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O Estudo do Meio vem crescendo como prática educacional e hoje faz parte dos
cronogramas de muitas Escolas do Ensino Primário e Secundário em muitos países e em
particular em Angola.
As actividades de Estudo do Meio permitem que os alunos vivenciem os conteúdos
conhecidos nas disciplinas escolares, como Biologia, Física, Química, Estudos Sociais,
Geografia, Geologia, Língua Portuguesa, História, Artes, entre outras.
O importante é entender o meio para assim expor os diversos temas ao aluno, de
forma concreta e diferente daquela com que são trabalhados em sala de aula,
proporcionando alternativas criativas para o estudo.
O ensino de Ciências da Natureza tem sido muito superficial e o professor, muitas
vezes transcreve no quadro preto listas de exercícios para as crianças estudarem para as
provas escritas, cabendo a elas decorar conceitos.
As práticas de laboratório ou mesmo as experiências em sala de aula, quando
realizadas, nem sempre contribuem para a construção de outros conhecimentos, pois
podem não favorecer a reflexão por parte do sujeito da aprendizagem de modo que este
possa, de facto, mobilizar o conhecimento científico em suas leituras de modo, atribuindo
significado àquilo que lhe é ensinado.
As crianças a partir de 5-6 anos ao ingressarem na escola, já têm capacidade
intelectual para aprender Ciências Naturais e, inclusive, fazer experimentação. “O desafio do
educador é despertar a curiosidade e prover condições para que actue com sucesso”.
O Estudo do Meio como Ciência de ensino e aprendizagem(Metodologia E.M),
apresenta vantagens quando comparado as metodologias “tradicionais”, não só pelo factor
de buscar outros espaços para ensinar, mas principalmente por interagir com outras
disciplinas e a partir desta interação mostrar que o conhecimento se apresenta
compartilhado e não fragmentado como é apresentado nas diversas disciplinas. Assim
busca-se com a aplicação desta metodologia, um instrumento capaz de proporcionar a
motivação necessária para que o ensino e a aprendizagem sejam efetivos, pois professores e
alunos passam a compartilhar o conhecimento de maneira livre e sábia.
É importante que o aluno conheça os objectivos a serem atingidos de modo a
aproveitar melhor o momento no espaço escolhido e desfrutar o conhecimento de forma
diferente. Além disso, entendendo que o lazer está compreendido na cultura e que é
possível educar por meio dele (o que o torna relevante como possibilidade pedagógica no
Estudo do Meio), podemos buscar características importantes para o desenvolvimento
integral do aluno nessa metodologia de ensino.
Hoje em dia podemos observar que para determinadas escolas e agências, Estudo do
Meio é prioritariamente “conteudista”, ou seja, o objectivo principal é o conteúdo e não a
forma pela qual é desenvolvido, o prazer pela vivência do conteúdo. Porém, se o conteúdo
for estimulado de forma diferenciada, poderemos ensinar apoiados no lúdico, também por
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meio de vivências, brincadeiras, jogos etc. Partindo desse pressuposto, questões relativas ao
lazer e ao lúdico poderiam ser mais exploradas nos diferentes “roteiros” de Estudo do Meio,
não com a intenção de torná-los melhores, e, sim, mais completos, de acordo com a
quantidade e qualidade das informações e a forma de transmissão/construção das mesmas
com os alunos, valorizando não só o produto, mais o processo de ensino-aprendizagem.
Com a área do estudo do Meio em Angola, pretende-se desenvolver aos alunos do
Ensino Primário as capacidades de observação, relacionamento e favorecer a sua integração
social tendo como objectivo integrar a criança no conhecimento sistematizado do meio que
o rodeia. O Estudo do Meio é apresentado como uma área para a qual concorrem conceitos
de varias disciplinas científicas como a História, a Geografia, as Ciências da Natureza, a
Etnologia, a Física, a Química e a Biologia, e ainda aspectos que tem a ver como com a Moral
e o Civismo procurando contribuir para a compreensão progressiva das inter-relações entre
a Natureza e a Sociedade.
