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Psicologia do Esporte aplicada ao Desporto Infantil

Chapter · January 2012

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3 authors, including:

Franco Noce Varley Teoldo da Costa


Federal University of Minas Gerais Federal University of Minas Gerais
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3
Psicologia do
Esporte Aplicada ao
Desporto Infantil
Franco Noce
Varley Teoldo da Costa
Dietmar Samulski

INTRODUÇÃO
Segundo Becker Jr. & Teloken (2000), o número estimado de crianças en-
volvidas nos programas de iniciação esportiva é muito expressivo. Diversos são
os estudos científicos que apontam para os benefícios do esporte para a criança
(Roberts, 1992; Fepsac, 1996), e os aspectos psicológicos envolvidos na prática
esportiva auxiliam o profissional a compreender e otimizar os processos de desen-
volvimento desses jovens praticantes.
A psicologia do esporte é uma das disciplinas que compõem o núcleo das
Ciências do Esporte (Samulski, 2009). Para Nitsch (1989, p. 29), “a psicologia
do esporte analisa as bases e efeitos psíquicos das ações esportivas, consideran-
do, por um lado, a análise de processos psíquicos básicos (cognição, motivação,
emoção) e, por outro lado, a realização de tarefas práticas do diagnóstico e da
intervenção”. A função da psicologia do esporte consiste na descrição, explicação
e no prognóstico de ações esportivas, com a finalidade de desenvolver e aplicar
programas, cientificamente fundamentados, de intervenção, levando em consi-
deração os princípios éticos (Nitsch, 1986). Para Becker Jr. (2000), a psicologia
do esporte e do exercício consiste no estudo científico de pessoas e seus compor-
tamentos no contexto do esporte e dos exercícios físicos e na aplicação desses
conhecimentos.

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44 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

ÁREAS DE APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE


Esporte de rendimento
Trata-se, sobretudo, da análise e modificação dos fatores psíquicos determi-
nantes do rendimento no esporte com a finalidade de melhorar o desempenho e
otimizar o processo de recuperação. Pesquisam-se, em primeiro lugar, os seguin-
tes fatores: esporte e personalidade, agressão no esporte, interação entre treinador
e atleta, estresse psíquico na competição, treinamento psicológico (treinamento
mental, de concentração, motivação e controle do estresse), assessoria psicoló-
gica para atletas e treinadores, diagnóstico psicológico do rendimento esportivo,
coaching, excelência esportiva, planejamento da carreira esportiva, influência da
família na carreira do atleta e doping psicológico.

Esporte escolar
Parte do princípio de que se analisam, por um lado, os processos de ensino
e aprendizagem e, por outro lado, processos de educação e socialização. Os prin-
cipais temas de pesquisa nesse campo são: análise da interação entre professor e
alunos, personalidade do professor, estresse na aula de educação física, comporta-
mento agressivo e social dos alunos, importância dos processos de socialização e
motivação para aprendizagem e rendimento.

Esporte recreativo
Trata-se da análise do comportamento recreativo de grupos de diferentes
faixas etárias, classes socioeconômicas e atuações profissionais em relação a di-
ferentes motivos, interesses e atitudes. Nos últimos anos, tem sido pesquisado o
fenômeno da animação nos esportes de tempo livre.

Prevenção, saúde e reabilitação


São pesquisadas as possibilidades preventivas e terapêuticas do esporte, bem
como o sentido da regulação psíquica por meio da conduta esportiva (terapia
pelo movimento, jogos e dança). Nesse contexto são desenvolvidos e aplicados
programas psicológicos de prevenção, terapia e reabilitação para pessoas porta-
doras de limitações físicas, mentais e sociais.
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 45

