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HAGAR DIK BROWNE

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BROWNE, Dik. O melhor de Hagar, o horrível. Porto Alegre: L&PM, 1997. p. 17.

Distinguiremos a argumentação definida como a ex-


Textos pressão de um ponto de vista, em vários enunciados ou
em um único, e mesmo em uma única palavra; e a argu-
argumentativos mentação como modo especifico de organização de uma
constelação de enunciados. As duas definições não são,
de modo algum, incompatíveis.
CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Diciondrio
de andlise do discurso. São Paulo: Contexto, 2004. p. 52.

~ argumentação é a expressão de um posicionamento


em_ relação a um assunto, e, na interação social, tem
como função principal influir no ponto de vista do
outro, o interlocutor, ou, pelo menos, apresentar-lhe
um ponto de vista de forma clara. Por conta disso, a
argumentação é também um.modo es ecífíco de orga-
niza ão das ideias concretizadas em enunciados: um
encadeamento lógico guiado pelo raciocínio. Assim, a
expressão de um ponto de vista e o modo específico de
organização não só são noções compatíveis, como com-
plementares: a eficiente expressão de uma argumenta-
ção depende da organização das ideias que a formam.
o texto: leitura e reflexão
Trabalhador não é máquina
A vida de um desempregado é horrível, porque na nossa sociedade tudo depende do
trabalho: salário, contatos profissionais, prestígio e (quando se é católico) até o resgate
do pecado oríginal e o bilhete de ingresso para o paraíso. Portanto, se falta o trabalho,
falta tudo.
Mas corre-se o risco de que o
problema do desemprego colo-
que em segundo plano o proble-
ma de quem tem um emprego.
Com uma frequência sempre
maior, a vida do trabalhador é
transformada num inferno, por-
que as organizações das empresas
se preocupam em multiplicar a
quantidade de produtos, mas não
dão a mínima para a felicidade de
quem os produz.

DE MAS!, Domenico. O ócio criativo. 209


Rio de Janeiro: Sextante, 2000. p. 17. Charles Chaplin em cena do filme Tempos modernos. --i

o O texto que você acabou de ler é argumentativo. Comente as características que


permitem classificá-I o como tal.

o Levando em conta as funções da linguagem estudadas no capítulo 4, diga qual delas


é predominante no texto. Justifique.
o
ã'5.,
11 As conjunções são palavras que se prestam a estabelecer relações lógicas entre seg-
u'"
mentos textuais. Nos trechos abaixo, indique o tipo de relação estabelecida pelas
conjunções destacadas.
a) "A vida de um desempregado é horrível, porque na nossa sociedade tudo de-
pende do trabalho [...]"
b) "Portanto, se falta o trabalho, falta tudo."
c) "Mas corre-se o risco de que o problema do desemprego coloque em segundo
plano o problema de quem tem um emprego."

11 Considerando o tipo de texto, comente por que o autor optou pelo uso do artigo
indefinido na passagem "A vida de um desempregado é horrível".

D Observando os verbos que aparecem no texto, responda:


a) Qual o tempo e modo predominantes?
b) Consifuando o tipo de texto, por que o autor empregou os verbos nesse tempo
e modo?
m Ao expor suas ideias, o autor recorre a substantivos que nomeiam coisas de que fala:
trabalho, emprego e desemprego. Como esses substantivos são classificados pela
gramática? Comente o uso desse tipo de substantivo no texto.

D No texto predomina a linguagem formal; no entanto, em certa passagem, o autor


utiliza uma expressão típica da linguagem coloquial. Aponte-a e reescreva o trecho
em que ela aparece, utilizando a linguagem formal.

As sequências argumentativas
o textode abertura do capítulo é um texto argumentativo. Nele, o autor
afirma que a vida de um desempregado é horrível, mas chama a atenção para
que não se deixe em segundo plano o problema daqueles que têm emprego.
Tomando como base o texto de abertura deste capítulo, observe algumas
características de um texto argumentativo .

• Uso de.palavras que nomeiam.idéias e.conceitos.Itrabalho, dever, direi-


to, capacidade, solidariedade, retribuição, satisfação, respeito etc.): En-
quanto os textos narrativos e descritivos tratam dos seres em particular, os
textos argumentativos remetem a conceitos genéricos, abstratos; por isso
210 há grande ocorrência de ~ubstantivos abstratos.

