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NOME DA IES

Nome do(a) aluno(a)

O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS


BRASILEIRAS

Cidade
2022
NOME DA IES

Nome do(a) aluno(a)

O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS


BRASILEIRA

Trabalho apresentado como requisito


obrigatório para conclusão do curso de
xxxxxxxxxxxxxx, no formato de artigo
científico, resultante da pesquisa
desenvolvida no ano de xxxxxxxxxx,
sob a orientação de xxxxxxxxxxxxxx

Cidade
2022
O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS PÚBLICAS
BRASILEIRAS

Nome do(a) aluno(a)

RESUMO

Observe que o atual ensino de inglês nas escolas públicas é repleto de críticas e
questionamentos. Diante disso, o objetivo deste artigo é analisar os fatores que
tornam essa língua tão importante no mundo moderno, e porque, diante de tais
afirmações, tanto os professores, quanto os alunos, enfrentam dificuldades e
barreiras na rede pública de ensino brasileira. De acordo com o referencial
traçado, pode-se dizer que os problemas que dificultam a idealização do inglês
nas escolas públicas decorrem de dificuldades de transmissão de conhecimento
para professores e alunos, falta de conhecimento fonológico prévio e problemas
inerentes ao ensino público, sendo, portanto, característicos da situação política e
socioeconômica do Brasil.

Palavras-Chaves: Ensino de inglês; escolas públicas; Ensino-aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Observou-se que o ensino de inglês é um importante fator de exposição ao


mundo da tecnologia e da cultura para qualquer pessoa inserida no meio social.
Portanto, abordar o tema do processo de ensino de inglês nas escolas públicas
começa pela consideração do que está sendo feito estrategicamente para que os
alunos dessas instituições de ensino desenvolvam o interesse por outro idioma.
A questão é que as pessoas podem ampliar a comunicação em uma era de
globalização e constante interação social instantânea.
Nesse sentido, o processo de ensino de inglês é visto como um meio para
aprimorar a cultura cívica e a perspectiva profissional. É por isso que essas
teorias se concentram em fornecer aos alunos a competência comunicativa que
lhes permite desenvolver em seus ambientes: social, cultural e de trabalho. Tudo
isso implica o conceito e a função da língua, o uso adequado das expressões,
diferentes situações comunicativas e diferentes interlocutores, ou seja, a atual
teoria de ensino de inglês parece estar se desenvolvendo na direção da
comunicação.
Portanto, o papel do professor desempenha um papel único na viabilização
dessa aprendizagem. Os teóricos defendem que o papel do professor de línguas
em sala de aula está certamente relacionado com a eficácia da aprendizagem e
pode alterar os interesses dos alunos. Por exemplo, Siqueira (2005) explica que
os professores de inglês são detectores da expansão do conhecimento
expressivo de línguas que são decisivas para o desenvolvimento social atual.
Para tanto, são responsáveis por consolidar o domínio do inglês como língua
mundial.
Portanto, o objetivo central deste trabalho é descrever e analisar como se
relaciona o ensino de inglês entre professores e alunos no contexto da escola
pública. Para tanto, utiliza-se de pesquisa bibliográfica para localização de temas
e construção de métodos de análise temática.

1. O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA

De acordo com Siqueira (2005), é sabido que o inglês é a língua dominante


da sociedade contemporânea. Como diz o autor, a língua inglesa é “o latim dos
tempos modernos". Portanto, não se trata de um fenômeno menosprezado, mas,
ao contrário, percebe-se que essa língua atingiu o patamar de ser pauta para
diversas finalidades sociais, políticas, econômicas e institucionais.