Treinamento psicológico

Treinamento de
capacidades Treinamento
psíquicas de autocontrole

Treinamento Treinamento
mental da automotivação

Treinamento Treinamento
da concentração da psicorregulação

No treinamento de capacidades psíquicas, distinguimos o treinamento mental e o trei-


namento de concentração.
Por treinamento mental entende-se a imaginação de maneira planejada, repetida e
consciente das habilidades motoras e técnicas esportivas. O treinamento da concentração
constitui a melhora da capacidade de focalizar a atenção em um ponto específico do cam-
po da percepção e da capacidade de manter um bom nível de concentração durante um
longo período de tempo (resistência de concentração).
Com o treinamento de autocontrole, o atleta deve aprender a se controlar (sem ajuda
externa) nas situações extremas e difíceis de treinamento e de competição, a fim de evitar
reações psicofísicas exageradas (por exemplo, ansiedade e raiva) e comportamento social
inadequado (por exemplo, conduta agressiva).

Figura 3.1 Formas de treinamento psicológico.

O treinamento psicológico (Figura 3.1) tem como meta desenvolver, estabi-


lizar e aplicar as capacidades e habilidades psíquicas em diferentes situações, de
maneira variada e flexível. Aborda, segundo Nitsch (1987), os aspectos compor-
tamentais (treinamento de autocontrole) e cognitivos (treinamento das capacida-
des psíquicas).
Este capítulo visa a apresentar alguns conceitos e aplicações básicos da psico-
logia do esporte (do ponto de vista cognitivo e comportamental) voltados para a
prática esportiva de crianças e jovens.
46 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
Os aspectos comportamentais constituem informações importantes para o
treinador/professor em seu dia a dia de trabalho. Esses componentes são determi-
nantes do desempenho esportivo. Diversos aspectos comportamentais são apre-
sentados pela psicologia do esporte como meio de desenvolvimento dos jovens
atletas. Neste capítulo serão abordados três aspectos fundamentais: a persona-
lidade (que auxiliará o treinador/professor a compreender melhor seus atletas/
alunos no ambiente da prática esportiva), a motivação (que é o combustível do
praticante, responsável pela iniciação, manutenção e abandono em uma atividade
esportiva) e o estresse (um dos elementos constantemente presentes no ambiente
da prática esportiva de desempenho).

Personalidade
Conceito básico
Basicamente, existe um consenso de que a personalidade é constituída
de diferenças interindividuais. A personalidade representa, segundo Samulski
(2009), “um conjunto de características individuais, as quais são relativamente
permanentes e estáveis”. De acordo com Weinberg & Gould (2008, p. 26), “per-
sonalidade é o conjunto de todas as características que fazem de cada pessoa
uma pessoa única”.
Cerca de 90% de todas as pesquisas empíricas foram realizadas com base no
conceito de “trait” (traço), que tem como principais representantes Allport (1961),
Cattell (1979) e Eysenck et al. (1982).
Sob o ponto de vista dessa teoria, a personalidade de um indivíduo é carac-
terizada pela composição individual dos traços de personalidade (necessidades,
motivos, interesses, atitudes, temperamento). Um trait é uma característica de
personalidade relativamente constante, por meio da qual uma pessoa se diferen-
cia de outra.
O conceito de personalidade de Eysenck (1969) é internacionalmente reco-
nhecido. Nele, o autor, baseando-se em grande número de pesquisas, encontrou
dois superfatores da personalidade:
1. Introversão-extroversão.
2. Instabilidade-estabilidade emocional.
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 47

