PASSEIO ECOLÓGICO: DESENVOLVENDO A AUTONOMIA, A PESQUISA E
VALORIZANDO A FAUNA E A FLORA NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA
Jairo Cardoso da Costa1
INTRODUÇÃO
Este projeto foi desenvolvido com o intuito de transcender as práticas de sala
para as interações com o meio ambiente e com situações de vivências coletivas. Enquanto seres ativos, devemos conhecer nosso ambiente, suas estruturas e a construção histórica do meio que estamos inseridos. E o ensino de Ciências, além disso, proporciona vínculos com o fazer científico e a resolução de situações problemas.
A busca incessante de novas formas de abordar a educação ambiental dentro
da proposta de ensino nas instituições públicas tem se tornado um desafio, principalmente nas grandes cidades. Trabalhar conceitos e percepções sobre proteção ambiental e diminuir a ação do homem na natureza é papel de todos. Enquanto educadores fortalecemos a ideia de que juntos podemos formar cidadãos conscientes e capazes de agir de forma sustentável (FENNER, 2015).
Diante disso, alguns discentes da Escola de Ensino Fundamental Professor
Anísio Teixeira, situada na Paupina, realizaram um projeto sobre: Desenvolvendo a autonomia, a pesquisa no intuito de valorizar a fauna e aflora de nossa cidade. Realizada entre os meses de março a junho de 2023, nas turmas do 3° ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, turma A, dos turnos manhã e da tarde, essa experiência contou com a participação dos professores, monitores educacionais, crianças e seus familiares.
A ideia deste projeto “Trilha Ecológica” surgiu do desejo de proporcionar aos
discentes o protagonismo, desenvolvendo suas potencialidades e proporcionando um momento de aprendizagem significativa, no qual, os alunos realizaram levantamento de hipóteses, questionamento e desenvolveram o fazer científico em meio às experiências vividas.
1 Graduado em Licenciatura Plena em Pedagogia (UFC), Especialista em (PROEJA-IFCE) e
Professor da Rede Municipal da Prefeitura de Fortaleza. Nessa prática educativa buscou romper com o paradigma de uma educação livresca e de ensino fragmentado (BENDER, COSTA, 2018), para proporcionar um ambiente que desenvolva os saberes de forma interdisciplinar. Abordamos as disciplinas de Língua Portuguesa, Ciências e História (relacionados aos pontos turísticos de Fortaleza).
Na realização das atividades partimos do pressuposto que devemos mediar
as experiências de aprendizagem (OLIVEIRA, 1993). Assim, Vygotsky (1984) aborda que a linguagem tem um papel primordial para a aprendizagem e o desenvolvimento das interações estruturando diversas funções psicológicas, como a mente, a memória e a atenção. Com isso, propomos situações de ensino e aprendizagem voltadas para as interações por meio de situações de aprendizagem.
A seguir temos o relato das experiências vividas desde o processo de
pesquisa, desde a idealização da proposta de aplicação aos resultados obtidos no processo de ensino e aprendizagem.
Descrição da Experiência
O projeto desenvolvido intitulado “Trilha Ecológica” foi desenvolvido com base
em um tipo de pesquisa denominado pesquisa-ação, que de acordo com Gil (2008) se configura como o levantamento de dados empírico e a busca da resolução de problemas de forma cooperativa ou participativa e a análise dos dados foi qualitativa. Foi utilizada uma sequência didática baseada na proposta de ensino municipal e no livro didático “Entre Laços” (Ciências da Natureza).
O objetivo geral deste projeto é propor uma proposta de ensino que
desenvolva a autonomia dos estudantes bem como suas consciências cidadãs sobre o meio ambiente utilizando a pesquisa científica como proposta de aprendizagem.
Participaram do projeto um total de 33 alunos, das turmas do 3° ano A, turnos
manhã e tarde da Escola de Ensino Fundamental Anísio Teixeira. A sequência de ensino foi dividida em três etapas. A primeira etapa foi realizada um levantamento bibliográfico de forma cooperativa, em que, as turmas que participaram do projeto foram encaminhadas à sala de multimídias da escola, acompanhadas pelo professor titular da turma, a partir desta etapa foram decididos quais as abordagens utilizadas e quais seriam as próximas etapas.
Em nossa segunda etapa, realizamos uma feira de ciências, com a exposição
de trabalhos científicos que foram produzidos, implementados e apresentados pelos alunos. Nesta etapa, os discentes apresentaram os trabalhos para seus colegas e trabalhavam de forma cooperativa e autônoma, tomando decisões desde o tipo de trabalho realizado até a forma que seria apresentado.
Na terceira etapa, discentes e os profissionais da educação realizaram uma
trilha ecológica pelo “Parque do Cocó”, no qual, exploraram de forma livre, sendo observados pelos responsáveis do projeto, na busca de verificar se os alunos estavam desenvolvendo os objetivos escolhidos nesta proposta de ensino.
Experiências Realizada em Cada Etapa
Em nossa primeira etapa foi uma pesquisa bibliográfica. Nela dividimos os
alunos em equipes de 4 discentes e foi proposto a busca em livros didáticos e de pesquisa que respondessem aos seguintes questionamentos: 1. Qual é o nome da escola? (Nesta pergunta o aluno deveria saber nomear a instituição de ensino); 2. O que acha mais significativo na escola para você? (Neste questionamento busca-se compreender sobre qual a relação entre o aluno e ambiente de ensino); 3. O que mais gostou na reforma da escola? (Vamos comparar quais as percepções o aluno retém do antes e da atual situação da escola); e 4. Faça um lindo desenho da escola. (Nesse último questionamento o aluno ilustraria sua visão da escola).
