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Educação Ambiental: Reuso de materiais alternativos como ação sustentável


em uma instituição de ensino fundamental em São Luís

Chapter · May 2023


DOI: 10.36229/978-65-5866-276-1.CAP.02

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8 authors, including:

Osmar Vasconcelos Ellen Nojosa


Universidade Federal do Maranhão Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA)
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Georgiana Eurides de Carvalho Marques Djanira Rubim


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) Universidade Federal do Maranhão
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Meio Ambiente, Sustentabilidade e Tecnologia - Volume 15

Capítulo 2
Educação Ambiental: Reuso de materiais alternativos
como ação sustentável em uma instituição de ensino
fundamental em São Luís
Jhovanna Teixeira Reis
Osmar Luis Silva Vasconcelos
Roberta Almeida Muniz
Ellen Cristine Nogueira Nojosa
Georgiana Eurides de Carvalho Marques
Djanira Rubim dos Santos
José Ghabriel de Pinho Soares
Kathlen Haryf dos Santos Nunes

Resumo: O reuso de materiais descartáveis surge como alternativa para o aprendizado da


Educação Ambiental (EA) associado com as disciplinas curriculares. Diante disto, o objetivo deste
artigo foi apresentar a Educação Ambiental por meio de reuso de materiais como ação sustentável
e ferramenta de auxílio no ensino prático em uma escola de ensino fundamental localizada em São
Luís. O projeto foi realizado entre o Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) e o Instituto Farina
do Brasil. Participaram da ação alunos do 6º ano, com idades entre 11 e 12 anos do ensino
fundamental maior, inseridos em aulas de reforço. No desenvolvimento das oficinas e jogos foram
utilizadas garrafas PET, embalagens Tetra Pak, retalhos de tecidos e papelão. Os alunos utilizaram
esses materiais que resultaram na confecção, por eles próprios, de jogos e utensílios escolares. Foi
observado que as práticas tiveram desempenho satisfatório em estimular a capacidade cognitiva
criativa concomitante ao trabalho em equipe e a percepção ambiental na criação de novos objetos
a partir de materiais reutilizáveis. Demonstrou-se que o reuso de materiais alternativos pode ser
trabalhado em sala como ferramenta para difusão da EA, além de fomentar a prática da extensão
das universidades e institutos à comunidade na qual estão inseridas.

Palavras-Chave: Reciclagem; Resíduos Sólidos; Crianças; Extensão Universitária.

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Meio Ambiente, Sustentabilidade e Tecnologia - Volume 15

1. INTRODUÇÃO
O contínuo desenvolvimento populacional, científico e tecnológico levou a sociedade a
repensar sobre os seus impactos negativos causado ao ambiente, neste contexto de
reflexão surge a Educação Ambiental (EA) em 1970 com intuito de discutir os modelos de
produção na expectativa de transformá-los em modelos sustentáveis que causem
menores impactos negativos e que não ameacem a própria vida humana na terra
(Rodrigues et al, 2013). A associação entre o meio ambiente, os recursos naturais e a
sustentabilidade sempre esteve presente na percepção humana e nas formas de vida,
mesmo sem estar necessariamente ligados ao conhecimento científico ou a conceitos
específicos (Rosa; Silva; Flach, 2021).
De acordo com Ferroli, Librelotto e Koerich (2017) educação ambiental pode se conectar
com projetos de extensão no qual o objetivo é buscar dar ênfase à sustentabilidade, tendo
por principal objetivo a educação e a conscientização ambiental das futuras gerações.
Consoante Kolcenti, Médici e Leão (2020), a escola tem primordial relevância durante o
processo de educação, em virtude de ser um ambiente social que visa criar indivíduos
críticos e reativos dentro da sociedade, sendo necessário que a Educação Ambiental seja
tratada de maneira interdisciplinar e não meramente repassada em conceitos biológicos.
A forma de conhecimento que é estendida de uma realidade para outra completamente
diferente, mostra o quanto as universidades têm se posicionado de maneira ímpar em
relação ao desenvolvimento dos cidadãos, com intervenções que promovam o senso de
responsabilidade para os indivíduos, dando ênfase às questões sociais e ambientais. Isto
posto, o objetivo deste artigo foi apresentar a educação ambiental por meio de reuso de
materiais como ação sustentável e ferramenta de auxílio no ensino prático em uma escola
de ensino fundamental em São Luís.