Segundo Eysenck (1969), esses fatores são determinados, basicamente, por


fatores genéticos. Recentemente, as teorias da personalidade se dedicam mais ao
desenvolvimento da personalidade sob o ponto de vista da interação entre a pes-
soa e o meio ambiente. A teoria da ação (Nitsch, 1986) considera, principalmente,
as relações entre as pessoas e seu ambiente no âmbito social do esporte.
A estrutura da personalidade é dividia em três níveis, os quais interagem en-
tre si. O nível básico da personalidade é denominado núcleo psicológico e inclui
atitudes e valores, motivos e interesses, pensamentos e crenças sobre a própria
pessoa.
Respostas típicas representam a maneira como aprendemos a nos adaptar ao
meio ambiente e como respondemos, geralmente, a estímulos ambientais e sociais.
Como uma pessoa se comporta no contexto social depende de como percebe
a situação social e o papel social nessa situação. Diferentes situações exigem dife-
rentes papéis sociais (pai, mãe, técnico, árbitro, dirigente).
O núcleo psicológico apresenta uma estrutura intensa e constante da perso-
nalidade (trait) e o comportamento social, uma estrutura externa e dinâmica da
personalidade. As respostas típicas exercem uma função intermediária.
Por desenvolvimento da personalidade deve-se entender o desenvolvimento
integral de um indivíduo (desenvolvimento motor, cognitivo, motivacional, social
e emocional), da infância até a idade adulta. Nós partimos do princípio de que o
desenvolvimento da personalidade pode ser influenciado em um grau elevado por
meio de processos de aprendizagem e de socialização.

Individualização
Entende-se por processo de desenvolvimento da autodeterminação do indi-
víduo aquele que objetiva diferenciação e amadurecimento da personalidade de
maneira autônoma. Autoconfiança e autoidentidade deverão ser desenvolvidas de
maneira recíproca em comportamentos futuros.

Socialização
Entende-se por socialização um processo pelo qual a pessoa adquire capaci-
dades sociais, como a percepção social, o idioma, motivos e atitudes sociais, in-
tegração, interação e comunicação social, que lhe permitem agir adequadamente
em situações sociais.
48 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

Personalidade de crianças
Para explicarmos o desenvolvimento da personalidade de crianças no esporte de
alto nível, tomamos por base o modelo teórico apresentado na Figura 3.2.

AMBIENTE FAMILIAR

P
Cog
nitiv
T o
l
cia
So

Funções gerais
RENDIMENTO
ESPORTE DE

Motivacional

ESCOLA
C
co
áti m

Percepção e elaboração
so

de informações
s o
sic
op

Em Pe
ic

ocio
Fís

nal
A

RECREAÇÃO

No centro deste modelo aparecem a criança, com suas funções biológicas, e os processos
de percepção e elaboração de informações.
O próximo nível do desenvolvimento da personalidade da criança é determinado pelos
processos cognitivos, motivacionais, emocionais, psicossomáticos e sociais.
O último nível apresenta as áreas de influências sociais, como a família, a escola, o
tempo livre e o esporte de rendimento. Dentro desse contexto social, as seguintes pessoas
exercem grande influência no desenvolvimento da criança: pais, professores, treinadores,
colegas de escola e outros amigos.

Figura 3.2  Influências sociais no desenvolvimento da criança (Kaminski & Ruoff, 1979: 204).
(C: criança; P: pais; T: treinador; Pe: professor; A: amigos.)
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 49

Influência dos pais


Crianças e jovens que praticam ativamente esporte de rendimento em um
clube esportivo têm pais que, em sua maioria, praticaram esporte de rendimento
na infância.
A maioria dos pais apoiam ativamente as atividades esportivas de seus filhos.
O apoio familiar abrange as seguintes atividades: ajuda financeira, coordenação
das atividades familiares com as atividades do treinamento e competição e apoio
emocional durante a competição.
Um apoio e uma participação emocional exagerados por parte dos pais
podem causar efeitos negativos no desenvolvimento da personalidade da criança.
Ambições exageradas dos pais, pressão por sucesso, cobrança de rendimento e pres-
são social são exemplos de participação emocional exagerada.
Würth & Saborowski (1999) analisaram a influência dos pais no desenvol-
vimento da carreira esportiva em atletas de ambos os sexos e apresentaram os
seguintes resultados:
• Os pais de meninos atribuem mais talento a seus filhos que os pais das me-
ninas.
• Na fase inicial do desenvolvimento esportivo, as meninas recebem menos
apoio por parte dos pais que os meninos, mas, na fase de alto rendimento, os
pais das meninas apoiam suas filhas em todos os aspectos.
• Os pais dos meninos pressionam mais seus filhos que os pais das meninas. Um
resultado interessante é que os meninos pressionados não percebem tanto essa
pressão como as meninas. No geral, as atletas se cobram mais e sentem-se mais
estressadas e pressionadas por parte de seus pais e dos técnicos.
• É importante sensibilizar pais e técnicos para a importância de apoiar positi-
vamente suas filhas em todas as etapas da carreira esportiva e evitar qualquer
pressão emocional ou social.

