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Sumário
Introdução ........................................................................................... 2
DISCIPLINA 01: NOÇÕES BÁSICAS DE PSICANÁLISE ......................... 3
As duas hipóteses fundamentais da psicanálise: ............................... 4
Atos falhos ....................................................................................... 4
Impulsos .......................................................................................... 5
O aparelho psíquico .......................................................................... 6
Duas teorias da ansiedade ................................................................ 9
Mecanismos de defesa do aparelho psíquico ..................................... 9
DISCIPLINA 2: A PSICANÁLISE E A PSICOTERAPIA ........................... 15
Histórico da psicanálise .................................................................. 16
Doutrina Freudiana ........................................................................ 24
Psicoterapia breve .......................................................................... 27
DISCIPLINA 3: SOCIOLOGIA DAS DOENÇAS MENTAIS ..................... 33
DISCIPLINA 4: INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE ................................... 58
O objetivo da psicanálise ................................................................ 60
Um pouco de história ..................................................................... 61
A psicanálise: a frequência e a duração .......................................... 75
DISCIPLINA 5: PSICANÁLISE E COMPLEXO DE ÉDIPO ................... 178
O mito de Édipo............................................................................ 178
Análise do complexo de édipo, à luz da psicanálise freudiana ........ 193
DISCIPLINA 6 FOBIAS (transtornos fóbico-ansiosos) ........................ 203
Disciplina 7 -TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE ............................................................................ 204
Disciplina 8 -TRANSTORNO DE PÂNICO .......................................... 205
Manifestações clínicas e diagnóstico atual .................................... 206
Abordagem terapêutica ................................................................. 207
Disciplina 9 - TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO ................. 208
Disciplina 10- AS DIFERENÇAS ENTRE PSIQUIATRA, PSICÓLOGO E
PSICANALISTA ................................................................................ 209
DISCIPLINA 11: MEDICINA PSICOSSOMÁTICA CONCEITO GERAL.. 211
A doença de cada um “esboço cotidiano” ....................................... 213
Desenvolvimento psicossomático .................................................. 216
O ser saudável em seu princípio I ................................................. 220
Introdução
Esta apostila, é um compêndio do módulo 01 do curso de psicanálise. E
faz parte da parte teórica do curso. Vamos nos aprofundar nos conceitos
centrais que estruturam a psicanálise de Freud. A apostila está no
formato para impressão, caso prefira estudar com material impresso,
poderá imprimir a mesma.
Nesta apostila, apresentaremos de forma Clara, didática e simples sobre
os principais conceitos da psicanálise.
Aproveite bem o módulo e bom curso!
▪ Sonhos
▪ Associação livre
▪ Atos falhos
▪ Chistes
▪ Testes projetivos
▪ História de sintomas neuróticos e psicóticos
Atos falhos
Os Atos falhos ocorrem por influência do inconsciente. O ato falho,
também conhecido por ato falhado ou lapso Freudiano, é um erro verbal
ou de memória ligado à mente inconsciente.
De acordo com (Laplanche e Pontalis), o ato falho “ocorre quando o
resultado explicitamente visado não é atingido, mas se vê substituído por
outro.”
A famosa frase do Chaves, expressa muito bem o ato falho:
“Foi sem querer, querendo”. Um ato falho foi sem querer
(conscientemente falando) mas também foi querendo
(inconscientemente).
Impulsos
Impulsos são forças instintivas que, juntamente às percepções
sensoriais, vinculam a Psicanálise com a Biologia. A diferença entre
instinto e impulso está na resposta motora do impulso que é mediada
pelo Ego. Os impulsos são dinâmicos, pois possuem uma fonte, uma
finalidade, um objeto e uma força, empregado energia psíquica (catexia);
são inatos e internos ao organismo; estão no limite entre o somático e o
psicológico (no limite entre as necessidades fisiológicas e as necessidades
psicológicas). Pertencem ao inconsciente, mas tornam‐se conscientes
quando se ligam a um afeto ou a uma representação.
Representações abrangem sensações e experiências emocionais
primitivas que ficam impressas no Ego.
Pulsões (impulsos) são dinâmicas, originam‐se do corpo (fonte), visam
obter satisfação (finalidade), possuem um objeto que pode ser uma
pessoa ou a própria pessoa, e empregam uma energia e intensidade
(força/catexia) que é constante enquanto não há satisfação.
Toda pulsão possui:
▪ Fonte
▪ Finalidade
▪ Pressão
▪ Objeto
2 tipos básicos de pulsões:
Pulsão de vida - Eros
Pulsão de morte - Tanatos
As pulsões passam por vicissitudes, que são a transformação ou
deslocamento da energia psíquica de uma pulsão para outra.
Tensão é o estado de excitação psíquica provocada por um impulso que
impele o indivíduo a buscar alguma gratificação.
A Energia Psíquica é a energia envolvida na tensão provocada por um
impulso.
Catexia é a quantidade de energia psíquica associada à representação
mental de uma pessoa ou objeto.
Libido é a energia com um componente erótico originária de um impulso
sexual, ou seja, é a energia que dirigimos aos objetos de nossos desejos.
A libido abrange todas as pulsões que se relacionam ao amor. Libido é
uma palavra que vem do latim e significa desejo ou anseio.
Destruto é a energia com um componente destrutivo originária de um
impulso agressivo.
O aparelho psíquico
A mente é dinâmica, em seu amadurecimento e funcionamento. As fases
não possuem uma divisão bem definida e eventos marcantes em cada
fase costumam influência a vida mental por um longo tempo.
A diferença entre pré‐consciente e inconsciente é que aquilo que está no
pré‐consciente torna‐se consciente facilmente.
A Psicologia Profunda (ou Ψ do Ics.) trata dos conteúdos e processos
mentais impedidos de atingir a consciência por alguma força psíquica.
As 2 hipóteses do Aparelho Psíquico:
▪ Auto‐observação;
▪ Consciência moral – responsável pela culpa;
▪ Formações ideais – responsável pelo sentimento de inferioridade.
Ideal do Ego é uma subdivisão do ego, relativamente autônoma, que
surge com a perda do narcisismo individual e permite a submissão de
grupos à figura de um líder.
Ego Auxiliar são objetos do Superego que se organizam como aliados do
Ego, estabelecendo limites e impondo valores de forma não agressiva
Processo primário é o modo original como funciona aparelho psíquico,
característico de um Ego imaturo. No processo primário a energia
psíquica se desloca e descarrega no Id ou no Ego imaturo.
A tendência a gratificação imediata, a facilidade com que a catexia pode
ser deslocada do objeto original ou a facilidade com que um método de
descarga pode ser substituído por outro são características do processo
primário.
O deslocamento está ligado ao modo como o Ego originalmente se
manifesta, até evoluir e se tornar capaz de retardar a descarga da energia
catéxica.
O pensamento do processo primário é ilógico, atemporal, confuso, não
verbalizado e sem sequência.
São três os aspectos do pensamento do processo primário:
1-Deslocamento: uma parte representa o todo ou o todo representa uma
parte de uma ideia ou objeto.
2-Simbolismo: linguagem inconsciente para objetos e ideias proibidas.
3-Condensação: várias ideias são representadas por uma ideia ou parte
de uma ideia.
Renegação: o indivíduo acredita em nível inconsciente ter sofrido a
castração, sem ter sido deveras castrado.
Perverso polimórfico: é a capacidade de utilizar qualquer tipo de objeto
como fonte de prazer. É característico das fases iniciais do
desenvolvimento psicossexual, a catexia fica dispersa em vários órgãos.
O processo secundário é o modo característico de funcionamento do Ego
maduro. São características do processo secundário o pensamento
consciente, primariamente verbal que obedece às leis habituais da
sintaxe e da lógica.
Neutralização é colocar a energia de um impulso a serviço do Ego. No
processo primário a energia do impulso não é neutralizada. No processo
secundário a energia do impulso é neutralizada.
Histórico da psicanálise
O fundador da Psicanálise foi um médico austríaco, Sigmund Freud,
nascido em 1856, nas proximidades de Viena, cidade onde estudou
Medicina.
Terminado esse curso, Freud dirigiu-se a Paris desejando especializar-se
em Neurologia (parte da medicina que estuda as doenças do sistema
nervoso). Tornou-se então, aluno do Dr. Charcot, que exerceu sobre ele
influência decisiva, principalmente em dois pontos:
a-Charcot acreditava que as doenças mentais eram originadas de certos
fatos passados na infância dos indivíduos doentes.
b-Para fazer com que seus pacientes narrassem fatos do seu tempo de
criança, Charcot usava a hipnose. O conhecimento de certos episódios
emocionais da infância dos indivíduos ajudaria o médico a descobrir as
causas de suas doenças.
Voltando para Viena, Freud associou-se ao Dr. Breuer. Ambos usavam o
método de Charcot, isto é, hipnotizavam seus doentes de modo que
contassem fatos de sua infância. Esse relato tinha dois efeitos: fornecia
dados que auxiliavam o médico no diagnóstico da doença e aliviavam o
paciente libertando-o de alguns sintomas, tais como: angústia, agitação,
ansiedade, etc. Chamavam esse método de "catarse". Notaram, porém
que essa cura era transitória, logo apareciam outros sintomas de
perturbação. Freud e Breuer trabalharam juntos em alguns casos, sem
empregar a hipnose. Após terem captado totalmente a confiança do
paciente, levavam-no a relatar seu passado em estado normal.
Notaram que ocorria muitas vezes, o fenômeno chamado "transferi:" ou
"transferência afetiva”. Quase sempre acontecia do paciente transferir ao
médico suas emoções, ora afeiçoando-se a ele ou aborrecendo-se com ele.
Método Psicanalítico
Em 1922, Freud definiu a psicanálise da seguinte maneira:
1. um procedimento que serve para investigar processos
anímicos dificilmente acessíveis por outras vias;
2.um método de tratamento das perturbações neuróticas, fundado nessa
investigação;
3.uma série de concepções psicológicas, obtidas por esse caminho, que
pouco a pouco foram se constituindo em uma nova disciplina científica.
Freud, portanto, caracteriza a psicanálise em função de uma teoria, um
método e uma técnica. Define-se como TEORIA o sistema conceitual
dentro do qual é pensado o objeto de que a teoria pretende dar conta.
Uma teoria se constrói a partir dos fenômenos, tentando revelar o sistema
que os produz. A partir do sintoma, do sonho e do ato falho, Freud
constrói uma teoria do aparelho psíquico. A teoria do inconsciente e de
seu funcionamento é o conceito central, mas é toda a articulação
conceituai que permite voltar aos dados (movimento aparente) e entender
sua gênese (movimento real).
O valor de uma teoria não é dado por sua coerência interna, mas por sua
capacidade explicativa dos fenômenos. O conhecimento científico
Doutrina Freudiana
A Libido
Freud constatou que a causa da doença mental apresentada pela maioria
de seus pacientes, era sempre um problema sexual. Observou também
as personalidades normais, chegando à conclusão que "o comportamento
humano é orientado pelo impulso sexual”. Freud dá o nome de "libido" ao
impulso sexual (libido é uma palavra feminina que significa prazer). A
libido constitui uma força de grande alcance na nossa personalidade; é
um impulso fundamental ou fonte de energia.
Elementos da personalidade - Freud divide a personalidade humana em
três elementos, aos quais dá os nomes de:
▪ Id,
▪ Ego
▪ Superego
O Id - Na nossa personalidade há uma parte irracional ou animal. Essa
parte biológica, hereditária, irracional que existe em todas as pessoas,
procura sempre satisfazer a nossa libido, os nossos impulsos sexuais.