Atualmente, o inglês é a língua nativa de mais de meio bilhão de


pessoas oriundas tanto do centro quanto da periferia do globo. É a
língua mais falada do mundo por não nativos e, provavelmente, o
único idioma que possui mais falantes não nativos que nativos.
São três falantes não nativos para cada falante nativo (SIQUEIRA,
2005, p.14).
As múltiplas situações observadas em que as pessoas se deparam com
falas construídas em inglês em diversos meios de comunicação como televisão,
internet, livros e propagandas destacam a importância do ensino desse idioma.
Para Lopes (2003), a língua inglesa é atualmente a responsável por disseminar a
maior parte das informações sobre os fatos que ocorrem na Terra.
Rajagopalan (2005) confirma que o significado do ensino de inglês mudou
para a importância dos pais em promover o domínio dessa língua estrangeira por
seus filhos, não apenas como segunda língua, mas acima de tudo, como fator
determinante do crescimento pessoal e profissional de seus filhos.
Utilizando algumas das contribuições da teoria da linguagem para
fundamentar a importância do ensino da língua inglesa, podemos citar Daniels
(2001, p.12), que argumenta que a linguagem é como o “mais poderoso e
penetrante dos dispositivos semióticos-funciona como uma ferramenta psicológica
na construção da consciência individual”. Observa-se que os autores veem a
aprendizagem de línguas como a geração de significado que o ser humano está
constantemente criando e recriando.
No entanto, como apontam Spink e Medrado (2004, p. 48), a linguagem,
em sua polissemia, permite às “pessoas transitar por inúmeros contextos e
vivenciar variadas situações”. Isso ressalta o objetivo maior de compreensão
reproduzido por meio do estudo do inglês em contextos contemporâneos.
Portanto, acredita-se que o ensino de línguas deve ter um elemento
importante como ponto de partida da aprendizagem: uma relação contínua com o
cotidiano, com o que acontece na vida diária das pessoas, de forma que permita
ao indivíduo atender às suas necessidades individuais.
No entanto, quando o assunto se volta para a vida cotidiana, alguns
obstáculos podem ser observados no contexto brasileiro, advindos de uma época
em que o inglês era visto como política e agente do imperialismo americano, onde
o ensino era baseado em práticas descontextualizadas e memorizadas O diálogo
não tem significado social.
Pagliarini Cox e Assis-Peterson (2001, p. 17) discutem que somente a
partir da década de 1970, à luz do conceito de competência comunicativa, o
ensino da língua inglesa passou a ser visto como uma habilidade funcional na
qual não só deveriam incluir regras gramaticais, mas “uma competência
pragmática, exigida para a interpretação, expressão e negociação de sentido no
contexto imediato da situação de fala. O foco das atividades da sala de aula se
desloca da forma (correção gramatical) para o sentido (fluência comunicativa)”.
No entanto, esse foco comunicativo começou a declinar à medida que os
teóricos começaram a questionar o ensino do inglês como meio de aprender
sobre outra cultura e fazer amigos. Diante da globalização, do capitalismo, da
democracia, da inovação e do mundo moderno, a linguagem não pode ser
considerada apenas uma percepção passiva. Pagliarini Cox e Assis-Peterson
(2001, p. 4) descrevem que pensadores como Pennycook sugerem que o ensino
de inglês é uma ferramenta para comunicação global:

Quem ensina inglês não pode deixar de se colocar criticamente


em relação ao discurso dominante que representa a
internacionalização do inglês como um bem, um passaporte para
o primeiro mundo. Quem ensina inglês não pode deixar de
considerar as relações de seu trabalho com a expansão da língua,
avaliando criticamente as implicações de sua prática na produção
e reprodução das desigualdades sociais. Quem ensina inglês não
pode deixar de se perguntar se está colaborando para perpetuar a
dominação de uns sobre os outros.

Com foco na análise do ensino de língua inglesa no mundo moderno,


Rocha (2006) comenta que em muitos países da União Europeia, Ásia e África, o
ensino vem se desenvolvendo há mais tempo, com objetivos bem definidos e
aportes teóricos bem desenvolvidos. Na América do Sul, ao contrário, a expansão
do ensino de inglês parece bastante aleatória. Além disso, a aprendizagem de
línguas é apresentada em uma teorização preliminar em termos da situação
educacional brasileira.
Oliveira (2003) descreve o que reconhece na literatura como ineficiências
pedagógicas na maioria das escolas públicas.
Diante dos fatos apresentados, percebe-se também que resultados
insatisfatórios quanto ao ensino de uma língua estrangeira (neste caso o inglês)
têm despertado o interesse de alguns pesquisadores que desejam entender o que
influencia a prática dos professores e a relação dos alunos entre o desempenho
docente.