Influências da escola
A motivação para a prática de esportes entre crianças e jovens depende da
estrutura da escola e da classe social. Em geral, as escolas estimulam pouco as
crianças para a prática do esporte de alto nível.
50 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

Esporte de rendimento
A organização das atividades de crianças no esporte de rendimento domina
a vida diária e todas as outras atividades durante 1 semana, 1 mês e, às vezes, du-
rante 1 ano inteiro. Isso significa que as atividades no esporte de rendimento são
altamente planejadas.
Em algumas modalidades esportivas, como na ginástica olímpica, por exem-
plo, os treinos são realizados duas vezes ao dia e ainda há as competições nos finais
de semana. Por esse motivo, crianças que praticam ativamente esportes de alto
nível não têm tempo para outras atividades recreativas ou sociais. Os contatos e
relações sociais se limitam ao grupo de treinamento.

Recreação
Jovens que praticam esporte de rendimento passam seu tempo livre com
amigos que também praticam esporte de alto nível. Jovens esportistas leem fre-
quentemente reportagens esportivas nos jornais e assistem a programas esporti-
vos com mais frequência.
Resumindo, pode-se constatar que a prática de esporte de alto nível na ado-
lescência exige condições específicas do ambiente social e também no planeja-
mento e na organização da vida diária dos atletas jovens.

Motivação
A motivação, segundo Samulski (2009), é um processo ativo, intencio-
nal e dirigido a uma meta que depende de fatores pessoais (intrínsecos) e
ambientais (extrínsecos). A motivação pode ser considerada o “combustível”
que move as pessoas para a realização de suas metas e interesses pessoais
(Figura 3.3).
Os motivos de participação no esporte, de acordo com Becker Jr. (2000), fo-
ram investigados por diversos pesquisadores:
a) Alegria (Klint & Weiss, 1987).
b) Aquisição de habilidades (Johns, 1985).
c) Competência e desenvolvimento de habilidades (Johns et al., 1990).
d) Status social, saúde e influência externa (Brodkin & Weiss, 1990).
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 51

Motivação

Ativação Direção

Intensidade Intenção

Persistência Orientação a
uma meta

A motivação tem um componente de direção que orienta a criança/jovem na escolha


das atividades esportivas de interesse. Isso vai depender da intenção ou das metas da
pessoa.
O outro componente é energético, que vai determinar o nível de envolvimento da
criança na prática esportiva.
A combinação dos dois componentes (direção e ativação) será determinante para o
desempenho e o envolvimento bem-sucedido da criança na modalidade.
Dica para o professor/treinador: monitorar periodicamente os níveis de motivação para
a prática esportiva, verificando sempre se existe uma relação de consonância entre a meta
do aluno e a energia por ele empregada na prática.

Figura 3.3  Determinantes da motivação. (Samulski, 2009.)

Foi observado que para a maioria das crianças o nível máximo de participação
ocorre aos 12 anos de idade, quando ingressarão na adolescência. Para Ewing &
Seefeld (1989), verifica-se uma redução significativa do interesse a partir dos 13
anos de idade, e aos 18 a redução atinge o ápice. A explicação desse fenômeno pode
estar, de acordo com a teoria apresentada por Samulski (2009), centrada em aspec-
tos intrínsecos (por exemplo, surgimento de outras atividades que competem pelo
interesse do jovem) ou extrínsecos (por exemplo, influência dos professores que
fazem ou deixam de fazer algo que afetam a motivação do jovem para o esporte).
O papel dos professores e treinadores na motivação da criança e do jovem
também é determinante. Segundo Noce et al. (2008), deve haver uma relação de
compatibilidade entre a habilidade do praticante/aluno e os níveis de dificuldade
das tarefas propostas pelos professores/treinadores (Figura 3.4).
52 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

