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RESUMO
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1. Introdução
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observação do mundo. Assim, impõe-se o aprendizado infantil pelo contato físico, pela
experimentação das realidades concretas do mundo.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Ciências Naturais, é
necessário introduzir a Ciência na vida das crianças, pois é através dela que
compreendemos o mundo e suas transformações, assim logo nos anos iniciais, é através
da ciência que nos reconhecemos como seres individuais e parte desse universo, esse é o
proposito para o ensino da área na escola fundamental. A apropriação de seus conceitos
e procedimentos pode contribuir para o questionamento do que se vê e ouve, para a
ampliação das explicações acerca dos fenômenos naturais, para o entendimento e
valoração dos modos de intervir na natureza e de utilizar seus recursos, para a
compreensão dos recursos tecnológicos que realizam essas mediações, para a reflexão
sobre questões éticas implícitas nas relações entre Ciência, Sociedade e Tecnologia.
(BRASIL, 1997, p. 21-22).
Tudo isso tem que ser motivador das práticas pedagógicas em relação a como é
abordado e aplicado o ensino de CN na escola, incrementando as aulas teóricas e algumas
vezes descontextualizadas da realidade, partindo de exercícios práticos, da
experimentação até chegar aos textos que se propõem levar ao entendimento sobre o
mundo que rodeia a criança em fase de formação, pois “Ciência não é um conjunto de
conhecimentos acabados, mas uma forma de ver o mundo e de transformá-lo” (GLACI
ZANCAN, 2009, p. 30).
Considerando a discussão apontada até o momento, apresenta-se o objetivo geral
desta pesquisa que consiste em identificar perspectivas que justificam a grande
relevância do ensino de Ciências Naturais nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental por
meio de atividades práticas e da experimentação. O conhecimento científico nos AIE
pode auxiliar o processo de alfabetização como constatado nos PCNs desde o início do
processo de escolarização e alfabetização, os temas de natureza científica e técnica, por
sua presença variada, podem ser de grande ajuda, por permitirem diferentes formas de
expressão. Não se trata somente de ensinar a ler e a escrever para que os estudantes
possam aprender Ciências, mas também de fazer usos das Ciências para que os alunos
sejam capazes de aprender a ler e a escrever. (BRASIL, 1997, p 62)
Mesmo reconhecendo a importância da educação científica nos anos iniciais,
muitos educadores, especialmente licenciados em Pedagogia, ainda não se sentem
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suficientemente seguros para aprofundar a temática, conforme observou-se durante o
Estágio Supervisionado. Foi possível verificar que o modo como as atividades
experimentais são abordadas em sala de aula, tem a ver com a maneira e a visão de
Ciências para esse professor.
Desse modo, seja por dúvidas no planejamento das aulas ou mesmo por pensar
que os alunos dessa faixa etária não compreenderão o assunto abordado, identifica-se
uma forte relutância em implementar dentro do modelo atual a necessária vivência
prática da Ciência nos AIEF, já que, frequentemente não é tangível ao professor o porquê,
como é, e o que ensinar em Ciências (MAUÉS, 2003).
Diante dessas dificuldades, grande parte das aulas de Ciências Naturais no início
da escolarização infantil caracteriza-se por aulas teóricas e questionários, focando apenas
a memorização dos conceitos (LORENZETTI, 2000).
Por essa razão, justifica-se a relevância deste estudo em apresentar alternativas
viáveis ao professor que atua nos AIEF, indicando possibilidades para o trabalho
pedagógico no ensino de Ciências Naturais através da experimentação e de atividades
práticas.
2. Metodologia
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existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. ” (CERVO; BERVIN, 2002,
p.65).
Para tanto, no primeiro momento foi realizada uma busca através das palavras-
chave: experimentação; alfabetização científica; ciências; anos iniciais. Diante dos
resultados atingidos e artigos selecionados, executou-se uma análise documental
baseada na concepção de Lüdke e André (1986), sendo a identificação de informações
nos artigos referentes ao ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Fundamental,
com foco na experimentação e atividades práticas para o trabalho com conhecimentos
científicos, a fim de nortear as ações nas aulas de Ciências.