Entre os outros objectivos do Estudo do Meio destaca-se desenvolver alguns
processos simples de reconhecimento da realidade envolvente tais como; observar,
descrever, formular problemas, avançar possíveis respostas ensaiar, verificar, assumindo
uma atitude permanente de pesquisa e experimentação.
No entanto, a formação dos professores constitui um factor de grande relevância no
quadro de problemas percebidos no Ensino de Ciências. Sabe-se que o professor termina o
curso de Magistério e a licenciatura em Pedagogia, geralmente sem a formação adequada
para ensinar Ciências Naturais. Desse modo, as suas aulas, se consubstanciam apenas em
aulas de Ciências predominantemente teóricas, em que se privilegiam livros-textos que, por
vezes, são descontextualizados.
Tendo em conta as quatro dimensões para a selecção dos conteúdos, o Estudo do meio
caracteriza-se por:
Uma vasta abrangência mas de reduzida profundidade, abarcando apenas conceitos
de diversas disciplinas científicas,
Tende a articular-se com as outras áreas de ensino, como a Matemática e
“essencialmente a Língua Portuguesa;
Apresenta-se de forma sequencialmente mais aprofundada mas a partir da 1ª classe;
Engloba de forma equilibrada os aspectos do meio físico e do meio social, bem como
as interacções entre ambas.
O estudo do meio, sendo uma vasta área de ensino, requer a participação de diversas
disciplinas – História, Geografia, Ciências da Natureza, Etnologia, Física, Química e Biologia.
Elas relacionam-se de forma Multidisciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar,
transdisciplinar, ou ainda como integração disciplinar.
Multidisciplinar – é entendida como justa posição de disciplinas diversas as vezes
sem relação aparente entre elas.
Pluridisciplinar – entende-se como justaposição de disciplinas mais ou menos
próximas nos seus campos de conhecimento. A pluridisciplinar, caracteriza-se pela
participação de várias disciplinas, desenvolvendo uma discussão onde cada parceiro
apresenta o seu ponto de vista sobre um mesmo objecto de análise.
Interdisciplinar – a interdisciplinaridade não se contenta com uma simples
participação de diferentes disciplinas, pois ela procura utilizar esta participação
diversa, para tentar operar uma síntese entre os métodos utilizados, as leis
formuladas e as aplicações propostas. A interdisciplinalidade implica a reorganização
do processo de ensino e aprendizagem, pressupõe um trabalho contínuo de
cooperação entre os professores envolventes.
Transdisciplinar – pressupõe a unificação de duas ou mais disciplinas tendo como
base a explicitação dos seus fundamentos comuns, a construção de uma linguagem
comum a identificação de estruturas e mecanismos comuns de compreensão do real,
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São diversas as técnicas para poder emergir as concepções dos alunos. Mas o
questionário e o desenho são os métodos mais frequentemente utilizados, quando se
trabalha com os alunos mais pequenos que ainda não sabem escrever ou têm muitas
dificuldades em faze-lo. No entanto a melhor maneira é recorrer ao desenho e ao diálogo ou
entrevista.
Exemplo:
Perguntar aos alunos a definição de certos termos técnico-científicos.
Pedir aos alunos para fazerem um desenho representando um elemento ou um
fenómeno científico.
Fazer questões sobre factos pontuais.
Partir de um esquema ou duma fotografia e pedir para os alunos comentarem.
Colocar os alunos em situação de pensarem pela negativa (ex. e se isso não
existisse?).
Fazer uma experiência que espante os alunos (obtendo um resultado não esperado)
e pedir-lhes que proponham hipóteses para explicar os resultados não esperados.
Colocar os alunos numa situação de escolherem de entre diferentes modelos
analógicos aquele que melhor ajude a compreender o fenómeno em estudo.
