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Metodologias educacionais e uso das tecnologias como ferramenta no


processo de ensino-aprendizagem da educação ambiental de alunos do ensino
fundamental da escola UEB Ensino Fundam...

Chapter · February 2023


DOI: 10.36229/978-65-5866-246-4.CAP.12

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6 authors, including:

Ellen Nojosa Osmar Vasconcelos


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) Universidade Federal do Maranhão
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Educação Contemporânea – Volume 46

Capítulo 12
Metodologias educacionais e uso das tecnologias como
ferramenta no processo de ensino-aprendizagem da
educação ambiental de alunos do ensino fundamental
da escola UEB Ensino Fundamental Luis Viana
Danielly Christinne Ferreira e Ferreira
Ellen Cristine Nogueira Nojosa
Ryan Oliveira Rocha
Osmar Luís Silva Vasconcelos
Roberta Almeida Muniz
Lívia Caroline Praseres de Almeida

Resumo: No Brasil e no mundo muito se fala do ensino da educação ambiental (EA) e do


quão importante é tratar desse tema, não apenas como formação acadêmica, mas também
com o intuito de formar cidadãos conscientes, críticos e engajados com os problemas
ambientais de suas comunidades. Pensando neste cenário, este trabalho visou tratar da
educação ambiental com alunos do 9º ano da escola UEB Luís Viana, com a aplicação de
questionários, realização de palestras, atividades de campo e oficinas, onde se constatou
que cerca de 70% dos alunos tiveram contato com a EA na escola, mas de forma
superficial e rápida. O trabalho teve como produtos uma cartilha ambiental, disponível a
todos, e de um fluxograma multidisciplinar relacionando as disciplinas de matemática,
ciências e artes com a EA de modo transversal. Destarte, este trabalho ratificou que a EA
trabalhada de forma conjunta com outras disciplinas garante mais conhecimentos aos
alunos pela contextualização das aulas como também aprimora o seu senso crítico por
meio de reflexões geradas a partir dos problemas ambientais.

Palavras chave: interdisciplinaridade, sustentabilidade, transversalidade.

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Educação Contemporânea – Volume 46

1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a sociedade vem buscando cada vez mais por métodos de produção limpa que não prejudicam
o meio ambiente ou que causam o mínimo de dano possível. Tudo isto devido aos problemas ambientais
causados pelo ser humano ao longo de toda sua história na busca pelo desenvolvimento, fazendo uso dos
recursos naturais de maneira descontrolada e sem se preocupar com as futuras gerações (SALAMONI,
2021).
A temática ambiental vem sendo tratada desde a década de 60, com debates, congressos e conferências ao
redor do mundo, que tiveram como objetivo a discussão acerca da crise ambiental que já pairava sobre o
planeta, ressaltando a importância da educação ambiental (EA) (SOARES; FRENEDOZO, 2018). A
incorporação da temática ambiental no contexto escolar perpassa pelos caminhos do protagonismo e
autoconhecimento do aluno, abrindo espaço para reflexões sobre as práticas sociais através da construção
de uma percepção ecológica diante de uma sociedade consumista (REIS, SCHWERTNER, 2021).
De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Ambiental - Resolução CNE N.º 2, a EA é um
componente integrante, essencial e permanente no currículo escolar, que deverá ser abordada por meio do
conteúdo dos componentes curriculares, da transversalidade ou da conciliação de ambos (BRASIL, 2012).
Sendo assim, a EA não deve ser trabalhada de forma isolada apenas em projetos ou em datas comemorativas
ligadas ao meio ambiente, como é comumente tratada, pois dificulta o processo de aprendizagem no que
concerne aos temas importantes na formação do aluno.
O uso de metodologias educacionais no processo de ensino da EA necessita de estratégias que visem uma
melhor compreensão e proporcione maior interesse por parte dos alunos. Segundo Gomes e Pedroso
(2022), existem 4 tipos de abordagens para o ensino da EA, são elas: Abordagem Tradicional;
Comportamentalista; Humanista e Cognitivista. Destaca-se aqui a abordagem Cognitivista, na qual o ensino
se baseia em resolução de problemas e investigação, ligado às atividades recreativas que permitem a
interação do aluno com o meio, propondo um ambiente desafiador para desenvolvimento de habilidades
(GOMES; PEDROSO, 2022).
Ademais, a EA deve ser trabalhada dentro dos Temas Contemporâneos Transversais (TCT’s), que surgem
como alternativas para que, ao serem abordados de diferentes formas nas diversas disciplinas, o ensino se
dê de forma globalizada e próxima da realidade do educando (LANES, 2014). Com os conteúdos ambientais
entrelaçando todas as disciplinas do currículo e sua contextualização com a realidade, a escola contribuirá
de forma efetiva com a perspectiva de uma visão ampla do mundo.
Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo trabalhar a interdisciplinaridade da educação ambiental
fazendo uso de metodologias educacionais juntamente com os temas contemporâneos transversais,
propiciando aos alunos de uma escola pública de ensino fundamental do município de São Luís/Maranhão,
a reflexão sobre a temática ambiental, além de colocá-los como protagonistas do seu aprendizado.