• Ausência de t~llº-ralidade;...Ao contrário das seqüências narrativas, os


textos argumentativos não apresentam temporalidade, ou seja, não há pro-
gressão de acontecimentos no tempo; por isso, neles predominam verbos
no presente do indicativo com valor atemporal. Observe estes trechos do
texto:
"A vida de um desempregado é horrível [... j"
"l ] tudo depende do trabalho [...j"
"[ ] se falta o trabalho, falta tudo."

• Encadeamento de ideias: Se nos textos narrativos o encadeamento dos


enunciados decorre da seqüência cronológica dos acontecimentos, nos
textos argumentativos ele decorre das relações lógicas existentes entre
os segmentos que o compõem, ou seja, os enunciados relacionam-se por
ideias de causa, consequência, oposição, conclusão etc.; por isso, o uso
adequado dos conectivos tem papel fundamental na amarração das ideias.
Observe este trecho do texto:
"l ...] a vida do trabalhador é transformada num inferno, porque as organizações das
empresas se preocupam em multiplicar a quantidade de produtos, mas não dão a míni-
ma para a felicidade de quem os produz."
• n' un ões or ue e mas relacionam se mentos do texto estabelecendo
entre eles, res
-
e causa/conse uência e adversidade'
--- j
• Presença de operadores argumentativos: Operadores argumentativos são
palavras e expressões presentes na estrutura gramatical do texto cuja fun-
ção é introduzir variados tipos de argumentos. No texto, as conjunções,
além de estabelecerem nexo lógico entre enunciados, funcionam como
operadores argumentativos na medida em que orientam o interlocutor
para determinadas conclusões e não outras.

A teoria na rática
Direito ao trabalho em condições justas
o trabalho permite à pessoa hu-
mana desenvolver sua capacidade
física e intelectual, conviver de modo
positivo com outras pessoas e realizar-
-se integralmente como pessoa. Por
isso, o trabalho deve ser visto como
um direito de todo ser humano.
Mas o trabalho é, ao mesmo tempo, o modo pelo qual
cada pessoa expressa a solidariedade devida às demais
pessoas, é o meio através do qual cada um dá sua 2U
retribuição por tudo o que recebe dos demais. Visto desse
ângulo, o trabalho é um dever de toda pessoa humana.
Todas as atividades que contribuam para melhorar a
qualidade de vida das pessoas, aumentando o bem-estar
material, proporcionando satisfação estética, favorecen-
do o equilíbrio psicológico e propiciando a paz espiri-
tual, são dignas e úteis. Assim, todos os trabalhadores são igualmente merece- o
"2'5..
dores de respeito, seja qual for o trabalho que executem, pois todos contribuem
para que as outras pessoas tenham atendidas suas necessidades básicas e pos- u'"
sam viver melhor.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Viver em sociedade.
São Paulo: Moderna, 1985. p. 5-6.

o Que tipos de sequências textuais aparecem no texto? Comprove sua resposta.

o Observe alguns substantivos presentes no texto: capacidade, direito, solidarie-


dade, retribuição, dever, qualidade, bem-estar, satisfação, equilíbrio, paz,
respeito, necessidades. Levando em conta a tipologia textual, justifique a ocor-
rência desse tipo de substantivo.

D O segundo parágrafo inicia-se pela conjunção adversativa mas. As conjunções


adversativas se prestam a estabelecer relação de oposição entre segmentos de um
texto. Indique que ideias são opostas pela conjunção mas.
11 Nos textos argumentativos, o autor intenta persuadir o interlocutor, fundamentando
o que afirma por meio de argumentos convincentes. Que argumentos são utilizados
para fundamentar que o trabalho é um direito? Quais são utilizados para justificar
que é um dever?

11 Observe estas duas frases do texto:


"Por isso, o trabalho deve ser visto como um direito de todo ser humano."
"Visto desse ângulo, o trabalho é um dever de toda pessoa humana."
a) A que classe gramatical pertencem as palavras destacadas? A que termo se refe-
rem? Qual seu sentido nas frases?
b) Considerando o tipo de texto, comente por que o autor optou pelo uso desse tipo
de palavra nas passagens acima.

m Dissemos que a função dos operadores argumentativos é introduzir argumentos,


orientando o discurso para certas conclusões e não outras. Nos trechos abaixo, in-
dique que tipo de argumento é introduzido pelas expressões destacadas.
a) "O trabalho permite à pessoa humana desenvolver sua capacidade física e intelec-
tual, conviver de modo positivo com outras pessoas e realizar-se integralmente
como pessoa. Por isso, o trabalho deve ser visto como um direito de todo ser
humano."
b) "Assim, todos os trabalhadores são igualmente merecedores de respeito, seja qual
for o trabalho que executem, pois todos contribuem para que as outras pessoas
212
tenham atendidas suas necessidades básicas e possam viver melhor."