2. CONVERSAÇÃO E INTERATIVIDADE COM A LÍNGUA INGLESA

Aprender uma língua estrangeira é essencial não só para o currículo


escolar, mas também para o comportamento comunicativo, compreendendo a
diversidade cultural do outro. Pessoas que aprendem uma língua estrangeira
constroem suas próprias identidades. O aprendizado de um segundo idioma é
possível por meio de cursos preparatórios no país de origem, as escolas são
preparadas para atender esses alunos, e os intercâmbios são mais uma opção
para conhecer a cultura e a diversidade de outro país.
Aprender uma língua é construir e ganhar poder, pois essa língua adquirida
é utilizada por todos que dela necessitam para se comunicar. Numa segunda
língua, o poder é ideológico porque, além de formar e estabelecer a própria
identidade, passa a observar as informações sociais, culturais, políticas,
econômicas, pessoais etc. e a se comunicar uma identidade cultural
compartilhada com todos os envolvidos no processo (SOUZA, 2014).
Aprender inglês, atualmente, é uma questão de sobrevivência porque o
inglês está presente na internet, nas músicas, nas conversas informais dos jovens
usando termos relacionados ao idioma, no cinema, na TV e em nomes de lojas de
roupas e de eletrônicos. Além disso, quando se deseja uma posição de destaque
no mercado altamente competitivo, é preciso dominar esse idioma. Visto que ao
conseguir se destacar nas melhores posições do mercado de trabalho, essa
vantagem competitiva se reverte em melhores ganhos financeiros.
Os benefícios de aprender inglês vão além de conhecer a diversidade de
outras culturas, acesso a informações, chances de entrar em uma boa
universidade, melhor renda e intercâmbio cultural para um melhor aprendizado do
idioma.
Não há tempo, momento ou limite de idade para aprender um segundo
idioma, e se um indivíduo tiver tempo e vontade de aprender o idioma, esse é o
momento certo. Basta um bom professor, bons materiais, disponibilidade de
tempo e dedicação ao idioma e enfrentar seus medos e dificuldades, para que se
possa mudar de vida e adquirir conhecimento (SOUZA, 2014).
Condicionou-se dizer que o ensino de inglês no Brasil é pautado ou
limitado ao ensino de gramática, esquecendo-se da fala como língua viva. Mesmo
mudando toda a estrutura de recursos tecnológicos, bastante modernos, e todos
os aplicativos de equipamentos audiovisuais e de tecnologia educacional para o
ensino do idioma, ainda não se atraiu os alunos das escolas públicas do país.
Pode-se dizer que o método de ensino de inglês nas escolas brasileiras é
um fracasso, pois a sala de aula torna-se monótona, os alunos não aprendem a
língua, desconectados da realidade contextual da vida e da linguagem de
comunicação. Aulas repetitivas, desconectadas, desmotivadas, sem interação
mútua com linguagem viva e falada. Há a necessidade de mudar a forma como o
inglês é reproduzido e ensinado nas escolas públicas, a fim de envolver e motivar
os alunos a buscar e se engajar no processo de aprendizagem (SOUZA, 2014).
A interdisciplinaridade também é um recurso amplamente utilizado no
ensino de línguas, pois o compartilhamento do conhecimento e a interação e
expressão com outras disciplinas proporciona o ensino e a aprendizagem da
língua-alvo.
O objetivo de aprender uma língua estrangeira não é apenas se comunicar
no idioma, mas usar diferentes formas de recursos no meio da comunicação. O
uso da linguagem requer treinamento para interagir com a linguagem, como
compreensão, audição, fala e leitura, pois são habilidades e orientações e ensino
que se referem aos métodos socioculturais e estruturais da educação da língua
quando ela é aprendida.
A Crítica, a Contextualização e o Play Learning são recursos para aprender
e usar a língua em diversas e diversas situações cotidianas, não apenas para
compreender a gramática pura e simples, mas para aprender a se comunicar e
usar a língua em situações cotidianas, porque:

Saber gramática significa não somente conhecer essas normas de


bem falar e escrever, mas ainda usá-las ativamente na produção
dos textos. O respeito à gramática também é condição de beleza
do texto. E essa é a relação fundamental entre gramática e texto.
(FRANCHI, 2006, p.18).

Para aprender um segundo idioma, é preciso, em primeiro lugar, falar bem


a língua materna, para depois falar bem a língua alvo, ou seja, aprender bem o
português antes de aprender bem o inglês. A importância de aprender inglês na
escola tornou-se importante em outras disciplinas além de fazer parte do currículo
acadêmico. Além da importância do curso, o objetivo é conseguir praticar, ou seja,
usar a linguagem tanto pela necessidade de comunicação quanto pela praticidade
de uso.

