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Atividades Lúdicas e Experimentação -

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Vivências e saberes necessários para a didática das


Ciências da Natureza nos Anos Iniciais: um relato de
experiências com estudantes do Ensino Médio Normal

Vanessa Brandão de Vargas¹* (PG); Carlise Batista do Amaral² (FM); Caroline De Bortoli¹
(IC); Jane Herber¹ (PQ); Eniz Conceição Oliveira¹ (PQ).
*vanessa.vargas@universo.univates.br
1. Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, Lajeado/RS.
2. Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã - IEEEM, Estrela/RS.

Palavras-Chave: Ciências, Ensino Médio Normal.

RESUMO: A formação de professores de ciências, cada vez mais está sendo foco de pesquisas em
âmbito nacional. Entendendo a importância da formação de professores, e principalmente na área
da Ciência da Natureza, iniciou-se uma pesquisa sobre as escolas de Curso Normal e a formação
de professores em nível médio, com um enfoque na formação em Ciências da Natureza. A
proposta deste trabalho é apresentar um recorte da pesquisa que vem sendo desenvolvida,
relatando as atividades propostas e apresentando alguns resultados já alcançados. O objetivo
principal da pesquisa em questão é investigar como as práticas e saberes docentes de Ciências,
podem contribuir para a formação de estudantes de um curso de Ensino Médio Normal.

INTRODUÇÃO

Estudos científicos vêm sendo alvo de pesquisas, em âmbito nacional, nas


mais diversas áreas, porém, quando falamos de Ensino de Ciências nos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental, as pesquisas são mais restritas e com pouca ênfase. Além
disso, ensinar sobre Ciências, é uma tarefa do professor, e de uma responsabilidade
muito grande, pois quando tratamos da docência nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, serão os primeiros contatos formais com a Ciência que nossos alunos
têm. Nesse sentido, Sasseron e Machado (2017), trazem que:

Ensinar sobre Ciências demanda um trabalho com aspectos históricos e


filosóficos das Ciências e também com práticas científicas. Chegamos assim à
proposição de que ensinar Ciências deve ser uma atividade que permita aos
alunos fazerem o uso das ideias científicas em outros contextos (SASSERON;
MACHADO, 2017, p. 9).

Para tanto, os professores devem ensinar sobre Ciências, com práticas


calcadas em metodologias que proporcionam ao estudante a construção do seu
conhecimento, sendo ele o centro do processo de ensino e de aprendizagem,
possibilitando vivências que contribuem para o seu desenvolvimento pessoal e
profissional. Nessa perspectiva, está sendo desenvolvida uma pesquisa em uma escola
de Ensino Médio Normal, na qual são diplomados, em nível médio, os primeiros
professores de nossos alunos.

21º Encontro Nacional de Ensino de Química - ENEQ


Uberlândia – MG – 01 a 03 de Março de 2023
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A pesquisa em foco está vinculada ao projeto de pesquisa “Ensino de Ciências


na Educação Básica”, sob o título “A formação dos normalistas e o ensino de Ciências:
saberes e práticas”, aprovado pelo programa Ciência na Escola - MCTIC/CNPq Nº
05/2019 e vinculado ao projeto institucional “Educação em Ciências: Ensino e
Aprendizagem, articulações entre pesquisa e práticas profissionais”, junto à
Universidade do Vale do Taquari - UNIVATES, na cidade de Lajeado, no Vale do
Taquari, Rio Grande do Sul.

O projeto de pesquisa tem como objetivo principal, investigar como as práticas


e saberes docentes de Ciências, podem contribuir para a formação de estudantes de
um curso de Ensino Médio Normal. Com o intuito de reforçar as atividades práticas dos
Normalistas e fortalecer vínculos com este modelo de instruções, as atividades que
estão sendo desenvolvidas visam experimentar e contribuir com a formação inicial
destes estudantes, com novas vivências e, instigando os estudantes quanto à
formulação de respostas, bem como, novos questionamentos.

Neste contexto, a pesquisa propende a trabalhar com metodologias ativas de


ensino e de aprendizagem, alfabetização científica e experimentação, envolvendo
práticas para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Tais temáticas estão
diretamente ligadas à Ciência, abrangendo e possibilitando a flexibilização para as
demais áreas de estudo, e relacionando uma com as outras.