Mãos à obra
Leia os textos abaixo, extraídos da revista MIV, ed. 24, abro 2003, p. 40.

SegundoaLein. 3.708/2001 e o Decreto n. 30.766/2002, De acordo com a Lei n. 3.524 e de-


~O% das vagas da Universidade do Rio de Janeiro (UER]) e cretos, 50% das vagas da UER] devem
da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) ser para candidatos que estudaram ao
devem ser destinadas a candidatos auto declarados pardos e longo do ensino fundamental e médio
negros. em escolas públicas no Rio de]aneiro.

"Sou contra a reserva para negros e pardos porque acho que o Daniel Femandes, 25 anos,
problema da não inserção do negro na faculdade não é sua cor, e auto declarado pardo, primeiro
sim sua condição socioeconômica. O negro não entra na faculdade colocado em medicina no ves-
porque não teve condições de estudar em bons colégios, não fez tibular da UER]/2003.
cursinho, teve que trabalhar, enfim, porque é pobre."

Com base na coletânea lida, escreva um texto argumentativo em que você


se posicione a respeito do sistema de reserva de vagas nas universidades
públicas.
.,
Operadores argumentativos
Você já viu que o eradores j!IgUmentativos são certos elementos da lín-
gua, explícitos na pr:ópria estrutura gramatical da frase, cuja finalidade é a de
i~icar a argumentatividade dos enunciados. Eles introduzem variados tipos
de argumentos que apontam para determinadas conclusões.
Do ponto de vista gramatical, as palavras que funcionam como operadores
argumentativos são os conectivos (notadamente as conjunções), os advérbios
e outras palavras que, dependendo do contexto, não se enquadram em ne-
nhuma das dez categorias gramaticais (são classificadas como palavras deno-
tativas: até, inclusive, também, afinal, então, é que, aliás etc.).
Observe, por meio de exemplos, como funcionam esses operadores:
No Brasil, ainda há crianças fora da escola.

Nesse enunciado, o advérbio ainda orienta o interlocutor no sentido de


inferir algo pressuposto: antes do momento da enunciação já havia crianças
fora da escola e o fato de esse problema persistir não é um bom indicador
para o país.
Embora muitos adolescentes que trabalham frequentem a escola, poucos conse-
guem concluir os oito anos de escolaridade básica.

Nesse, a conjunção embora introduz argumento que se contrapõe ao ex- 213

posto na oração seguinte.

Tipos de operadores argumentativos


Como dissemos, os operadores argumentativos são utilizados para intro-
duzir variados tipos de argumentos. Vejamos os mais comuns:
• operadores que, introduz m ar umentos que ~e s~~ a outro tendo em
vista uma mesma conclusão: e, nem, também, não só ... mas também, não
só ... mas ainda, além disso etc.
Os efeitos danosos do trabalho infantil sobre a escolarização são sentidos não só nas
crianças menores mas também nos adolescentes.

• operadores que(illiroduzem e nciadnssxprimind concluç o em relação


ao que foi expresso anteriormente: logo, portanto, então, em decorrência,
consequentemente etc.
O trabalho infantil prejudica o desenvolvimento físico, emocional e intelectual da
criança, portanto deve ser combatido.

• operadores qu introduzem ar umentos Aue se fontrapõem a outro visan-


do a uma conclusão contrária: mas, porém, todavia, embora, ainda que,
mesmo que, apesar de etc.
Muitas pessoas são contra a exploração de crianças e adolescentes, mas poucas fa-
zem alguma coisa para evitar que isso aconteça.
Esses operadores são geralmente representados pelas conjunções adver-
sativas e concessivas. A opção por um determinado tipo de conjunção tem
implicações na estratégia argumentativa.
Por meio das adversativas (mas, porém, todavia, contudo etc.), intro-
duz-se um argumento que leva o interlocutor a uma conclusão contrária a
que chegaria se prevalecesse o argumento usado no enunciado anterior.
Com as concessivas (embora, se bem que, ainda que etc.), o locutor dá a
conhecer previamente o argumento que será invalidado.

Observe:
Milhões de crianças e adolescentes trabalham no Brasil, mas isso é proibido pela
Constituição.
Embora a Constituição proíba, milhões de crianças e adolescentes trabalham no Brasil.