Professores e alunos de inglês tendem a perceber o lugar da


língua estrangeira no currículo principalmente a partir das
possibilidades do seu uso prático: obtenção de emprego, viagem
internacional, a provação no vestibular etc., que são justificativas
importantes para inclusão da Língua Estrangeira no currículo da
educação básica. (LIMA, 2009, p.163).

A importância do aprendizado da Língua Inglesa também está relacionada


às relações sociais e políticas dos países, e em um mundo globalizado e
internacionalizado, usar e falar uma língua para facilitar as transações sociais,
econômicas e turísticas é fundamental.
Para estudar, é importante não só encontrar um bom emprego, mas
também compreender a diversidade das culturas humanas, bem como a literatura,
o cinema, a música e outras formas de expressão artística e cultural.
Para usar métodos qualificados, primeiro é preciso entender as
capacidades linguísticas da língua, como regras sobre morfologia, sintaxe,
semântica e conhecimento fonológico (SOUZA, 2014).
Para o método perfeito de comunicação na língua-alvo ou segunda língua,
está relacionado com variáveis pedagógicas, nomeadamente materiais, currículo,
recursos, avaliações, variáveis do aluno relacionadas com atitudes, inteligência,
crenças e habilidades, e outras variáveis socioculturais relacionadas com a
escola, sala de aula, conhecimento de idiomas, valores familiares e amigos.
As variáveis relacionadas à interdisciplinaridade referem-se a questões de
psicologia, psicanálise, sociologia e teoria linguística. O papel do professor é a de
mediado, ou seja, orientar o aluno no melhor caminho a seguir, ele orienta o aluno
nos passos rumo ao aprendizado do que é útil e essencial para sua vida, tanto
como profissional quanto como aluno. No caso do aprendizado de uma língua
estrangeira, o primeiro passo é o aluno buscar a motivação para interagir com os
novos conceitos que o professor desenvolveu por meio da prática em grupo em
sala de aula (SOUZA, 2014).
Cultura e língua são duas faces da mesma moeda, o homem é um ser
cultural, portanto, a linguagem é utilizada para unificar essas duas faces, ou seja,
a criação da identificação da linguagem e comprovação da existência cultural.
Não é possível comparar duas culturas, nativa e estrangeira, ao ensinar
Língua Inglesa basta fazer referência geral ao idioma da cultura internacional e
demonstrar as diferenças no ensino de inglês para outra cultura que não utiliza o
inglês.
O ensino de línguas deve ser realizado tendo em vista a
internacionalização, globalização e interculturalização das línguas, do universo
cultural das línguas e das minúcias das culturas locais bem como da diversidade
geral das línguas. O inglês permeia todos os aspectos de proficiência, gramática e
competência comunicativa. Portanto, é necessário ensinar a cultura universal e
internacional da língua (SOUZA, 2014).
3. O PROFESSOR DE INGLÊS

No dia a dia profissional de hoje, há um desencanto generalizado com a


"solução do teórico", dadas as pequenas melhorias na qualidade do ensino de
idiomas em frente e as crescentes expectativas de alunos e autoridades.
Observou-se que, para muitos professores de inglês, não há prioridade na
preocupação com a formação social dos alunos. As discussões nem sempre
giram em torno das atitudes dos alunos na vida social. Parece que a missão da
educação foi delegada às disciplinas básicas da educação geral e à família. Isso
acontece principalmente nas escolas públicas, onde há um preconceito com a
relação de ensino do inglês e os professores, em sua maioria, acham que os
alunos não conseguem aprender outro idioma porque tem dificuldade de aprender
o próprio idioma nativo, o português.
Adiciona Piccoli (2006, p. 2) que:

Percebe-se que o professor de língua estrangeira mantém-se


afastado do contexto educacional propriamente dito e preocupa-se
apenas em transmitir os conteúdos linguísticos. Esses professores
têm evitado considerar o ensino de língua estrangeira como parte
relevante da educação integral do ser humano, desconhecendo
muitas vezes as razões e os porquês do ensino de pelo menos
uma língua estrangeira como aspecto fundamental na educação
de sujeitos.

