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O livro "O menino do dedo verde" no ensino de ciências

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5 authors, including:

S.F. Lolis José Adriano Cavalcante Angelo


Universidade Federal de Tocantins Instituto Federal Goiano
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Marcos Maia
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Revista Querubim – revista eletrônica de trabalhos científicos nas áreas de Letras, Ciências Humanas e
Ciências Sociais – Ano 15 Nº39 vol. 6 – 2019 ISSN 1809-3264

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O LIVRO “O MENINO DO DEDO VERDE” NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Vanda Fernandes de Matos13


Solange de Fátima Lolis14
José Adriano Cavalcante Angelo15
Carolina Machado Rocha Busch Pereira16
Marcos Felipe Gonçalves Maia17

Resumo
O objetivo desta pesquisafoicompreender a potencialidade do livroO menino do dedo verde, de Maurice
Druon, como possibilidade para o desenvolvimento do pensamento científico, crítico e criativo a
partir das aulas de Ciências. A obra foi lida a partir da abordagem de análise de conteúdo numa
perspectiva fenomenológica. Foram encontrados conteúdos de Botânica: dispersão de sementes,
morfologia da planta, hábito vegetal, germinação, fotossíntese, biodiversidade e construção de
exsicatas. Tais informações podem ser desenvolvidas como atividades complementares com os
conteúdos do currículo escolar numa inter-relação entre as áreas de Ciências da Natureza e
Linguagens.
Palavras-chave:Ensino de Ciências. Botânica. Educação. Lúdico.

Abstract
This research was conducted to understand the potential of the book ―Tistou: the boy with green
thumbs‖ as a possibility for the development of scientific, critical and creative thinking from
Science classes. The book was read from the content analysis approach in a phenomenological
perspective. Botany contents were found: seed dispersion, plant morphology, plant habit,
germination, photosynthesis, biodiversity and exsiccate construction. Such information can be
developed as complementary activities to the contents of the school curriculum with
interrelationship between the areas of Natural Sciences and Languages.
Keywords:Science teaching. Botany. Education. Ludicity.

Introdução

As Ciências da Natureza na educação básica envolvem conhecimentos para a formação


integral e alfabetização científica, articulando diferentes campos do saber: Biologia, Química, Física
e outras linguagens. Nesse processo os/asestudantes aprendem sobre si mesmos/as; o surgimento
da vida e suas inter-relações com o meio. Acima de tudo, é importante saber ler esses fenômenos.

13 Mestre em Ecologia de Ecótonos. Bióloga.


14 Profª Dra. Docente do Curso de Ciências Biológicas e do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade,
Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Tocantins, UFT – Câmpus de Porto Nacional.
15 Mestre em Educação, Graduado em Ciências Biológicas – Licenciatura.
16 Profª Dra. Geografia; Professora Adjunto do Curso de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em

Geografia da Universidade Federal do Tocantins, UFT – Câmpus de Porto Nacional.


17 Doutorando e mestre em Educação; Bacharel em Biblioteconomia e Licenciado em Biologia. Coordenador

de Biblioteca, Documentação e Serviços de Informação da Universidade Federal do Tocantins – Câmpus de


Palmas.
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O ensino de Ciências, proposto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL,
2017), é parte de umprocesso contínuo de contextualização histórica, social e cultural, que
dásentido aos conhecimentos para que os/as estudantes compreendam,expliquem e intervenham
no mundo em que vivem, estabelecendorelações entre os conhecimentos científicos e a sociedade,
reconhecendo fatores que podem influenciar as transformações de uma dadarealidade. De acordo
com as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2013), a área de conhecimento Ciências da
Natureza, no ensino fundamental (anos iniciais e finais), é representada por um único componente
curricular de mesmo nome.

Ao longo do ensino fundamental, a área de Ciências da Natureza tem um compromisso


com o desenvolvimento do letramento científico e da capacidade de compreender e interpretar o
mundo (natural social e tecnológico).

