Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
literatura. E em uma de suas caracterizações, o autor afirma que a literatura pode ser
definida a partir de referências a um mundo ficcional e imaginativo. Mas no mundo
atual, existe algo que não seja criado a partir de algum tipo de ficção? É possível
afirmarmos que existe uma realidade? Que tipo de ficção seria essa a que se refere o
autor?
Nós não vemos as coisas como elas são e sim como conseguimos ver. Três
pessoas diante de uma mesma cena, provavelmente, irão descrever essa cena de
maneiras diferentes, porque são pessoas que apreendem o mundo de maneira diferente.
Cada uma toma a parte da "realidade" e a interpreta, descreve, sente, a sua própria
maneira. Veja bem, vamos supor que dentre três pessoas uma delas esteja em estado
delirante, isto é, esteja interpretando a "realidade" de uma maneira que não é
compartilhada pelas pessoas ao seu redor. Essa pessoa, de forma delirante, acredita que
Raul Seixas é o carpinteiro do Universo, o criador de todos os mundos, e que o fim do
mundo está próximo, pois (de maneira delirante) o próprio Raul o avisou através de uma
das letras de suas músicas. Vamos ainda supor, que as outras duas pessoas passem,
repentinamente, a compartilhar desse delírio da primeira pessoa. Em psiquiatria isso
recebe o nome de " délire à trois", ou delírio a três, em que uma pessoa entra em estado
delirante e outras duas deliram junto a ela. Se a pessoa que de fato delira é afastada das
outras duas, elas deixam de delirar.
EAGLETON, Terry. O que é a literatura. In: Teoria da literatura: uma introdução. Tradução de
Waltenir Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 1-24.
EAGLETON. Conclusão: crítica política. In: Teoria da literatura: uma introdução. Tradução de
Waltenir Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 293-328.