A ação seguinte foi consultar os documentos que abordam as políticas públicas
educacionais como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), assim como alguns documentos, tais
como Parâmetros Curriculares Nacionais e as Orientações Curriculares Oficiais, com a
finalidade de fomentar as práticas pedagógicas no ensino científico.
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fato, levantar hipóteses, testá-las, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso,
trabalhando de forma a tirar conclusões sozinho (BRASIL, 1997).
Na década de 1990, surge a nova LDB, Lei nº. 9.394 de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação, propondo em seu artigo 43, inciso III, a obrigatoriedade
de as práticas escolares contemplarem o "conhecimento do mundo físico e natural", ou
seja, é reforçada a necessidade de ensinar Ciências Naturais como parte da formação
educacional das pessoas em idade escolar.
Mesmo após tanto tempo transcorrido, as práticas escolares, assim como os
educadores que atuam nas instituições de ensino, geralmente, ainda encontram
dificuldades em garantir a efetivação desse direito proposto pela legislação.
O termo Alfabetização Científica (AC) é muito usado comumente nos dias atuais
quando falamos sobre Ensino de Ciências naturais, porém há questões quanto o
significado de “alfabetizar cientificamente”. A definição da palavra alfabetizar vai muito
além de um mero significado popular como o de somente saber ler e escrever.
O letramento científico (MORTIME; MACHADO, 2009) é tornar qualquer pessoa
capaz de organizar seu pensamento lógico, crítico e social. O indivíduo deve ser capaz de
protagonizar sua própria trajetória em qualquer atividade realizada pelo mesmo, seja
dentro de um propósito cultural, social ou político.
Não é sobre apenas ensinar Ciências dentro da escola, quando diz respeito a
Alfabetização Científica, sua função é transformar e preparar o aluno para o mercado de
trabalho, já que muitas empresas possuem como pré-requisito, um certo grau de
qualificação cientifica e técnica cada vez maior. Assim, é nesse sentido do qual a
alfabetização cientifica está correlacionada com a prosperidade da nação, sendo uma
providência para enfrentar a da realidade da modernização. ” (LORENZETTI, 2000, p. 41).
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Determinados estudos apontam a importância da Alfabetização Cientifica, para
que dessa forma o aluno usufrua desses conhecimentos para desenvolver sua autonomia
nas tarefas do cotidiano. (LORENZETTI, 2000).
A escola tem o importante papel de proporcionar para os alunos, esse primeiro
contato estruturado de vivencia com as ciências Naturais, já que a mesma faz parte da
evolução da humanidade tão necessária para sua compreensão de mundo e
pertencimento.
Durante os primeiros anos de escolarização, as questões sobre mundo começam a
surgir para as crianças, privar uma criança dos ensinamentos de CN seria o mesmo que
condenar essa etapa tão importante do processo de desenvolvimento da mesma,
abandonando o aluno com seus pensamentos incertos e carentes de uma explicação
sistematizada e condizente com a realidade que o cerca. (UNESCO apud Rodrigues et al.,
2009, p. 674).
Segundo Fracalanza (1986, p.26-27) Quando a criança estabelece contato com
conceitos básicos de CN, e são eles aplicados em atividades práticas, torna-se possível a
compreensão facilitada entre sociedade e ciência, absorção genuína cultural e
significativa no quesito social.
Não é de hoje que o debate sobre a aplicação de aulas de Ciências Naturais nos
anos iniciais de ensino vem à tona, questionamentos sobre aulas passivas, teóricas e
monótonas desprovido de participação ativa dos alunos já eram discutidas por grandes
autores.
Cada vez mais a sociedade requer uma quantidade maior de informações em
relação ao que era exigido antigamente, desde de que para realizar tarefas do dia a dia,
aderir-se ao mercado de trabalho, tomar decisões financeiras, políticas, fazer pesquisas e
interpretar informações. Mesmo que a maior parte das pessoas conviva e usufruam de
inúmeros produtos tecnológicos e científicos, a maioria dessa população não refletem
nem questionam sobre o processo desde sua criação, como foi produzido e distribuído.
