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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA


(PPGECM)
PROJETO PARA SELEÇÃO – MESTRADO ACADÊMICO

MARIA DO SOCORRO DA SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS LICENCIATURAS DO CENTRO ACADÊMICO DO


AGRESTE DA UFPE: abrindo o mapa e identificando as rotas percorridas

Metodologias e Práticas de Ensino de Ciências e Matemática

INTRODUÇÃO

“Surto de coronavírus é reflexo da degradação ambiental, diz PNUMA’ - Programa


das Nações Unidas para o Meio Ambiente em reportagem publicada no site
unenvironment.org, em 03 de março de 2020.

Essa e outras notícias divulgadas ao longo do ano de 2020 sobre a relação entre o
surgimento do coronavírus e a questão ambiental global realimentaram em mim o
questionamento: o que cada um de nós está fazendo para diminuir essa degradação
ambiental e deixar um mundo possível para as futuras gerações?

A importância da preservação da natureza e o papel de cada ser humano nessa


tarefa é assunto que está presente em mim desde que me entendo por gente. Nasci e cresci
em região rural e onde se vive da e na natureza de forma mais direta, percebe-se
constantemente sua importância, seu tamanho, sua força e sua fragilidade diante da
exploração humana.

Como educação formal fiz graduação em bacharelado em ciência da computação e


especialização em psicopedagogia, mas não atuo em nenhuma dessas áreas. Trabalho há
catorze anos na área administrativa como assistente em administração.

Ao perceber que a Educação Ambiental é um tema pesquisado pelo PPGECM na


linha de pesquisa Metodologias e Práticas de Ensino de Ciências e Matemática comecei a
me aprofundar no tema através de livros, artigos, notícias e informações diversas surgiu em
mim o desejo de me desenvolver nesse tema.

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Mergulhando na literatura, principalmente no livro “Educação ambiental em foco”, na
legislação (Lei Nº 9.795/1999 e Resolução Nº 2 de 15 de junho de 2012 do CNE),
dissertações e diversos artigos colhidos nos Periódicos da CAPES e na Revista Eletrônica
do Mestrado em Educação Ambiental, entre outros, surgiu-me o seguinte questionamento:
como o Centro Acadêmico do Agreste - CAA está ofertando a Educação Ambiental nas
graduações e nas pós-graduações? O que de fato está sendo feito dentro do CAA para
contribuir com a formação de indivíduos conscientes e capazes de realizar a conservação
do meio ambiente?

Delimitando a questão, cheguei ao seguinte problema de pesquisa que desejo


desenvolver: como é realizada a formação em Educação Ambiental nos cinco cursos de
licenciatura (Física, Intercultural Indígena, Matemática, Pedagogia, Química) do Centro
Acadêmico do Agreste da UFPE?

O objetivo geral da pesquisa será: entender como está sendo realizada a Educação
Ambiental no Centro Acadêmico do Agreste da UFPE, tendo como base a formação de
professores nos seus cinco cursos de licenciatura.

Os objetivos específicos serão: a) levantar os registros relacionados à Educação


Ambiental nos Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) e ementas de cada um dos cinco
cursos de licenciatura do CAA bem como no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)
da UFPE/CAA; b) investigar a presença da Educação Ambiental e como os alunos das
licenciaturas a acessam; c) investigar de que forma os docentes das licenciaturas
trabalharam a Educação Ambiental na formação dos futuros professores da educação
básica; d) analisar a relação da educação superior do CAA com as Políticas Nacionais de
Educação Ambiental.

A Educação Ambiental na sua proposta de realização através da


interdisciplinaridade e transversalidade, como orienta as políticas públicas nacionais e
internacionais, traz a possibilidade de se trabalhar sistemicamente o conhecimento, os
problemas e as soluções. Por ter alguma experiência com a abordagem sistêmica devido a
uma formação em constelações familiares sistêmicas, perceber que esse tema conecta tudo
de forma crítica e transformadora, ampliou ainda mais minha percepção de mundo e me
apaixonei ainda mais pelo tema de EA e por isso o escolhi como tema de pesquisa.