O Ensino Médio na modalidade Normal visa formar estudantes para atuar como
docente nas áreas da Educação Infantil e Séries iniciais do Ensino Fundamental,
conforme Resolução da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de
Educação - RESOLUÇÃO CEB Nº 2, de 19 de abril de 1999 (BRASIL, CNE, 1999).
Dessa forma, é importante que os normalistas tenham vivências significativas
relacionadas ao ensino de Ciências, para que possam, durante a docência
proporcionar momentos como esses para seus alunos, até porque, estes estudantes do
Ensino Médio Normal serão os primeiros professores dos nossos alunos e com certeza,
farão a diferença na vida deles.

Tais atividades foram desenvolvidas no componente curricular Didática das


Ciências da Natureza. A didática, de modo geral, tem por objetivo desenvolver métodos
de ensino para dar conta de aprendizagens, fazendo com que o futuro docente saiba
transpor conhecimentos específicos das áreas do conhecimento de acordo com o nível
de ensino e o ano correspondente. Assim, a Didática das Ciências da Natureza, deve
abordar conhecimentos de Química, Física e de Biologia, para dar conta das
aprendizagens destas disciplinas.

Na sequência, serão abordados os referenciais que embasam teoricamente


este trabalho, além de trazer a metodologia utilizada e alguns resultados já alcançados
até o momento da escrita deste relato, seguidos de algumas considerações do grupo
de pesquisadores.

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APORTES TEÓRICOS

As atividades baseadas na experimentação, metodologias ativas e


alfabetização, para os anos iniciais proporcionam aos estudantes uma aprendizagem
muito mais relevante e vem ao encontro dos documentos norteadores da Educação
Básica em âmbito Nacional. Nesse sentido, Sasseron e Machado (2017, p. 10), trazem
que:

[...] o ensino das ciências deva ocorrer na articulação com outros campos de
saber e que “precisa assegurar aos alunos do Ensino Fundamental o acesso à
diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem
como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e
procedimentos da investigação científica.

Para tanto, procuramos proporcionar aos estudantes do Ensino Médio Normal,


vivências diferenciadas, que abordem práticas experimentais e visem aproximar
conceitos científicos com o meio em que estes estudantes estão inseridos. Nesse
sentido, visamos buscar por novas metodologias de ensino que contribuam com o
processo de aprendizagem dos estudantes, buscando contemplar a investigação desde
os Anos Iniciais, viabilizando a alfabetização científica, possibilitando que os saberes
docentes sejam desenvolvidos ao longo da formação em um processo contínuo de
ação-reflexão-ação na prática docente (TARDIF, 2012).

Acreditamos que a motivação para o aprendizado direcionado de Biologia,


Química e Física no Ensino Médio dependa de como o aluno percebe as Ciências nos
Anos Iniciais. Gonçalves e Galiazzi (2004, p. 242) corroboram:

Entendemos que enriquecer as teorias pessoais sobre experimentação dos


futuros professores, professoras em exercício e formadores evidencia a
necessidade de problematizar seus entendimentos sobre ensino,
aprendizagem e natureza da Ciência. É preciso compreender que as
aprendizagens dos alunos são favorecidas pela mediação, sendo essa, no
nosso entendimento, um processo dinâmico permeado pelas ferramentas
culturais, entre elas o diálogo crítico, a leitura e a escrita. Nesse processo de
mediação apontamos para a importância de o professor propor desafios aos
seus alunos, sem desconsiderar os tempos diferenciados de aprendizagem, o
que pressupõe reconhecer os tempos diferenciados de aprendizagem.

A experimentação nos anos iniciais acaba por ser imprescindível, pois as


atividades desenvolvidas com as crianças precisam evidenciar a relação com os
conceitos específicos de Biologia, Química e Física, os quais são abstratos para a faixa
etária. Sendo assim acreditamos que os docentes dos anos iniciais deveriam ter uma
formação que contemplasse a abordagem dos componentes curriculares que compõem
a área das Ciências da Natureza de modo a estarem melhores preparados para o
cotidiano da sala de aula. Entendemos a necessidade de abordar teoria e prática tendo
em vista possibilitar a interação das crianças com atividades concretas para a
elaboração dos conceitos.

