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CEP: 96020-000.
3 Escola Estadual Félix da Cunha, Rua Benjamin Constant, 1459, Centro, Pelotas. CEP: 96010-020.
INTRODUÇÃO
Com o avançar da pandemia de Covid-19 e a necessidade emergente de
distanciamento social para mitigar seus efeitos, diversos setores da sociedade foram
afetados, incluindo as escolas e outras instituições de ensino. A partir deste contexto
pandêmico, professores e alunos tiveram de se adaptar ao sistema de ensino remoto,
tendo de se adequar às diferentes tecnologias e aos novos limites e possibilidades
agregadas, impostos de forma brusca (SOUZA, SILVA e CABRAL, 2021).
Tendo em vista estas novas demandas de metodologias educacionais voltadas
para o ensino remoto, professores precisam estar aptos a desenvolverem suas aulas
com diferentes ferramentas virtuais que possam transpor total ou parcialmente a
construção de conhecimentos do ensino presencial para o virtual. A isso se soma a
importância de projetos para a formação de professores, como o Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), que proporcionam espaços e momentos
para a elaboração de tais metodologias e experiências profissionais para os bolsistas
dos diferentes cursos de licenciatura (MARQUES et al., 2021).
Este trabalho traz o relato de graduandos do curso de Licenciatura em Química
da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que atuaram como bolsistas – também
conhecidos como pibidianos – do subprograma PIBID-Química. Dentre as diversas
atividades realizadas pelos pibidianos em conjunto com os coordenadores e
METODOLOGIA
Com o intuito de organizar a metodologia aplicada nesta aula, utilizou-se o
método descrito por Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002) com base no
pensamento freiriano: os Três Momentos Pedagógicos (3MP). Os 3MP dividem-se na
Problematização Inicial (PI), na Organização do Conhecimento (OC) e na Aplicação do
Conhecimento (AP) e servem como uma orientação para a construção de novos
conhecimentos, balizados na Ciência/Química, a partir de indagações e reflexões
constantes do contexto em que os educandos estão inseridos ou que lhes é
apresentado (ABREU, FERREIRA e FREITAS, 2017; DELIZOICOV, ANGOTTI e
PERNAMBUCO, 2002; FRANCISCO JÚNIOR, FERREIRA e HARTWIG, 2008;
SANGIOGO et al., 2021).
Conforme Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002), o primeiro momento
pedagógico – a Problematização Inicial (PI) – busca incentivar os educandos à reflexão
de seu contexto ao serem indagados pelo educador. O papel deste não é dar
respostas, mas ouvir, questionar e problematizar junto dos educandos fazendo-os
analisarem seu contexto com um olhar mais atento e afastado, percebendo assim os
limites de seus conhecimentos prévios sobre o tema escolhido para então
21º Encontro Nacional de Ensino de Química - ENEQ
Uberlândia – MG – 01 a 03 de março de 2023
Área do trabalho
Atividades Lúdicas e Experimentação - ALE
quase um mês entre elas e duas horas-aula por semana. Durante o período entre aulas
síncronas, os docentes enviavam atividades assíncronas para os discentes conforme o
planejamento de seus conteúdos a serem trabalhados. Durante as primeiras aulas
síncronas, os pibidianos acompanharam o professor supervisor a fim de conhecer a
turma de segundo ano do Ensino Médio com a qual realizariam sua própria aula
semanas depois, tendo apreendido um pouco do comportamento dos alunos frente o
ensino remoto a fim de qualificar a proposta junto do supervisor e dos coordenadores.
A temática da Lei da Conservação de Massas foi explorada através da
problematização inicial de dois experimentos que demonstraram a transformação
química de diferentes substâncias em sistemas abertos e fechados. Segundo Francisco
Júnior, Ferreira e Hartwig (2008, p. 36):
A atividade experimental problematizadora deve propiciar aos estudantes a
possibilidade de realizar, registrar, discutir com os colegas, refletir, levantar
hipóteses, avaliar as hipóteses e explicações, discutir com o professor todas as
etapas do experimento.
A experimentação problematizadora pode aparecer em qualquer um dos 3MP,
mas quando fizer parte da problematização inicial – como foi o caso deste trabalho –
ela deve ser apresentada antes de uma teoria que a explique, de forma a fomentar a
discussão e a curiosidade dos alunos (FRANCISCO JÚNIOR, FERREIRA e HARTWIG,
2008). Devido ao momento de ensino remoto, os experimentos selecionados foram
apresentados através de vídeos disponíveis na internet1,2 (que foram previamente
selecionados pelos pibidianos) em conjunto com indagações dos educadores para os
educandos e do registro de diferentes hipóteses que estes desenvolveram para
explicar os fenômenos analisados.
