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CONCLUSÃO
33
Kanfer, F.H. & Phillips, Jeanne S. A survey of current behavior therapies and a proposal for classification. In
C.M. Franks (Ed.) Behavior therapy: appraisal and status. New York: Mc Graw-Hill, 1969. Pp 445-475
44
Patterson, C.H. Counseling and psychotherapy: theory and practice. Chap. 12. Common elements in
psychotherapy: essence or placebo? New York: Harper & Row, 1959.
55
Perls, F.S. Hefferline, R.F. & Goodman, P. Gestalt therapy. New York: Julian Press, 1951. P. 280
ANALOGIAS E DIFERENÇAS
Filosofia e Conceitos
66
Skinner, B.F. Reinforcement today. Amer. Psychologist, 1958, 14, 94-99.
77
Skinner, B.F. Walden Two. New York: Macmillan, 1948. P. 243.
hipotéticos”8. May, apresentando a posição existencialista, escreve que “o futuro,
ao contrário do presente ou do passado, é o modo de expressão dominante dos
seres humanos”9.
Objetivos e Metas
O processo de aconselhamento
2626
Cartwright, D.S. & Cartwright, Rosalind D. Faith and improvement in psychotherapy. J. counsel. Psychol.,
1958, 5, 174-177.
2727
Truax, C.B. & Carkhuff, R.R. Client and therapist transparency in the psychotherapeutic encounter. J.
consult. Psychol., 1965, 12, 3-9.
2828
Jourard, S.M. The transparent self. New York: Van Nostrand, 1964.
2929
Mowrer, O.H. The new group therapy. New York: Random House, 1961. P. 85
3030
Rogers, C.R. Divergent trends. In R. May (Ed.), Existential psychol. New York: Random House, 1961, p.
85.
que elas estejam erradas, mas que elas sejam parciais” 3131. Assim, podemos
dizer a respeito da terapia comportamental (ou da abordagem do
condicionamento) que seu problema não é que esteja errada, mas que seja
incompleta enquanto descrição ou teoria sobre a natureza do homem, seu
comportamento e sua modificação. É uma abordagem “nada além disso”. Não se
questiona a existência do condicionamento, o fato de que o homem é um ser
reativo que pode ser condicionado e recondicionado. Mas o homem é mais do que
isso. Ele é também um ser ativo, um ser que inicia a ação. Seu comportamento
influencia o ambiente da mesma forma que é influenciado por ele.
O homem não é meramente um mecanismo ou um organismo controlado
por estímulos objetivos do ambiente e subjetivos vindos de dentro de si. O
conceito de comportamento operante reconhece que o homem também atua em
seu ambiente. Ele seleciona e define, através das suas percepções, os estímulos
a que vai responder. Ele é, portanto, um ser que vive, ou existe, que pensa e
sente, que interpreta e define seu ambiente e a si mesmo de certas maneiras. Seu
mundo é determinado em parte pelas suas percepções e não apenas pela
natureza objetiva dos estímulos. Esta é uma abordagem “algo além”.
Como indicado acima, parece haver consenso quanto à necessidade de se
estabelecer um relacionamento no aconselhamento ou na psicoterapia. Um
relacionamento complexo, com diversos aspectos. Não simplesmente uma
relação cognitiva, intelectual ou impessoal, mas uma relação afetiva, experiencial
e altamente pessoal. Não necessariamente irracional, mas que contenha
elementos não racionais. A natureza dos laços entre colegas é essencialmente
afetiva.
Acumulam-se evidências de que o elemento efetivo no aconselhamento
seja a natureza do relacionamento estabelecido pelo conselheiro. Goldstein,
revisitando a literatura sobre as expectativas terapeuta-paciente na psicoterapia,
conclui: ”Não pode mais haver dúvida quanto à importância primária da relação
terapêutica no todo da situação terapêutica” 3232. O terapeuta do comportamento
parece não estar interessado ou minimizar a importância do relacionamento. No
entanto, o relacionamento ocupa em seu método um posto mais importante do
que ele mesmo admite. Deve estar claro que as características do conselheiro ou
terapeuta e do cliente discutidas acima manifestam-se sempre em uma relação.
