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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

JÚLIO DE MESQUITA FILHO


FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS

Nome da candidata: Isabela Stoco Correa


Orientadora: Profa. Dra. Tatiana Noronha de Souza

Projeto apresentado para o


Edital 14/2015 –Programa
de Iniciação Científica da
UNESP-PIBIC/PIBITI

JABOTICABAL
2014
INTRODUÇÃO

A emergente necessidade de se minimizar, ou reverter, os impactos


ambientais têm gerado forte busca por modelos de ação, definição de medidas e
possíveis mudanças na ralação ser humano-sociedade-natureza. Nesse contexto,
podemos observar atualmente uma forte tendência de os diferentes setores sociais
reconhecerem o processo educativo como um caminho para tais mudanças
(CARVALHO, 2000).
No Brasil, a Educação Ambiental (EA) se constituiu como um campo
complexo, plural e diverso, reunindo contribuições de diversas áreas, a partir das
décadas de 70 e 80 (LIMA, 2009). A Educação Ambiental traz importantes noções de
cidadania e é uma importante ferramenta para a formação política, promovendo a crítica
dos problemas ambientais, consequências, contradições e possíveis alternativas (LIMA,
2009). A EA tira a ideia restrita do cuidado individual para com o meio ambiente,
trazendo a discussão para um prisma de ações coletivas, combatendo o modelo de
sociedade dominante, que tem seu alicerce na superprodução, e combatendo qualquer
forma de discriminação. Sobre o conceito de Educação Ambiental:
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

A EA vem sendo cada vez mais empregada em espaços não formais de


ensino, devido a sua característica complexa, capaz de trabalhar com as diversidades,
envolvendo questões políticas, sociais e culturais. A atuação em espaços não formais se
mostra necessária, pois estes são capazes de proporcionar diferentes locais para um
aprendizado diferenciado, sensibilizando o ser humano e despertando nestes um
interesse por questões ambientais (SILVA, 2012).
Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas
educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões
ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade
do meio ambiente (BRASIL, 1999).

Espaço não-formal de educação pode ser visto como qualquer local onde
ocorram ações educativas que se diferencie do modelo padrão de escola, porém, definir
o espaço não formal de educação é uma tarefa difícil devido à grande diversidade de
locais onde podem ser realizadas tais práticas educativas (SOUZA, 2013), como
zoológicos, estações ecológicas, instituições filantrópicas, aquários e tantos outros
lugares.
Atualmente, ainda é escassa a quantidade de materiais que relatam as
experiências e metodologias de trabalhos feitos sobre Educação Ambiental em espaços
não-formais, que apresentem os avanços alcançados durante o processo, assim como as
dificuldades encontradas. Dado este fato, o presente trabalho pretende utilizar da
pesquisa-ação, para analisar estratégias metodológicas utilizadas num projeto de
extensão em EA1, realizado em uma instituição filantrópica da cidade de Jaboticabal,
interior de São Paulo. O presente trabalho justifica-se em função do interesse em
contribuir para a sistematização e abordagem de práticas nesses espaços, considerando
suas limitações de recursos e tempo. Nesse sentido, Guimarães (2004) defende que as
ações pedagógicas precisam superar a mera transmissão de informações ecologicamente
corretas, assim como as ações de sensibilização, que envolvem afetivamente as pessoas,
com a causa ambiental. No caso do universo escolar, observa-se um trabalho isolado
dos aspectos cognitivo e afetivo, no processo de ensino-aprendizagem, neste caso, deve-
se articular o trabalho cognitivo (razão) e afetivo (emoção), não simplesmente para
motivar os alunos, mas para buscar a transformação de práticas individuais e coletivas.
Ele ainda destaca que grande parte dos projetos de EA costuma reproduzir práticas
voltadas para a mudança de comportamento de um indivíduo, descontextualizada da
realidade socioambiental no qual a escola está imersa. Neste caso, dever-se-ia promover
um processo educativo que não ficasse restrito ao aprendizado individualizado dos
conteúdos escolares ou se sensibilização, mas na relação do indivíduo com o próximo,
com a coletividade, dando destaque que a educação se dá na relação. Deve-se também
buscar a melhoria da autoestima dos envolvidos e a na potencialidade transformadora da
ação pedagógica.
OBJETIVOS
O presente projeto tem como objetivo geral investigar estratégias de ensino,
e o reflexo na aprendizagem de jovens, que frequentam uma instituição filantrópica na
cidade de Jaboticabal.
Os objetivos específicos estabelecidos são:

