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1) No livro a autora cita as três dimensões reconhecidas na atividade científica: a

epistemologia, teoria e prática. Ao lermos, observamos que elas estão


relacionadas, mas podemos distingui-las. A Teoria e a Prática se unem no
conceito de Paradigma, em que uma das definições seria a nossa forma de
perceber e atuar no mundo, e esse olhar influencia diretamente em nossas
escolhas, ações e atitudes. Para a ciência o termo paradigma tem múltiplos
sentidos e usos, pois consideram dois sentidos para o termo: A Teoria como
regras e padrões da prática e o Paradigma como crenças e valores subjacentes
a prática. Por isso o termo tem sido usado cientificamente de forma indistinta,
nos dois sentidos, ás vezes como teoria, ás vezes como paradigma.
Já a Epistemologia passa por uma evolução em seu conceito no qual
originalmente era considerada como um capítulo da história da teoria do
conhecimento, no segundo momento a epistemologia se reduziu a análise da
linguagem da ciência, das proposições científicas. E num terceiro momento
propondo-se a abordar vários dos problemas ou aspectos da ciência e tendo
diversos ramos. A epistemologia também é um termo de múltiplos sentidos e
uso, o primeiro deles segundo a autora se refere ao estudo das perguntas sobre
o conhecer, ou perguntas epistemológicas e o segundo uso frequente do termo
é se referindo as próprias respostas obtidas com esse estudo. Por isso segundo
a autora quando se fala em uma “nova epistemologia da ciência”, está se
falando de uma nova visão ou concepção de mundo e de trabalho científico, de
uma nova concepção de conhecimento, implícita na atividade científica, em
suas teorias e práticas.
A autora também fala sobre a equivalência entre as noções de paradigma e
epistemologia, para ela os critérios de cientificidade compartilhados pelos
cientistas, ou seja, os princípios diretores da investigação científica, refletem
seu paradigma, sua epistemologia, sua visão de mundo, as crenças e os valores
com que estão comprometidos.
1. Os autores Paul Watzlawick, Janet Beavin e Don Jackson apresentaram, no
livro Pragmática da Comunicação Humana: Um Estudo dos Padrões,
Patologias e Paradoxos da Interação, três conceitos importantes para a
terapia familiar: a injunção paradoxal, a dupla vinculação e a prescrição do
sintoma. A rigor, todos esses três conceitos são injunções paradoxais.
Explique esses três conceitos e como se pode utilizá-los de forma
terapêutica.

Injunção paradoxal: As injunções paradoxais podem ser definidas


como uma ordem que contém em si mesma uma contradição, e coloca
aquele a quem essa ordem se dirige como incapaz de responder de
maneira satisfatória. Para que as injunções paradoxais ocorram, é
necessário que pelo menos três fatores estejam presentes:
- Que seja estabelecida entre duas ou mais pessoas um relação de forte
complementariedade;
- Que nessa relação estabelecida, sejam dadas determinadas
instruções, que para serem obedecidas, precisam ser, também, e ao
mesmo tempo, desobedecidas.
- Que as pessoas que estejam nessa relação, principalmente em uma
condição hierárquica de inferioridade, sejam incapazes de dissolver tal
quadro por si só.
Ou seja, nas relações desse quadro, as pessoas são colocadas em uma
posição insustentável.

Dupla Vinculação: Conflito criado quando a pessoa recebe mensagens


paradoxais em diferentes níveis de abstração em um relacionamento
importante e não pode se afastar nem comentar.
Para que ocorra a dupla vinculação é necessário que:
- Duas ou mais pessoas estejam em um tipo de relacionamento no qual
há uma forte dependência física e/ou psicológica.
- Que seja realizada com certa frequência e intensidade, mensagens em
que se afirma algo, e ao se afirmar, logo em seguida, afirma-se algo
sobre o que foi afirmado, de modo que as duas afirmações, a afirmação
e o que é afirmado sobre ela, se excluam de forma mútua.
- Que a mensagem seja dotada de sentido pragmático mas destituída de
significado lógico.

Prescrição dos sintomas: Técnica introduzida na literatura psicológica


por Dunlap, que consiste em dizer a um paciente que ele não pode fazer
algo, com o objetivo de motivá-lo a fazer. Alguns anos após sua primeira
formulação, Bateson em “Terapia familiar na Esquizofrenia”, retoma tal
técnica e utiliza do termo “prescrição de sintoma” para defini-la. Em
outras palavras, a prescrição dos sintomas é uma técnica
psicoterapêutica que consiste em uma injunção paradoxal, que tem por
objetivo uma mudança comportamental, através de uma
metacomunicação.

Para exemplificar os três conceitos e o modo como eles podem ser


utilizados em um contexto terapêutico, tomemos como exemplo o relato
de um paciente que se queixa de seu pai.

Segundo o paciente, seu pai, frequentemente, diz que espera que ele
seja diferente e melhor do que ele (pai) foi quando jovem. No entanto,
toda tentativa por parte do jovem em ser diferente, e talvez, melhor que
o pai, é tratada como um desrespeito ou uma espécie de afronta.

Nessa relação entre pai-filho é enviada uma mensagem que tem a


seguinte estrutura:
- é feita uma afirmação: “Seja diferente e melhor do que eu fui”
- em seguida é feita uma afirmação sobre a afirmação anterior: “Não
seja diferente do que eu fui, faça exatamente como eu fiz, ou você será
punido”.
- de forma lógica é impossível ser e ao mesmo tempo não ser, mas
pragmáticamente esse tipo de paradoxo traz um significado. Como
consequência o resultado é o desenvolvimento de sentimentos de culpa,
quando o jovem tenta ser diferente do que é pai, e ao mesmo tempo, um
sentimento de raiva, quando o jovem aceita a premissa de ser igual ao
pai e não buscar sua própria autonomia.

A injunção “seja diferente do que fui sendo igual” cria entre o pai e o filho
um duplo vínculo, isto é, é criado um conflito no qual é impossível
responder a tal ordem de forma satisfatória, de modo que o filho não
pode se afastar para responder ou comentar o acontecido.

Como alternativa, em psicoterapia, o terapeuta pode pedir ao jovem para


que “seja diferente de seu pai sendo igual a ele”, através, por exemplo,
de um role play. Esse pedido paradoxal é uma tentativa de
metacomunicação por parte do terapeuta, isto é, a prescrição do
sintoma, “agir de forma espontânea através de um “sugestão”, é uma
possibilidade de fazer com o jovem possa se afastar do paradoxo
através de um paradoxo artificial, criado no contexto terapêutico. Nesse
caso, a prescrição do sintoma é uma alternativa metalinguística que
tem por objetivo ajudar no processo de dissolução de um duplo-vínculo,
ou mesmo na reesignificação e rompimento de uma injunção paradoxal.

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