2. METODOLOGIA
Este projeto foi desenvolvido por acadêmicos do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão/Campus São Luís - Monte Castelo (IFMA), sendo aplicado em
duas turmas do 9º ano da Unidade de Ensino Básico Luís Viana (2°32’10”S 44°16’10”W), localizada no bairro
da Alemanha em São Luís/MA.
O projeto se desenvolveu em cinco etapas:
I) A partir de reuniões entre os integrantes do IFMA, realizou-se um planejamento de execução do projeto,
sendo feito primeiramente um estudo diagnóstico do Projeto Político Pedagógico (PPP) da UEB Luís Viana,
buscando possibilidades de correlatar os conteúdos do currículo escolar com a Educação Ambiental;
II) Apresentou-se o projeto ao corpo discente, docente e gestão da escola, juntamente com a entrega do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE - Resolução CNS 466/2012) para os alunos entregarem
aos responsáveis;
III) Foram aplicados questionários com 23 discentes e entrevista com 2 docentes participantes, obtendo
assim informações sobre o entendimento de cada grupo no que tange a Educação Ambiental, para que assim
fossem trabalhadas as deficiências de cada um com base nos dados obtidos;

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IV) Realizaram-se palestras, atividade de campo para coleta de resíduos sólidos recicláveis domésticos e
oficina de confecção de composteiras domésticas. Estas atividades envolveram temas atrelados às questões
ambientais em que foram utilizados materiais visuais e uso de metodologias ativas como o aplicativo
Plickers®;
V) Participação dos alunos no III Ciclo de Debates em Agroecologia e Educação Ambiental promovido pelo
Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) do IFMA - Campus São Luís Monte Castelo, cujo tema envolveu
palestras referentes aos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) e educação ambiental.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir de entrevistas e rodas de conversas realizadas com os docentes, pode-se observar que a instituição
UEB Luís Viana apenas tratava a EA com projetos esporádicos e em matérias que já abordam o tema em seus
conteúdos estabelecidos, como as disciplinas de ciências e geografia, não abrangendo e nem se aproveitando
da interdisciplinaridade prevista no Projeto Político Pedagógico (PPP).
Os trabalhos de EA desenvolvidos pela escola UEB Luís Viana são esporádicos, simples e não apresentam
continuidade, ocorrendo apenas em um dia ou no máximo uma semana, levando a perda das aptidões
naturais para contextualização do saber. Isto é constatado quando 79% dos alunos afirmaram já terem
estudado sobre a EA, como mostra a figura 1.a, contudo esta é quase inteiramente vista apenas na disciplina
de ciências (figura 1.b), o que remete ao fato de que a interdisciplinaridade e transversalidade não são
trabalhadas pela escola. Ressalta-se aqui a importância da não se ater apenas ao rol de conteúdos
tradicionais, demonstrando que a unidade de ensino visa formar cidadãos críticos e engajados
ambientalmente com os problemas atuais, que levarão estes princípios sustentáveis ao seu grupo social,
formando um ciclo consciente (NEUMANN et al., 2018).
Nos questionamentos realizados durante as palestras, quanto ao entendimento pessoal de cada aluno sobre
o que era a EA, observou-se que o conhecimento prévio dos mesmos se limitava apenas ao conceito de meio
ambiente, embora suas respostas terem levado à conclusão de que os mesmos detém maior grau de
familiaridade com a EA, como observado nas figuras 1.a e 1.c.