A partir dessa etapa de aplicação, compreendemos que o aluno do 3° ano já
sabe identificar que a escola tem um nome, que ela tem diferentes características, como por exemplo, tem parquinho, tem biblioteca, tem classes, entre outras. Diferente da casa, de um parque ou de uma praça. Foi possível compreender quais os locais da escola que mais chamam atenção dos alunos.
Foi realizada uma roda de conversa com os alunos, abordamos três
questionamentos: 1. Se eles sabem o que é a fauna e a flora? 2. Quais são os pontos turísticos de Fortaleza? e 3. Quais eles já haviam visitado? Obtivemos as mais diversas respostas, e decidimos realizar uma trilha ecológica pelo Parque do Cocó e construir cartazes e maquetes para a participação em uma feira de ciências.
Para que fosse possível concretizar a segunda etapa, iniciamos então a
busca na sala de multimídias por locais que têm relevância para o município de Fortaleza, e quais os tipos de fauna e flora existentes na nossa região, de forma cooperativa. Com o auxílio dos materiais disponíveis confeccionamos os cartazes que abordavam aspectos da fauna e flora nordestina, como: coqueiros, Cajueiros, Carnaúba, Soldadinho, Arara-vermelha, Garça.
A maquete que abordava os principais pontos turísticos de Fortaleza entre
eles destaca-se: A ponte dos ingleses que a construção vai até a beira do mar. A Praça do Ferreira que é o coração da cidade de Fortaleza. O Centro Cultural Dragão do Mar que é um dos maiores centros culturais do país.
Na terceira etapa, foi realizado o envio de um ofício para a prefeitura com um
mês de antecedência solicitando um ônibus escolar para conduzir o grupo de pesquisa ao “Parque do Cocó”, para iniciarmos a exploração dos aspectos e características do bioma disponíveis no parque. Os materiais utilizados para o levantamento de dados foram: Câmeras fotográficas, cadernos, lápis, borracha e canetas coloridas.
Durante o passeio os discentes exploraram os espaços, observaram cada
detalhe que a natureza lhes proporcionara, oportunizaram estar em contato com belas e deslumbrantes paisagens que nunca foram manipuladas pelo homem.
Foi possível observar que os discentes se mantiveram atentos à linda
caminhada na trilha de 1350 m. Após isso, realizamos um piquenique no parquinho com comidas e bebidas, no qual compartilhamos o momento. Por fim, realizamos brincadeiras no parque, todos nos divertindo e aproveitando tudo que a natureza poderia proporcionar neste momento de aprendizagem.
Tendo em vista a oportunidade que nos foi concedida de propor um momento
de construção de saber, ficou notória que esta experiência marcou não apenas os discentes, mas todo o grupo que acompanhou e nos auxiliou nessa proposta de ensino. Na próxima seção vamos expor nossas conclusões acerca do projeto desenvolvido.
Considerações Finais
Diante do que foi proposto, realizamos uma sequência de ensino que
proponha o desenvolver a autonomia, o fazer científico e a construção cidadã. Para que isso fosse possível tivemos que realizar um processo de mudança de paradigmas e reformulação em nossas práticas de ensino e pesquisa. Em cada etapa de aplicação aprendemos junto e de forma cooperativa. Os discentes se apropriaram dos conhecimentos à medida que iam tendo interações com os objetos de estudo.
O desenvolvimento da consciência cidadã de proteção e preservação dos
ambientes naturais veio concomitantemente com as experiências que iam sendo vivenciadas. A proposta de uma educação mediada que utiliza a resolução de situações problemas para a aprendizagem tem o potencial de conduzir os alunos a refletirem suas práticas e usar os recursos disponíveis para produzir ciência, conhecimento e cultura.
Concluímos que todos os participantes desta pesquisa realizaram momentos
riquíssimos de trocas e que nosso objetivo foi contemplado, pois os discentes demonstraram ser capazes de sintetizar conhecimentos que pesquisaram, tiveram autonomia nas tomadas de decisões quanto quais projetos realizar e como seriam executados. Durante o passeio pela trilha, se mantiveram atentos aos tipos de fauna e flora existentes no parque, e frequentemente dialogavam sobre suas descobertas.
Ressaltamos que essa proposta de trabalho será futuramente reentrega a
nossa prática docente, por esse motivo, fica o desejo de novos momentos de aprendizagem com abordagens que trazem a mudança social de forma integrada nas escolas públicas. Referência
BENDER, Danusa. COSTA, Gisele Maria Tonin da. Aprendizagem e o ensino de
Ciências: Metodologias que contribuam no processo. Revista da Educação IDEAU, v. 13, n. 17, jan. - jun,, 2018. Disponível em: https://www.bage.ideau.com.br/wp- content/files_mf/6bb76d3c96efd07a54f38ff0486797e7406_1.pdf Acessado em: 20 jun. 2023.
FENNER, Rose. O desafio da educação ambiental no contexto escolar. Ensino de
Ciências e Tecnologia em Revista, v. 1, n. 1. nov. 2015. Disponível em: https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/2603/1/Fenner.pdf Acessado em: 20 jun. 2023.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento. Um
processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.
VYGOSTKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984.
REGISTROS FOTOGRÁFICOS
Etapa 1 - pesquisa bibliográfica Etapa 2 - Produção de cartazes
Etapa 2 - Feira de Ciências
Etapa 3 - Aula de Campo Etapa 3 - Atividade de pesquisa