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editorial
Gláucia Viola, editora
S
erá mesmo que o amor mudou da era vitoriana aos dias atuais? Apesar do discurso
da nova moral cultural se prender aos “benefícios” das relações instáveis e fugazes
em que o objeto amoroso é descartável como qualquer objeto na lógica do consumo,
lá no fundo todos almejam a ordem de um imperativo e espetacular
CONTODEFADASNOQUALOCOMPROMISSOACUMPLICIDADEEACONlAN¥ASEFA-
zem presentes e indispensáveis.
O problema é que não há alinhamento real entre o enunciado e a aspiração.
O que se quer é viver a intensidade de uma relação, porém, isso exige coragem
e trabalho. É comum esbarrar em crenças limitantes e mudar o curso para o
caminho mais confortável, que ofereça diminuir a angústia e calar o sofrimento
frente às perdas e decepções afetivas. Chegamos então na teoria de Jung sobre
Boa leitura!
Gláucia Viola
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“Não tem crença quem não vive de acordo com a sua crença.”
Thomas Fuller
sumário
CAPA
Histórias de amor
Relações saudáveis são
24
o desejo da maioria, mas
repetições de padrões
podem acompanhar falta de
respeito, submissão e abuso
SHUTTERSTOCK
24/07/2019 11:33
MATÉRIAS
As faces dos
58 três cérebros
Tema de várias pesquisas,
o cérebro é um sistema
08 complexo, que permite
inúmeras análises por
enfoques diferentes
ENTREVISTA
Mariana de Camargo Penteado
aborda a atuação do psicólogo na defesa
dos direitos humanos, principalmente
A adolescência
no combate à LGBTQIA+fobia
e seus desafios
Em função das grandes
transformações biológicas,
SEÇÕES
cognitivas e socioemocionais,
05 NA REDE
06 RELAÇÕES EM PAUTA
a adolescência exige
orientação cautelosa 70
16 IN FOCO
18 PSICOPOSITIVA
20 PSICOPEDAGOGIA
Inte
Abord
35
22 NEUROCIÊNCIA
rseage
iê
cçãns
doss
32 COACHING
o, psic
As diversas
psicaná
intervenções DOSSIÊ:
otelise
34 LIVROS
rapêut
psicoterápicas
e liter
Múltiplas terapias
icas
52 PSICOLOGIA JURÍDICA
atura
ão
Uma nova definiç
nitiva a
daabordagem cog
tratamento
entende como um
54 RECURSOS HUMANOS estratégico e pers
que surge da con
onalizado,
ceitualização
ra estratégias As várias abordagens psicológicas
de caso e incorpo
tamentais
56 PSICOLOGIA SOCIAL cognitivas, compor
e baseadas na ace itação
oferecem opções de tratamento,
Melo
Por Wilson Vieira
vida 35
psique ciência&
odosaber.com.br
82 PSIQUIATRIA FORENSE
www.portalespac 26/07/2019 01:15
SSIE indd 35
na rede por Nicolau José Maluf Jr.
O HOMO
DEMENS
NA REDE
USANDO A
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Ana lista s têm destacado como a mídia digita l vem
(IA) PARA COLOCAR O matando a democracia com seus bots, animadores digitais
etc. O debate entre o valor da democracia direta (via mo-
ROSTO DE UMA PESSOA bilização da s redes socia is pelos populista s) e democra-
NO CORPO DE OUTRA, OS cia representativa seria exaustivo. O que cabe aqui exa-
minar mais uma vez é como o Homo sapiens é ig ua lmente
VÍDEOS DEEPFAKE JÁ o Homo demens.
Imagens, notícias, af irmações jogadas na rede tornam-
SÃO UMA AMEAÇA A -se rapidamente “verdades”, independentemente de sua ve-
DEMANDAR INTERVENÇÕES racidade, por razões de aceitação sem senso crítico por
pa rte do “consumidor usuário” da s mesma s. É como um
GOVERNAMENTAIS efeito manada. Assim é porque o usuário é capturado a
funcionar como consumidor, a partir do seu desejo.
O
s vídeos são absolutamente convincentes, num O místico e f ilósofo Gurdjief apontava que esta ría mos
a mplo espectro. Estrela s de cinema já tivera m todos numa espécie de estado de “adormecimento” par-
seus rostos adicionados a outros corpos em f il- cia l, do qua l seria necessário acorda r. Nos a nos 60 e 70, a
mes pornô, políticos foram e ainda são utiliza- psicologia da Gestalt sublinhava o trabalho na condição
dos em f ilmagens e discursos fa lsos. de Awereness, um aqui e agora pleno. W. Reich examinou
A realidade aumentada, por sua vez, é uma tecnologia a relação entre a neurose e a capacidade de contato. Ou
que cria um a mbiente de imersão, mescla ndo elementos seja, a nossa relação com a realidade e como esta é afe-
computacionais e a realidade, onde se realizam atividades. tada pela s circunstância s histórica s – a nossa , pessoa l,
Não é o mesmo que rea lidade virtua l. O jogo Pókemon Go é e as da sociedade – são antigas questões. Se o que vem
um exemplo. Após o lança mento, o jogo a lcançou rapida- acontecendo na política e na vida pessoal é parâmetro
mente mais de 100 milhões de downloads! para se avaliar o nosso futuro, então o que temos pela
“O homem é um animal racional”, aprendemos cedo na frente é sombrio. A alienação, no sentido mais amplo, é o
escola. É o único dotado de logos, segundo Aristóteles. A mí- principal obstáculo à nossa sobrevivência. Sobrevivência
tica da nossa racionalidade já foi duramente atingida pelo como indivíduos.
IMAGENS: SHUTTERSTOCK/ ARQUIVO PESSOAL
As DIMENSÕES da paixão
A IDEIA DE SE APAIXONAR PROVOCA DESEJO E MEDO.
NÃO É UM TERRENO SEGURO. AINDA QUE A PAIXÃO SEJA
CORRESPONDIDA, GERA FRAGILIDADE, POIS O OBJETO
DE AMOR PODE OU NÃO SUPRIR AS EXPECTATIVAS
H
á uma supervalorização das Eros. Metáforas da mitologia que po-
BAIXAR AS
ações e signif icados de tudo demos considerar como os desaf ios de
que envolve o ser amado. DEFESAS QUE viver e amadurecer. Todos os seres as-
Por isso o medo das pessoas IMPEDEM O sustadores desse caminho estão den-
de se verem enredadas nas garras da tro de todos e podem ser despertados.
paixão. Evitar a todo custo relacio- CONTATO COM Não há melhor forma de conhecermos
nar-se por medo da paixão e do amor O OUTRO E O nossas fragilidades psíquicas e insegu-
é um indício de grande bloqueio e ranças do que na relação com o outro.
revela mecanismos de defesa muito
RISCO DA PAIXÃO Após algum tempo de relação, as
consolidados, provocados geralmente COMO POSSÍVEL idealizações iniciais começam a co-
por vivências traumáticas. lapsar e a realidade se apresenta. Se os
CONSEQUÊNCIA
Como escreve o psiquiatra Renato parceiros avançaram pouco na senda
Mezan no livro Os Sentidos da Paixão: É INICIAR UMA do amadurecimento e autoconheci-
“A defesa – qualquer defesa – tem a JORNADA DE mento, podem surgir muitos conf litos
f inalidade óbvia: evitar o desprazer. e o relacionamento pode tornar-se um
Isso não a impede de gerar, por vezes, HEROÍSMO, campo de disputas. Por questões nar-
um intenso desprazer; mas esse últi- UMA EMPREITADA císicas arcaicas pode não ser fácil para
mo será sempre fantasiado como um o indivíduo reconhecer a parte que lhe
mal menor, se comparado com aqui-
DE MISTÉRIO cabe nos conf litos, gerando mágoa e
lo que sucederia caso a defesa fosse ressentimento no parceiro. Principal-
abandonada. Boa parte do trabalho geralmente revela a nossa “sombra”. mente se houve interrupções em seu
psicanalítico, aliás, consiste no reexa- Sombra é um conceito da psicologia processo de amadurecimento afetivo.
me das fantasias e das angústias que junguiana que designa conteúdos ar- Amar talvez seja a tarefa mais
povoam a vida psíquica do paciente”. quetípicos tanto destrutivos como complexa da existência humana. Des-
Entregar-se à paixão é antes de tudo construtivos, que foram recalcados e de que nascemos, de uma forma ou de
um ato de coragem. esquecidos e assim passíveis de proje- outra, estamos nos preparando para
Baixar as defesas que impedem o ções. A revelação da nossa sombra e amar. “Talvez seja o trabalho para o
contato com o outro e o risco da pai- de nossos complexos, através da rela- qual todos os outros trabalhos não se-
IMAGENS: SHUTTERSTOCK E ARQUIVO PESSOAL
xão como possível consequência é ção com o outro, pode ser equiparado jam mais do que a preparação”, disse
iniciar uma jornada de heroísmo. O simbolicamente aos 12 Trabalhos de o psiquiatra Ronald Laing (1954). O
que enfrentaremos nessa empreitada é Hércules, ao enfrentamento da Medu- amor diferentemente da paixão exige
um mistério. Quando se está aberto à sa e das sereias na jornada de Ulisses um grau de maturidade a ponto de se
vida e às experiências, estamos sujei- e seus companheiros ou aos desaf ios ter condições de considerar o outro e
tos ao apaixonamento. Esse processo de Psique para reencontrar o amor de suas necessidades, diferentemente da
Mariana: “A atuação do
psicólogo deve sempre se
basear na defesa dos direitos
humanos. A comunidade
LGBTQIA+ é uma das pautas
centrais dessas discussões”
LGBTQIA+fobia como
PROBLEMA estrutural
Mariana de Camargo
Penteado explica a importância
da atuação do psicólogo
na defesa dos direitos
humanos e, especificamente,
no combate à LGBTQIA+fobia
e suas consequências
Por Lucas Vasques Peña
A
entrevista com Mariana de Camargo de naturalização das questões de gênero”, re-
Penteado parte de duas constata- flete Mariana.
