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ALE
2Universidade
Federal de São Carlos (UFSCAR); Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH)
Departamento de Metodologia da Educação (DME); São Carlos, SP, Brasil; bretones@ufscar.br
RESUMO: Esse trabalho teve como objetivo entender como a realização de experimentos
demonstrativos, em atividades pontuais de divulgação científica, pode influenciar na motivação
dos alunos para o estudo da Química. A pesquisa foi realizada apresentando um panorama das
áreas de estudo da Química por meio da evolução histórica da área e respectiva demonstração de
experimentos para alunos de escolas públicas de São Carlos-SP, visando despertar o interesse
dos alunos e motivá-los para o estudo da Química. Os dados evidenciam que o projeto foi efetivo
tanto na aprendizagem de conceitos quanto no aumento da motivação dos alunos, porém ainda é
importante a continuidade de pesquisas sobre a motivação para o estudo da Química,
principalmente para compreender como a realização de experimentos demonstrativos pode
influenciar na mudança de perfil motivacional.
INTRODUÇÂO
Podemos ver, atualmente, que as Ciências Básicas (Física, Química, Biologia e
Matemática) são carreiras que não despertam muito interesse nos alunos, e, para
confirmar esse fato, podemos apresentar algumas possíveis razões: a educação muitas
vezes não é prioridade para o Estado, bem como a valorização do professor, o
desenvolvimento científico não é um tema recorrente no cotidiano da população e
principalmente, a maneira como essas Ciências são abordadas nas escolas contribui
para a perpetuação de concepções distorcidas destas, pois os conteúdos são
abordados de forma totalmente teórica – entediante para a maioria dos alunos – como
algo que devemos apenas memorizar, e sem aplicações na vida cotidiana.
Uma maneira de transformar a imagem dessas Ciências, e principalmente da
Química, é a utilização de formas alternativas de ensino, com o intuito de despertar o
interesse pela importância do desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que nos
cerca.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2: Respostas mais frequentes para a primeira questão do primeiro questionário (Q1)
1ª Questão: Explique com suas palavras o que é Química.
Respostas Frequência Frequência (%)
Estudo das substâncias 214 35,26
Estuda as experiências 211 34,76
Transformações físicas e químicas 210 34,60
Estudo das reações químicas 90 14,83
Estuda os elementos químicos 57 9,39
Estudo dos materiais 41 6,75
Química é química! 33 5,44
Estudo da matéria 27 4,45
Tabela Periódica 25 4,12
Não sei 23 3,79
Explicação de fenômenos 19 3,13
Estuda a densidade 16 2,64
Tabela 4: Respostas mais frequentes para a primeira questão do segundo questionário (Q2)
1ª Questão: Qual o objetivo do estudo da Química enquanto área do
conhecimento?
Respostas Frequência Frequência (%)
Estudo da transformação da matéria 222 41,57
Conhecer novos elementos 151 28,28
Descobrir mais experimentos 96 17,98
Estudo da ciência 79 14,79
Estudo das reações químicas 46 8,61
Estudo dos experimentos 39 7,30
Estudar a mistura das substâncias 36 6,74
Separar as substâncias 25 4,68
Melhorar o futuro 19 3,56
Aprender sobre os átomos 16 3,00
Formação da matéria 11 2,06
Questionário (Q1): “Que faz várias coisas, como fazer vários experimentos e
pesquisas”
Questionário (Q2): “A química estuda a matéria e as transformações dos materiais”
Aluno 7
Questionário (Q1): “Química é uma matéria da escola”
Questionário (Q2): “A química é uma ciência que vai estudar as massas e ver se na
matéria ocorre transformação química ou se permanece igual”
Pode-se perceber nessas falas que a apresentação e os experimentos, mesmo
que demonstrativos, têm um papel muito importante no processo de ensino-
aprendizagem, visto que os alunos conseguiram extrair e assimilar algumas
características importantes da fala da pesquisadora durante a apresentação,
principalmente a respeito do experimento de precipitação, onde a pesquisadora falou
diversas vezes sobre a transformação química ocorrida ao se misturar as substâncias.
Na maioria das respostas onde é possível observar uma evolução no conceito que os
alunos têm da Química, eles saem praticamente “do zero” e conseguem formular uma
resposta simples, mas com clareza e objetividade sobre o que é a Química, como
podemos observar principalmente na fala do Aluno 6.
Observando as Tabelas 2 e 4 podemos perceber essa evolução no conceito,
pois a resposta mais frequente para a questão “Explique com suas palavras o que é
Química” é “Estudo das substâncias”, com uma frequência de praticamente 35%, e a
resposta que mais apareceu para a questão “Qual o objetivo do estudo da Química
enquanto área do conhecimento” foi “Estudo da transformação da matéria”, com uma
frequência de quase 42%. Podemos identificar aqui que a divulgação científica possui
também função educativa, pois contribui para a compreensão não somente das
atividades científicas e suas aplicações no cotidiano, mas também da aprendizagem
sobre conhecimentos gerais. Sabemos que o aprendizado é um processo gradual que
acontece ao longo do tempo, mediante o acúmulo de conceitos, habilidades e
experiências, por isso, ainda que o que um aluno observa ou vivencia em uma
atividade de divulgação científica o fascine, isto pode não ser imediatamente
compreensível para ele; posteriormente, no entanto, quando ele recebe, na escola,
uma explicação sobre aquele fenômeno, o seu aprendizado torna-se mais fácil e
menos abstrato (ALBAGLI, 1996).
Tabela 5: Respostas mais frequentes para a segunda questão do segundo questionário (Q2)
2ª Questão: Dos experimentos observados hoje, escolha um deles e explique
como ocorreu.
Respostas Frequência Frequência (%)
Teste de chama 125 24,04
Condutividade elétrica 113 21,73
Precipitação 112 21,54
pH 103 19,81
Destilação 75 14,42
CONCLUSÕES
CONSIDERAÇÕES
Fazendo uma análise geral de todos os resultados obtidos, pode-se dizer que
foram satisfatórios, os questionários mostraram que muitos alunos aprenderam alguns
conceitos discutidos durante a apresentação e mostraram um interesse, mesmo que
ainda pequeno, por saber mais sobre a Química.
Levando em conta aquilo que observamos atualmente dentro das escolas de
educação básica, onde pouco ou nada é feito para motivar o interesse e a curiosidade
dos alunos, acreditamos que tal trabalho pode contribuir de maneira eficaz para a
contextualização dos conteúdos, e essa contextualização possibilitará aos alunos
estabelecerem uma relação lógica com o cotidiano, desconstruindo conceitos
enraizados por práticas pedagógicas não tão adequadas, aumentando a motivação
necessária para o aprendizado.
Além disso, essas iniciativas poderiam contribuir para um contato mais estreito
e significativo entre as comunidades científica e escolar, como o ocorrido por iniciativa
desta pesquisa que foi certamente produtivo para ambas as partes. Outros
desdobramentos são difíceis de prever, mas possíveis de se criar.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Trad. Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa:
Edições 70, 2009.
POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. Por que os alunos não aprendem a ciência que lhes é
ensinada? In: (org.). A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento
cotidiano ao conhecimento científico. Tradução Naila Freitas. 5.ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009. cap. 1. p. 14-28.