+
Ansiedade Motivação

Dificuldade

Apatia

– +
Habilidade

O desequilíbrio entre os níveis de dificuldade de uma tarefa e o nível de habilidade da


criança/jovem pode provocar desmotivação para a prática do esporte.
Quando a habilidade da criança é muito superior à dificuldade da tarefa, pode ocasionar
um estado de apatia devido ao desinteresse da tarefa.
Quando a habilidade da criança é muito inferior à exigida para a realização da tarefa,
podem ser gerados sentimentos de ansiedade e frustração em razão da impossibilidade de
concluir a tarefa.
Dica para o professor/treinador: procure avaliar sempre a capacidade de cada aluno/
grupo e oferte atividades desafiadoras para manter os níveis de motivação sempre em alta.

Figura 3.4  Relação entre os níveis de habilidade do praticante e dificuldade da tarefa. (Noce et
al., 2008.)

Weinberg & Gould (2008) oferecem algumas recomendações para aumentar


a motivação intrínseca, as quais professores e treinadores podem aplicar diaria-
mente em suas aulas e treinos:
• Proporcionar experiências de sucesso.
• Dar recompensas de acordo com o desempenho.
• Usar elogios verbais e não verbais.
• Variar o conteúdo e a sequência dos exercícios.
• Envolver os participantes nas tomadas de decisão.
• Estabelecer metas reais de desempenho.

Por fim, levando em consideração a importância do componente de direção


na motivação das pessoas, Samulski (2009) propõe diretrizes para determinação
de metas que pretendem auxiliar professores, treinadores, alunos e atletas a me-
lhor orientarem sua energia de realização:
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 53

• Determinar metas exigentes e desafiantes, porém reais.


• Estabelecer metas específicas e controláveis.
• Determinar metas a curto, médio e longo prazos.
• Trabalhar com metas atrativas e positivas.
• Explicar o sentido das diferentes metas.
• Determinar metas individuais e do grupo.
• Identificar estratégias e técnicas para alcançá-las.
• Avaliar e modificar suas metas.
• Procurar suporte de outras pessoas para realizar suas metas.

Estresse
O estresse é produto da interação do homem com seu meio ambiente físico
e sociocultural. De acordo com Samulski et al. (2009), existem fatores pessoais
(processos psíquicos e somáticos) e ambientais (ambientes físico e social) que in-
teragem no processo de surgimento e gerenciamento do estresse (Figura 3.5).

Estimulador estressor

AVALIAÇÃO
COGNITIVA

Reação de estresse

O modelo do estresse psicológico indica que nem todo estímulo estressor (por exemplo,
jogar contra um adversário agressivo) levará necessariamente a uma reação de estresse (por
exemplo, ansiedade) sem antes passar pelo componente intermediário, a avaliação cognitiva.
Um estímulo que esteja provocando uma reação de estresse poderá ser “bloqueado”
pela avaliação cognitiva, impedindo que a reação se prolongue (por exemplo, quando o
atleta se sente incomodado com uma torcida hostil e avalia que esta não poderá fazer nada
mais do que provocá-lo durante o jogo).
Dica para o professor/treinador: desenvolva em seus alunos uma perspectiva de avalia-
ção positiva em todas as situações.

Figura 3.5  Modelo do estresse psicológico. (Samulski et al., 2009.)