ções: o Brasil é o país onde se regis- Ela possui graduação em Psicologia pela Uni-
tram os maiores índices de violência versidade de São Paulo (2010) e, atualmente, tra-
contra a comunidade LGBTQIA+ e é cada vez balha como psicóloga clínica em consultório par-
mais importante a participação do psicólogo ticular e junto à Casa 1 na área da clínica social e
junto a essa população. no acompanhamento a moradoras e moradores.
“A atuação do psicólogo deve sempre se ba- A Casa 1 é uma organização localizada em
sear na defesa dos direitos humanos. A comu- São Paulo, que teve sua origem funcionando
FOTO DO ENTREVISTADO: DIVULGAÇÃO/ DEMAIS: SHUTTERSTOCK
nidade LGBTQIA+ é uma das pautas centrais como uma espécie de república de acolhimento
dessas discussões. A prática deve, portanto, vi- para a comunidade LGBTQIA+. Ao longo do
sar a promoção de direitos, a laicidade, o com- tempo foi se transformando, também, em um
bate à patologização e a crítica aos processos centro cultural e uma clínica social.
+fobia de forma ampla. O psicólogo atua tema. Algo que não foi pensado ante- dade e a convivência com outras pes-
de forma múltipla, sempre. Na linha de riormente e que pode resultar em sofri- soas LGBTQIA+ se fazem centrais na
frente, seja em atendimentos individuais mento para a população LGBTQIA+. socialização desse sofrimento.
CONSTRUÇÃO
ABSTRATA
NA MENTE
CONCEITOS ABSTRATOS
SÃO CONSTRUÍDOS POR UM
CONJUNTO DE RELAÇÕES
QUE SÓ FAZEM SENTIDO
QUANDO ESSA REDE ESTÁ
BEM TRANÇADA. ELA
ENVOLVE UMA SÉRIE DE
ELEMENTOS CONCRETOS
N
a coluna da edição passada, sentido à palavra, em uma relação da “grande diversidade” entre eles,
vimos que a linguagem cum- recíproca e interdependente. No en- como o fato de não “considerarem
pre um papel fundamental tanto, a educação não leva em consi- a terra uma propriedade particular”.
não apenas na comunicação, deração a forma como a linguagem é Também devem entender que a “sub-
como na interpretação do ambiente e compreendida e desenvolvida ao tra- sistência” era o “produto do trabalho”
na identificação das próprias emoções, balhar uma série de conteúdos que, e não o lucro. Nesse caso, o domínio
o que possibilita a formulação cons- no decorrer no ensino fundamental, desses conceitos é um pré-requisito
ciente de respostas mais apropriadas. vão ficando cada vez mais abstratos e para a compreensão desta pequena
IMAGENS: SHUTTERSTOCK E ARQUIVO PESSOAL
Se, por um lado, a ampliação do distantes do universo dos alunos. parte de um conteúdo, que vai muito
vocabulário permite a ampliação da As apostilas e livros didáticos além dos fatos citados. O problema
própria consciência e modifica a for- esperam que crianças de menos de é que, em geral, as crianças não têm.
ma como as pessoas processam suas 10 anos entendam que, na época do Isso não quer dizer que nessa ida-
experiências no mundo, por outro descobrimento, havia “características de não seja possível compreender
são as próprias experiências que dão comuns” aos povos indígenas, apesar conceitos complexos: significa que o
H
á uma expressão na sabedo- maneira muito precisa a necessidade tre os quais f igura o bem-estar das
ria africana do ubuntu que humana de nos relacionarmos com comunidades. Mas a que exatamen-
diz “eu sou porque nós so- outras pessoas desde que nascemos te se refere essa categoria? Segundo
mos”, ou estamos todos co- e por toda a nossa existência, assim eles, o bem-estar comunitário está
IMAGENS: SHUTTERSTOCK/ ACERVO PESSOAL
nectados, não podemos ser nós mes- como a interdependência do f loresci- ligado ao senso de envolvimento
mos sem comunidade, ou ainda, em mento e do bem-estar comunitário. com o ambiente social no qual vi-
um sentido mais f ilosóf ico, “a crença Com base nas pesquisas do Insti- vemos, à habilidade de interagirmos
em um vínculo universal de comparti- tuto Gallup, os autores Tom Rath e com as pessoas ao nosso redor, saber
lhamento que conecta toda a humani- Jim Harter elencaram os cinco ele- comunicar-nos com elas e criar rela-
dade”. Esse jogo de palavras traduz de mentos essenciais do bem-estar, en- cionamentos signif icativos baseados
Novas configurações
FAMILIARES
ATÉ ALGUMAS DÉCADAS ATRÁS ERA QUASE IMPENSÁVEL
ACEITAR COMO CONCEITO DE FAMÍLIA SENÃO
AQUELE QUE DEFINIA UM GRUPO SOCIAL FORMADO
POR UM CASAL, OU SEJA PAI, MÃE E SEUS FILHOS
A
Lei do Divórcio, que em 1977 rações e de construir uma vida mais soas que decidem permanecer sem vín-
consagrou a dissolução do pautada na realidade e na aceitação não culo matrimonial etc.
vínculo matrimonial, mudou preconceituosa. Um passo à frente na A adoção de crianças sem qualquer
também algumas das bases CONSTRU¥ÎODELARESMAISHARMONIOSOSE LA¥O SANGUÓNEO E DE lLHOS VINDOS DE
consagradas anteriormente, como o afetivos, dos quais todos precisam. antigas uniões também acabou por se
REGIME DE COMUNHÎO DE BENS E A ADO
5MEXEMPLODASDIlCULDADESVIVEN
tornar constante: são muitos novos tios,
ção facultativa do nome do marido pela ciadas em outras décadas era a situação avós, primos que acabam por fazer cres-
esposa. A consagração da igualdade, o que enfrentavam as crianças nascidas cer o núcleo familiar e que se tornam
RECONHECIMENTODAEXISTÐNCIADEOUTRAS DE PAIS QUE NÎO ERAM OlCIALMENTE CA
mais evidentes em datas festivas, mas
estruturas de convívio, a liberdade de sados, os solteiros ou desquitados, que que no dia a dia se adaptam a novas for-
RECONHECER lLHOS NASCIDOS FORA DO CA
CHEGAVAMANÎOSERACEITASEMGRANDES MAS DE CONVIVÐNCIA HARMONIOSA COM
SAMENTOTROUXERAMPROFUNDASEIRREVER
escolas e afastadas do convívio de co- mais ou menos facilidade.
SÓVEISTRANSFORMA¥ÜESNAFAMÓLIAJÉNÎO LEGUINHASEAMIGOSCUJOSPAISPORUMA As uniões que não têm como objeti-
IDENTIlCADA PELO CASAMENTO MAS PELO questão de preconceito, não permitiam VOACRIA¥ÎODElLHOSCOMOASDEMÎES
vínculo afetivo. ESSA APROXIMA¥ÎO 4EMIA
SE O hMAU LÏSBICAS E PAIS HOMOSSEXUAIS FAMÓLIAS
A cada dia surgem, no mundo todo, EXEMPLOv OS hCOSTUMES LIBERAISv E OU
monoparentais criadas a partir do dese-
NOVAS EXPRESSÜES QUE PROCURAM IDENTI
TRAS TANTAS EXPRESSÜES ERAM UTILIZADAS JODETERECRIARUMlLHODEMODOINDE
lCARDAMELHORFORMAASFAMÓLIASRESUL
PARA HOSTILIZAR E AFASTAR AQUELAS CRIAN
pendente, levaram ao surgimento de um
tantes da pluralidade das relações pa- ças e jovens cujos pais não seguiam as quadro que o mundo ocidental e as no-
rentais decorrentes de divórcios, novas normas sociais vigentes. vas gerações, principalmente, aceitam,
uniões e separações. Hoje, 42 anos depois, grande parte MASAINDAHÉPOUCOENTENDIMENTO
Antigamente, os casais e as famílias da sociedade renovou o conceito tradi- Famílias “mosaico” que se formam
GERALMENTESEAFASTAVAMDElNITIVAMEN
cional de família, o divórcio ocorre com PELAREUNIÎODElLHOSQUECADAUMTRAZ
TE APØS O DIVØRCIO RECONHECIDAMENTE larga aceitação social e novos casamen- do casamento anterior são cada dia mais
uma ruptura de grandes proporções, tos foram criando situações antes raras, comuns. Mas é importante que cada ca-
MESMO QUANDO HAVIA CONSENSO -AS e até outras inusitadas, pela mudança de SALREmITASOBREAFORMADECONDUZIRESSA
HOJEEXISTEMAIORTENDÐNCIAPARASUPERAR costumes e superação de preconceitos. situação em que é preciso conviver não
embates pessoais e agregar os membros Foram surgindo novos modelos APENASCOMOSlLHOSDOPARCEIROATUAL
das famílias em constantes reagrupa- de família, que inclusive ultrapassam mas com a mãe e o pai dessas crianças,
mentos, tendo em vista a compreensão o modelo tradicional do casamento PARACONSTRUIRUMLARHARMONIOSO
DOPAPELDOOUTRONAVIDADOSlLHOSA tradicional, para abranger um amplo O tempo sempre ajuda a ajustar
necessidade de superar lutos relativos a espectro de possibilidades que vão da comportamentos reativos, comuns nos
perdas afetivas e materiais pós- sepa- UNIÎODEPESSOASDEMESMOSEXOPES
primeiros tempos de adaptação, quando
SEXO no
casamento
MAIOR FREQUÊNCIA
DE SEXO NO
CASAMENTO
ESTÁ ASSOCIADA
AO BEM-ESTAR
CONJUGAL
A
lg umas investigações têm nor te-americanas é bem conser va- mede essa variável. Cer tas medidas
apontado que existe uma dor para a nossa exuberante reali- são voltadas a relatos explícitos, de-
relação positiva entre a dade brasileira, e se tivéssemos da- clarações conscientes dos membros
frequência das relações dos nacionais estes apontariam para do casal. Outras formas de mensu-
sexuais em um casal e medidas de uma frequência maior. ração estão focadas nas respostas
bem-estar conjugal. Pesquisas têm No entanto, as conclusões sobre automáticas ou implícitas, que são
demonstrado que se tratando de como o nível da atividade sexual de natureza inconsciente.