Figura 1. Resposta dos discentes ao questionário sobre o ensino da educação ambiental na instituição
escolar

Fonte: IFMA, 2022.


Legenda: a) Ensino da educação ambiental; b) disciplinas que abordam o conteúdo da EA na perspectiva dos alunos; c)
participação dos alunos em projetos ou oficinas voltadas para o meio ambiente; d) preocupação dos alunos em relação
ao meio ambiente.

Posto isto, apesar de já conhecerem sobre o tema, os alunos não se mostraram capazes de debater sobre os
problemas ambientais locais e mundiais, tão pouco de apresentar e participar ativamente das soluções, o
que seria consoante aos objetivos da EA.
O professor deve mediar o processo de ensino-aprendizagem, juntamente com os outros docentes, para que
haja articulação entre os conhecimentos prévios dos alunos, seja do cotidiano deles ou de outras disciplinas,
de forma colaborativa, acrescentando informações mais estruturadas, racionais e atualizadas para melhor
compreensão dos alunos (REIS; SCHWERTNER, 2021). Mesmo com estas lacunas, os discentes
demonstraram ter preocupação quanto ao meio ambiente (figura 1.d), o que evidencia a importância da
educação ambiental a partir dos níveis básicos de ensino para construção de um pensamento crítico a
respeito dos problemas ambientais, visto que a preocupação dessa nova geração é o que resultará na

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conservação do meio ambiente e dos recursos naturais.


Pensando nesse quadro, o trabalho de coleta de resíduos sólidos domésticos propôs aos alunos a
experiência de que EA começa em casa, quando separamos o lixo e damos a ele o descarte correto.
Outrossim, os resíduos sólidos recicláveis de cada aluno foram quantificados e associados a assuntos
matemáticos (figura 2), como soma e fração.

Figura 2: Quantificação dos resíduos sólidos recicláveis coletados nas residências dos alunos

Fonte: IFMA, 2022.


De um total de vinte e três alunos, apenas oito realizaram a coleta, onde obtiveram quantias significativas
de resíduos coletados, evidenciando que suas residências produziram uma quantidade considerável de
resíduos recicláveis diários. Segundo dados da Associação Brasileira de Empresa Pública e Resíduos
Especiais, o Brasil produziu cerca de 82,5 milhões de toneladas de resíduos em 2020, destes apenas 60,2%
tiveram uma disposição final adequada, o que significa que cerca de 32,8 milhões de toneladas de resíduos
foram descartadas em lixões e aterros controlados (ABRELPE, 2021).
Na realização da oficina sobre Resíduos Sólidos e Compostagem Doméstica de Resíduos Orgânicos foram
confeccionadas composteiras utilizando a prática de reutilização de materiais, alcançando grande êxito, na
qual os alunos da UEB Luís Viana aprenderam sobre o funcionamento de uma composteira e o seu sistema
de compostagem, além de melhorar aspectos pessoais, como a iniciativa, trabalho em equipe, criatividade,
tomada de decisões e a auto avaliação. Relacionou-se também temas transversais das disciplinas de
matemática e ciências com a compostagem, utilizando da estatística e probabilidade, área do círculo e
retângulo, bem como o sistema de numeração para trabalhar o tempo de decomposição dos materiais.
Tais correlações podem ser vistas no fluxograma desenvolvido no fim do projeto (figura 3), onde se observa
que a EA possui vínculo com todas as ciências, basta o professor saber explorar o ponto de vista de cada
aluno sobre um referencial ambiental e a partir disso correlacionar aos assuntos escolares.
O projeto também gerou como produto a elaboração de uma cartilha ambiental com orientações sobre
práticas de conservação ambiental, com objetivo de contribuir com o processo de ensino aprendizagem dos
alunos, que pode ser acessada pelo link Cartilha Ambiental. Esta foi confeccionada a partir dos assuntos
abordados, de forma clara, objetiva, descontraída e de fácil entendimento para qualquer público, podendo
ser usada em sala de aula, capacitações em comunidades ou outros projetos relacionados à educação
ambiental, e até mesmo reproduzida e distribuída por entidades públicas, privadas ou sem fins lucrativos.