Vieira-Abrahão (1996) observou que, no ensino de língua inglesa, a sala de


aula costuma ser um local onde os professores enfrentam “conflitos e incertezas”
sobre seu próprio trabalho.
Esses conflitos e incertezas, quando relacionados ao fato de os
professores não serem falantes nativos de inglês, eram decorrentes da falta de
apreensão adequada do conteúdo. Segundo Kelly (2000), muitos professores
relatam que a falta de tempo para aprender e dominar totalmente o idioma por
conta própria dificulta muito as relações docentes em sala de aula. Outros ainda
tiveram dificuldade com a pronúncia e citaram a falta de apoio pedagógico das
instituições. Claro que para os brasileiros as diferenças entre os dois idiomas são
realmente complicadas.
Apesar disso, essas questões não devem ser um obstáculo à reflexão
sobre a prática docente da disciplina em questão. Buscando o auxílio de Freire e
Shor (1993, p. 48), pode-se dizer que qualquer que seja a disciplina que lhe seja
dada, o professor deve ser primeiro um educador libertador,

atento para o fato de que a transformação não é só uma questão


de métodos e técnicas. Se a educação libertadora fosse somente
uma questão de métodos, então o problema seria algumas
metodologias tradicionais por outras mais modernas, mas não é
esse o problema. A questão é o estabelecimento de uma relação
diferente com o conhecimento e com a sociedade (FREIRE;
SHOR, 1993, p. 48).

No contexto da prática de ensino de língua inglesa, Deo e Duarte (2004)


afirmam que os professores devem estar atentos à necessidade de incluir em seu
cotidiano alguns momentos de reflexão e questionamento de ações recorrentes
em cenários de linguagem. Os professores não devem ser apenas divulgadores
de conteúdo, mas profissionais que se envolvem, expressam e constroem
apreciação.
Talvez seja isso que Vygotsky (1998) tinha em mente ao se deparar com a
dificuldade dos professores de buscarem novas formas de estimular o trabalho
colaborativo e promover o desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Portanto, um ambiente de ensino ideal é aquele em que os alunos se
sentem encorajados a aprender. O inglês como uma língua rica que transita por
múltiplos mundos exige que o professor atue como um mediador, no processo ele
pode levar os alunos a um mundo de descoberta, estimulação, de querer
entender e buscar, sendo capaz de assumir o protagonismo do seu próprio
desenvolvimento.
Piccoli (2006, p. 5) argumenta que, por parte do professor, ensinar inglês
significa um compromisso consigo mesmo e com a oportunidade de seus alunos
construírem protocolos analíticos e sintéticos voltados para a vivência e atuação
em sociedade, “trabalhando partes e vislumbrando o todo complexo”.
Almeida Filho (1998), grande pesquisador em linguística aplicada,
considerou o ensino comunicativo aquele que busca organizar a experiência de
aprendizagem por meio de atividades que sejam de genuíno interesse e/ou
necessidade do aluno, na medida em que ele possa utilizar objetivos em relação a
uma língua que realiza um comportamento real na interação de outros sujeitos
que também usam a língua.
Nessa linha, Piccoli (2006, p. 5) afirma:

É necessário que o professor tenha em mente que permitir a si e a


seus alunos a (des)construção, reconstrução e reformulação de
conteúdos é passar de respondedor a questionador, é manter-se
reflexivo, questionando sempre o porquê e o para quê, pois o
saber construído sobre a relevância e aplicabilidade dos
conteúdos e na confiança e poder que o educador outorga aos
educandos constitui-se também objeto de transformação social.

Pode-se dizer que na prática da língua inglesa, muitas vezes o professor


precisa sair de sua “mesa” para atender seus alunos. "Saber" significa aprender a
compartilhar representações e estímulos.
Como afirmou Freire (2003, p. 47), “ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar as possibilidades para sua própria produção ou sua construção”.

4. O DESEMPENHO DO ALUNO

Não se pode deixar de observar que a educação pública é caracterizada


por desigualdades sociais, econômicas e culturais resultantes do uso de métodos
inadequados, desvalorização e má preparação dos educadores, tecnologia
ultrapassada, formação dos alunos, falta de investimento e desinformação do
poder público.
Barcelos (2006) descreve que, em geral, a experiência de aprendizagem
nas escolas públicas é descrita como pobre e desmotivada. Essa situação é
composta por problemas pedagógicos, falta de interesse dos alunos, falta de
prática do idioma e falta de competência de alguns dos professores.
Kelly (2000) relatou que aprender inglês era muitas vezes um processo
desgastante devido à falta de interesse dos alunos, notando uma falta de
integração na pronúncia, gramática e vocabulário. Vale ressaltar também que a
falta de tempo dificulta a exposição do aluno ao idioma.
Além disso, por ser uma língua completamente diferente da língua
materna, isso dificulta a expressão dos alunos. Assim, a falta de exposição prévia
em fonética prejudica ainda mais a relação de ensino-aprendizagem.
Barcelos (2006, p. 161) afirma que as desculpas que os alunos dão para a
dificuldade em aprender inglês, podem ser sintetizadas