54 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

Segundo Thomas et al. (1988), o estresse ocorre quando a criança percebe um de-
sequilíbrio entre seu nível de aptidão e as exigências do meio. Muitas dessas exigências
têm origem no treinador e na família. As cobranças provenientes dessas fontes pro-
vocam um incremento no nível de ansiedade dos jovens com repercussões na auto-
estima e nos demais aspectos comportamentais, bem como na área sensório-motora.
Nem sempre o estresse será negativo. Quando as situações potencialmente
críticas forem avaliadas como desafio, o estresse poderá ser positivo. A falta com-
pleta do estresse em determinada situação poderá levar o jovem atleta a se acomo-
dar, entrando em uma “zona de conforto”, e a consequência disso é que ele não se
preparará adequamente para um “desafio” ou simplesmente reduzirá de maneira
significativa seu desenvolvimento pessoal por se considerar no “ápice”.
Noce et al. (2010) oferecem algumas recomendações para lidar com o estresse
no dia a dia do ambiente de treinamento com atletas jovens:
• O treinador deve aprender técnicas de controle de estresse e ser um modelo
positivo de comportamento para seus atletas.
• Deve simular no treinamento situação de competição, introduzindo fatores de
estresse.
• Deve evitar sobrecarga e excesso de treinamento. Deve aplicar técnicas de rela-
xamento e recuperação durante e após o treino.
• Também deve transformar fatores negativos, antes e durante a competição, em
fatores positivos mediante o pensamento positivo.
• O treinador deve desenvolver boas relações interpessoais com seus atletas e
criar um bom clima emocional.

ASPECTOS COGNITIVOS
A abordagem da psicologia do esporte, ao tratar dos aspectos cognitivos, é mui-
to rica. Durante as aulas e treinamentos é possível utilizar-se do esporte como meio
de estimulação e desenvolvimento de diversas capacidades. Neste capítulo serão
abordados dois aspectos básicos: os aspectos atencionais e os processos decisórios.

Aspectos atencionais
Segundo Samulski (2009), atenção é entendida, de modo geral, como um
estado seletivo, intensivo e dirigido da percepção e exerce um papel decisivo no
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 55

desempenho esportivo. Segundo Weinberg & Gould (2008), “a concentração é a


capacidade de manter o foco de atenção sobre os estímulos relevantes do meio
ambiente. Quando o ambiente muda rapidamente, consequentemente o foco de
atenção precisa ser mudado também. Pensamentos sobre aspectos irrelevantes
podem aumentar a frequência de erros durante a competição". Três elementos
são importantes para definir a concentração:
• Focalização de estímulos relevantes.
• Manutenção do nível de atenção durante determinado tempo.
• Conscientização da situação.
A prática esportiva pode ser um meio tanto de desenvolvimento como de es-
timulação dos processos atencionais em crianças e jovens. Os exercícios de seleção
dos estímulos relevantes, manutenção do foco na ação e rápido e eficaz processa-
mento da informação caracterizam esse aspecto.
Em diversas modalidades, o erro pode ser decisivo na definição de uma par-
tida. A Figura 3.6 tece considerações importantes sobre a relação entre o nível de
exigência técnica e o nível de concentração. A figura mostra que o erro é ocasiona-
do por uma relação entre o nível de exigência da tarefa e um nível de concentração
incompatível com a mesma. O atleta deve ser capaz de perceber as oscilações em
seu nível de concentração e ajustar a execução técnica/tática a fim de tornar a exi-
gência da tarefa compatível com os níveis atencionais necessários à realização da
tarefa e, desta forma, minimizar as possibilidades de erro.
Por fim, a psicorregulação é um tipo de rotina que tem a finalidade de sus-
tentar o atleta em seu nível ótimo de rendimento. Pode-se observar na Figura 3.7
que existe, para o melhor desempenho, uma concentração de energia de ativação
ótima, e, tanto abaixo como acima deste nível, o desempenho do atleta cai. A área
cinza representa a região de ótima ativação. A zona de ativação ótima está circula-
da no gráfico. Quando o nível energético flutua, para mais ou para menos, o atleta
deve aplicar técnicas de psicorregulação.
Para efetuar a psicorregulação, trabalha-se com quatro indicadores básicos
(respiração, linguagem, pensamento e movimento), os quais são manipulados de
acordo com a necessidade (ativar ou relaxar):
a) Para ativar:
• Respiração: aumentar a frequência respiratória.
• Linguagem: verbalizar palavras ou frases de força (“garra!”, “vamos!” etc.).
56 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

Exigência
da tarefa

ERRO

Nível de
concentração

Manter um nível de concentração elevado durante toda a tarefa (por exemplo, prática
esportiva) é algo que exige preparação. Se a tarefa se prolongar, sustentar esse nível de
concentração em um ponto ótimo será praticamente impossível.
Dica para o professor/treinador: o professor/treinador poderá auxiliar o atleta a se au-
toperceber, para que assim ajuste sua conduta no jogo (compatível com uma capacidade
de concentração) a fim de minimizar provável erro.

