Você está na página 1de 16

REFLEXÕES SOBRE UM ESPAÇO NÃO FORMAL DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL: AÇÕES EDUCATIVAS AMBIENTAIS DO MUSEU DE


CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DA PUCRS (MCT-PUCRS)

Núbia Moreno Rech1


James Fernando Malta da Silva2

RESUMO

Esse estudo exploratório-qualitativo de um espaço não formal de Educação Ambiental (EA)


identifica as ações educativas, as formas e as ferramentas pedagógicas museais para o ensino-
aprendizado da EA de duas Exposições e dois Dioramas do Museu de Ciências e Tecnologias
da PUCRS (MCT-PUCRS). Através de pesquisa de campo, análise documental e bibliográfica
de Marandino e Cazelli, entre outros, constatou-se uma abordagem crítica-pedagógica no trato
das problemáticas socioambientais nas ações da Exposição: Mudanças Climáticas e
Tecnologias. De outra forma, na Exposição: Marcas da Evolução e nos Dioramas: Campo e
Mata Atlântica, percebeu-se a EA sendo apresentada de maneira fragmentada, enfatizando as
dimensões naturais e técnicas das questões ambientais, destacando os temas da ecologia e da
biodiversidade. Dessa forma, concluiu-se que os espaços pesquisados do MCT-PUCRS
através das ações e ferramentas pedagógicas museais possuem um escopo propício para as
práticas de EA.

ABSTRACT

This exploratory-qualitative study of a non-formal space of Environmental Education (EE)


identifies the educational actions, forms and museum pedagogical tools for teaching-learning
the EE of two Exhibitions and two Dioramas of the Museum of Science and Technology of
PUCRS (MCT-PUCRS). Through field research, documentary and bibliographic analysis of
Marandino and Cazelli, among others, we found a critical-pedagogical approach in dealing
with socio-environmental issues in the actions of the Exhibition: Climate Change and
Technology. On the other hand, in the Exhibition: Marks of Evolution and in the Dioramas:
Field and Atlantic Forest, we noticed EA being presented in a fragmented way, emphasizing
the natural and technical dimensions of environmental issues, highlighting the themes of
ecology and biodiversity. Thus, it was concluded that the researched spaces of the MCT-
PUCRS through actions and educational tools museums have a scope conducive to the
practice of EE.

Palavras-chave: espaço não formal; museu de ciências; educação ambiental; ação educativa

1
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso (FLC8565BID) – Seminário VIII -
07/07/2022
2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
2

1. INTRODUÇÃO

Hoje, existem muitos espaços sociais para a educação. A produção de informação e


conhecimento se dá em diferentes lugares, e a criação e o reconhecimento de identidades e
práticas culturais e sociais representam novos espaços-tempos para a produção do
conhecimento necessário à formação de uma cidadania ativa na sociedade (CANDAU 3, 2000,
apud. MARANDINO; SELLES; FERREIRA, 2009). É evidente a crescente presença do
conhecimento biológico em diversos meios de comunicação de massa e em diversos espaços
de divulgação científica como revistas, museus e centros de ciência.
Em 1977, em Tbilisi, foi realizada a primeira Conferência Intergovernamental
dedicada especialmente à Educação Ambiental (EA) onde foram traçados os seus princípios e
ficou estabelecido que a EA tivesse sua organização dividida em educação formal e não
formal, como processo contínuo e permanente de ação no meio ambiente e, assim,
proporcionar às pessoas a capacidade e a possibilidade de aquisição de saberes e valores
através de um interesse ativo e participativo, trazendo, assim, as mudanças de atitudes
necessárias para melhorarem e protegerem o meio ambiente (SORRENTINO, 1998).
Entre outros aspectos, esses movimentos se firmaram desde meados da década de
1980 com a proposta da “Ciência para Todos” da UNESCO, de modo que a importância dos
espaços de educação não formal e informal cresceu com o desenvolvimento da ciência e da
tecnologia humanas. Vários autores destacam o fato de diferentes classes sociais serem
“alfabetizadas” cientificamente, trata-se de um movimento amplo que reconhece, por um
lado, que a educação também se dá fora do espaço escolar (MARANDINO; SELLES;
FERREIRA, 2009).
É de extrema importância entender as características desses espaços diferenciados de
aprendizado: como organizam suas ações educativas, com que objetivos, com que finalidades
científicas e educacionais, como essas ações se formaram ao longo de sua existência, para que
público, o que o público espera desses locais, que conteúdos circulam em suas atividades,
como são selecionados, e, enfim, como suas ações são avaliadas.
Compreender a ação educativa não formal como ampliação das possibilidades de
exposição e participação da cultura científica, bem como reconhecer a importância de