Esses impulsos do Id, na sua maioria são inconscientes, passam
despercebidos, nós os ignoramos.
Superego - é a força que é adquirida lentamente por influência da nossa
vida em sociedade: ideias morais, religiosas, regras de conduta, etc. O Id
e o Superego são forças opostas, em constante conflito. O superego é
contrário à satisfação da natureza animal enquanto que o Id procura
satisfazê-la. Essa luta entre o Id e Superego na maioria das vezes não é
percebida por nós, é inconsciente.
lenda grega do formoso jovem Narciso, que se apaixonou pela sua própria
imagem nas águas.
Período edipiano - nesta fase a criança dirige sua libido para o progenitor
do sexo oposto, manifestando hostilidade para com o progenitor do
mesmo sexo. Ainda a criança se identifica com o progenitor do mesmo
sexo. A menina ama o pai e hostiliza a mãe. É neste período que cada
qual adota o papel sexual para toda a vida. Esse período recebeu esse
nome devido à lenda grega em que Édipo, jovem príncipe, assassina seu
pai e casa- se com sua mãe.
Período de latência sexual - esse período corresponde aos anos da escola
primária, em que a criança se ocupará em adquirir habilidades, valores
e papéis culturalmente aceitos. Ele é um período de latência porque os
impulsos são impedidos de manifestar. A energia dos impulsos sexuais é
sublimada.
Período da puberdade - tem duração de dois anos, é época de grandes
modificações físicas para ambos os sexos. Nessa fase jovem inicia sua
libertação emocional dos progenitores. A principal característica é a
ligação afetiva que se estabelece entre jovens do mesmo sexo e de idade
aproximada. É a idade dos amigos prediletos ou inseparáveis.
Período da adolescência - nessa fase a libido se dirige a um adolescente
do sexo oposto; essa ligação emocional heterossexual, fora da família, vai
exigir a emancipação do adolescente de seus pais. A separação emocional
ocasiona pelo menos por algum tempo, rejeição, ressentimento e
hostilidade contra pais e outras autoridades. É uma fase difícil e às vezes
o desenvolvimento emocional apresenta problemas anormais como:
fixação e regressão. A fixação é a parada que uma pessoa pode apresentar
numa fase determinada. A regressão se verifica quando o
desenvolvimento emocional volta a uma fase anterior.
Mecanismos de Defesa
Chama-se mecanismos de defesa, os modos do ego equilibrar as duas
forças opostas (Id e Superego) em conflito constante. Pode ser através da
-repressão
-racionalização
-projeção
-conversão
-sublimação etc.
A repressão é o dinamismo mais comumente usado para acomodar a
oposição entre nossas tendências naturais e nossa consciência moral,
Psicoterapia breve
Mais rápida e acessível do que a psicanálise, a chamada psicoterapia
breve, vem ganhando cada dia mais adeptos ao acenar com alívio em
curto prazo para dificuldades específicas.
Desde os anos vinte, seguidores de Freud, como o psicanalista austríaco
Otto Fenichel, já achavam que algumas pessoas por causa da urgência e
do tipo do problema que estavam vivendo, poderiam ser encaminhadas
para terapias mais rápidas do que a psicanálise.
Apesar do sucesso, alguns psicanalistas, como António Quinet, membro
da Escola Brasileira de Psicanálise, consideram essa forma de terapia
apenas uma promessa, nem sempre cumprida, de nos livrar facilmente
dos problemas: o sintoma é apenas a ponta de um iceberg da vida da
pessoa. Ao contrário da análise tradicional, que dura em média de sete a
dez anos, mas não tem prazo para terminar; a psicoterapia breve dura
tempo limitado (de dois meses a um ano), prevê um número fixo de
sessões, que são combinadas com o paciente e trabalha com um objetivo
específico, que pode se resolver desde uma crise no casamento até um
problema com os filhos.
Apesar de o preço ser o mesmo de uma sessão de psicanálise, o custo
final é menor pela brevidade do tratamento.
Queixas do tipo "não consigo me dar bem com o meu chefe" ou "estou
inseguro em relação a minha promoção" são perfeitamente tratáveis neste
tipo de terapia.
Tratamento: o paciente vai começar a refletir sobre o que espera do chefe,
qual é a sua meta profissional, como é a sua postura no trabalho.
Confrontando-se com o que pensa, vai ter a oportunidade de rever suas
atitudes.
Duração: em média três meses, com sessão uma vez por semana.
Modalidades de psicoterapia
O psicoterapeuta atua de muitas maneiras na área psicoterapêutica, de
acordo com a conveniência da situação do paciente. Ele pode praticar a
psicoterapia em várias modalidades conforme o caso:
-Psicoterapia individual: a relação terapêutica se estabelece somente
entre paciente e psicoterapeuta, sem intervenção de terceiros nem como
participante nem como observador.
-Psicoterapia socorrista: na qual se produz descargas emocionais
(catarse) por parte do paciente, trazendo-lhe calma pois sabe que o
psicoterapeuta não o julgará, mas lhe dará apoio e confiança.
-Psicoterapia por hipnose: onde o paciente entra em transe tendo contato
com seu próprio inconsciente e traz à tona seus traumas para serem
trabalhados e superados.
-Psicoterapia hipnoídica: onde o paciente é induzido ao transe através de
medicamentos e depois se explora este estado psicologicamente. Também
se induz ao transe usando um placebo sob sugestão de narcose.
-Psicoterapia existencial: onde a atenção se concentra em tudo o que se
refere ao paciente: sua vida, seus sonhos, seus traumas, suas alegrias,
etc., tudo o que se refere a sua existência é analisado.
-Psicoterapia corporal: trabalha a respiração, postura corporal,
funcionamento glandular e metabólico e todos os demais aspectos do
funcionamento orgânico para melhorar e ajudar equilibrar o emocional.
-Psicoterapias analíticas: se baseiam em que a noção de inconsciente e
de dinamismo afetivo de expressão, é mais ou menos simbólica, então
usa-se a análise para explicar as particularidades:
a- Psicoterapia Freudiana: se baseia em explicações de fundo sexual.
b- Psicoterapia Adleriana: se baseia no sentimento de inferioridade.
c- Psicoterapia Junquiana: se baseia na sistematização e sincronicidade.
CONCEITO GERAL
Sociologia é a ciência comportamental que estuda os princípios
organizadores da vida social, o impacto de forças sociais e históricas
mundiais sobre estes princípios e o modo como estes princípios afetam o
comportamento individual e organizacional.
Os sociólogos supõem que forças sociais fundamentais influenciam a
ação individual determinando áreas de opções comportamentais
possíveis. A investigação sociológica busca esclarecer estas forças sociais
a fim de entender os motivos que subjazem ao comportamento humano.
A sociologia comportamental é relevante para os psiquiatras de diversas
formas.
Reagindo ao “stress”:
Para usar o “stress” de forma positiva e evitar que ele se torne angústia,
você deve se tomar consciente de suas próprias reações aos eventos
estressantes. O organismo reage ao “stress” através de três estágios:
1º Alertar;
2º Resistência;
3º Exaustão.
Algumas sugestões:
Quando começar a compreender como o “stress” o afeta, o paciente
desenvolverá suas próprias ideias de como aliviar a tensão.
Reconheça seus limites:
Se o paciente estiver diante de um problema além de seu controle e que
não pode ser modificado no momento, não lute contra ele. Aprenda a
aceitá-lo — por enquanto — até chegar o momento em que possa resolvê-
lo.
Compartilhe seu “stress”:
Chorar pode ser uma forma saudável de aliviar a ansiedade e pode até
mesmo evitar uma enxaqueca ou outra consequência física de seu estado
emocional. Procure inspirar profundamente, isto também alivia a tensão.
Criar um ambiente Calmo:
Ajudando o paciente de que ele não pode fugir sempre dos problemas ou
dificuldades, mas pode “sonhar o sonho impossível”. Ela pode pintar
mentalmente (ou na tela mesmo) uma cena tranquila num campo, para
escapar de uma situação conflitiva ou estressante Poderá inclusive,
mudar de cenário lendo um bom livro ou ouvindo música agradável para
criar sensação de paz e tranquilidade.
Automedicação:
Instruir o paciente a evitar a automedicação. Apesar de que o paciente
pode usar medicamentos para aliviar a tensão temporariamente (ou com
prescrição médica). Todavia, lembre- se de que os remédios nem sempre
removem as condições causadoras do “Stress”. Alguns medicamentos, na
realidade, podem criar hábito e produzir, mais do que aliviar, o “stress”.
Remédio só deve ser tomado quando prescrito pelo seu médico.
A arte de relaxar:
A melhor estratégia para evitar o “stress” é aprender a relaxar.
Infelizmente muitas pessoas tentam relaxar no mesmo ritmo em que
conduzem o resto de suas vidas. Por algum tempo desligue-se de suas
preocupações com agendas, produtividade e com aquela filosofia de “fazer
a coisa certa”.
Descubra atividades que lhe deem satisfação e que sejam boas para seu
bem-estar físico e mental. Desista de “vencer a todo custo”. Concentre-se
em relaxamento, prazer e saúde. Sela bom para você mesmo.
Fatores de Vulnerabilidade:
Apenas uma pequena minoria de pessoas que são expostas a
experiências de vida estressantes, desenvolvem transtornos emocionais
clinicamente significativos. De fato, evidências emergentes indicam que
encontros estressantes podem ás vezes promover competência.
Correspondentemente, o principal impulso da pesquisa corrente sobre
estresses de vida é identificar variáveis que ajudam a explicar diferenças
em resposta ao estresse. Alguns investigadores enfatizaram
características psicológicas duradouras tais como flexibilidade cognitiva,
comportamentos efetivos para a resolução de problemas e habilidades
interpessoais. Outros focalizaram em recursos mais sociais como apoio
social e recursos financeiros.
Apoio Social:
O termo apoio social tem sido amplamente usado para referir- se aos
mecanismos pelos quais os relacionamentos interpessoais protegem
pessoas dos efeitos deletérios do estresse.
Embora altamente inferenciais em seus argumentos e nem sempre claros
sobre sua definição do conceito, os artigos geraram muito interesse
cientifico na possibilidade de que apoio social possa apresentar efeitos
promotores da saúde. Desde então, os tópicos e evidências foram sujeitos
a exame crítico.
Diversos tipos de apoio social foram identificados e distinções foram feitas
empiricamente entre os efeitos das diversas dimensões. Várias funções
diferentes de apoio social foram identificadas, tais como a expressão de
julgamentos positivos, expressão de concordância com as crenças ou
sentimentos da pessoa, encorajamento de ventilação e fornecimento de
conselhos ou informações.
População normal e estados de casos controle A pesquisa mais recente
concentrou-se na habilidade do apoio social de reduzir o impacto do
estresse sobre a saúde. Por exemplo: Foi mostrado que o impacto de
eventos de vida em provocar episódios do transtorno depressivo maior é
reduzido entre pessoas que possuem relacionamentos íntimos,
confidentes com amigos ou parentes.
Esquisofrenia
A esquizofrenia é uma doença mental, que se caracteriza por apresentar
sintomas próprios, como por exemplos: Alterações da volição, do
pensamento, das emoções e da psicomotricidade; gerando uma
desorganização da personalidade do indivíduo. A palavra esquizofrenia
significa mente dividida e foi definida desta forma por E. Bleuler em 1911.