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Ademais, para podermos evidenciar tais conceitos tão importantes para essa
faixa etária, é de suma importância que trabalhemos com metodologias que
proporcionem aos alunos um ambiente ativo de ensino de aprendizagem. Quando
trabalhamos com metodologias ativas, o conhecimento é construído de forma
colaborativa, desenvolvendo no estudante a criatividade, a capacidade de trabalhar em
grupos, a criticidade, a autonomia, a curiosidade, entre outras.

Ainda, para Ffiedl (2016, p. 31), quando trabalhamos com metodologias ativas,
“uma parte importante do papel do professor é estimular ideias e fazer conexões na
aprendizagem das crianças enquanto trabalha ao lado delas, por meio de perguntas,
fornecendo recursos e fazendo sugestões em resposta às ideias infantis”. Em adição,
para Diesel, Baldez e Martins (2017), as metodologias ativas visam estimular a
autoaprendizagem e a curiosidade do estudante e os professores devem refletir
continuamente sobre a própria prática.

Dessa forma, o professor deve diversificar os saberes essenciais à sua prática,


sempre buscando novos caminhos que foquem no protagonismo de seus estudantes,
desenvolvendo neles motivação e autonomia constantemente. Além disso, o ambiente
de aprendizagem é extremamente relevante para que os estudantes se tornem
aprendizes ativos. Vickery et al. (2016), no que se refere ao ambiente ativo para a
aprendizagem das crianças, traz algumas diretrizes que os professores devem seguir
para que elas se tornem aprendizes ativos:

Organize espaço flexível no interior e no exterior, onde as crianças possam


explorar, construir, mover-se e interpretar papéis; planeje experiências de
primeira mão e desafios apropriados para as crianças; observe o que desperta
a curiosidade das crianças, procurando sinais de envolvimento para identificar
a aprendizagem que é intrinsecamente motivada; assegure-se de que as
crianças tenham tempo e liberdade para tornar-se profundamente envolvidas
nas atividades; construa oportunidades para as crianças brincarem com os
materiais antes de usá-los em tarefas planejadas; estabeleça as condições
favoráveis para a riqueza de jogos e brincadeiras: espaço, tempo, recursos
flexíveis, escolha, controle, relacionamentos carinhosos e incentivadores
(VICKERY et al, 2016, p. 28-29).

A aprendizagem baseada em metodologias ativas, relaciona diretamente o


professor reflexivo, que reflete sobre a própria prática e o estudante reflexivo, para
tanto, um é condicionante do outro, respectivamente, pois para que nosso estudante
seja reflexivo, primeiramente nós, professores devemos ser reflexivos.

A capacidade de refletir de forma significativa é uma habilidade desejável para


qualquer educador, já que isso lhes permite desenvolver e aperfeiçoar sua
prática profissional. O processo de reflexão exige pensamento e
questionamento sistemáticos. Refletir sobre seu papel como questionador
requer o conhecimento e a transparência em relação ao que você está
tentando alcançar e os processos que lhe permitirão ser bem-sucedido
(VICKERY et al., 2016, p. 73).

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Para tanto, os questionamentos que são abordados pelo professor durante um


exercício possibilitam ao estudante uma aprendizagem reflexiva. Segundo o mesmo
autor, para que as crianças se tornem estudantes ativos, elas também precisam refletir
sobre como, por que e em que nível elas se envolveram com a aprendizagem e onde
querem chegar.

Dentre outras estratégias e habilidades para uma aprendizagem baseada em


metodologias ativas, Vickery et al. (2016) sugere que o professor deve realizar
intervenções eficazes na sua prática; ter um bom planejamento para o questionamento;
o tempo de espera certo entre um e outro questionamento ao estudante; e, afirmações
provocativas.

Neste contexto, a alfabetização científica (AC) corrobora com as metodologias


ativas. Concebemos a alfabetização científica como fundamental na formação do
cidadão, por esta razão, entendemos que discutir este tema com os alunos do curso
Normal, na escola básica, torna-se muito relevante. O grupo de investigação,
proponente do projeto, corrobora com o entendimento de Alfabetização Científica de
Sasseron e Machado (2017, p. 13)

[...] como um processo que se inicia na vida de cada um, que pode ser mais
bem sistematizado na escola, mas que, certamente, não se restringe ao
espaço escolar, pois é destinado às ações que um indivíduo desempenha em
outros âmbitos e espaços de sua vida.