3
CANDAU, Vera Maria. Construir ecossistemas educativos–reinventar a escola. Reinventar a escola, v. 5, p.
11-16, 2000.
3

trabalhar articulado com espaços formais é fundamental para refletir e desenvolver programas
educativos onde esses outros espaços possam ser explorados como espaços de ensino e
divulgação.
Como espaços não formais propícios para programas de EA, museus e centros de
ciências têm recebido muita atenção de pesquisadores devido ao seu potencial de engajar a
comunidade escolar com a cultura da ciência. De fato, o museu possui alguns aspectos que o
tornam a base para a promoção dessa proposta educativa de EA. Segundo Tapia (2001), a
natureza informal dessas organizações permite maior liberdade na escolha e organização do
conteúdo e da metodologia, ampliando as capacidades interdisciplinares e de contextualização
no que se refere às questões ambientais.
Vale ressaltar que, a partir da década de 1980, a concepção educativa das exposições
em museus de ciência foi muito influenciada pelas teorias educacionais em vigor, segundo
Cazelli, Marandino & Studart (2003), em particular, a teoria construtivista enfatiza o papel
ativo dos indivíduos na estruturação de sua própria aprendizagem e reconhece que a
aprendizagem é um processo dinâmico que requer interação constante entre o indivíduo e o
ambiente. Assim, a interatividade encontrada nos museus de ciências, através de seus aparatos
eletrônicos, é um campo propício para que práticas de EA e o ensino de ciências contribuam
com as mudanças no comportamento crítico das pessoas, sobretudo porque “atividades de
educação ambiental exigem uma combinação de elementos científicos e teóricos com
experimentação, práticas e conhecimentos externos as escolas”. (MINC, 1997, p. 63 4 apud.
LAMIM-GUEDES, 2017).
Dessa forma, o trabalho trouxe a análise e a reflexão de um espaço não formal de EA:
O Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCT-PUCRS), com o objetivo de promover
uma discussão sobre as questões que transpõem a EA nesses espaços de educação não formais
através de suas ações educativas. Isso porque, nesses locais, além de poder realizar atividades
educativas, é possível estimular uma atitude mais responsável em relação ao meio ambiente
por meio das atividades desenvolvidas nesses espaços que transcendem os espaços formais de
ensino. Assim, selecionou-se duas Exposições e dois Dioramas5 do MCT-PUCRS para

4
MINC, Carlos. Ecologia e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1997. 128 p.
5
Diorama pode ser definido como uma representação em três dimensões de um ambiente, uma cena ou evento,
utilizando modelos ou animais taxidermizados organizados em um determinado espaço (INSLEY, 2008.
OLIVEIRA, 2010 apud.. DE OLIVEIRA & MARANDINO, 2012 ).
4

verificar, através da análise das ações educativas e das ferramentas pedagógicas museais, se
existe um escopo para o ensino-aprendizado da EA nesses espaços.
Do ponto de vista metodológico, foi realizada pesquisa de campo, análise documental
e bibliográfica de autores que discutem questões relacionadas a museus, EA em museus e
espaços não formais. Assim, este trabalho se insere na esfera das pesquisas exploratória-
qualitativa desenvolvidas na categoria da educação não formal, bem como as possibilidades
dessas práticas relacionadas às ações de EA que vêm sendo praticadas no MCT-PUCRS e que
podem contribuir para o processo socioeducativo.