sexo e bem-estar, mais é melhor, inf luencia o bem-estar se tornam Os pesquisadores Hicks,
pelo menos até a frequência de uma complicadas por pesquisas que su- McNulty, Meltzer e Olson, em um
vez por semana. Provavelmente, gerem que a frequência sexual pode estudo de 2016, analisaram ligações
esse ponto de cor te da frequência ter diferentes associações com o entre frequência sexual e qualidade
sexual obtida a par tir de amostras bem-estar, dependendo de como se de relacionamento em casais casa-
RELAÇÕES
AFETIVAS
e suas nuances
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
H
istórias de amor
são fáceis e leves
de contar, quase
que como privi-
légios de quem
as vive. Porém, se a maioria das
suas histórias é acompanhada de
qualquer tipo de falta de respeito,
submissão, abuso, rejeição e falta
de honra, você já se perguntou o
porquê de atrair parceiros(as) com
esse padrão? Por que permanecer
em uma relação desconfortável,
mesmo sabendo conscientemente
que não faz bem? Por que há uma
incoerência entre o que o cérebro
pensa e o que sentimos e temos di-
ficuldade de ter um equilíbrio nes-
sa balança? Todos querem viver uma história de amor, mas se a maioria dos casos é acompanhada de qualquer tipo de
Então, por trás desses padrões falta de respeito, submissão, abuso, rejeição e falta de honra é preciso mudar
repetitivos estão crenças limitantes
que carregamos e que nos levam à Por trás dos padrões repetitivos estão
autossabotagem, ou seja, quando
você contribui inconscientemen- crenças limitantes que carregamos e que
te para que tudo dê errado na sua nos levam à autossabotagem. Para entender
vida. Para entender melhor como
formamos nosso sistema de cren- melhor como formamos nosso sistema de
ças, é importante entender que crenças, é importante entender que cada
cada pessoa tem o seu, pois cada
um de nós reage a eventos de for- pessoa tem o seu, pois cada um de nós
mas diferentes.
Imagine um mesmo evento vi-
reage a eventos de formas diferentes
venciado por duas pessoas diferen-
tes: uma delas pode olhar para esse aparentemente infundados e que sores na escola, de alguma religião
evento de uma forma tranquila e ele a impedem de criar uma realidade ou filosofia, de leituras, do que nos
não passar de um fato vivido como diferente. Esse sistema de crenças, contam, de coisas que ouvimos e
outro qualquer, enquanto que para segundo Vianna Stibal, fundadora vemos na televisão e na internet,
a outra esse mesmo evento pode ser da técnica do ThetaHealing®, pos- ou seja, qualquer input desse pode
devastador e fazer com que ela se sui diferentes níveis, que vêm de criar uma crença.
paralise diante da vida, com medos diferentes lugares e experiências E uma crença, quando é criada,
diversas. São eles: níveis primário, vai inf luenciar na nossa vida, na
genético, histórico e de alma. E nossa realidade. Dos 0 aos 7 anos
Deborah Souza é terapeuta com formação como esse sistema de crenças fun- não temos filtro para as informa-
em Programação Neurolinguística (PNL), em ciona nas relações afetivas? ções que chegam a nós. Imagine-
Aromaterapia Clínica e Floral pelo Instituto
Healing Herbs. Membro do IICT – International O primeiro nível de crença é o mos que uma pessoa na sua infância
Institute for Complementary Therapists. É primário, que são aquelas crenças assistiu a um casamento conf lituo-
também instrutora certificada nas Técnicas que adquirimos desde o momento so, sem amor e sem respeito de seus
de Cura Quântica do ThetaHealing. Access
Consciousness e Stargate. Atua com práticas da nossa concepção até os dias de pais. Ela, naquele momento, regis-
de hipnose sistêmica clínica. Mais informações hoje. Elas são criadas através da tra dentro dela aquilo que ela mes-
www.conscienciatheta.com.br e educação dos nossos pais, dos gru- ma interpreta como sendo uma ver-
www.youtube.com/conscienciatheta
pos de amigos, dos nossos profes- dade daquilo que está vivenciando.
Mudança
V amos seguir com as explica-
ções sobre o sistema de cren-
ças para depois falarmos como ini-
ciar a mudança. Afinal, saber disso
faz com que a gente queira mudar,
correto?
Um outro nível de crenças que
existe é o genético, que são aquelas
herdadas de pai, mãe, avôs e avós
até a sétima geração. São crenças
que nos fazem ter um sentimento
de pertencimento à nossa família e
essas crenças podem até ser vistas
como um padrão da família, um
padrão de sucesso, por exemplo,
uma tendência para determinada O primeiro nível de crença é o primário, que são aquelas crenças que são adquiridas desde o momento da
carreira, uma inclinação para um concepção até os dias de hoje; são criadas através da educação dos pais
dom artístico ou até mesmo uma
doença que se propaga de geração
em geração. Muitas vezes temos comportamentos
Uma vez entendido o que é herdados. Podemos olhar para a
esse nível, podemos olhar para a
nossa linhagem familiar e perce- nossa linhagem familiar e perceber
ber se estamos repetindo compor- se estamos repetindo padrões que são
tamentos que são deles nas nossas
relações afetivas. Podemos herdar deles nas nossas relações afetivas
um comportamento de nos colo-
car na posição de pai ou mãe nos dade já viveu, nas quais se criaram consciente coletivo, “toda mulher
relacionamentos e colocar nosso as crenças coletivas, que inf luen- tem que casar e ter filhos”, caso
parceiro/parceira na posição de ciam a sociedade como um todo. contrário, parece que uma mulher
filhos, repetir comportamentos de Criamos a identificação com de- que não cumpre esse papel “não
submissão porque sempre foi as- terminados grupos também através será uma mulher plena”. Caso você
sim na sua família, ou mesmo com- dessas crenças coletivas. acredite nessa informação do in-
portamentos agressivos em suas Esse nível nos mostra que há consciente coletivo, você é uma
relações. Fazemos isso de forma muitas crenças que fazem parte do candidata a sofrer por não se en-
inconsciente, como se fosse uma inconsciente coletivo que dita re- caixar nesse padrão e se sentir ex-
forma de nos manter conectados a gras muitas vezes “duras”, que fa- cluída, além de ter a autoestima
nossa família através das mesmas zem com que as pessoas façam de comprometida. Se você é mulher
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
ações e comportamentos. tudo para se encaixar em padrões solteira com filhos, pode estar
Há também o nível histórico, para serem aceitas pela sociedade. acompanhada da crença de que isso
que são histórias que toda humani- Por exemplo, de acordo com o in- fará com que um novo relaciona-
mudar apenas uma sem que todas as áreas da nossa vida. Porque isso é
as outras sejam afetadas. A energia possível, é seguro e é permitido nes-
de todas as áreas se movimenta e se aqui e agora.
Liderança PESSOAL
F
eche os olhos, respire fundo pensando sobre como imaginou o seu nossos talentos e habilidades e, princi-
calmamente três vezes, de pre- dia daqui a 5 anos. Será igual aos seus palmente, saber usar essas competências
ferência coloque uma música dias atualmente? O que será diferente? em favor do nosso próprio crescimento
relaxante ao fundo. Quando se Que mudanças terão ocorrido em sua e evolução, seja na vida pessoal, social
sentir relaxado(a), imagine como será o vida? Essas mudanças fazem parte de ou na carreira, são as expressões mais
dia 2 de dezembro de 2024. Será uma seu planejamento de vida? Já começou evidentes de nossa liderança pessoal.
segunda-feira. Imagine como será seu a fazer hoje coisas que viabilizarão esse Para implementar com sucesso a li-
dia, onde estará morando, o que fará dia no futuro? derança pessoal, precisamos da liberdade
pela manhã, à tarde e à noite. Imagi- Esse exercício nos remete à necessi- de viver diferentes experiências para sele-
ne sua rotina nesse dia inteiro. Respire dade de termos as rédeas de nossa vida cionar o que no mundo está nos atrain-
fundo novamente e volte ao momento em nossas mãos, ou seja, a importância do e nos motivando positivamente. Um
presente. Permaneça alguns minutos de termos liderança pessoal. Conhecer primeiro passo nesse sentido é examinar
vas e com as situações que vivenciamos. sacrifícios, que são a melhor indicação que nos levem a encarar os sacrifícios
A visão é uma imagem, um contexto no de que uma paixão realmente se desen- do caminho de forma motivada.
qual nos inserimos com sucesso e não
uma tarefa ou um plano. Qual a visão
que você teve ao realizar o exercício Júlio Furtado é professor, palestrante e coach. É graduado em
Psicopedagogia, especialista em Gestalt-terapia e dinâmica de grupo.
proposto no início deste texto? Para É mestre e doutor em Educação. É facilitador de grupos de desenvolvimento
construir uma visão positiva do futuro humano e autor de diversos livros. www.juliofurtado.com.br
de sua vida, você precisa: (1) sonhar,
As diversas
intervenções
psicoterápicas
Uma nova definição da
abordagem cognitiva a
entende como um tratamento
estratégico e personalizado,
que surge da conceitualização
de caso e incorpora estratégias
cognitivas, comportamentais
e baseadas na aceitação
Por Wilson Vieira Melo
SHUTTERSTOCK
E
xistem inúmeros tipos de
A terapia cognitiva
abordagem para um trata- tradicional postula a
mento psicológico. Cada primazia do pensamento
pessoa se identifica com sobre a emoção, sendo
um deles, pois há especificidades uma abordagem bastante
nas formas de terapia, assim como racionalista
Primazia do pensamento
P ara a terapia cognitiva há uma
primazia do pensamento sobre
a emoção. Dito de outro modo, não
são os fatos em si, mas sim a repre-
sentação mental que fazemos deles
que modula o nosso sofrimento.