A BNCC define os conhecimentos e as habilidades essenciais que os estudantes têm o


direito de aprender em cada etapa da vida escolar.Associadoao conjunto de habilidades, objetos e
conhecimento de cada área, a BNCC destacano início do documento as dezcompetências gerais da
educação básica que irão nortear o trabalho das escolas edos professores/as em todos os anos e
componentes curriculares. As competências gerais e específicas da BNCC ainda são objetos de
muitas dúvidas, sendo comum encontrar professores/as que questionam como trabalhar com as
competências gerais no componente curricular.A ideia não é planejar uma aula específica sobre
essas competências ou transformá-las em componente curricular, mas articular a sua aprendizagem
a de outras habilidades relacionadas às áreas do conhecimento.O desafio, portanto, é complexo,
pois impacta não apenas os currículos, mas processos de ensino e aprendizagem, gestão, formação
de professores e avaliação. E quais são essas competências? As competências gerais da BNCC são:1
Conhecimento; 2 Pensamento científico, crítico e criativo; 3 Repertório cultural; 4 Comunicação; 5
Cultura digital; 6 Trabalho e projeto de vida; 7 Argumentação; 8 Autoconhecimento e autocuidado;
9 Empatia e cooperação; 10 Responsabilidade e cidadania (BRASIL, 2017, p. 9).

Considerando o contexto de implementação da BNCC, o desafio de trabalhar o


componente curricular associado às competências gerais,assim comoo interesse em refletir sobre a
literatura nas aulas de Ciências, é que esta pesquisa foi orientada pelo intuito de apresentar reflexão
teórica sobre metodologias alternativas em contexto da BNCC, a possibilidade e o uso da literatura
nas aulas de Ciências, e principalmente a potencialidade que a obra ―O menino do dedo verde‖
possui.

Moura e Silva (2015) destacam que metodologias alternativas às aulas expositivas podem
ajudar numa aprendizagem efetiva. O uso de obras literárias pode ser uma forma lúdica desse
processo (TEIXEIRA; PIASSI, 2017), bem como pode ser elemento de mediação de aprendizagem
prazerosa no ensino infantil (GROTO; MARTINS, 2015; ROTTAVA; TAVARES, 2010;
SANTOS et al., 2016).

Groto e Martins (2015) consideraram o uso da literatura infantil de Monteiro Lobato nas
aulas de Ciênciasuma inter-relação entre Ciências e Literatura. Já Giraldelli e Almeida (2008) fizeram
uma análise sobre o uso de um texto infanto-juvenil como mediador no ensino de Ciências,
verificando que este proporcionou a construção de conceitos pelos estudantes e reflexões sobre a
Ecologia.Para Souza et al.(2012), a articulação da literatura infanto-juvenil de ficção científica com o
ensino de Ciências mostrou-se satisfatória para relacionar as disciplinas de Ciências Naturais com o
exercício da imaginação promovido pela leitura.

A obra ―O menino do dedo verde‖, analisada neste trabalho, já foi objetode outras
pesquisas. Rottava e Tavares (2010) propuseram ensinar o conteúdo sobre a reprodução das
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angiospermas. Diesel et al. (2016) experimentaram uma atividade didática, verificando a capacidade
deste livro de provocar os estudantes a intervir na comunidade.
Frente a esse cenário, o objetivo desta pesquisa foi decompreender a potencialidade do
livro O menino do dedo verdecomo possibilidade para o desenvolvimento do pensamento científico,
crítico e criativo a partir das aulas de Ciências no cenário do Tocantins e da BNCC.

