesta pesquisa. Já há algum
tempo estamos lutando contra as implicações de poder dentro da
escola e, principalmente, não queremos que a Matemática continue
reforçando as desigualdades sociais, sendo reprodutora do sistema
capitalista.
“Os estudantes (professores em formação) precisam, eles próprios,
identificar valores sobre o uso racional dos recursos naturais, bem
como desenvolver um conjunto integrado de razões, que fundamente
uma ação mais crítica e comprometida com o mundo. ”
52
O último dos trabalhos aqui apresentados ser refere a uma discussão sobre o
processo de elaboração de conhecimentos na EI com base na Pedadagia Freinet, que
envolveu pesquisa empírica com a intenção de compreender como as crianças
constroem o conhecimento sobre a realidade. Neste caminho, a pesquisadora constrói
argumentos teóricos para fundamentar suas preocupações e para nortear a discussão
dos resultados que obteve nas propostas de trabalho com as crianças. Os resultados
da pesquisa realizada em T.4.Te, e que contribuem para nossa pesquisa sobre as
práticas pedagógicas dos professores de EI no trabalho com a EA foram identificados
nas seguintes unidades de registro:
“Esse tipo de procedimento (pesquisa ação) é congruente com o trabalho no campo de ensino
da Educação Infantil, em que o pesquisador (a professora) procura observar e compreender
melhor o fenômeno a ser estudado (o desenvolvimento das crianças), no local (a escola) onde
ele acontece (a professora está integrada ao ambiente escolar assim como as crianças) com a
pretensão de mudar e melhorar a prática pedagógica e a aprendizagem dos participantes
(professora e crianças). ”
“[...]os desenhos e produções que as crianças elaboraram no final do ano, continham indícios
de uma possível construção sobre o tempo futuro com a escolha da música Herdeiros do
Futuro para a festa comemoração. Mais precisamente ao justificarem a escolha demonstraram
reconhecer que o futuro é o tempo que ainda acontecerá, com incertezas identificadas na
música e em nosso estudo sobre ambientes e sua preservação.”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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destacaram como aspecto relevante considerar a realidade e o contexto escolar,
buscando envolver a comunidade em algumas ações, como a horta, por exemplo.
Por fim, foi possível analisar que para, além disso, as práticas de ensino que são
vistas pelas professoras como facilitadoras para o trabalho da EA na Educação Infantil,
de acordo com as dissertações selecionadas, dão conta da importância de se analisar
o contexto social/cultura/cotidiano das crianças, assim como o uso do lúdico e da
interdisciplinaridade para o trabalho com a EA na Educação Infantil.
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REFERÊNCIAS
56
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1971-1991: do bissetorialismo preservacionista para o multissetorialismo
orientado para o desenvolvimento sustentável. Campinas: Unicamp, 2006.
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APÊNDICE A - Teses localizadas no Banco Earte, utilizadas como corpus documental
Filtro Título
Recursos Didáticos Educação Ambiental: a horta escolar como ferramenta
de sensibilização ambiental.
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