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INSTITUTO DE BIOLOGIA
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Uberlândia – MG
Junho - 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE BIOLOGIA
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Uberlândia – MG
Junho - 2018
RESUMO
Por meio deste estudo foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa com caráter
descritivo a respeito da experimentação como estratégia para o ensino de Ciências e as
dificuldades que os professores dessa disciplina enfrentam ao planejar e executar suas
aulas. Tendo em vista a importância dos docentes como mediadores no processo de
ensino-aprendizagem, é fundamental que a escolha da experimentação, como
metodologia de ensino, favoreça a aproximação entre o conhecimento científico e o
conhecimento prévio dos estudantes de maneira que tal processo possa ser contemplado.
Desse modo, a coleta de dados foi realizada mediante a aplicação de um questionário para
oito professores de Ciências da rede estadual de ensino do município de Uberlândia (MG).
Os resultados obtidos evidenciaram a importância da experimentação, atrelada ao ensino
teórico, como uma estratégia pedagógica no processo da construção da aprendizagem.
Porém, por meio da análise dos dados foi possível perceber que raramente as aulas
práticas são empregadas em razão das dificuldades mencionadas pelos professores,
principalmente pela falta de um laboratório de ciências, a escassez de materiais e o
elevado número de alunos por turma. Considerando os desafios apontados, é necessária
uma mobilização do poder público e do corpo escolar com a finalidade de proporcionar
aos professores e estudantes um ensino mais eficiente e com qualidade.
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
1.1. Regulamentação do ensino de Ciências na Educação Básica..........................5
1.2. O método experimental............................................................................... 6
1.3. O professor de ciências e as aulas experimentais ........................................7
2. JUSTIFICATIVA........................................................................................................10
3. OBJETIVOS ...............................................................................................................10
3.1. Objetivo Geral ..............................................................................................10
3.2. Objetivos específicos ................................................................................... 10
4. METODOLOGIA........................................................................................................10
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................11
5.1. Perfil dos professores ....................................................................................11
5.2. Análise do questionário.................................................................................12
6. CONCLUSÃO.............................................................................................................20
7. REFERÊNCIAS..........................................................................................................21
8. APÊNDICE..................................................................................................................24
9. ANEXO........................................................................................................................27
5
1. INTRODUÇÃO
1.1. Regulamentação do ensino de Ciências na Educação Básica
No Brasil, o componente curricular de Ciências do Ensino Fundamental,
constituído na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Nº 9.394/96,
compõe a matriz curricular das escolas da Educação Básica. Como descrito no Artigo 35,
Inciso IV de tal lei: “A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos
processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”.
Nesse sentido, o disposto no inciso IV abarca o componente curricular de Ciências,
além de ressaltar a importância da relação entre a teoria e a prática. Assim, a escola é
um espaço público, sob a orientação e a supervisão de profissionais, que oferece o
desenvolvimento, oportunidades e condições propícias de aprendizagem, abrangendo
significativamente todas as experiências adquiridas pelos estudantes, sejam nos
aspectos culturais, sociais, históricos, cognitivos ou mesmo afetivos.
Desse modo, o processo de ensino-aprendizagem abrange questões importantes
na formação dos estudantes como a ética, a assimilação da fundamentação científico-
tecnológica e na sua autonomia intelectual, nesse sentido:
Essas questões estão inseridas em políticas públicas, como pode-se verificar nas
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conforme descrito na Lei Nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, Seção II da educação infantil no Artigo 29:
[...] isso não significa admitir que podemos adquirir uma compreensão dos
conhecimentos teóricos através de experimentos, mas que as dimensões
teóricas e empíricas do conhecimento científico não são isoladas. Não se trata,
pois, de contrapor o ensino experimental ao teórico, mas de encontrar formas
que evitem essa fragmentação no conhecimento, para tornar a aprendizagem
mais interessante, motivadora e acessível aos estudantes (BORGES, 2002,
p.16).
2. JUSTIFICATIVA
Tendo em vista que é fundamental proporcionar aos estudantes caminhos que
facilitem uma aprendizagem para o ensino de Ciências, a experimentação tem ganhado
um notório destaque, pois pode favorecer o desenvolvimento intelectual de cada estudante
nos aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais.