2. METODOLOGIA

A pesquisa teve como base teórica os trabalhos de autoria, coautoria e organização da


Prof.ª Dr.ª Martha Marandino, professora de biologia com doutorado em Educação pela
Universidade de São Paulo (2001), coordenadora do Grupo de Estudo de Pesquisa em
Educação Não Formal e Divulgação da Ciência/GEENF, e da Prof.ª Dr.ª Sibele Cazelli,
Graduada em Biologia, mestre em Educação e doutora em Educação pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), é pesquisadora da Coordenação de
Educação do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST-MCT). Outros autores que
estudam a temática: museus, EA em museus e espaços não formais também foram
pesquisados e analisados.
Além disso, consultou-se o blog e o site institucional do MCT-PUCRS para pesquisa e
análise documental em busca de informações pertinentes ao desenvolvimento do trabalho,
com o intuito de levantar quais as ações educativas voltadas ao ensino e aprendizado da EA
estavam sendo desenvolvidas em seus espaços expositivos e oferecidas aos visitantes e quais
ferramentas estavam sendo apresentadas aos indivíduos com o objetivo de proporcionar e
ajudar na análise crítica dos aspectos da ciência, sua relação com o ambiente e a sociedade.
Para ampliar a informação, foi realizada uma entrevista com a professora e
coordenadora de ações educacionais do MCT-PUCRS e, logo após, foram feitas as
observações in loco dos espaços expositivos (Anexo A). Como objeto dessa pesquisa, foram
selecionadas duas Exposições e dois Dioramas. Por fim, buscou-se a opinião sobre o tema
“EA nos museus”, por meio de um questionário (Anexo B), respondido por uma museóloga e
professora docente da UFRGS.
5

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O espaço não formal de EA, em que o trabalho se desenvolveu, conforme referenciado


anteriormente, trata-se de um museu de ciências o Museu de Ciências e Tecnologias da
PUCRS (MCT-PUCRS6). Dessa forma, as proposições aqui apresentadas se originaram da
observação e reflexão de seus espaços expositivos, para isso foram selecionadas duas
Exposições e dois Dioramas, a fim de identificar como a temática da EA é apresentada aos
visitantes e de que forma e quais ferramentas pedagógicas são utilizadas.
Como um espaço educativo que promete experiências além da sala de aula, o MCT-
PUCRS é um espaço de formação e informação. O Museu apresenta em sua área expositiva
um acervo com cerca de 700 experimentos interativos, 13 exposições e 13 dioramas
distribuídos nos seus três pavimentos e dois mezaninos. Seu conceito proporciona
engajamento ativo para os visitantes, onde aprender sobre ciência se torna uma experiência de
aprendizagem emocionante e apresenta a natureza interativa com um experimento que torna
as atividades estimulantes e desperta o interesse pelo conhecimento. O papel do MCT-PUCRS
como veículo de disseminação do conhecimento é alcançado por meio de suas exposições que
visam estimular o gosto e a curiosidade pela ciência, valorizando a participação de visitantes
que se tornam protagonistas de seu próprio aprendizado ao se envolverem em experiências
interessantes, inusitadas e divertidas.
Devido ao seu caráter interdisciplinar e dinâmico, levantou-se que o Museu conta com
um banco de 20 roteiros e atividades, divididos nas áreas de: física, biologia e
experimentação, os quais podem ser realizados através de agendamento individualizado.
Dessa forma, professores, educadores e universitários serão atendidos pela equipe educacional
do Museu na chamada atividade pré-visita, a fim de que, possam preparar-se antecipadamente
para utilizar a estrutura oferecida como estratégia pedagógica, além de dar a oportunidade aos
visitantes de desenvolver as habilidades necessárias para a interpretação e compreensão do
espaço e, a partir disso, coletar o maior número de dados possível sobre o assunto escolhido.
Conforme Marandino (2008), ao determinar os objetivos pedagógicos da atividade, ao
escolher o que destacar, o que planejar e quais as formas e estratégias serão utilizadas durante
a visita e durante a mediação, pode-se definir o papel do mediador, do público, dos
6
Para simplificar, passaremos a referi-lo em alguns momentos como Museu (com inicial maiúscula).
6