Em seguida à apresentação e discussão dos dois experimentos a serem
problematizados com os alunos no começo da intervenção, planejou-se uma
organização dos conhecimentos envolvidos para a sua compreensão no nível teórico e
representacional da Química (MORTIMER, MACHADO e ROMANELLI, 2000). Para
isso, o foco deste momento estaria na relação entre a Lei da Conservação de Massas
demonstrada através das equações químicas que descrevem os fenômenos
analisados, além da aplicação destes novos saberes na análise de um terceiro
experimento apresentado aos educandos. Os detalhes envolvidos em cada momento
pedagógico previamente planejando estão dispostos a seguir.
ORGANIZAÇÃO DA AULA
O primeiro experimento trata-se da queima de um pedaço de papel e de uma
palha de aço, cujas massas são medidas por uma balança eletrônica durante toda a
reação. Através desta medição, é possível observar a aparente perda de massa do
papel e o ganho de massa na palha de aço, um ponto que chamou muita atenção por
parte dos estudantes e que aumentou seu interesse pela aula. Neste experimento, a
EXECUÇÃO DA EXPERIMENTAÇÃO
O planejamento inicial para as atividades síncronas envolvia o envio prévio dos
vídeos para os alunos com uma discussão iniciada já em sala de aula. Contudo,
apenas um dentre os dez alunos presentes havia conferido os experimentos, sendo
necessária a apresentação destes para o restante da turma. O experimento 1 chamou
muita atenção dos alunos pelo aumento da massa da palha de aço após a combustão,
o que oportunizou o surgimento de várias hipóteses que explicassem o fenômeno ao
compará-lo com o papel. O experimento 2 foi reconhecido por um aluno que havia
participado de um projeto de foguetes na escola anos atrás. Nesse projeto, a propulsão
do foguete se dá pela mesma reação entre o vinagre e o bicarbonato de sódio. Outra
leva de hipóteses e argumentos surgiram entre os alunos enquanto anotavam-se todas
em um slide próprio para tal, mostrado na Figura 1.
necessário um foco maior nas reações dos experimentos e sua relação com os
fenômenos problematizados.
Ao final, explicou-se rapidamente sobre a atividade da Aplicação do
Conhecimento proposta aos alunos: a análise descritiva do experimento 3 a ser
realizada como atividade para casa e discutida num próximo encontro com o professor
da turma. Com o fim da intervenção, observamos que os empecilhos da segunda aula
mostraram a importância do planejamento e estudo prévio sobre os tópicos escolhidos,
além da importância do improviso por parte do educador durante uma aula, sempre
recorrendo às diferentes possibilidades da tecnologia disponível atualmente. Outro
ponto discutido entre os pibidianos, que começaram a se enxergar como professores
em formação inicial atuando em uma escola, e o professor colaborador tratou-se da
desmistificação do trabalho docente no sentido de compreender o constante trabalho
de planejamento de aulas, estudo e atualização de conteúdos e revisão de processos
de ensino-aprendizagem, como os 3MP, que auxiliam na diversificação e melhoria do
ensino, ainda mais em tempos de ensino remoto, nos quais novas formas de ensinar se
mostraram ainda mais necessárias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia provocou drásticas mudanças em nossa sociedade, que precisou se
adaptar rapidamente às novas demandas, e isto inclui toda a área da educação.
Mesmo em tempos de urgência, há espaço para a reflexão crítica e planejamento de
novas formas de se ensinar, sendo aqui a morada da importância de interações entre
universidade e escolas proporcionadas pelo Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência (PIBID).
É através de projetos como o PIBID que professores em formação inicial e
continuada podem compartilhar experiências e saberes com o intuito de qualificar tanto
a sua própria formação, quanto a educação oferecida pelas escolas básicas. Sendo um
importante espaço para a aproximação entre os aprendizados teóricos e práticos dos
licenciandos, o PIBID possibilita uma maior qualificação da formação inicial de
professores ao proporcionar momentos de desmistificação da práxis docente e maior
identificação com tal profissão na qual os licenciandos estarão em constante formação.
O contato com a sala de aula e os educandos, experienciado por meio das atividades
de cotutelas mesmo através das telas durante o período de ensino remoto, permite
uma mudança no olhar dos licenciandos para com este espaço e profundidade nas
interações entre educador e educandos.
Mesmo em um período de incertezas e drásticas mudanças nas relações
educacionais, é em espaços de reflexão crítica da práxis como o PIBID que surgem
novas propostas para demandas emergentes, como foi o caso da adaptação ao ensino
remoto. Tendo um momento de dedicação para o estudo de diferentes metodologias e
abordagens, como é o caso dos Três Momentos Pedagógicos e da experimentação
problematizadora neste relato, é que surgem novas ideias para planejar e executar
atividades que utilizem a tecnologia à disposição de alunos e professores. Além de
também permitir o aprendizado de como contornar possíveis problemas oriundos de
seu uso, como falhas na conexão durante videoconferências ou o mau funcionamento
de algum software escolhido para aplicação em aula.
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