• operadores que introduzem argumentos alternativos: ou, ou ... ou, quer ...
quer, seja... seja etc.
Ou sensibilizamos a sociedade sobre os efeitos danosos do trabalho infantil, ou o
problema persistirá.

• operadores que estabelecem relações de comparação: mais que, menos


que, tão ... quanto, tão ... como etc.
O problema do trabalho infantil é tão grave quanto o do desemprego.
214
• operadores que estabelecem relação de justificativa, explicação em relação
ao enunciado anterior: pois, porque, que etc.
Devemos tomar uma decisão urgente, pois o problema tende a se agravar.

• operadores cuja função é introduzir enunciados pressupostos: agora, ain-


da, já, até etc.
Até o Papa manifestou sua indignação.

Nesse enunciado, pressupõe-se que outras pessoas, além do Papa, te-


nham manifestado indignação. Compare a força argumentativa do enun-
ciado contrapondo-o a outros:
O padre manifestou sua indignação.
O bispo manifestou sua indignação
Até o Papa manifestou sua indignação.

Nesse caso, há uma escala argumentativa ascendente (orientada do ar-


gumento mais fraco para o mais forte: o Papa). Numa escala argumentativa
negativa, os termos estariam em ordem descendente e o argumento mais
forte viria introduzido por nem mesmo.
O acontecimento não teve nenhuma repercussão: o Papa não se manifestou, o bispo
também não, nem mesmo o padre da paróquia fez qualquer referência ao assunto.

A função de introduzir o argumento mais forte de uma escala argumen-


tativa também pode ser exercida pelos operadores inclusive, até mesmo,
ao menos, no mínimo etc.
• operadores cuja função é introduzir enunciados que visem a ratificar, esclare-
cer um enunciado anterior: isto é, em outras palavras, vale dizer, ou seja etc.
Duas de cada 10 crianças trabalhadoras, ou seja, 20%, não frequentam a escola.

• operadores cuja função é orientar a conclusão para uma afirmação ou ne-


gação: quase, apenas, só, somente etc.
O número de crianças e adolescentes que trabalham é muito grande: quase quatro
milhões.

o operador argumentativo quase aponta para a afirmação da totalidade e,


normalmente, encadeia-se com muitos e a maioria.
Apenas (e seus equivalentes só e somente) aponta para a negação da tota-
lidade e, normalmente, encadeia-se com poucos e a minoria.

A teoria na rática
Trabalho infantil

215

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Garoto trabalhando em lixão (Ca- u
rapicuíba, Grande São Paulo).

Menina polindo peça de cerãmica para ajudar a família


(Maragogipinho, BA).

Apesar da proibição constitucional do trabalho de crianças e adolescentes meno-


res de 16 anos, estima-se que cerca de 3,8 milhões de crianças e adolescentes entre
5 e 16 anos trabalhem no Brasil. Isso prejudica seu desenvolvimento físico, emocio-
nal e intelectual. Duas de cada 10 crianças trabalhadoras não frequentam a escola e,
como consequência, a taxa de analfabetismo entre essas crianças atinge 20,1 %, con-
tra 7,6% no caso das crianças que não trabalham. Na faixa etária de 15 a 17 anos,
também se notam os efeitos danosos do trabalho sobre a escolarização. Dentre os
adolescentes que trabalham, somente 25,5% conseguiram concluir os oito [atual-
Filmoteca mente, nove] anos de escolaridade básica, enquanto entre os adolescentes que não
Infâncias roubadas. trabalham, esse percentual é significativamente maior: 44,2%.
Direção de Len Morris. Para reduzir o trabalho infantil é preciso ter uma abordagem integrada que iden-
2002. Esse
documentário norte- tifique as crianças que trabalham, sensibilize a sociedade sobre os danos morais, físi-
-americano mostra cos e intelectuais do trabalho infantil, adapte as escolas para receber essas crianças,
depoi mentos de
crianças exploradas ofereça atividades culturais, esportivas, educativas e de lazer às crianças e compense
em países como a redução da renda familiar.
Brasil, fndia,
paq u istão e Estados Disponível em: -cwwwuntcef.org/brazíló-. Acesso em: 27 dez. 2007.
unidos, entre outros.
Um trabalho
comovente, que pode D "Trabalho infantil" é um texto argumentativo estruturado em dois parágrafos. Co-
contribuir muito para mente a função de cada um deles.
a reflexão sobre o
tema e para a
produção de textos o Em que está centrada a argumentação?
argumentativos.
IJ Um dos mecanismos que conferem coesão a um texto é a anáfora, que consiste na
retomada de um conceito anteriormente expresso. No trecho "Isso prejudica seu
desenvolvimento físico, emocional e intelectual", que elemento do texto é retomado
por isso?