Mediante as facilidades e dificuldades que professores de Ciências da educação
básica enfrentam em relação à execução de aulas experimentais, verificou-se a
necessidade de investigar tal temática em escolas estaduais do município de Uberlândia,
visando contribuir para que ambos, professores e estudantes possam contemplar o ensino
de Ciências de maneira estimulante e efetiva.
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral:
Investigar as dificuldades que professores da educação básica possuem em relação
a experimentação como estratégia de ensino.
4. METODOLOGIA
O presente trabalho consistiu de uma pesquisa qualitativa, por meio de uma
análise descritiva com coleta de dados mediante questionário, o qual foi aplicado a 20
11
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
considerando tanto professores quanto professoras, está entre 5 e 21 anos, com média de
12 anos.
Apenas 12,5% dos professores disseram que a escola na qual lecionam possui
laboratório de ciências para a execução de aulas experimentais. 87,5% dos entrevistados
indicaram a inexistência do mesmo. É notório a escassez de laboratórios de ciências nas
escolas públicas brasileiras, pois de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC) e com
base nos resultados do Censo Escolar da Educação Básica 2017, somente 11,5% das
escolas públicas de ensino fundamental no Brasil possuem laboratório para o ensino de
Ciências.
É perceptível, que o ensino público no Brasil cada vez mais enfrenta graves
problemas, principalmente pela falta de assistência e planejamento do poder público.
Nesse sentido, o poder público na Educação Básica, através do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) é o responsável em captar enormes quantias
orçamentárias para o melhoramento e o desenvolvimento da educação, incluindo desde
da infraestrutura até o cumprimento de políticas públicas.
Os investimentos públicos na educação refletem diretamente na qualidade do
ensino. As dificuldades que se observam nas escolas em relação a infraestrutura como um
todo e a ausência de laboratório (quando presente percebe-se a precariedade do mesmo)
está atrelada à falta de recursos financeiros. Visando melhorias na área da educação, cabe
13
estratégia raramente, enquanto que 33,3% empregam-na com muita frequência. E 25%
responderam que não faz uso de aulas práticas.
Nota-se que a grande maioria dos docentes possuem dificuldades em realizar aulas
práticas, seja pela inexistência de espaço físico quanto pela falta de investimentos e
aquisição de materiais. Mesmo que as aulas práticas sejam realizadas em outros
ambientes, como a sala de aula por exemplo, é fundamental que este tenha boas condições
como iluminação, pias com torneiras em suas proximidades, mesas cobertas com material
resistente à produtos químicos e ainda dispor de um local seguro para armazenamento de
vidrarias e materiais frágeis (WEISSMANN, 1998).
Dessa forma, as atividades práticas podem ser realizadas em ambientes
alternativos, possibilitando assim o desenvolvimento de habilidades dos estudantes
através do uso de materiais recicláveis e não-consagrados, por exemplo, (GIOPPO, et. al,
1998). Desta forma, ao optar pela execução de atividades práticas em uma sala de aula
convencional, o professor deverá buscar caminhos mais simplificados para o êxito de tal
execução, levando sempre em consideração a realidade da escola.
Nessa questão, 12,5% não responderam à pergunta. Verificou-se que 37,5% dos
professores informaram que os alunos fazem somente observação em suas aulas práticas
enquanto que, 12,5% responderam que os alunos fazem a observação e a experimentação
concomitantemente. Contudo, 12,5% dos docentes disseram que não realizam aulas
práticas. Ainda, 25% responderam que para a realização das aulas práticas, outros fatores
devem ser levados em consideração, como o conteúdo a ser ministrado e a disponibilidade
de materiais que a escola oferece.
Segundo Andrade e Massabni (2011), a atividade prática não pode ser constituída
apenas como uma atividade meramente mecânica na medição ou mesmo na observação,
sem que seja extraída alguma “lição” sobre o objeto a ser estudado. Nesse sentido, as
aulas práticas pressupõem uma participação efetiva tanto do professor quanto do aluno
em relação ao processo de ensino-aprendizagem, necessitando de uma análise reflexiva
15
Os resultados dessa questão indicam que 50% dos professores informaram que as
aulas práticas são facilitadoras para o processo de ensino e aprendizagem, porém, 50%
indicaram que as aulas práticas são complementos para tal.
Percebe-se que nas escolas as experimentações, como facilitadoras no ensino-
aprendizagem é um importante recurso metodológico para os professores, como também
para a complementação do conhecimento. Pois, é por meio das junções das aulas práticas
com as aulas teóricas que os alunos acabam ampliando a aprendizagem, o conhecimento
e as suas habilidades, principalmente quando estes estão comprometidos e empenhados
com os ensinamentos proporcionado pelos professores (PENICK, 1998).
