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Capítulo 12
Metodologias educacionais e uso das tecnologias como
ferramenta no processo de ensino-aprendizagem da
educação ambiental de alunos do ensino fundamental
da escola UEB Ensino Fundamental Luis Viana
Danielly Christinne Ferreira e Ferreira
Ellen Cristine Nogueira Nojosa
Ryan Oliveira Rocha
Osmar Luís Silva Vasconcelos
Roberta Almeida Muniz
Lívia Caroline Praseres de Almeida
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a sociedade vem buscando cada vez mais por métodos de produção limpa que não prejudicam
o meio ambiente ou que causam o mínimo de dano possível. Tudo isto devido aos problemas ambientais
causados pelo ser humano ao longo de toda sua história na busca pelo desenvolvimento, fazendo uso dos
recursos naturais de maneira descontrolada e sem se preocupar com as futuras gerações (SALAMONI,
2021).
A temática ambiental vem sendo tratada desde a década de 60, com debates, congressos e conferências ao
redor do mundo, que tiveram como objetivo a discussão acerca da crise ambiental que já pairava sobre o
planeta, ressaltando a importância da educação ambiental (EA) (SOARES; FRENEDOZO, 2018). A
incorporação da temática ambiental no contexto escolar perpassa pelos caminhos do protagonismo e
autoconhecimento do aluno, abrindo espaço para reflexões sobre as práticas sociais através da construção
de uma percepção ecológica diante de uma sociedade consumista (REIS, SCHWERTNER, 2021).
De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Ambiental - Resolução CNE N.º 2, a EA é um
componente integrante, essencial e permanente no currículo escolar, que deverá ser abordada por meio do
conteúdo dos componentes curriculares, da transversalidade ou da conciliação de ambos (BRASIL, 2012).
Sendo assim, a EA não deve ser trabalhada de forma isolada apenas em projetos ou em datas comemorativas
ligadas ao meio ambiente, como é comumente tratada, pois dificulta o processo de aprendizagem no que
concerne aos temas importantes na formação do aluno.
O uso de metodologias educacionais no processo de ensino da EA necessita de estratégias que visem uma
melhor compreensão e proporcione maior interesse por parte dos alunos. Segundo Gomes e Pedroso
(2022), existem 4 tipos de abordagens para o ensino da EA, são elas: Abordagem Tradicional;
Comportamentalista; Humanista e Cognitivista. Destaca-se aqui a abordagem Cognitivista, na qual o ensino
se baseia em resolução de problemas e investigação, ligado às atividades recreativas que permitem a
interação do aluno com o meio, propondo um ambiente desafiador para desenvolvimento de habilidades
(GOMES; PEDROSO, 2022).
Ademais, a EA deve ser trabalhada dentro dos Temas Contemporâneos Transversais (TCT’s), que surgem
como alternativas para que, ao serem abordados de diferentes formas nas diversas disciplinas, o ensino se
dê de forma globalizada e próxima da realidade do educando (LANES, 2014). Com os conteúdos ambientais
entrelaçando todas as disciplinas do currículo e sua contextualização com a realidade, a escola contribuirá
de forma efetiva com a perspectiva de uma visão ampla do mundo.
Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo trabalhar a interdisciplinaridade da educação ambiental
fazendo uso de metodologias educacionais juntamente com os temas contemporâneos transversais,
propiciando aos alunos de uma escola pública de ensino fundamental do município de São Luís/Maranhão,
a reflexão sobre a temática ambiental, além de colocá-los como protagonistas do seu aprendizado.
2. METODOLOGIA
Este projeto foi desenvolvido por acadêmicos do curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão/Campus São Luís - Monte Castelo (IFMA), sendo aplicado em
duas turmas do 9º ano da Unidade de Ensino Básico Luís Viana (2°32’10”S 44°16’10”W), localizada no bairro
da Alemanha em São Luís/MA.
O projeto se desenvolveu em cinco etapas:
I) A partir de reuniões entre os integrantes do IFMA, realizou-se um planejamento de execução do projeto,
sendo feito primeiramente um estudo diagnóstico do Projeto Político Pedagógico (PPP) da UEB Luís Viana,
buscando possibilidades de correlatar os conteúdos do currículo escolar com a Educação Ambiental;
II) Apresentou-se o projeto ao corpo discente, docente e gestão da escola, juntamente com a entrega do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE - Resolução CNS 466/2012) para os alunos entregarem
aos responsáveis;
III) Foram aplicados questionários com 23 discentes e entrevista com 2 docentes participantes, obtendo
assim informações sobre o entendimento de cada grupo no que tange a Educação Ambiental, para que assim
fossem trabalhadas as deficiências de cada um com base nos dados obtidos;
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IV) Realizaram-se palestras, atividade de campo para coleta de resíduos sólidos recicláveis domésticos e
oficina de confecção de composteiras domésticas. Estas atividades envolveram temas atrelados às questões
ambientais em que foram utilizados materiais visuais e uso de metodologias ativas como o aplicativo
Plickers®;
V) Participação dos alunos no III Ciclo de Debates em Agroecologia e Educação Ambiental promovido pelo
Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) do IFMA - Campus São Luís Monte Castelo, cujo tema envolveu
palestras referentes aos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) e educação ambiental.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir de entrevistas e rodas de conversas realizadas com os docentes, pode-se observar que a instituição
UEB Luís Viana apenas tratava a EA com projetos esporádicos e em matérias que já abordam o tema em seus
conteúdos estabelecidos, como as disciplinas de ciências e geografia, não abrangendo e nem se aproveitando
da interdisciplinaridade prevista no Projeto Político Pedagógico (PPP).