Propor aos alunos construírem um modelo analógico que ajude compreender
fenómeno em estudo (é como…).
Neste sentido consideramos que a figura abaixo, justifica as duas formas principais de
organizar as aulas de Estudo do Meio: Estudo de Campo (actividades práticas e
experimentais) e o trabalho cooperativo. O aprender cumprir regras, o assumir que se tem
responsabilidades (deveres)mas tambémregalias (direito).
cumprimento de regras torna-se imprescindível. Tais regras derivam dos seus direitos mas
também dos seus deveres, devendo ser estabelecidas não apenas por elas mas com a sua
participação activa. Neste sentido, o aluno tem o direito de ser ensinado mas também a
responsabilidade de aprender.
Regras
Os 3 Rs
(Deveres) (Direitos)
Responsabilidades Regalias
O Estudo do Meio tem fortes relações com a Educação Ambiental. Nesta idade, os
alunos ao frequentarem a escola primária desenvolvem também hábitos de vida que podem
contribuir para uma educação orientada ao desenvolvimento sustentável. No Ensino
Reutilizar Reciclar
Reduzir
Figura 2.2-Os “3 Rs” da Educação Ambiental
No entanto é importante Ensinar a criança a ter uma visão ampla sobre o meio, e que
siga exactamente uma lógica de alargamento progressivo de horizontes; ensinando-a, 1) do
próximo para distante, 2) do familiar para o desconhecido, 3) do presente para o passado, 4)
do eu para os outros.
1. Do próximo para distante: muitas vezes um aluno nos primeiros quatro anos de
escolaridade fica limitado em conhecer outras localidades ficando com
conhecimentos muito limitados se não lhe for apresentado outros exemplos de
outros locais, sobretudo de meios audiovisuais, para um conhecimento diversificado
sobre o meio.
2. Do familiar para o desconhecido: muitas vezes, o desconhecido, o exótico, motiva
muitas mais as crianças do que o que se encontra no seu meio próximo. Nem sempre
o que está próximo é o que melhor se conhece, e o que está em causa são os
conhecimentos da criança; as aprendizagens novas têm que se ancorar em
aprendizagens já existentes.
3. Do presente para o passado: neste aspecto, a compreensão do passado pela criança
pode recuar muito pouco no tempo, mas várias actividades podem ajudar a
promover essa compreensão. Quanto a motivação, de modo geral as crianças
interessam-se por temas do passado remotíssimo.
4. Do eu para os outros: a construção do eu é um processo muito complexo e só se
desenvolve em relação com os outros. De um ponto de vista mais prático e sensível,
por vezes pode não ser adequado partir, por exemplo, do estudo da família dos
alunos, mas de outras famílias conhecidas, não se começar, por exemplo, pela
higiene do seu corpo, mas pela higiene de grupos (por exemplo, pela higiene na sala
de aula), se houver problemas relacionados com deficiências físicas, por exemplo.
3.5.2- Documento
A documentação é fundamental para o desenvolvimento de uma actividade de
investigação. Pois os professores ao porem em execução actividades investigavas,
experimentais, de campo, precisão fazer o enquadramento teórico.
Pretende-se em todos os níveis de ensino, mesmo antes de conseguirem ler fluentemente,
os alunos a partir dos documentos próprios para a faixa etária, possam compreender o
contexto da investigação e consigam interpretar os resultados. A documentação não é para
ser simplesmente usada para ser copiada mas antes para fornecer informações úteis para a
actividade de investigação em causa.
É aconselhável que o aluno tenha um caderno de registo para o estudo do meio, para
guardar os seus desenhos, esquemas, questões, tabelas, gráficos e outras anotações
diversas. Este caderno é pessoal “apenas do aluno”, é uma sebenta do próprio aluno. Não
está sujeito a correcções de erros ortográficos, de interpretações ou de outros tipos de
erros, por parte do professor.
Caderno diário: é caderno da sala de aulas, deverá ser seguido pelo professor, com
correcções devidas.