Segundo Demo (2010) o maior desafio no processo de alfabetização científica


é a própria docência. Geralmente os estudantes são o reflexo do professor que eles
tiveram. Para tanto, antes de alfabetizar cientificamente os mesmos, precisamos nós
sermos alfabetizados. Para o autor:

Para que a educação científica tenha o devido impacto estrutural, a condição


primeira é reconstruir outras estratégias de aprendizagem que não sejam
instrucionistas e reprodutivas. [...] Conhecimento reproduzido é mera
informação [...] (DEMO, 2010, p. 58).

O necessário é repensar as práticas educativas e iniciar com o processo de


transformação do ensino já na formação inicial, educando e alfabetizando
cientificamente os docentes para que eles possam “saber fazer” Ciências. A proposta
deste trabalho vem ao encontro do que sugere os autores, pois antes dos estudantes
do Ensino Médio Normal irem para a sala de aula, nos estágios curriculares, eles terão
acesso a novas metodologias de ensino e irão elaborar planos de aulas que versam
sobre alfabetização científica, experimentação e metodologias ativas para os anos
iniciais do Ensino Fundamental.

Para tanto, o grupo de pesquisa entende a importância de trabalhar com os


estudantes de Ensino Médio Normal, os conceitos de alfabetização científica e
experimentação, com práticas calcadas nas metodologias ativas, para que estes
futuros professores possam vivenciar a importância destes conceitos na prática

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cotidiana. E, na sequência, estaremos apresentando o trabalho realizado com os


estudantes na realização de planos de aula que integrem os conceitos já trabalhados
com as habilidades pretendidas para os anos iniciais do Ensino Fundamental.

METODOLOGIA

Este estudo baseou-se em uma estratégia qualitativa de pesquisa. A pesquisa


qualitativa, segundo Lüdke e André (2013), supõe o contato direto e prolongado do
pesquisador e o ambiente e a situação que está sendo investigada, sendo assim, a
pesquisa nos possibilitou analisar o processo desenvolvido dentro do ambiente escolar,
durante as aulas de Didática das Ciências da Natureza.

Neste contexto, os sujeitos desta investigação foram os estudantes do terceiro


ano do Ensino Médio do Curso Normal do Instituto Estadual de Educação Estrela da
Manhã (IEEEM), localizado na cidade de Estrela no estado do Rio Grande do Sul.

Para a coleta de dados partimos dos textos e planos de aulas produzidos,


diários, filmagens e gravações das atividades desenvolvidas. As atividades realizadas
com os estudantes foram organizadas em cinco etapas, propostas a partir das
Metodologias Ativas de Ensino e de Aprendizagem, utilizando a estratégia
Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Segundo Souza e Dourado (2015,
p.184):

Em concurso com essas várias definições, apresentamos a ABP como


estratégia de método para aprendizagem, centrada no aluno e por meio da
investigação tendo em vista a produção de conhecimento individual e grupal,
de forma cooperativa, e que utiliza técnicas de análise crítica, para a
compreensão e resolução de problemas de forma significativa e interação
contínua com o professor tutor.

Na primeira etapa foi realizado um estudo teórico sobre os termos


alfabetização científica, experimentação e metodologias ativas, com a finalidade de os
estudantes se aproximaraem dos termos e verificarem à importância deles no Ensino
de Ciências. Foram realizadas leituras e mediados debates sobre estes temas. Neste
momento, visamos o entendimento por parte dos estudantes destes conceitos, dentro
do seu contexto escolar.

Na segunda etapa, propusemos a resolução de uma situação problema, que


levava em consideração o fato de uma escola não prover de aparatos tecnológicos e
científicos, mas na vontade de uma professora de fazer ciência através da
experimentação e convencer seus colegas de que isto era possível. Os normalistas
apresentaram possíveis soluções para este contexto.

Depois disso, na terceira etapa, os estudantes, em duplas, construíram um


plano de aula. Neste plano, eles deveriam propor uma atividade prática de
experimentação, pensada para alunos dos anos iniciais. A atividade foi desenvolvida

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utilizando o modelo de plano de aula exemplificado na Imagem 1, o qual já estava


sendo utilizado com os estudantes.