professores ou outros participantes, fazendo escolhas que remetem a certas noções


pedagógicas e, ainda, “é preciso que o visitante seja ativo e engajado intelectualmente nas
ações que realiza no museu e que as visitas promovam situações de diálogo entre o público e,
deste, com os mediadores”. (MARANDINO, 2008, p. 16).
É nessa perspectiva que o Museu desenvolve, como uma de suas linhas de ação, o
fortalecimento da dimensão ambiental no processo educativo. Suas ações destinam-se a
assegurar a interação e a integração equilibradas das múltiplas dimensões da sustentabilidade
ambiental. Com esse objetivo presente, analisou-se o primeiro espaço selecionado e foi
possível identificar algumas ações que têm sido realizadas: localizada no 1º pavimento 7, a
Exposição: Mudanças Climáticas e Tecnologias (Figura 1), produzida de forma sustentável
com a utilização de materiais de menor impacto ambiental, foi aberta ao público em abril de
2022, com o intuito de debater os impactos e os avanços das mudanças climáticas no mundo.

A exposição conta com 14 experimentos interativos, que permitem diferentes


perspectivas e sensações, dentre os quais uma cabine fechada que propicia uma simulação do
efeito estufa, em que o visitante, de maneira sensorial, sente na pele o aquecimento da Terra.
Esse experimento ganha destaque entre os alunos que relatam a experiência como
“sufocante”, “muito quente” e “ruim”. Além da interatividade dos experimentos, a exposição
conta também com recursos de audiodescrição, inglês, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e
realidade aumentada. Vale destacar que ela é dividida em cinco eixos que debatem diferentes
aspectos das mudanças climáticas: mudanças climáticas naturais e a interferência humana;
mudanças climáticas naturais e catástrofes ambientais; a importância do carbono como fonte
7
Segundo a concepção do Museu, o 1º pavimento ou pavimento térreo é dedicado à Educação Ambiental e ao
Mundo da Criança
7

de energia; as tecnologias limpas de carbono contra a crise climática; e o futuro que você
espera ainda pode ser o futuro que espera você.
Outro exemplo de experimento dessa exposição, que coloca o efeito estufa no cerne do
problema das mudanças climáticas, é: Impactos das Atividades Humanas Sobre a
Temperatura da Terra que, através de vídeo e gráficos evolutivos, mostra a variação na
temperatura média anual da Terra nos últimos 140 anos e busca saber qual ou quais
fenômenos (naturais ou não) são responsáveis por esse aumento. Depois de apresentar
algumas supostas causas, chega-se à conclusão que os gases do efeito estufa – sendo o CO2
atmosférico 40% mais alto do que no ano de 1.750 – são os responsáveis pelo aumento da
temperatura média da Terra nos últimos anos.
Ainda sobre a exposição Mudanças climáticas e Tecnologias, o experimento
Trocas/Depósito de Carbono, apresenta, de forma didática, a problematização da liberação de
carbono na atmosfera terrestre das principais fontes de produção de CO2. Através de
ferramentas como o touch screen, e de um aparato hands on8 que, ao manipular, libera uma
“esfera” de 0,1 g de molécula de carbono (que representa o equivalente a 12 segundos de
respiração humana) para que o visitante possa fazer uma comparação e ter a noção de quanto
CO2 é liberado no planeta por várias fontes de emissão de carbono. Da mesma forma, através
da ferramenta de QrCode, o visitante é redirecionado para informações complementares onde
é possível analisar as comparações de emissão de CO2 na geração de 1KWh de energia. Esse
experimento se inicia no 1º pavimento, no qual um enorme modelo tridimensional da cadeia
de carbono (Figura 1B e Anexo A1) direciona o visitante ao 3º pavimento, onde a
experimentação termina com a apresentação de mais um vídeo e um “aparato” que recebe a
“esfera” de carbono liberada no 1º pavimento.
O segundo espaço selecionado, a exposição Marcas da Evolução (Figura 2),
localizada no 2º pavimento, ativa desde março de 2017, por meio de uma grande árvore
filogenética, apresenta uma visão atual da evolução das espécies e suas modificações surgidas
ao longo do processo evolutivo, que, a partir da seleção natural e através de suas coleções
científicas, cria a possibilidade, entre outras, de ensinar a EA por meio da preservação e
importância da biodiversidade. Conforme instruções das políticas nacionais sobre educação
ambiental, o aprofundamento de temas, que estão ligados ao meio ambiente e à