O aluno terá de lidar com dois tipos de cadernos: um, dos seus próprios registos e o
outro, caderno diário da sala de aula. Cabe ao professor, guiar os alunos no sentido de lhes
dar indicações do que devem registar no caderno diário; neste caderno poderá constar a
síntese das observações, dos resultados das interpretações e dos novos conhecimentos
adquiridos. Enquanto o caderno de registo fornece ao professor informações, se quiser fazer
um avaliação de como os alunos tem vindo acompanhar as aulas, como tem interpretado os
assuntos tratados na aula.
Os objectivos de expressão; são mais evocativos que prescritos e, ao nível dos resultados,
não procuram a uniformidade mas sobretudo a diversidade. Exemplo;
Escolher um itinerário de estudo na cidade;
Construir a partir de um texto um organigrama/mapa de conceitos, colocar em
evidência as inter-relações dos factos.
5.1- Os Métodos
Método- o significado da palavra método é: caminho a seguir para alcançar um fim. A
palavra método é de origem grega: methodos – odos (caminho) meta (para). Podemos
conceituar método como sendo um roteiro geral para a actividade.
O método indica as grandes linhas de acção, sem se deter em operacionalizá-las.
Podemos dizer que o método é um caminho que leva, até certo ponto, sem ser o veículo de
chegada, que é a técnica.
Técnica – é a operacionalização do método. Se um professor, por exemplo, quer
utilizar um método activo para atingir os seus objectivos poderá operacionalizar esse
método através da utilização das diferentes técnicas de dinâmica de grupo.
Procedimentos- maneira de efectuar alguma coisa consiste em descrever as
actividades desenvolvidas pelo professor e as actividades desenvolvidas pelos alunos.
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Na Metodologia do Estudo do Meio, fica uma tarefa muito difícil em determinar quais
métodos que se adequam a esta disciplina de caracter inter/multidisciplinar. Mas pode-se
abordar alguns métodos, estratégias ou técnicas que são específicas nas disciplinas de
História e Geografia.
Por exemplo na construção da árvore genealógica e linhas de tempo, integram-se
variadíssimos métodos. Mas em especial, aplicam-se métodos que envolvem a pesquisa. E
em relação a Geografia, em especial a construção e interpretação de mapas e o
desenvolvimento de capacidades de observação, associam-se também vários métodos, em
especial os do trabalho de campo/observação directa.
No Ensino de Estudo do Meio é muito importante o professor fazer o exercício de
análise de gravuras (visão geral da figura, observação/interpretação de aspectos formais e
gerais, síntese-retorno a uma visão geral e actividades lúdicas); análise de objectos, análise
de narrativas (episódios); diálogo na sala de aula; o uso e construção de mapas; aquisição e
desenvolvimento de conceitos.
Aproximar o aluno da realidade do que se quer ensinar, dando-lhe noção mais exacta
dos factos ou fenómenos estudados;
Motivar a aula;
Facilitar a percepção e compreensão dos factos e conceitos;
Concretizar e ilustrar o que está sendo exposto de forma verbal;
Economizar esforços para levar os alunos à compreensão de factos e conceitos;
Dar oportunidade de manifestação de aptidões e desenvolvimento de habilidades
específicas com o manuseio ou construção de aparelhos por parte dos alunos.
O material didáctico, para ser realmente auxiliar eficiente do ensino deve:
Ser adequado ao assunto da aula;
Ser de fácil apreensão e manejo;
Estar em perfeito estado de funcionamento, tratando-se principalmente de
aparelhos, pois nada mais diverte e dispersa a turma do que os “enguiços” na demonstração.
Não há uma classificação única dos meios de ensino, universalmente aceite. Algumas
dessas classificações são bastante incompletas. Tradicionalmente os meios de ensino são
classificados da seguinte maneira:
Outra classificação bastante utilizada é a de Edgar Dale. Esse autor propôs o “cone de
experiências”, no qual hierarquiza os vários recursos em função do grau de abstracção.