Anteriormente, Kraepelin denominava demência precoce os quadros
clínicos com desfecho desfavorável, de início na juventude ou no princípio
da adultez (1896). Morei, em 1860, usou a denominação demência
precoce pela primeira vez, designando um grupo de características
semelhantes. No distúrbio de pensamento característico do
esquizofrênico, aspectos periféricos e secundários de um conceito global,
geralmente inibidos na atividade mental normal dirigida, surgem em
primeiro piano e são utilizados em lugar dos elementos principais e
apropriados à situação. O diagnóstico de “esquizofrenia” não deve ser
feito a menos que ocorram ou tenham sido evidentes durante a mesma
doença distúrbios característicos do pensamento, percepção, humor,
conduta ou personalidade, de preferência ao menos em duas dessas
áreas. O diagnóstico não deve restringir-se a afecções de curso
prolongado, deteriorante ou crônico.
Origem e Causas: A referência a alguma característica do corpo do
paciente muitas vezes provoca o comentário de que a característica em
questão é um traço de família. Uma paciente poderá comentar: “A minha
mãe e a minha também têm as mesmas pernas curtas e coxas pesadas.
Deve ser hereditário”. Sem dúvida, muitos fatores hereditários
determinam até certo ponto a forma e o formato do corpo de uma pessoa.
As crianças tendem a ser parecidas com seus pais. No entanto, esta
semelhança também pode se dever, em parte pelo menos, a uma
identificação como o pai. Às vezes o filho é uma imagem exata do pai, ou
a filha o retrato da mãe. Tais casos parecem conter fortes evidências de
uma base hereditária para a personalidade.
ser buscadas nas condições de existência dos primeiros anos de vida. Até
que ponto da história passada da pessoa devemos recuar em busca dos
fatores constitucionais que predispõem o indivíduo a esta perturbação?
Temos que voltar ao útero, pois o efeito das influências pré-natais não
pode ser ignorado se quisermos entender a etiologia da estrutura
esquizoide. A constituição de um individuo já se encontra presente no
nascimento. Fatores Constitucionais do tipo corporal Esquizoide: O tipo
corporal esquizoide foi anteriormente descrito como astênico, isto é, de
constituição esguia e pouco desenvolvimento muscular. A palavra
“astenia” significa fraqueza e debilidade. Existe uma fraqueza
fundamental na personalidade esquizoide que está presente em todo e
qualquer indivíduo esquizoide, independente do seu tipo físico. Esta
fraqueza é a incapacidade de mobilizar a sua energia e sentimentos,
dirigindo-os para a satisfação das suas necessidades. Independente da
sua força aparente, o esquizoide carece de energia para suster uma
atitude agressiva em relação ao mundo. A atual pesquisa que se preocupa
com a etiologia da esquizofrenia, acha-se largamente voltada para o
passado familiar.
Clausen e Kohn: Notam que os primeiros autores sobre o assunto
descrevem as mães de filhos esquizofrênicos como “frias, perfeccionistas,
ansiosas, supercontroladoras e restritivas — o que conota um tipo de
personalidade incapaz de dar amor e aceitação espontâneos para a
criança”. Hill julga as mães dos esquizofrênicos ambivalentes e com
tendência a congelar toda vez que é mencionada alguma coisa
desagradáve,l quer pareça que o assunto mais desagradável e que mais
frequentemente leva estas mães a congelar é o sexo.
Dois outros pesquisadores deste problema, M. J. Boatman e
S.A. Szurek descrevem estas mães como sexualmente apáticas ou
insensíveis, e afirmam que elas são “extremamente medrosas e inibidas”
com relação ao fato de manifestar qualquer desejo sexual aos seus
maridos. Muitas delas são alcoólatras, ao passo que outras são viciadas
em tranquilizantes ou comprimidos de dormir. A personalidade
esquizoide tem a sua origem em um útero “frio”. Aquele do qual foi
removido o sentimento como resultado da dissociação geral que a pessoa
tem da parte inferior do corpo. Um grande número de autores tem
chamado ultimamente a atenção para a importância dos fatores pré-
natais no desenvolvimento do organismo. O indivíduo esquizoide
expressa com muita frequência a forte convicção de que o seu problema
tem origem em experiências intrauterina.
Rotulado Social:
Thomas Scheff, sociólogo norte-americano, elaborou uma interessante
aproximação teórica das relações entre o meio social e sintomas
psiquiátricos: “teoria da rotulação social”. Basicamente considera o
comportamento rotulado de doença mental como um tipo particular de
quebra de regras do grupo social ou desvio. Logo, alucinações, autismo,
EMBOTAMENTO AFETIVO (é um tipo de comportamento em que o
indivíduo se apresenta com dificuldades em expressar emoções e
sentimentos. É comum ocorrer na esquizofrenia e em outras doenças
psiquiátricas., etc), seriam vistos como quebra de regras de
comportamento.
Para Scheff, a quebra de regras residuais viria a partir de quatro “fontes”
diversas:
Orgânica;
Psicológica;
Por “stress” externo;
Por atos volitivos de inovação ou desafio.
próprio. Porém, cada pessoa não ocupa unia única posição definida em
relação aos outros membros da família; podendo ser filha, irmã, esposa
e mãe. Chama a atenção para o que chama de vinculo familiar: essa
multiplicidade de pessoas pertencentes ao mesmo grupo de parentesco e
de outras que, apesar de não serem ligadas por laço de parentesco, são
consideradas como membro da família. Esses relacionamentos são
caracterizados por influências recíprocas, duradouras e intensivas da
experiência e comportamento de cada um. O indivíduo não seria a
unidade da doença, mas sim a família; logo, não é o indivíduo que
necessita dos serviços de um “clínico” para ser curado, mas sim toda a
família. A família (ou mesmo a sociedade, em escala maior) seria um tipo
de hiper organismo, com unia fisiologia e patologia que podem ser boas
ou doentias. Como a antipsiquiatria estuda principalmente a estrutura
familiar de pacientes esquizofrênicos, a família seria o agente causador
mais importante desta enfermidade. Sendo também o primeiro sistema
de relações, é na família que forma-se a personalidade do indivíduo.
Tanto para Laing quanto para Cooper, o indivíduo apresenta
comportamentos “diferentes”, isto é, sintomas não de uma doença e sim
manifestação de uma situação social patológica. Logo, a esquizofrenia
constituiria uni modo mais ou menos característico de comportamento
grupal perturbado. Pode se dizer também, que, o indivíduo esquizoide
vive num limbo, isto é, não “foi de vez” como o esquizofrênico, e nem “está
totalmente ai”. Com muita frequência ele se encontra à margem da
sociedade, onde ao lado de pessoas do mesmo tipo, sente-se mais cm
casa.
Vínculos duplos:
A presença de unir esquizofrênico em determinadas famílias faz com que
exista, frequentemente, uma paralisia coletiva, o psiquiatra e
psicoterapeuta, quando penetra nestes intercâmbios familiares, percebe
que sua razão está colocada em questão, não só pela patologia do doente,
mas principalmente, pela forma de comunicação dos membros da família.
Isto foi constatado por pesquisadores de Pato Alto, descobrindo-se assim
o duplo vínculo (double bind).
As condutas, atitudes e conversas do esquizofrênico se caracterizam por
incomunicabilidade, impenetrabilidade, dissociação, extravagância,
ambivalência e falso desprendimento.
“Cada esquizofrênico” (J. haley) é uma linguagem não- linguagem, unia
comunicação fundamentada na ruptura da comunicação. O paciente
diverge, vive — e parece ter vivido num universo familiar afetivo e verbal
de tipo paradoxal, em que as atitudes e as trocas foram marcadas por
O objetivo da psicanálise
Não pretende e não tem por objetivo modificar o homem. O objetivo da
psicanálise é transformar o inconsciente em consciente (trazer o paciente
de volta para o seu mundo real); há pessoas que tomando consciência
dos seus motivos, dos seus conflitos consigo mesmo, poderá se quiser,
ter a sua vida transformada e modificada.
Segundo Freud, a Psicanálise é um método de:
Processos mentais, quase inacessíveis por outros meios.
Uma técnica baseada na investigação, no tratamento de distúrbios
neuróticos e transtorno de personalidade.
Um conjunto de informações psicológicas que trata de todas as
neuroses.
Considerações iniciais. Se há alguma coisa, que se destaca, no exercício
das nossas atividades num consultório, é o conceito que estabelece que
não há como se separar o conhecimento prático do teórico, uma vez que
a mente inconsciente do analista e a do paciente, são os recursos
mais importantes de que se dispõem para terapia.
Por isso mesmo não há como se negar que haja, na prática psicanalista,
todo um trabalho intelectual a ser desenvolvido com os dados que se
houver levantado, mais temperado com a empatia, que,
dicionaristicamente, se define como sendo a apreciação emocional dos
Um pouco de história
Como foi que Sigmund Freud começou tudo? Na verdade, foi com um
consultório, uma cadeira, um divã e uma atitude de interesse pelo
problema do paciente, que ele começou a evoluir, partindo,
exclusivamente de observações pessoais. Ele que era um médico
neurologista em Viena, especialista em doenças nervosas, que na
continuação do seu esquema, ele se deu conta de que podia descobrir
muito mais de que, até então, pudera presumir, já que, na verdade, a
chave de tudo estava no ouvir o inconsciente, embora, a esse tempo,
houvesse, ainda, muito de intuição.
A partir desse convencimento, tudo foi feito com o objetivo de formular
um processo terapêutico. E o que é um processo terapêutico? Ora um
processo terapêutico é uma série de inter- relacionamento de fatos, que,
no caso, teriam de ser psíquicos, os quais, apropriadamente instigados
psicológicos são resolvidos, sabendo-se que todos eles, tem suas raízes
no início da infância e que são absolutamente inconscientes. É desse
tempo esta declaração:
É por demais fácil esquecer que, via de regra, um sonho é somente um
pensamento como qualquer outro, possibilitado pelo afrouxamento da
censura e pela intensificação inconsciente e distorcido pela ação da
própria censura elaboração inconsciente.
Fala-se, também, de uma coisa que o seu criador definiu dizendo que
psicanálise é o nome:
1.De um procedimento para investigação de processos mentais, que, de
outra forma, são inacessíveis;
2.De um método baseado nessa investigação para o tratamento de
distúrbio neuróticos e;
3.De uma série de concepções psicológicas adquiridas por este meio e que
se somam umas às outras, para formarem, progressivamente, uma nova
disciplina científica.
Fala-se de uma disciplina fundada por Sigmund Freud, em que se
distinguem três níveis:
1.Um método de investigação que consiste em evidenciar o significado
inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias de um
indivíduo. Um método baseado principalmente nas associações livres;
2.Um método psicoterápico, especificado pela acurada interpretação da
resistência, da transferência e do desejo e;
3.Um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são
sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de
investigação e de tratamento.
Neurose
A palavra neurose é muito antiga: segundo alguns autores, foi um termo
criado por um médico escocês, Dr. William Cullen, que o introduziu num
tratado médico, que foi publicado em 1777, sob o título geral First lines
of. the Practice of. Physics, sendo que, numa segunda parte de sua obra,
a quem, titulou de Neurosis or. Nervous Diseases é que aparece a palavra
que Freud veio a consagrar em suas descobertas.
Aliás, foi em cima das descobertas clínicas resultantes dos estudos das
neuroses, que foi formulada toda a teoria psicanalítica.