8
Hands-on: que considera o toque e a manipulação física como as principais formas de interação. Marandino
(2008)
8

biodiversidade, deve primar pelo desenvolvimento de uma visão integrada do meio ambiente
em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos, assim evidenciado no artigo 5º da
lei 9.795/99 (BRASIL, 1999).

Como ferramenta pedagógica dessa Exposição, podemos citar os exemplares das


coleções científicas do Museu, realidade virtual, imagens, modelos tridimensionais e
esqueletos que simulam a diversidade de seres vivos.
Ainda sobre a EA nesse espaço, pode-se observar uma abordagem do tema no material
impresso: “Marcas da Evolução: roteiro de atividades educativas” no “caderno de atividade”:

O futuro das espécies – Ao longo da história da vida na Terra, mudanças globais no


clima, na composição química da atmosfera e nas relações ecológicas favoreceram
indivíduos cujas características os tornaram mais aptos a sobreviverem e deixar
descendentes. E futuramente? Quais mudanças ocorrerão no planeta Terra? Quais
espécies estarão mais aptas às novas condições? Novas espécies surgirão? Como a
evolução não para, convidamos você a imaginar uma nova espécie, que habitará
nosso planeta no futuro. […]. (FERRARO et al., 2017 p. 12, grifo do autor).

De acordo com o “Roteiro de Atividades”, a temática do espaço expositivo sobre a


evolução dos seres vivos pretende estimular o estudante/ visitante a refletir sobre as relações
evolutivas entre os diversos grupos de seres vivos. As reflexões propostas são: de que maneira
a evolução e a biodiversidade se relacionam; como se formou a biodiversidade atual, e mais,
quais as influências humanas que ameaçam a biodiversidade, a extinção das espécies e as
unidades de conservação. Entretanto, o projeto museográfico, elaborado a partir do viés
interativo, não teve como foco principal a temática da EA. Segundo Ferraro & Pires (2017), a
concepção foi pensada a partir dos conteúdos relacionados à evolução das espécies que são
9

trabalhados nos ensinos fundamental e médio da educação básica, apresentando as relações


evolutivas e filogenéticas entre os grupos de seres vivos.
Nos Dioramas selecionados, observa-se a EA sendo apresentada de forma
fragmentada9 tanto no Diorama Campos quanto no Diorama Floresta Amazônica. Como
objeto de estudo para a EA por meio da biodiversidade os dioramas têm uma forte indicação
para sensibilizar a consciência para a conservação e para o aprendizado sobre conceitos
ambientais, orgânicos e biológicos. (DE OLIVEIRA & MARANDINO, 2012) Assim também
Recetti, Silva e Bianconi (2017) demonstram a importância dos dioramas na transformação
das questões ambientais e na promoção da EA, despertando a curiosidade e fascínio dos
alunos e contribuindo para a construção do conhecimento relacionado às questões ambientais.
Podemos citar como ferramentas pedagógicas desses ambientes a utilização de sons
comuns do ambiente representado, como sons de pássaros, rugidos de onça, barulho de chuva
e efeitos de luz simulando relâmpagos, animais taxidermizados e réplicas, plantas dissecadas
e réplicas (DE OLIVEIRA & MARANDINO, 2012).
Como ação pedagógica museal para EA, podemos destacar também, as ações de
mediação como um projeto dialógico de produção de sentidos através da figura do mediador
presente na condução do processo ensino-aprendizado, ajudando o visitante na compreensão
do funcionamento dos experimentos e dos processos envolvidos em sua ocorrência. Caso
contrário, a experiência se torna uma experiência vazia, não tem nenhum valor se não se
entender o conceito explicado; neste contexto, explica Ferraro: “é através da troca de saberes
entre ambos que será oportunizado a (re)construção de um conhecimento questionador e
crítico” (FERRARO, 2014, p. 341).

