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PROJETO INTEGRADOR

Temática: “LIXO”

Material didático-instrucional para o ensino de Ciências

Daiara Manfio
Leandro Turmena
Vitor Augusto Pizzolatto
(Orgs.)

Volume 1
PROJETO INTEGRADOR

Temática: “LIXO”

Ambiente Legal, 2018.

Material didático-instrucional para o ensino de Ciências

Daiara Manfio
Leandro Turmena
Vitor Augusto Pizzolatto

Volume 1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

M276p Manfio, Daiara.

Projeto integrador - temática “lixo”: material didático-


instrucional para o ensino de ciências. / Daiara Manfio, Leandro
Turmena, Vitor Augusto Pizzolatto – Dois Vizinhos, 2021.
99 p.: il.: PDF: 4,66 MB. – (Coleção Projeto Integrador:, v.
1).

ISBN: 978-65-00-26406-7 

1. Ciência – Estudo e ensino. 2. Reaproveitamento (Sobras,


refugos, etc.). 3. Educação ambiental. 4. Vermicompostagem.
5. Poluentes. I. Manfio, Daiara. II. Turmena, Leandro. III.
Pizzolatto, Vitor Augusto. IV. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. V. Título.

Biblioteca da UTFPR - Dois Vizinhos


Bibliotecária/Documentalista:CDD (22. ed.): 372.3
Caroline Felema dos Santos Rocha - CRB: 9/1880
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO........................................................................................................5

CAPÍTULO 1. Utilização sustentável do lixo orgânico domiciliar: Desenvolvimento de


composteiras como ferramenta metodológica no ensino de Ciências ........................ 6

CAPÍTULO 2. Elaboração de uma cartilha didática para o ensino fundamental sobre


os efeitos de resíduos eletrônicos nos ecossistemas aquáticos............................... 24

CAPÍTULO 3. Produção de um documentário sobre poluição aquática causada por


resíduo plástico doméstico para o ensino de Ciências ............................................. 39

CAPÍTULO 4. Mostra de conhecimento como metodologia ativa sobre resíduos


eletrônicos: Contribuições para o processo de ensino e aprendizagem na disciplina de
Ciências. ................................................................................................................... 69

CAPÍTULO 5. Microplásticos: Abordagem por metodologia ativa para ensino


fundamental anos finais ............................................................................................ 85
OS AUTORES............................................................................................................98

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APRESENTAÇÃO

Este material didático é resultado dos projetos desenvolvidos pelos acadêmicos do 5°


período do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), Campus Dois Vizinhos, no primeiro semestre de 2019.
Faz parte da disciplina de Projeto Integrador I (disciplina obrigatória da grande
Curricular do Curso) e do Projeto de Ensino “Projeto Integrador” (cadastrado na
Plataforma de Projetos de Ensino e Inovação da UTFPR), sob coordenação dos
professores Daiara Manfio Zimmermann e Leandro Turmena.
O objetivo da Disciplina, bem como do Projeto de Ensino é contribuir com a formação
dos acadêmicos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas no que diz respeito
à formação pedagógica e ao processo de ensino e aprendizagem. Nesta perspectiva,
objetiva-se aproximar os acadêmicos de sua realidade profissional, por meio de
elaboração e desenvolvimento de projetos interdisciplinares voltados às escolas,
associações comunitárias, organizações sem fins lucrativos ou outras entidades
públicas ou privadas ligadas à Educação Básica. Salienta-se que, a
interdisciplinaridade será a base teórico-metodológica para o desenvolvimento das
propostas e o uso das tecnologias da informação e comunicação será estimulada e
exigida pelos professores coordenadores e tutores.
O tema norteador, para a elaboração dos Projetos, foi "Lixo". Embora o termo não seja
utilizado no âmbito técnico, são considerados “Lixo” os "resíduos provenientes de
atividades comerciais, domésticas e industriais, que são descartados sem valor ou
utilidade, bem como, "restos das atividades humanas, no estado sólido e líquido, não
passíveis de tratamento.
Neste sentido, desejamos uma ótima leitura! Que os Projetos contidos neste Material
Didático possam contribuir para práticas educativas interdisciplinares, visando um
processo de ensino e aprendizagem eficaz.

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1. Utilização sustentável do lixo orgânico
domiciliar: desenvolvimento de
composteiras como ferramenta
metodológica no ensino de ciências

Luiza Rafaela Brunetto


Sandrieli Gonçalves
Tainá dos Santos
Marina de Prá
Nédia de Castilhos Ghisi

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RESUMO

Este projeto foi desenvolvido com o objetivo de sensibilizar e instruir estudantes do


ensino fundamental, sobre a reutilização do lixo orgânico produzido em suas
residências, visando o ensino interdisciplinar de ciências e a conscientização sobre o
descarte incorreto de resíduos orgânicos. Os resíduos orgânicos se descartados no
lixo domiciliar, são destinados a aterros sanitários e lixões, e se tornam extremamente
prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana, através da produção do gás metano
e do chorume. O gás metano é um dos vilões do aquecimento global e o chorume, por
sua vez, é um líquido tóxico que pode alcançar os lençóis freáticos e contaminar a
água. A metodologia abordada consiste no desenvolvimento de Composteiras,
especificamente, a confecção de uma vermicomposteira. Esta técnica conta com o
auxílio de uma espécie de minhoca que torna o desenvolvimento mais atrativo para
os estudantes do Ensino Fundamental e, apresenta vantagens durante o processo de
compostagem. Ao utilizar essa metodologia, o professor de ciências poderá trabalhar
a interdisciplinaridade nos conteúdos dentro da disciplina de Ciências, bem como, a
interdisciplinaridade com outras disciplinas, tornando o processo de ensino
aprendizagem mais produtivo e interessante.

Palavras-chave: Reutilização, Resíduos orgânicos, Vermicompostagem.

ÁREA TEMÁTICA
O projeto apresenta como trabalhar a interdisciplinaridade entre os seguintes
conteúdos de ciências: biodiversidade de seres vivos, microbiologia, zoologia,
botânica, bioquímica, ecologia, o lixo, cuidados com o solo e educação ambiental.
Pode-se integrar outras disciplinas, tais como: artes, química, física, língua portuguesa
e geografia.

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil a cada ano aumenta a geração de resíduos sólidos urbanos (RSU),


segundo o Panorama da ABRELPE (2019), no ano de 2018 o valor de RSU gerado
foi de 79 milhões de toneladas. Ao comparar esse valor com o do ano anterior é
notável o acréscimo de 1%, o que indica que neste ano foram produzidos diariamente
216.629 toneladas de resíduos. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, dentre
os resíduos sólidos urbanos produzidos em nosso país, metade refere-se aos
resíduos orgânicos (BRASIL, 2019). Os resíduos orgânicos, ao serem descartados
juntamente com os demais, são destinados a aterros sanitários e ocasionam a
redução da durabilidade desses ambientes, impactando a queda de sua vida útil.
Em 2010 foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, com o intuito de
aprimorar a situação referente ao destino dos RSU. Este documento estabeleceu que
deveria ser realizada a eliminação de lixões até a data de 2014, considerando que
esses locais são inapropriados para a disposição final de resíduos (PNRS, 2010). Este
prazo não foi cumprido e os lixões continuam sendo destino de resíduos, causando
prejuízos ao meio ambiente. Devido a isso, no ano de 2019 o Ministério do Meio
Ambiente criou o Programa Nacional Lixão Zero, o qual é um plano de ação que tem
a finalidade de acabar com os lixões e buscar melhores alternativas para o destino
dos resíduos. Desta forma, vale destacar a importância de cada pessoa separar
adequadamente o lixo de sua residência, pois ao realizar esta simples ação, gera uma
contribuição de grande valia para prolongar a vida útil de aterros sanitários.
Em vista disso, se faz necessário o desenvolvimento de projetos e atividades
simples para conscientizar as pessoas, como esta proposta didático-pedagógica a
qual tem como objetivo, sensibilizar estudantes do ensino básico sobre a reciclagem
de resíduos orgânicos, afim de reduzir sua destinação aos aterros sanitários. Dessa
forma, é possível instruir alunos a reciclar os resíduos orgânicos de forma sustentável,
obtendo ao final desse processo de reaproveitamento um bioproduto que pode até ser
comercializado, por ser extremamente nutritivo para as plantas, o qual pode ser usado
em hortas e jardins, tanto de escolas quanto de residências, para a produção de
plantas alimentícias, ornamentais e hortaliças.
Ao garantir melhor destinação aos resíduos orgânicos se contribui para o
acréscimo na vida útil dos aterros sanitários, minimizando o impacto ambiental
causado por esses locais, devido a diminuição da produção de gás metano e do
chorume, substâncias que podem causar malefícios a saúde humana e o meio
ambiente. Desse modo, a proposta metodológica foi elaborada para ser aplicada em
sala de aula, principalmente com o ensino fundamental, visto que devemos começar
a conscientização pelos mais jovens, os quais representam o futuro. Salientamos
também que, este projeto não é apenas de cunho escolar, podendo ser aplicado para
toda a comunidade, a fim de atingir um maior número de pessoas e sensibilizá-las
sobre o assunto.

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Sendo assim, a utilização sustentável de resíduos orgânicos realizada por
estudantes do ensino fundamental, por meio do desenvolvimento de composteiras,
pretende diminuir a disposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários e lixões.
Por consequência, o bioproduto formado na composteira pode ser utilizado como
adubo no cultivo de plantas alimentícias, ornamentais e hortaliças. Por fim, a
metodologia abordada serve como uma ferramenta de ensino que possibilita ao
professor de Ciências ir além da rotina ao trabalhar vários conteúdos de forma
interdisciplinar, proporcionando aos estudantes correlacionar a teoria com a prática,
considerando que irão participar diretamente do desenvolvimento das composteiras.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Sensibilizar e instruir estudantes do ensino fundamental sobre a reutilização de


resíduos orgânicos de maneira sustentável e rentável.

2.2 Objetivos Específicos

Conscientizar os estudantes sobre a importância da separação correta de


Resíduos Sólidos Urbanos (RSU);
Fazê-los perceber como o sistema de vermicompostagem é eficiente, de baixo
custo e rápido para tê-lo em casa;
Construir com os alunos uma composteira caseira e
uma vermicomposteira para reaproveitar os resíduos orgânicos produzidos em suas
casas.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Resíduos sólidos urbanos e resíduos orgânicos

Os resíduos sólidos provenientes de diversas atividades humanas muitas vezes


são denominados popularmente como lixo, porém existem diferenças nas definições
desses dois termos. A palavra lixo recebe vários significados: no dicionário Aurélio,
por exemplo, é sinônimo de sujeira, tratando-se de coisas inúteis ou sem valor
(HOLANDA, 2002). Porém, sabe-se que estas definições não estão completamente
corretas. Pode-se sim definir lixo como algo que é resultado das atividades humanas
e que, muitas vezes, torna-se inútil e sem valor por receberem a destinação incorreta.
No que se refere aos resíduos sólidos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos
Lei 12.305/10, dispõe que se trata de tudo aquilo que não é aproveitado nas atividades
humanas e deve estar no estado sólido ou semissólido para ser levado ao seu destino

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final: “bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água,
ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor
tecnologia disponível” (PNRS, 2010). De certa forma, esses resíduos podem ser
reutilizados ou tratados, ao contrário do lixo.
Segundo ABRELPE (2019), em 2018 foram geradas 79 milhões toneladas de
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) somente no Brasil, os quais englobam os resíduos
domésticos, os efluentes gerados em pequenas empresas domiciliares e, ainda, os
resíduos comerciais. O que é alarmante, sem dúvidas, é que apenas 59,5% desta
enorme quantidade gerada é destinada corretamente. Ou seja, mais de 40% dos RSU
gerados no Brasil vão para lixões, o que significa que estão sendo incorretamente
destinados.
Além do mais, o custo para a reciclagem é um dos principais empecilhos para
a destinação correta e reutilização dos RSU. Por isso, percebe-se que é mais
importante obter controle da produção dos RSU do que suprir a demanda de
destinação e reutilização dos mesmos, porém no Art. 9° da PNRS – Lei 12.305/10, é
dado ordem de prioridade para a não geração de resíduos, a reutilização, a
reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a destinação final adequada dos
rejeitos. Machado (2017), cita uma medida criada em 1997 conhecida
internacionalmente como Agenda 21, a qual trata da prevenção do descarte de
resíduos. A medida impõe como solução a utilização do método dos 3R’s, os quais
visam: 1° - Reduzir: buscar reduzir o consumo, repensando o uso dos materiais e,
consequentemente, a redução da geração de lixo; 2° - Reutilizar: tornar a vida útil de
determinado material mais longa, podendo ser naquela mesma forma ou adaptando-
o; 3° - Reciclar: tornar aquele resíduo útil, modificando sua estrutura física/química,
produzindo novos materiais.
Não sendo suficiente, incluiu-se dois novos termos posteriormente: Repensar
e Recusar. O primeiro termo, trata de fazer o consumidor repensar sobre o produto,
desde sua matéria prima, o trabalho para sua produção, o transporte e o descarte. Já
o último termo, refere-se ao ato de recusar o consumismo de produtos dispensáveis,
fazendo os consumidores adquirirem apenas produtos essenciais (SILVA et al.,
2017).
Nos centros urbanos, temos a grande produção de Resíduos Orgânicos
Domiciliares (ROD) dentre os RSU, sendo que em sua maioria, são descartados
incorretamente: em terrenos baldios ou áreas públicas gerando, não somente
problemas ambientais, mas também, o desperdício de muitos nutrientes que poderiam
ser reutilizados (USP, 2012). Como solução, surge a compostagem, a qual visa
reciclar matéria orgânica, ou seja, transformar os ROD em adubo, o qual poderá ser
utilizado como fertilizante para plantas e até mesmo, comercializado como fertilizante
natural. Percebe-se neste ponto que, nem sempre o lixo é inútil e sem valor, como
sugerido pelo dicionário anteriormente (BENTO, 2013).

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Ainda segundo a autora Bento (2013), a compostagem é uma forma simples e
muito eficiente para reciclar matéria orgânica, não somente vegetal, mas também
animal. O processo é realizado por macro e microrganismos que se desenvolvem em
meio ao ROD e que atuam na decomposição daquela matéria orgânica em um
composto chamado húmus. O húmus, por sua vez, é considerado um fertilizante
natural e muito rico, pois pode ser usado em hortas caseiras, no cultivo de legumes e
frutas, nas plantas do jardim e, como já citado, comercializado como fertilizante
potencialmente natural.
No que diz respeito aos resíduos orgânicos, segundo a Lei 12.305/2010 que
dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o inciso V do artigo
36, a compostagem pode ser considerada como essencial sendo uma tarefa
indispensável, assim como a destinação adequada de resíduos. Desta forma, fica a
cargo dos municípios prestarem esse serviço à população. Conforme os incisos XIV
e XV do artigo 3° presente na PNRS, a compostagem é uma maneira de promover a
reciclagem, onde resíduos orgânicos devem ser reaproveitados e não descartados
como rejeitos.
Compostagem

O termo compostagem está diretamente associado ao tratamento de resíduos


sólidos orgânicos, pode-se dizer que se trata de uma reciclagem biológica que vai
degradar restos orgânicos de produção urbana, industrial e agrária também,
transformando estes restos de resíduos em adubo orgânico que pode vir a ser utilizado
na manutenção das hortas nas escolas e até mesmo nas famílias dos
estudantes. Assim a compostagem se trata de um processo de decomposição, que
acontece através do desenvolvimento de condições ideais (umidade, disponibilidade
de oxigênio e nível de nutrientes) para a cultura e atuação de macro e
microrganismos (BRASIL, 2019).
A compostagem é um processo de oxidação biológica, que acontece pela ação
de microrganismos que decompõe os materiais derivados destes resíduos sólidos
orgânicos que vão liberar CO2 e H2O. No entanto existem pesquisadores que
concluem que a compostagem acontece através de processos de decomposição
anaeróbia e aeróbia, com a predominância dos processos aeróbios (CERRI et.
al., 2008).
Os autores Nascimento et al, (2005) listam os benefícios promovidos pela
compostagem, principalmente no cultivo do solo e sua saúde, a seguir apresentamos
algumas dessas vantagens: O composto orgânico juntamente com partículas de areia,
argila e limo auxiliam na retenção e drenagem do solo melhorando sua aeração; A
redução da erosão através do aumento da infiltração da água no solo; O material
orgânico atrai insetos, minhocas e microrganismos que são benéficos para as plantas
e redutores de patógenos; Auxilia na estabilidade da temperatura e acidez do solo;
Redução do odor indesejável da matéria orgânica; Método ambientalmente seguro e
confiável.