Parte do imediatamente vivencial e, através de várias instâncias, chega ao simbólico
abstracto.
Esta classificação tem a vantagem de destacar que o ensino puramente verbalista
(emprego de palavras vazias de experiência) deve ser evitado. Isso porque a aprendizagem é
tanto mais eficaz quanto mais se possa realizar uma experiência directa. E a utilização de
recursos ajuda a proporcionar aos alunos tais experiências.
Assim, o cone de experiências apresenta os meios de ensino, desde os mais
abstractos (vértice) aos mais concretos (base).
Abstracções
(teóricos) (alunos com maior n.º de
Símbolos conceitos e factos)
verbais
Símbolos visuais
Imagens fixas
Cinema
Televisão
Exposição
Excursão
Demonstração
Dramatização
Experiência simulada
Experiência directa
A análise de Dale, considera que a fonte de estímulo, é feita com base nos níveis de
abstracção, indo desde a experiência directa, real, até o mais afastado meio de representá-
la, que é a simbolização oral. Apresenta o referido autor, assim, em ordem de abstracção
crescente as maneiras como um facto pode chegar a impressionar o homem.
Cabe ao professor, dentro das possibilidades da escola, relacionar os recursos mais
adequados para impressionarem os alunos, de maneira a possibilitar-lhes vivências, através
dos quais possam realizar mais eficiente aprendizagem:
Experiência directa– o contacto directo com o fenómeno é a melhor forma de
aprendê-lo, uma vez que é percebido como ele se processa realmente. A melhor forma de
possibilitar a apreensão de um fenómeno é fazer o aluno participar do mesmo. Cuidar de
hortas, jardins, estagiar em oficinas, produzir algo, demonstrar ou montar um mecanismo e,
pô-lo a funcionar, são as melhores formas de aprender;
Experiência simulada– não sendo possível levar sempre o aluno a ter uma
experiência directa, é possível recorrer a outros meios que o aproximem da realidade do
fenómeno. É o caso das diferentes representações que podem ser utilizadas na aula
(representação do eclipse utilizando uma lâmpada e esferas que representem os astros);
Dramatização– consiste em representar um facto ou fenómeno através de
desempenhos teatrais. O ensino da História, da Música e da Literatura muito se beneficia
com essa forma de representar a realidade. A dramatização é meio de comunicação, tanto
para quem representa como para quem a ela assiste;
Demonstração – nessa forma de comunicação procura-se explicar, com detalhes o
processamento de uma actividade, o funcionamento de algum engenho ou o desenrolar
lógico de uma tese;
Visitas e excursões– facilitam a percepção de fenómenos físicos, sociais ou mesmo
culturais, que de outra forma seria difícil realizar na sala de aula. As visitas e excursões
proporcionam ao aluno a observação de certos fenómenos directamente, ao mesmo tempo
que propiciam vivências motivadoras. Os alunos são levados a um contacto directo com
locais estimuladores e que provocam trabalhos mais autênticos em classe;
Exposições– reúnem em um só local, amostras e exemplares de produções
industriais, artísticas ou naturais, que se espalham por vastas zonas, e que seriam, de outra
forma, difíceis de ser apresentados à observação do aluno;
Televisão e filmes
Televisão - é o recurso audiovisual mais completo de que se dispõe, uma vez que
associa a imagem ao som, podendo apresentar a actualidade, que se desenrola fora da
escola, naquele instante. O video-tape, então, apresenta factos passados como se
estivessem realizando-se no presente. A televisão é o grande recurso didáctico a ser ainda
devidamente explorado pela educação;
Filme – ou projecção móvel é poderoso auxiliar do ensino, faz presentes os locais
mais distantes e os fenómenos mais complexos e mesmo impossíveis de serem reproduzidos
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na escola. O filme pode também fazer presentes factos do passado, dando mais
autenticidade aos factos históricos em todas as actividades humanas;
Concluímos através desses dados que os cinco sentidos não têm a mesma
importância para a aprendizagem. Concluímos também que a percepção através de um
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sentido isolado é menos eficaz do que a percepção através de dois ou mais sentidos. Por
isso, é importante empregar métodos de ensino que utilizem simultaneamente os recursos
orais e visuais.Para reforçar essa importância apresentamos o seguinte quadro:
Método de ensino Dados retidos depois de três horas Dados retidos depois de três
dias
Somente oral 70% 10%
Somente visual 72% 20%
Visual e oral simultaneamente 85% 65%
Figura 5.5- importância dos recursos orais e visuais.