Freud nos ensinou e nós, os psicanalistas, temos comprovado nos nossos
consultórios, que as neuroses se baseiam no conflito neurótico.
Do que até agora foi exposto, podemos ter uma boa ideia do quanto de
alterações no trato do ser humano, Freud, com suas teorias acabou por
impor. Contudo convém que nos detenhamos ainda nas suas ideias, para
que, mergulhando nelas, saiamos impregnados da única metodologia que
pode, realmente, solucionar a problemática daquele que está mal em
vários graus, por trazer, no seu íntimo, um grave conflito, absolutamente
inconsciente, entre o seu Ego e o seu Id a causar uma compacta
obstrução ante uma indispensável descarga instintual, que é o neurótico.
Neurótico é quem porta um conflito inconsciente entre o Ego e o Id,
conflito este, que, por sua vez, segue obstruindo as descargas instituais.
Freud, quando o lemos, parece que o ouvimos, tal é a sua expressividade
e foi por isso mesmo que tomamos o título que colocamos neste tópico: é
que queremos que suas ideias se mantenham presentes como se
estivessem sendo ditas ao pé do ouvido, isto para que, realmente,
venhamos a ser Psicanalistas.
Quando ele tratava de seus pacientes, sua busca se concentrava nos
insights, o que ensejava a compreensão daquelas personalidades. Com o
mesmo cuidado, ele as observava, sendo assim que acabou por formular
todo um grande conjunto teórico a que chamou de Psicanálise, que
explicava o quanto de normalidade e podia haver num analisando.
Introdução à teoria topográfica, ou Freud e a sua conceituação de
inconsciente
Nada mais freudiano do que o conceito de inconsciente, que é,
primordialmente, uma noção tópica e dinâmica, surgida na experiência
do tratamento, aonde se pode ver que o psiquismo não é restrito ao
consciente e que determinados conteúdos só são alcançáveis depois de
superados certas resistências: revelou, também, que a vida psíquica era
"cheia de pensamentos eficientes, porém absolutamente inconscientes e
que era destes que emanavam os sintomas".
O tratamento levou, também, a suportar a existência de grupos psíquicos
separados e de um modo mais geral, a admitir o inconsciente, como um
lugar psíquico particular que há que ser concebido não como uma
segunda consciência, mas como um sistema e como tal, possuindo
conteúdos, mecanismos e talvez, uma energia específica.
Vejamos, então os conteúdos referidos:
Quando Freud, em 1915, escreveu o artigo O Inconsciente (Duas
Unbewusste), aos conteúdos, deu a ele, o nome de representante da
pulsão. Explicou, também que a pulsão, que se localiza entre o psíquico
e o somático, está muito aquém da posição entre consciente e
inconsciente e que por um lado, nunca poderá vir a se tornar objetivo da
consciência e por outro, só se apresenta no inconsciente, por meio de
seus representantes.
O sistema Ics
Já ficou dito que o sistema Ics se caracteriza pelo fato de serem os seus
elementos:
1.Inacessíveis à consciência;
2.Caracterizados por uma determinada maneira de funcionar que se
denomina processo primário (no processo primário, a energia psíquica se
Associação livre
A REGRA BÁSICA, áurea, fundamental para uma frutuosa análise, é a
associação livre, que é um processo que começa depois de concluídas as
entrevistas preliminares: é a oportunidade que se oferece ao paciente de
livremente, sem qualquer constrangimento, venha a dizer o quer que lhe
venha à mente, sabendo que, num consultório psicanalítico, tudo é
segredo e nada é pecado, nem mentira, nem despropósito. Não há o mau,
não há o indelicado, não há o envergonhoso, não há o trivial: tudo é bom,
tudo é significativo, tudo é segredo, tudo é muito importante e por isso
mesmo, o quer que seja exteriorizado, será tomado como indicador dos
derivados do inconsciente, que são como peças de um quebra-cabeças
que, como se fossem sobrenadantes, se põem ao alcance do analista,
vindo, ao tempo próprio, estabelecer a devidas conexões, por sua vez,
ensejará que o paciente integre novas posturas ante o mundo que o cerca.
É o melhor meio pelo qual podemos aprender acerca do inconsciente do
indivíduo: fora dele não há Psicanálise!
A Associação Livre, enseja que o analista avalie a capacidade do paciente
em trabalhar na situação analítica, e determina o quanto ele, nas suas
funções egóicas, dispõe de suficiente elasticidade para oscilar entre as
funções mais regressivas do Ego e as mais maduras, que são aquelas que
o levarão à compreensão das intervenções analíticas, respondendo a
perguntas diretas e retornando à realidade, ao final da sessão.
Geralmente o paciente associa durante todo o transcurso da sessão, mas
pode acontecer que ele relate sonhos e outros incidentes do dia a dia, ou
do seu passado. Uma das características da sessão psicanalítica é
justamente essa, a de incluir associações quando apresenta sonhos ou
quaisquer outras experiências.
A resistência interfere no Ego raciona e tem de ser analisada antes que
qualquer outro trabalho psicanalítico possa ser feito. (Greenson, 1967).
Por se falar em resistência, convém que se traga para cá, uma sua
conceituação. Esta está sendo transcrita do vocábulo da Psicanálise de
autoria de Laplanche e Pontalis (Imago, p.458);
O sonho
Não quereis assumir a responsabilidade pelos vossos sonhos! Pois sabeis
que não há nada mais vosso do que os vossos sonhos.
Sim, não há obra mais vossa! Tudo no sonho, a substância, a forma, a
duração, o ator, a plateia, enfim, tudo nessa comédia representa a vossa
pessoa!
H. Nunberg (princípios da Psicanálise; Atheneu; p.7). diz:
“É imperativa a compreensão do sonho, se quisermos chegar a um
entendimento da vida mental do ser humano.” Na verdade, o que o levou
a dizer tal frase, que é perfeita em termos psicanalíticos, foi o fato de
Freud haver descoberto que os sonhos se constituem no caminho de
acesso mais direto ao inconsciente humano, uma vez que ocorre quando
a mente, como acontece durante a vigília, não está de prontidão,
ensejando, assim, que material inconsciente aflore à superfície.
Assim, o sonho é uma externalização de um processo interno, vez que é
a realização de um desejo reprimido (Freud), pelo que dizemos que, em
todo sonho, os desejos reprimidos ou se realizam ou tentam se realizar,
mas sob um disfarce onírico, sendo, muitas vezes de natureza sexual ou
ambiosa, prevalecendo, entretanto, nos sonhos dos adultos, os temas
sexuais.
Mas há, também, os sonhos infantis, que pela sua simplicidade, são
muito diferentes dos sonhos dos adultos, por serem, dizemos, mais
diretos: trazem uma correspondência imediata, sem disfarces, com os
seus desejos reprimidos, pelo que não têm a importância dos sonhos dos
adultos, conquanto nas clínicas especializadas em psicanálise infantil,
eles sejam considerados.
Os sonhos mais simples são os das crianças, na medida em que as suas
atividades psíquicas são, certamente, menos complicadas que as dos
adultos.
Freud dizia:
“O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente.”
Os mecanismos de defesa
Foi este o nome que Freud adotou para apresentar os diferentes tipos de
manifestações que as defesas do Ego podem apresentar, já que este não
se defronte só com as pressões e solicitações do Id e do Superego, pois,
aos dois se juntam o mundo exterior e as lembranças do passado.
Quando o Ego está consciente das condições reinantes, consegue ele.
sair-se bem das situações, sendo lógico, objetivo e racional., mas quando
se desencadeiam situações que possam vir a provocar sentimentos de
culpa ou ansiedade, o Ego perde as três qualidades citadas. É quando a
ansiedade sinal de defesa, com o fim de proteger o Ego contra uma dor
psíquica iminente.
Há vários mecanismos de defesa, sendo alguns mais eficientes do que
outros. Há os que exigem menos dispêndio de energia para funcionar a
contento. Outros há que são menos satisfatórios, mas todos requerem
gastos de energia psíquica.
Teoria psicanalítica
Se há empreitada que realmente não é fácil realizar é analisar, ou melhor,
psicanalisar, vez que o exercício de tal atividade exige que desenvolvamos
a capacidade de sermos, simultaneamente, analistas e terapeutas, somos
analistas quando desmontamos, componente por componente, o
conjunto que é o paciente que se senta na nossa frente. Somos
terapeutas, quando, integralmente, respondemos às expectativas daquele
ser que nos buscou no consultório, com queixas que podem variar entre
um "Não consigo arranjar um namorado!", passando por "Estou sentindo
um medo, não sei de que!", até um vastíssimo sentimento de culpa por
ter concordado com o desligamento de todo um equipamento que
mantinha, respirando, alguém num quadro de morte cerebral. Há um
problema inicial que surge quando se faz psicanálise, mas que, na
verdade, não é dos mais graves: acontece, em quase 100% das vezes, que
o nosso paciente nos busca, trazendo, na ponta da língua, um
autodiagnóstico, residindo o problema, no fato de que é a nós que
compete o diagnóstico, que se delineará quando tivermos identificado a
patologia. Resume-se a situação dizendo-se que o paciente chega
buscando uma cura, enquanto nós o abordamos buscando uma doença...
Há aqueles que sugerem terapias, indicando aconselhamentos, hipnose,
relaxações. Quando isso acontece, há que se ser firme nas sondagens
(ensaios) referentes à capacidade de associar, de aceitar as
interpretações, com o fim de, com diplomacia e habilidade, patentear que
há uma fundamentação técnica nos nossos procedimentos e que, em
nenhum momento, prevalecerá, no consultório, o princípio do bom senso.
Objetivo Da Psicanálise
A Psicanálise não pretende ou não tem por objetivo modificar o homem.
Isto talvez seja tarefa de outra ciência, talvez da religião. O objetivo da
Psicanálise é tornar o inconsciente consciente. A pessoa tomando
consciência dos seus motivos interiores poderá se quiser, ter a sua vida
modificada.
Bases para as teorias psicanalistas
São três as afirmações feitas por Freud, as quais podem ser consideradas
as bases da Teoria Psicanalítica:
a- O processo de esquecimento, em vez de ser puramente passivo e
resultado da simples usura ou desgaste das recordações, é um processo
ativo, devido a intensidade tanto maior quanto mais inúteis ou
prejudiciais sejam para o bem- estar individual. E tal força é a mesma
que se opõe à evocação espontânea ou artificial das recordações,
exercendo, a todo momento, uma repressão deste.
b-Os acontecimentos atuaram como traumatismo mental (choques
mentais), surgindo como agentes das perturbações psiconeuróticas, são
exceção de ordem sexual, e estão ligados sempre a algum desejo que,
sendo incompatível com as normas sociais e morais, foram reprimidos e
rechaçados da consciência, depois de uma luta mais ou menos intensa
(conflito mental).
c-Nos casos de psiconeuroses puramente, e, singularmente nos casos de
histeria, os desejos causadores dos sintomas mórbidos, foram reprimidos
em época passada do desenvolvimento psíquico individual, isto é, na
infância. É justamente tal repressão o motivo do esquecimento, apesar
de já se encontrar bem desenvolvida, nesta época, a memória.
Teoria do desenvolvimento psicossexual de Freud
Somente em 1921, cerca de 30 anos depois de suas primeiras publicações
sobre a Psicanálise, foi que Freud propôs uma teoria geral da estrutura e
função da mente:
ID - De acordo com o conceito freudiano de estrutura da personalidade,
o ID é o comportamento arcaico e inconsciente de energias mentais que
dinamiza o comportamento humano. Do Id promana os impulsos cegos e
impessoais devotados à gratificação direta ou indireta, mas tanto quanto
possível imediata, do instinto sexual (libido),- estreitamente vinculado às
necessidades primárias das pessoas (comer e não ter fome). O Id,
portanto, é o verdadeiro inconsciente ou a parte mais profunda psique.