Em relação aos recursos que a escola oferece para que as aulas experimentais
sejam executadas, 50% dos docentes responderam que há materiais didáticos como
modelos anatômicos, apostilas ou livros, 25% informaram que há microscópio óptico e
lâminas, 25% afirmaram a existência de materiais básicos como vidrarias, pipeta,
béqueres, luvas ou tubos de ensaio e, finalmente, 25% responderam a questão informando
que a escola não oferece recursos e que por isso fazem uso de próprio material, além de
modelos didáticos e painéis. Não responderam a essa pergunta 12,5% dos professores. Na
referida questão, mais de uma alternativa foi assinalada pelos docentes.
Em análise as respostas apresentadas pelos professores, é notório a carência de
recursos didáticos nas escolas para a ministração de aulas experimentais. Segundo
Kimura (2010) os recursos didáticos têm como objetivo principal facilitar a assimilação
dos conteúdos nas aulas, tornando-as mais atraentes e dinâmicas, sendo, portanto, de
grande importância para o ensino.
Contudo, o professor deve ter cautela nas elaborações e execuções de aulas
práticas, pois para que as atividades sejam realmente eficazes para o ensino e
aprendizagem. Alguns fatores devem ser levados em consideração, como os recursos
disponíveis, os objetivos pretendidos e os conhecimentos prévios dos alunos em relação
ao conteúdo (BORGES, 2007).
a autora aponta que as principais funções das aulas práticas são de estimular e manter o
interesse dos estudantes, compreender os conceitos básicos, desenvolver habilidades,
despertar e criar a capacidade do aluno em resolver problemas e ainda aproximar o aluno
das investigações científicas (KRASILCHIK, 2008).
Importante salientar que as aulas práticas de ciências não garantem que o ensino
realmente irá proporcionar uma aprendizagem significativa, pois cabe a cada professor
planejar as atividades experimentais de modo que colaborem no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos.
A esta questão 62,5% dos docentes indicaram que as aulas práticas devem ser
feitas depois das aulas teóricas e 37,5% apontaram que as aulas práticas devem ser feitas
juntamente com as aulas teóricas.
Ao analisar a questão, o professor que opta em utilizar de aulas práticas em sua
maioria ou quase que exclusivamente depois das aulas teóricas acaba apresentando uma
concepção de que, essas aulas são uma forma de comprovar se os conhecimentos foram
realmente aprendidos, ou seja, as aulas práticas tornam-se um complemento das aulas
teóricas.
De acordo com os dados obtidos por Coquidé (2008), ao analisar os roteiros das
aulas práticas, percebe-se que o professor acredita ser suficiente apenas apresentar e
provar a teoria para que a aprendizagem seja realmente efetiva. Porém, como mencionado
por Alvarez (2002), as aulas práticas que se limitam apenas a ilustrar a teoria, acabam
aquém da sua potencialidade, pois inibe o aluno em relação aos estímulos científicos,
curiosidades e a sua autonomia. Desse modo essas aplicações acabam sendo semelhantes
as aulas teóricas, e assim pouco conhecimento científico é acrescentado aos alunos.
Entretanto, é importante acentuar que a execução das aulas práticas antes ou após
as aulas teóricas dependerá de variantes como o conteúdo, o tempo, a disponibilidade de
recursos e local apropriado, planejamentos das aulas e dos roteiros. Por isso, cabe ao
professor realizar suas aulas práticas no momento mais oportuno, sem se preocupar em
seguir uma ordem específica.
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QUESTÃO 9. Quais as fontes de informações que você utiliza para preparar as aulas
práticas?
(a) Livros.
(b) Internet.
(c) Você mesmo prepara.
(d) Outras fontes. Quais? _______________________________________________
QUESTÃO 10. Quais as principais dificuldades que você encontra para realizar as
aulas experimentais? Descreva brevemente.
materiais (75%), elevado número de alunos (37,5%), falta de estrutura física adequada
(25%), falta de monitor (12,5%), indisciplina dos alunos (12,5%), dificuldades
concernentes a reserva do espaço (12,5%), problemas com a chave do laboratório
(12,5%), falta de incentivo da escola (12,5%), tempo limitado de aula (12,5%) e
quantidade de conteúdo (12,5%). Mediante os dados obtidos, pode-se afirmar que as
maiores dificuldades que os professores se deparam para a realização das aulas
experimentais nas escolas públicas são a falta de um laboratório de Ciências e a falta de
materiais para essas aulas.
