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CURSO DE PSICOLOGIA

CAIO VITOR PEREIRA SILVA

ATIVIDADE INDIVIDUAL AVALIATIVA (A2) – NEUROSE,


PSICOSE E PERVERSÃO

RIO DE JANEIRO
2021.1
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CAIO VITOR PEREIRA SILVA – 20151107927

ATIVIDADE INDIVIDUAL AVALIATIVA (A2) – NEUROSE,


PSICOSE E PERVERSÃO

Atividade Individual Avaliativa apresentado à Profa.


Aline Drummond, como requisito obrigatório para o
cumprimento da disciplina de Neurose, Psicose e
Perversão no curso de Graduação em Psicologia da
Universidade Veiga de Almeida.

RIO DE JANEIRO
2021.1
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................4
PERGUNTA 1...........................................................................................................................5
PERGUNTA 2...........................................................................................................................6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................7
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INTRODUÇÃO
De acordo com os ensinamentos que obtive nas aulas da matéria de Neurose, Psicose e
Perversão com a Profa. Aline Drummond, e com os textos lidos extraclasse, foi acordado com os
alunos que o seguinte trabalho serviria como pontuação para a nota de A2, pontuação essa obrigatória
para a conclusão desta matéria.
Sendo assim o trabalho foi dividido em duas perguntas ambas valendo 5 (cinco) pontos e,
como norma, deveria conter suas respostas dentro de 10 a 15 linhas e ainda conter as respectivas
referências bibliográficas.
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1. Freud com o caso Schreber fez uma afirmação bastante subversiva com relação ao
que a psiquiatria tomava como algo extremamente “patológico”, a ser tratado, curado,
eliminado, enquanto uma produção “doente” do sujeito psicótico: o delírio. Freud
afirma, então, que o delírio é uma tentativa de cura do sujeito psicótico. Ele trabalha o
caso Schreber, cura que ele não dirigiu, mas leu a partir do livro que é sua obra, que se
chama “Memórias de um doente dos nervos”. Trabalhando esse texto Freud “fisga” a
construção delirante de Schreber, apontando que a partir dali o quadro clínico se
estabilizara. Apresente com o caso Schreber essa tese freudiana "o delírio é uma
tentativa de cura".

Resposta:
É primeiro de se postular aqui, a importância do significante do Nome-do-pai para o
desencadeamento ou não da psicose. A foraclusão da metáfora paterna se tem assim, como condição
essencial para o desencadeamento deste quadro. Schreber, como nos conta, sofre da carência paterna.
Seu pai, autoritário, era a lei (pai gozador), e não um representante a lei (lei essa do interdito, que
barra o gozo materno).
Tomei para este trabalho falar de sua segunda crise. O desencadeamento desta crise,
como nos foi apontado, foi quando Schreber foi convocado a um posto de autoridade. Como lhe falta
recursos simbólicos para tal ato (o NP), Schreber desencadeia novamente um surto psicótico.
Desencadeando, o gozo o inunda. Há a dissolução do imaginário, uma regressão tópica ao estádio de
espelho, um corpo sem unidade, fragmentado. Um autoerotismo (desinvestimento libidinal externo),
seu corpo é invadido pelo gozo. E é aí que entra o delírio como forma de organização. O delírio como
solução. A metáfora delirante. O delírio paranoico criado por Schreber (erotomania divina) civiliza seu
gozo, faz a função de amarração dos 3 nós (RSI), portanto organiza sua realidade psíquica. O delírio
então como tentativa de cura.
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2. Lacan observa em seu caso Aimée que a passagem-ao-ato surge como solução
estabilizadora da psicose. Depois da passagem-ao-ato em que Aimée golpeia a atriz, ela
consegue um “alívio”, um menos-de-gozo. Tomando o caso Aimée de Lacan, apresente o
desencadeamento da psicose e as soluções encontradas por Aimée para se estabilizar
depois do desencadeamento da sua psicose.

Resposta:
Aimeé, psicótica paranoica, desencadeia a psicose quando engravida – o intolerável
acesso a maternidade, comum a pacientes sem o Nome-do-Pai. Começa então suas interpretações,
intuições delirantes (persecutórias), pequenas passagens-ao-ato, mas é durante a segunda gravidez que
a coisa fica mais severa, e com uma significação mais clara.
Seu primeiro filho nasce morto, houve em seguida um desencadeamento de um delírio
persecutório com sua grande amiga: Ela matou o meu filho. Nasce o filho de sua segunda gravidez, a
coisa se agrava. Com o filho saudável, Aimeé tem a certeza: Querem matar o meu filho. Algo então
deveria ser feito para cessar este delírio paranoico.
Há de complementar ainda o que quer dizer o: Querem matar o meu filho; e porque a
passagem-ao-ato se sucedeu a figura da atriz. “Querem matar o meu filho” se enquadra num delírio de
autopunição de significação única. Este significante se sucede assim, pois Aimeé sempre falou mal de
atrizes e mulheres letradas (era o seu Ideal do Eu), portanto, merecia ser punida. Envolto no delírio,
Aimeé tenta matar a atriz, o que não obteve sucesso, mas só quando foi presa e foi reprovada pela
família (punição) é que o delírio é cessado. Passagem-ao-ato num delírio persecutório de autopunição,
barrando o gozo. Ela realiza em si o seu próprio castigo. Tratamento do real pelo real.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD, S. Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranoia


(1911). III. Sobre o mecanismo da paranoia. In: ______. O caso Schreber, artigos sobre técnica e
outros trabalhos (1911-1913). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago,
1976. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 12).

LACAN, J. Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade, Rio de Janeiro,


Forense-Universitária, 1932/1987.

LACAN, J. (1955-56/1988). Seminário 3: as psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

LACAN, J. (1957-58/1998). De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose.


In: Lacan, J. Escritos (pp. 537-590). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

LACAN, J. (1966/2003). Apresentação das Memórias de um doente dos nervos. In: Lacan, J.
Outros escritos, (pp.219-223), Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

MALEVAL, J.-C. Logique du délire. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2011.

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