Diante do cenário atual global de crises (ambientais, sociais, políticas e econômicas)


e do enfraquecimento das políticas nacionais de meio ambiente e de educação, a pesquisa
aqui proposta poderá traçar uma visão geral mais aprofundada da atual condição da
formação em Educação Ambiental no CAA/UFPE podendo servir contribuir em novos
passos no seu desenvolvimento.

A Pandemia da Covid-19 parou o mundo em 2020, ao mesmo tempo que


impulsionou a ciência a aprender ainda mais sobre a natureza. O enfrentamento à doença e
a nova forma de viver pós pandemia exigirá muito dos recursos naturais, produzindo mais
lixo e esgotamento de reservas, tornando cada vez mais urgente fazer da Educação
Ambiental uma realidade em todos os níveis e formas de educação para que ocorra uma
transformação socioambiental verdadeiramente sustentável e justa.

Registro aqui que não tenho nenhuma formação ou experiência formal em Educação
Ambiental. O que posso oferecer para realizar a pesquisa é um enorme desejo de estudar e
trabalhar para contribuir com o tema.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para iniciar a pesquisa usarei o referencial teórico abaixo descrito e as indicações


presentes nas obras mais atualizadas e relevantes que li até o momento, bem como as
muitas que surgirão no decorrer da pesquisa.

A Presidência da República na Lei 9.795/1999 define e caracteriza a Educação


como:

Art. 1° Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos


quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999).

Art. 2 º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da


educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos
os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não
formal. (BRASIL, 1999).

A Resolução Nº 2, de 15 de junho de 2012 do Conselho Nacional de Educação do


Brasil estabelecendo as Diretrizes Curriculares para a Educação Ambiental, determina em
seu Art. 15 que: “O compromisso da instituição educacional, seu papel socioeducativo,
ambiental, [...] são componentes integrantes dos projetos institucionais e pedagógicos da
Educação Básica e Superior”.

No livro “Educação ambiental em foco”, organizado por Carla Vestena e Fábio


Souza, são encontrados sete artigos de pesquisadores de diversas regiões do Brasil que
investigam o tema da Educação Ambiental na Educação Básica e Superior com enfoques
diversificados e bem atuais, versando sobre: Educação Ambiental no ensino médio;
Educação Ambiental e formação de docentes; sensibilização ambiental; procedimentos
metodológicos à Educação Ambiental; interdisciplinaridade na Educação Ambiental; e
Ecologia mental. Na referida obra, encontramos um reforço teórico ao que preconiza a
legislação ambiental brasileira e vai mais além:

A presença da Educação Ambiental nos currículos, consciência de modo


contínuo e permanente, tem a finalidade de possibilitar a formação de uma
socioambiental por parte dos alunos, esse processo, com efeito, supõe uma
constante relação consciência-mundo na dinâmica das transformações da
realidade e como experiência intra e interindividual de conhecer e sentir,
decidir e agir na construção dos contextos de vida (FREIRE, 1980; 1988;
apud Carneiro, 2016 p. 48 in Vestena, 2016).

A UNESCO nos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” e em suas metas para


atingir a Agenda 2030 mostra ainda mais a relevância e urgência na necessidade de
implantação da Educação Ambiental nas escolas:

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Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e
habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável,
inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento
sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de
gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e
valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o
desenvolvimento sustentável. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS,
2015, p. 22 apud CORRÊA; ASHLEY, 2018 p.104).

Com os referenciais teóricos acima podemos encontrar as coordenadas iniciais para


começar a pesquisa. Muito há para ser analisado para alcançar seu objetivo final.

METODOLOGIA

A pesquisa será de natureza exploratória. Os procedimentos adotados para a coleta


de dados serão: a) a pesquisa documental dos PPCs e ementas dos cinco cursos de
licenciatura e do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFPE/CAA e dos registros de
possíveis projetos e eventos desenvolvidos com a temática da Educação Ambiental nos
últimos quatro anos; e b) o levantamento de dados através da aplicação de questionários
individualizados semiabertos, realizados por e-mail ou presencialmente, com discentes
concluintes de cada curso escolhidos voluntariamente e com docentes ativos de cada curso
e, num segundo momento, entrevistas presenciais ou remotas semiestruturadas com
docentes ativos que ministraram aulas com a temática ambiental nos últimos quatro anos e
coordenadores de cada curso.