A palavra “aula” vem do grego, “aulé”, pátio, em especial pátio do palácio real,
através do latim aula (de), pátio. O sentido de “sala onde se ministram lições”.
O sentido moderno de aula deve ser o de alunos procurando o saber ao invés de recebê-lo
(Cousinete).
Aula é determinada período de tempo vivido entre professor e alunos em que aquele
orienta as actividades deste, tendo em vista levá-lo a alcançar certos objectivos pretendidos.
2. Vamos supor que um professor de Arte vai mostrar e explicar aos alunos algumas
pinturas de épocas diferentes. Depois de expor um plano geral da aula e de pedir aos alunos
que pensem nas diferenças que observaram entre os quadros pintados nas várias épocas
históricas, o professor apresenta o organizador prévio:
Daqui a pouco vou mostrar-vos e falar-vos de vários quadros – alguns pintados em
França no início do séc. XIX e princípio do séc. XX. Antes disso vou dar-vos uma ideia
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que vos ajude a compreender as diferenças que vão observar. A ideia é que uma
pintura não reflecte apenas o talento artístico da pessoa, mas também a época na
qual é criada. A “época” ou “período” influencia o tipo de técnicas que o pintor usa,
assim como o que pinta e as cores usadas. Conforme vos for apresentando os vários
quadros, quero que reparem nas diferenças da cor, nos temas da pintura e nas
técnicas específicas de pintura usadas pelos pintores e que vejam de que modo é que
reflectem a época do autor.
Por vezes pode ser usada uma afirmação de transição para alertar os alunos para alguns
tópicos importantes já referidos, por exemplo: “agora vou resumir os pontos importantes
antes de continuar”. Outras vezes a afirmação de transição anuncia o que se segue, por
exemplo: “acabamos de falar das fases mais importantes do processo de ensino”. Vamos
agora falar sobre a sua relação com a estruturação de uma aula.
As afirmações de transição são importantes porque:
Enfatizam a relação entre várias ideias numa exposição;
Ajudam a revelar a organização interna da informação aos ouvintes.
A comunicação dos objectivos aos alunos também adquire uma grande importância
pelo papel que desempenha em despertar o interesse dos alunos pelo tema, constituindo
um momento de grandes possibilidades educativas.
3. Selecção do conteúdo
racional do conteúdo. Isto lhe levará a determinar as porções ou unidades em que deverá
dividir o conteúdo. Quando o professor estabelece a sequência em que apresentará o
conteúdo, evita dispersões em sua explicação, favorecendo por conseguinte a apropriação
dos conhecimentos por parte dos alunos.
Uma vez que o conteúdo está organizado, o professor deve proceder reflexões
metodológicas sobre a aula. Neste sentido, o trabalho do professor deve determinar as
tarefas inerentes a sua função de ensinar e dirigi-las a garantir a actividade produtiva dos
alunos.
É conveniente recordar que o professor não deve adoptar determinado método com
carácter universal, pois a relação objectivo-conteúdo-método, implica em grande medida a
utilização dos vários métodos de ensino.
De acordo com isto, na selecção dos métodos para a aula, o professor deve ter em conta o
objectivo fundamental da mesma;
Se se propõe que os alunos se apropriem de novos conhecimentos, seleccionará, por
exemplo, o método explicativo ou de elaboração conjunto;
Se se propõe a desenvolver habilidades relacionadas com práticas, deverá empregar um
método e técnicas práticos.