Ignora o mundo exterior, com quem não está cm contato, e o objeto único
de seus interesses é o corpo, sendo suas relações com ele dominadas
unicamente pelo princípio do prazer. Freud descreveu ainda a hegemonia
total dos instintos do prazer nas fases primitivas do desenvolvimento
introjeção pela criança dos eventos em seu meio vital e suas relações com
o desenvolvimento de uma instituição moral a partir do ego. O superego
é o representante de uma natureza superior no eu (Freud), atuando no
sentido de evitar punições por transgressões ou fomentar ideias
moralmente aceitas. Assim, tanto pode reprimir e criticar as ideias,
impulsos e sentimentos inconsciente que afetam o comportamento moral
e judicativo da personalidade (atividade essa a que se dá usualmente o
nome de consciência) como pode apoiar a realização de uma natureza
superior (Ego-ideal). Assim, os três componentes básicos do sistema
encontram-se permanentemente empenhadas numa interação que é uma
batalha constante: o Id em busca de sua satisfação irracional; o ego
procurando ajustar as exigências e impulsos do Id ao mundo da realidade
e o superego tentando reprimir ou apoiar o impulso que for moral e
socialmente reprovável ou louvável. Escreveu Freud: "o superego não é
apenas o depositário das anteriores opções objetais e representa também
uma enérgica formação de reação contra essas opções. Sua relação com
o ego não se limita ao preceito: "você deve ser tal e tal (ego ideal)"mas
também abrande a proibição: "você não deve ser como tal (consciência)".
Fases do desenvolvimento da personalidade
Padrões de personalidade que se caracterizam pelos hábitos, atitudes e
valores formados durante os estágios de desenvolvimento infantil.
Distinguem-se três tipos, isto é, fase oral, fase anal e a fase fálica.
l-FASE ORAL
É a fase que se reflete as experiências infantis durante o estágio oral da
libido. As tendências caracterológicas para a prepotência, domínio sobre
os outros, veracidade, cobiça e inveja estão radicadas no impulso
primitivo da criança para incorporar oralmente a mãe (objeto total) ou o
seio materno (objeto parcial). O otimismo é também considerado um
produto psicogênico de uma amamentação abundante e sem restrições.
Observando uma criança, poderíamos dizer que ela se interessa por
alimentos em função de sua libido oral, mas não é bem assim, vez que,
mesmo saciado, ele põe tudo o que alcança na boca; suga sua própria
língua; chupa os dedos e até os artelhos, parando de chorar quando lhe
dão uma chupeta. Logo após nascer, mantém-se a criança inteiramente
alheia ao mundo exterior, revelando suas sensações por meio de choro,
sossego, risos encontrando prazer apenas no seio materno ou no seu
próprio corpo, sem saber ainda como localizar estes elementos. É por isso
mesmo que o seio, que lhe causa tanto prazer, é entendido como parte do
seu ego. E, também, por isso mesmo que dizemos que esta superposição
seio-ego, que descreve uma ausência de objeto, é a imagem perfeita do
narcisismo. A seguir começa a criança a perceber que as repetidas
experiências alívio lhes foram fornecidas por meio do seio, o que é
determinante para que ela possa
2- FASE ANAL
É a fase que reflete as experiências infantis durante a aprendizagem do
controle da defecação. As tendências caracterológicas para a validade,
desconfiança, ambição e generosidade, sem amor estão associadas ao
prazer da evacuação anal; as tendências para a meticulosidade,
parcimônia, amor a ordem ao método, obstinação e avareza estão
radicadas na retenção anal; das fezes, sendo prazeres ambivalentes
(evacuar pode significar, para a criança, expelir um mau objeto interno
ou oferecer a mãe um bom objeto interno; reter as fezes pode significar a
conservação de um bom objeto interno ou o temor de oferecer a mãe um
mau objeto interno que a envenene ou a destrua), tais tendências podem-
se combinar no tipo de personalidade anal. Quando excessivamente
acentuada, a personalidade anal pode resultar de uma fixação infantil,
em virtude de a criança não ter sido capaz de conciliar os prazeres anais
com as exigências sociais (por exemplo, o trono de toalete, a disciplina da
higiene pessoal).É no transcurso do surgimento e da instalação da
agressividade, que a zona anal se torna muito ativa. Nela a criança passa
a obter prazer pela estimulação da agressividade, e nela a zona anal se
torna muito ativa e a criança passa a obter prazer pela estimulação da
membrana mucosa retal e das partes imediatamente adjacentes,
passando a ser, a função do ânus preponderantemente prazerosa, tanto
quanto o era a entrada no trato digestivo. É quando começam as
manobras de retenção das fezes, ou frequentes evacuações, que
estimulam a mucosa retal e a região glútea, o que resulta em prazer. É a
fase do desenvolvimento da libido, em que a evacuação e a tendência
3- FASE FÁLICA
É a fase que reflete as experiências infantis marcadas pelo interesse e
sentimentos associados ao pênis (para a mulher, o símbolo equivalente).
As tendências caracterológicas para a ostentação, generosa ou
benemerente, narcisismo, camaradagem, afiliação e atividades lúdicas
(jogos, competições esportivas, etc.) estão associadas à primazia fálica.
São estes os três padrões básicos de personalidades originadas nos
estágios pré-genitais do desenvolvimento psicossexual. À fase culminante
do desenvolvimento sexual, em que a pessoa contém relações
verdadeiramente afetivas com o parceiro sexual, corresponde, na
caracterologia adulta, a personalidade genital, que é a síntese dos
impulsos psicossexuais medidos não só pela potência fisiológica mas
também pela capacidade do amor em termos adultos.
É o padrão equilibrado e maduro - personalidade adulta. É no período da
amamentação que começa a excitabilidade dos órgãos genitais como zona
erógena, obtendo, a criança, prazer na masturbação infantil. Entretanto,
somente após a superação das fases oral e sádico-anal e que os genitais
se tornam importantes, assumindo o comando como zona sexual, em
detrimento das outras, agora ultrapassadas.
Contudo, após a puberdade, percebe-se expressões do tocar, abraçar e
beijar, que aparecem no prazer prévio, que são remanescentes da fase
oral. Nesta fase não ocorre orgasmo como entre os adultos, vez que não
há produção de fluido seminal, nem a consequente ejaculação. Assim, a
O PRÉ-CONSCIENTE (Pcs)
Tomando como adjetivo, qualifica o que tendo saído da consciência atual,
• sem, contudo, se tornar inconsciente. Já como substantivo, qualifica
um sistema diverso do sistema Ics, pois todo o seu material ausente do
consciente, permanece acessível de uma forma não-atualizada.
O CONSCIENTE (Cs)
ANOMALIAS DA SEXUALIDADE
O comportamento na esfera sexual que se desvia do normal, mas não é
necessário considerado patológico. O termo para as anomalias
patológicas (quer sejam socialmente condenáveis ou não) é perversão e
por vezes, inversão. Alguns autores preferem a terminologia
sexopatologia.
COMPLEXO DE ÉDIPO
Sigmund Freud observou, através das recordações de neuróticos e das
interpretações dos sonhos que a criança, em determinada idade, passa a
estar sexualmente interessada, de modo regular, no genitor do sexo
oposto ao seu, desenvolvendo-se o sentimento de rivalidade e
o desejo de afastar o genitor do mesmo sexo. Freud conclui estar em
presença de um fenômeno universal que ocorre entre os três e cinco anos
de idade, e acreditou, por algum tempo, que todas as neuroses tinham
origens nessa situação, que, de fato, as neuroses não podiam originar-se
em experiências ocorridas em período anterior àquele. O mito de herói
grego que perpetra o parricídio (assassina o pai) e vive em relações
incestuosas com a mãe, crime de tão terríveis consequências que Édipo
quis expiá-los provocando a própria cegueira, parecia provar a tese
freudiana de que os impulsos incestuosos se encontram presentes em
todas as crianças de modo velado e desfigurado: assim o código secreto
do mito (aquilo que Jung chamaria o mitologema) corroborava os estudos
de Freud que assim escrevia na interpretação dos sonhos: "o destino do
rei Édipo comove-nos ainda hoje porque também poderia ter sido o nosso,
porque um oráculo fez recair sobre nós, antes do nosso nascimento, a
própria maldição que sobre ele tombara.” Talvez estivéssemos todos
COMPULSÃO
Ato de forçar uma pessoa a agir contrariamente ao seu desejo. Estado da
pessoa que foi constrangida contra sua vontade. Motivo que impele a
pessoa a agir contra a sua vontade. Motivo que impele a pessoa a agir
contra a sua inclinação. A compulsão pode ser externa ou interna e
subjetiva.
NEUROSES
Esse termo, que data da segunda metade do século XVIII, significa
originalmente uma doença dos nervos, depois mais tarde no século XIX,
foi utilizada para descrever "distúrbios funcionais", isto é, doença que se
acreditava serem devidas a distúrbios funcionais do sistema nervoso que
não se faziam acompanhar por mudanças estruturais. Desde que Freud
descobriu que uma das neuroses, a histeria, constituía um distúrbio da
personalidade e não dos nervos, o termo foi empregado para descrever
exatamente os distúrbios mentais que não são doenças do sistema
nervoso. Freud define a neurose como a expressão de um conflito entre
os desejos do nosso inconsciente
A teoria clássica distingue os seguintes tipos de neuroses:
PSICONEUROSES
Devido as causas passadas e explicáveis apenas em função da
personalidade e história da vida do paciente (anamnese). Existem três
tipos de psiconeuroses: a histeria de conversão, a histeria de angústia
(fobia) e a neurose obsessiva.
NEUROSES ATUAIS
Devido as causas atuais e explicáveis em função dos hábitos do paciente.
Em seus primeiros trabalhos, Freud fazia distinção entre psiconeuroses
e neuroses atuais, as primeiras devendo- se a conflitos psicológicos e
acontecimentos passados e as últimas sendo as consequências
Para que exista um equilíbrio entre essas duas realidades, a natureza nos
deu a faculdade de sonhar. Através dos sonhos nós vivemos, então, a
nossa vida. Através deles realizamos todos os nossos desejos. Assim, já
podemos definir os sonhos como uma função psíquica encarregada de
compensar, de suavizar, de substituir mesmo uma realidade, que nos é
hostil, por outra, totalmente diferente, onde um novo mundo se
descortina diante da alma e onde todas as nossas ações parecem
absurdas, juntamente por que as mais censuráveis, na sociedade em que
vivemos, gozam enquanto dormimos, de uma espécie de liberdade
condicional, quando se expandem nos sonhos.
INSTINTOS SEXUAIS: Já temos que os instintos sexuais são os que a
Psicanálise classifica como instintos de vida, convindo, então, que
acrescentemos que eles possuem (1) uma fonte, (2) uma meta e (3) um
objeto.
Mas retomemos, antes, a finalidade do instinto: "... é a sua satisfação,
ou, com mais precisão, o ato de descarga muito
O DOMÍNIO-COMPETÊNCIA
DOMÍNIO-COMPETÊNCIA é avaliado considerando-se o que se infere dos
sentimentos de adequação manifestos e conscientes, ou seja: a maneira
como o indivíduo age e o que ele pode realizar com eficácia.