As entrevistas poderão ser gravadas com gravador de áudio ou aplicativo de


chamada remota quando consentidas pelos docentes.

A análise dos dados será realizada através da análise de conteúdo.

Os resultados de pesquisa serão entregues na forma de uma dissertação de


mestrado acadêmico.

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CRONOGRAMA

2021 2022 2023

MARÇO

OUTUBRO

MARÇO

JUNHO

OUTUBRO
ABRIL

ABRIL
FEVEREIRO

MAIO
JUNHO
JULHO

SETEMBRO

NOVEMBRO
DEZEMBRO
JANEIRO
FEVEREIRO

MAIO

JULHO

SETEMBRO

NOVEMBRO
DEZEMBRO
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
AGOSTO

AGOSTO
Atividades

1- Disciplinas
obrigatórias e
eletivas
2- Adequações
do projeto de
pesquisa
3- Elaboração
de instrumenos
para a coleta
de dados
3-Pré-teste dos
instrumentos
de pesquisa
4- Cadastro do
projeto de
pesquisa na
Plataforma Brasil
5-
Encaminhamen
to do Projeto
para
qualificação
6- Qualificação
do Projeto
7- Coleta e
verificação dos
dados
8- Análise e
interpretação
dos dados
9- Escrita da
dissertação
10-
Encaminhamen
to do artigo
(adaptado da
dissertação)
para periódico
Qualis A ou B
11-
Encaminhamen
to da
dissertação
para Defesa
12- Defesa da
Dissertação

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REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, 2011.

BRASIL. Presidência da República. Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a


educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, 1999.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm. Acesso em 09/12/2020.

BRASIL. Presidência da República. Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012 – Estabelece


as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Brasília, 2012. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rcp002_12.pdf. Acesso em: 09/12/2020.

CORRÊA, Mônica Marella; ASHLEY, Patricia Almeida. Desenvolvimento sustentável,


educação ambiental e educação para o desenvolvimento sustentável: reflexões para o
ensino na graduação. REMEA, Rio Grande, v. 35, n.1, p. 92-111, jan./abr. 2018. Disponível
em: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/7417/5185. Acesso em: 03 jan. 2021.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

KRAMMEL, Izaura Rodrigues da Fonseca; BALDIN, Nelma. Ambientalizar a universidade –


uma ação possível. REMEA, Rio Grande, v.34, n.2, p. 275-295, maio/ago. 2017. Disponível
em: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/7118. Acesso em: 03/01/2021.

KUSS, Anelise Vicentini; CARLAN, Francele de Abreu; BEHLING, Greici Maia; GIL,
Robledo Lima. (orgs.). Possibilidades metodológicas para a pesquisa em educação
ambiental. E-book. Disponível em:
https://wp.ufpel.edu.br/educambiental/files/2017/05/possibilidades-metodologicas-da-
pesquisa-em-educacao-ambiental.pdf. Acesso em: 02 dez. 2020.

SOUTO, Cristiane Félix da Silva. Educação ambiental em escola pública: reflexões a


partir da abordagem de trabalhos por projetos no ensino de ciências, Caruaru – PE.
Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) – Programa de Pós-
graduação em Educação em Ciências e Matemática, Universidade Federal de Pernambuco,
Campus Agreste, Caruaru, 2018. Disponível em:
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32194. Acesso em: 09 dez. 2020.

Surto de coronavírus é reflexo de degradação ambiental, afirma PNUMA.


UNENVIRONMENT, 03 mar. 2020. Disponível em:
https://www.unenvironment.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/surto-de-
coronavirus-e-reflexo-da-degradacao-ambiental-afirma. Acesso em: 28 dez. 2020.

VESTENA, Carla L. B.; SOUZA, Fábio M. de (orgs.). Educação ambiental em foco. 1. ed.
São Carlos: Pedro e João Editores, 2016, 209p.

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