Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Afonso Feitosa Reis Neto¹ , Fabiano Elias Pereira¹,Gleibson Ferreira¹, Marcos Moraes Valença¹ e Maria Helena
Gonçalves¹.
¹Grupo de Pesquisa Epistemologias Alternativas, Movimentos Sociais, Educação e Meio Ambiente, Campus
Recife – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, IFPE. E-mail:
afonsofeitosa@hotmail.com/ fabiano.eliaspereira@gmail.com/ marcosmvalenca@gmail.com
RESUMO
Este artigo apresenta uma análise sobre uma social sofrido por aqueles sujeitos excluídos
ação de educação ambiental realizada na Associação socialmente, e, por fim, realizaram uma oficina sobre
dos/as Catadores/as de Resíduos Sólidos de Itapissuma- mudas de hortaliças em garrafas pet. Destaque-se que
PE, onde foi materializada uma troca de saberes e tal atividade produziu a ecologia de saberes (SANTOS,
conhecimentos entre educandos/as do curso 2006), cujos conhecimentos e saberes foram
tecnológico de Gestão Ambiental, do IFPE, e respeitados e, consequentemente, visibilizados.
catadores/as da referida associação. No primeiro
momento, os/as educandos/as do IFPE executaram os
saberes práticos dos/as catadores/as e, em seguida,
apresentaram uma aula expositiva sobre resíduos
sólidos, uma peça teatral que focava o preconceito
This article presents an analysis of an action on performed a class about solid waste to the of collectors,
environmental education held in Association of the a play that focused social prejudice suffered by those
Collectors of Solid Waste in Itapissuma-PE, which was individuals socially excluded and finally held a workshop
materialized an exchange of knowledge and expertise on vegetable seedlings in plastic bottles. It is noteworthy
between students of the course of Technological that such activity produced the ecology of knowledge
Environmental Management from IFPE and collectors of (SANTOS, 2006), whose knowledge and wisdom were
the said association. At first the students from IFPE respected and thus visualized.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como finalidade refletir sobre a permuta de conhecimentos e saberes
realizada a partir de ações de educação ambiental ocorridas entre educadores/as, educandos/as
e catadores/as da Associação de Catadores/as de Materiais Recicláveis de Itapissuma-PE.
Partimos da premissa de que tais atividades resultam em uma ecologia de saberes, que, segundo
Boaventura de Sousa Santos (2006), gera o diálogo e o respeito entre os diversos saberes.
Para a análise deste artigo, fizemos um corte e selecionamos uma ação de Educação
Ambiental gerada numa interrelação entre educandos/as do curso superior de Gestão Ambiental
e os/as referidos/as catadores/as, através de uma aula ocorrida na própria associação, planejada
para dois momentos de ensino-aprendizagem: o primeiro, com os/as educandos/as aprendendo
o saber-fazer dos/as catadores/as, fazendo a prática deles/as com eles/as, e, num segundo
momento, os/as educandos/as apresentando uma aula expositiva sobre resíduos sólidos, uma
oficina de mudas de plantas medicinais com garrafas pet, e, por fim, uma peça teatral cujo tema
trata do preconceito social sofrido pelos/as catadores/as de materiais recicláveis. Destaca-se que
nesse segundo momento houve participação dos/as catadores/as, através de diálogo e interação
provocados pelos/as educandos/as.
Sublinhamos que o encontro marcou os/as educandos/as como uma das atividades mais
importantes que haviam vivenciado no decorrer do curso, que visa o cuidado com o meio
ambiente. Por parte dos/as catadores/as, ficou visível a alegria naquele dia importante, inclusive
para a elevação da autoestima daquelas pessoas estigmatizados/as como seres inferiores e de
poucos conhecimentos e saberes. Por outro lado, a atividade, enquanto uma das ações de uma
pesquisa-ação que vem sendo realizada no grupo de pesquisa, evidenciou a importância do
confronto entre conhecimentos e saberes distintos – sejam científicos ou não científicos – para a
formação pessoal e profissional dos sujeitos envolvidos.
