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Ver também o capítulo de Maria Ester Rodrigues na presente obra.
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Disponível no site http://paje.fe.usp.br/estrutura/index_lapef.htm.
Método
A técnica adotada para a coleta dos dados foi a de
observação e registro contínuo, por permitir o registro de
várias classes de comportamento (Hall, 1973) ocorrendo
simultaneamente, e identificar as condições nas quais
elas ocorrem. Ou seja, ela permite o registro tanto de
eventos comportamentais quanto o de eventos
ambientais – físicos e sociais – antecedentes e
consequentes ao comportamento (Dana & Matos, 1982).
Devido às características inerentes à edição do
vídeo – apresentação das cenas em cortes rápidos –
não foi possível focar a análise sobre o comportamento
de um aluno ou grupo específico. Por isso, optou-se pela
observação e registro do vídeo como um todo, com
ênfase na interação verbal entre professores e alunos e
destes entre si como parte integrante das contingências
de ensino-aprendizagem.
O vídeo foi observado várias vezes por três
observadoras. A transcrição foi organizada em um quadro
Resultados e discussão
Em aproximadamente 14’28", o vídeo observado
exibe a execução de uma “mesma” aula por três
professores (duas mulheres e um homem) junto a suas
respectivas turmas de alunos, os quais encontravam-se
numa das séries iniciais do ensino fundamental. O
ambiente físico, portanto, constitui-se de salas de aula
com o que normalmente se encontra na maior parte delas:
cadeiras, mesas, lousa e o material do experimento, além
de aspectos específicos de cada uma, cuja descrição é
dispensável para os presentes propósitos, pois não
tiveram papel relevante na situação observada. O
ambiente social caracterizou-se por alunos de ambos
os sexos e seus respectivos professores. Detalhes
ulteriores a respeito do ambiente físico e social não
puderam ser obtidos por meio da observação do vídeo.
O material utilizado pelas crianças no experimento
apresentado no vídeo foi um aparato consistindo de uma
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A íntegra do registro pode ser obtida por e-mail:
marciajb1@hotmail.com.
AL = alunos; P = professor(a).
A = aluno; P = professor(a).
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The individual would not come to organize his operations in a coherent
whole if he did not engage in thought exchanges and cooperation with
others (Piaget, 1947 / 1967b, p. 174). Society is the supreme unit and
the individual can achieve his inventions and intellectual constructions
only to the extent that he is the seat of collective interactions whose
level and value depend obviously on society as a whole” (Piaget, 1967a,
p. 508; see also Piaget, 1947/1967b).
Considerações finais
Resolução de Problemas
Na visão skinneriana, “(...) os problemas se
colocam quando as contingências são complexas. Por
exemplo, pode não haver resposta disponível que
satisfaça a um dado conjunto de contingências”. (Skinner,
1969/1984, p. 273). O problema colocado aos alunos
encaixa-se bem nessa definição, pois, entre as várias
possibilidades, apenas uma podia satisfazer a exigência
de fazer a bola atingir o alvo. E os alunos não dispunham
da resposta em seu repertório. Para ser solucionado, o
problema exige do indivíduo “mudar a si mesmo ou a
situação até que ocorra uma resposta. O comportamento
responsável pela mudança é adequadamente
denominado resolução de problema, e a resposta que
ele promove, solução.” (Skinner, 1969/1984, p. 273). Os
alunos resolveram o problema manipulando a variável
altura de lançamento da bola (cf. Skinner, 1953/1981, p.
239). Mas há uma diferença entre resolução de problema
e a simples emissão de uma solução. Ocorrida a solução,
o problema desaparece e a resposta que o soluciona
voltará a ocorrer por ter sido anteriormente reforçada em
condições semelhantes (cf. Skinner, 1953/1981, pp. 238-
243). Ao alterar a posição da cesta, a professora modifica
a situação, colocando, portanto, novo problema, uma vez
que o que está em jogo não é simplesmente fazer a bola
Conclusão
A análise de uma situação prática de execução de
uma proposta pedagógica permitiu a identificação de
pontos de aproximação entre duas correntes teóricas de
difícil conciliação. Entre os principais deles destacamos
o arranjo de contingências, pelo educador, de modo a
promover a interação dos alunos com aspectos do meio,
visando à ocorrência da aprendizagem – incluindo a
descrição de contingências (reflexão) – dispondo-se de
um importante reforçador natural: o sucesso.
Considerando que a proposta baseou-se na resolução
de problema, este aspecto também foi analisado,
permitindo-nos concluir que o que foi observado na
situação é compatível com sua conceituação analítico-
comportamental. Um possível ponto de distanciamento
diz respeito à atuação do professor.
Há dúvidas quanto a alguns pontos. A Análise do
Comportamento insiste no acompanhamento individual
do desempenho por meio de registros do
comportamento, cuja função é permitir reformulações no
programa de ensino. No vídeo, não ficam claros a função
destinada ao relato solicitado dos alunos nem os efeitos
do procedimento adotado sobre seu comportamento, seja
como indivíduos, seja como grupo. E quanto ao papel do
professor, defendemos que ele tenha suficiente
embasamento científico para exercer de modo autônomo
suas funções profissionais. No vídeo observado,
aparentemente os professores apenas executam uma
proposta formulada por outrem.
O mais importante a destacar de tudo o que foi
aqui apresentado é que as convergências identificadas
podem representar a possibilidade de atuação conjunta.
Referências