n A argumentação ocorre não só no plano das ideias (apresentação de dados, fatos,


RomanolStolen Childhoods
testemunhos, opiniões etc.), mas também no próprio plano da estrutura gramatical
do texto, na medida em que existem palavras cuja função é a de introduzir argumen-
tos, orientando o discurso para as conclusões desejadas. Nos trechos a seguir, in-
216 dique que tipo de argumento é introduzido pelas expressões destacadas.

.,"'" a) "Apesar da proibição constitucional do trabalho de crianças e adolescentes meno-


::l
X
~ res de 16 anos, estima-se que cerca de 3,8 milhões de crianças e adolescentes
'"oe- entre 5 e 16 anos trabalhem no Brasil."
b) "Na faixa etária de 15 a 17 anos, também se notam os efeitos danosos do trabalho
sobre a escolarização".
c) "Í ...] é preciso ter uma abordagem integrada que identifique as crianças que tra-
balham, sensibilize a sociedade sobre os danos morais, físicos e intelectuais do
trabalho infantil, adapte as escolas para receber essas crianças, ofereça atividades
culturais, esportivas, educativas e de lazer às crianças e compense a redução da
renda familiar."

Mãos à obra
Redija um texto argumentativo manifestando seu ponto de vista sobre o
trabalho infantil. Além de externar sua opinião, você poderá citar dados,
opiniões de outras pessoas e exemplos. Procure chegar a uma conclusão
que aponte para a solução do problema. Não se esqueça de usar adequada-
mente os operadores argumentativos: por meio deles você introduzirá os
argumentos que orientarão o interlocutor para as conclusões a que você
pretende chegar.
"

Além dos textos já trabalhados neste capítulo, apresentamos a seguir uma


coletânea que pode servir de subsídio para sua argumentação.

I. A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e ex-
ploração. Não será objeto de nenhum tipo de tráfico. Não se deverá permitir que a
criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permiti-
do que a criança dedique-se a, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego
que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento
físico, mental ou moral.
Princípio IX da Declaração Universal dos Direitos da Criança.

lI. Esta situação [crianças trabalhando] é, em parte, decorrente da baixa renda


de muitas famílias, para as quais o trabalho infantil é uma questão de sobrevivên-
cia. Os empregadores, por sua vez, aproveitam-se da mão de obra infantil, que se
submete a salários mais baixos. Os organismos sindicais se omitem por se tratar de
setores não organizados da economia. E, muitas vezes, os próprios pais ou respon-
sáveis consideram o trabalho preferível à escolarização por ser mais "educativo e
rentável".
LAClYNSKI, Patricia; PAULICS, Veronika (com apoio do Unicef).
Disponível em: <www.polis.org.br/publicacoesldicasl231556.htmI>. Acesso em: abro 2003.
J
III. Estudos indicam que, na área urbana, a taxa de participação de menores no 217

trabalho inicialmente decresce com a escolaridade, sendo maior entre aqueles que
nunca frequentaram escola do que entre os que têm de 1 a 4 anos de estudos com-
pletos. Todavia, a partir desse último grupo, a taxa de participação cresce com a
idade. Na área rural, ao contrário, a taxa de participação decresce com a idade, em
níveis bem mais elevados do que os da área urbana. O fato de as taxas de participa-
ção aumentarem com a escolaridade na área urbana sugere a atração que os merca-
dos de trabalho das cidades exercem sobre o trabalho infantil.
Disponível em: <www.presidencia.gov.br/publi_04/COLECAOrrRABIN2.HTM>.
Acesso em: abro 2003.

IV. No Brasil, milhões de crianças trabalham para ajudar a complementar a renda


familiar. Esta é seguramente a expressão mais profunda e escandalosa do grau de
indigência a que chegamos neste país, que faz das suas crianças suas primeiras víti-
mas, diante da passividade da sociedade.
Herbert de Souza. Prefácio. In: AZEVEDO,Jõ; HUZAK, Iolanda. Crianças defibra.
São Paulo: Paz e Terra, 2000.

Textos ar umentativos nos exames

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