Partindo-se dessa premissa básica,
é correto afi rmar que a cognição
influencia a emoção e o comporta-
mento e, além disso, é passível de
ser monitorada e também alterada. A literatura e a arte inspiraram muitos dos trabalhos técnicos desenvolvidos ao longo dos dois
A partir daí, mudanças na maneira últimos séculos no campo da ciência psicológica
teóricos conhecidos por funciona- A terapia racional com apego excessivo à necessidade
rem são os princípios básicos de aná- de controle emocional, veremos que
lise do comportamento (reforço, pu- emotiva postula são modos diferentes de enfrentar a
nição e extinção comportamental). que as situações mesma condição, isto é, a dificulda-
Certamente, a terapia analíti- de em lidar com as emoções.
ca funcional é uma das abordagens ativadoras disparam Características observadas em
em que relação terapêutica e ciência o funcionamento de indivíduos com o transtorno da
comportamental se encontram e são personalidade borderline, como a
mais notoriamente utilizadas. crenças irracionais, hiper-reatividade emocional, por
Na terapia comportamental que por sua vez exemplo, podem estar antagoni-
dialética, alguns casos podem ser camente presentes em indivíduos
especialmente desafiadores. O so- têm consequências com o transtorno da personalida-
frimento de alguns indivíduos pode fisiológicas, de obsessivo-compulsiva. Para o
ser tão intenso e disfuncional que primeiro grupo descrito, a terapia
faz com que sejam considerados emocionais e comportamental dialética foi de-
difíceis ou até mesmo intratáveis. comportamentais senvolvida e, a partir dela, surgiu
Comportamentos de automutila- uma nova abordagem terapêutica,
ção, sentimento crônico de vazio, peutas que resolvem investir no seu rica em técnicas e estruturada: a
perturbação com a própria identi- potencial de melhora e conseguem terapia comportamental dialética
dade e instabilidade afetiva e im- obter considerável sucesso. Para es- radicalmente aberta.
pulsividade são sintomas presentes ses casos complexos, apresentamos
em muitos indivíduos que sofrem a terapia comportamental dialética. Terapia da compaixão
de desregulação emocional.
Por outro lado, determinados
pacientes com esse perfi l podem
Se pensarmos nas características de
personalidade em um espectro onde
temos de um lado indivíduos alta-
A compaixão é uma emoção que
está relacionada tanto com a
capacidade de identificar o sofri-
trazer uma enorme gratificação e mente descontrolados emocional- mento no outro como também com
realização profi ssional para tera- mente, e do outro, aqueles pacientes uma tentativa genuína de ação para
aliviá-lo. Se pensarmos nas emoções
primárias (medo, raiva, tristeza, ale-
gria, nojo e surpresa) como sendo
diretamente ligadas à sobrevivência
do próprio indivíduo, poderemos ve-
rificar que a compaixão é muito mais
sofi sticada, posto que está ligada à
sobrevivência da espécie.
A terapia focada na compaixão
demonstra que tanto a compaixão
dirigida ao outro quanto a autocom-
paixão estão relacionadas a uma sig-
nificativa diminuição do sofrimento.
Embasada principalmente na
Psicologia Evolucionista e nas neu-
rociências, essa abordagem tem ga-
nhado espaço tanto nos contextos
clínicos quanto fora deles. Quando
entendemos que o ser humano é
um ser em constante evolução, po-
demos nos dar conta de que indi-
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
NOVA
TECNOLOGIA
PARA CRIANÇAS
A terapia do esquema
é uma forma inteiramente
nova de trabalhar
fortalecendo e enriquecendo
a personalidade infantil
em formação
Por Renata Ferrarez Fernandes
Lopes e Ederaldo José Lopes
E
m uma sala de psicoterapia pro-
jetada para o atendimento in-
fantil, uma criança representa
seus conf litos em um cenário
semelhante a sua sala de aula, por meio
de fantoches retratando a professora e os
colegas. Na encenação é dia de entrega
de notas. Ela afirma, com um rosto des-
concertado, que não faz sentido a nota
que tirou, pois ela é muito inteligente. A
cena prossegue e a criança fica cada vez
mais tensa. Seu fantoche simula olhar
demoradamente a nota. O fantoche da
terapeuta, que agora representa a profes-
sora, lhe diz: “Você foi bem!”. E o fanto-
che da criança, que quase não tem mais
sua função mediadora, diz: “Mas por
dois décimos eu não tirei oito, dois dé-
cimos! Isso não é possível, eu sou muito
inteligente! Isso não pode ser! Tem algo
de errado com essa nota!”.
www.portalespacodosaber.com.br
Abordagens psicoterapêuticas
Renata Ferrarez Fernandes Lopes possui
bacharelado e licenciatura em Psicologia, mestrado,
doutorado e pós-doutorado em Psicobiologia.
É professora titular do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal de Uberlândia. Tem experiência
em Psicologia, com ênfase em psicoterapia
cognitivo-comportamental para adultos e crianças.
Autora do livro Meu Livro de Terapia do Esquema:
Psicoeducando Adolescentes sobre Modos de
Esquemas, da Sinopsys Editora.
Ederaldo José Lopes é psicólogo, professor titular
do Instituto de Psicologia da Universidade Federal
de Uberlândia (UFU), com mestrado e doutorado
em Psicobiologia, pós-doutorado em Filosofia
da Mente e Ciências Cognitivas. Coordena o
Laboratório de Psicologia Experimental do Instituto
de Psicologia da UFU. Tem experiência na área de
Psicologia, com ênfase em psicologia cognitiva
SHUTTERSTOCK
entre outras
deles, debater, ref letir, questionar,
PARA SABER MAIS
são do poder transformador Adaptado de Lopes, R. F. F. (2016). Terapia do esquema para crianças. In: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas.
Neufeld, C. B.; Falcone, E. M. O.; Rangé, B. (Orgs.). Procognitiva – Programa de Atualização em Terapia Cognitivo-Com-
da terapia do esquema na infância
portamental: Ciclo 2 (p. 47-123). Porto Alegre: Artmed Panamericana (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).
e, especialmente, na adolescên-
Esquemas iniciais
desadaptativos (EIDs) se
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
diminuir o efeito dos modos disfun- Buscar a conexão saudável entre emoções e comportamentos; encon-
cionais dos pais na relação com os pais e fi lhos, senso de competência trar o equilíbrio dinâmico de dar e
filhos. Não é incomum encontrar- e eficácia em todos os membros da receber auxílio e afeto e aprender que
mos pais com seus modos criança família; verificar em pais e fi lhos a há formas adequadas para expressar
ativos procurando educar seus fi- capacidade de se autocontrolar e ge- qualquer ideia e sentimento são as
lhos adolescentes, ou ativando seus renciar de forma equilibrada suas metas da terapia do esquema.
pais punitivos e exigentes quando
não conseguem alcançar objeti-
REFERÊNCIAS
vos em suas práticas de educação,
AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION. Dicionário de Psicologia APA. Porto Alegre:
sentindo-se frustrados, ineficazes Artmed, 2010.
e cobrando exageradamente de si e BACH, B., LOCKWOOD, G. & YOUNG, J. E. A new look at the schema therapy model:
de seus filhos. Outros ainda evitam organization and role of early maladaptive schemas. Cognitive Behaviour Therapy, n. 47, p.
suas tarefas de orientar e educar, ou 328-349, 2018.
hipercompensam exagerando habi- EDWARDS, D. & ARNTZ, A. Schema therapy in historical perspective. In: Van Vreeswijk, M.,
lidades que lhes faltam. Em muitas Broersen, J. & Nadort, M. (Eds.). The Wiley-Blackwell Handbook of Schema Therapy (p. 3-26).
ocasiões, compreendem que esses Chichester: Wiley & Sons, 2012.
modos se perpetuam há gerações FREEMAN, A. & RIGBY, A. Transtornos de personalidade entre crianças e adolescentes: é um
diagnóstico improvável? In: Reinecke, M. A., Dattilio, F. M. & Freeman, A. (Eds.). Terapia Cognitiva
em suas famílias e sabem que não
com Crianças e Adolescentes: Relatos de Casos e a Prática Clínica (p. 499-532). São Paulo:
é simples conscientizarem-se para LMP Editora, 2009.Lopes, R. F. F. Terapia do esquema para crianças. In: Federação Brasileira de
combater suas formas desadaptadas Terapias Cognitivas. Neufeld, C. B, Falcone, E. M. O. & Rangé, B. (Orgs.). Procognitiva – Programa
de lidar com conf litos. À medida de Atualização em Terapia Cognitivo-Comportamental: Ciclo 2 (p. 47-123). Porto Alegre:
que a terapia dos pais e dos filhos Artmed Panamericana (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4), 2016.
evolui, assistimos ao nascimento LOOSE, C., GRAAF, P. & ZARBOCK, G. Schematherapie mit Kindern und Jugendlichen. Weinheim,
Basel: Beltz Verlag, 2013.
ou ao ressurgimento de relações
entre pais e filhos nas quais as ne- LOPES, R. F. F. & LOPES, E. J. Meu Livro de Terapia do Esquema: Psicoeducando Adolescentes
sobre Modos de Esquemas. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.Reis, A. H. O Jogo dos Modos:
cessidades psicológicas de conexão Terapia do Esquema com Crianças e Adolescentes. Campo Grande: Episteme Editora, 2018.
e pertencimento vão emergindo, e Scortegagna, L. Baralho Interativo de Esquemas e Modos: Psicoeducação e Dinâmica Relacional
núcleos familiares, muitas vezes, se com Adultos e Adolescentes. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.
sentem “família” pela primeira vez YOUNG, J. E., KLOSKO, J. S. & WEISHAAR, M. E. Schema Therapy: a Practitioner’s Guide. New
em muito tempo. York: The Guilford Press, 2003.