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3.3 Vermicompostagem
A vermicompostagem, se refere ao procedimento realizado pelas minhocas em
seu trato intestinal, onde ao se alimentar da matéria orgânica a transformam e
originam um bioproduto e o chorume (AMORIN et al., 2016). Este bioproduto e o
chorume são ricos em nutrientes e ideais para serem empregados como fertilizantes
naturais em cultura de plantas.
A técnica da Vermicompostagem foi descoberta em uma pesquisa inglesa
desenvolvida entre os anos 1940 e 1950. Em 1970 os pesquisadores descobriram que
com o manejo de minhocas os resíduos orgânicos, como esterco e resíduos
domésticos, se transformavam em matéria orgânica de maneira mais estabilizada, ou
seja, liberando mais nutrientes no solo (AQUINO; ALMEIDA; SILVA, 1992).
De acordo com os autores Aquino, Almeida e Silva (1992) a espécie de
minhoca comumente utilizada é a Eisenia fetida (Savigny, 1826) também conhecida
como minhoca de esterco ou vermelha da Califórnia. Sua preferência se dá devido a
sua grande capacidade de reprodução, crescimento e pela sua eficiência na
conversão de resíduos. Outra espécie de minhoca muito utilizada é
a Pheretima sp., destinada para a compostagem de resíduos que apresentam estágio
de decomposição mais avançado, ela é popularmente conhecida como minhoca
puladora e pode ser facilmente encontrada no solo.
Estudos realizados por Almeida (1991), compararam a eficiência
do vermicomposto com o esterco de galinha e esterco bovino no cultivo de verduras
como cenoura e alface. Foi possível verificar que no cultivo de alface
o vermicomposto não apresenta nutrientes suficientes para o
desenvolvimento destas, em oposição aos estercos, que possibilitaram o pleno
desenvolvimento dos vegetais. Em contrapartida, no cultivo de cenouras, a
eficiência nutricional de ambos os fertilizantes é equivalente.
De acordo com Marcondes (1996), as minhocas consomem primeiramente os
compostos presentes na base e se deslocam para cima conforme a matéria vai se
decompondo, podendo suportar a temperatura entre 13°C a 22°C. O autor ainda
afirma que, as minhocas possuem preferência por materiais menos ácidos e com
cheiro mais leve, como borra de café, folhas de erva-mate e outros chás. As minhocas
podem decompor diversos resíduos, como restos de frutas e verduras, esterco, papéis
e folhas secas, se esses apresentarem condições aceitáveis a elas, como pH,
temperatura e umidade. A reposição de nutrientes deve ser realizada de uma a duas
vezes na semana.
Este processo se torna mais favorável e benéfico, pois de acordo com Albanell
et al. (1988), as minhocas aceleram a transformação da matéria orgânica em húmus,
devido a produção do composto conter menor relação de carbono e nitrogênio.
Durante o processo, também ocorre pela ação das minhocas, o aumento de retenção
de cátions e o acréscimo de substâncias húmicas (ALBANELL et al., 1988).
A respeito do húmus de minhoca ou conhecido como vermicomposto, este
apresenta concentrações altas de matéria orgânica, sendo este número maior que o

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obtido no composto realizado com o método tradicional da compostagem. Desta
forma, com a vermicompostagem os nutrientes se encontram de forma mais
assimilável para as plantas, estando disponível para o uso por até 45 dias (RICCI,
1996). Ainda, conforme relata Epstein (1997), essa prática elimina ou reduz os níveis
de patógenos em cultivos, devido à alta temperatura alcançada durante o processo.

4 METODOLOGIA

Esta metodologia apresenta a importância das vermicomposteiras de forma


com que os alunos do ensino fundamental possam aprender a montar uma mini
vermicomposteira. É possível realizar associação com os conteúdos de Ciências e de
outras disciplinas como artes, para entender a função da mini composteira e sua
importância tanto para a o aumento da vida útil dos aterros sanitários.
Desta forma também é possível aprender como os resíduos orgânicos podem
ser reciclados de modo que esta técnica de transformar o lixo em adubo possa ser
empregada, e compreender que, quando esta técnica é vinculada às minhocas e a
outros microrganismos este lixo pode ser transformado em adubo orgânico rico em
nutrientes. A metodologia contempla três atividades, contando também um vídeo
explicativo e um folheto educativo (cf. apêndices 1 e 2). Link do Vídeo:
(https://youtu.be/FpuK8uVMYVM).

Atividade 1

Esta atividade pode ser feita tanto na sala de aula quanto no pátio da escola.
Primeiramente o professor questionará os alunos sobre o que são os resíduos
orgânicos e se esses resíduos podem ou não serem reciclados. A atividade tem como
objetivo instigar a criança sobre o que é o resíduo orgânico e explicar que este pode
ser utilizado de outras formas, e não simplesmente somente descartado, e tem grande
importância para o meio ambiente.
O professor deve explicar que ao receber o tratamento devido, este resíduo
entrará em contato com os macro e microrganismos decompositores e se tornará um
adubo rico em nutrientes. Desta forma, este adubo será aderido ao solo ou adicionado
dentro de vasos, possibilitando que as plantas tenham um melhor desenvolvimento
devido aos nutrientes que foram retirados dos restos de resíduos orgânicos, os quais
possivelmente seriam jogados fora de maneira incorreta e acabariam, por sua vez,
diminuindo o tempo de vida útil dos aterros sanitários.
Pode-se enfatizar que as minhocas são seres muito importantes neste
processo e que o auxiliam de maneira direta: estas vão se alimentar dos resíduos, que
ao passarem pelo trato digestório das minhocas se tornarão suas fezes, que tem um
grande teor nutritivo para as plantas, o famoso húmus de minhoca. Por fim é
interessante que o professor leve os alunos para o pátio para que os mesmos possam

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analisar (com luvas e o devido cuidado) se o lixo da escola está sendo separado
devidamente, já ensinando como estes alunos devem separar o lixo tanto na escola,
quanto em suas próprias casas e até mesmo em outros ambientes.

Atividade 2

Nesta atividade o professor deve explicar o que é uma vermicomposteira, pois


na atividade 1 os alunos já conseguiram compreender o que são os resíduos
orgânicos e agora, estão prontos para aprender uma técnica que possibilite-os ver a
transformação do resíduo orgânico juntamente com auxílio das minhocas
californianas, explicando a função das mesmas para a realização desta técnica e a
importância dos produtos finais (húmus de minhoca e chorume);
• Importância do húmus de minhoca: É de grande procura no mercado, pois este
é considerado um dos melhores adubos para a fertilização do solo. Desta
forma, é possível transformar um solo pobre para o plantio em um solo rico.
Estes nutrientes que são dispostos através destes produtos finais da
Vermicomposteira ajudam no crescimento das plantas e melhorar a qualidade
das mesmas.
• Importância do chorume: O chorume é o resultado final da decomposição que
vai ocorrer dentro da Vermicomposteira, este é um líquido muito rico em
nutrientes que poderá ser misturado com a água e utilizado tanto como um
adubo foliar e como adubo para o solo que poderá ser disperso através de
irrigação.

Atividade 3

Após os alunos compreenderem o que é uma Vermicomposteira, estes irão


montar uma mini vermicomposteira, para isso eles vão precisar dos seguintes
materiais: 3 potes de sorvete todos com tampa; 2 Pregos; 1 Martelo; 1 Tesoura; 1
Torneira; 1 Tubo de cola quente, ou fita adesiva para vedar bem os potes; 15 Minhocas
californianas; Matéria seca, por exemplo: folhas, serragem, grama; Restos de
alimentos e material verde, como cascas de frutas e verduras, borra de café, erva de
chimarrão, restos de cereais, casca de ovo (triturada) e o restante dos alimentos em
pedaços bem pequenos.
Em seguida é importante que o professor auxilie na montagem passo a passo
e explicando qual a importância e função de cada um dos potes:
Pote 1: O pote, representado nas Figuras 1 e 2, corresponde a primeira caixa
digestória, na qual será necessário fazer pequenos furos na tampa para circular o ar
e manter a temperatura. Neste compartimento será adicionado a matéria seca e os
restos de alimentos, é importante ressaltar que não pode ser colocado restos de carne

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de qualquer espécie, nem óleos, vinagres e azeite, pois são prejudiciais as minhocas
e ao processo.

Figura 1 - caixa digestora 1 aberta, na qual é possível observar a tampa com furos para que
haja a passagem do ar e o pote 1 ligado à tampa do pote 2.

Fonte: Autoria própria

Figura 2 - caixa digestora 1 fechada com tampa.

Fonte: Autoria própria

Pote 2: Nesta etapa será realizada a montagem da segunda caixa digestória, é


necessário retirar a parte inferior da tampa para permitir a transição das minhocas
entre as caixas, e no fundo desta caixa existem furos para a passagem do chorume.
Nessa caixa serão adicionadas as minhocas juntamente com o substrato. Pode-se
observar na Figura 3.

Figura 3 - caixa digestora 2 aberta, ligada à tampa do pote 3, na qual é possível observar os
furos para a passagem do chorume.

Fonte: Autoria própria


Pote 3: Para a montagem da terceira e última caixa, a caixa coletora, será necessário
fazer pequenos furos na tampa que vão ligar os dois potes, é interessante adicionar
uma torneira para que o chorume líquido possa ser retirado como na Figura 4.

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Figura 4 - Caixa 3 com a torneira inserida, aberta vista por cima.

Fonte: Autoria própria

Vermicomposteira completa: Posteriormente, serão unidas as três caixas para obter a


vermicomposteira, o resultado deve ser parecido com o da imagem abaixo. É
importante ressaltar que a torneira é opcional, pois, também pode ser usado um cano
com tampão para o líquido não vazar ou até mesmo a remoção das caixas. Observe
a Figura 5.

Figura 5 - composteira completa.

Fonte: Autoria própria

Ao finalizar a montagem, os estudantes podem nomear as suas vermicomposteiras,


e levá-las para suas casas, mas é necessário salientar que alguns cuidados devem
ser tomados para não prejudicar o processo de vermicompostagem: Manter a
temperatura entre 20 e 35ºC, pois se a temperatura for elevada vai afetar as minhocas;
Manter o interior sempre úmido, pois as minhocas realizam respiração cutânea
(através da pele); Manter sempre determinada quantia de matéria seca, pois esta vai
evitar que possa ocorrer episódios de mau cheiro; Óleos, vinagres e azeite não podem
entrar na composteira; Manter em local protegido do sol e da chuva.

4.1 Trabalhando a Interdisciplinaridade

Durante a realização das atividades acima, o professor de Ciências pode


trabalhar a interdisciplinaridade abrangendo diversos conteúdos de maneira científica.

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A seguir nós sugerimos a abordagem de alguns conteúdos de Ciências de acordo com
a Base Nacional Comum Curricular (2017) e as Diretrizes Curriculares da Educação
Básica Ciências (2008), abordagem que tende a tornar o desenvolvimento da
disciplina e o ensino de Ciências mais rico e interessante. É importante abordar no
decorrer das atividades a questão do lixo e seus possíveis destinos, entre eles a
reciclagem e sustentabilidade, os problemas dos aterros sanitários e os lixões, além
de incluir a questão de saúde pública, pois o lixo atrai vetores de doenças como os
ratos, baratas, mosquitos etc.
A compostagem permite trabalhar a microbiologia e a biodiversidade de seres
vivos, se tratando do processo de degradação aeróbia, onde tais condições
possibilitam uma variedade de macro e microrganismo como as bactérias e os fungos.
Inclui-se também a botânica, onde posteriormente o produto final obtido com o uso da
composteira será utilizado em vasos de flores, hortas, na produção de plantas
ornamentais e alimentícias, através da nutrição do solo e consequentemente das
plantas. Ainda neste aspecto, pode-se trazer uma discussão sobre a alimentação
saudável.
Outro conteúdo que pode ser tratado é a pedologia, ou estudo do solo, no qual
é importante ensinar para os estudantes sobre a sua nutrição e a influência de fatores
como a umidade, pH, aeração, temperatura, erosão e lixiviação. Ao trabalhar os
nutrientes presentes no solo como carbono, nitrogênio e oxigênio, é possível fazer
uma ligação com o conteúdo de química/bioquímica, e ressaltar a ação direta desses
nutrientes no desenvolvimento das plantas.
A ecologia pode ser trabalhada de forma que o educando compreenda as
relações entre os ecossistemas e as cadeias tróficas, pois organismos produtores,
consumidores e decompositores estão presentes na compostagem. Ao incluir a
minhoca no processo, o mesmo passa a ser chamado de vermicompostagem,
possibilitando trabalhar a zoologia e a sua ecologia focando em seu nicho ecológico.
Ao desenvolver composteiras, os estudantes têm contato direto com os materiais
necessários e o meio ambiente, trabalhando com os sentidos como tato e olfato, que
são conteúdos de fisiologia humana.
No que se trata de interdisciplinaridade com outras disciplinas da educação
básica, o desenvolvimento de composteiras permite trabalhar em conjunto com artes,
por exemplo: encapar os compartimentos da composteira com um papel que permita
a realização de desenhos criativos que podem ser coloridos com as cores primárias.
Como já citado acima, a química também pode ser incluída, além da física
considerando os processos de transformações. Com a disciplina de português, é
possível trabalhar a interdisciplinaridade através de redações e produções de textos.
Em geografia, sugere-se abordar questões do solo, agricultura orgânica e o uso de
químicos na produção de alimentos.

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6 RESULTADOS ESPERADOS

Considerando a problemática abordada e apresentada neste texto, a proposta


metodológica busca auxiliar professores a trabalhar o assunto de forma abrangente,
tornando o processo de ensino aprendizagem mais significativo. Sendo assim,
ressalta-se a grande importância de instruir estudantes do ensino básico sobre a
disposição correta de compostos orgânicos domiciliares. Desta forma, contribui-se
com o aumento da vida útil dos aterros sanitários e na diminuição do impacto
ambiental causado pelos materiais orgânicos quando descartados incorretamente.

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em: 24 jun. 2021.

21
APÊNDICES

APÊNDICE A – Panfleto informativo

Fonte: Autoria própria

22
APÊNDICE B – Panfleto instrucional

Fonte: Autoria própria

23
2. Elaboração de uma cartilha didática para o
ensino fundamental sobre os efeitos de
resíduos eletrônicos nos ecossistemas
aquáticos

Gustavo Nascimento de Oliveira


Lucas Trentin Larentis
Paula Raquel Reffatti
Fernanda Ferrari
Mara Luciane Kovalski

24
RESUMO

Devido aos avanços tecnológicos, o lixo eletrônico produzido passou a ter em sua
composição, materiais sintéticos e alguns metais pesados, que são elementos muito
perigosos, tanto aos ecossistemas quanto à saúde humana. Este projeto tem como
objetivo planejar uma cartilha didática para apresentar de forma interdisciplinar o efeito
do lixo eletrônico sobre os ecossistemas aquáticos e sensibilizar quanto ao destino
incorreto do lixo eletrônico nestes ambientes. Proporcionando elementos teóricos e
práticos e promovendo discussões sobre a temática envolvida no projeto, enfatiza-se
a sensibilização da comunidade escolar acerca dos impactos prejudiciais dos resíduos
tóxicos, em especial na ecologia de águas. O projeto tem em vista uma cartilha
utilizando trabalhos já realizados para embasar o conhecimento, baseando-se em
uma narrativa, contando uma história de forma lúdica sobre o efeito do lixo eletrônico
no ecossistema aquático, proporcionando um material proveitoso e muito bem
delimitado, pois cada vez mais depara-se com dificuldades e impaciência para leitura
de materiais extensos postos de forma pouco atraente. Espera-se que uma cartilha
contendo informações relevantes e de fácil entendimento, seja realmente útil para que
as crianças aprendam a destinar o lixo eletrônico de forma correta e os efeitos que
eles possam causar no meio ambiente, em especial, no meio aquático. Tendo também
como finalidade proporcionar um material interdisciplinar espera-se que seja possível
promover o debate dos assuntos abordados na cartilha, dessa forma, então, avaliando
sua eficácia em transmitir os conhecimentos.

Palavras-chave: Ensino de Ciências. Cartilha didática. Lixo eletrônico. Ecossistemas


aquáticos.

25
1 INTRODUÇÃO

Um dos principais problemas que as sociedades enfrentam é a gestão dos


resíduos produzidos. Desde muito tempo, produzir lixo se tornou regra e causou
problemas aos povos. Em princípio, os povos nômades e coletores que habitavam a
Casa Comum, há cerca de 5 mil anos, permaneciam em uma determinada área até
seus recursos se tornarem escassos. Então, deixavam o local, em busca de uma nova
parada. Para trás, ficava seu lixo, em geral orgânico, que era logo decomposto. À
medida que o ser humano começou a desenvolver certas ferramentas para seu
próprio conforto e a construir moradias fixas, o processo de sedentarização se instala.
Com ele, a domesticação dos animais e um aumento na produção de resíduos, porém,
ainda, nada muito alarmante (HISTÓRIA, 1999).
Como se sabe, com o passar do tempo, o ser humano utilizou cada vez mais
das matérias-primas disponíveis para produzir novas ferramentas ou produtos. Porém,
quanto maior a sofisticação dos produtos, maior o impacto gerado. Percebe-se isso
de forma clara, especialmente, com a Revolução Industrial, em meados do século
XVIII. Com as Grandes Guerras e o uso de armas químicas, além das milhões de
mortes de soldados no front, os solos, as águas e os alimentos eram contaminados.
Em relação a energia nuclear e o acidente de Chernobyl, em 1986, na ex-URSS, pode-
se entender melhor que, muitas vezes, para o Homem não há maneira de controlar
suas próprias criações.
As guerras, em geral, trazem desenvolvimento, porém a um custo muito
elevado. Neste caso, desenvolvem-se armas e outras máquinas para derrotar o outro.
E depois, o que fazer com isso tudo? A resposta é clara: reaproveitar, remanejar e
redistribuir. O computador nasce por causa de operações militares na Europa e EUA.
Sabe-se que isso também é válido para a rede mundial de computadores. E de uma
ferramenta de segurança ou de pesquisa do Estado, passa-se ao cotidiano de todas
as pessoas. Em 2017, um levantamento feito pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil
demonstrou que 85 % das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos eram usuários
da Internet (CRESCE, 2018). Nos dias de hoje, o celular passou a ser um aparelho de
entretenimento. Assim como a televisão foi no passado. E é aí que o tema lixo
eletrônico vem à tona.
O lixo eletrônico é um problema sério que vem aumentando nos últimos anos.
A cada ano, vê-se novos modelos e novos aparelhos, resultando em novas compras.
A troca de aparelhos eletroeletrônicos, para além dos celulares, é crescente. Sabe-se
que muitas das vezes, é mais barato comprar uma nova geladeira, do que consertar
uma de suas peças mais caras. Porém, o grande problema disso tudo é: para onde
vai essa geladeira estragada? Muito provavelmente, não será destinada a um local
correto. Ao estar num ambiente inadequado, como lixões a céu aberto, os aparelhos
celulares, por exemplo, estão expostos ao intemperismo e às mais diversas condições

26
temporais. Isso pode favorecer a deposição de resíduos no solo, podendo contaminar
lençóis freáticos, principalmente, com os metais pesados constituintes.
Diante do exposto, ações educativas são urgentemente necessárias buscando
sensibilizar as pessoas acerca deste problema. Neste contexto, as cartilhas didáticas
podem ser importantes ferramentas que, trazendo conhecimento de forma lúdica e
atraente, permitem ao público leitor repensar atitudes, muitas das quais cotidianas,
fazendo valer os princípios de desenvolvimento da capacidade de análise crítica pelos
alunos (BRASIL, 1997), bem como, sensibilizar a comunidade escolar para os efeitos
danosos do descarte inadequado de lixo eletrônico. Tenha-se em mente, a
necessidade de popularizar os conhecimentos científicos que promovem o bem-estar
ou alertam atitudes indevidas.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Planejar uma cartilha didática sobre o destino incorreto do lixo eletrônico e seus
efeitos nos ecossistemas aquáticos para o sétimo ano do Ensino Fundamental.