LIMITE DE ESTÍMULOS
A PSICANÁLISE:
Freud disse que Psicanálise é:
(1) um método de processos mentais, quase inacessíveis por outros
meios;
(2) uma técnica (baseada nessa investigação) usada no tratamento de
distúrbios neuróticos;
(3) um conjunto de informações psicológicas obtidas por essa via e que
se vem constituindo, gradativamente, em uma nova disciplina científica.
A Psicanálise pretende tornar consciente aquilo que é inconsciente e
facilitar a descarga afetiva.
Ou...
Revelar os conflitos inconscientes, por meio da associação livre e sonhos,
analisando e interpretando as defesas, as resistências, as tensões e
estimulando e interpretando as transferências, além de reestruturar os
mecanismos de defesa, visando o manejo mais eficaz dos impulsos do
Inconsciente.
Na Psicanálise há duas hipóteses fundamentais: o determinismo (ou
causalidade psíquica): eventos que determinaram eventos e a teoria do
inconsciente, que é o determinante vital da conduta e processos do
pensamento.
No VOCABULÁRIO DA PSICANÁLISE de Laplanche Pontalis, lemos que
instinto é "...um esquema de comportamento herdade, próprio de uma
espécie animal que pouco varia de um indivíduo para o outro e que se
desenrola segundo uma sequência temporal, pouco suscetível de
alterações e que parece corresponder a uma finalidade," Uma definição
que não sendo de autoria de SF (que foi vago sobre o assunto), é muito
bem ajustada às realidades das espécies e nos serve para os fins dos
nossos estudos. Um dos problemas do estudo dos instintos é o fato de se
situarem entre os campos biológico e o psicológico. O outro problema é a
constatação da existência de uma grande quantidade deles.
A isto, temos, ainda, de aduzir que o instinto, enquanto fenómeno
biológico, possui representantes psíquicos (impulsos, tendências, desejos
O PROCESSO PSICANALÍTICO
1- O QUE É?
Embora lidando com uma palavra aparentemente simples, quando
contextualizamos a mesma à Psicanálise observamos que começa ser
objeto de polemica. Entretanto, vamos nos prender a significação mais
simples, embora encontremos mesmo assim uma possível dificuldade,
quando se trata de sua semelhança com Situação Analítica. Por enquanto
consideremos Processo como sinônimo de Situação Analítica.
Pretendendo definir Processo Psicanalítico, podemos dizer que o
tratamento psicanalítico tem um sítio, um lugar, e esse lugar é
encontrado dentro da Situação Analítica. O processo é então o conjunto
de fases sucessivas dentro da situação como um todo. E, em particular,
a Situação fica sendo "a configuração total das relações interpessoais que
se desenvolve entre o Psicanalista e seu paciente".
Podemos criar conceito mais simples ainda, se dissermos que o Processo
inclui todos os procedimentos havidos entre Psicanalista e paciente a
escolha do primeiro até a RNT (reação terapêutica negativa) que o
paciente experimenta quando de fato seu tratamento já está encerrado.
2- ANALISABILIDADE
Segundo os Didatas mais famosos, toda vez que não existir uma contra
indicação específica e irrecusável, a Psicanálise é indicada.
Entretanto, falando das contra indicações, podemos relacionar as de
natureza familiar, religiosa, amizade etc.. Mas, seriam todos os paciente
analisáveis? Seriam todos os pacientes analisáveis por quaisquer
Psicanalista? Há enfermidades do universo psíquico que não são
analisáveis?
Outras perguntas poderiam ser levantadas, contudo, tentaremos
responder estas que nos parecem mais prementes. Seriam todos os
pacientes analisáveis?
Embora do ponto de vista etiológico, da natureza da enfermidade o sejam,
há pacientes que não preenchem os requisitos para tal. E nesse caso, até
os fatores inteligência, cultura, universo religioso, em outras, etc, podem
contraindicar. Nesse caso o paciente não produzirá o suficiente par ao
processo de interpretação ou não acompanhará o raciocínio sempre
avançado do Psicanalista. Um outro fator que não podemos descartar é a
idade. Seriam todos pacientes analisáveis por quaisquer Psicanalista?
Quando estivermos diante de um paciente analisável, precisamos ainda
considerar a possibilidade do tal não ser analisável por nós. Há sempre a
incidência de fenomenologia que pode contraindicar. Por exemplo: A
contratransferência Negativa Imediata. Além deste fator, pode o paciente
apresentar uma postura e características de personalidade desfavoráveis
à constituição do Par Analítico. Isto exige muito cuidado na fase das
entrevistas. Há enfermidade do psiquismo que não são analisáveis?
Certamente, todos as enfermidades psicogênicas, em princípio, não
oferecem condições. É claro que estamos agora lidando com o conceito
de estrutural. Entretanto, há certos casos de esquizofrenia que parecem
responder a uma análise profunda. Diante dessas considerações, uma
outra pergunta se levantará: Quais são os pacientes tributários da
psicanálise? Os Neuróticos. Só existe um tratamento eficaz para as
neuroses - Psicanálise. O tratamento psiquiátrico para as neuroses é
apenas sintomático. É como tirar a febre de alguém com infecção.
Entretanto incluímos neste roteiro um capítulo sobre Psicanálise e
Paciente Psiquiátrico.
Por outro lado, temos ainda duas outras questões a considerar nesta
parte:
•A Psicanálise pode contribuir para os pacientes não indicados? Sim. A
Psicanálise cura as neuroses, ajuda aos psicóticos e não agrava
quaisquer enfermidades;
•Os Psicanalistas têm que ser rigorosos na questão da analisabilidade?
Em princípio sim. Pelo menos nos acasos de contraindicação familiar, de
amizade etc. Contudo não será fácil recusar um paciente, especialmente
se lavarmos em conta as necessidades financeiras e a natureza sacerdotal
de que nossa profissão se reveste. Não deve, contudo, forçar uma
situação que saiba ser improdutiva.
Vamos dar, ainda que resumidamente, os critérios da Dra. Zetzel de
analisabilidade:
•A capacidade de manter a confiança básica em ausência de uma
gratificação imediata;
•A capacidade de manter a discriminação entre o objeto e o self na
ausência do objeto necessitado;
•A capacidade potencial de admitir as limitações da realidade.
Finalizando, teremos sempre bastante dificuldade com os pacientes que
tendem a desenvolver prematuramente uma intensa transferência erótica
desde as entrevistas face a face.
O PAR ANALÍTICO
A figura do Par Analítico (e não casal) surge em decorrência da
analisabilidade. Se os requisitos para a situação analítica não forem
atendidos, certamente que paciente e psicanalista formarão uma dupla
de estranhos. Queremos afastar desde já a ideia de que o Par Analítico
engloba aspectos transferenciais. Não engloba, mas predispões ao
surgimento da mesma. E se não ocorrer a transferência, o trabalho será
inútil, não haverá cura. Assim, para entender o mesmo, temos que
considerar se um determinado paciente vai responder melhor a um
analista do que a outro, ou que um analista pode tratar melhor uns
pacientes do que outros. Par Analítico, é, portanto, o melhor analista para
determinado paciente e paciente adequado para determinado analista.
Vale ainda considerar que essa figura não surge com imediatismo, sendo
necessário um tempo determinado de contato para se ter uma ideia de
sua medida. Isto torna fundamental as entrevistas.
3- ENTREVISTA
Já dissemos que em Psicanálise, a anamnese não é entrevista. Entrevista
é um termo reservado para algum encontro de tipo especial, não para
contatos regulares. Trata-se, portanto, do que se faz antes de empreender
um tratamento psicanalítico. Sua finalidade é, do modo mais amplo que
na anamnese, decidir se a pessoa que consulta deve realizar um
tratamento psicanalítico ou de outra natureza. Também nela se terá uma
visão profunda das contraindicações.
Na entrevista devemos facilitar ao entrevistado a livre expressão de seus
processos mentais, o que nunca se consegue com um enquadre formal
de perguntas e respostas, embora durante a mesma possamos submeter
algumas perguntas ou pedir que o futuro paciente fale sobre algo
específico.
Algumas considerações resumidas sobre a entrevista:
. Tanto melhor será o campo da entrevista quanto menos participe o
entrevistador;
É comum observarmos pacientes com forte dose de ansiedade e/ou
angústia já na entrevista;
. analisado deve ser informado que a entrevista tem a finalidade de
responder a uma consulta sobre sua análise mental e seus problemas,
para ver se necessita de tratamento;
. A entrevista se realiza sempre face a face e o uso do divã está
formalmente afastado;
. A entrevista não se baseia nas regras de livre Associação, embora já se
inicie uma espécie de ensaio da mesma;
4- O CONTRATO ANALÍTICO:
Vamos tomar um termo das relações civis para designar certo
procedimento necessário à prática psicanalítica. Antes de definirmos o
Contrato psicanalítico, precisamos entender que uma das estratégias da
Entrevista é preparar o futuro paciente para subscrever o metafórico
Contrato Psicanalítico. Esta expressão deve ficar circunscrita ao jargão
dos psicanalistas, sem conotações legais.
Mas, o que é?
É um acordo sobre as bases ou as condições do tratamento.
"Vale a pena assinalar, ..., que o contrato psicanalítico não só implica
direitos e obrigações, mas também riscos, os riscos inerentes a todo o
empreendimento humano".
O Contrato Psicanalítico poderá ser democrático ou autoritário. Aquele é
o que tem em conta as necessidades do tratamento e as harmoniza com
o interesse e a comodidade de ambas as partes (paciente e analista).
Lembremos que a cada obrigação do analisado corresponde
simetricamente uma do analista. No contrato autoritário, temos a busca
da conveniência do analista antes que preservar o desenvolvimento da
tarefa. Há também um tipo menos comum, que é o demagógico, em que
o psicanalista satisfaz o paciente em prejuízo do processo.
Surge, naturalmente, a pergunta: Quando deve ser formalizado o
Contrato Psicanalítico? Na fase inicial das entrevistas. Pode mesmo ser
alinhavado durante as entrevistas, entretanto, deve haver um momento
em que se trate apenas dele. Um momento quando o paciente se veja de
frente com obrigações definidas, com algo que ele terá que respeitar, uma
vez que pretende a cura, o seu bem estar.
4.1. Generalidades sobre o Contrato Psicanalítico:
-Não é um documento formal, escrito;
.Deve incluir os elementos tradicionais, que veremos, bem como a
possibilidade de sua alteração;
.Deve prever uma certa flexibilidade que não comprometa o andamento
do processo nem do tratamento;
.Deve frisar bem a responsabilidade do Psicanalista;
.Deve esclarecer que tudo que o paciente faça, não faça, falte etc., será
objeto de interpretação etc.
Deve ficar claro que a sessão agendada é dele e ele paga, quer compareça
ou não. Isto aumenta a responsabilidade do tratamento.
Devemos ser rígidos nesta cláusula dado à fenomenologia presente e
intensa. Não devemos entender também o aumento inesperado de
sessões semanais, fora do que se contratou, a não ser por motivos bem
claros e discutidos, pois pode se tratar de necessidade transferencial que
não deve ser alimentada ou fortalecida. O processo deve ter a necessária
rigidez, porque tudo é tratamento.