Preso numa
vida pretérita
A DOR PELA RUPTURA DE UMA
RELAÇÃO GERA DIFICULDADE EM
SUPERAR OS OBSTÁCULOS E SEGUIR EM
FRENTE, FAZENDO COM QUE A PESSOA
SE TORNE REFÉM DE SI PRÓPRIA
N
ota-se que muitas pessoas Tudo isso não será resolvido com
quando se separam têm gran- uma sentença judicial, apenas uma par-
DE DIlCULDADE EM SUPERAR OS te disso. É bem verdade que em não
obstáculos e seguir em frente HAVENDO MELHOR ALTERNATIVA RECORRE
com suas vidas. Ficam amarguradas e -se ao Judiciário. Todavia, no tribunal
EMBUSCADEALGOQUEJUSTIlQUEADISSO
serão avaliadas as situações objetivas.
lução da união, tornando-se reféns de O que quer dizer que, apesar da neces-
SI PRØPRIAS EOU IMPORTUNANDO A VIDA sidade do processo judicial, o tribunal
do(a) outro(a), principalmente através NÎOSERÉOMELHORLOCALPARACUIDARDOS
DOS lLHOS 0RESOS NUMA VIDA PRETÏRI
CONmITOSEMOCIONAIS
TACOMDIlCULDADESNOPRESENTEESEM O processo judicial é muitas vezes
expectativa de esperança no futuro. É utilizado inconscientemente com esse
NATURAL QUE NO INÓCIO SE TENHA MUITA lMENESSESENTIDOSEOBSERVAQUEHÉ
dor pela ruptura, até mesmo quando a BRIGAS INlNITAS EM QUE SE ESPERA UMA
separação já era apontada como a me- restituição de todo investimento emo- cional depositado naquela relação; uma
LHOR ALTERNATIVA PARA O CASAL 3EPARAR solução para a qual ninguém, tampou-
de fato, não é simples. co o Judiciário, tem competência. Nes-
Nesse sentido, digo da dor e da O DIVÓRCIO É se caso, trata-se de atravessar o luto (a
NECESSIDADEDEELABORA¥ÎOODIVØRCIO DOR E DE RESSIGNIlCAR A PRØPRIA HISTØ
CONSIDERADO UMA
pode ser considerado uma grande cri- RIAEISSOPODERÉSERFEITOPELAPRØPRIA
se da vida adulta porque desorganiza GRANDE CRISE DA PESSOA COM ACOMPANHAMENTO PSICO
TUDO DEIXANDO A PESSOA COM VELHOS VIDA ADULTA PORQUE LØGICO &ALAR SOBRE AS DORES EM LOCAL
e novos problemas, o que requer um apropriado pode ajudar a desbloquear
IMENSO TRABALHO INTERNO %SSE TRA
DESORGANIZA TUDO, a vida emocional e fazer nascer a espe-
BALHO PODE COME¥AR PELA QUEBRA DA DEIXANDO A PESSOA rança de uma realidade diferente.
idealização da família perfeita, já que !LGUMAS PESSOAS SAEM TÎO MACHU
família perfeita está longe de existir. COM VELHOS E cadas da relação que acreditam que não
Além disso, vem a angústia por se sen- NOVOS PROBLEMAS E irão mais se relacionar amorosamente e
tir fracassado na construção de uma SEFECHAMNACREN¥ADEQUETODASUADIS
casa representada por esse ideal de re-
REQUER UM IMENSO posição emocional deverá ser deposita-
lação e de família. TRABALHO INTERNO DANACRIA¥ÎODOSlLHOS%NTRETANTONÎO
DOlLHOMASNÎOOBSERVANDOAPRØPRIA
Desse modo, oferecem à criança um
Renata Bento é psicóloga, especialista em criança, adulto, adolescente e família.
lugar que não pertence a ela, criando, Psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Perita em
assim, um novo problema. Vara de Família e assistente técnica em processos judiciais. Filiada à IPA – International
&AZBEMPARAOSlLHOSTEREMOPRØ- Psychoanalytical Association, à Fepal – Federación Psicoanalítica de América Latina e à
Febrapsi – Federação Brasileira de Psicanálise. renatabento.psi@gmail.com
prio espaço em sua casa, e saberem que
O
Vale do Silício não é um ter- existe uma cultura organizacional, ton, Tel Aviv e Los Angeles. São Paulo
ritório demarcado no mapa aparentemente única. Se isso é um aparece na lista como um ecossistema
com linhas precisas. Ocupa, fato que pode ser transformado em promissor, mas em uma posição distan-
na Califórnia, uma área que um protocolo de ação, por que o mes- te das demais.
começa no sul da baía de São Francisco mo sucesso não ocorre em outras áre- Todos os indicadores, incluindo o
e inclui muitas cidades como: Redwood as no mundo? NÞMERODEEMPRESASEOSRESULTADOSl-
City, Menlo Park, Palo Alto, Los Altos, Não é por falta de tentativas. Muitas nanceiros do Vale do Silício, destoam
IMAGENS: SHUTTERSTOCK E ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR
D
entro de uma visão sistêmica, o gênero, especialmente quando na SUA IDENTIDADE !TÏ SE DElNIREM ESSES
AFAMÓLIANUCLEARNASCEQUAN
CONSTRU¥ÎO DA SEXUALIDADE UM lLHO Ï CONmITOSVÎODESDEAINSEGURAN¥AAPE
do nasce uma criança. Para HOMOSSEXUAL #OMPORTAMENTO ULTRA
go extremo à religiosidade como forma
ESSA ABORDAGEM CASAL NÎO Ï passado? Vivemos tempo de aceitação de lutar contra o seu devir,AFASTAMEN
FAMÓLIAESIMDUASPESSOASQUEINICIAM plena das diferenças de toda ordem? TO TOTAL DE AMBIENTES RELIGIOSOS AFAS
A CONJUGALIDADE #OM A CHEGADA DE .ÎOÏESSEORELATODOSADOLESCENTESE TAMENTO DE FAMILIARES DA FAMÓLIA AM
uma criança, seja por nascimento ou adultos quando têm a oportunidade de PLIADA DIlCULDADES DE APRENDIZAGEM
POR ADO¥ÎO NASCEM DOIS TIPOS DE CA
CONVERSAR SOBRE O ASSUNTO .O DECOR
DIlCULDADESDERELACIONAMENTOCOMOS
SAISOCASALCONJUGALQUEPODEPERDU
RER DE MINHA EXPERIÐNCIA EM ESCOLAS pares nos ambientes sociais, doenças
RARPORTODAAVIDAATÏCHEGARÌFASEDO TRABALHANDO DIRETAMENTE COM ADO
PSICOSSOMÉTICAS E MESMO TENTATIVAS
NINHOVAZIOQUANDOOSlLHOSSAEMDE LESCENTES E TAMBÏM NA PRÉTICA CLÓNICA DESUICÓDIO.ÎOTERUMLUGARSENTIR
SE
casa e constroem suas próprias vidas, COMOPSICOPEDAGOGATIVEAOPORTUNI
EXCLUÓDO FAZ COM QUE MUITOS TENHAM
OU TERMINAR COM O DIVØRCIO OU A VIU
DADEDEACOMPANHARINÞMEROSCASOSE ideação suicida e quadros depressivos.
VEZ*ÉOCASALPARENTALÏETERNOMES
FAZERREmEXÜESSOBREOTEMA Os jovens e adultos relatam sobre a
MO QUE HAJA A SEPARA¥ÎO / VÓNCULO Primeiramente, durante a formação DIlCULDADEQUETIVERAMQUANDOOSPAIS
ENTREOCASALPERMANECEPELAEXISTÐN
DASEXUALIDADEOADOLESCENTENAMAIO
hDESCOBRIRAMvASUAVERDADEIRAIDENTI
CIA DOS lLHOS QUE FAZEM PARTE DO NÞ
ria das vezes, costuma viver muitos DADESEXUALOUAANGÞSTIAQUESENTIRAM
CLEOFAMILIAREPELOSVÉRIOSPAPÏISPA
CONmITOS INTERNOS E EXPERIMENTAR MUI
quando revelaram aos seus familiares.
rentais que são inaugurados. Quem era TO SOFRIMENTO POR TER DÞVIDAS SOBRE A #OME¥AM PELA CONSCIENTE E CLARA DE
apenas sogra passa a ocupar o lugar de CLARA¥ÎOQUEUMlLHOHÏTERONÎOPRECI
avó, quem era apenas marido passa a sa sentar para conversar com seus pais
SERPAIOSCUNHADOSTIOSEASSIMPOR
VIVEMOS TEMPO DE EFAZERAhGRANDEREVELA¥ÎOvEOSlLHOS
diante. O poder do nascimento de uma ACEITAÇÃO PLENA HOMOSSEXUAIS SIM ! ESTRANHEZA E A
CRIAN¥AÏMUITOGRANDEPOISMODIlCA CERTEZA DE QUE A ACEITA¥ÎO DA DIVERSI
EHIERARQUIZAAFAMÓLIA
DAS DIFERENÇAS DE dade de gênero começa a partir dessa
!NTESDEUMlLHOEXISTIRCONCRETA
TODA ORDEM? NÃO REmEXÎO3EFOSSENATURALNÎOPRECISA
MENTE ELE JÉ Ï ELABORADO NO UNIVERSO RIA SER ANUNCIADO REVELADO / IDEÉRIO
É ESSE O RELATO
simbólico e muitos planos são feitos de ter decepcionado as expectativas
para ele. Quando perguntamos se a DOS ADOLESCENTES DOSPAISEOFATODENÎOSESENTIRPLENA
GRÉVIDA PREFERE MENINO OU MENINA Ï E ADULTOS mente inserido nos eventos familiares
COMUMESCUTAREMBORAÌSVEZESHAJA ESTÎO NAS DECLARA¥ÜES MAIS COMUNS
UMA PREFERÐNCIA NO SEU ÓNTIMO hTAN
QUANDO TÊM A !lRMAM TAMBÏM QUE VIA DE REGRA
TOFAZCONTANTOQUEVENHACOMSAÞDE OPORTUNIDADE DE QUANDO NÎO SÎO EXPULSOS DE CASA HÉ
SERÉBEM
VINDOv uma aceitação maior por parte das
!REALIDADENÎOCOSTUMACONlRMAR
CONVERSAR SOBRE A MÎESDOQUEDOSPAISEALGUMASCONDI
A FRASE DA PRIORIDADE DA SAÞDE SOBRE HOMOSSEXUALIDADE ¥ÜESSÎOCOLOCADASPARAACONVIVÐNCIA
TRÊS
CÉREBROS
Alvo de inúmeros estudos
ao longo dos anos,
o cérebro humano
é um sistema complexo
e dinâmico, que
permite incontáveis
análises e sínteses,
relacionadas
com diferentes
abordagens
Por Daniel Lascani
Divisão evolutiva
IMAGENS: SHUTTERSTOCK
psique ciência&vida 59
NEUROBIOLOGIA
humanos. Já nosso lado racional, que, a é única. Nossos conhecimentos são ra-
priori, é o que mais valorizamos, é o que cionais, nossa energia é irracional. O
menos conta. lado límbico, por exemplo, explica nos-
ASSASSINO INTERIOR
O FUNCIONAMENTO DA CONSCIÊNCIA NOS LEVA
A DIZER: EU TENHO UM CORPO. ESSE EU É UMA
DIMENSÃO PSÍQUICA QUE REGE AS EXPERIÊNCIAS
CONSCIENTES E SE RELACIONA COM A ALMA
Q
uem somos nós? Somos um rior” que destruiu o corpo que habitava. ce por meio do que chamamos de sím-
corpo ou temos um corpo? O Eu é um complexo sujeito da cons- bolos, que nada mais são do que a forma
Se temos, quem em nós é o ciência, mas não de toda a comunidade do oculto se revelar. Assim, o jardim que
“assassino interior” que quer psíquica. Construímos, ao longo da vida, Noelle cuidava com todo carinho com-
destruí-lo quando a insuportabilidade do outros complexos que são capazes de pensava, na sua psique, o incômodo dos
existir é o estilo dominante da consciên- atuar quando os afetos, que dialogam na seus atos inconscientes.