2.2 Específicos

Proporcionar elementos teóricos e práticos que permitam aos alunos


internalizar, de forma interdisciplinar, os conceitos envolvidos com a temática do
projeto;
Promover a discussão interdisciplinar da temática no ambiente escolar, bem
como, avaliar a efetividade da cartilha produzida;
Sensibilizar a comunidade escolar acerca dos impactos negativos e prejudiciais
dos resíduos tóxicos na ecologia das águas.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Lixo eletrônico: um problema global crescente

De acordo com Gouveia (2012), conforme os anos passam, mais a população


global cresce, principalmente nos meios urbanos. Nos últimos anos, o problema que
mais vem preocupando a comunidade científica e a população no geral, é o
crescimento alarmante na quantidade de resíduos dispersos no meio ambiente. Por
ano, são descartados em torno de 20 a 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico em
todo mundo (SONG; LI, 2014). Estima-se que, até 2025, o número de resíduos sólidos
(eletrônicos ou não) descartados pela população seja de aproximadamente 2 bilhões
de toneladas por ano (HOORNWEG; BHADA-TATA, 2012). Estes números são

27
consequência do aumento populacional e das grandes revoluções tecnológicas que
se tem experienciado nas últimas décadas.
O ser humano tem se tornado cada vez mais dependente de dispositivos
eletrônicos em seu cotidiano. Quase todas as atividades diárias realizadas pelos
indivíduos estão, de alguma forma, relacionadas a algum eletroeletrônico. Além disso,
o consumismo vem crescendo gradualmente junto com este avanço tecnológico, pois
parece que as pessoas têm a necessidade de acompanhar este avanço e adquirir
aparelhos mais avançados.
Por consequência disso, o aumento na produção de resíduos aumenta em
níveis alarmantes. Além disso, devido aos avanços tecnológicos, todo esse lixo
produzido passou a ter em sua composição, materiais sintéticos e alguns elementos
muito perigosos, tanto aos ecossistemas quanto à saúde humana. Nesse contexto, é
importante ressaltar que o manejo adequado de resíduos é de extrema necessidade
à preservação do meio ambiente. E mais que isso, a diminuição de sua produção.
Quando dispostos irresponsavelmente, os resíduos podem comprometer a qualidade
do solo, da água e do ar, por serem fontes de compostos orgânicos voláteis, solventes
e metais pesados, por exemplo (GOUVEIA, 2012).
No Brasil, grande parte dos resíduos eletrônicos não chega ao seu destino
correto. Também, devido ao grande número de lixões a céu aberto, percebe-se as
devastadoras consequências sobre o meio ambiente, já que o lixo eletrônico
descartado é responsável pela liberação de uma grande quantidade de metais
pesados, tóxicos ao ambiente. Dentre os metais liberados, ferro (Fe), cobre (Cu),
alumínio (Al), zinco (Zn) e chumbo (Pb) são encontrados em maior quantidade, a cada
tonelada de lixo misto (NATUME; SANT’ANNA, 2011). Mas também é possível
encontrar outros metais, em menor quantidade, que podem ser ainda mais nocivos,
como cádmio (Cd), bromo (Br), bário (Ba) e mercúrio (Mg).

3.2 Efeitos do lixo eletrônico sobre os ecossistemas aquáticos

Entende-se por ecossistema aquático todo aquele que apresenta um corpo


d'água como biótipo, podendo ser dividido em ecossistema de água salgada e
ecossistema de água doce (RAMOS; AZEVEDO, 2010). De forma geral, os
ecossistemas aquáticos apresentam todas as formas de vida, tanto marinhas como
de água doce, respectivamente.
Atualmente, ecossistemas aquáticos marinhos e de água doce tem sido alvos
de descargas de resíduos líquidos e sólidos de forma global em escala e cujo impacto
tem sido subestimado, ameaçando diretamente habitats e espécies, saúde e
segurança humana e valores sociais.
O lixo eletrônico especificamente, quando descartado incorretamente, pode
acarretar grandes danos à saúde e a todo o ambiente (TANAUE et al., 2015), inclusive
o aquático. Segundo Song e Li (2014), os metais pesados provenientes de lixo
eletrônico possuem potencial altamente tóxico e estão associados a um maior risco

28
de mortalidade. Em geral, estes metais são bioacumulados pelos seres, provocando
sérios efeitos nas cadeias tróficas (CORRÊA, 2006).
Anderson e Zeeman (1995) afirmaram que a presença de metais, como cádmio,
mercúrio, arsênio e selênio no ambiente aquático, pode afetar adversamente a saúde
dos peixes. Em particular, os mecanismos que protegem os peixes contra doenças
são os mais afetados. Danos na formação da espinha dorsal, doenças musculares,
lesões da pele e até quadros clínicos graves dos sistemas gastrointestinal, circulatório
e nervoso também foram encontrados (MUNIZ; OLIVEIRA-FILHO, 2008).
Está também evidenciado que outros seres vivos, como por exemplo as algas
diatomáceas (LAVOIE et al., 2018) e as cianobactérias (ANAS et al., 2015), são
afetados pela presença de metais pesados na água. Entre os principais efeitos,
destacam-se alterações na densidade total dos indivíduos no meio, deformidades em
suas paredes celulares, além de outras disfunções ainda não bem determinadas. Da
mesma forma, do ponto de vista de estruturação de comunidades biológicas
aquáticas, metais pesados ocasionam alterações de atributos como riqueza e
diversidade de espécies na comunidade de macroinvertebrados bentônicos
(CLEMENTS et al., 2000).
Para o ser humano, o problema reside no consumo de água contaminada e
principalmente de animais provenientes destes ambientes. De acordo com Foran
(1990), ingerir pescado contaminado é entre 20 e 40 vezes mais perigoso à saúde do
que ingerir água contaminada. Esse fato é justificado pela maior capacidade que os
organismos aquáticos têm de concentrar os elementos, geralmente as concentrações
chegam a ser até 105 vezes maiores do que as observadas no meio ambiente
(GUIMARÃES et al., 1985).
No organismo humano, esses metais podem impedir o funcionamento normal
de proteínas e enzimas, podendo se ligar às paredes celulares, dificultando o
transporte de nutrientes (FRANCO; MUÑOZ; GARCIA, 2016). Importante considerar
que a alteração de processos bioquímicos e fisiológicos pode acarretar patologias. A
exposição a metais pesados pode levar ao desenvolvimento de câncer, transtornos
de saúde mental, desordens hormonais e reprodutivas, efeitos na expressão gênica,
danos no DNA e aos sistemas nervoso e sanguíneo (SONG; LI, 2015; TANAUE et al.,
2015).

3.3 Alfabetização científica (ou Letramento científico)

Entende-se por alfabetização científica os conhecimentos que a população em


geral deve ter sobre Ciência (DURANT, 1994). Em um dos primeiros trabalhos a tratar
de “scientific ou science literacy”, que se traduz por alfabetização científica, Hurd
(1958) fala sobre as descobertas passadas e suas influências nos EUA dos anos
1950. Algumas dessas inovações citadas, ainda hoje são motivo de estudo e
investigação. Na década de 1950, nos Estados Unidos, devido a corrida espacial,
muitos cidadãos americanos se perguntavam se seus filhos estariam preparados para

29
a nova era de transformações científicas e tecnológicas daquele tempo,
principalmente, após o lançamento do primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik 1,
pela União Soviética, em 1957. Havia uma preocupação se os estudantes, quando
formados, saberiam e poderiam conduzir as novas descobertas, no futuro (idem,
ibidem).
Por se tratar de uma palavra estrangeira, alguns autores têm se preocupado
em debater sobre as traduções e discernir sobre o uso na Língua Portuguesa. Cunha
(2017) aponta que a maioria dos trabalhos acadêmicos na área de ensino de ciências
faz uso da expressão alfabetização científica, porém, este autor defende a utilização
do termo letramento científico, o que denota o impacto causado pelo emprego efetivo
da leitura e da escrita sobre as práticas sociais. Levanta-se essa discussão apenas
para que se perceba que os termos podem diferir de fonte para fonte. Neste trabalho,
volta-se ao termo clássico.
Encontram-se na literatura três abordagens que tratam da alfabetização
científica de formas muito diferentes entre si. A primeira delas se refere “a conhecer
sobre muitos fatos científicos, o que, não necessariamente, é o mesmo que ter um
alto nível de compreensão científica” (DURANT, 1994, p. 85). Nesta visão de
entendimento público da ciência, o foco está voltado a saber termos científicos e o
que eles significam, mas não obrigatoriamente o que se faz com eles, nem como se
chegou àquele resultado. Pode-se citar várias palavras que remetem à ciência, como
DNA; água; célula; e vírus, entretanto, todos esses são termos científicos para
diferentes fenômenos ou elementos que não provêm ao cidadão comum meios para
lidar com as situações impostas no cotidiano.
A segunda forma de abordar a alfabetização científica é saber como a ciência
funciona. Nesta definição, trabalha-se com a atitude científica e com os métodos e
processos científicos. O objetivo é que o cidadão letrado cientificamente saiba
diferenciar os métodos usados na Ciência e outros considerados pseudocientíficos
(MILLER, 1983 apud DURANT, 1994, p. 85). Pelo ponto de vista de Durant (idem), é
interessante que a população saiba, além de conceitos básicos em Ciência, de fato,
os procedimentos que levaram aos fenômenos, agora conhecidos. Porém, nenhum
cientista pode definir claramente o método científico, tanto é que, muitas vezes, se
abre espaço para as conhecidas “pseudociências” dentro dos próprios centros de
pesquisa. Portanto, não se deve entender a Ciência apenas como uma sequência de
processos idealizados e muito bem pensados, já que sempre há um envolvimento das
questões científicas com a vida real e sua aplicabilidade.
Por fim, chega-se a terceira aproximação, definida como uma visão da Ciência
e da alfabetização científica como uma prática social. Percebe-se que fazer ciência
não é apenas seguir passos; mas, nem sempre, deve ser vista como produto pessoal
de determinado indivíduo que pesquisa. O pesquisador – ou sua fama – não deve ser
encarado com tamanha emoção que obscureça sua pesquisa. De fato, o que se põe
aqui, é que não se deve projetar as características da Ciência sobre quem a produz
(DURANT, 1994). O autor (idem, p. 88) chama a atenção para a supervalorização de

30
algumas descobertas e o efeito na sociedade, porque “[...] o público [pode ficar]
imbuído da ideia de que o segredo do sucesso da ciência reside nas qualidades
extraordinárias de cientistas individuais”. Essas distorções emocionalmente guiadas
pela mídia sobre as descobertas científicas podem atrapalhar o entendimento público
sobre a Ciência e até sobre a função da seleta comunidade que pode se dedicar à
pesquisa científica, mas que não é a única a pesquisar, investigar.

3.4 As cartilhas didáticas e o ensino de Ciências

As primeiras cartas ou cartinhas voltadas à alfabetização chegaram ao Brasil


no final do século XVI; produzidas em Portugal. Informações sobre os materiais
didáticos no Brasil, pelo menos até o século XVIII, são muito escassas (MACIEL,
2002). Isso se deve em parte aos altos índices de analfabetismo no Brasil, que
segundo o Censo Demográfico de 1872, revelava até 87% de analfabetismo
(FERRARO; KREIDLOW, 2004). Vieira (2017), ao analisar cartilhas produzidas entre
o século XVI e o final do século XX, percebeu que elas constituem uma memória
histórica de métodos de ensino que ainda permanecem em uso, mesmo que
redefinidos. Desde a segunda metade do século XIX, no Brasil, cartilhas produzidas
por professores brasileiros e adequadas à realidade do país, são um dos instrumentos
usados para atingir os anseios pela alfabetização do povo (MORTATTI, 2000).
Atualmente, as cartilhas estão sendo usadas de acordo com os novos
paradigmas da sociedade. Hoje em dia, a utilização das cartilhas permeia várias
áreas, desde a divulgação em Ciência e Cultura (PEREZ et al., 2009) à promoção da
Saúde (TORRES et al., 2009; MEINERT; MARCON; OLIVEIRA, 2011; REBERTE;
HOGA; GOMES, 2012). Em se tratando da disseminação de conhecimentos em
Saúde, essa realidade vai além do que ocorre no Brasil. Alguns trabalhos demonstram
que as cartilhas são ferramentas eficazes aos profissionais da saúde, principalmente,
em ajudar na educação do paciente e como forma de reforçar as orientações
verbalizadas (OLIVEIRA; LOPES; FERNANDES, 2014; CLAUS et al., 2017). A título
de exemplo, Amini, Alihossaini e Ghahremani (2019) compararam o efeito da
educação verbal e de uma cartilha educativa sobre a ansiedade pré-operatória de 60
pacientes que seriam submetidos a cirurgia de hérnia e colecistectomia (retirada
cirúrgica da vesícula biliar). Concluiu-se que as cartilhas educativas podem ser usadas
para reduzir a ansiedade pré-operatória, já que os resultados demonstraram
diferenças significantes entre os grupos.
As cartilhas da mesma forma desempenham um papel importante na
popularização da Ciência. A divulgação científica, como também pode ser chamada,
se pauta em objetivos que variam ao longo do tempo, conforme o próprio avanço
científico-tecnológico. Pode-se citar a divulgação da Ciência como a ampliação dos
saberes do público leigo sobre os processos e a lógica científicas (ALBAGLI, 1996).
São vários os meios de disseminação do conhecimento, tais como, mídias eletrônicas,
exibições locais em museus, folders, jornalismo científico, artigos em revistas e jornais

31
– em linguagem acessível ao grande público –, livros e as cartilhas (RIVERA et al.,
2006; MANSO, 2012).
Encontra-se extensa literatura a respeito do ensino de Ciências, quando se
trata da utilização das cartilhas na educação. Toma-se como exemplo o ensino de
Ecologia através da cartilha “Seu Juca vai se mudar”, desenvolvida pelo Programa de
Pesquisas Ecológicas de Longa Duração da Universidade Federal de Minas Gerais,
em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq). A cartilha apresenta a estória de um indivíduo (Seu Juca) que escolhe morar
em uma área natural, de grande beleza cênica, e passa a alterar esse meio como
forma de adequá-lo às suas necessidades. Após várias transformações, como o corte
de árvores, uso de agrotóxicos e introdução de áreas de monocultura e o grande
acúmulo de lixo produzido, Seu Juca decide se mudar para uma nova bela área.
Assim, o descaso do ser humano para com a Natureza se completa (BARBOSA;
ALONSO; VIANA, 2004).

4 JUSTIFICATIVA

A escolha deste tema se justifica por contemplar o objeto de conhecimento


“Fenômenos naturais e impactos ambientais”, contido na Unidade Temática “Vida e
Evolução”, da Base Nacional Comum Curricular do Ensino Fundamental (7º ano).
Inserido nesse objeto do conhecimento, há a habilidade EF07CI08 que contempla a
avaliação dos impactos provocados por catástrofes naturais, mudanças nos
componentes dos ecossistemas e seus efeitos nas populações, podendo ameaçar ou
provocar a extinção de espécies, alteração de hábitos, migração, entre outros
(BRASIL, 2017).
Além disso, atualmente, a preocupação com o destino correto do lixo eletrônico
tem aumentado, haja visto seus efeitos negativos. Verifica-se que os impactos
causados pelo lixo eletrônico afetam as comunidades, as populações e, inclusive, os
seres humanos.
Dessa maneira, por meio da interdisciplinaridade entre as áreas de Ecologia,
Botânica, Química e Educação Ambiental, propõe-se a elaboração de uma cartilha
didática que permita trabalhar o assunto de forma interdisciplinar e sensibilizar os
alunos do ensino básico às questões relativas ao destino incorreto do lixo eletrônico e
seus efeitos nos ecossistemas aquáticos.