4.10. MUDANÇA DE HORÁRIOS:
É bastante comum ser solicitado em pacientes fóbicos, ansiosos ou
limítrofes (especialmente esquizofrênicos). Não deve ser de tudo proibida
nem incentivada. Damos bom exemplo quando subordinamos toda nossa
vida aos compromissos da psicanálise. Se o psicanalista hoje e amanhã
troca o horário das sessões por motivos fúteis, é claro que o paciente vai
se sentir no direito, e isto nos é adverso.
4.11. O MATERIAL ONÍRICO:
Psicanalista que se preza não pode fugir dos sonhos nem possuir deles
ideia mística, fantástica, sobrenatural, religiosa ou banal. O sonho é o
melhor material que a mente fornece. No sonho as informações são
completas e livres de bloqueios. Vêm, contudo, revestidas de simbolismo
aparentemente intransponíveis.
O que fazer com os sonhos? Interpretá-los à luz da técnica Freudiana,
fartamente estudada. Não se interpreta sonhos sob a ótica astrologia, ou
do jogo do bicho. CUIDADO! Lembremos também que os sonhos são
reconhecidos até mesmo na Bíblia como material merecedor de crédito.
Todo sonho é satisfação de uma necessidade. E claro, que não estamos
falando dos sonhos proféticos, mas daqueles produzidos pelo
inconsciente para romper a barreira do superego, das censuras.
4.12. REGRA DE ABSTINÊNCIA:
Por abstinência entendemos o não envolvimento do psicanalista com os
afetos ou os problemas do paciente. E claro que existe a
contratransferência que cada analista terá que trabalhar, embora não
ocorra com a mesma intensidade com todos os pacientes, e nem mesmo
durante toda a nossa vida.
CUIDADO! E de Freud esta máxima: "se quisermos que alguém nos abra
o coração, devemos começar por abrir o nosso". Ela serve para tudo,
menos para a prática psicanalítica. A primeira vista poderia parecer justo
que o psicanalista permitisse, da parte do paciente, a visão de seus
próprios defeitos e de seus próprios conflitos anímicos, abrindo a sua vida
íntima aos olhos do analisado. Mas esse modo de proceder não carreta
4.25-LIVRE ASSOCIAÇÃO
Podemos dizer que é caudal de ideias que se relacionam entre si e que
são verbalizadas sem preocupação lógica ou estilo.
Uns dizem "Lembrei de algo, mas isso não é importante, não tem nada a
ver ". E é exatamente aí que temos que trabalhar e fazê-lo entender a
presença de uma resistência, de um bloqueio.
O paciente não deve se preocupar com o que está dizendo. Deve agir como
que estando a "pensar em voz alta". Transmite todas as ideias que forem
surgindo, mesmo que sejam agressivas, pareçam vergonhosas, banais,
conflito com os seus costumes. Aliás, uma das coisas mais responsáveis
pelo recalque é exatamente o "pensar de um modo de falar de outro ". Isto
é cometido pelos padrões culturais e pela hipocrisia das religiões etc.
Sintetizando: "Coloque-se diante do Psicanalista como um passageiro
olhando da janela de um trem, em velocidade, e, vá narrando o que se
passa na tela a sua imaginação". (Dr. Gastão Pereira da Silva)
2- Exemplo de Livre Associação: Uma aula sobre como trazer à tona as
ideias recalcadas. O conteúdo que incluímos sob este título foi extraído
do livro de J. Ralph, "Conhece-te pela Psicanálise".
"Vou ensinar ao aluno como se deve pescar. E não só como pescar, mas
também, o lugar bom para uma boa pescaria.
Mas não se trata de peixes; trata-se de pescar ideias. Não as alheias, mas
as suas próprias ideias verdade que, sob certas condições, precisamos
pescar as ideias dos outros; mas, comumente não há necessidade disso.
Há muitos indivíduos, com efeito, que com a maior sofreguidão, nos
oferecem as suas, graciosamente, sob a forma de convicções e de
preconceitos. A média dos indivíduos, recusa-se a admitir qualquer
associação com sua última atitude mental; e com que energia procuram
demonstrar que suas ideias são próprias, espontâneas e desinteressadas.
Não, o que pretendo agora é ensiná-lo a pescar as próprias ideias.
Naturalmente, elas lhe interessam muito. Mas vai uma grande distância
entre interessar-se por uma coisa e possuí-la e gozá-la integralmente.
De nada nos vale uma ótima coisa, que precisamos muito e pela qual
muito nos interessamos, se não podemos utilizá-la justamente, quando
e como queremos. E se não podemos fazer, é porque a coisa não nos
pertence de fato, e, se por acaso a consideramos nossa, somos,
positivamente, vítimas de uma ilusão.
Nesta pescaria, que empreendemos juntos, vamos adotar um anzol
mental. Será uma pesca extremamente prática e de grande proveito para
a sua personalidade. Quero ensiná-lo a trazer à consciência (de medo a
que se possam confrontar) as ideias responsáveis pelo seu
temperamento: as boas e más, as fortes e as fracas. Nas profundezas do
inconsciente há um grande sortimento de ideias e lembranças que a gente
supões serem próprias, originais; na realidade, a natureza e as
Resumindo:
A Livre Associação de Ideias é a VIA RÉGIA que conduz à compreensão
do processo pelo qual a conduta é encontrada pelo espírito inconsciente;
se o método for bem aplicado, pode- se, mesmo, reconstruir a
personalidade consciente, abrindo-se aos nossos olhos perspectivas de
maravilhosas possibilidades.
h) Sobre a morte:
1- Pensa você constantemente na morte?
2- Qual é a ideia que lhe ocorre quando pensa nela?
3- Tem você medo da morte, de morrer ou de ser morto?
4- Desejou alguma vez morrer ou de ser morto? Quando e como?
5- Chegou você a pensar no suicídio? Que processo seria preferível?
6- Estabelece você alguma relação entre o amor e a morte? 7- Como
imagina você a vida depois da morte?
8- Tem medo de ver um cadáver?
9- Já pensou na morte de pessoas queridas? 10- Desejou a morte de
algumas delas?
11- Pensou em matar alguém? 12- Já matou animais? Quais?
13- Que espécie de morte comove mais a você?
14- Rápida, lenta?
Essas perguntas podem ser ampliadas, melhoradas e até modificadas
ligeiramente.
IV - ALIANÇA TERAPÊUTICA:
Na primeira parte deste estudo abordamos o chamado Par analítico.
Vimos na ocasião que o par analítico constitui a combinação do melhor
Psicanalista para determinado paciente, e vice-versa. Na sequência e
combinação de fatores, em decorrência deste par, surge a transferência e
a contratransferência que estudaremos dentro em pouco.
Antes, porém, aparece este delicado assunto, a Aliança, por muitos
confundida com transferência. Mas, não confundamos - a transferência
ocupa urna parte definida do universo psicanalítico. Nem tudo que ocorre
na situação analítica é transferência. Temos, contudo, que reconhecer
V- TRANSFERÊNCIA
Definição: Atitudes, sentimentos e fantasias que um paciente
experimenta, na situação analítica, em relação ao seu Psicanalista,
muitas das quais emergem, de modo aparentemente irracional, de suas
próprias necessidades inconscientes e conflitos, em vez de circunstâncias
reais de suas relações com o analista. Assim, o paciente atribui,
inconscientemente, características de seu pai, mãe, irmãos etc. ao
analista, enquanto este representará qualquer dessas pessoas em relação
ao paciente.
A teoria da transferência é uma das maiores contribuições de Freud à
ciência e também o pilar do trabalho psicanalítico. A transferência
precisa ser entendida com um falso enlace, que tem, em princípio, dois
objetivos, ambos inconscientes:
a) satisfazer as necessidades propriamente inconscientes,
confundindo a pessoa do Psicanalista com as pessoas que faltaram ou
faltam na vida do paciente.
b) Evitar a subida do mundo inconsciente ao consciente, funcionando
desse modo como resistência, como dissimulação, com o fim de
direcionar as energias mentais para um lado que embarque a
manifestação do universo inconsciente.
Em ambos os casos, "a transferência que se destina a ser maior obstáculo
para a Psicanálise, se converte em seu auxiliar mais precioso, quando se
consegue detectar em cada caso (e manifestação) e traduzi-la para o
enfermo".
Em qualquer caso, a transferência jamais poderá ser entendida como
uma fraqueza de caráter, como "safadeza" do paciente, mas como algo
inevitável às pessoas mais sérias. É sempre um problema da
personalidade no que diz respeito às neuroses, carências etc. As pessoas
que sufocam as manifestações transferenciais, o que consegue é plasmar
mais uma carência, fortalecendo assim o patrimônio neurótico.
• Transferência sexualizada
Tipos de Resistência:
IX - ANGÚSTIA DA SEPARAÇÃO:
Fenômeno que percebemos, em alguns casos, desde as entrevistas, onde
o paciente apresenta uma sensação de abandono, quando o seu tempo
vai terminando, como se estivesse para perder algo muito caro. Na
angústia de Separação, é diretamente proporcional à transferência e à
Aliança Terapêutica. No caso de pacientes com forte resistência, que
retardam ao máximo a instalação desses fenômenos, também se notará
uma frieza, um corte de cordão umbilical indolor.
Em caso de pacientes psicótico, não tributários da psicanálise, junto aos
quais se esteja praticando uma psicoterapia de fundamentação
psicanalítica, notaremos que a angústia de separação, pode incluir certos
tipos agressivos de evite. Pode também o paciente insistir em continuar,
ter surtos na saída, simular insegurança, quadros fóbicos etc.
X - INTERPRETAÇÃO:
A interpretação é o instrumento mais nobre da psicoterapia. Entendemos
por interpretação, o método de deduzir o que o paciente tem em sua alma
e lhe comunicamos. A interpretação, é, portanto, a aplicação da
racionalidade ao material que nos é oferecida através da Livre Associação.
E quando o psicanalista entende e junta os fatos, montando o quebra-
cabeça com o material mnésico apresentado.
A interpretação se dá sobre coisas lógicas apresentadas pelo paciente
que, entretanto, não se vê com lógica alguma quando fala. Entretanto,
em fase do arrazoado do psicanalista, há a compreensão, a clareza. E,
com o passar do tempo, a medida que o tempo de análise aumenta, o
paciente já vai percebendo, e em algumas vezes se antecipa à
interpretação. Mas nesse caso, algumas vezes erra. Quando o paciente se
antecipa na interpretação, o que temos, nem sempre é insight, mas a
inveja do psicanalista e a tentativa de tomar o seu lugar. Na
interpretação, o psicanalista precisa ser curto e educado. Não deve se
estender em uma palestra longa, que dê lugar a divagações. Sempre que
possível deverá interpretar com linguagem indagativa. Fazendo
perguntas que induzem uma resposta. Esse caso é aparentemente
melhor, porque o paciente fica com a sensação de ter concluído a respeito.
Tem mais facilidade de aceitar que se tivesse recebido uma ideia pronta.
Na interpretação, o Psicanalista tem um aliado, o insight. Este termo tem
em psicanálise, uma significação maior do que a terminológica. O insight
acontece no paciente, e será proporcional à inteligência dele e a
disposição ou vontade de descobrir a sua verdade. Depende também de
uma boa aliança terapêutica. Nele o paciente vê claramente, em um
momento, toda a verdade da interpretação. Normalmente o insight,
desencadeia uma aceleração no processo associativo, em alguns casos
fazendo o paciente calar, parar por algum tempo, desfrutar das memórias
ligadas à verdade da interpretação.