A relação de aconselhamento sempre envolve aspectos do
condicionamento. A atmosfera aceitadora, compreensiva e não ameaçadora da
situação terapêutica oferece oportunidade para a extinção da ansiedade e para a
dessensibilização de estímulos ameaçadores. Nesta relação, na qual a ameaça
externa é minimizada, idéias, palavras, imagens e sentimentos ansiógenos ficam
livres para aparecer. Mais ainda, aparecem numa seqüência que se assemelha ao
tipo de hierarquia estabelecida por Wolpe, ou seja, da menos para a mais
ansiógena. Portanto, em qualquer relação terapêutica não ameaçadora, a
dessensibilização pode ser alcançada como foi em Wolpe. Esta relação, por
minimizar a ansiedade evocada pelo externo, torna possível para o cliente
experienciar e trazer à tona suas ansiedades internamente induzidas na medida
em que ele for aos poucos se apropriando delas dentro da relação aceitadora.
Além disso, o condicionamento operante serve para reforçar a produção
das verbalizações, elas que, acredita o terapeuta, têm efeito terapêutico ou são ao
menos necessárias para o transcorrer da terapia. O terapeuta recompensa estas
verbalizações através do seu interesse e da sua atenção ou então por meio de
aprovação e elogio explícitos. No começo da terapia, elementos negativos podem
ser reforçados – por exemplo, a expressão de problemas, conflitos, medos e
ansiedade, bem como auto-referências negativas. Conforme a terapia progride, o
3131
Allport, G.W. Psychological models for guidance. Harvard educ. Rev., 1962, 32, 373-381.
3232
Goldstein, A.P. Therapist-patient expectancies in psychotherapy. New York: Macmillan, 1962, p. 105
terapeuta pode reforçar elementos positivos – por exemplo, esforços na resolução
de problemas, pensamentos, atitudes e sentimentos positivos, bem como auto-
referências positivas. O terapeuta tem a expectativa de que aconteçam
progressos desse tipo e se mostra sensível a esta expressão no cliente.
A questão a ser encarada, para citar Jourard, é: “Que condições favorecem
a produção do comportamento operante no terapeuta que podemos dizer ser
‘facilitador de crescimento do paciente’? Ou seja, que condições evocam no
terapeuta as atitudes que estimulam o cliente a emitir comportamentos que
contribuem para seu crescimento?”3333
Os princípios do condicionamento têm contribuído para a compreensão da
natureza do processo terapêutico e da relação terapêutica. Mas não o
condicionamento mecânico que ocorre em um rato na caixa de Skinner. Falamos
do condicionamento como aspecto da relação terapêutica que se manifesta e que
é influenciado por ela. Há diversas evidências de que o grau e a extensão do
condicionamento são influenciados pelas atitudes e personalidade do
experimentador e pela relação entre este e seu sujeito. 3434 Nesta relação estão
presentes características do cliente – seus interesses, motivações, pensamentos,
atitudes, percepções e expectativas – bem como do conselheiro. Há também a
influência da situação na qual a relação ocorre – o que num experimento de
pesquisa se chama de caraterísticas da demanda. Como disseram Ullmann &
Krasner, “as expectativas, antecipações, etc., tanto no sujeito quanto no
examinador, têm efeito importante sobre a resposta individual à situação”, e “os
melhores resultados são obtidos quando o paciente e o terapeuta estabelecem
um bom relacionamento interpessoal”3535 A relação, portanto, não pode ser
ignorada, mesmo numa terapia comportamental. Krasner lembra que Skinner
classificava a atenção como reforço genérico. 3636 As influências mais poderosas
para o comportamento – ou, em termos de condicionamento, os reforços – são o
respeito, o interesse, a consideração e a atenção do terapeuta. A demonstração
experimental dos efeitos destes reforços generalizados apóia a teoria da
importância do relacionamento no aconselhamento e na psicoterapia.