Material e Método

O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa de análise de conteúdo (BARDIN, 2009)


com as contribuições da pesquisa fenomenológica na educação (MAIA; ROCHA, 2016). Para este
estudo foi utilizada a 96ª edição, de 2013, do livro ―O menino do dedo verde‖, de Maurice
Druon.Foi consultado o Referencial Curricular do ensino fundamental das escolas públicas do
Estado do Tocantins (TOCANTINS, 2008) e a Base Nacional Comum Curricular do Ensino
Fundamental (BRASIL, 2017) a fim de identificar em quais anos do ensino fundamental são
trabalhados os conteúdos do livro em análise.

O menino do dedo verde: a obra literária na sala de aula

O livro narra a história de Tistu, o menino do dedo verde, escrita pelo historiador Maurice
Druon no século XX. Tistu possui metaforicamente o polegar verde e por entre pessoas, hospitais,
penitenciárias, ele levava vida aos desesperançados e ao mesmo tempo com eles aprendia o dom da
vida, transformando o mundo catastrófico da guerra, das armas e da miséria. Além de ser um relato
literário da ciência, é também uma possibilidade educativa tanto para Tistu, quanto para seus
interlocutores, e também para nós, que o lemos, numa interconexão autor-subjetividade
(FOUCAULT, 1969).

A Literatura, enquanto descrição da relação da humanidade com a natureza permite ao


leitor/estudante reconhecer seu cotidiano e sua própria realidade, identificando-se com a situação
problema da narrativa e, sobretudoidentificando-se com o personagem, criando empatia pela
história e, assim, ser convidado/aa pensar sobre questões da alfabetização científica, orientados
pelos professores (KOTHE, 1976).

A seguir são apresentados os temas e suas possíveis relações com os dois documentos
curriculares-regulatórios em análise. Uma forma gráfica foi utilizada para melhor organizar as
informações.O primeiro conteúdo destacado é o de ecologia e cadeia alimentar:

Tabela 1: Relações ecológicas apresentadas no livro e conexões curriculares.


O que o livro apresenta Referencial Tocantins Referencial BNCC

Ecologia e cadeia alimentar: "Uma lição


de jardim, afinal de contas, é uma lição de Componente curricular Ciências,
Terceiro ano, segundo bimestre
terra, essa terra em que caminhamos, que unidade temática "vida e evolução",
Quarto ano, primeiro bimestre
produz os legumes que comemos e o capim objetos de conhecimento "Cadeias
Quinto ano, primeiro bimestre Sexto
com que os animais se alimentam, até alimentares simples e
ano, primeiro bimestre
ficarem bastante gordos para serem microorganismos".
comidos" (DRUON, 2013, p. 31)

Fonte: dos autores.


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Por meio destas informações (Tabela 1), é possível desenvolver atividades que visem
enfatizar a importância da cadeia alimentar para o equilíbrio dos ecossistemas e as relações
ecológicas estabelecidas pelas espécies que compõem o meio ambiente (ODUM, 1988).Pode-se
ainda promover discussões sobre a poluição causada pelo uso de substâncias tóxicas na base da
cadeia e suas consequências para os animais consumidores (SILVA; ESTANISLAU, 2015).Diante
disso, a obra ainda permite fomentar debates na sala de aula que destaquem os problemas
ambientais e a importância da conservação do meio ambiente(MEDEIROS et al., 2011).

Tabela 2: Temática de gimnospermas e angiospermas apresentadas no livro e conexões


curriculares.
O que o livro apresenta Referencial Tocantins Referencial BNCC
Gimnospe rmas e Angiospermas: "Há
sementes […] esperando que um vento as
carregue para um jardim ou para um campo.
Muitas vezes elas morrem entre duas pedras, Componente curricular Ciências,
sem terem podido transformar-se em flor [...] unidade temática "vida e
os animais deviam ter trazido entre seus pelos evolução", objetos "Identificar as
algumas sementes dos seus países, principais partes de uma planta
espalhando-as em volta deles. [...] Os (raiz, caule, folhas, flores e frutos)
Sétimo ano, segundo bimestre
botânicos, [...] falaram de condições e a função desempenhada por
atmosféricas particulares, de passarinhos que cada uma delas, e analisar as
teriam deixado cair as sementes [...] As relações entre as plantas, o
sementes entraram pelas janelas, a não ser ambiente
que Tistu as tenha trazido nos sapatos [...] e os demais seres vivos.
provida de cápsulas que explodem ao menor
contato [...] (DRUON, 2013, pags, 35,
48,49,68, 69 e 85).
Fonte: dos autores.

Essa temática (Tabela 2) pode ser trabalhada enfatizando os principais tipos de dispersão e
seus agentes e as diferentes características adaptativas que permitem os diásporos ser transportados
pelos agentes dispersores (FERREIRA et al., 2016). Além disso, podem ser trabalhadas as
síndromes de dispersão (anemocoria, autocoria, zoocoria) (PIJL, 1982). Outro possível debate é
sobre a dormência de sementes como um possível estágio benéfico para as plantas (CARDOSO,
2009).

Informações de fisiologia vegetal, destacando o processo de fotossíntese, também estão


presentes na obra (Tabela 3).
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Tabela 3: Fisiologia vegetal narrada no livro e conexões curriculares.


O que o livro apresenta Refe rencial Tocantins Refe rencial BNCC
Fisiologia vegetal: Nos barracos vivia
Componente curricular Ciências,
muito mais gente do que eles podiam
unidade temática "vida e
conter; essa gente havia de ter, é claro, Terceiro ano, segundo bimestre -
evolução", objetos "Investigar a
um mau aspecto. Vivendo apertados assim Segundo ano, segundo bimestre -
importância da água e da luz
uns contra os outros, sem um raio de sol, Quarto ano, terceiro bimestre -
para a manutenção da vida de
tornam-se pálidos como as chicórias que o Sétimo ano - primeiro bimestre
plantas
Bigode conserva na adega. [...] (DRUON,
em geral".
2013, p. 52).
Fonte: dos autores.

Esse tema poderá fomentar discussão sobre a importância da luz para os seres vivos,
destacando sua importância para o processo de fotossíntese e para a vida na Terra (LIESENFELD
et al., 2015). Estes mesmos autores identificaram que grande parte de estudantes do ensino médio
não sabem desta informação e reforçam a necessidade do tema ser trabalhado ainda no ensino
fundamental.Também foram observadas na obra informações sobre as diversas formas de vidas de
angiospermas(Tabela 4).

Tabela 4: Diversidade vegetal apresentada no livro e conexões curriculares.


O que o livro apresenta Refe rencial Tocantins Refe rencial BNCC
Dive rsidade de vegetais: Então, rosa-chá,
Componente curricular
sempre fazendo das suas! Guarda os botões
Ciências, unidade temática
escondidos para fazê-los abrir quando
"vida e evolução", objetos "
ninguém espera... E você, trepadeira, está
Discutir a evolução e a
pensando que é a rainha da montanha, Segundo ano, segundo
diversidade das espécies com
querendo fugir pelo alto dos caixilhos […]. bimestre - Sétimo ano,
base na atuação da seleção
As trepadeiras subiam, enroscavam-se e segundo bimestre
natural sobre as variantes de
caíam de novo; os cactos, na parte superior
uma mesma espécie,
dos muros, substituíam por toda a volta as
resultantes de processo
terríveis pontas de ferro [...] (DRUON,
reprodutivo.".
2013, pags, 33 e 44).
Fonte: dos autores.

A partir da leitura desses trechos podem ser discutidas quais as características que as
trepadeiras têm em comum. Também pode-se comparar a trepadeira com as outras formas de vida
vegetais, mostrando a enorme riqueza de espécies em diferentes hábitos vegetais existentes.

Informações sobre morfologia da planta, dando ênfase na morfologia da flor foram


abordadas no livro (Tabela 5).
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Tabela 5: Morfologia vegetal apresentada no livro e conexões curriculares.


O que o livro apresenta Referencial Tocantins Referencial BNCC
Morfologia vegetal: Roseiras bravas, às
quais se misturavam a madressilva e as
buganvílias, lançavam raízes, cachos,
pedúnculos e ramos espinhentos em torno
das engrenagens […]. as folhas de parreira
deram lugar a espinhos azulados, e
apareceram botões de veludo. [...]
protestou a cozinheira Amélia. — Não vê
Componente curricular Ciências,
que está dando agora cachos brancos e
Segundo ano, segundo bimestre - unidade temática "vida e evolução",
perfumados? Garanto que são abrunheiros,
Terceiro ano, segundo bimestre - Quarto objetos " Comparar diferentes
que conheço muito bem, pois as flores
ano, primeiro bimestre - Sétimo ano, processos reprodutivos em plantas e
servem para doce [...]. Uma flor que
segundo bimestre animais em relação aos
cresce é uma verdadeira adivinhação, que
mecanismos adaptativos e evolutivos."
recomeça cada manhã. Um dia ela
entreabre um botão, num outro desfralda
uma folha mais verde que uma rã, num
outro desenrola uma pétala... [...]. Inventou,
assim, a flor-borboleta, com dois pistilos em
forma de antenas e duas pétalas estendidas,
que se agitavam à menor brisa. [...]
(DRUON, 2013, pags. 60, 86, 103, 106).
Fonte: dos autores.

Essas temáticas podem ajudar no processo de recuperação de áreas antropizadase


contribuem para desenvolvimento de estudos de manejo e de conservação de espécies (BATISTA
et al., 2011).Esse estudo ajuda a identificação sistemática das partes das plantas (FERREIRA;
BARRETO, 2015). O que nos leva para o último tópico em destaque desta obra.

Foram observadasinformações sobre montagem de exsicatas, que podem ser trabalhadas


associadas ao conteúdo do 7º ano (2º bimestre) em ―Algas‖, ―Briófitas‖,
―Pteridófitas‖,―Gimnospermas‖ e―As Angiospermas‖.―[...] os sábios que se chamam botânicos e
que se dedicam a esquartejar as flores, dar-lhes os nomes mais difíceis e fazê-las secar entre mata-
borrões‖ (DRUON, 2013, p. 47).

Nesse trecho, Maurice Druon descreve os Botânicos, como responsáveis por desmembrar
flores e nomear suas estruturas com a devida nomenclatura. E em seguida, mantêm as estruturas
em um papel apropriado para desidratá-las, descrevendo o processo de montagem de exsicatas.
Essa passagem ajuda no processo de compreensão da montagem de exsicatas. Com omaterial
herborizado, o professor poderá fomentar debates sobre as diferentes características das plantas
pertencentes às distintas fitofisionomias. É possível a utilização de exsicatas como material didático,
permitindo a exploração de informações das espécies vegetais, incluindo a sua área de origem e sua
utilização (BRAZ; LEMOS, 2014).

Considerações finais

O livro―O menino do dedo verde‖ aborda diversas informações relacionadas às Ciências,


apresentando um excelente potencial para complementação no ensino fundamental. Portanto, esta
pesquisa contribui para tornar as aulas de ciências mais prazerosas associando literatura com o
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ambiente escolar, ajudando docentes e discentes no trato com diferentes linguagens (SOUZA,
2012).

A BNCC (2017) apontaque nos dois primeiros anos da escolaridade básica o foco é no
letramento e ao passo que a progressão de aprendizagem vai ocorrendo e o estudo se aproxima dos
anos finais são exigidasrelações mais profundas e espera-se que o estudante amplie sua capacidade
de abstração e autonomia de ação e de pensamento. É importante motivá-los/as com desafios cada
vez mais abrangentes, e o uso de diferentes linguagens associados ao estudo das Ciências pode ser
muito eficaz.

Referências
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Avaliado em 05/10/2019

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