à repetição de um ensino que geralmente parece ser bastante


voltado para aspectos gramaticais e o mais lembrado é o verbo to
be. O outro aspecto mencionado no excerto diz respeito a um
discurso presente em nossa sociedade – o da falta de
competência dos professores de escola pública.

Em um trabalho sobre as representações sociais de alunos de escolas


públicas de Maceió (AL) relacionadas ao aprendizado da língua inglesa, Lima e
Sales (2007) observaram que a realidade é composta por alunos que não
possuem recursos instrucionais adequados para o ensino do idioma, e ainda se
descreve como uma categoria com graves falhas culturais.
Deve-se considerar também que, para muitos alunos, o inglês só é
aprendido em programas privados e, portanto, o conhecimento de uma língua
estrangeira dificilmente será adquirido em escolas públicas. As frases que
aparecem nesse ambiente sempre se traduzem no comentário do professor de
que o aluno não está conseguindo aprender inglês.

Eles não sabem de coisa alguma, quer dizer... Eles não têm esse
contato com a língua. É difícil. Imagine, eles não têm nem como,
não têm recurso, não têm como se desenvolver, como crescer na
aprendizagem da língua, não têm como (LIMA; SALES, 2007, p.
7).
Juntamente com problemas familiares e baixo nível socioeconômico, os
alunos estão cada vez menos interessados em aprender línguas estrangeiras.
Diante desses dilemas que surgem no contexto da aprendizagem do inglês
nas escolas públicas, Barcelos (2006) questiona o que os professores podem
fazer sem considerar as questões econômicas, sociais e culturais que permeiam o
cenário da educação pública.
Para os autores, os sonhos são o esforço consciente dos professores de
língua estrangeira em se comprometer com uma educação pública de qualidade.
Isso requer compreender as crenças e experiências dos alunos, bem como trocar
ideias e refletir sobre as experiências vividas na aprendizagem reflexiva. Há a
necessidade de “ajudar os alunos a refletir sobre sua própria aprendizagem e
sobre suas crenças e experiência” (BARCELOS, 2006, p. 146).
Para Pacheco (1994), esta seria a liberação de todos os saberes que
constituem a aprendizagem vital do aluno. Os alunos são construtores da
aprendizagem e, por isso, buscam a descoberta pessoal e a valorização do
conhecimento adquirido.
Grundy (1991) acrescentou que o interesse liberado significa atitudes de
professores e alunos em relação às mudanças nas condições de aprendizagem, o
que limita a liberdade no procedimento e no conteúdo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível perceber nesta pesquisa sobre a relação ensino-aprendizagem


do inglês em escolas públicas que, para muitos, esse não parece ser o lugar ideal
para se aprender uma língua estrangeira.
Observou-se, de acordo com o referencial teórico, que além das próprias
dificuldades dos professores em disseminar o conhecimento da língua, há uma
estagnação no ensino de inglês por questões culturais, econômicas e sociais,
muitas vezes, nem mesmo pertencentes a seus próprios cenários culturais e
sociais.
Indiscutivelmente, no contexto brasileiro, a questão de direcionar o ensino
de inglês se estende para além das escolas públicas em muitos casos, embora se
discuta a relevância do inglês para o desenvolvimento profissional e social dos
indivíduos. Embora a compreensão da importância do inglês na sociedade
contemporânea possa ser fictícia, a realidade confronta as pessoas com um
ensino e uma aprendizagem repleta de conflitos e incertezas.
Essa análise é feita com base na pesquisa de Freire (2003), que constatou
que são as pessoas que constroem sua própria história, a compartilham com os
outros e a reconstroem nos outros. De acordo com essa ideia, pode-se perceber
que no processo de ensino-aprendizagem do inglês, somente é possível chegar-
se a construir um enredo, quando o cotidiano do professor e do aluno conseguir
se permear de experiências, expressões e sentidos.

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