2. METODOLOGIA
A presente pesquisa foi realizada em parceria entre o Núcleo de Estudos em Agroecologia
(NEA), vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão
(IFMA – Campus São Luís - Monte Castelo), e o Instituto Farina do Brasil, ambos
localizados na zona urbana do município de São Luís/MA.
A intervenção escolar foi promovida por discentes do curso de Licenciatura em Química
do IFMA, com um total de 9 (nove) alunos matriculados na 6ª série do ensino fundamental,
que participaram das palestras e oficinas realizadas durante os horários cedidos para o
programa de reforço escolar promovido pela própria escola. O parecer do Comitê de
Pesquisa nº 978.585 emitido pelo Centro Universitário do Maranhão (CEUMA) aprova as
diretrizes desta pesquisa.
Através deste projeto buscou-se alternativas como uso de jogos didáticos aliados aos
conceitos trabalhados em sala de aula, para que os alunos fossem apresentados ao
universo da ciência, conhecendo o planeta terra e suas características, além de facilitar a
compreensão do que seria proposto ao longo do projeto. Dividiu-se então o projeto em
três momentos, que contemplaram a apresentação de conteúdo teórico, atividade lúdica
e oficinas de reciclagem de materiais encontrados no cotidiano dos próprios alunos.
No primeiro momento, apresentou-se aos alunos o tema sobre resíduos, por meio de uma
aula teórica, sendo está associada a uma roda de conversas para que os alunos
manifestassem suas opiniões e assim, se debatesse sobre o tema proposto, buscando

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despertar nos alunos o interesse para a preservação do meio ambiente. Para melhor
fixação do conteúdo, prosseguiu-se com a aplicação de atividade na forma de um jogo de
palavras cruzadas sobre o planeta terra e a importância da reciclagem e reuso dos
resíduos gerados.
Em um segundo momento, realizou-se a primeira oficina de produção de jogos com
resíduos inorgânicos, que também teve o intuito de fortalecer nos alunos o trabalho em
equipe. A vista disso, os alunos foram divididos em grupos e juntos produziram com um
papelão, tampas de garrafa pet e tinta guache, jogos de dama para que brincassem.
Por fim, o terceiro momento contou com a realização da segunda oficina na qual foram
confeccionados estojos personalizados utilizando cola e materiais reutilizáveis como
embalagens Tetra Pak e retalhos de tecidos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De maneira geral, foi observado que a maioria das crianças não tinha conhecimento sobre
a importância da reciclagem e do reuso de materiais, tendo apenas duas delas
demonstrado familiaridade com essas práticas por já terem realizado em suas próprias
casas. Essa constatação foi evidenciada durante uma conversa com a turma no primeiro
encontro. Esse resultado está em consonância com o estudo de Cabral, Ribeiro e Hrycyk
(2015), que observaram que muitos alunos do ensino fundamental não possuem uma
percepção ambiental bem definida em relação aos resíduos e ao meio ambiente.
Foi observado que é fundamental fornecer informações claras e concisas sobre a
importância da reciclagem e do reuso de materiais, a fim de reduzir o descarte inadequado
de embalagens e outros materiais. Dessa forma, as crianças podem adquirir novos hábitos
de conscientização e internalizá-los, tornando-se protagonistas na transformação da
comunidade. A reciclagem transforma resíduos em matéria-prima para a fabricação de
novos produtos, o que contribui para a redução do desperdício e do impacto ambiental.
Durante as atividades práticas com jogos de tabuleiro feitos com materiais alternativos
reutilizados, foi observado que os alunos interagiram em equipe na produção dos jogos
(Figura 1). A interação promovida pelos jogos de tabuleiro foi apontada por Santos,
Carneiro e Brito (2021) como uma metodologia pedagógica capaz de fomentar
competências como cooperação e competição, além de estimular o aprendizado de
conteúdos escolares.

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Figura 1. Confecção de jogo de tabuleiro - Dama

Fonte: Autores (2019).