5 METODOLOGIA

A construção da cartilha será dividida em três fases, cada qual com algumas
etapas. Tendo em mente que a cartilha será destinada a escolas, alguns cuidados
devem ser tomados, como aponta Echer (2005, p. 755), “sendo, portanto,
indispensável escrever numa linguagem que todos entendam.”. Como sugere Almeida
(2017, p. 14), o tema deve estar muito bem delimitado já que “[...] temos cada vez

32
mais ‘dificuldade/impaciência’ para leitura de materiais extensos, especialmente se
forem centrados apenas em textos.”.
Os métodos que levarão à elaboração da cartilha proposta no presente projeto
seguem as propostas metodológicas definidas por Reberte (2008). Tanto Reberte
(idem), como Almeida (2017), são consonantes em propor, primeiramente, a
delimitação do tema e a busca de materiais já publicados que possam embasar o
trabalho, principalmente, livros e artigos de periódicos. Após isso, deve ocorrer a
definição dos tópicos que irão integrar a cartilha e a elaboração de um roteiro. Este
detalhamento inclui, por exemplo, o layout de cada página da cartilha, das ilustrações,
a sistematização do conteúdo textual e a determinação da linguagem a ser empregada
(ALMEIDA, 2017).

5.1 Fase 1: sistematização do conteúdo

Posteriormente a revisão de literatura pertinente, será realizada a


sistematização do conteúdo na forma de uma história. Será elaborada uma narrativa,
envolvendo alguns personagens, trazendo o conteúdo selecionado de maneira
simples e objetiva, visando sempre a aproximação do público-alvo ao tema
apresentado. É importante ressaltar que a linguagem técnica será empregada ao
mínimo e, quando necessária, “os devidos esclarecimentos devem ser feitos mediante
a utilização de exemplos” (DOAK; DOAK; ROOT, 1996 apud REBERTE, 2008, p. 54).
Ressalta-se que já foi realizada uma revisão de literatura acerca do tema, através da
busca de artigos e livros em repositórios online, como Google Acadêmico,
ScienceDirect, Scielo e Portal de Periódicos da CAPES, entre os dias 08 de abril a 27
de maio de 2019.
Nesta fase também serão selecionadas as ilustrações, figuras, tabelas e
quadros que deverão compor a cartilha. Como propõe Oliveira (2016), em sua cartilha
Lixo Eletrônico: e-lixo, algumas atividades, como caça-palavras, palavras-cruzadas,
jogo dos 7 erros, entre outros, serão adicionados ao longo da cartilha. Isso chama a
atenção e desperta interesse do público. A criação de personagens pode ser
considerada mais um atrativo para as crianças. Como pondera Alves (2001), os
personagens exibem certas características que fascinam os jovens estudantes.
Dentre essas, está “a possibilidade que oferecem para uma identificação catártica.
Por exemplo, Mônica realiza o sonho de toda criança: ser reconhecida em seu poder
[...]” (ALVES, 2001).

5.2 Fase 2: elaboração da cartilha

A cartilha será dividida em sete capítulos: (i) Introdução; (ii) O que é Lixo
Eletrônico?; (iii) O Ecossistema Aquático em nossas Vidas; (iv) Efeitos do Lixo
Eletrônico no Ambiente Aquático; (v) Efeitos do Lixo Eletrônico na Saúde Humana; (vi)
Como destinar o Lixo Eletrônico corretamente?; e (vii) Atividades. Com esses tópicos,

33
pretende-se abordar as definições de resíduos, resíduos eletrônicos e como os
resíduos eletrônicos impactam o ecossistema aquático.
Dentre as outras temáticas relacionadas que serão contempladas estão: os
efeitos prejudiciais causados por metais pesados, quais os principais compostos dos
aparelhos eletroeletrônicos de uso mais comum, o destino mais apropriado para esse
tipo de resíduo e, ao final, serão propostas reflexões sobre nossas ações no cotidiano,
por meio de atividades para colorir, de caça-palavras, entre outras. O layout e design
da cartilha serão concebidos através do site de ferramentas de design gráfico Canva©
(Graphic Design, Inc.).

6 RESULTADOS ESPERADOS

No contexto deste trabalho, espera-se que a cartilha contendo informações


relevantes e de fácil entendimento, realmente seja útil para que as crianças aprendam
a destinar o lixo eletrônico de forma correta e os efeitos que eles podem causar no
meio ambiente, em especial, no meio aquático.
Entende-se como um bom resultado deste trabalho, a efetiva construção da
cartilha e que esta possa se fazer de forma interdisciplinar, priorizando a compreensão
de vários conhecimentos pelos alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental. Espera-
se também que a cartilha proposta possa se tornar uma ferramenta de auxílio do
professor de Ciências, permitindo trabalhar essas informações de forma objetiva e
didática.
Portanto, tratando-se de um instrumento auxiliador às aulas de Ciências,
espera-se que a partir dela seja possível proporcionar o debate dos assuntos
abordados na cartilha, dessa forma, então, avaliando sua eficácia em transmitir
conhecimento.
Espera-se, ademais, que este documento não seja apenas aplicado ao ensino
de Ciências, no Ensino Fundamental, mas permita socializar essa coletânea de
informações a toda comunidade escolar, deste modo, não a tornando restrita apenas
à sala de aula, bem como, permitindo a contextualização sobre os resíduos tóxicos na
ecologia de águas.

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28 abr. 2019.

38
3.
Produção de um documentário sobre poluição
aquática causada por resíduo plástico
doméstico para o ensino de ciências

Edilaine Perusso
Elis Rizzi Varela
Julia Dias da Silva
Elton Celton de Oliveira
Paulo Fernando Diel

39
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo elaborar as diretrizes para produção de um


documentário para ser desenvolvidos por professores e alunos do ensino
fundamental, abordando a temática sobre resíduos plásticos e poluição aquática
local. Para a produção do documentário serão utilizadas atividades-
questionário, recursos como vídeos, imagens, livros, sites, entre outros
disponíveis na escola e em casa, bem como a bibliografia apresentada neste
trabalho. Serão realizados levantamento de dados, estudos e abordagens em
sala de aula quanto à temática lixo e posteriormente o material cinematográfico
será editado por alunos e professores. Espera-se que o documentário promova
a sensibilização sobre a temática, que os alunos possam ter contato com a
metodologia ativa, exercitem o poder de pesquisa, leitura, produção e utilizar as
tecnologias de informação e conhecimentos adquiridos em outras disciplinas.

Palavras-chave: Ensino de ciências, Lixo doméstico, Hidrografia, Região


Sudoeste do Paraná.

ÁREA TEMÁTICA
Resíduos Plásticos, Rios do Município de Dois Vizinhos.
Interdisciplinaridade, Ensino Fundamental, Ciências.

40
1 INTRODUÇÃO

O lixo doméstico é caracterizado como os resíduos provenientes das


residências e é diversificado, podendo conter resíduos orgânicos (restos de
alimentos, de podas), resíduos recicláveis (vidros, plásticos, metais, papéis),
rejeitos (copos descartáveis, fraldas, papeis higiênicos, etc.) e também resíduos
perigosos (pilhas, lâmpadas fluorescentes, tintas, medicamentos, eletrônicos)
(MMA, 2019).
Segundo a Abrelpe, no ano de 2017 a quantidade de lixo doméstico no Brasil
produzido diariamente foi de 214.868 toneladas/dia, e na região Sul no mesmo ano
a quantidade foi de 22.429 toneladas/dia, no município de Dois Vizinhos a
quantidade total de resíduos produzidos na área urbana é de 21.925 kg/dia (PMBS
DOIS VIZINHOS, 2015). O município possui um plano de saneamento básico
municipal. Dentre os 11.682 domicílios particulares permanentes no município,
11.643 domicílios possuem abastecimento de água, 9.997 domicílios possuem lixo
coletado (IBGE, 2010 apud IPARDES, 2019). O esgotamento sanitário adequado
atinge 45,8% dos domicílios urbanos (IBGE, 2010).
Os resíduos plásticos estão classificados como não perigosos, mas quando
descartados inadequadamente, em rios, encostas, lixões etc., os plásticos causam
diversos danos ambientais (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A maioria dos plásticos
não é biodegradável, portanto, boa parte dos plásticos produzidos e descartados
hoje irá persistir no ambiente por muitos anos (OLIVEIRA, 2012).
Este trabalho tem como objetivo produzir um documentário sobre poluição
aquática causada por resíduo plástico doméstico no município de Dois Vizinhos,
visando instrumentalizar professores de ciências. Trabalhar com documentários
em sala de aula permite ao professor relacionar assuntos ligados à sua disciplina
em particular com problemas enfrentados pela sociedade de maneira geral, uma
vez que muitos documentários exibidos pelas redes sociais consistem na
reprodução das imagens destes problemas da forma mais real possível. Assim,
o professor consegue, ao trabalhar documentários com seus alunos, o
desenvolvimento de uma visão crítica, capaz de identificar a linguagem utilizada
pela mídia para relatar ou denunciar problemas que estão no cotidiano do aluno e
que a sociedade enfrenta.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Produzir um documentário sobre poluição aquática causada por resíduo


plástico doméstico no município de Dois Vizinhos, visando instrumentalizar
professores de ciências.

41
2.2 Específicos

Elaborar um plano de aula para a montagem do documentário;


Produzir materiais de suporte e orientação na montagem do documentário
para professores e alunos;
Construir material cinematográfico para a produção do documentário;
Construir um documentário para sensibilização sobre a temática resíduo
plástico e poluição aquática.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Definições

Lixo é o termo geral utilizado para designar coisas que não possuem mais
valor ou utilidade e são produtos das atividades humanas (DICIONÁRIO
MICHAELIS, 2019). O lixo pode ser classificado quanto à sua origem (domiciliar,
industrial, comercial, hospitalar, agrícola, entre outras) ou em lixo seco e lixo úmido
e como resíduos e rejeitos, como a legislação brasileira da Política Nacional de
Resíduos Sólidos define:

[...] XV – rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as


possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra
possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada;
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final
se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos
estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes
e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível; [...] (Lei 12.305, BRASIL, 2010).

Conforme a NBR 10004, os resíduos sólidos são classificados: em resíduos


classe I – Perigosos, que podem ser inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos
e patogênicos; resíduos classe II – Não perigosos; resíduos classe II A – Não
inertes, que podem ser biodegradáveis, apresentar combustibilidade e solúveis
em água; resíduos classe II B – Inertes, que são aqueles que em contato com
água destilada ou deionizada à temperatura ambiente os resultados dos ensaios
não superam os limites de potabilidade da água. Nesta norma a classificação do
resíduo é realizada quanto à sua composição, origem de produção e impacto
conhecidos ao meio ambiente e a saúde (NBR 10004, ABNT).
O lixo doméstico é caracterizado como os resíduos provenientes das
residências e é diversificado, podendo conter resíduos orgânicos (restos de

42
alimentos, de podas), resíduos recicláveis (vidros, plásticos, metais, papéis),
rejeitos (copos descartáveis, fraldas, papeis higiênicos, etc.) e também resíduos
perigosos (pilhas, lâmpadas fluorescentes, tintas, medicamentos, eletrônicos)
(MMA, 2019).
Segundo a Abrelpe, no ano de 2017 a quantidade de lixo doméstico no Brasil
produzido diariamente foi de 214.868 toneladas/dia, e na região Sul no mesmo ano
a quantidade foi de 22.429 toneladas/dia, no município de Dois Vizinhos a
quantidade total de resíduos produzidos na área urbana é de 21.925 kg/dia (PMBS
DOIS VIZINHOS, 2015). O destino dos resíduos em 50,8% dos municípios
brasileiros são vazadouros a céu aberto (lixão), 22,5% dos municípios destinam
para aterros controlados e 27,7% dos municípios para aterros sanitários. Sendo no
sul do Brasil, 182 municípios que destinam seus resíduos para o lixão (IBGE, PNSB,
2008).

3.2 Legislação Ambiental

O Brasil conta com o Ministério do Meio Ambiente, 23 artigos da Constituição


Federal relacionados ao meio ambiente e legislações ligadas ao Meio Ambiente.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o órgão da administração pública
federal, criado em novembro de 1992, é responsável pelas políticas, estratégias
e instrumentos relacionados ao meio ambiente. O MMA tem quatro diretrizes para
a política ambiental do Brasil, o desenvolvimento sustável, o controle e
participação social, o fortalecimento do SISNAMA e a transversalidade. A
Constituição cita o meio ambiente em diversos artigos, porém, prevê em um
artigo exclusivo para o meio ambiente, o artigo 225, “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida[...]” (MMA, 2019).
O país conta com a integração de políticas públicas para garantir os direitos
sociais, com ações e procedimentos visando as quatro linhas da política ambiental
brasileira. Em 31 de agosto de 1981, foi instituída pela Lei nº 6.938, a Política
Nacional do Meio Ambiente “[...] com o intuito de preservar, melhorar e recuperar
a qualidade ambiental propícia à vida, assegurando condições ao
desenvolvimento socioeconômico, à segurança nacional e à proteção da dignidade
da vida humana. [...]”, ainda na Lei nº 6.938, o SISNAMA – Sistema Nacional do
Meio Ambiente e o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente foram
constituídos. Em 5 de janeiro de 2007, pela Lei nº 11.445, a Política de
Saneamento Básico foi instituída, descreve as diretrizes nacionais para o
saneamento básico e a política federal de saneamento básico. Pela Lei nº 9.433
de 08 de janeiro de 1997, foi instituída a Política Nacional de Recursos Hídricos,
criando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e visa o uso
sustentável dos recursos hídricos do país. A Política Nacional Urbana é
regulamentada pelas diretrizes do Estatuto das Cidades, na Lei nº 10.257 de
2001. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2 de agosto de 2010,

43
pela Lei nº 12.305, com diretrizes que visam o gerenciamento de resíduos
sólidos. Com a Lei nº 9.795 de 1999, institui-se a Política Nacional de
Educação Ambiental, e define a educação ambiental como “um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter
formal e não-formal, sendo um direito de todos” (MMA, 2019).

3.3 Município de Dois Vizinhos

O município de Dois Vizinhos está situado na região sudoeste do Estado


do Paraná, território brasileiro e possui uma área de 418,648 km². Emancipado pela
Lei nº 4254/60, de 25 de julho de 1960. Segundo o Censo IBGE 2010, a população
era no total de 36.179 pessoas, sendo 28.095 pessoas residentes urbanos e 8.084
de pessoas residentes rurais, com projeção de um total de 40.234 pessoas para o
ano de 2018. Em 2010 a densidade demográfica era de 86,42 hab./km² (IBGE,
2010); (IPARDES, 2017).
O município possui um plano de saneamento básico municipal. Dentre
os 11.682 domicílios particulares permanentes no município, 11.643 domicílios
possuem abastecimento de água, 9.997 domicílios possuem lixo coletado (IBGE,
2010 apud IPARDES, 2019). O esgotamento sanitário adequado atinge 45,8%
dos domicílios urbanos (IBGE, 2010). A coleta e destino dos resíduos sólidos do
município de Dois Vizinhos é realizado pela empresa Limpeza e Conservação PEMA
Ltda., através de licitações, que possui aterro sanitário (PMSB, 2015). No ano
de 2012 foram coletados em média 534 toneladas/mês de resíduos totais,
enquanto no ano de 2015 o valor passou para 609 toneladas/mês, as
estimativas de resíduos da construção civil são de 510 m³/mês e de resíduos
industriais 17 toneladas/mês.
A coleta é dividida em coleta orgânica e coleta seletiva, realizada
diariamente no centro da cidade e três vezes por semana nos bairros, seguindo
um roteiro com os dias da semana e os bairros em que a coleta é realizada, o
roteiro pode ficar sujeito a alterações conforme a demanda. Coleta de resíduos
recicláveis também é realizada pela cooperativa de catadores de resíduos
recicláveis. Antes de serem dispostos no aterro sanitário, os resíduos passam
por uma triagem, recicláveis são dispostos em baias de armazenamento
separadas e os rejeitos são compactados e aterrados. A coleta rural dos recicláveis
é realizada duas vezes por ano (2º sábado dos meses de junho e novembro) e
possui um roteiro com os distritos atendidos. Geradores de resíduos de serviços de
saúde, são responsáveis pelo próprio plano de gerenciamento de resíduos.
Resíduos da construção civil não são coletados pelo município sendo
responsabilidade dos geradores. Uma taxa de coleta de resíduos é cobrada da
população urbana, junto a fatura de água (PMSB DOIS VIZINHOS, 2015).

44
3.4 Hidrografia da Microrregião

Dentre os rios paranaenses, o Rio Iguaçu se destaca pela sua extensão (1320
km), atravessando o Estado desde a parte leste do município de Curitiba até
desaguar no Rio Paraná, sendo formado pela união de dois rios, Iraí e Atuba.
A Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu possui em média uma área de 70.800 km²
somando as áreas brasileiras e argentinas, sendo 54.820,4 km² dentro do Estado
do Paraná (em torno de 28 % da área total do estado). A Bacia é dividia em Alto
Iguaçu, Médio Iguaçu e Baixo Iguaçu (ÁGUAS PARANÁ, 2019). O município de
Dois Vizinhos está situado na bacia hidrográfica do Baixo Iguaçu e desta ocupa
419,0 km² (0,8% da bacia), esta área do município é dividida em seis em sub-
bacias hídricas, Rio Bandeira, Rio Canoas, Rio Pinheirinho, Rio Jaracatiazinho e
Vale do Chopim (PMSB DOIS VIZINHOS, 2015). O Rio Dois Vizinhos constitui
a sub-bacia mais importante para o município, com uma área de 181,24791 km²,
pois, é um divisor natural e é utilizado no abastecimento industrial do município. No
manancial do Rio Jirau Alto, afluente do Rio Dois Vizinhos é utilizado pela
Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR (PMSB DOIS VIZINHOS,
2015).