Assim, tornando-se pessoas que pela carência de informações, não desenvolvem
autonomia e sujeitando-se sem questionar regras dos meios de comunicação, mercado e
tantos outros meios, impedindo de exercer seu papel crítico e consciente no âmbito
social. (BRASIL, 1997, p. 22).
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Buscando incluir o ensino de CN nos anos iniciais da escolarização, existe a
necessidade de que esses conteúdos sejam aplicados através de uma perspectiva prática,
em outras palavras, fazendo o uso de atividades experimentais. Cerri e Tomazello (2011,
p.76) defende que a experimentação é um processo que se diferencia das atividades
usuais do cotidiano, pois é guiado por um objetivo do observador, resumidamente, é um
fazer cientifico, onde através de uma pesquisa pelo ato de experimentar, procura e
encontra respostas sobre questionamentos dentro da natureza cientifica.
Algumas pesquisas feitas por inúmeros estudiosos dessa área, constatam que
vários professores multidisciplinares embasam suas aulas usando apenas livros didáticos,
com isso, as aulas e práticas pedagógicas tornam-se abstratas e sugestivas, dificultando o
aprendizado, já que muitos desses livros possuem conteúdos deficientes quando se trata
de conhecimentos científicos. (LONGHINI, 2008)
É visível o benefício que as atividades experimentais fornecem, quando aspectos
teóricos e práticos são utilizados em conjunto durante os ensinamentos de Ciências
Naturais. A experimentação, quando sozinha não é suficientemente capaz de fazer com
que a criança compreenda o todo.
Gaspar (2009, p.25-56) aponta e explica três benefícios: o primeiro é a melhor
interpretação de informação do aluno que é notada no decorrer de uma atividade de
experimentação. A prática permite que a criança relacione o conhecimento cientifico com
vivencias e perspectivas de sua realidade, simplificando o entendimento do conteúdo
aplicado. O segundo benefício é a interação social promovida e mais rica, já que devido ao
grande volume de informações, despertam curiosidade e surgem muitos
questionamentos dando abertura para debates interessantes entre os alunos. Como
terceiro benefício, é notório que a participação nessas atividades de experimentação, se
torne unanime. Isso acontece, pelos seguintes motivos: observar diretamente a natureza,
possibilita ao aluno ter autoridade e consequentemente protagonizar experiências
obtendo respostas imediatas e diretas vindas da natureza.
As crianças já chegam na escola com prévios conhecimentos e verdades relativas a
vivencias condizentes de cada um, dentre eles as bagagens familiares, geográficas e
culturais. As aulas com atividades experimentais são estimulantes e concretas; além de
despertar o interesse dos alunos, pode se classificar também, como uma forma
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complementar de observação e compreensão dos fenômenos da natureza, facilitando o
conhecimento cientifico através da argumentação e observação.
Previamente esses conhecimentos mostram que apenas a escola não é capaz de
fazer com que um aluno adquira todos os conhecimentos e conceitos sobre Ciências
Tecnologia e Sociedade, desde o nascimento, as crianças “são construtoras do
conhecimento” e desde que chegam a escola, trazem consigo uma bagagem de
aprendizados. As crianças em seu processo de descoberta de mundo, criam por si só
problemas abstratos e tratam sozinhas as possíveis respostas e soluções para os mesmos.
É neste momento onde, ao construir objetos complexos, adquirem conhecimento em
meio a esse processo por exemplo, o sistema da escrita. (FERREIRO 1993, p. 65)
A teoria de Jean Piaget para Lefrançois (2008), possui uma grande relevância para
compreender a importância da experimentação, pois segundo ele, a criança além de agir
sobre seu próprio conhecimento, ela também interage, descobrindo ao decorrer de suas
vivências e contato com o mundo, o significado das suas próprias descobertas. (PIAGET,
2007 – LEFRANÇOIS, 2008, P.260)
Desta forma, vários especialistas argumentam a importância dos conhecimentos
científicos nos primeiros anos do ensino, essas pesquisas ao longo da história defendem o
quão essencial é a aplicação desses conceitos para a formação dos alunos como cidadãos
capazes de contribuir efetivamente para a sociedade. Ainda que essa disciplina esteja
presente na grade curricular da educação básica, na maioria dos casos alunos se formam
com conhecimentos de CN fragmentados.
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