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Figura 3. Fluxograma multidisciplinar para aplicação em sala de aula contemplando a


interdisciplinaridade da educação ambiental

Fonte: IFMA, 2022.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados pode-se concluir que a maior dificuldade apresentada no decorrer do projeto foi obter
respostas e apoio dos professores da escola UEB Luís Viana, uma vez que poucos demonstraram interesse
e disponibilidade para que as atividades interdisciplinares propostas transcorressem.
Desde o início da realização do projeto, e dos encontros com os alunos, eles mostraram pouco conhecimento
e familiaridade com a Educação Ambiental e isto refletiu nas respostas dos questionários aplicados, porém,
quando o tema foi apresentado para os mesmos fazendo uso de metodologias diferentes das usadas no
ensino tradicional, utilizando-se da realidade e das vivências para trabalhar os assuntos, houve um retorno
positivo por parte dos alunos, ressaltando-se assim a importância da capacitação dos professores para
acrescentar metodologias novas e ativas em suas práticas pedagógicas e em suas aulas, e mais empenho ao
se tratar de temas transversais, como Educação Ambiental.

REFERÊNCIAS
[1] ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. 2022. Disponível em:
<https://abrelpe.org.br/panorama-2021/pdf>. Acesso em 20 de agosto de 2022.
[2] BRASIL. Resolução CNE Nº 2, de 15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, DF: MEC, p. 70-77, 18 jun. 2012. Seção 1.
[3] GOMES, Y. L.; PEDROSO, D. S. Metodologias de ensino em educação ambiental no ensino fundamental: uma
revisão sistemática. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, MG, v. 22, p. 1–33, 2022.
[4] LANES, K. G. et al. O ensino de ciências e os temas transversais: práticas pedagógicas no contexto escolar.
Revista Contexto & Educação [S.I], v. 29, n. 92, p. 21-51, 2014.
[5] LOURENCIO, R. C. et al. Percepção de professores quanto a abordagem da educação ambiental nas escolas de
ensino fundamental do município de Acarape. Anais… VII Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, Campina Grande,
PB, 2016.
[6] NEUMANN, S. et al. Educação ambiental no ensino fundamental: plantando sementes, colhendo consciência.
Poíesis Pedagógica, Catalão, GO, v. 16, n. 1, p. 27, jan./jun.2018.
[7] REIS, G. de A.; SCHWERTNER, S. F. Educação ambiental no ensino fundamental: aprendizagens estudantis e
seus reflexos para além da escola. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, PR, v. 21, n. 69, abr./jun. 2021.

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[8] SALAMONI, A. T. et al. Educação ambiental nos anos iniciais do ensino fundamental: várias formas de
trabalhar os seus temas. Revista Brasileira De Extensão Universitária [S.I.], v. 12, n. 1, pp. 65–75, jan./abr. 2021.
[9] SOARES, M. B.; FRENEDOZO, R. C. Sequência didática para inserção da educação ambiental no ensino
fundamental. Revista Triângulo, Uberaba, MG, v. 11, n. 1, jan./abr. 2018.

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