3.5 Poluição Aquática

A água é um recurso essencial e o cuidado com ela é fundamental para


sobrevivência dos organismos vivos (GOMES, 2011). Do total de água do planeta,
apenas 3% é água doce que pode ser utilizada para o consumo humano. Dessa
quantidade, 0,01% é de origem superficial (rios e lagos) e 0,29% águas
subterrâneas (BRASIL, 2007).
Todos os ecossistemas naturais têm a capacidade de decompor um limite
d a matéria orgânica gerada pelas atividades humanas. O problema começa a
existir quando a entrada de efluentes orgânicos passa a ser maior que a capacidade
que os ecossistemas aquáticos possuem para degradá-los, causando profundas
e negativas transformações nesses ambientes (OLIVEIRA; MOLICA, 2017).
Os recursos hídricos constituem-se um componente essencial e
indispensável a todos os ecossistemas. O desenvolvimento urbano e industrial tem
levado a uma diminuição da qualidade desses ambientes, uma vez que a utilização
exacerbada de produtos químicos, associado à falta de um manejo ecologicamente
correto, acarreta despejo dos resíduos humanos e industriais nesses ambientes
(BARROS, 2008).
As águas superficiais são em sua maioria poluídas por causa de esgotos
não tratados e lixos que são jogados em seus leitos, ficando a água em alguns
casos tão contaminada que não serve nem para ser tratada novamente (OLIVEIRA;
MOLICA, 2017). O esgoto doméstico é composto por águas utilizadas para higiene
pessoal, cocção e lavagem de alimentos e utensílios, além da água usada em
vasos sanitários (PEREIRA, 2004).

45
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE (2008),
apenas 55% dos municípios brasileiros possuem sistema de coleta de esgotos,
sendo o maior número de municípios localizados na região Sudeste (95%) e
o menor, na região Norte (13%). Já em relação ao tratamento dos esgotos
domésticos, a situação é ainda pior: apenas 27% dos municípios brasileiros tratam
seus esgotos, a maior parte destes municípios está situada na região Sudeste
do país (47%) e a menor, na região Norte (8%).
A poluição dos corpos d’água aumenta devido o lançamento de esgotos
e lixos na água elevando a quantidade de nutrientes provenientes de materiais
orgânicos. Este processo é chamado de eutrofização. Na eutrofização a água
fica turva e a quantidade de oxigênio dissolvido na água diminui bastante, o que
leva à morte de espécies animais e vegetais (OLIVEIRA: MOLICA, 2017).

3.6 Impactos causados pelos Plásticos e Soluções

A durabilidade é uma das razões que fazem os plásticos serem materiais


de uso cada vez mais difundido, consequência de sua estabilidade estrutural, que
lhes confere resistência aos diversos tipos de degradação. Alguns tipos de
plásticos, por exemplo, necessitam de séculos para se decompor. A durabilidade
dos plásticos representa um sério problema ecológico, pois são muito usados na
fabricação de embalagens descartáveis e que vão se acumulando na natureza ao
longo do tempo, provocando uma forte poluição visual. O plástico tornou-se um
símbolo da sociedade de consumo descartável e é atualmente o segundo
constituinte mais comum do lixo, após o papel. As diferentes comunidades em
nosso planeta, principalmente os habitantes de cidades, enfrentam atualmente um
grande desafio: solucionar o problema do lixo. Têm sido necessários aterros
sanitários cada vez maiores para acolher o volume de lixo produzido diariamente
(PIATTI; RODRIGUES, 2005).
Apesar dos resíduos plásticos estarem classificados como não perigosos,
quando descartados inadequadamente, em rios, encostas, lixões etc., os plásticos
causam diversos danos ambientais (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A maioria
dos plásticos não é biodegradável, portanto, boa parte dos plásticos produzidos e
descartados hoje irá persistir no ambiente por muitos anos (OLIVEIRA, 2012).
Grandes quantidades de resíduos plásticos, muitas vezes microscópicos
devido a sua degradação incompleta, têm se acumulado no meio ambiente,
causando danos ambientais e problemas relacionados à gestão desses resíduos.
Tais danos podem ser a liberação de tóxicos para o meio ambiente (plastificantes
e outros aditivos), a ingestão de plásticos por organismos, causando muitas vezes
a sua morte, ou a simples presença de resíduos, impactando visualmente o
ambiente (HOPEWELL, DVORAK, KOSIOR, 2009).
Diagnósticos realizados como a Avaliação Ecossistêmica do Milênio e o “The
Economics of Ecosystem and Biodiversity Study” (Sukhdev 2008) apresentam

46
dados que indicam uma futura devastação dos ecossistemas terrestres, em que,
põe em risco o bem-estar da humanidade e provocando perda da instabilidade da
saúde dos indivíduos, podendo afetar as futuras genealogias.
A distribuição dos resíduos sólidos urbanos aponta algumas questões
em relação à implantação apropriada dos mesmos, a área física é tomada pelos
rejeitos e pelo alastramento de doenças para uma porção da população que
habita aos redores e se mantém através do comércio desses resíduos (SANTOS;
AGNELLI; MANRICH, 2004).

Ainda no cenário de transformação, hoje perdura na sociedade a ideia


da obsolescência planejada, sendo os produtos projetados para terem
uma durabilidade e tempo de vida menor e, consequentemente, havendo
a necessidade de se comprar mais vezes o mesmo produto. Dessa forma,
os produtos são trocados por ficar obsoletos e não por se estragar,
repercutindo diretamente no aumento da produção de resíduos
(ANDREOLI et al., 2014).

A distribuição dos resíduos sólidos urbanos aponta algumas questões em


relação à implantação apropriada deles, a área física é tomada pelos rejeitos e pelo
alastramento de doenças para uma porção da população que habita aos redores
e se mantém através do comércio desses resíduos.
Geralmente, são empregados três recursos fundamentais para que seja
possível diminuir a produção de resíduos sólidos aterrados em solo, na qual são
eles, a redução na fonte, também há a reutilização e reciclagem de diversas
maneiras, envolvendo a reciclagem energética. Através destas iniciativas, é
possível que haja uma cooperação para que não se termine a continência dos
aterros sanitários, do mesmo modo, favorece a conservação dos recursos naturais
(energia elétrica, insumos primários, etc.), e por fim restringir o custo de energia,
informar de maneira educativa e esclarecer o assunto abordado essencialmente
a população ANDREOLI et al., 2014).
Em particular os plásticos, por meio da reciclagem ainda é possível reduzir
a figura negativa ocasionada através da contaminação visual causada pelos
grandes centros e sua taxa de desenvolvimento em grandes quantidades inseridos
em aterros sanitários (ANDREOLI et al., 2014).
Através da reciclagem é possível modificar objetos que já foram utilizados
em novas peças para a utilização. Esta questão fundamental foi ocasionada por
meio dos seres humanos, no instante em que analisaram as vantagens que este
método traria para o planeta e para os próprios indivíduos inseridos nele
(FONSECA, 2013).

3.7 Cidadania, Educação em Ciências e Educação Ambiental

A sequência de eventos proporcionada desde a revolução industrial no

47
século XVIII até os dias de hoje, impulsionou gradativamente o desenvolvimento
de produtos pela ciência e para isto o aumento gigantesco no consumo de
recursos naturais, em conjunto com o aumento populacional e mudanças no
comportamento das sociedades, em direção de um mundo globalizado, uma
sociedade com a cultura do consumo e das tecnologias.
Quando comparado com o tempo da história da humanidade na Terra, pode
–se dizer que as mudanças ocorridas desde o século XVIII até os dias de hoje
foram muito rápidas, as invenções humanas trouxeram conforto, mobilidade,
aumento da expectativa de vida, explicações para os fenômenos da natureza,
tecnologias aplicadas às diversas áreas de ação humana e em decorrência disso,
muitos problemas foram surgindo e permanecendo. A ciência teve papel
fundamental na transformação da ação humana no mundo, as tecnologias
inventadas e as explicações dos fenômenos naturais foram as bases da justificativa
econômica e política de exploração natural que permanecem até a atualidade. A
fragmentação do saber e do viver tornou-se mais acentuada, criando a ilusão de
que humanos e natureza podiam ser separados (PCNs,1997).
Em meio às tensões mundiais como as grandes guerras e desafios
cotidianos, percebeu-se que os recursos naturais estavam no rumo da escassez,
e que o sistema de produção e a qualidade de vida humanas estavam ligadas
diretamente com os recursos naturais, neste contexto as questões sobre o meio
ambiente ganharam cada vez mais ênfase, juntamente com questionamentos
ligados as questões de ideologia, valores humanos e modo de produção da
existência.
A compreensão de que a ação humana em uma parte do mundo afeta todos
os seres que o habitam, juntamente com a noção de que o delicado e necessário
equilíbrio para a manutenção da vida é essencial, acabaram por levar o tema meio
ambiente a ser relevante para a comunidade mundial. Como resultado da ênfase do
meio ambiente em assuntos econômicos e políticos, ações surgem, como a
sustentabilidade, as soluções tecnológicas desenvolvidas pela ciência, as
mudanças no uso dos recursos naturais (reciclagem, reutilização, redução), as
leis ambientais, movimentos sociais, e dentre estas uma importante ação surge
como principal eixo de mudança para construção de um mundo equilibrado, a
Educação Ambiental (PCNs,1997).
O Brasil possui políticas públicas que contemplam o Meio Ambiente e a
Educação. As políticas públicas são as ações desenvolvidas pelo governo, para
que os direitos previstos nas leis e na Constituição Federal de 1988 sejam
assegurados. Dentre essas ações, algumas podem ser citadas: o Programa
Nacional de Educação Ambiental, os Parâmetros Curriculares Nacionais, as
Diretrizes Curriculares Nacionais, A Política Nacional dos Resíduos Sólidos
(PCNs,1997); (MEC, 2019); (MMA, 2019).
A Educação Ambiental na Constituição do Brasil de 1988 é obrigação das
três esferas de poder, federal, estadual e municipal. Os Parâmetros Curriculares

48
Nacionais para as instituições educacionais, estabelecem o Meio Ambiente como
um tema transversal, ou seja, é um tema ser trabalho de forma interdisciplinar
e em todas as disciplinas do currículo. É através da permeabilidade deste tema
transversal e sua prática, que os estudantes estarão aptos a perceber e
compreender como as ações deles próprios afetam o ambiente e quais são
as consequências, passando a agir com responsabilidade (PCNs,1997); (MEC,
2019); (MMA, 2019).
Tendo em vista a importância da Educação Ambiental como formadora
de pessoas responsáveis, é imprescindível condições para que a educação como
um todo seja assegurada para toda a população, pois, não é possível mudar
problemas, pensamentos, especialmente os ambientais, sem a mudança de
consciência e sem condições para que as necessidades educacionais sejam
atendidas, como por exemplo, escolas bem estruturadas, funcionários bem
qualificados e remunerados, condições sociais de segurança e bem estar para os
alunos, etc. Importante também é que a escola tenha condições de assegurar
que seus alunos possam atuar e colocar seus conhecimentos em prática, que
o trabalho de educação ambiental realizado na escola também possa atingir e ser
articulado com os meios não formais de educação como os meios de comunicação,
a família, espaços de convívio social, entre outros (PCNs,1997).
Nessa perspectiva de mudanças, temas que compõem o currículo devem
ser trabalhados de forma interdisciplinar, para isto metodologias, modalidades e
recursos são essenciais. Um exemplo são os livros didáticos, recurso presente
na sala de aula que abordam o tema “lixo” em livros de diversas disciplinas,
como ciências, geografia, biologia e química, nos ensinos fundamental e médio,
trazendo ilustrações, questionamentos, textos, sugestões de aulas práticas,
sugestões de vídeos e páginas na internet. O tema pode ser tratado dentro
de um conteúdo específico ou tratado de forma isolada, por exemplo, no livro de
química, no fim do capítulo sobre soluções, o livro traz um texto informando
sobre a poluição das águas, dados gerais sobre a água na Terra, agentes
poluidores mais comuns da água, também traz uma ilustração do ciclo da água,
duas fotos exemplo de poluição aquática, uma charge e uma ilustração do
sistema de tratamento de água, este último enfatizando a reação do sulfato de
alumínio que acontece na câmara de floculação (FELTRE, 1997).

4 JUSTIFICATIVA

O tema meio ambiente pode ser trabalhado para desenvolver as


competências básicas e especificas previstas na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) e nas Diretrizes Curriculares da Educação (DCEs), em especifico as DCEs
do Estado do Paraná. O tema lixo doméstico e águas fluviais municipais é uma
forma de contemplar o tema meio ambiente, a proximidade do tema com a realidade

49
do aluno, pode despertar neste uma visão crítica e reflexiva sobre as suas ações
perante o meio ambiente. Assim faz-se necessário o desenvolvimento de materiais
didáticos, metodologias, para abordar o assunto meio ambiente de forma
interdisciplinar, crítica, que atenda a diversidade dos alunos, como propõe este
projeto.
Os elementos necessários para a mudança do comportamento do indivíduo
são a sensibilidade, a emoção, os sentimentos e as energias. O uso do
documentário como recurso educacional satisfaz esses elementos, pois interfere
na comunicação sensorial, emocional e racional, despertando a curiosidade, entre
outras reações.
Trabalhar com documentários em sala de aula permite ao professor
relacionar assuntos ligados à sua disciplina em particular com problemas
enfrentados pela sociedade de maneira geral, uma vez que muitos documentários
exibidos pela televisão consistem na reprodução das imagens destes problemas
da forma mais real possível. Assim, o professor consegue, ao trabalhar
documentários com seus alunos, alcançar um objetivo importante, o qual consiste
no desenvolvimento de uma visão crítica, capaz de identificar a linguagem
utilizada pela mídia para relatar ou denunciar problemas que a sociedade enfrenta.

5 METODOLOGIA

O professor deverá investigar, fotografar e gravar algumas situações de


poluição por plásticos nos rios que percorrem a cidade, como por exemplo, o lago
dourado, algumas frações expostas do Rio Jirau Alto que percorrem a cidade,
lixo próximo aos bueiros, bem como trazer possíveis reportagens e estudos locais,
entre outros. Este material coletado será apresentado através de uma aula
expositiva, com o objetivo de gerar a reflexão crítica a respeito de uma situação
de poluição aquática na cidade. Em seguida o professor solicita aos alunos que
anotem suas ideias após visualizarem os vídeos e as fotos.
O professor propõe uma pergunta que servirá de propulsão para construção
do documentário: Após tanto tempo de denúncias, ainda continua-se encontrando
poluição por plásticos nos rios da cidade, o que pode ser feito? Como eixo central
do documentário, as respostas para esta pergunta devem surgir dos alunos.
Orientados pelo professor e utilizando os materiais disponibilizados em sala
pelo professor, bem como outros disponíveis na escola e em casa, os alunos
deverão:
Levantar dados sobre o município, para isto serão disponibilizados mapas
e documentos, para isto utilizar os roteiros de estudo (cf. Apêndice A).
Pesquisar a destinação correta dos resíduos, como separar corretamente
resíduos em casa, para isto utilizar os roteiros de estudo (cf. Apêndice B);
Fazer uma pequena pesquisa doméstica com os pais sobre a coleta seletiva

50
e quantidade de lixo plástico gerado na residência (cf. Apêndice C), de modo
a construir conjuntamente um gráfico;
Levantar dados sobre quais os efeitos negativos dos resíduos plásticos
serem descartados em rios e ruas, para isto utilizar os roteiros de estudo (cf.
Apêndice D);
Levantar dados sobre os benefícios da água para a vida, para isto utilizar
os roteiros de estudo (cf. Apêndice E);

Através do uso das tecnologias, os alunos poderão gravar as narrações


do documentário, bem como editar as fotos e vídeos apresentados pelo professor e
dos materiais (vídeos e imagens) disponível no projeto (cf. Anexo A, Anexo B,
Anexo C, Anexo D, Anexo E, Apêndice F, Apêndice G).
Com estes dados, as linhas de narração devem ser construídas, seguindo
o roteiro do documentário:

Roteiro do Documentário

Introdução: Apresentação do problema e da pergunta eixo, através dos vídeos


e imagens em conjunto com a narração da pergunta e ambientação do
espectador quanto ao local e informações das imagens apresentadas.

Bloco 1: Pergunta: “Porque é importante falarmos sobre a poluição das águas


em nossa cidade?” Apresentação e narração dos problemas causados pela
poluição.

Bloco 2: Pergunta: “Por que a água é importante para a vida?” Apresentação


e narração dos benefícios da água para as pessoas e para a vida.

Bloco 3: Pergunta: “Então como podemos colaborar para diminuir a poluição?”


Apresentação e narração das ações de destinação correta dos resíduos.

Encerramento: Apresentação das reflexões sobre atitudes humanas em relação


ao resíduo, feita pelos alunos no início dos trabalhos.

Sugestões de programas para edição de imagens, vídeos e sons, facilmente


encontrados em computadores com sistema Microsoft Windows®:

Imagens: Windows photos; Google photos; Paint; Power Point.

Vídeos: Google photos, Power Point, Windows Movie Maker.


Sons: Gravadores de celular, Power Point, Windows Movie Maker e outros

51
aplicativos disponíveis em lojas de aplicativos on-line.