1
Projeto Intitulado: Educação Ambiental em Espaços Formais e não Formais, aprovado pela PROEX, no
ano de 2015.
(1) Realizar um levantamento bibliográfico sobre Educação Ambiental em
espaços não formais
(2) Analisar o quanto as estratégias de ensino desenvolvidas promoveram
um avanço conceitual junto aos jovens participantes do projeto.

METODOLOGIA
Trata-se de uma investigação qualitativa sobre o trabalho de alunos de
graduação em Ciências Biológicas, que desenvolvem um projeto de extensão de
Educação Ambiental em um espaço não-formal. Bogdan e Biklen (1994) atribuem para
a investigação qualitativa cinco características: (1) a fonte direta dos dados é o contexto
a ser estudado, e o investigador é o principal agente na coleta dos dados; (2) os dados
são essencialmente de caráter descritivo; (3) há um interesse maior pelo processo em si
do que propriamente pelos resultados; (4) a análise dos dados é feita de forma indutiva;
e (5) o investigador tem como interesse principal compreender o significado que os
participantes atribuem às suas experiências. Ludke e André (1986) apontam que a
pesquisa qualitativa pode assumir várias formas, uma destas formas é o estudo de caso
que, segundo estes autores, é o estudo de um caso, pois este apresenta seus limites
definidos, representando uma unidade dentro de um contexto mais amplo (LUDKE;
ANDRÉ 1986, P.17).
Além de uma pesquisa qualitativa, situamos o presente estudo no campo da
pesquisa-ção, que, segundo Tripp (2005), trata-se de uma estratégia para o
desenvolvimento, tanto de professores e pesquisadores, que utilizam suas pesquisas para
aprimorar seu ensino, quanto, consequentemente, de aprendizado de seus alunos. A
pesquisa-ação segue um ciclo, que tem seu início na identificação do problema, o
planejamento de uma solução e segue com a implementação de tal solução, que tem
seus resultados monitorados e avaliados (TRIPP, 2005). Utilizando este ciclo da
pesquisa-ação, o presente trabalho visa avaliar a efetividade das metodologias utilizadas
no ensino de EA em espaço não formal, trazendo sua trajetória desde a identificação dos
problemas até a avaliação das soluções aplicadas para cada um destes. Tendo
desenvolvido o plano de ação, o investigador deve analisá-lo e interpretá-lo para tirar
conclusões, verificando assim “se o plano surtiu efeito e em que medida e o que
eventualmente precisa ser aperfeiçoado num novo ciclo de pesquisa” (ENGEL, 2000,
p.188).
A pesquisa será realizada em uma instituição filantrópica, da cidade do
interior de São Paulo, que atende crianças e adolescentes de baixa renda, no contraturno
do horário escolar. A coleta de dados será realizada no período da manhã, que atende
em torno de 18 crianças entre dez e 14 anos.
Serão realizados encontros que trabalharão com os seguintes temas: (1) Uso da
água; (2) Gestão do lixo; (3) Uso da energia; (4) Consumo Consciente. As estratégias
utilizadas serão: (a) Rodas de conversa - levantamento de conhecimentos prévios; (2)
Debates – para reflexão, revisão e aprofundamento de conceitos; (3) Produção de
desenhos – utilizado como forma de simbolizar o conteúdo apreendido; (4) Uso de
músicas, imagens, pequenos filmes – serão utilizados para reflexões acerca das questões
ambientais que envolvem nosso país; (5) Resolução de problemas – em pequenos
grupos os alunos serão confrontados com problemas ambientais reais que ocorrem
dentro das cidades, para que busquem soluções sustentáveis em grupo; (6) Produção de
cartazes (textos, desenhos, colagens, pinturas) – produção de materiais gráficos para
serem expostos na escola, na forma de campanha educativa; (7) Pesquisa sobre práticas
familiares – alunos farão uma avaliação crítica das práticas familiares com relação ao
meio ambiente; (8) Jornal escolar – os alunos vão relatar suas experiências junto ao
projeto, e farão sua divulgação junto à comunidade escolar.

