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JABOTICABAL
2014
INTRODUÇÃO
Espaço não-formal de educação pode ser visto como qualquer local onde
ocorram ações educativas que se diferencie do modelo padrão de escola, porém, definir
o espaço não formal de educação é uma tarefa difícil devido à grande diversidade de
locais onde podem ser realizadas tais práticas educativas (SOUZA, 2013), como
zoológicos, estações ecológicas, instituições filantrópicas, aquários e tantos outros
lugares.
Atualmente, ainda é escassa a quantidade de materiais que relatam as
experiências e metodologias de trabalhos feitos sobre Educação Ambiental em espaços
não-formais, que apresentem os avanços alcançados durante o processo, assim como as
dificuldades encontradas. Dado este fato, o presente trabalho pretende utilizar da
pesquisa-ação, para analisar estratégias metodológicas utilizadas num projeto de
extensão em EA1, realizado em uma instituição filantrópica da cidade de Jaboticabal,
interior de São Paulo. O presente trabalho justifica-se em função do interesse em
contribuir para a sistematização e abordagem de práticas nesses espaços, considerando
suas limitações de recursos e tempo. Nesse sentido, Guimarães (2004) defende que as
ações pedagógicas precisam superar a mera transmissão de informações ecologicamente
corretas, assim como as ações de sensibilização, que envolvem afetivamente as pessoas,
com a causa ambiental. No caso do universo escolar, observa-se um trabalho isolado
dos aspectos cognitivo e afetivo, no processo de ensino-aprendizagem, neste caso, deve-
se articular o trabalho cognitivo (razão) e afetivo (emoção), não simplesmente para
motivar os alunos, mas para buscar a transformação de práticas individuais e coletivas.
Ele ainda destaca que grande parte dos projetos de EA costuma reproduzir práticas
voltadas para a mudança de comportamento de um indivíduo, descontextualizada da
realidade socioambiental no qual a escola está imersa. Neste caso, dever-se-ia promover
um processo educativo que não ficasse restrito ao aprendizado individualizado dos
conteúdos escolares ou se sensibilização, mas na relação do indivíduo com o próximo,
com a coletividade, dando destaque que a educação se dá na relação. Deve-se também
buscar a melhoria da autoestima dos envolvidos e a na potencialidade transformadora da
ação pedagógica.
OBJETIVOS
O presente projeto tem como objetivo geral investigar estratégias de ensino,
e o reflexo na aprendizagem de jovens, que frequentam uma instituição filantrópica na
cidade de Jaboticabal.
Os objetivos específicos estabelecidos são:
1
Projeto Intitulado: Educação Ambiental em Espaços Formais e não Formais, aprovado pela PROEX, no
ano de 2015.
(1) Realizar um levantamento bibliográfico sobre Educação Ambiental em
espaços não formais
(2) Analisar o quanto as estratégias de ensino desenvolvidas promoveram
um avanço conceitual junto aos jovens participantes do projeto.
METODOLOGIA
Trata-se de uma investigação qualitativa sobre o trabalho de alunos de
graduação em Ciências Biológicas, que desenvolvem um projeto de extensão de
Educação Ambiental em um espaço não-formal. Bogdan e Biklen (1994) atribuem para
a investigação qualitativa cinco características: (1) a fonte direta dos dados é o contexto
a ser estudado, e o investigador é o principal agente na coleta dos dados; (2) os dados
são essencialmente de caráter descritivo; (3) há um interesse maior pelo processo em si
do que propriamente pelos resultados; (4) a análise dos dados é feita de forma indutiva;
e (5) o investigador tem como interesse principal compreender o significado que os
participantes atribuem às suas experiências. Ludke e André (1986) apontam que a
pesquisa qualitativa pode assumir várias formas, uma destas formas é o estudo de caso
que, segundo estes autores, é o estudo de um caso, pois este apresenta seus limites
definidos, representando uma unidade dentro de um contexto mais amplo (LUDKE;
ANDRÉ 1986, P.17).
Além de uma pesquisa qualitativa, situamos o presente estudo no campo da
pesquisa-ção, que, segundo Tripp (2005), trata-se de uma estratégia para o
desenvolvimento, tanto de professores e pesquisadores, que utilizam suas pesquisas para
aprimorar seu ensino, quanto, consequentemente, de aprendizado de seus alunos. A
pesquisa-ação segue um ciclo, que tem seu início na identificação do problema, o
planejamento de uma solução e segue com a implementação de tal solução, que tem
seus resultados monitorados e avaliados (TRIPP, 2005). Utilizando este ciclo da
pesquisa-ação, o presente trabalho visa avaliar a efetividade das metodologias utilizadas
no ensino de EA em espaço não formal, trazendo sua trajetória desde a identificação dos
problemas até a avaliação das soluções aplicadas para cada um destes. Tendo
desenvolvido o plano de ação, o investigador deve analisá-lo e interpretá-lo para tirar
conclusões, verificando assim “se o plano surtiu efeito e em que medida e o que
eventualmente precisa ser aperfeiçoado num novo ciclo de pesquisa” (ENGEL, 2000,
p.188).
A pesquisa será realizada em uma instituição filantrópica, da cidade do
interior de São Paulo, que atende crianças e adolescentes de baixa renda, no contraturno
do horário escolar. A coleta de dados será realizada no período da manhã, que atende
em torno de 18 crianças entre dez e 14 anos.
Serão realizados encontros que trabalharão com os seguintes temas: (1) Uso da
água; (2) Gestão do lixo; (3) Uso da energia; (4) Consumo Consciente. As estratégias
utilizadas serão: (a) Rodas de conversa - levantamento de conhecimentos prévios; (2)
Debates – para reflexão, revisão e aprofundamento de conceitos; (3) Produção de
desenhos – utilizado como forma de simbolizar o conteúdo apreendido; (4) Uso de
músicas, imagens, pequenos filmes – serão utilizados para reflexões acerca das questões
ambientais que envolvem nosso país; (5) Resolução de problemas – em pequenos
grupos os alunos serão confrontados com problemas ambientais reais que ocorrem
dentro das cidades, para que busquem soluções sustentáveis em grupo; (6) Produção de
cartazes (textos, desenhos, colagens, pinturas) – produção de materiais gráficos para
serem expostos na escola, na forma de campanha educativa; (7) Pesquisa sobre práticas
familiares – alunos farão uma avaliação crítica das práticas familiares com relação ao
meio ambiente; (8) Jornal escolar – os alunos vão relatar suas experiências junto ao
projeto, e farão sua divulgação junto à comunidade escolar.
REFERÊNCIAS
BRASIL. LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. Dispõe sobre a educação
ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. Diário Oficial. Brasília, 1999.
BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação:
umaintrodução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.
ENGEL, G. I. Pesquisa-ação. Educar em Revista, Curitiba, n. 16, p. 181-191, 2000.
GUIMARÃES, M. Educação ambiental crítica. In: BRASIL, Identidades da educação
ambiental brasileira. Diretoria de Educação Ambiental. Ministério do Meio Ambiente.
Brasília, 2004.
LIMA. G. F. da C. Educação Ambiental Crítica: do socioambientalismo às sociedades
sustentáveis. Educação e Pesquisa, São Paulo, 2009.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. E. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas.
São Paulo: EPU, 1986.
SOUZA, C. R. T. A educação não formal e a escola aberta. Disponível em: . Acesso
em: 26 de mar. de 2013.
SILVA M. M. R. Análise de propostas de educação ambiental não formal no Aquário de
São Paulo, no período de 12 a 26 de setembro de 2012. Trabalho de conclusão de curso.
Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2012.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São
Paulo, 2005.