MATERIAIS E MÉTODOS
A atividade realizada na Associação dos/as Catadores de Materiais Recicláveis de
Itapissuma, no dia 06 de junho de 2013, havia sido planejada no decorrer da disciplina de
Procedimentos Pedagógicos em Meio Ambiente, pertencente ao módulo de Educação Ambiental
do curso superior tecnológico em Gestão Ambiental1.
1
Trata-se de um curso superior tecnológico composto por 6 módulos: básico, educação ambiental, políticas públicas,
proteção ambiental, qualidade ambiental e TCC (monografia).
Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013 2
NETO ET AL (2013)
Com base nesses instrumentos, solicitou-se também que fizessem um plano de aula com
tema, objetivo, conteúdo, procedimentos metodológicos, instrumentos pedagógicos e avaliação.
Os/as educandos/as aceitaram a proposta.
Chamamos a atenção de que aqueles sujeitos são alvo de preconceitos e estigmas sociais3
pelo trabalho que realizam para a própria sobrevivência. Sublinhamos que, sobre todos/as, a
líder da associação declara ser consciente das consequências benéficas de seu trabalho diário
para com a natureza – que a desperta, através da prática, para uma consciência ambiental que
transpassa aos/às demais catadores/as da associação, promovendo assim um mundo melhor
para seus filhos.
O grande grupo de educandos/as foi submetido/a à saberes outros (Figuras 1 e 2), que se
referem à prática cotidiana e às tarefas correntes da entidade. A líder da associação, com um
carisma peculiar, escolhia os/as educandos/as para desempenharem cada tarefa: depositar
2
Antes de apresentarem aos/às catadores/as, os/as educandos/as apresentaram a aula expositiva, a peça teatral e
a oficina, em aula, ao professor de Procedimentos Pedagógicos em Meio Ambiente e ao professor de
Desenvolvimento de Meio Ambiente. Um aspecto que foi destacado é que eles/as estivessem cientes que os/as
catadores/as sabiam muita coisa sobre o meio ambiente que eles/as, educandos/as, não poderiam imaginar.
3
Podem ser estereotipados como “sujos” ou “marginais”, por exemplo.
Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013 3
NETO ET AL (2013)
material, colocar papelão na prensa, colocar material organizado para venda no caminhão,
separar os tipos de materiais alumínios, separar os diversos tipos de plásticos, varrer o depósito,
entrar num tanque para molhar papelão etc. As técnicas e posturas que contribuíam para a
realização mais eficiente daqueles trabalhos eram desconhecidas dos/as visitantes, porém
bastante enriquecedoras à compreensão do trabalho exercido.
A aula expositiva, cuja temática principal fora a questão dos resíduos sólidos, foi realizada
com muito cuidado, pois os/as educandos/as já estavam certos/as de que aqueles sujeitos que
diariamente cuidam do meio ambiente dominavam bastante o conteúdo que estavam
apresentando. Naturalmente, um diálogo foi travado. Destacamos que, quando foram abordados
os tempos de decomposição de certos resíduos sólidos, uma catadora declarou uma vivência
própria do tempo de decomposição de uma latinha de alumínio, que durou por volta de 20 anos,
apontando as diversidades das condições locais de cada ambiente; nesse momento, a mesma
catadora frisou os danos que um depósito de materiais (orgânicos e inorgânicos) pode causar ao
solo e aos rios.
A apresentação teatral surtiu um efeito positivo àqueles sujeitos no que diz respeito à
autoestima. Sorrisos, satisfação, interação foram expressões que marcaram a plateia, produzindo
bastante representatividade através daquele instrumento trabalhado.
A oficina de horta vertical, produzida com garrafas pet e constituída por mudas de rúcula,
manjericão, coentro e pimenta promoveu uma grande integração com os/as catadores/as. O
objetivo foi mostrar que é possível, em pequenos espaços e recipientes como as garrafas pet,
cultivar alimentos e/ou ervas medicinais, podendo contribuir tanto para a melhoria da qualidade
de vida quanto com o orçamento familiar, levando-se em conta o alto custo das hortaliças. Desta
forma, é possível viabilizar uma melhoria na qualidade da alimentação das pessoas ali presentes
e, sobretudo o embelezamento daquele local de trabalho, transpassando visualmente a ideia de
sustentabilidade.
Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2013 4
NETO ET AL (2013)
Por fim, os/as educandos/as levaram lanche e caixinhas com bombons para os/as filhos/as
dos/as catadores/as. Houve uma integração bastante agradável
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Descolonialidade do saber
Os conhecimentos e saberes não científicos são importantes no convívio social, pois podem
trazer muito beneficio à construção do conhecimento. Experiências realizadas em laboratório,
que ao analisar algumas partes no intuito de entender o todo, talvez não apresentem o que está
à mostra na natureza, onde o conhecimento não científico obtido pelas experiências dos
habitantes do local tem um rico saber. No diálogo estabelecido entre ambos, pode haver uma
troca de informações que constitui um potencial extremamente valioso para o entendimento dos
elementos ou para a construção de uma teoria. Assim, como vimos discutindo, mesmo sendo a
ciência segura em seus conceitos e informações, ela não é a uma forma de conhecimento
absoluto: as contribuições vindas de outros saberes são importantes na construção e desenrolar
de uma pesquisa.
Como já foi abordado, a ciência moderna ocidental apresenta-se como uma monocultura
do saber, posicionando-se como um conhecimento superior a outros conhecimentos e saberes
que passam a ser classificados como tradicionais, místicos – dentre outras denominações.
“A matriz cultural brasileira recebeu força europeia dominante, com intuito de silenciar as
matrizes indígenas e africanas”, afirma Gonçalves (2009: p. 02). Esse representante europeu
(Portugal) trouxe um conhecimento próprio, construído ao longo da história do “Velho Mundo” –
um conhecimento importante para nossa história, mas que, como observa o autor, tinha a
maldosa intenção de exterminar uma cultura nova, com muita coisa para construir no futuro, ou
simplesmente ofuscá-la, rotulando-a como fraca, atrasada e sem perspectiva futura,
configurando desse modo a colonização do saber lusitano frente ao saber local. Essa cultura
(sabedoria) é possuidora de conhecimentos cujos processos de construção diferem do europeu,
em função das diferenças de contexto. Mas, como vem sendo defendido, variadas formas de
conhecimento devem ter os mesmos direitos de sobrevivência, pois podem contradizer-se em
opiniões (que é natural) por motivos contextuais, mas devem ter direitos de expansão
igualitários. Então, o que se endossa é a extinção completa desse eurocentrismo, que é um
pensamento atrasado e errôneo desde sua concepção.
com uma nova turma de educandos/as de Gestão Ambiental, iremos ainda entrevistar os/as
catadores/as.
Por fim, destaque-se que o grupo de pesquisa encontra-se numa fase de diagnóstico inicial
das necessidades e desejos dos/as catadores/as. Assim, a partir delas, deseja-se fazer uma
pesquisa-ação, baseando-se em Thiollent (2004), que considera que uma pesquisa desta natureza
deve ser um projeto que busque os interesses tanto dos/as investigadores/as quanto dos/as
investigados/as, adotando com isso uma posição descolonizadora epistemológica em relação aos
sujeitos da pesquisa.
Educação Ambiental
Tomando como base a experiência adquirida com a atividade de pesquisa desenvolvida
pelo grupo, busca-se analisar a mesma através das questões da educação ambiental e do
reconhecimento (valorização) de outras formas de saber além do “acadêmico” no contexto dos
Catadores de Resíduos Sólidos. Esses saberes “alternativos” – leia-se alternativos à ciência – que
estão extremamente presentes na sociedade e que, em muitos momentos, são negligenciados
pela sua falta de legitimação frente às instituições que se consideram detentoras de todos os
saberes, excluindo aqueles que são construídos fora dela, reivindicam seu lugar de direito no
contexto da importância do conhecimento.