Imagem 1: Modelo do plano de aula que foi elaborado pelos estudantes de ensino médio normal.

Fonte: Dos autores (2021).

Conforme evidenciado na imagem anterior, os estudantes deveriam inciar o


preenchimento do plano de aula com o nome dos integrantes do grupo que estava
elaborando o plano de aula, seguido dos dados de identificação da turma e escola que
poderia ser realizada a atividade.

Na sequência, deveriam fazer o preenchimento do quadro com os dados


referentes a unidade temática, os objetos do conhecimento e as habilidades que
estariam sendo desenvolvidas naquela atividade proposta, tomando como alicerce o
proconizado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), conforme sugerida por
(BRASIL, 2017).

Logo após, deveriam trazer a experiência de aprendizagem, que nada mais é


do que como será realizada a atividade e a organização dela. Ainda, o plano de aula,
deveria contar com uma previsão das etapas a serem seguidas pelos professores com

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seus alunos dos anos iniciais, as quais poderiam ser ampliadas, conforme o
rendimento de cada turma.

Para completer, os estudantes e futuros professores, no plano de aula,


deveriam contemplar quais seriam os recursos didáticos utilizados naquela proposta.
Para tanto, foi solicitado que os estudantes descrevessem com com detalhes os
recursos e de qual forma deveriam ser utilizados para atenderem a proposta da
atividade elaborada por eles.

E por último, deveria estar contemplado no plano o relatório da aula. Neste


momento os estudantes deveriam relatar como foi a experiência deles realizando a
atividade, se precisava ser alterada alguma coisa no plano, e ainda, quais os
questionamentos que o professor deveria estar realizando ao alunos dos anos iniciais
no decorrer da atividade, para que as habilidades fossem contempladas.

Durante o processo de construção dos planos de aula com experimentações,


foram elaborados treze planos de aula com estudantes de duas turmas de terceiro ano
do Ensino Médio Normal. Destes, foram três planos de aula para o primeiro ano, três
para o segundo e três para o terceiro ano, já para o quarto ano, foram elaborados
quatro planos de aula.

Além disso, vale ressaltar que o ano e o eixo temático foi sorteado entre os
alunos, após a construção dos grupos, com a finalidade de contemplar todos os eixos
temáticos, porém não conseguimos realizer ativiades para o quainto ano, por não
termos grupos de alunos suficiente. Na sequência, estaremos apresentando a imagem
com a organização dos títulos dos planos de aula elaborados pelos estudantes.

Imagem 2: Tabela utilizada na organização dos trabalhos realizados.

Fonte: Dos autores (2021).

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Na quarta etapa, realizamos uma apresentação destes resultados com as duas


turmas participantes na pesquisa no auditório central da escola. Neste momento, cada
grupo apresentou seu plano de aula e trouxe os materiais que seriam utilizados para a
realização da proposta.

Imagem 03: Foto da apresentação do trabalho dos planos de aula realizados.

Fonte: Dos autores (2021).

Imagem 04: Foto da apresentação do trabalho dos planos de aula realizados.

Fonte: Dos autores (2021).

Para a quinta e última etapa, o grupo de pesquisa está desenvolvendo um blog


com as atividades pensadas pelos estudantes do Ensino Médio Normal. Estas
atividades estarão disponíveis para que estes estudantes, no decorrer de seus estágios
curriculares possam estar utilizanso como fonte de pesquisa e busca de ideias para
trabalhar as diferentes habilidades no Ensino de Ciências da Natureza nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, o blog será disponibilizado na escola para
que outros estudantes possam se apropriar deste conteúdo, possibilitando novas
vivências a partir daquelas ali propostas.

Na sequência, serão apresentados alguns resultados das etapas evidenciadas


nesta metodologia.

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RESULTADOS

Em todas as atividades desenvolvidas, buscamos colocar os estudantes como


autores das suas descobertas. As atividades realizadas apresentaram bons resultados
na compreensão de atividades, as quais versam sobre as metodologias ativas e na
resolução e entendimentos de questões que visam incentivar a produção de atividades
significativas para os alunos.