cia? Talvez nunca possamos saber essas psique, tornam-nos vencedores do Eu re- A linguagem da consciência é literal,
respostas enquanto não soubermos olhar gente da consciência. mas a da alma é simbólica. A compen-
para o sentido da vida e para a ideologia Noelle foi um bebê rejeitado. Amada sação é uma autorregulação do sistema
da morte como duas linhas paralelas que pela mulher que a adotou, cresceu as- psíquico, mas, em casos de uma psicose
SEENCONTRAMNOINlNITO sistindo a luta dessa mãe como parteira latente, o Eu frágil facilmente é dominado
No romance de Diana Chamberlain, leiga, mas que às escondidas resolvia a pelo “assassino interior”.
Segredos e Mentiras, Noelle é uma parteira SITUA¥ÎOAmITIVADEMUITASFAMÓLIASQUEA Temos dois centros de decisões: o Eu
que morreu sem conseguir terminar a car- procuravam. e o Self. Enquanto o Self quer uma trans-
ta suicida que revelaria a uma mãe o crime Poderíamos nos perguntar como essa formação e fala ao Eu por metáfora, o Eu
que cometera 16 anos antes. Ela roubara outra mãe que a rejeitou atuava em Noelle é literal e abre caminhos a essa transfor-
um bebê cuja mãe estava em coma. Esse como um complexo, que poderia ser, para mação da ideia da morte concreta. Quan-
roubo tinha como razão repor a uma ou- ela, ainda que de forma inconsciente, a ra- do nos relacionamos com o Self, a expres-
tra mãe o recém-nascido que ela havia zão de matar o bebê de uma mãe e substi- são é simbólica, mas, sem essa relação, ela
matado em estado de total inconsciência. tuí-lo pelo bebê sequestrado de uma outra é literal.
O bebê morto foi enterrado como uma mãe. Dessa forma ela conseguiu que uma O impulso para uma vida mais plena
semente e sobre ele foi feito um jardim criança fosse criada por uma mãe adoti- e o impulso para a morte se confundem
especial. Noelle cuidou desse jardim, no va sem que nenhuma das duas soubesse, na busca da transformação. Se tivéssemos
fundo de sua casa, como quem cuida de e deixou uma mãe biológica sofrendo por acesso a Noelle como paciente, em lugar
uma criança com vida. TERPERDIDOSUAlLHA de tentar reverter heroicamente a determi-
Tara e Emy eram suas amigas-irmãs, No modelo junguiano, podemos pen- nação da voz que diz “eu quero morrer”, o
que foram surpreendidas pelo suicídio de sar que, antes de surgir um Eu, havia um mais correto seria deslocar a questão para
Noelle, pois ela nunca apresentou sinais todo inconsciente que chamamos de Self, uma perspectiva simbólica: “o que precisa
de depressão, ansiedade, vazio existencial o arquétipo do destino, que precisa de um morrer em você?” ou “quem deseja mor-
ou qualquer outro sintoma que poderia Eu para se realizar em consciência. rer em você?”. Procuraríamos dessa forma
não tornar aquele ato tão surpreendente. A relação entre o Eu e o Self aconte- as pistas sobre o “assassino interior” que
Os mesmos remédios que lhe aliviavam habita a psique. Precisamos dar a ela uma
as dores físicas foram transformados em oportunidade de elaborar os lutos que es-
veneno pelo “assassino interior”, que a fez tão em jogo.
ingerir sua dose letal. Segredos e Mentiras A psicologia analítica é uma ciência
Podemos pensar em qual teria sido Autora: Diana dos processos inconscientes. Ficamos
o sofrimento da alma de Noelle que fez Chamberlain atentos à maneira em que o oculto se re-
Editora: Arqueiro
esse Eu ceder lugar ao “assassino inte- vela. Noelle teve, como a mãe que a ado-
Páginas: 288
psique ciência&vida 65
cinema Por Eduardo J. S. Honorato e Denise Deschamps
Hiperconectividade
BLACK MIRROR MANTÉM UM BOM
FÔLEGO EM SEUS EPISÓDIOS, QUE
42!:%-4%-!315%*/'!-#/-!3
MUDANÇAS OPERADAS NAS RELAÇÕES
HUMANAS E NA VIDA COTIDIANA
PELAS NOVAS TECNOLOGIAS
V
ISTA MUITAS VEZES COMO DISTOPIA A SÏRIE DA .ETmIX
pode ser considerada mais provocativa, levando à
conclusão de que fala muito mais do aqui e agora,
como defende em seu novo livro, Isso (não) é muito
“Black Mirror”, o pesquisador brasileiro em cibercultura André
Lemos. Em uma entrevista publicada no site da Eduf ba, ele
toca em um aspecto interessante que sublinharemos. Diz ele:
“A série trata de problemas atuais, mas com roupagem velha. As
questões são as mesmas (memória, vigilância, relações sociais,
corpo, mente, poder, morte…). Mas essas questões hoje estão
revestidas de uma performatividade algorítmica e de agências
EXTREMASDEOBJETOSDIGITAISQUEASÏRIENÎOCONSEGUEALCAN¥AR
COMEXCE¥ÎODEALGUNSEPISØDIOS v
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dos aparelhos celulares, o que sabemos
que hoje provoca um certo mal-estar,
uma vez que cada sujeito sente-se com-
pelido a checar a todo momento o que se
comenta na virtualidade. Há inclusive o
grande risco de, nessa busca de curtidas,
acabar por repassar notícias sem fonte
CONlÉVELALGUMASVEZESPROVOCANDOATÏ
SITUA¥ÜES BIZARRAS COMO POR EXEMPLO
anunciar a morte de alguma personagem
pública, provocando sustos entre seus
afetos e certa angústia no sujeito vítima
da notícia ao saber dela.
No episódio Smithereens, veremos o No episódio Smithereens, veremos o personagem central, Christopher Michael Gilheany, sequestrar um
personagem central, o viúvo Christopher funcionário, de uma empresa desenvolvedora e administradora de uma rede social
Michael Gilheany, interpretado por An-
drew Scott, sequestrar um funcionário, CADA VEZ MAIS AS ta, em uma lanchonete, todos ao celular,
*ADEN $AMSON )DRIS DE UMA EMPRESA só será entendida quase que nos minutos
desenvolvedora e administradora de
ATIVIDADES NAS lNAIS$ENTRODOCASOQUEAMARRAATRA
uma rede social de grande uso. Tudo que DIVERSAS REDES ma, um outro se descortinará através da
ele reivindica é falar com o inventor dela, relação de Chris com Hayley Blackwood
SOCIAIS VÃO
o CEO Billy Bauer (Topher Grace), para (Amanda Drew), sua colega no grupo de
contar sua trágica história. Um toque de 4/-!.$//*£ mútua ajuda sobre luto, ela que há pouco
ironia e o espectador verá mais adiante ESCASSO TEMPO HAVIAPERDIDOSUAlLHAQUESESUICIDARA
que esse agora milionário se encontra OSDOISTERÎOUMENCONTROSEXUALEELALHE
$/35*%)4/./
em algum lugar muito deserto e desli- CONTARÉ QUE TENTA ACESSAR A CONTA DA l
gado de quase todas as maneiras de se MUNDO, CRIANDO lha em uma rede social chamada Persona
comunicar que invadem a privacidade, a COMPORTAMENTOS (sugestivo o nome) para tentar entender
ordem é de não incomodá-lo sob nenhu- se ali haveria alguma pista para o suicídio
ma hipótese, e será essa orientação que
NOVOS QUE GERAM de Kristen. Os administradores da plata-
acabará por criar toda a tensão, já que ha- QUESTIONAMENTOS, forma não lhe permitem o acesso, se ofe-
verá uma longa espera para que a ordem CRÍTICAS OU DEFESAS recendo apenas para fazer um memorial
do sequestrador seja atendida, uma vez PARAOPERlL%MBORAESSEFATOPASSEQUA
que os funcionários desse grande empre- APAIXONADAS SEDESPERCEBIDOTEMSIDOUMACOMPLEXA
sário farão tudo para que seu chefe não POLÐMICA PENSAR SE OS PERlS EM REDES
lQUE SABENDO DO QUE ESTÉ SE PASSANDO sempre descritos como gênios com há- sociais podem ou não ser herdados por
O criador e escritor do episódio, Charlie BITOSEXCÐNTRICOSOSRAPAZESDESENVOLVE
parentes que assim teriam acesso a muito
"ROOKER EXPLICA QUE AS PARTES FALTANTES dores do Vale do Silício. mais do que a pessoa real quis que fosse
EMEXPLICA¥ÎOPARAOSDESFECHOSSEDÎO conhecido, já que em todas as redes há
muito mais como um cuidado de não OLHAR A ATUALIDADE ÉREASDEMENSAGENSPRIVADASECONlGURA
REDUZIRQUESTÜESCOMPLEXASAUMAEXPLI
O episódio abre informando o ano ções de privacidade. Essa é uma discussão
cação banal do que por falta de amarra- em que o fato se passa, 2018, talvez com que ainda está bem longe de chegar a um
¥ÎODASPONTASELASSÎODEIXADASSOLTAS a intenção bem colocada de falar de algo consenso. Há pesquisadores produzindo
não ao acaso, mas intencionalmente, por que remeta a um olhar sobre a atualidade, REmEXÜESEDADOSARESPEITODESSEFATOTÎO
respeito, segundo ele. Se há um episódio a náusea de Chris observando à sua vol- RECENTE6OCÐGOSTARIAQUESEUSPERlSEM
IMAGENS: DIVULGAÇÃO E SHUTTERSTOCK
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ADOLESCÊNCIA
“P
rimeiro aspecto Diz-se que a infância é o tempo
a se abordar é
o que vem a ser de ensaiar, já a adolescência é o tempo de
a adolescência? estrear. “A puberdade é a hora dos
Etimologica-
mente, ‘adolescência é um termo de primeiros: primeiro sutiã, primeira maquiagem,
origem latina, do verbo adolescere, primeiro cigarro, primeiro beijo etc.”