A confecção de brinquedos de materiais alternativos como jogo de dado, tabuleiros de


papelão, dentre outros materiais reutilizáveis e recicláveis, também foram relatadas por
Castilho, Schroeder e Matos (2022) como uma forma de introduzir conceitos de Educação
Ambiental aliados as disciplinas curriculares e ainda fomentar a integração de indivíduos
na sociedade por meio de princípios de coletividade de atividades realizadas em grupos e
em ambiente escolar e não escolar.
Os alunos foram convidados a explorar uma alternativa para reutilizar embalagens de
caixas de leite (Tetra Pak) e retalhos de tecido descartados. A solução sugerida foi utilizar
a técnica de "decoupage" para criar uma solução sustentável que combinasse os dois tipos
de resíduos, transformando-os em estojos para guarda de materiais escolares (Figura 2).
De acordo com Ariska (2021), a "decoupage" é uma técnica que pode estimular o
desenvolvimento cognitivo e criativo das crianças durante a infância. Ao utilizarem essa
técnica, os alunos também foram capazes de aumentar sua percepção ambiental em
relação a materiais que são comumente descartados diariamente nas residências e que
levam um longo tempo para se decompor, gerando impactos negativos no ambiente.

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Figura 2. Confecção dos estojos escolares a partir de embalagens e retalhos de tecido

Fonte: Autores (2019).

4. CONCLUSÃO
De forma prática, demonstrou-se o reuso de materiais alternativos com abordagem clara,
natural e simples, proporcionando uma aprendizagem direcionada às situações propostas
no ambiente escolar e no cotidiano por meio da Educação Ambiental.
A implementação do ensino de forma lúdica nessas ações se mostrou extremamente eficaz
para facilitar a interação entre as crianças e os discentes do IFMA. Isso foi fundamental
para que o público-alvo pudesse entender o tema proposto, estimulando a curiosidade, o
fazer pedagógico e a conexão entre a prática e a teoria. É importante destacar a relevância
de projetos de extensão que promovem o engajamento entre a comunidade acadêmica de
ensino superior e a comunidade local. Projetos que transcendem os muros da academia e
envolvem a sociedade oferecem uma oportunidade de aprendizagem significativa e,
portanto, devem ser incentivados.

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REFERÊNCIAS
[1] ARISKA, K. Pemanfaatan Bahan Bekas dengan Decoupage untuk Mengembangkan Kreativitas
Anak Usia Dini pada Pembelajaran Online. KINDERGARTEN: Journal of Islamic Early Childhood Education,
v. 4, n. 2, p. 189-200, 2021.
[2] CABRAL, F. F.; RIBEIRO, I. de L.;HRYCYK, M. F. Percepção ambiental de alunos do 6º ano de escolas
públicas. Revista Monografias Ambientais, p. 151-161, 2015.
[3] CASTILHO, G. C. S.; SCHROEDER, S. M. Z.; MATOS, T. V. F. de. A EDUCAÇÃO FÍSICA E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA AGROECOLOGIA. Editora Realize. 2022.
[4] FERROLI, P. C. M.; LIBRELOTTO, L. I.; KOERICH, J. Extensão universitária aplicada em
sustentabilidade com foco em projeto de produtos: materioteca de produtos sustentável. 2017.
[5] KOLCENTI, S. G. R.; MÉDICI, M. S.; LEÃO, M. F.. Educação Ambiental em escolas públicas de Mato
Grosso. Revista Científica ANAP Brasil, v. 13, n. 29, 2020.
[6] RODRIGUES, A. L. L. et al. Contribuições da extensão universitária na sociedade. Caderno de
Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT-SERGIPE, v. 1, n. 2, p. 141-148, 2013.
[7] ROSA, G. M. da; SILVA, F. R. da; FLACH, K. A. Educação Ambiental na educação escolar e a
Responsabilidade Social: desafios e possibilidades nas questões ambientais. Revista Brasileira de
Educação Ambiental (RevBEA), v. 16, n. 5, p. 411-430, 2021.
[8] SANTOS, A. M. C. M.; CARNEIRO, V. de J. C.; BRITO, R. L. Ensinando a química e biologia através de
jogos educativos pelos alunos da 1ª e 2ª séries do IFMA campus Santa Inês. Brazilian Journal of
Development, v. 7, n. 1, p. 2484-2491, 2021.

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