Além da selecção dos métodos, o professor deverá ter em conta a selecção dos
procedimentos que porá em função destes.
Unido ao problema do método, encontramos a utilização dos meios de ensino. O professor
deve fazer uma valorização dos meios com que conta e o momento em que os utilizará.
Outro elemento importante na aula é a regulação ou controlo do processo de
aprendizagem.É uma necessidade que o professor receba informação sobre a marcha da
aprendizagem dos alunos, para que as dificuldades ou erros possam ser corrigidos na própria
aula. Para isso podem ser utilizadas perguntas de comprovação que o professor formula ao
longo da aula, as quais devem ser preparadas previamente, no momento da planificação da
aula.As perguntas não devem implicar a mera repetição de alguns aspectos explicados, pelo
contrário, devem exigir raciocínio por parte dos alunos de modo a evidenciar ao professor
que sua explicação foi compreendida.
Para o êxito de uma aula, para além dos aspectos referenciados anteriormente, o
professor deve ter em conta algumas condições que coadjuvem o bom desenvolvimento da
mesma. Entre as quais se destacam:
Todas estas questões aludidas unidas a adequada preparação da aula, são condições
fundamentais que determinam, na sua grande maioria, que os alunos manifestem uma
correcta disciplina na aula, uma vez que esta última é resultado do trabalho realizado pelo
professor. Por outro lado, estes aspectos podem ser utilizados para a apreciação e avaliação
de uma aula, em função dos objectivos pretendidos
6.7.1- Aulas práticas – o seminário constitui a forma mais apropriada para que os
alunos analisem e discutam os problemas objecto de estudo. Nesta discussão, a
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Objectivos da excursão: familiarizar os alunos com a vida das plantas e dos animais no
começo do Outono.
Antes de partir para a excursão o professor efectua uma conversação com os alunos
onde narra a vida no bosque nessa época do ano para que se recordem do bosque de
outono que observaram em classes anteriores.Os alunos recebem tarefas: procurar árvores
com folhas assim como arbustos e ervas, recolher folhas de várias plantas.
Ao início da excursão o professor observa com os alunos o bosque outonal, chama a
atenção dos alunos para as diferentes plantas ornamentais de cor amarelada, verde,
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Outro tipo de excursão são as efectuadas aos centros de produção que podem ser:
Temáticas- as que se relacionam com o estudo de um determinado tema e,
Panorâmicas – que têm o objectivo de familiarizar os alunos com a produção no seu
conjunto.
Tarefas são trabalhos para serem feitos fora da hora de aula, geralmente em casa,
mas que abrangem uma área de execução mais ampla do que os exercícios.
A palavra tarefa vem do árabe “tareha” que significa “obra ou porção de trabalho que se
deve acabar num determinado prazo”.
As tarefas permitem ao aluno um ensaio de autonomia, uma vez que o encaminham
para trabalhar sozinho ou em grupo, mas sem a tutela directa do professor. Este, por sua
vez, através das tarefas ou exercícios, principalmente individuais, terá a oportunidade de
conhecer melhor o aluno quanto ao seu preparo e condições pessoais de inteligência,
atenção esforço, perseverança e criatividade.
A tarefa é de muita utilidade no ensino, pois, adequadamente preparada servirá para
que a “aula continue em casa ou fora da sala de aula”. Os prazos para a entrega das tarefas
devem ser respeitados, caso contrário ela poderá perder toda a sua razão de ser, no sentido
de entrosamento com os trabalhos de classe, para melhor execução do processo de
aprendizagem. É claro que a tarefa deve ser adequada às possibilidades do aluno e estar
acompanhada de todas as instruções necessárias para a sua execução. É preciso lembrar que
ela não deve ser nem difícil nem longa demais para não afogar o aluno.