Os trabalhos de EA desenvolvidos pela escola UEB Luís Viana são esporádicos, simples e não apresentam
continuidade, ocorrendo apenas em um dia ou no máximo uma semana, levando a perda das aptidões
naturais para contextualização do saber. Isto é constatado quando 79% dos alunos afirmaram já terem
estudado sobre a EA, como mostra a figura 1.a, contudo esta é quase inteiramente vista apenas na disciplina
de ciências (figura 1.b), o que remete ao fato de que a interdisciplinaridade e transversalidade não são
trabalhadas pela escola. Ressalta-se aqui a importância da não se ater apenas ao rol de conteúdos
tradicionais, demonstrando que a unidade de ensino visa formar cidadãos críticos e engajados
ambientalmente com os problemas atuais, que levarão estes princípios sustentáveis ao seu grupo social,
formando um ciclo consciente (NEUMANN et al., 2018).
Nos questionamentos realizados durante as palestras, quanto ao entendimento pessoal de cada aluno sobre
o que era a EA, observou-se que o conhecimento prévio dos mesmos se limitava apenas ao conceito de meio
ambiente, embora suas respostas terem levado à conclusão de que os mesmos detém maior grau de
familiaridade com a EA, como observado nas figuras 1.a e 1.c.
Figura 1. Resposta dos discentes ao questionário sobre o ensino da educação ambiental na instituição
escolar
Posto isto, apesar de já conhecerem sobre o tema, os alunos não se mostraram capazes de debater sobre os
problemas ambientais locais e mundiais, tão pouco de apresentar e participar ativamente das soluções, o
que seria consoante aos objetivos da EA.
O professor deve mediar o processo de ensino-aprendizagem, juntamente com os outros docentes, para que
haja articulação entre os conhecimentos prévios dos alunos, seja do cotidiano deles ou de outras disciplinas,
de forma colaborativa, acrescentando informações mais estruturadas, racionais e atualizadas para melhor
compreensão dos alunos (REIS; SCHWERTNER, 2021). Mesmo com estas lacunas, os discentes
demonstraram ter preocupação quanto ao meio ambiente (figura 1.d), o que evidencia a importância da
educação ambiental a partir dos níveis básicos de ensino para construção de um pensamento crítico a
respeito dos problemas ambientais, visto que a preocupação dessa nova geração é o que resultará na
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Figura 2: Quantificação dos resíduos sólidos recicláveis coletados nas residências dos alunos
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REFERÊNCIAS
[1] ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. 2022. Disponível em:
<https://abrelpe.org.br/panorama-2021/pdf>. Acesso em 20 de agosto de 2022.
[2] BRASIL. Resolução CNE Nº 2, de 15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, DF: MEC, p. 70-77, 18 jun. 2012. Seção 1.
[3] GOMES, Y. L.; PEDROSO, D. S. Metodologias de ensino em educação ambiental no ensino fundamental: uma
revisão sistemática. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, MG, v. 22, p. 1–33, 2022.
[4] LANES, K. G. et al. O ensino de ciências e os temas transversais: práticas pedagógicas no contexto escolar.
Revista Contexto & Educação [S.I], v. 29, n. 92, p. 21-51, 2014.
[5] LOURENCIO, R. C. et al. Percepção de professores quanto a abordagem da educação ambiental nas escolas de
ensino fundamental do município de Acarape. Anais… VII Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, Campina Grande,
PB, 2016.
[6] NEUMANN, S. et al. Educação ambiental no ensino fundamental: plantando sementes, colhendo consciência.
Poíesis Pedagógica, Catalão, GO, v. 16, n. 1, p. 27, jan./jun.2018.
[7] REIS, G. de A.; SCHWERTNER, S. F. Educação ambiental no ensino fundamental: aprendizagens estudantis e
seus reflexos para além da escola. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, PR, v. 21, n. 69, abr./jun. 2021.
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[8] SALAMONI, A. T. et al. Educação ambiental nos anos iniciais do ensino fundamental: várias formas de
trabalhar os seus temas. Revista Brasileira De Extensão Universitária [S.I.], v. 12, n. 1, pp. 65–75, jan./abr. 2021.
[9] SOARES, M. B.; FRENEDOZO, R. C. Sequência didática para inserção da educação ambiental no ensino
fundamental. Revista Triângulo, Uberaba, MG, v. 11, n. 1, jan./abr. 2018.
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