Há ainda um ponto adicional que enfatiza a importância da relação
terapêutica. Muitos, se não a maioria dos problemas e dificuldades dos clientes
envolvem relações interpessoais. Cada vez mais tem-se reconhecido que boas
relações interpessoais são caracterizadas por honestidade, sinceridade e
espontaneidade. A psicoterapia é uma relação que tem estas características e é,
portanto, uma situação na qual o cliente tem oportunidade de aprender sobre
boas relações interpessoais. De fato, a terapia seria limitada se tentasse
influenciar as relações interpessoais do cliente apenas dando a ele uma outra
forma de relação. E se tentasse influenciar relacionamentos interpessoais
evitando o estabelecimento de uma relação terapêutica, seria ineficiente. Ensinar
(ou condicionar o comportamento individual) de maneira mecânica não traria
grande esperança quanto à generalização disso para outros relacionamentos fora
da terapia. O que o terapeuta faz é prover um modelo de bom relacionamento
interpessoal para o cliente.
London acredita que Mowrer oferece uma solução às inadequações da
divisão entre terapias de compreensão, por um lado, e terapias de ação, por
outro.3737 Porém, a abordagem de Mowrer, mesmo que ainda não tenha sido
3333
Jourard, S.M. On the problem of reinforcement by the therapist of healthy behavior in the patient. In F.J.
Shaw (Ed.), Behavioristic approaches to counseling and psychotherapy. Tuscaloosa, Ala.: University of
Alabama Press, 1961, p. 14.
3434
Ullmann, L.P. & Krasner, L. op.cit.
3535
Ibid., p. 43.
3636
Krasner, L. The therapist as a social reinforcement machine. In H.H. Strupp & L. Luborsky (Eds.),
Research in psychotherapy. Vol. II. Washington: American Psychological Association, 1962. P. 67.
3737
London, P. op. cit.
apresentada ou desenvolvida de forma sistemática, é uma terapia de relação. 3838
Mowrer, reconhecendo que a personalidade é produto de relacionamentos
interpessoais, enfatiza o valor terapêutico da disponibilidade e da auto-descoberta
nestas relações. No entanto, ainda que sinta que tal abertura possa iniciar-se no
relacionamento com um terapeuta individual, ele afirma que para isso raramente
são necessárias mais que uma ou duas entrevistas. Mowrer acredita que o cliente
deve transportar-se rapidamente do grupo de dois para o grupo maior de ‘outros’
significativos em sua vida (para usar um termo de Sullivan) ou grupos primários
(em termos sociológicos).
Não há, portanto, contradição básica ou necessária entre terapia do
comportamento e terapia de relação. Uma enfatiza a modelagem ou modificação
de aspectos específicos do comportamento através de recompensas ou reforços
específicos. A outra enfatiza modificações mais genéricas do comportamento
(incluindo mudanças de atitude e sentimento), obtidas por meio de reforços
genéricos. Ambas utilizam os princípios da aprendizagem – uma de maneira mais
limitada, enfatizando o condicionamento, a outra de forma mais abrangente,
enfatizando o que poderíamos chamar de aprendizagem social. 3939 Os terapeutas
comportamentais, como apontam Ullmann & Krasner, são sistemáticos na
aplicação que fazem de conceitos de aprendizagem específicos. 4040 Mas também
pode ser dito que os terapeutas de relação são sistemáticos na aplicação de
reforços generalizados. O condicionamento e a terapia comportamental estão
apoiados em evidências empíricas, incluindo laboratório e pesquisa experimental.
A abordagem de relação também tem apoio em pesquisas, incluindo algumas
sobre condicionamento. É interessante e significativo que ambos os grupos
estejam chegando às mesmas conclusões, um a partir do trabalho de laboratório
com condicionamento, o outro da experiência e pesquisa em aconselhamento e
psicoterapia. É importante, porém, que os terapeutas comportamentais consigam
reconhecer a complexidade do processo de aprendizagem com seus aspectos
sociais ou de relacionamento, e que também os terapeutas que enfatizam o
relacionamento estejam conscientes de que o condicionamento é um aspecto do
aconselhamento ou psicoterapia. O processo total, ainda que seja um
aprendizado, é do tipo complexo. Vários tipos de aprendizagem estão envolvidos
e não simplesmente o condicionamento operante ou clássico. Fazem parte deste
processo elementos perceptivos, cognitivos e afetivos, sendo que todos eles são
importantes para o comportamento e para sua modificação. A dificuldade de se
prover uma relação terapêutica, com seus necessários aspectos afetivos, é maior
que a de se criar uma relação de condicionamento de laboratório, ou mesmo a de
se estabelecer numa entrevista uma relação racional de resolução de problemas.