Figura 3.6  Influência de fatores psicológicos na ocorrência do erro. (Samulski et al., 2005.)

+
Zona de
ativação
ótima
Rendimento


Nível de ativação +

Cada atividade apresenta um nível de ativação ótimo. Cada pessoa também conta com
traços de personalidade específicos que determinam sua conduta ótima em uma atividade.
Dica para o professor/treinador: ensine para seus atletas as técnicas básicas de psi-
corregulação e, na prática, trabalhe com diferentes situações que exijam a capacidade de
modulação/adaptação deles. Assim estarão se capacitando para ajustarem-se às diferentes
exigências da competição.

Figura 3.7  A importância da psicorregulação – curva de concentração energética da relação entre


rendimento e nível de ativação. (Noce & Samulski, 2001.)
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 57

• Pensamento: visualizar imagens de velocidade, força e estímulo.


• Movimento: movimentar-se mais rapidamente.
b) Para relaxar:
• Respiração: diminuir a frequência respiratória (inspirar profundamente e
expirar lentamente).
• Linguagem: verbalizar palavras ou frases tranquilizantes (“calma!”, “rela-
xe!” etc.).
• Pensamento: visualizar imagens tranquilas (um lago, o mar, as monta-
nhas etc.).
• Movimento: movimentar-se mais lentamente.

Tomada de decisão
Como vimos anteriormente, os processos atencionais representam um ele-
mento de fundamental importância para o sucesso em esportes. Atletas jovens
que aprendem a se perceber e a controlar os níveis de ativação se colocam em uma
situação ótima para o desempenho.
A tomada de decisão é um processo complexo que apresenta diversas variá-
veis intervenientes (Greco & Benda, 2001). Nos esportes competitivos, a falha no
processo decisório pode levar ao erro e à perda de desempenho (Noce, 1999; Noce
& Samulski, 1996).
O procedimento de tomada de decisão do atleta se inicia, na verdade, bem
antes (Figura 3.8). Existe um período de preparação da resposta que se inicia com
a percepção de um estímulo de alerta que ativa o sistema decisório. O próximo
passo seria a seleção do estímulo relevante que norteia a tomada de decisão e dis-
para a resposta (ação motora). O feedback é um mecanismo inerente ao processo
decisório que informa o executor sobre a qualidade e a eficácia de sua ação.
Como se pode notar, a qualidade da percepção é fundamental no processo.
Observa-se com mais detalhes, na Figura 3.9, o processo de tomada de decisão.
Normalmente, uma das grandes diferenças entre atletas novatos e experientes
começa no olhar sobre a situação (Noce & Samulski, 2002). A seleção correta
dos estímulos promove mais velocidade em todo o processo decisório e dá ao
atleta, inclusive, a possibilidade de antecipar, com mais eficácia, as ações. Com
base na informação sensorial, o atleta toma a decisão sobre sua ação e a executa.
58 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

FEEDBACK

Estímulo Estímulo Tomada Ação


de alerta imperativo de decisão

Período de Início da Execução


preparação resposta da resposta
(antecipação)

Figura 3.8  Procedimentos cognitivos de resposta. (Tanenbaum, 2001.)

Onde devo Baseado em minha


fixar minha O que é O que experiência,
atenção e em relevante acontecerá conhecimento e na
que devo e o que a seguir? informação atual,
prestar atenção? não é? o que eu devo fazer?