modo de ensinar bancário fica mais latente nas questões relacionas com o meio ambiente, já que
esses, em sua grande maioria, entram em contato direto com os saberes alternativos,
ocasionando, muitas vezes, uma repulsa entre o saber formal e esse. O choque quase que
inevitável entre esses dois mundos epistemológicos distintos ocorre, em sua grande maioria, pela
falta de empatia para com o outro. O tecnicista acredita que o seu conhecimento, e somente ele,
é necessário para resolver todos os problemas. Já o detentor de saber popular, “doxa”, acredita
que a sua sabedoria, que foi construída em anos de história e práticas culturais, não pode ser
substituída por um ensinamento padrão, que não se adequa à sua realidade social. Acerca da
visualização do problema acarretado pela má condução dos saberes, discorre-se:
Desta maneira, os conteúdos problemáticos que irão constituir o programa em torno do
qual os sujeitos exercerão sua ação gnosiológico não podem ser escolhidos por um ou
por outro dos polos dialógicos, isoladamente. Se assim fosse, e infelizmente vem sendo,
começar-se-ia o quefazer de forma vertical. Doadora, assistencialista. (FREIRE, 1983, p.
60)
Logo, a educação ambiental, pela sua ontologia, deve ser exercida e praticada de forma
participativa, através de uma condução coletiva na qual exista um educador-educando ambiental
e um educando-educador ambiental, não existindo nenhuma hierarquia gnosiológica, mas sim
uma cooperação intersubjetiva.
Temos como linha norteadora esse pensamento segundo o qual um dos alicerces da
educação progressista – e, consequentemente, da educação ambiental – consiste na ideia de que
não deve existir apenas um sujeito detentor do modo de ensinar, no qual os outros
conhecimentos são renegados à secundários frente a ele. Acerca da importância da valorização
dos outros saberes, Boff (2012) traz a seguinte conclusão:
(...) só será efetivo se houver um processo coletivo de educação, em que a maioria
participe, tenha acesso a informações e faça “troca de saberes”. O saber popular contido
nas tradições dos velhos, nas lendas e nas estórias dos índios, caboclos, negros,
mestiços, imigrantes dos primeiros que aí viveram, confrontando e complementando
com o saber crítico científico. Esses saberes revelam dimensões da realidade local e são
portadores de verdade e de sentido profundo a ser decifrado e a ser incorporado por
todos. O que daí resulta é uma profunda harmonia dinâmica do ecossistema onde os
seres vivos e inertes, as instituições culturais e sociais, enfim todos encontram seu lugar,
interagem, se acolhem, se complementam e se sentem em casa. (BOFF,2012, p.158)
O sujeito ecológico conceituado por Carvalho (2012) é todo aquele que vivencia, reflete ou
age a favor das ações que têm como alicerces a conservação do meio ambiente de modo a
garantir o direito intergeracional de acesso a esse bem a todos, trazendo consigo a ideia de
igualdade social perante ele. Ainda sobre o problema da ciência como senhor absoluto do
conhecimento e o caráter inovador da Ecologia como saber autônomo, Carvalho (2012) faz a
seguinte reflexão:
Nesse movimento de questionar as barreiras da ciência, a ecologia traz profunda crítica
ao próprio modo de aquela se afirmar como único campo válido para se alcançar a
verdade. Nisso reside boa parte da presença revolucionária da ecologia, que até hoje
tensiona o campo científico, propondo seu alargamento e a conexão dos saberes com o
que estamos chamando de “mundo da vida”, ou seja, o mundo dos acontecimentos
tomados em sua totalidade, sem que sejam classificados, filtrados ou recortados pelas
lentes reducionistas da ciência especializada. (CARVALHO, 2012, p.39)
Uma das características comuns aos sujeitos ecológicos é justamente a visão ampliada e
não reducionista imposta pela sociedade, pois não se prende a um só olhar ou a só um modo de
perceber o mundo. Esses indivíduos procuram dialogar, conhecer e respeitar outras formas de
analisar o mesmo fato. A criticidade, na sua acepção positiva de constante questionamento em
busca do melhor entendimento, é inerente ao sujeito ecológico. Portanto, um educador
ambiental, em sua essência, é um desses sujeitos já que, como visto anteriormente, traz consigo
todas essas características na sua percepção de mundo. Carvalho (2012) traz as diversas facetas