6 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que as pessoas que assistam o documentário se sensibilizem


a respeito das condições do ambiente em que vivem, conheçam a situação dos
corpos hídricos da cidade, compreendam como a ação diária impensada pode
provocar situações desfavoráveis para todos, conheçam as ações básicas de
destino correto dos resíduos e os benefícios da água para a vida. Um documentário
de no mínimo dez minutos que retrate a realidade dos rios da cidade de Dois
Vizinhos, com ênfase nos resíduos plásticos.
Almeja-se que os alunos, ao executarem as atividades para a montagem
do documentário, possam através de uma metodologia ativa, exercitar o poder de
pesquisa, leitura e produção de textos narrativos, exercitar o trabalho em grupo,
fazer uso das tecnologias de informação, utilizem os conhecimentos adquiridos ou
a serem trabalhados nas disciplinas de matemática (coleta de dados para
montagem do gráfico) e geografia (dados demográficos e hidrográficos do
município).
Sendo assim pretende-se que os alunos ao pesquisarem e participarem
da produção de um documentário se sintam mais ativos e presentes no próprio
processo de aprendizado, que através de atividades complexas como esta,
compreendam que o que é aprendido na escola permeia toda a vida extraescolar,
sendo o conhecimento adquirido importante e decisivo nas ações do cotidiano.

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<file:///C:/Users/julia/OneDrive/Documentos/BIOLOGIA/5º%20PERÍODO/PROJETO
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55
SEED PARANÁ. Diretrizes curriculares da educação básica do Estado do
Paraná. Curitiba, 2008. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteud
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SEMA Paraná. Bacias Hidrográficas do Paraná: série histórica. Revista Bacias


Hidrográficas do Paraná, Curitiba, 2010. Disponível em:
<http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/corh/Revista_Bacias_Hidrografica
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SPINACÉ, M. A. S; DE PAOLI, M. A. A tecnologia da reciclagem de polímeros.


Química Nova, v. 28, n. 1, 2005. pp. 65-72.

56
APÊNDICES

APÊNDICE A – Atividades sobre Dados do Município.

Fonte: Autoria própria.

57
APÊNDICE B – Atividades sobre destinação correta dos resíduos.

Fonte: autoria própria.

58
APÊNDICE C – Atividade sobre pesquisa doméstica de produção de lixo.

Fonte: Autoria própria.

59
APÊNDICE D – Atividades sobre os efeitos negativos de descarte de plásticos nos
rios.

Fonte: Autoria própria.

60
APÊNDICE E– Atividade sobre os benefícios da água.

Fonte: Autoria própria.

61
APÊNDICE F – Fotos do Parque Municipal Jirau Alto e fragmento Rio Jirau Alto
ao lado da feira do produtor.

Fonte: Autoria própria.

62
APÊNDICE G - Fotos do Parque Municipal Jirau Alto e fragmento Rio Jirau
Alto ao lado da feira do produtor.

Fonte: Autoria própria.

63
ANEXOS

ANEXO A - Mapa das Mesorregiões Geográficas do Estado do Paraná.

Fonte: IPARDES.

64
ANEXO B - Mapa das Microrregiões Geográficas do Estado do Paraná.

Fonte: IPARDES

65
ANEXO C - Detalhe do mapa Microrregiões Geográficas do Estado do Paraná.

Fonte: IPARDES.

66
ANEXO D – Mapa das Bacias Hidrográficas do Paraná

. Fonte: Águas Paraná.

67
ANEXO E – Mapa dos Rios da Região de Dois Vizinhos.

Fonte: Adaptado do site Guia mais.


4.
Mostra de conhecimento como metodologia
ativa sobre resíduos eletrônicos:
Contribuições para o processo de ensino e
aprendizagem na disciplina de ciências

Camila Miranda Moreira


Marina Oldoni
Vitor Augusto Pizzolatto
Diesse Aparecida de Oliveira Sereia
Fernando Carlos de Sousa
Leandro Turmena
Reinaldo Morita

69
RESUMO

O objetivo deste trabalho é desenvolver a temática sobre resíduos eletrônicos e seus


impactos para a saúde humana e meio ambiente relacionando estes com o
desenvolvimento da indústria, da tecnologia e o consumismo moderno. A abordagem
será na forma de palestra interdisciplinar, nas disciplinas de Ciências, História e
Geografia com estudantes de nono ano dos Colégios Estaduais Leonardo da Vinci e
Dois Vizinhos, do município de Dois Vizinhos, Paraná, Brasil, seguida de atividades
que proporcionem maior envolvimento dos alunos no processo de ensino
aprendizagem através de metodologias ativas de ensino. Com isso busca-se maior
envolvimento da comunidade escolar no processo de ensino aprendizagem, com
enfoque em uma temática de grande impacto social e ambiental que na
contemporaneidade está sendo negligenciada dentro do ambiente da sala de aula e
fora dos muros da escola. Desta forma este projeto visa o ensino, a pesquisa e
extensão.

Palavras-chave: Ciências, Meio ambiente, Metodologias ativas, Saúde

ÁREA TEMÁTICA
Tema: “Lixo”

Subtema: Lixo Eletrônico

Áreas/interdisciplinaridade
• Ciências – Química, meio ambiente e saúde
• História/ Geografia – Revolução Industrial e consumismo

70
1 INTRODUÇÃO

Com o avanço do capitalismo e a crescente produção de bens de consumo,


observa-se na mesma escala uma grande produção de lixo. Desta forma, a temática
“Lixo” é um conteúdo transversal que deve ser abordado nas escolas, com intuito de
sensibilizar sobre as dimensões da problemática e os seus principais impactos sociais
e ambientais.
Dentre os resíduos de maior preocupação estão aqueles provenientes do
descarte de aparelhos eletrônicos, em vista do elevado número de componentes
químicos tóxicos presentes nestes. Na perspectiva de Santos e Souza (2010, s/p)
“Lixo eletrônico, “e-lixo”, rejeitos e/ou resíduos eletrônicos, entre outros; são termos
comumente utilizados para equipamentos eletrônicos quando estes tornam-se
obsoletos, e são consequentemente, descartados”.
O descarte inadequado destes resíduos é um dos motivos de contaminação do
solo, corpos d’água e até mesmo da atmosfera podendo acarretar o desequilíbrio
ambiental, cujos efeitos afetam diretamente a saúde pública. Disto decorre a
importância do desenvolvimento da temática dentro da escola, visando informar os
estudantes sobre o assunto e sensibilizá-los quanto ao seu papel como cidadãos
perante a problemática.
O avanço das formas de comunicação e fluxo de informações permitiram uma
ampliação dos conhecimentos. A escola muitas vezes não consegue acompanhar
toda essa novidade e incorporá-la na forma de ensino. Adicionalmente, uma série de
outros fatores, como o despreparo pedagógico, a falta de recursos didáticos e de
infraestrutura escolar, indisciplina, desvalorização do professor quanto profissional,
entre outros, influenciam na qualidade do ensino, desestimulando professores e
alunos no processo de ensino aprendizagem.
Em vista disso, De Sousa (2018, p. 61) afirma que “as metodologias ativas
vieram para inovar a forma do ensino aprendizagem”. O autor expande enfatizando
que “Esse modelo faz com que o aluno se torne formador do processo educativo, ou
seja, o torna mais ativo e o permite desenvolver seu próprio raciocínio” (p. 62).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é sensibilizar os estudantes sobre o
consumismo na sociedade moderna e as complicações do destino inapropriado do
lixo eletrônico, por meio de metodologias ativas e mostra de ensino interdisciplinar das
disciplinas de História, Ciências e Geografia.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Problematizar sobre o consumismo na sociedade moderna relacionando-o


com os impactos ambientais e sanitários causados pelo lixo eletrônico, através de uma
mostra de conhecimentos interdisciplinar com alunos do ensino fundamental.

71
2.2 Específicos

Revisar o contexto histórico da Terceira Revolução Industrial enfatizando sobre


consumismo moderno;
Trabalhar os impactos ambientais do lixo eletrônico no ecossistema;
Apresentar as consequências dos componentes químicos do lixo eletrônico
para a saúde;
Organizar com os alunos de nono ano uma mostra de conhecimentos aberta a
comunidade escolar.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Terceira revolução industrial e o consumismo moderno

A Terceira Revolução Industrial teve início em meados do século XX, nesse


período, os avanços da tecnologia e da ciência tomaram novos rumos. Neste sentido,
podemos citar a desenvolvimento da robótica, da engenharia genética e da
biotecnologia; o uso da energia nuclear; e o desenvolvimento na produção de
equipamentos eletrônicos.
Esses avanços acarretaram mudanças não apenas na área industrial, mas
também em setores como a agricultura, pecuária e comercial. Além disso, a Terceira
Revolução Industrial alavancou o processo de globalização, consolidando o
capitalismo financeiro e expandindo empresas multinacionais. Como consequência do
aumento da produção e da expansão do comércio internacional, o consumismo
alimentado pelo capitalismo também cresceu (BEZERRA, 2018).
Segundo Arendt (1981, apud PINTO e BATINGA, 2016, p. 137) com o nível de
produção alcançado na Revolução Industrial, os objetos de uso “tiveram que ser
tratados como se fossem bens de consumo, uma cadeira ou uma mesa seriam
consumidas tão rapidamente quanto um vestido, e um vestido quase tão rapidamente
quanto o alimento”. As melhorias ocorridas neste setor aumentaram a disponibilidade
de produtos ofertados, que se tornaram cada vez mais acessíveis a população
(LIPOVETSKY, 2007).
Ainda de acordo com Queiroz (2015):

A população mundial cresceu muito desde sua existência. No século XVIII


(durante a Primeira Revolução Industrial) éramos cerca de 750 milhões de
habitantes. Hoje, somos 7,6 bilhões de seres humanos na Terra. E segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial deve chegar a
8,6 bilhões de habitantes até 2030. Isso naturalmente proporciona um aumento
no consumo dos recursos do planeta. No entanto, esse consumo é
extremamente desigual. Enquanto uns consomem muito mais do que suas
necessidades básicas, outros sofrem com a falta de recursos.

72
As consequências desse consumismo exacerbado implicam na exploração
excessiva de recursos naturais, interferindo no equilíbrio estabelecido do planeta. A
população mundial está consumindo 30% a mais de recursos do que a capacidade de
regeneração do planeta. Outro problema além da exploração de recursos naturais, é
o lixo gerado da produção e de itens consumidos diariamente pela população mundial.
Materiais como papel, plástico, vidro, metais e eletrônicos são descartados em massa
todos os dias. Essa enorme quantidade de lixo provoca grandes impactos ambientais,
uma vez que, dificilmente são enviados para o descarte corretamente (QUEIROZ,
2015).
Na ótica de Santos e Souza (2010, p 7) “Devido à crescente aceleração do
setor, a indústria de eletrônicos apresenta uma elevada taxa de inovação, o que gera
a necessidade de substituição dos equipamentos em um período cada vez mais
curto”.

3.2 Os impactos ambientais gerados pelo lixo eletrônico

A popularização dos equipamentos eletrônicos, como computadores e


smartphones, nas últimas décadas levou ao aumento exponencial na geração de
resíduos eletrônicos. Uma das principais preocupações está relacionada ao descarte
incorreto e os impactos causados no meio ambiente em função da presença de
produtos químicos tóxicos e de metais pesados no interior destes produtos (SANTOS;
et al., 2011).
Ao serem jogadas no lixo comum, as substâncias químicas presentes nos
componentes eletrônicos, como mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio,
penetram no solo e nos lençóis freáticos contaminando plantas e animais por meio da
água, podendo provocar a contaminação da população através da ingestão desses
produtos (MATTOS; et al., 2008).
Essas substâncias entram na cadeia alimentar pela base e seguem por todos
os seus componentes, atingindo diversificadas espécies de animais. Desta maneira,
os consumidores finais são os que acabam ingerindo a maior quantidade de
substâncias nocivas e os que mais sofrem com as consequências (SILVA; et al.,
2015).
De acordo com Roa (2009, apud SANTA e MENDES, 2013), aproximadamente
cada bateria ou pilha depositada de forma errada no meio ambiente contamina uma
área de cerca de um metro quadrado. Portanto, o dano ambiental pode ser ainda maior
dependendo da quantidade de pilhas e baterias jogadas nos lixões.
Segundo Rosa (2007, apud SANTA e MENDES, 2013), a indústria da
informática é uma das quais mais colaboram com a degradação do meio ambiente. A
cada ano surgem novas tecnologias que diminuem a vida útil de certos equipamentos
que por consequência acabam acumulando e aumentando o número de lixo eletrônico
encontrado nos lixões. Na fabricação de um computador são utilizados, em média,

73
1800 kg de material que são, por exemplo, 240 quilos de combustíveis fósseis, 22
quilos de produtos químicos e 1.500 litros de água.

3.3 A interferência dos metais pesados na saúde humana

Além dos impactos ambientais provocados pelos resíduos provenientes do lixo


eletrônico o descarte inadequado destes resíduos oriundos de computadores,
televisores, celulares, pilhas, baterias entre outros, são uma grande preocupação para
a saúde humana (TANAUE; et. al., 2015). De acordo com Valente e Silva (2018), o
lixo eletrônico é fonte de mais de mil substâncias diferentes dentre as quais muitas
são caracterizadas como tóxicas e potenciais causadoras de patologias aos seres
humanos que se expõe direta ou indiretamente a estes elementos, principalmente
chumbo, mercúrio, arsênio, cádmio e zinco.
Nesta perspectiva, Moreira e Moreira (2004 A), corroboram que “os metais
pesados podem danificar toda e qualquer atividade biológica”. Visando um melhor
aprofundamento, a seguir, serão apresentadas as principais implicações causadas por
alguns destes metais pesados.
3.3.1 Chumbo

Devido à expansão crescente da atividade industrial, o chumbo (Pb) é


considerado atualmente como um dos principais metais pesados contaminantes. Por
não representar nenhuma necessidade fisiológica conhecida ao organismo humano e
por desencadear diversos sintomas toxicológicos o chumbo e seus efeitos sobre a
saúde humana já são estudados a certo tempo (MOREIRA e MOREIRA, 2004 B).
Para que ocorra a intoxicação por chumbo, o que é raro e perigoso o indivíduo
precisa ter contato com o metal e absorver o mesmo através da inalação ou ingestão.
O grau de intoxicação é determinado pelo tempo e a concentração ao qual este
indivíduo foi exposto. Quando absorvido o chumbo espalha-se pela corrente
sanguínea da qual normalmente é removido através da urina e fezes em um período
de aproximadamente dois meses. Dependendo do grau de intoxicação este metal
pode acumular-se no organismo principalmente nos ossos e dentes, ou em quadros
mais graves de contaminação pode levar a óbito dentro de um ou dois dias (SCHIFER;
JUNIOR e MONTANO, 2005).
Em um quadro de intoxicação por chumbo o sistema nervoso e seus
respectivos órgãos são considerados os mais sensíveis e vulneráveis a este metal
alterando seu funcionamento. A encefalopatia por envenenamento com chumbo pode
levar a danos irreversíveis incluindo a paralisia do sistema nervoso periférico. Em
crianças, a intoxicação por chumbo é responsável por alterações comportamentais e
psicológicas (MOREIRA e MOREIRA, 2004 A). Dados alarmantes divulgados pela
Organização Mundial da Saúde mostram que intoxicações com chumbo são
responsáveis por aproximadamente 600 mil casos de crianças com deficiências
intelectuais (ONUBR, 2013). Capitani (2009) contribui afirmando que a exposição de

74
crianças ao elemento químico afeta seu desenvolvimento cognitivo, acentuando
dificuldades de aprendizagem e o déficit de inteligência.
Além de danos ao sistema nervoso, intoxicações com chumbo são capazes de
inibir a produção de hemoglobina pois interfere nas enzimas formadoras da mesma,
levando a quadros de anemia por deficiência de ferro, assim como diminui a
concentração de anticorpos desestabilizando o sistema imunológico, bem como
influencia na atividade hepática prejudicando a excreção de substâncias tóxicas pelo
fígado devido à baixa síntese de citocromo, proteína responsável por exercer esta
função no órgão. Fraqueza, irritabilidade, impotência sexual e por consequência
redução na fertilidade e libido são outros sintomas adversos observados em
envenenamento com chumbo (CORREIA, et. al., 2016).
Outros estudos também mostram que a exposição de crianças ao metal pode
interferir em seu crescimento, “estudos com crianças de sete anos nos Estados Unidos
forneceu evidências de uma associação entre níveis crescentes de chumbo no sangue
e redução no peso, altura e circunferência de tórax” (MOREIRA e MOREIRA, 2004 A).
O chumbo também tem ação toxicológica sobre os rins, os efeitos muitas vezes
irreversíveis ou que levam a falência renal, incluem lesões tubulares e nefropatia
(CAPITANI, 2019). Segundo Schifer; Junior e Montano (2005), a nefropatia induz a
disfunção renal progressiva comumente acompanhada ou seguida de hipertensão.

O excesso de chumbo nos rins por um longo período pode gerar


problemas irreversíveis. A intoxicação por chumbo faz com que o rim
perca sua função, caracterizando a nefropatia e ainda pode causar
hipertensão. Além de ser uma possível causa do câncer renal”
(CORREIA, et. al., 2016, p. 312).

3.3.2 Mercúrio

O mercúrio (Hg) é um metal encontrado na natureza associado a outros


elementos formando compostos. Quando puro e em temperatura ambiente apresenta-
se em fase líquida, com considerável volatilidade e seus gases são tóxicos aos seres
humanos (OIKAWA, et. al., 2007). De acordo com Lima (2018), o mercúrio pode ser
encontrado no solo e água, principalmente em regiões onde ocorreu e/ou ocorre
intensa exploração de ouro. Computadores, monitores, televisões de tela plana e
lâmpadas fluorescentes, quando indevidamente descartados são potenciais fontes de
contaminação ambiental e humana por Hg (FERREIRA e FERREIRA, 2008).
Devido sua volatilidade, em humanos a absorção do mercúrio dá-se,
sobretudo, via inalação. Dos pulmões o metal é distribuído para as demais regiões do
corpo através da circulação sanguínea, a eliminação ocorre principalmente por meio
dos rins na composição da urina. A exposição constante ao mercúrio tem por
consequência a acumulação progressiva deste em diversos órgãos como rins, fígado,
medula óssea, coração, músculos, pele, intestinos, placenta, assim como no sistema
nervoso e respiratório comprometendo sua funcionalidade (ZAVARIZ e GLINA, 1993).