4. CONCLUSÃO

Através da reflexão/análise dos projetos educativos desenvolvidos pelo Museu de


Ciências e Tecnologias da PUC (MCT-PUCRS), como um espaço não formal de EA,
verificamos, no escopo de suas ações educativas, a existência de esforços teóricos e práticos

9
A fragmentação de conteúdos e separação dos saberes gera dificuldade de assimilação e entendimento social
e planetário, causando problemas para a compreensão do complexo e tornando invisível as interações
existentes entre as partes e o todo, o mesmo relaciona-se a uma orientação para que a questão ambiental não
seja compreendida de forma fragmentada e sim de forma complexa, interligada, que permite a visão
integrada dos problemas que a caracterizam (MORIN, 2011, 2013, 2015 apud FARIAS, 2018).
10

na busca de abordagens pedagógicas mais críticas no trato das problemáticas socioambientais


na Exposição Mudanças Climáticas e Tecnologias que, através de seus 14 experimentos
lúdicos, oferece uma participação mais inventiva e criativa dos visitantes, com o intuito de
fornecer ferramentas e elementos necessários para a reflexão, o debate e a construção de um
pensamento crítico sobre a crise climática atual, sua relação com o ambiente e a sociedade.
Observou-se que, mesmo sendo os Dioramas uma ótima contribuição para a
construção do conhecimento relacionado às questões ambientais e promoção da EA, nos
dioramas Campos e Floresta Amazônica percebeu-se a EA sendo apresentada de forma
fragmentada, bem como na Exposição Marcas da Evolução. A fragmentação faz com que os
problemas socioambientais sejam apresentados de forma desvinculada de outras dimensões
importantes da realidade, dando ênfase apenas às questões naturais e técnicas das questões
ambiental, através da biodiversidade e conservação das espécies sem que se aborde de forma
mais profunda as reais causas dos problemas,
Identificamos ainda a Pré-visita e as Ações de Mediação como escopo a ser
aproveitado para ações educativas museais da EA. Essas ferramentas pedagógicas facilitam e
promovem o acesso ao conhecimento científico da EA nos espaços observados. Vale ressaltar
ainda que foi identificado o uso de coleções científicas do Museu, imagens, vídeos, materiais
impressos, modelos tridimensionais e esqueletos que simulam a diversidade de seres vivos e
ainda touch screen, QrCodes, sons que simulam os ambientes das experimentações, aparatos
de interação hands on, plantas dissecadas e réplicas, animais taxidermizados e réplicas,
recursos tecnológicos de audiodescrição, realidade virtual e realidade aumentada.
Em face disso, consideramos que o MCT-PUCRS é um espaço não formal propício
para o ensino da EA, principalmente na exposição Mudanças Climáticas e Tecnologias que
aborda de forma crítica e apresenta a temática ambiental com uma visão mais complexa e
ampla dos problemas ambientais atuais e que, através de seus 14 experimentos interativos,
fornece as ferramentas e elementos pedagógicos necessários na promoção de um olhar mais
crítico, reflexivo e contextualizado sobre as questões socioambientais.
Para finalizar, vale ressaltar que, devido ao curto escopo temporal dessa pesquisa e da
grande diversidade de exposições e de experimentos existentes no MCT-PUCRS, há a
necessidade de aprofundamento na temática ambiental, em busca de outras ações em que a
11

EA possa estar presente nos espaços do Museu, e analisá-los também na perspectiva


interdisciplinar.

5. REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro


e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: MEC/SEF, 1998 p. 30. Disponível em: <https://bit.ly/3Qyq2cg.>. Acesso em: 01 jun.
2022.

______. Lei nº 9.795. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, 27 de abril de 1999. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 07 maio 2022.