Para a realização das observações a aluna acompanhará 15 encontros que


ocorrerão durante o segundo semestre projeto de extensão de EA, para observação das
atividades. As informações coletadas serão registradas em um diário de campo.
A observação apresenta a possibilidade do pesquisador lançar mão de
conhecimentos e experiências como auxiliares no processo de compreensão e
interpretação do fenômeno estudado (LUDKE; ANDRÉ, 1986), possibilitando, também,
que o pesquisador possa levantar informações que não forem levantadas por outros
materiais de pesquisa. Estas observações devem ser sistematicamente anotadas. De
acordo com Bogdan e Biklen (1994) o investigador deverá fazer uma descrição dos
sujeitos, do ambiente de pesquisa, dos acontecimentos, das conversas, bem como o
mesmo registrar ideias, estratégias, reflexões pessoais ou com embasamento teórico,
para posterior análise.
ANÁLISE DOS DADOS

Será construído um roteiro para que seja possível analisar, de forma


padronizada, os registros das observações, apontando: (1) o tema trabalhado; (2)
número de alunos por encontro; (3) objetivos do tema trabalhado; (4) quais os materiais
e estratégias utilizadas para as atividades; (5) desenvolvimento da atividade, as
dificuldades encontradas e o resultado. Segundo Bogdan e Biklen (1994) o pesquisador
deve organizar os dados, codificando-os, através do destaque de certas palavras, frases,
comportamentos, acontecimentos, etc. Após este processo, poderá ser iniciada a análise
de conteúdo deste material, que será interpretado à luz da literatura atual. Também serão
utilizados para pesquisa os materiais produzidos pelos educandos durantes os cerca de
15 encontros realizados, como: textos individuais e coletivos, cartazes, desenhos,
pinturas e livretos.

PLANO DE ATIVIDADES DO ALUNO COM CRONOGRAMA DE


EXECUÇÃO
Agosto/ Novembro de 2015 Levantamento Bibliográfico e Coleta de dados/supervisões

Dezembro/Fevereiro de 2016 Análise de dados do diário de campo/supervisões

Março/Julho de 2016 Redação do trabalho/supervisões

REFERÊNCIAS
BRASIL. LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. Dispõe sobre a educação
ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. Diário Oficial. Brasília, 1999.
BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação:
umaintrodução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.
ENGEL, G. I. Pesquisa-ação. Educar em Revista, Curitiba, n. 16, p. 181-191, 2000.
GUIMARÃES, M. Educação ambiental crítica. In: BRASIL, Identidades da educação
ambiental brasileira. Diretoria de Educação Ambiental. Ministério do Meio Ambiente.
Brasília, 2004.
LIMA. G. F. da C. Educação Ambiental Crítica: do socioambientalismo às sociedades
sustentáveis. Educação e Pesquisa, São Paulo, 2009.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. E. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas.
São Paulo: EPU, 1986.
SOUZA, C. R. T. A educação não formal e a escola aberta. Disponível em: . Acesso
em: 26 de mar. de 2013.
SILVA M. M. R. Análise de propostas de educação ambiental não formal no Aquário de
São Paulo, no período de 12 a 26 de setembro de 2012. Trabalho de conclusão de curso.
Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2012.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São
Paulo, 2005.

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