Estratégias visuais Processo de Antecipação Processamento da


e distribuição da seleção tomada de decisão
atenção

Execução e Como e
A ação quando Que
manutenção das
foi devo executar ação
ações alternativas
correta? a ação? escolher?
em alerta

Avaliação da ação Alteração da ação Início da ação Elaboração da


(feedback) tomada de decisão

Figura 3.9  Detalhamento do processo decisório. (Tanenbaum, 2001.)

Outro aspecto importante se refere à manutenção de ações alternativas em alerta


para qualquer eventualidade (Noce & Samulski, 2001). O processo finaliza com
a avaliação da ação e já inicia novo processo com a busca de novas informações
sensoriais.
Naturalmente, o processo decisório pode sofrer diversas interferências que
resultam no erro (Ugrinowitsch, 2003). Entre as interferências mais comuns des-
Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil 59

tacam-se a fadiga, a distração e a incompatibilidade na relação entre concentração


e exigência da tarefa.
De acordo com Noce & Samulski (2001), é muito difícil o atleta manter-se con-
centrado em alto nível durante toda a partida ou prova (dependendo, naturalmente,
de fatores como a duração da tarefa). O nível de concentração deve ser adequado
para manter a qualidade da execução técnica demandada em cada ação. Nesse caso, a
ocorrência do erro se processa no momento em que o atleta não percebe que seu nível
de concentração declina e o nível de exigência da tarefa se sustenta (ver Figura 3.6).
É importante o atleta conhecer e reconhecer a importância da percepção de
sua capacidade atencional (Samulski, 2009; Schmidt & Wrisberg, 2001). Quanto
mais refinado e preciso o movimento, maior a necessidade de controle conscien-
te e, normalmente, maior o gasto energético provocado pela exigência (Nideffer,
1993). Para minimizar a frequência dos erros, basta o atleta ajustar a exigência de
sua ação ao nível de concentração disponível no momento.
Samulski (2009) apresenta algumas regras básicas para o desenvolvimento da
capacidade de concentração nos atletas:
• Identificação de estímulos relevantes: é uma informação vital, pois possibilita
ao atleta selecionar o tipo de atenção mais indicada para a situação.
• Percepção do nível de ativação interna: como já foi citado, o nível de ativação
apresenta uma relação direta com a percepção. Portanto, se o indivíduo tem
boa percepção de seu nível de ativação, ele poderá aplicar de modo mais eficaz
as medidas de controle da ativação, visando a estabilizá-las em um nível ótimo,
de acordo com a situação.
• Redução do estresse emocional: o estresse apresenta influências diretas na
atenção, o que torna importante para os atletas aprenderem técnicas de re-
duzi-lo, como o relaxamento muscular progressivo e as técnicas cognitivas de
controle do estresse.
• Desenvolvimento do pensamento positivo: o atleta deve “filtrar” os pensa-
mentos durante a performance, de modo a permitir apenas a concentração em
aspectos positivos.
• Desenvolvimento de programas individuais de concentração: o desenvolvi-
mento de um programa de concentração deve respeitar as características indi-
viduais de cada atleta, a estrutura de cada modalidade esportiva e as exigências
situacionais.
60 Psicologia do Esporte Aplicada ao Desporto Infantil

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicologia do esporte pode ser tornar uma ferramenta muito útil no dia a
dia do profissional que atua com crianças e jovens no esporte.
Do ponto de vista comportamental, uma série de aspectos (como os já abor-
dados neste capítulo) permite ao professor/treinador conhecer melhor o jovem
sob sua responsabilidade e assim disciplinar e otimizar o desempenho nos dife-
rentes níveis de prática esportiva.
Do ponto de vista cognitivo, o conhecimento dos diversos aspectos inerentes
à prática esportiva (por exemplo, percepção, atenção, tomada de decisão) permite
estimular e desenvolver o praticante, tornando-o cada vez mais capaz de analisar e
resolver as diferentes situações-problema que fazem parte do cotidiano esportivo
e pessoal desse jovem atleta.

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