CAZELLI, Sibele; MARANDINO, Martha; STUDART, Denise. Educação e comunicação em


museus de ciência: aspectos históricos, pesquisa e prática. Educação e Museu: a construção
social do caráter educativo dos museus de ciências. Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora
Access, 2003. Disponível em: <https://bit.ly/3baogxw> . Acesso em: 20 maio 2022.

DE OLIVEIRA, Adriano Dias; MARANDINO, Martha. Dioramas e biodiversidades:


estudando um museu de ciências brasileiro. Educación y futuro: revista de investigación
aplicada y experiencias educativas, n. 27, p. 107-120, 2012.

FERRARO, José Luís Schifino; GIGLIO, Roberta. O Museu como espaço de


transversalidade. Educação Por Escrito, v. 5, n. 2, p. 333-345, 2014.

FERRARO, José Luís Schifino; PIRES, Melissa Guerra Simões. Museus universitários e
internacionalização no ensino superior: a experiência de elaboração de uma exposição
conjunta entre o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (Brasil) e o Great North
Museum Hancock (Reino Unido). In: Congreso da redpop: conexiones–nuevas maneras de
popularizar la ciencia. Buenos Aires, 2017. Disponível em: <https://bit.ly/3OnWM5X>.
Acesso em: 25 maio 2022.

LAMIM-GUEDES, Valdir. Temática socioambiental em Museus de Ciências: educação


ambiental e a educação científica. Ambiente & Educação, v. 22, n. 1, p. 77-95, 2017.
Disponível em: <https://bit.ly/3b6xKK9>. Acesso em: 02 jun. 2022.

MARANDINO, Marta. (Org.). Educação em museus: a mediação em foco. São Paulo:


Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Não-formal e Divulgação em Ciências, 2008.
Disponível em: <https://bit.ly/3zLW5PQ>. Acesso em: 20 maio 2022.

MARANDINO, Marta; SELLES, Sandra Escovedo; FERREIRA, Márcia Serra. Ensino de


biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educacionais. São Paulo: Cortez, 2009.
12

NEVES, Kiandro de Oliveira Gomes. o uso de dioramas no processo de ensino e


aprendizagem de biologia. Revista Arquivos Científicos (IMMES), v. 4, n. 1, p. 107-110,
2021.

RECETTI, Janael; SILVA, Manoela Dreyer; BIANCONI, Gledson V. Relato do uso de um


diorama como ferramenta para educação ambiental biorregionalista. XVI Encontro
Paranaense de Educação Amabiental, Curitiba, maio, 2017. Disponível em: <
https://bit.ly/3aZzjK1>. Acesso em: 10 maio de 2022.

SORRENTINO, M. De Tbilisi a Tessaloniki, a educação ambiental no Brasil. In: JACOBI, P


et al (Orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo:
SMA. 1998. p.27-32.

PUCRS – Museu de Ciências e Tecnologias. Área educacional. Porto Alegre: PUCRS/MCT.


Disponível em: <https://www.pucrs.br/mct/>

TAPIA, Jesús Alonso. A motivação na sala de aula. São Paulo: Editora Loyola. 2001.
Disponível em: <https://bit.ly/3n0mi5v>. Acesso em: 02 jun. 2022.
13

ANEXO A
REGISTROS FOTOGRÁFICOS DA VISITA NO MCT-PUCRS EM 27/05/2022

1 2 1 2

4 4 5

6 7

8 8 9

FOTO 1 - Experimento CO2 – Cadeia de Carbono FOTO 6 - Detalhe de Vídeo - Cabine do Efeito Estufa
14

FOTO 2 - Entrada do MCT-PUCRS FOTO 7 - Entrada do MCT-PUCR


Vista da Exposição Mudanças climáticas e
FOTO 3 - Vista do 1º Pavimento FOTO 8 - Tecnologia
FOTO 4 - Experimento: 6º Extinção em Massa - FOTO 9 - Tela com touch screen
FOTO 5 - Experimento: 6º Extinção em Massa
15

ANEXO B

QUESTIONÁRIO RESPONDIDO POR MÁRCIA REGINA BERTOTTO EM 24/04/2022


16

Você também pode gostar