Na primeira etapa, atividade desenvolvida com os conceitos de Alfabetização


Científica, Experimentação e Metodologias ativas, as alunas apresentaram aos colegas
o que entenderam sobre estes termos, em uma apresentação onde utilizamos a
proposta de sala de aula invertida. As trocas de experiências proporcionadas nesta
atividade, possibilitaram uma visão de todos os conceitos, além de discutirem quais
eram os conceitos que eles já conheciam e o que achavam mais significativo para a
sua aprendizagem, e, quais as possibilidades de colocá-los em prática com seus
futuros alunos.

O trabalho com situações problema, na segunda etapa, permitiu aos


estudantes criar soluções para um desafio, onde ele estará como protagonista da
proposta. Neste trabalho, eles puderam se colocar no lugar da professora e construir
argumentos que convencessem os professores da situação problema à fazer Ciência
através da experimentação.

Santos e Silva (20018), colocam que a Alfabetização Científica precisa vir de


uma abordagem problematizadora, tornando o estudante capaz de criar e pensar,
discutir soluções. Nesta atividade os estudantes puderam criar suas soluções e discutí-
las com os colegas e aprenderam uma forma de atividade a de situação problema, que
pode ser adaptada e utilizada mais tarde em suas aulas.

Na terceira etapa, a produção de planos de aula, foi construída com base nos
eixos temáticos que a BNCC traz para o ensino fundamental, onde cada dupla teve um
eixo temático e ano da turma sorteado para desenvolver o trabalho. Então, escolheram
uma habilidade a ser trabalhada.

No decorrer da atividade proposta pela terceira etapa, os estudantes


descreveram o experimento, realizaram a experimentação, além de produzirem fotos e
vídeos do mesmo. Também acrescentaram uma maneira de como sistematizar e
flexibilizar o conteúdo para as diversas turmas dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, partindo de questionamentos do professor.

Na apresentação dos trabalhos, evidenciado na quarta etapa, os estudantes


trouxeram seus relatos de como foi confeccionar o material, preparar o experiment e
realizar a atividade. Neste momento, por terem vivenciado a atividade por eles
pensada, puderam perceber o que deu e o que não deu certo, além disso, trouxeram

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soluções sobre a maneira que poderiam modificar o


experimento para atender as necessidades da habilidade proposta.

Foi possível observar o quanto os estudantes compreenderam a importância


das metodologias ativas no Ensino de Ciências. Do quanto aprenderam com o
experiment e com a preparação do mesmo. Além disso, ficou perceptível a importância
do planejamento, da testagem e do preparo dos experimentos antes de levá-los para a
sala de aula.

Na quinta etapa, quanto ao blog que está sendo desenvolvido um blog com
todos os planos de aula elaborados pelos estudantes. Para isso, todos os planos foram
revisados e corrigidos pelo grupo de pesquisadores, para poderem estar contemplados
no blog. Este visa trazer um conteúdo de busca de propostas de experimentações para
algumas das habilidades que devem ser desenvolvidas com os alunos dos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental da Educação Básica.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Para concluir, salientamos que as atividades desenvolvidas demonstrou aos


estudantes de Ensino Médio Normal diferentes técnicas para o desenvolvimento de
suas práticas docentes com os anos iniciais, colocando como prioridade as atividades
baseadas na experimentação, metodologias ativas e alfabetização científica. Ainda, a
análise e discussões dos temas, oportunizou aos estudantes o entendimento sobre os
processos de metodologias ativas de ensino e de aprendizagem, enfatizando a
importância destes métodos no Ensino de Ciências, tanto para os Anos Iniciais, quanto
para outros níveis de ensino.

Dessa forma, as práticas realizadas mostraram o quanto é importante o


planejamento, a experimentação e a observação dos processos experimentais pelos
professores, antes de chegar na sala de aula e realizar com seus alunos. Além disso,
proporcionou aos estudantes e futuros professores a verificação e testagem dos
experimentos por mais de uma vez, mostrando assim a importância de vivenciar antes
a prática pensada.

REFERÊNCIAS

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Acesso em: Março 2021.

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Ministério da Educação, Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
Acesso em: Dezembro/2020.

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DEMO, Pedro. Educação e Alfabetização Científica.


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