75
De acordo com Vassalo, et. al. (1996) o mercúrio afeta os organismos pela
sua capacidade de atuar sobre a atividade enzimática. Ao nível citológico,

[…] o mercúrio é um potente desnaturador de proteínas e inibidor de


aminoácidos, interferindo nas funções metabólicas celulares. Ele
causa também sérios danos à membrana celular ao interferir em suas
funções e no transporte através da membrana, especialmente nos
neurotransmissores cerebrais (FIGUEIREDO, et.al. 2016, p. 44).

Mudanças comportamentais, tremores, dificuldades auditivas e visuais,


redução da sensibilidade e atenção, irritabilidade, insônia e ansiedade são alguns
sintomas neuropsicológicos observados em diferentes casos de intoxicação por
mercúrio. Em relação as células, o mercúrio é capaz de induzir a modificações nas
células do tecido nervoso, além de inativar a proteína transportadora Na + K+ - ATPase
deste (VASSALO, et. al., 1996). O autor destaca ainda que no sistema urinário são
observadas lesões na região glomerular desencadeada por uma reação autoimune
estimulada pelo mercúrio. Além dos prejuízos aos túbulos renais devido a influência
do mercúrio sobre as enzimas lisossomiais levando a insuficiência renal.
Oikawa, et. al. (2007) atenta para o perigo de intoxicação com mercúrio de
mulheres durante período gestacional, apontando para a possibilidade da
permeabilidade do mercúrio via barreira placentária contaminando o feto, ampliando
a probabilidade de má formação congênita quando ele não é abortado.
3.3.3 Arsênio

Silva; Barrio e Moreira (2014) e Fão (2018) apontam que o arsênio (As) está
entre os elementos considerados carcinogênicos segundo a Agência Internacional
para Pesquisa do Câncer (IARC). Quimicamente o arsênio é um semimetal com
coloração cinza, se desprende de rochas por meio de processos naturais como
intemperismo e erosão, bem como, pode chegar ao ambiente através de rejeitos
resultantes da atividade industrial (FÃO, 2018).
Segundo Muniz e Oliveira-Filho (2006) a concentração, tempo e forma de
absorção são fatores que determinam o grau de intoxicação com arsênio e os
prejuízos à saúde. Os autores afirmam ainda que “os efeitos adversos sobre a saúde
são variados, desde lesões na pele até quadros clínicos graves dos sistemas
gastrointestinal, circulatório periférico e nervoso”.
O arsênio apresenta características semelhantes às do fósforo, por isso é
facilmente incorporado ao organismo. Quando compostos arsênicos são ingeridos
pelo ser humano grande parte destes são convertidos a trióxido de arsênio, uma
variação do arsênio com capacidade de acumulação nas mitocôndrias e interferência
no processo de respiração celular, bloqueando-a através de reações que inibem a
atividade enzimática. Além de comprometer a respiração celular o arsênio liga-se a
átomos de enxofre tornando-se um potencial inativador de enzimas com grupo
sulfidrilas em sua composição, atuando sobre cerca de 200 enzimas desencadeando

76
problemas metabólicos bem como na síntese e reparo do DNA (ANDRADE e ROCHA,
2016).
Neste sentido Fão (2018) corrobora, destacando que:

[…] A exposição crônica pode resultar ainda em doenças como conjuntivite,


hiperqueratose, hiperpigmentação e gangrena nos membros(p. 20)[…] A
ingestão aguda, geralmente está associada a incidentes criminais levando,
geralmente, à morte causando sintomas como náuseas, vômitos, calor na
garganta, sede excessiva e dores abdominais, que se produzem após 30
minutos da ingestão do elemento (p. 25).

3.3.4 Cádmio

O cádmio, Cd é um metal empregado na produção de diversos artigos de


utilidade humana como baterias, componentes eletrônicos de computadores, entre
outros, devido as suas propriedades físicas principalmente por sua dureza, resistência
à tração e condutividade térmica e elétrica. A temperatura ambiente o cádmio
apresenta coloração branco-prateado, na natureza pode normalmente associar-se a
outros metais como zinco, cobre e chumbo (TEIXEIRA, 2018).
Assim como o chumbo, mercúrio, arsênio e outros o cádmio é caracterizado
como um metal pesado e considerado um potencial contaminante do meio ambiente
bem como prejudicial para saúde humana. A toxidade deste também depende da dose
e tempo de exposição ao metal. O principal meio de entrada do cádmio é via inalação
(TEIXEIRA, 2018).
Teixeira (2018) corrobora enfatizando que além da via respiratória o cádmio
também pode adentrar no organismo humano através do trato gastrointestinal. Com
absorção tanto nos alvéolos pulmonares quanto no epitélio do intestino o cádmio
distribui-se pelo restante do corpo através do fluxo sanguíneo. Segundo Abreu e
Suzuki (2002) “Cerca de 70% do cádmio absorvido é encontrado nos eritrócitos, ligado
a hemoglobina”. Os autores afirmam ainda que os efeitos do cádmio sobre o
organismo se dão principalmente sobre os pulmões, rins ossos, fígado e coração.
De acordo com Teixeira (2018) o sistema urinário é o mais comprometido,
principalmente os rins, em casos de intoxicação com cádmio, iniciando com a
presença de proteínas na urina (proteinúria) seguida de glicosúria, presença de
glicose no fluído urinário.

3.4 O uso de metodologias diferenciadas na transposição didática e a


abordagem desta temática no ensino fundamental

Segundo o livro didático “Ciências: Novo Pensar” (GOWDAK; MARTINS, 2015)


a temática deste projeto enquadra-se nos conteúdos do nono ano do ensino
fundamental, onde são trabalhados, além de outros assuntos, questões referentes a
poluentes na atmosfera, água, e solo, bem como seus efeitos biológicos sobre o
ambiente e o homem.

77
A ideia é corroborada por Passos e Sillos (2015), no livro didático “Tempo de
Ciências”, no qual também são apresentados conteúdos relacionados a
sustentabilidade, uso de recursos naturais, poluição e os impactos sobre a
biodiversidade.
Hoje a atividade docente na rede pública de ensino se depara com situações
críticas, que desafiam diariamente o professor e refletem na qualidade do processo
de aprendizagem. Entre as causas estão o despreparo pedagógico, a baixa
remuneração, a infraestrutura precária, a carência de materiais didáticos, a perda da
autonomia e autoridade do professor como profissional em sala, salas
excessivamente “cheias”, entre outros aspectos que dificultam o desenvolvimento da
prática pedagógica e a transposição científica da proposta curricular o que tem gerado
a desvalorização profissional perante a sociedade (BARETTA et al., 2016, p.19).
Desta forma, exige-se do profissional docente criatividade na elaboração de
atividades diferenciadas que incrementem a ação pedagógica e permitam maior
aprendizagem aos alunos, visto que na atualidade a simples transmissão dos
conteúdos não é mais suficiente. A inovação no ensino aprendizagem desperta o
interesse e amplia horizontes (OLIVEIRA, ARAUJO e VEIT, 2016). Eis o desafio, como
proporcionar aos estudantes um ensino prazeroso, interativo, instigante e que ao
mesmo tempo seja eficaz na aprendizagem dos mesmos e capaz de driblar todas as
adversidades citadas anteriormente? Nesse sentido Baretta et al. (2016) reconhece
que para uma aprendizagem significativa é fundamental que o professor utilize de
metodologias estratégicas e alternativas que facilitem a transposição dos conteúdos
e a compreensão dos mesmos pelos estudantes, de acordo com o autor:

O desenvolvimento de um país reflete a qualidade da educação oferecida e


a capacidade de elaborar e desenvolver pesquisas científicas. No entanto,
para que esta capacidade seja plenamente desenvolvida é necessário que
estejam disponíveis profissionais com elevada qualificação, em especial, os
professores, que são os responsáveis pela formação dos profissionais que
atuam nas diversas áreas do saber. Assim, a formação dos profissionais que
exercerão variadas profissões esbarra na deficiência da formação e
qualificação dos próprios professores

Nesse sentido, o docente necessita aprimorar a todo tempo as suas


metodologias de ensino para atender às necessidades que surgirem no decorrer no
processo de ensino aprendizagem (BRIGHENTI, BIAVATTI e SOUZA; 2015, p.284).

4 JUSTIFICATIVA

Este é um projeto interdisciplinar desenvolvido para o ensino de ciências,


visando aprofundar uma temática transversal que se apresenta como uma
problemática contemporânea necessária para o processo de ensino e aprendizagem.
O projeto de ensino em questão destina-se a estudantes do nono ano da
educação básica, visto que é nesta etapa do ensino fundamental que são abordados

78
de maneira geral conteúdos relacionados a química dos materiais, o que propícia a
relação transversal entre a disciplina e a temática deste projeto, principalmente no que
refere-se a questão dos impactos ambientais e sanitários desencadeados pelos
metais pesados presentes no lixo eletrônico.
A organização escolar (currículo, disciplinas) esbarra na dificuldade de
integração entre as disciplinas, bem como a disponibilidade dos professores, devido
a quantidade de conteúdo a ser trabalhado num espaço curto de tempo
(currículo/aulas). Desta forma, o tema é muitas vezes negligenciado pela comunidade
escolar.
Na temática abordada neste projeto, insere-se o lucrativo mercado de produção
de artigos eletrônicos e a exorbitante “cascata” de publicidade enfatizando seu
consumo.
Neste sentido, o projeto proposto para a disciplina de Ciências permeia também
questões pertinentes às disciplinas de História e Geografia no que diz respeito ao
processo do desenvolvimento industrial. Desta forma, as três disciplinas podem
trabalhar concomitantemente na transposição didática deste tema transversal.

5 METODOLOGIA

Como já citado, este projeto visa a aplicação com alunos do nono ano do Ensino
Fundamental. A aplicação constitui-se de cinco momentos e/ou etapas. Inicialmente
os alunos participarão de uma abordagem sobre a Terceira Revolução Industrial e os
impactos da produção e consumo em larga escala. Em um segundo momento, os
alunos serão divididos em grupos (três membros cada grupo) para o desenvolvimento
da segunda atividade onde cada um destes deverá discutir e selecionar dois resíduos
diferentes dentre os considerados e-lixo, os quais serão posteriormente coletados
pelos alunos, atividade a qual deve ser realizada por estes em casa.
No terceiro momento os estudantes trarão o que recolheram e com base no
caráter do material coletado (pilhas, baterias, lâmpadas, placas mãe, televisores,
monitores, CPU’s, entre outros) desenvolverão pesquisa e construção de tabelas
relacionadas a composição destes aparelhos com ênfase sobre os metais pesados e
contaminantes utilizados na fabricação dos mesmos. Esta pesquisa pode ser
realizada na escola se houver laboratório de informática, ou pelo próprio aparelho
celular, ou então ainda em casos mais extremos os professores podem levar textos
ou cartilhas para consulta dos alunos.
Na próxima etapa os alunos serão orientados a escolherem um entre os
diversos metais constituintes e contaminantes dos resíduos coletados por eles
visando buscar informações sobre os impactos ambientais e sanitários
desencadeados por estes.
Com os resultados obtidos pretende-se organizar uma exposição dos trabalhos
realizados pelos estudantes onde estes irão construir stands contendo os materiais

79
eletrônicos recolhidos. Esta exposição será aberta ao público em geral visando
informar e sensibilizar a comunidade escolar sobre as consequências ambientais e
sanitárias desencadeadas pelo descarte incorreto destes resíduos. Na oportunidade
será aberto para o recolhimento de resíduos desta categoria provenientes da
população em geral.
Ao final do evento os materiais recolhidos serão destinados ao descarte
adequado através de parceria com órgãos públicos ou entidades responsáveis. Em
sala serão retomados alguns conceitos como por exemplo, consumismo, impactos
ambientais e sanitários, bem como descarte adequado destes resíduos. Por meio de
diálogo com os alunos, de modo que estes possam expor e compartilhar seus
aprendizados dificuldades e como esta metodologia contribuiu para a construção do
conhecimento.
Desta maneira se dará o fechamento da ideia central do trabalho, com viés para
cada uma das disciplinas.

6 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que os alunos sejam capazes de compreender a Revolução


Industrial como estopim para o consumismo e o capitalismo moderno bem como as
consequências ambientais e sanitárias do descarte inadequado dos resíduos
produzidos pela sociedade contemporânea, de maneira interdisciplinar em uma
proposta transversal sobre “lixo” associando conceitos de ciências com conteúdos de
história e geografia.

REFERÊNCIAS

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ocupacionalmente expostos ao ruído e cádmio. Revista Brasileira de
Otorrinilaringologia. v. 68, n. 3, p. 488-494, 2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rboto/v68n4/a06v68n4. Acesso em: 15 mai 2019.

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natureza. Oswaldo Cruz, v. 3, n. 10, s/p, abr. 2016. Disponível em:
http://revista.oswaldocruz.br/Content/pdf/Edicao_10_Andrade_Daiene_Flor.pdf.
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BARETTA, D.; PASSOS, M. G. dos; PRADO, G.P. do. Práticas de ensino em


Ciências e Biologia. 20.ed. Florianópolis: UDESC, 2016.

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84
5. Microplásticos: Abordagem por metodologia
ativa para ensino fundamental anos finais

Alice Stopassole
Luis Felipe Bassanes
Matheus da Silva
Elton Celton de Oliveira
Fernanda Ferrari
Fernando Carlos de Souza
Gustavo Sene Silva

85
RESUMO

Os microplásticos são estruturas diminutas derivadas da degradação de


plásticos ou encontradas em produtos cosméticos que ao entrarem em contato
com o ambiente aquático provocam consequências prejudiciais à vida e a
sobrevivência dos seres vivos no ecossistema. Este projeto busca relacionar os
assuntos trabalhados na disciplina de Ciências nos anos finais do Ensino
Fundamental e os conteúdos abordados no livro didático sobre as diversas formas
de vida, com os efeitos dos microplásticos na água e fauna marinha ou dulcícola,
devido às ações do ser humano de uso e descarte inadequado de rejeitos. No
primeiro momento, o docente da disciplina de Ciências deverá introduzir o
conteúdo por meio de uma aula expositiva dialogada, visto que este tópico não
está presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a disciplina,
dessa forma, informando aspectos históricos dos plásticos, descarte inadequado
e entrada destes materiais nos mares e oceanos, além de destacar a sua
influência negativa sobre os organismos. Para a realização e compreensão do
assunto, os alunos terão papel fundamental na parte prática do projeto por
intermédio de uma metodologia ativa de ensino, em forma de uma peça teatral,
na qual os estudantes terão a oportunidade de interpretar os personagens do
ambiente aquático e o que ocorre com a entrada dos microplásticos no local.
Por meio de uma metodologia ativa, os alunos podem vivenciar o conteúdo na
prática, além de ser uma ótima estratégia didática para tornar o ensino efetivo.

Palavras-chave: Poluentes; Fauna; Ecossistemas aquáticos; Ciências.

ÁREAS TEMÁTICAS

Zoologia, Microbiologia, Ecologia e Fisiologia animal.

86
1 INTRODUÇÃO

Os plásticos começaram a surgir na década de 1970, sendo bastante


usados pelo ser humano no seu cotidiano. Estes materiais podem ser encontrados
em inúmeros locais, muitas vezes utilizados unicamente para o descarte. Segundo
Carvalho e Baptista (2016, p. 10-17) “atualmente a quantidade de plásticos vem
aumentando de forma exacerbada no ambiente aquático devido às ações do
homem”.
A quebra dos plásticos quando jogados na água resulta em microplásticos,
devido às forças físicas ou químicas do ambiente, como consequência alguns
animais acabam se alimentando destes poluentes. Com a ingestão, estes
materiais se acumulam nos seus corpos e provocam lesões, como obstruções
das brânquias, impedindo que o animal respire, ou no trato gastrointestinal,
dificultando a degradação do alimento e absorção dos nutrientes levando o animal
à morte (FAGUNDES; MISSIO, 2018). Na ótica de Teuten et al., ( 2009), “outro
processo decorrente da ingestão é a passagem dos microplásticos de um
organismo para o outro, ao longo da cadeia trófica”, ou seja, no momento em que
se aderem ao zooplâncton, o animal superior ingere estes materiais juntos com o
organismo predado. Os microplásticos também estão presentes em produtos
cosméticos e outros materiais descartados em redes de esgoto, e posteriormente
atingem mares e oceanos, dessa forma, o problema torna-se alarmante para estas
e as futuras gerações.
Uma das maneiras de reduzir a quantidade de plásticos na água e de não
prejudicar os animais da fauna marinha é a “sensibilização para a mudança de
hábitos, minimizando o consumo de materiais com grande composição de
plásticos” (CARVALHO, 2016).
O projeto será realizado com o Ensino Fundamental Anos Finais (6º ao 9º
ano), no qual o professor de Ciências, depois de explicar o tema teórico sobre
microplásticos de maneira expositiva, trabalhará com uma metodologia ativa de
ensino na forma de teatro, assim os alunos irão participar ativamente.
É importante utilizar a metodologia ativa de ensino com o objetivo de
instrumentalizar o professor e estimular “o processo ensino-aprendizagem,
facilitando a compreensão sobre os efeitos dos microplásticos na água e na fauna
marinha, permitindo com que os alunos reflitam de forma crítica o assunto”
(MACEDO et al., 2018, p. 2). Esta forma de aprender é uma novidade no ensino,
onde o professor pode usar para contribuir significativamente no aprendizado dos
alunos, de maneira cativante e participativa, envolvendo os estudantes com o
objeto de estudo e relacionando os fatos do que está ocorrendo com a entrada
de microplásticos na água e os problemas que causam aos animais marinhos.