Nas escolas públicas, em geral, as atividades práticas são realizadas no mesmo
turno da disciplina, desse modo é perceptível as dificuldades dos professores ao
programarem as aulas experimentais. Outro ponto importante diz respeito aos estudantes;
os professores têm se deparado com salas de aula cada vez mais repletas de alunos e,
muitos destes com elevada indisciplina, o que, por muitas vezes, desmotiva tais
professores a executarem atividades práticas, além do tamanho reduzido dos espaços
físicos.
Mesmo diante, de todas as dificuldades apontadas pelos professores com relação
à execução de aulas experimentais, verifica-se que o laboratório de ciências é um espaço
essencial de ensino-aprendizagem. É perceptível como a maioria dos professores
participantes do presente estudo relatam o quanto o mesmo é fundamental, em associação
com todas as condições necessárias para seu uso e manutenção, podendo contribuir,
significativamente para a formação de um estudante-cidadão, pois oportuniza ao mesmo
diversas experiências, como desenvolver habilidades, raciocínio, capacidade de
observação, conforme Hofstein; Lunetta (1982), além de coleta e registro de dados de
pesquisa e informações com consequente elaboração de roteiros. Logo, o estudante tem a
possibilidade de se tornar um sujeito crítico e reflexivo, quando tal espaço é utilizado
adequadamente, tanto por ele mesmo quanto pelo professor, visando uma aprendizagem
significativa.
Portanto, a aulas experimentais são necessárias para que os estudantes tenham
uma base sólida de conhecimento científico, sobretudo se o professor realizar as
experiências relacionando-as com o cotidiano e levando em consideração o conhecimento
prévio do aluno. Diante disso, se houvesse maiores investimentos por parte do poder
público para a construção de laboratórios equipados, contratação de técnicos,
oferecimento de ações de formação continuada, adequação de carga horária e de
conteúdos e apoio e colaboração do corpo escolar, visando, principalmente, o
20
6. CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente trabalho proporcionou uma análise reflexiva em
relação à execução de aulas experimentais, pois a pesquisa evidenciou a importância das
aulas práticas como uma prática pedagógica no processo da construção da aprendizagem.
Durante a realização da pesquisa, um dos grandes obstáculos foi em relação à aplicação
do questionário, pois foi claramente perceptível a resistência das escolas em autorizar a
coleta de dados dos professores. E outro obstáculo foi com os próprios professores que
por motivos não mencionados pelos mesmos, criaram resistência em responder ao
questionário, fazendo com que os dados obtidos fossem abaixo do esperado.
Apesar das dificuldades recorrentes apresentadas pelos professores para a
realização de aulas práticas ao longo de sua trajetória acadêmica, é possível notar que a
maioria dos docentes reconhecem a importância das mesmas para o ensino de ciências e
buscam alternativas que auxiliem seus estudantes a alcançarem uma aprendizagem muito
mais significativa por meio da experimentação. Desta forma, é possível que estes
estudantes se tornem mais críticos e com um aprendizado efetivo, independentemente do
espaço físico, seja ele um laboratório de ciência ou mesmo uma sala de aula.
21
7. REFERÊNCIAS
BOGDAN, R. e BIKLEN, S.K. qualitative research for education. Boston, Allyn and
Bacon, inc., 1982.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
APÊNDICE 1
A EXPERIMENTAÇÃO E OS DESAFIOS DOS PROFESSORES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA
QUESTIONÁRIO
1- A escola possui laboratório de ciências?
( ) Sim ( ) Não
9- Quais as fontes de informações que você utiliza para preparar as aulas práticas?
(a) Livros.
(b) Internet.
(c) Você mesmo prepara.
(d) Outras fontes. Quais? __________________________________________________
10- Quais as principais dificuldades que você encontra para realizar as aulas
experimentais? Descreva brevemente.
Nome:
Idade:
Área:
27
ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
_______________________________ ________________________________
Ariádine Cristine de Almeida Luana Cristina Oliveira da Silva
Eu aceito participar do projeto citado acima, voluntariamente, após ter sido devidamente
esclarecido.
_______________________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa