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Resumo: O presente trabalho tem como temática o lúdico no ensino de Química. Diante do
contexto pandêmico vivido, agravado em escala mundial em meados no início do ano de 2020, o
isolamento social foi a medida tomada pelos governos para conter os contágios de coronavírus.
Assim sendo, necessária a implementação do ensino remoto nas escolas. Alunos começaram a
demonstrar desânimo com a situação, bem como, relatar outros sentimentos mais preocupantes
como o da depressão, crises de pânico e ansiedade. A busca por práticas metodológicas que
favorecessem o aprendizado, propiciando um ambiente de contentamento nas aulas virtuais, foi o
recurso utilizado para o ensino de temas da Química Orgânica em turma da 3ª série do Ensino
Médio de uma instituição particular, em Salvador-BA. Foi criado um jogo o “Quem Sou Eu na
Química Orgânica”. Como produto da atividade lúdica, tivemos alunos com senso investigativo,
engajados e envolvidos com o conhecimento científico.
INTRODUÇÃO
Quando, ainda no início do ano letivo, mais especificamente no dia 11 de março
de 2020, instaurou-se um novo cenário mundial, após a Organização Mundial da Saúde
(OMS) declarar o surto da COVID-19 (doença causada pelo novo coronavirus sars-cov-
2) como sendo uma pandemia. Para uma das autoras já não se tratava mais de uma
bolsista ou estagiária, era a então docente em Química diante do seu primeiro ano
atuando em uma escola da rede particular de ensino.
As portas das escolas foram fechadas, em decorrência da necessidade de
isolamento social, sendo implementada a modalidade de ensino remoto. A partir daí, a
palavra de ordem foi ‘reinventar-se’.
De acordo com o dicionário on-line de português1, o termo reinventar significa:
“tornar a inventar, recriar uma solução para um problema antigo, mas que exige uma
nova abordagem, reelaborar...”.
Nesse contexto, de modo geral, os alunos rapidamente começaram a se sentir
enfadados diante da nova realidade das aulas e atividades não presenciais. Ansiavam
rever pessoalmente seus colegas de classe e retomar a rotina na escola.
1 https://www.dicio.com.br/reinventaram/
21º Encontro Nacional de Ensino de Química-ENEQ
Uberlândia – MG– 01 a 03 de Março de 2023
Atividades Lúdicas e Experimentação -
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REFERENCIAL TEÓRICO
Diante do ensino remoto emergencial, em decorrência do contexto pandêmico
do coronavírus instaurado no ano de 2020, houve grande preocupação por parte do
corpo escolar em contemplar as competências e habilidades estabelecidas pela Base
Comum Curricular (BNCC) nas práticas pedagógicas on-line. De acordo com o
documento normativo, em referência ao uso de tecnologias digitais da informação e
comunicação (TDICs) no contexto escolar, este nos descreve na competência geral 5
que:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação
de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria
na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2018)
DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO
“Quem Sou Eu na Química Orgânica” foi um jogo elaborado mediante coleta de
dados, a partir dos registros das aulas, assim como da observação dos resultados
obtidos nas primeiras avaliações realizadas no google form, referente ao nível cognitivo
dos alunos em torno dos conhecimentos de funções orgânicas e discussões realizadas
com estes ao longo das aulas. A partir dessas informações verificadas, deu-se início a
construção da atividade lúdica.
Foram confeccionados quatorze cartões, definidos junto das principais questões
que se julgaram necessárias de serem trabalhadas mediante dificuldade de
apropriação apresentada anteriormente por parte dos alunos. Em cada cartão, em um
lado continha um composto, função orgânica, ou elemento relacionado à área Química
Orgânica. Já no verso, havia dicas que foram elaboradas com a proposta de despertar
instinto de investigação dos educandos.
As identidades dos cartões a serem descobertas pelos alunos foram: ácido
acetilsalicílico, uréia, gás de cozinha ( GLP – gás liquefeito de petróleo), cafeína,
glicose, carbono, metano, vinagre, petróleo, éster, etanol, DDT (Dicloro-Difenil-
Tricloroetano), metanal e fenóis.
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As figuras abaixo (de autoria própria) são exemplos de alguns cartões utilizados.
Fig. 1 Cartão 1
Fig. 3 Cartão 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Escutar a voz de alunos que há tempos não ligavam o microfone, perceber a
interação destes, entrosamento no trabalho em grupo, o espírito de competitividade e
envolvimento com a atividade, foi o grande produto da atividade lúdica. De acordo com
Craveiro (2009, p.88), "o uso do lúdico para ensinar conceitos em sala de aula pode ser
uma ferramenta que desperte o interesse na maioria dos alunos, motivando-os a
buscar soluções e alternativas que resolvam e expliquem as atividades lúdicas
propostas".
O jogo rendeu diversos questionamentos por parte dos alunos, ao passo que
cada rodada era concluída, sendo descoberta a identidade do personagem da Química
Orgânica que estava oculta. A experiência possibilitou sanar dúvidas dos mesmos
quanto: aos aspectos que devem ser considerados ao nomear um composto orgânico;
a identificação da função orgânica conforme seu grupo funcional característico; à
origem, história de descoberta, bem como, composição de alguns compostos presentes
na natureza e essenciais à vida. Desse modo,
[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala devo
estar sendo abertas indagações à curiosidade, às perguntas dos estudantes,
as suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que
tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento [...] (FREIRE, 2009, p.
47).
CONCLUSÃO
É sabido que ser professor é viver em constante aprendizado, assim sendo, a
experiência de construção do jogo “Quem Sou Eu na Química Orgânica” foi um
processo enriquecedor na formação continuada docente. A prática possibilitou a
elaboração de uma proposta metodológica fundamentada, em suma: nos
conhecimentos construídos ao longo da graduação de Licenciatura em química; na
participação em diversas lives de formação voltadas à educação, ofertadas no cenário
pandêmico; assim como, na vivência, em sala virtual, com os alunos no ensino remoto.
A atividade teve como produto alunos engajados, envolvidos com ânimo na ação
de aprendizagem, ativos, empenhados e ansiosos para participar ao longo de cada
rodada.
Para além do período de afastamento social, provocado pela pandemia, esse
jogo pode ser utilizado como ferramenta metodológica, adaptado, por exemplo, ao
momento presencial, com os alunos visualizando fisicamente os cards nas mãos da
docente em sala, ao longo das rodadas, sendo autorizados a fazerem consultas nas
anotações feitas no caderno ao longo das aulas de Química, anteriormente,
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, DF: MEC. 2018.
FERREIRA, M.; DEL PINO, J.C. Estratégias para o ensino de Química Orgânica no
nível médio: uma proposta curricular. Acta Scientiae, v. 11, n. 1, p.101-118, 2009.