que significa desenvolver-se, cres-
cer’; é próximo, no entanto, do termo inteligência; e, por último, o socioemo- encontrar adolescentes de todas as ida-
addolescere, que significa adoecer. A cional, que traz alterações no relaciona- des, afinal temos que reconhecer que
proximidade entre os dois sentidos mento com as pessoas, na emoção, na há uma criança e um jovem dentro de
é sugestiva e anuncia a dimensão de personalidade e nos contextos sociais. cada um de nós.
crise a que ficou associado este ter- Uma segunda indagação também Diz-se que a infância é o tempo de
mo, desde a modernidade...” (Tiago se faz necessária: onde começa e onde ensaiar, já a adolescência é o tempo de
Corbisier Matheus, 2007, p. 18). termina o processo adolescente? Bem, estrear. “A puberdade é a hora dos pri-
Essa etapa pode ser definida como esses limites são variáveis de acordo meiros: primeiro sutiã, primeira ma-
o período desenvolvimentista de transi- com a cultura, a época, a sociedade, as quiagem, primeiro cigarro, primeiro
ção entre a infância e a vida adulta, que condições econômicas, a geografia etc. beijo etc.” ( Jacques André, 2001, p. 31).
envolve mudanças biológicas, cogniti- De qualquer modo, é possível As mudanças biológicas que ocor-
vas e socioemocionais. O processo bio- falarmos de forma mais elástica em rem nessa fase são visíveis e de todos
lógico envolve mudanças físicas no cor- adolescência considerando-a entre as sabidas, as transformações no corpo,
po do indivíduo; o processo cognitivo idades de 10/11 a 22/24 anos. Na clí- com o aparecimento de pelos pubianos
envolve mudanças no pensamento e na nica, no entanto, parece que podemos e nas axilas, o crescimento dos órgãos
genitais masculino e feminino, o cres-
cimento desordenado do corpo (ore-
PARA SABER MAIS lhas, nariz e membros crescem primei-
ro que o dorso), de modo que a cada
dia que o jovem se olha no espelho vê
ISOLAMENTO DO ADOLESCENTE alguém diferente e não se reconhece.
NÃO É SAUDÁVEL Há o desenvolvimento hormo-
nal e a variação de humor, com uma
É bastante comum o isolamento ou afastamento do adolescente. No entanto,
quando ele pode ser considerado preocupante? Quan-
do o “quero ficar sozinho” não é saudável? Se o isolamento
se tornar profundo, com falta de interação com familiares e
amigos de sua idade, deixando-o demasiadamente solitá-
rio, e por um período substancial de tempo; o isolamento
pode ser um problema quando atrasa o desenvolvimento
do jovem e, com isso, o impede de adquirir uma série de
competências afetivas, sociais e instrumentais, a exemplo do
adolescente que se isola de tal maneira que acaba por não
aprender sobre questões afetivas, sociáveis, não vivencia a
amizade, a paixão adolescente, a descoberta da sexualida-
de etc.; o isolamento pode ser preocupante, ainda, quando
perturba o curso habitual do desenvolvimento e causa um
sofrimento evidente para ele e para a família; é a situação
do adolescente que se afasta, se isola e se sente infeliz. É
preciso reconhecer que muitas vezes é difícil distinguir o
saudável do doente, mas é por isso que se faz necessário
compreender e estar atento ao comportamento do jovem
e às suas demandas.
desenvolvimento to, seu silêncio. Contudo, também é angústia. Precisam ganhar indepen-
importante que os pais saibam que é dência e autonomia.
a conflitos familiares, certamente, e possível estabelecer uma relação de A passagem pela adolescência,
os estilos de parentalidade dos geni- parceria – o que não é o mesmo que poderíamos dizer, é um “tornar-se
tores podem influenciar sua forma e ser amigo –, com diálogo e muita ne- sujeito de modo inteiro” (Bernard
desfecho. De outro lado, o monito- gociação. Na verdade, pode ser uma Penot, 1995, p. 33).
ramento eficaz depende do quanto fase de grande aprendizado para toda
eles deixam seus familiares saberem a família. REFERÊNCIAS
sobre sua vida e essas revelações po- Enfim, vê-se que os adolescentes ANDRÉ, Jacques (Org.). Feminilidade adolescente.
dem depender da atmosfera que os têm que elaborar as perdas da infân- In: REZENDE, Marta Cardoso (Org.). Adolescência:
Reflexões Psicanalíticas. Rio de Janeiro: Nau, 2001.
pais estabeleceram. cia e dar conta da carga de respon-
sabilidades que começa a aparecer. BLOS, Peter. Adolescência: uma Interpretação Ontem,
C omo lidar com isso? Nesse mo- FINCO, Nina. A bolha dos ultrajovens. Revista
Época, p. 62-68, São Paulo, maio 2018.
mento, é preciso abrir espaço
FREUD, Sigmund. As transformações da
para o filho e ter consciência de A identificação
puberdade. In: FREUD, Sigmund. Três Ensaios
que eles se afastaram pela ne- ocorre já sobre a Sexualidade (1901-1905). São Paulo:
cessidade de elaboração das com o bebê Companhia das Letras, v. 6, 2016.
inúmeras mudanças pelas e persegue a
. Psicologia das Massas e Análise
pessoa durante
quais estão passando, porque do Eu (1920-1923). São Paulo: Companhia das
toda a vida, Letras, v. 15, 2011.
faz parte do seu desenvolvi-
mas a primeira
mento e crescimento e de que identificação
. O romance dos neuróticos. In:
FREUD, Sigmund. O Delírio e os Sonhos na
sobre isso não há controle. se dá com os Gradiva, Análise da Fobia de um Garoto de
Não podemos parar o tempo. pais ou com Cinco Anos e Outros Textos (1906-1909). São
É preciso que os pais deem aqueles que Paulo: Companhia das Letras, v. 8, 2015.
orientação, acolhimento, mas é devem cuidar MATHEUS, Tiago Corbisier. Adolescência:
imprescindível que acreditem na do bebê Clínica Psicanalítica. São Paulo: Casa Psi, 2007.
O REI
Na vida adulta,
Michael começa
a demonstrar
o transtorno
`I9GG
do POP
uma série de
transformações no
rosto, para mudqr
seus traços. As
muitas alterações
na aparência
geravam estudos
/4!,%.4/ de especialistas
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CASA COM APENAS DOIS QUARTOS 3EU PAI CIADOTALENTODOSlLHOSRESOLVEUGANHAR $URANTEAINFÊNCIAELEEOSIRMÎOSSO-
TRABALHAVAEMUMAUSINASIDERÞRGICAE DINHEIROCOMISSO FRERAMCONSTANTEABUSODESEUPAIQUEBA-
COMO HOBBY TOCAVA GUITARRA E ERA EM- ! PRIMEIRA APRESENTA¥ÎO OlCIAL DE TIAFREQUENTEMENTENELESEOSATERRORIZAVA
PRESÉRIO MUSICAL SEM SUCESSO ! MÎE -ICHAEL FOI AOS ANOS QUANDO APA- PSICOLOGICAMENTE
EXTREMAMENTERELIGIOSA4ESTEMUNHADE RECEU COM O GRUPO 4HE *ACKSON &IVE /PAITINHA-ICHAELCOMOALVOPRIN-
*EOVÉ TOCAVAPIANONOSCULTOS0ORVON- AO LADO DOS QUATRO IRMÎOS !OS POU- CIPAL DE SUA CRUELDADE DIZIA QUE ELE ERA
TADEDELAMASCONTRAODESEJODOPAIOS COS -ICHAEL PASSOU A SER UMA ATRA¥ÎO MUITO FEIO CRITICAVA O ROSTO E RIA DE SEU
lLHOSTORNARAM
SEPRATICANTESRELIGIOSOS DENTRO DO CONJUNTO 0OIS ALÏM DE TER NARIZhENORMEHORRÓVELEDEFORMADOvDAS
E PASSARAM A FAZER A EVANGELIZA¥ÎO DE UMA VOZ PECULIAR E MUITO AlNADA SE ORELHASCRITICAVAOCORPOASMÎOS%NlM
PORTAEMPORTA DESTACAVADOSDEMAISIRMÎOSPORSERO OBULLYINGPATERNOERATÎOINTENSOEDIÉ-
$EACORDOCOMASREGRASRÓGIDASDO CA¥ULA DO GRUPO PELA NATURALIDADE AO RIOQUE-ICHAELTINHAACESSOSDEVÙMITO
CBS TELEVISION/WIKIMEDIA COMMONS
A RELÍQUIA
“Ele é o Proust da língua portuguesa”, afirmou
o jornal The New York Times ao se referir a Eça de
Queirós. Assim como o escritor francês, o mais
importante romancista português do século XIX
trabalha sua narrativa a partir da observação das
vidas interior e exterior de seus personagens, sem
perder o olhar crítico dos valores e costumes, da
política e da religião. Com a obra A Relíquia, ele
concorreu ao prêmio D. Luis da Academia Real de
Ciências. Em 1887, época da publicação do livro,
Eça já entendia que seu tempo era consumido
pelas incertezas da inteligência e angustiado pelos
tormentos do dinheiro. Como um verdadeiro
clássico, ele continua atual.