Para que a execução dos exercícios não se torne monótona, cabível é apresentá-los
de modo atraente, de modo que o aluno lhes compreenda o valor. É aconselhável corrigir
em classe todos os exercícios marcados, na presença do professor, para que este possa
orientar, individualmente os alunos, a fim de melhor sentir as suas dificuldades. A orientação
se torna mais efectiva se o professor:
Levar o aluno a descobrir, por si só, os seus erros;
Quando o aluno não conseguir encontrá-los, convidar a classe a fazê-lo;
Quando, nem assim, houver resultado satisfatório, o professor deverá fazer as
devidas correcções.
Um dos problemas mais importantes na organização das tarefas para casa, é o seu volume.
Os alunos dos diferentes níveis ou graus devem empregar diferentes períodos de
tempo para o cumprimento das tarefas para casa. Sendo para o Ensino Primário não
deve exceder 1 hora.
O professor deve conhecer algumas regras didácticas quanto à determinação do
conteúdo das tarefas para casa.
No conteúdo das tarefas de casa inclui-se o material que tem uma grande
importância para a assimilação dos conhecimentos.
É muito importante elaborar tarefas para casa cujo conteúdo e volume, em sua
planificação, correspondem a todo o tema que se estuda.
A organização do trabalho independente exige que os alunos possuam determinados
hábitos de trabalho individual, por exemplo, extrair o essencial de um material, fazer
resumos, manejo do dicionário, de instrumentos.
VII- A AVALIAÇÃO
3. Contribuir para aprendizagem – não limitar-se a medir o que o aluno sabe mas gerar
novas situações de aprendizagem; isto é dar a possibilidade de aplicar os
conhecimentos na resolução de situações desconhecidas;
4. Ter caracter positivo – valorizar o que o aluno já sabe e é capaz de fazer em cada
momento; quer dizer, estimular os avanços na aprendizagem;
5. Ser diversificado – apontar para a necessidade da utilização de técnicas e
instrumentos de avaliação múltiplo e diferenciados;
6. Ser Transparente – anular o secretismo a que a avaliação se encontra
tradicionalmente associada, permitindo que os alunos tenham acesso ao que se
espera deles e conheçam os parâmetros e critérios de classificação a utilizar ou
utilizados.
FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
Dimensão pessoal (ligada à motivação que o sucesso ou insucesso provoca)
Dimensão Didactica (ligada a selecção de métodos e meios mais adequados).
PEDAGÓGICA Dimensão curricular (ligadas as adaptações curriculares)
Dimensão Educativa (ligada à avaliação do sistema educativa)
CONTROLO Ligado ao “poder” que o professor pode exercer sobre os alunos
CRÍTICA Melhoria que pode promover no sistema de ensino
Dimensão de formação, atendendo aos fins da educação e certificação para
prosseguimento de estudos e emprego
SOCIAL Dimensão de selecção e hierarquização, ligada sobretudo a sociedades
competitivas
Dimensão de democratização nas sociedades modernas (todos os cidadãos
devem ter uma escolaridade básica).
Figura 7.1- Especificidade das funções da Avaliação
Há também que se ter em conta o tempo para a realização do teste. Sobretudo num
teste escrito, deve-se dar o tempo necessário para que os alunos respondam sem pressas.
Neste aspecto melhor é conciliar o tempo com o número de questões.
Com o teste já completo, verifica-se se tem a qualidade exigida de acordo com os critérios
que se enumeraram no ponto anterior. Nem todos os problemas se poderão resolvidos, mas
pode-se no entanto, eliminar muitos defeitos que podem dificultar a realização do teste e
não têm relação com o que se pretende avaliar.
CARDOSO, J. R. (2013). O Professor do Futuro. Lisboa: Guerra e Paz, Editores, S.A. ISBN 978-
989-702.080-3;
RICE, I. G. (1991). Introdução à Didactica Geral, S. Paulo.