87
2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Viabilizar a compreensão dos efeitos dos microplásticos na cadeia trófica


aos alunos de Ciências do Ensino Fundamental II, utilizando metodologia ativa
de ensino. Esta metodologia será uma peça teatral.
2.2 Específicos

• Entender o impacto das partículas de microplásticos sobre o zooplâncton;


• Entender o impacto das partículas de microplásticos na fisiologia dos peixes;
• Compreender os processos de bioacumulação e biomagnificação na cadeia
trófica;
• Relacionar a diminuição/extinção do zooplâncton com o aumento da
densidade de fitoplâncton na água – desequilíbrio trófico;
• Relacionar o possível aumento da turbidez da água com o aumento dos
microplásticos poluentes.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 História do Microplástico

Segundo Carpenter e Smith (1972), “os microplásticos foram relatados pela


primeira vez em 1970. Desde então, estas partículas têm sido cada vez mais
recorrentes no meio ambiente e aquático”.
Assim, os autores Carvalho e Baptista (2016, p. 10-17) “explicam que nas
últimas décadas os materiais plásticos correspondem de 60 a 80% dos detritos
localizados nos oceanos, obtidos das atividades antrópicas”. É grande a quantidade
desses detritos na água e vem crescendo a cada dia.

Fontes de riqueza supostamente inesgotáveis, os oceanos cobrem dois


terços da superfície terrestre e há muito tempo servem de depósitos para
todo tipo de resíduos produzidos pelo homem, desde efluentes líquidos
sanitários ou industriais até as mais diversas classes de lixo, como
plásticos, vidros e materiais tóxicos (FARIAS, 2014).

O interessante é que os microplásticos são adquiridos de diferentes fontes


que segundo Horton et al. (2017, p. 127-141), se dividem em duas: “a primária que
são os plásticos virgens (pellets) produzidos em escala micrométrica e a
secundária que são fragmentos advindos da degradação física e química de
microplásticos”.
Em contrapartida Schymanski et al., ( 2018, p.154-162) relatam que
verificaram a presença de “microplásticos em amostras de água potável,
armazenadas em garrafas plásticas, garrafas de vidro, caixas de bebidas, sendo

88
o tipo de plástico principal analisado o polietileno”.

É de conhecimento geral que os plásticos e seus derivados trazem


benefícios indiscutíveis, porém em controvérsias a utilização e descarte de
resquícios humanos incorretos afetam diretamente os oceanos, devido à
alta resistência à degradação, fazendo com que permaneçam por
numerosos anos no ambiente. No mundo todo se tem relatos de danos,
que esses descartes vêm causando a fauna marinha (CARVALHO,
2016).

3.2 Consequências dos plásticos e derivados na cadeia trófica

Quando no ambiente aquático esses resíduos sintéticos se misturam ao


plâncton, consequentemente, entram na cadeia alimentar de inúmeros animais.
“O processo denominado bioacumulação ocorre quando os seres vivos
ingerem os microplásticos, que vão se acumulando nos seus corpos e no ambiente
aquático ao longo do tempo” (MACHADO; FILLMANN, 2004; CALABUONO et al.,
2010, p. 334). O problema é que conforme estas micropartículas se acumulam no
organismo após a ingestão, acarretam danos à saúde do animal.
A biomagnificação é a passagem dos microplásticos de um organismo para
o outro, ou seja, é a transferência destes microplásticos ao longo da cadeia trófica.

3.3 Efeitos da ingestão dos microplásticos pela fauna marinha

Como já mencionado, os efeitos dos microplásticos no ecossistema aquático


são diversos, contudo não são limitados apenas ao habitat e a forma como os
organismos buscam os alimentos necessários à sua sobrevivência, mas também
aos efeitos diretos destes materiais na fisiologia dos animais (ASCER, 2015).
Alguns autores apontam que existem diversas formas de contato dos
microplásticos com os animais de vida aquática, sendo elas por inalação e
absorção dérmica. Entretanto muitas pesquisas apontam que a “principal forma
de contaminação com microplásticos e os efeitos destes na saúde do animal é por
meio da ingestão dos materiais à base de polietileno (TEUTEN et al., 2009).
Para Laist (1997, apud ASCER 2015) a ingestão de microplástico ocorre
de forma direta, ou seja, animais como tartarugas, mamíferos ou aves marinhas
ingerem estas estruturas como parte da sua alimentação. Contudo, outros autores
apontam que de forma indireta os animais marinhos também são contaminados,
ou seja, quando predam animais que já tenham ingerido os microplásticos, estas
estruturas também são acumuladas nos animais superiores da cadeia trófica de
forma sucessiva (ERIKSSON, BURTON, 2003). Em ambos os casos, os efeitos
fisiológicos principais são inanição, bloqueio do trato gastrointestinal e
sufocamento (ASCER, 2015).
Além disso, Ascer aponta que:

89
Outra coisa menos estudada de impactos dos microplásticos ingeridos
por organismos aquáticos é o da transferência dos contaminantes para
os tecidos. A liberação dos contaminantes parece ser mais propícia em
ambientes gástricos (SAKAI et al., 2010 apud ASCER, 2015) e a
correlação entre a quantidade de plástico ingerida e o grau de
contaminação de organismos (RYAN et al., 1988, apud ASCER, 2015) nos
levam a crer na transferência de contaminantes aos organismos aquáticos
mediada por plásticos.

“Entretanto, a grande maioria das pesquisas aponta o acúmulo destes


materiais sintéticos no trato gastrointestinal, causando a obstrução e,
consequentemente, morte destes animais” (FAGUNDES; MISSIO, 2018).

O lixo atualmente deixou de ser um problema estritamente sanitário


em zonas urbanas tornando-se um dos principais grupos de poluentes no
ecossistema marinho, juntamente com outros poluentes, como petróleo,
derivados e metais pesados (MOURA et al., 2011).

Atualmente, muitas pesquisas estão sendo realizadas para a compreensão


dos efeitos negativos dos microplásticos nos animais do ambiente aquático,
porém resultados precisos ainda são pouco conhecidos e restritos às espécies
específicas de peixes (ASCER, 2015, p. 11).

3.4 Como reduzir os impactos dos microplásticos?

O ser humano deve ter consciência de suas atitudes e reduzir o máximo


possível os impactos e a utilização de produtos unicamente para o descarte,
muitas vezes, inadequado. “Uma das formas de diminuir os impactos dos
plásticos na água e na cadeia trófica é a mudança de hábitos de consumo
humano, buscando obter produtos com menor concentração de plásticos na sua
composição” (CARVALHO, 2016). Outra solução é não jogar materiais plásticos
no ambiente aquático.

3.5 Relações método-ensino. A importância da metodologia ativa

No que diz respeito ao ensino, este tema pode ser trabalhado no conteúdo:
Relações entre os seres vivos, com a turma do 7 ano na escola, “onde trata a
o

poluição da água pela ação humana, devido ao microplástico (lixo), que vem
aumentado muito nos dias atuais e tem matado muitos organismos aquáticos“,
conforme mostra o livro didático (CARVENALE, 2014, p. 226). É importante que
o professor trabalhe o tema usando a metodologia ativa do ensino.
A metodologia ativa de ensino é interessante, “pelo fato de estimular o
processo de ensino e aprendizagem, onde vai haver participação por parte dos
alunos para adquirir o conhecimento e refletir” (MACEDO et al., 2018, p. 2).
Assim a metodologia ativa permite ao aluno refletir sobre o conteúdo de maneira

90
mais crítica e contribuir significativamente na sua aprendizagem, já que os
estudantes farão parte da peça teatral e terão que associar os fatos do que está
acontecendo com a entrada dos microplásticos na água e nos organismos, deste
modo terão consciência dos maus hábitos dos seres humanos, relacionando o
consumo exacerbado de plásticos e acúmulo destes materiais na água.

4 JUSTIFICATIVA

É cada vez mais difícil para o professor da Educação Básica inserir


metodologias ativas que possibilitem aos estudantes observar o conteúdo teórico
na prática, o que resulta em um ensino pouco atrativo e com índices de
aprendizado cada vez menores. Neste sentido, o presente trabalho busca
introduzir o assunto ainda pouco abordado – “microplásticos” – em sala de aula,
visando à participação ativa dos estudantes no processo ensino-aprendizagem. A
necessidade de desenvolver este projeto é para que os estudantes do ensino
básico compreendam aspectos sobre a eliminação das micropartículas nas
tubulações das casas e, posteriormente, de forma direta ou indireta, o material é
lançado nos mares e demais ecossistemas aquáticos. Dessa forma, afetam toda a
cadeia trófica e a fisiologia dos organismos. Como, por exemplo, interferem no
desenvolvimento do fitoplâncton e zooplâncton; e, consequentemente, na
alimentação de peixes e outros animais marinhos ou dulcícolas que se alimentam
desses organismos. A temática vem ganhando espaço na mídia ao longo dos
últimos anos, o que possibilita que o assunto, mesmo sério, seja abordado no
Ensino Fundamental de forma dinâmica e coletiva.

5 METODOLOGIA

5.1 Apresentação da temática

Será realizada uma aula expositiva pelo professor de Ciências sobre o


conteúdo: Relação entre os seres vivos, trabalhando sobre ações humanas no
ecossistema aquático. O tema central será dividido em subtemas, sendo que o
primeiro compreenderá os efeitos das micropartículas de plástico encontradas em
produtos cosméticos e outros materiais eliminados em redes de esgoto, e que
futuramente atingem mares e oceanos, afetando o desenvolvimento do zooplâncton
e a dieta de animais marinhos superiores que se alimentam destes
microrganismos, bem como o desenvolvimento do fitoplâncton, base da cadeia
trófica. Como complemento ao tema principal, o segundo subtema corresponde
aos impactos das partículas na qualidade da água. A escolha dos subtemas
aborda questões de impactos elevados na natureza a partir de estruturas tão
diminutas – como microesferas de polietileno – no ambiente, e, consequentemente
na economia global.

91
5.2 Aplicação e desenvolvimento do teatro

A parte prática do projeto será realizada em forma de uma peça teatral com
os alunos do Ensino Fundamental Anos Finais, na qual os estudantes farão
parte do teatro, sendo encarregados da interpretação dos personagens do
ambiente marinho, por exemplo, em uma turma com aproximadamente trinta
alunos, estes serão divididos em grupos, nos quais cada grupo terá personagens
correspondentes à teia alimentar, como o fitoplâncton, zooplâncton, peixes e os
polímeros sintéticos, sendo representados pelas microesferas de plástico. O fluxo
das partículas de polietileno na corrente marítima será observado pelos alunos
que compreenderão os efeitos delas em cada um dos grupos representados pelas
cadeias tróficas, e posteriormente na fisiologia dos peixes, como obstrução das
brânquias, lesões nos órgãos internos, entre outros. Conforme Apêndice A.

5.3 Socializações dos conhecimentos

No final o professor irá fazer uma roda de conversa com os alunos para
discutir o assunto, deixando-os refletir e dialogar sobre a importância de entender
os efeitos do microplásticos em relação às atitudes humanas no planeta Terra. O
papel do professor nesta etapa é essencial para que os diálogos sejam conduzidos
de forma adequada, o que garante a cooperação e progresso na exposição dos
conhecimentos individuais de forma que todos sejam capazes de expor suas
próprias ideias.

6 RESULTADOS ESPERADOS

Com a aplicação do projeto, espera-se que os alunos compreendam os


grandes efeitos dos microplásticos sobre toda fauna marinha e possam mudar
suas atitudes, respeitando o meio ambiente aquático, valorizando a ética e
respeito com a natureza. Como complemento ao trabalho, objetiva-se novas
alternativas com relação ao uso de produtos à base de polietileno, matéria-prima
para a produção de plásticos, por exemplo, substituir produtos cosméticos com
este material em sua composição por formas mais sustentáveis e conscientes.
Busca-se com a introdução deste conteúdo para o Ensino Fundamental a
sensibilização das futuras gerações sobre a problemática, buscando estratégias
que permitam uma aprendizagem significativa, por intermédio de uma metodologia
ativa de ensino.

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94
APÊNDICE
APÊNDICE A – Roteiro para a peça teatral
“A VIDA MARINHA PEDE SOCORRO”
NARRADOR: Grande parte da população mundial vive em áreas costeiras a
oceanos e mares e a alimentação destes depende diretamente da fauna marinha,
porém uma nova ameaça vem surgindo, colocando em risco os ecossistemas do
mundo inteiro.

ESTER: Olá! Eu sou a sereia Ester, mais conhecida como rainha do mar, e quero
convidar vocês a conhecer os habitantes do fundo do mar. Venham comigo,
pessoal! Vamos começar uma grande aventura.

NARRADOR: O fundo do mar é cheio de vida! Ele é o lar de muitos animais


enormes, mas também abriga seres muito pequenos, que fazem toda a diferença
na alimentação e vida de outros animais e seres humanos.

NEMO: Oi, gente! Eu sou o peixe Nemo, amo nadar e adoro me alimentar de
organismos bem pequenos chamados de zooplânctons, mas infelizmente tenho
encontrado muitos microplásticos nestes organismos e após digeri-los, sinto uma
dor muito grande no meu estômago...

ESTER: Nossa, que situação complicada! Isso acontece por causa dos
microplásticos?

NEMO: Sim, pois eles se acumulam no corpo do zooplâncton, e no momento que


ocorre a digestão, acabam entrando no meu estômago e provocando lesões nele,
o que faz com que eu sinta muitas dores na minha barriguinha.

ESTER: Então quer dizer que além dos animais ingerirem os microplásticos, ele
também pode passar de um organismo a outro?

DAVI: Sim, a passagem destes microplásticos ao longo dos organismos se


chama biomagnificação.

DAVI: Ah! Desculpe intrometer-me na conversa de vocês, sou o zooplâncton


Davi e não pude deixar de ouvir que estavam falando sobre mim.

ESTER: Tudo bem, não tem problema. Então estes tais de microplásticos também
podem se acumular no corpo dos animais, não é verdade?
NEMO: Sim, e esse processo também recebe um nome especial, é chamado de
bioacumulação.

ESTER: Impressionante como estes plásticos tão pequenos podem causar tanta
destruição! Mas eu não entendi uma coisa… Como os microplásticos chegam na
água?

DAVI: Você não sabe?! Os humanos acabam jogando plásticos e derivados no


ambiente aquático, contaminando este local, e com a força da água são quebrados
em pedaços menores denominados de microplásticos, e o pior de tudo isso é
que os animais marinhos acabam ingerindo porque confundem com os alimentos.

ESTER: Nossa!!! Que injustiça, se os humanos não mudarem as suas atitudes


vão acabar com a vida de toda fauna marinha, além também de tornar a água
imprópria para qualquer tipo de vida.

JOSÉ: Olá, eu sou o fitoplâncton José! E vim dizer para vocês que estou sendo
beneficiado com a entrada de microplásticos na água!

ESTER: Como assim beneficiado?

JOSÉ: Ora, porque os microplásticos acabam interferindo no crescimento do


zooplâncton, e a quantidade desse organismo diminui, podendo entrar em extinção
e assim os fitoplânctons vão deixar de serem tão consumidos.

NEMO: Então a população de fitoplânctons aumenta muito


rápido?

JOSÉ: Isso!!! Não é maravilhoso viver sem


predador?

ESTER: Veja bem, meu amigo, pode ser que sim, mas os microplásticos se
acumulam na água, cobrindo-a de tal forma que impedem a passagem da luz
solar e assim as algas não têm como realizar o processo fotossintético, sendo
prejudicada também.

NEMO: Ótimo, José! Essa foi para você aprender a pensar nos outros também e
não em si só.

NARRADOR: Então os organismos perceberam os efeitos dos microplásticos em


toda cadeia trófica, e concluíram que tudo isto acontece pelas ações do homem.
Assim é necessário que o ser humano pare um pouco e pense: “O que estou

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fazendo? Eu preciso realmente de tantos objetos plásticos no meu dia a dia?
Não existem alternativas melhores que não causam impactos tão ruins ao meio
ambiente?”
Esta é apenas uma parte muito pequena da vida marinha. Os mares e oceanos
apresentam inúmeras formas de vida e belezas que estão muito além da nossa
compreensão. Vale a pena cuidar deste mundo maravilhoso em que vivemos e
de todas as manifestações de vida para estas e futuras gerações, e é o nosso
papel zelar a fauna, a flora e tudo aquilo que nos mantém unidos e vivos no planeta
Terra, ou também chamado como nosso lar.

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OS AUTORES
DAIARA MANFIO
Doutora em Entomologia
pela Universidade
Federal do Paraná.
Docente do curso de
Ciências Biológicas –
Licenciatura, na
Universidade Tecnológica
Federal do Paraná
(UTFPR/Dois Vizinhos).

LEANDRO TURMENA
Doutor em Educação
pela Universidade
Estadual de Maringá.
Docente do curso de
Ciências Biológicas –
Licenciatura, na
Universidade
Tecnológica Federal
do Paraná
(UTFPR/Dois Vizinhos).

VITOR AUGUSTO
PIZZOLATTO
Discente do curso de
Ciências Biológicas –
Licenciatura, na
Universidade
Tecnológica Federal
do Paraná
(UTFPR/Dois Vizinhos)

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