que esse sujeito pode apresentar:
O sujeito ecológico agrega uma série de traços, valores e crenças e poderia ser descrito
em facetas variadas. Em sua versão política, poderia ser apresentado como sujeito
heroico, vanguarda de um movimento histórico, herdeiro de tradições políticas de
esquerda, mas protagonista de novo paradigma político-existencial. Em sua versão Nova
Era, é visto como alternativo, integral, equilibrado, harmônico, planetário, holista. Em
sua versão de gestor social, supõe-se que partilhe de uma compreensão política e
técnica da crise socioambiental, sendo responsável por adotar procedimentos e
instrumentos legais para enfrenta-la, por mediar conflitos e planejar ações. (CARVALHO,
2012, p. 27)
Logo, a educação ambiental tem seu caráter libertador quando vislumbrada pela
“Pedagogia do Oprimido”, pois com ela nota-se a sua essência libertadora de um novo modo de
enxergar a realidade. Revela-se libertadora quando propõe o diálogo com aqueles considerados
oprimidos pela força e pressão do capital econômico. Traz a lume a criticidade e a reflexão desses
indivíduos por meio do respeito para com os outros saberes. Faz com que sujeitos ecológicos
revelem-se para além de suas comunidades, trazendo consigo toda sua vivência no âmbito
político, social e ambiental. Portanto, essa forma de comunhão de saberes deixa de ser apenas
um método puro, para se tornar um meio de ação socioambiental libertadora.
CONCLUSÃO
Observamos, no encontro entre representantes do saber científico – educandos/as e
educadores/as – e representantes de outros conhecimentos e saberes – catadores/as – que os
últimos vivem em uma situação social desfavorável, o que demonstra a exclusão no sistema
produtivo e na sociedade. Mas, no âmbito ambiental, estes sujeitos desempenham um papel
importante.
No contanto que tivemos, a troca de saberes foi muito positiva, poisos/as educandos/as
aprenderam com os/as catadores/as e vice-versa, de forma a ser possível constatar o
conhecimento científico em diálogo com outros conhecimentos e saberes.
Tal possibilidade de troca exige algumas premissas. Em primeiro lugar, requer humildade
diante dos saberes do Outro. Também exige que saibamos assumir a incompletude dos saberes
que cada um carrega. A partir de tais parâmetros, sujeitos com suas diferenças comungaram de
uma troca muito rica, cujos principais resultados foram a elevação da autoestima dos/as
catadores/as e a construção de um marco profissional e pessoal por parte dos/as educandos/as.
No final das atividades realizadas na associação, a diversidade epistemológica presente no
local evidenciou que a ciência não é absoluta: os seus conceitos universais não se aplicam em
todos os lugares. Outros conhecimentos e saberes – em destaque, os apresentados pelos/as
catadores/as – apresentavam muita riqueza no processo de investigação, contribuindo para a
atuação na natureza. Nesse processo de construção, a diversidade epistemológica deve ser
respeitada.
Os sujeitos ali presentes são pessoas que consideram a importância do serviço executado
como uma contribuição para o meio ambiente. Apesar de não terem uma remuneração
adequada, possuem uma consciência cidadã universal, planetária, que pensa no próximo, no dia
de amanhã. Estes serem humanos, que não são reconhecidos pelo trabalho que realizam, sofrem
o preconceito, ao invés do reconhecimento pela contribuição que as suas atividades representam
por parte da sociedade. Por isso, faz-se necessário mais respeito, apoio e valorização,
participação politica mais efetiva no tratamento dos catadores, além da formação de mais
associações.
REFERÊNCIAS
1. BOFF, Leonardo. Saber cuidar. 18ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
3. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. 8ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
4. _____________. Pedagogia da autonomia. 28ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
5. ______________. Pedagogia do oprimido. 18ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988
9. SANTOS, Boaventura de Sousa. A ecologia dos saberes in A gramática do tempo: para uma
nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.
10. THIOLLENT, Michael. Metodologia da pesquisa-ação. 13ª ed. São Paulo: Cortez, 2004.