Livro: A Relíquia
Número de páginas: 180
Editora: Lafonte
80 psique ciência&vida
PSIQUE CIÊNCIA & VIDA é uma publicação mensal da EBR _
Empresa Brasil de Revistas Ltda. ISSN 1809-0796. A publicação não
IMPRENSA comunicacao@escala.com.br
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Psiquiatria contemporânea. O objetivo é ofere- Nardi, Geraldo Busatto, Humberto Correa, AGOSTO 2019
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EDITORA: Gláucia Viola
EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Monique Bruno Elias
em diversos transtornos mentais. O evento será CRI¥ÜES HTTPSABPBRASILMEDBRSYMPOSIUM COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Daniel Lascani; Deborah
realizado nos dias 7 e 8 de outubro no Riocen- php. Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria Souza; Ederaldo José Lopes; Elaine Guadanucci Llaguno;
Lucas Vasques Peña; Renata Ferrarez Fernandes Lopes;
Wilson Vieira Melo. REVISÃO: Jussara Lopes. COLUNISTAS:
Anderson Zenidarci; Carlos São Paulo; Denise Deschamps;
Dayse Serra; Eduardo J. S. Honorato; Elaine Cristina Siervo;
CONSELHO EDITORIAL Flora Victoria; Guido Arturo Palomba; João Oliveira; Júlio
Furtado; Marco Callegaro; Maria Inere Maluf; Michele Muller;
AICIL FRANCO é psicóloga, mestre e doutora em Psicologia KARIN DE PAULA, psicanalista, doutora pela PUC-SP, professora Nicolau José Maluf Jr.; Renata Bento. O Conselho Editorial
Clínica pela USP. Professora no IJBA e na Escola Bahiana de e supervisora clínica universitária e do CEP, autora do livro e a Redação não se responsabilizam pelos artigos e colunas
Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA. $em? Sobre a Inclusão e o Manejo do Dinheiro numa Psicanálise, e assinados por especialistas e suas opiniões neles expressas.
de vários outros artigos publicados.
ANA MARIA FEIJOO é doutora em Psicologia pela Universidade
&EDERALDO2IODE*ANEIROAUTORADELIVROSEARTIGOSCIENTÓlCOS LILIAN GRAZIANO é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP,
parecerista de diversas revistas e responsável técnica do COMPØS
GRADUA¥ÎOEM0SICOTERAPIA#OGNITIVA#ONSTRUTIVISTA FALE CONOSCO
Instituto de Psicologia Fenomenológico-Existencial do RJ. É professora universitária e diretora do Instituto de Psicologia
DIRETO COM A REDAÇÃO
Positiva e Comportamento. Atua em clínica e consultoria.
ANA MARIA SERRA é PhD em Psicologia e terapeuta cognitiva psique@escala.com.br
pelo Institute of Psychiatry, Universidade de Londres. Diretora LILIANA LIVIANO WAHBA, psicóloga, PhD, professora da PUC-
do Instituto de Terapia Cognitiva (ITC), atua em clínica, faz SP. Presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. PARA ANUNCIAR
treinamento, consultoria e pesquisa. Presidente honorária, ex- anunciar@escala.com.br
Coeditora da Revista Junguiana. Diretora de Psicologia da Ser
presidente e fundadora da ABPC. SÃO PAULO: (11) 3855-2100
em Cena - Teatro para Afásicos.
SP/CAMPINAS: (19) 98132-6565
ANDRÉ FRAZÃO HELENE é biólogo, mestre e doutor em MARISTELA VENDRAMEL FERREIRA é doutora em Audiologia SP/RIBEIRÃO PRETO: (16) 3667-1800
#IÐNCIASNAÉREADE.EUROlSIOLOGIADA-EMØRIAE!TEN¥ÎO pela University of Southampton – Inglaterra, mestre em RJ: (21) 2224-0095
PELA5NIVERSIDADEDE3ÎO0AULOONDETAMBÏMÏPROFESSORNO $ISTÞRBIOSDA#OMUNICA¥ÎOPELA05#
30ESPECIALISTAEM RS: (51) 3249-9368
curso de Biociência e coordena o Laboratório de Ciências da Psicoterapia Psicanalítica pelo Instituto de Psicologia da USP. BRASÍLIA: (61) 3226-2218
#OGNI¥ÎONO)NSTITUTODE"IOCIÐNCIAS SC: (47) 3041-3323
MÔNICA GIACOMINI, presidente da Sociedade Brasileira de
CLÁUDIO VITAL DE LIMA FERREIRA é psicólogo, Psicologia Hospitalar – biênio 2007/09. Especialista em ASSINE NOSSAS REVISTAS
IMAGENS: SHUTTERSTOCK E 123RF/ARQUIVO CIÊNCIA E VIDA
doutor em Saúde Mental pela Unicamp, pós-doutorado em Psicologia Hospitalar, psicóloga clínica junguiana, psicóloga www.assineescala.com.br / (11) 3855-2117
Saúde Mental pela Universidade de Barcelona-Espanha, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HCFMUSP e
professor associado de Psicologia da Universidade Federal de supervisora titular do Aprimoramento em Psicologia Hospitalar VENDA AVULSA REVISTAS E LIVROS
Uberlândia. Autor de Aids e Exclusão Social. em Ortopedia. (11) 3855-1000
DENISE TARDELIGRADUA¥ÎOEM0SICOLOGIAE0EDAGOGIA PAULA MANTOVANI é graduada em Psicologia pela Universidade ATACADO REVISTAS E LIVROS
-ESTRADOEM%DUCA¥ÎOEDOUTORADOEM0SICOLOGIA%SCOLARE Paulista, psicanalista, consultora editorial do programa de (11) 3855-2275 / 3855-1905
do Desenvolvimento Humano, ambos pela USP. Pesquisadora ENTREVISTASDA&.!#EMEMBROCORRESPONDENTEDO%SPA¥O atacado@escala.com.br
na área da Psicologia Moral e Evolutiva. Professora Moebius de Psicanálise de Salvador (BA).
universitária. LOJA ESCALA
PEDRO F. BENDASSOLLI é editor da GV Executivo, psicólogo Confira as ofertas de livros e revistas
DENISE GIMENEZ RAMOS é coordenadora do Programa de graduado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e www.escala.com.br
Estudos Pós-Graduados da PUC-SP e membro da Sociedade doutor em Psicologia Social pela USP. É também professor da
Brasileira de Psicologia Analítica. &UNDA¥ÎO'ETULIO6ARGASEDA%30- ATENDIMENTO AO LEITOR
De seg. a sex., das 9h às 18h. (11) 3855-1000
ou atendimento@escala.com.br
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psiquiatria forense por Guido Arturo Palomba
D
IZEM QUE AS PESQUISAS EM ANI- manas, nos livros históricos, no cinema e vida em laboratório é horrível, equivale
MAISSÎONECESSÉRIASSOBAJUS- nos quadros, desde os tempos d’antanho à de um ser humano dentro de hospital,
TIlCATIVA DE QUE FUTURAMENTE ATÏHOJEUMAVEZQUENÎOEXISTECÎOBEM CONlNADO PRIVADO DE TUDO CUJA ÞNICA
farão bem para os humanos. tratado que não se afeiçoe ao seu tratador mudança em sua rotina angustiante é tão
Porém, na vida tudo tem limite, a co- e vice-versa, lembrando o lugar comum somente por conta de algum novo proto-
meçar por ela mesma. segundo o qual o melhor amigo do ho- colo ou experimento. Seguem na linha de
Então vem a pergunta: quais irracio- MEM Ï O CÎO NÎO SENDO EXAGERO DIZER que isso pode causar sofrimento enorme,
nais podem ou não ser usados em pesqui- que o melhor amigo do cão é o homem. por isolamento longo, choques, privação
sas? A questão, para os moderados que Recorde-se que alguns cientistas en- DECOMIDAEÉGUASEPARA¥ÎODElLHOTES
ACEITAM A PESQUISA RESOLVE
SE CASO SEJA tendem que cães e gatos são indispen- de suas mães e acabam não sobrevivendo
aplicado o princípio da sincronicidade sáveis para testar drogas e outros expe- ou, se vivos permanecerem, a maioria é
AFETIVA/USEJASERATOFORAFETIVOAOHO- rimentos, pois são seres bem superiores MORTAAPØSOlMDOEXPERIMENTO
mem e vice-versa, não poderá ser usado, aos, por exemplo, ratos e cobaias. De A verdade é que existem outros mé-
tal qual, por igual motivo, a cobra, a rã, o outra banda, há quem argumente que, TODOSALTERNATIVOSSEGUROSEElCAZESQUE
peixe e a aranha, se afetivos ao homem e mesmo sendo o cão e o gato insubstituí- poderiam substituir perfeitamente essas
vice-versa, não deveriam ser usados nos veis, a maldade que disso resultará não práticas condenáveis.
EXPERIMENTOS CIENTÓlCOS !CRESCENTAM JUSTIlCAAATITUDE Para nós, aqueles que trabalham com
os moderados que, assim como o homem E existem também os que são absolu- animais em experimentos são, no mí-
repele a cobra que o ataca, achega-se ao tamente contrários a toda e qualquer for- nimo, insensíveis ao sofrimento alheio.
CÎOQUELHEÏlELEISSOTEMREGISTRONOS MADEUSODEANIMAISSEJAMQUAISFOREM !DEMAIS A JUSTIlCATIVA DE QUE AS hCO-
JARROS EGÓPCIOS NAS ESCULTURAS GRECO
RO- para a vivissecção. Argumentam que a baias” (independentemente de quais fo-
REM ESTARIAMCONTRIBUINDOPARAOhBEM
DAHUMANIDADEvÏJUSTIlCATIVASIMPLØRIAE
parece estar aquém da complexidade que
o tema requer, pois o bem é uma qualida-
de universal e o seu contrário (o mal) so-
mente existe como privação daquela con-
dição. Assim, consequentemente, aquele
argumento não se sustenta por si só. Em
OUTRAS PALAVRAS NINGUÏM PODE SER FELIZ
DIANTEDADESGRA¥ADOPRØXIMOSEJAESTE
ARQUIVO PESSOAL/ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL
Nasias
livrar
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