A complexidade do processo e a importância do interesse, consideração e
compreensão do terapeuta têm uma implicação fundamental. O processo não
pode ser mecanizado, simplificado ou controlado em termos de planejamento ou
de objetivos, manipulação forjada de recompensas para expressar interesse,
consideração, etc. Isto porque o comportamento do terapeuta só pode ser efetivo
quando é sincero e espontâneo, não quando é uma técnica planejada. O
terapeuta é mais efetivo quando age como pessoa – quando ele é, como diz a
abordagem centrada no cliente, “autêntico” no relacionamento. Enquanto os
terapeutas do comportamento esforçam-se para ser efetivos tentando reduzir o
tratamento às bases da técnica, parece que para ser o mais efetivo possível o
terapeuta deve ser uma pessoa humana real. A influência mais efetiva é aquela
em que uma outra pessoa oferece um relacionamento humano genuíno.
3838
Mowrer, O.H. op. cit.
3939
Murray, E.J. Learning theory and psychotherapy: biotropic versus sociotropic approaches. J. counsel.
Psychol., 1963, 10, 251-255
4040
Ullmann, L. P. & Krasner, L. op. cit., p. 37.
Os comentários de Jourard são relevantes aqui:
DUAS QUESTÕES
4848
Lazarus, A.A. Behavior therapy and beyond. New York: McGraw-Hill, 1971. P. 10.
4949
Ford, D. & Urban, H.B. Psychotherapy. Ann. rev. Psychol., 1967, 18, 333-372.
5050
Krumboltz, J.D. Promoting adaptive behavior: new answers to familiar questions. In J.D Krumboltz (Ed.)
Revolution in counseling. Boston: Houghton Mifflin, 1966. Pp. 3-26.
5151
Blocher, D. What can counseling offer clients? Implications for selection. In. J.M. Whiteley (Ed.), Research
in counseling: evaluation and refocus. Columbus, Ohio: Merrill, 1967.
5252
Paul, G.L. Strategy of outcome research in psychotherapy. J. consult. Psychol., 1967, 31, 109-118.
5353
Strupp, H.H. & Bergin, A.E. Some empirical and conceptual bases for coordinated research in
psychotherapy: a review of issues, trend, and evidence. Int. J. Psychiat., 1969, 7, 18-90.
entanto, isto vai além do nosso interesse aqui, que é tentar introduzir alguma
ordem na variedade de relações de ajuda que envolvem contatos pessoais tais
como no aconselhamento ou na psicoterapia (pensados no sentido usual dos
termos).
A figura seguinte apresenta esta tentativa. Muitas variáveis subjacentes ao
continuum de relações de ajuda estão indicadas. As primeiras três são variáveis
contínuas, não dicotomizadas; a quarta e a quinta talvez sejam dicotomias.
Este modelo nos dá uma base para “diagnóstico” ou classificação dos
problemas dos clientes e das avaliações do tratamento num sentido amplo e
geral. Então, o tratamento é específico. É interessante que, neste sentido, a
relação é, como sugeriram Wolpe e outros, não específica na terapia
comportamental, mas o tratamento específico na terapia de relação. A terapia de
relação é o tratamento específico para os clientes cujo problema está na carência
de relacionamentos interpessoais facilitadores. Portanto, para este problema a
relação é necessária e suficiente. E para outros problemas ela pode ser
necessária, mas não suficiente. Um cliente que carece de informação ou
habilidades precisa de mais que uma relação; precisa de informação e instrução.
É claramente possível, e de fato provável, que muitos clientes tenham um certo
número de problemas diferentes que exigem vários métodos diferentes de
tratamento. O conselheiro ou psicoterapeuta – ou, para usar um termo genérico, o
profissional de ajuda – deve decidir em qual porção do continuum de relações de
ajuda ele deseja ou é competente para se situar. Os profissionais de ajuda
parecem ter o direito de limitar seu trabalho se assim desejarem, encaminhando
os clientes que precisam de outros tipos de ajuda para problemas particulares.
Impessoal Pessoal
Específica Geral
Aprendizagem Performance
(resposta fora do (resposta no
repertório) repertório)