XI - ETAPAS DA ANÁLISE:
Quando dizemos que há etapas, o que queremos dizer é que na evolução
do processo psicanalítico, há momentos característicos, definidos,
distintos de outros, momentos com uma dinâmica especial que os
distingue. Aliás, tudo nesta vida tem princípio, meio e fim.
4)É o próprio analisado quem vai nos dizer o que o seu próprio sonho
significa, com as informações que nos fornecerá;
5)É sempre mais fácil interpretar os nossos sonhos (desde que
apliquemos a técnica) do que os sonhos alheios. Mas, também neste caso,
precisamos considerar todos os elementos do sonho e nos deter sobre
cada um deles, iniciando o trabalho interpretativo quando recordamos os
sonhos que tivemos;
6)Nos sonhos alheios, procederemos de igual modo, isto é, indagaremos
ao analisado quais as lembranças que lhe veem à mente ao recordar os
sonhos. Precisamos indagar tanto sobre as lembranças associadas
quanto sobre lembranças de fatos da véspera (restos do dia);
7)Se analisarmos os nossos próprios sonhos, devemos tomar o firme
propósito de não ceder um passo ao influxo de nossa autocrítica. A
resistência, tão presente na Livre Associação, também se intromete nas
lembranças relativas ao sonho, (quando não na lembrança do próprio
sonho) bem como se encarrega de provocar desvios de apreensão, para
que entendamos o sonho. O que foi elaborado para burlar o Superego,
certamente se encarregará de distrair o Ego;
8)A interpretação do sonho se realiza através de uma resistência que visa
impedir a perfeição da análise, tal qual acontece com a aplicação direta
do método freudiano;
9)Como em geral acontece, as ideias que o indivíduo encobre, ou que a
crítica reprime, são justamente, sempre e sem exceção, as mais preciosas
e as mais importantes e decisivas à análise;
10)Para uma perfeita interpretação, verificamos que um determinado
elemento do sonho deve lembrar, por exemplo, um fato recente; ou que
na véspera do sonho houve "isto" ou mais "aquilo". Estes "elementos
achados" unem-se, depois, a acontecimentos mais longínquos e, às vezes,
a épocas remotas;
11)Uma vez decomposto o sonho em seus elementos, enlaçaremos uns
com os outros e termos, assim, o sentido total, ou melhor, a decifração
procurada;
12)A função do sonho é, entre outras, a de afastar todas as nossas
preocupações desagradáveis, todas as fontes de excitação que nos são
prejudiciais e que perturbariam o nosso repouso, para transformá-los em
motivos agradáveis e prazerosos;
13)O sonho é o fiel guardião da nossa saúde psíquica, da nossa alegria
de viver, uma vez que a vida não passa, em essência, de uma contínua
procura de prazer, contrariada pela realidade - Teoria do Princípio do
Prazer;
escolhido para devorar F. que, ao ver o lobo vestido de fraque, não tem
medo de enfrentá-lo".
Na análise, verificou-se que o fraque substituía a figura de um professor,
protetor de F. O ambiente de terror referia-se aos exames que F. tinha
que se submeter numa faculdade, presididos por um certo lente que ele
achava que o perseguia, simbolizado n sonho por Nero. As outras feras
eram os outros examinadores, mas dos quais já não tinha medo por
causa da intervenção daquele professor que o protegia.
5."F. está em um campo, absolutamente árido, vazio, sem elevações, sem
verduras, sem nada".
Para que fosse possível a interpretação, empregou-se o processo da livre
associação. Assim, o campo lembra prado, prado lembra planura,
planura lembra chapada... A essa altura, F. se recorda perfeitamente do
campo árido, vazio, sem elevações, sem verduras, sem nada e...
imediatamente esse canário do sonho que, a princípio, não lhe inspirava
nada, transporta-o para o sertão, onde estivera, e então se toma
perfeitamente compreensível o fragmento que, à primeira vista parecia
completamente inapreciável.
6."O menino F. sonha que abriu uma geladeira e comeu o pudim que a
mãe havia guardado ali".
Em verdade, F. pedira um pedaço do pudim que sua mãe preparara para
o dia seguinte, data do seu aniversário. Ela se recusara a partir o doce
na véspera e, assim, satisfazer o pedido do filho. Este, no entanto, não se
conformando, come, vingado, o pudim inteiro no sonho que teve naquele
mesmo dia. Observamos o que sonho não só realizou o desejo da criança,
como também o ampliou, pois F. não se limita só a saborear um simples
pedaço, mas come o pudim inteiro. Trata- se de um sonho infantil,
desprovido de simbolismos. É direto.
7."F. vai à fazenda do pai, muito distante da cidade em que mora, no seu
próprio automóvel de brinquedo". —Na véspera, o pai de F., que tinha um
automóvel confortável, nega-se a levar o filho à sua fazenda, apesar deste
bater o pé e haver ficado em casa chorando... Quando dorme e sonha, o
garoto vê o desejo amplamente satisfeito.
8."F. está num cinema com "ele". O rapaz vai se chegando cada vez mais
para perto dela, até que toca nas suas mãos. Nisto, as pessoas que estão
próximas mudam de lugar e F. tem a sensação de que está só. "Ele" vai
agora abraçá-la (naturalmente, beijá-la) e ela começa então a sentir um
terrível mal-estar. A cena que está na tela é a cena infalível do beijo. F.
sente-se sufocada e a aflição aumenta cada vez mais. Um medo secreto a
invade. Mas agora "ele" quer mesmo o beijá-la. Porém, F., num supremo
esforço, repele a atitude sensual do rapaz".
Este fragmento reflete a desconfiança de F. pelo seu namorado. Mas toda
a sua trama é a de não poder entregar-se a ele, independente da citada
desconfiança, pois a análise da alma de F. mostra um temperamento
ardente, todavia preso ao preconceito. Não fosse isto, F. se entregaria,
pois um segundo fragmento deste sonho confirma a análise. Vejamos: "Ao
se afastar dele, F. sente-se desmaiar. Agora vai caindo... caindo no vácuo,
enquanto mãos a apertam e um corpo se une ao seu, esfregando-se no
seu...F. quer livrar-se, mas não consegue... Todo seu corpo treme... Uma
sensação estranha invade a sua alma... Continua caindo, caindo...
Finalmente, aflita, acordo". Analisemos algumas alusões para
esclarecermos melhor o pensamento:
a)"Sente-se desmaiar" - luta íntima entre o preconceito e o desejo. Se a
consciência não a acusasse, F. se entregaria;
b)"F. vai agora caindo no vácuo" - Pode ser fuga do preconceito para u
lugar onde D. pudesse satisfazer o instinto, um lugar vazio, desprovido
de censura;
c)"Cair no vácuo" - Seria, também, cair num espaço imaginário, não
ocupado por alguma coisa e que a elaboração onírica aproveita como um
local que não fosse visto por ninguém. Ali, estão, F. se entregaria ao amor,
ao seu prazer erótico;
d)A aflição que acompanha o senhor parece fazer referência ao onanismo.
9."F. vai visitar uma pessoa cujas condições políticas não estão de acordo
com o seu pensamento. A pessoa não se encontra em casa. Enquanto F.
a espera, olha pela janela e vê grandes e belos cardumes de peixes
coloridos voando sob um céu sereno e azul".
F. tivera, na véspera desse sonho, certa conversa com um amigo, na qual
comparara os aviões aos peixes, acrescentando que Santos Dumont
talvez houvesse morrido de desgosto, pois havia destinado a sua
descoberta à beleza da vida e não à guerra.
10."Paciente l com pessoa 2 (noivo), deitados no chão de um cemitério,
desejando saírem dali. Pessoa X. deitada numa rede, e este era chefe de
torcida de um time famoso, pede que eles permaneçam um pouco mais e
sintam o prazer de estarem deitados ali. O cemitério era do tamanho
exato do consultório do analista e não tinha nada, nenhuma sepultura.
Mas era cemitério".
Este sonho mostra que as relações da paciente com o seu noivo são
conhecidas do analista, que está presente, na rede, sendo permissivo.
Sabemos que é o analista porque o tal chefe de torcida tem algo em
repetir um sonho assim, ele omite, visivelmente, uma das partes. Sob tais
circunstâncias, é fácil despertar a atenção do sonhador para a omissão e
então tentar descobrir por que ele omitiu aquela passagem em particular.
Pedir a um paciente para repetir a descrição de um sonho, e então
chamar a sua atenção para as partes que haja omitido, pode fazê-lo
sentir-se alvo de crítica por parte do terapeuta, ou pior ainda, pode levá-
lo a pensar que foi ludibriado, ou manobrado, a fim de revelar algo que
desejava ocultar. Seria, então, aconselhável para o terapeuta lidar com
aquilo que o paciente tenha relatado, ao invés de voltar-se para as
omissões;
f) Ocorre com muita frequência que um fragmento de um sonho seja
omitido e acrescentado posteriormente como um adendo. Isto deve ser
encarado como uma tentativa de esquecer aquele trecho. A experiência
revela ser encarado como uma tentativa de esquecer aquele trecho. A
experiência revela ser essa passagem, em particular, a mais importante;
houve, suponhamos uma resistência maior no processo usado para
comunicá-la do que no tocante às outras partes do sonho. Não é raro
acontecer que, no meio do trabalho de interpretação, uma parte omitida
do sonho venha à luz, e é descrita como se tivesse sido esquecida até
aquele momento. A parte de um sonho, aquela que tenha sido esquecida
e tirada do esquecimento dessa forma é, invariavelmente, a parte mais
importante; ela sempre se acha no caminho mais curto para a solução do
sonho e foi, por esse motivo, mais exposta a resistência do que qualquer
outra parte. E é bem provável que esse fosse o único motivo para ser
esquecida, isto é, por ter sido, uma vez mais, suprimida.
Quando um fragmento de sonho é recordado dessa maneira, as outras
partes do sonho podem ser, temporariamente, desconsideradas, e a
atenção enfocada nessa parte. Às vezes, o paciente recorda o fragmento
reprimido no final da sessão de análise, quando não há mais tempo para
debatê-lo, ou após a mesma já ter sido concluída. Existem, é claro,
aqueles pacientes que, de modo característico, poupam material
importante para o final da sessão de análise, momento quando não há
mais tempo de examiná-lo:
1.Se o sonhador já está familiarizado com a técnica da interpretação,
evite dar-lhe quaisquer instruções e deixe-o decidir com que associações
ele deverá principiar.
É importante ter em mente a existência de uma continuidade entre o
sonho relatado e todas as associações do paciente no decurso de uma
dada sessão. O paciente pode relatar um sonho junto a diversos outros
materiais e tudo está relacionado de algum modo. O terapeuta deve ter
em mente, ainda, que muitos sonhos que são evocados durante as
análises são introduzíveis, ainda que não deem mostras da grande
resistência que existe.
V - Simbolismo:
O temo simbolismo se refere, em seu sentido mais amplo, à significação
metafórica ou alegórica de um termo, uma ideia ou um objeto. Pode ser
uma alusão a algo. Por exemplo, a bandeira representando um país, uma
igreja representando uma religião, um prédio público significando o
VI - Símbolos sexuais:
Freud observa que "a esmagadora maioria dos símbolos nos sonhos são
sexuais", é muito mais comum que os órgãos genitais sejam simbolizados
do que apareçam como são na realidade.
ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINO
Generalidades:
1. Existem provavelmente mais símbolos de órgão
masculino do que todos os outros símbolos somados;
2. Para os genitais masculinos, como um todo, o número sagrado 3
(três) tem significação simbólica;
3. Objetos que se assemelham à forma do órgão, coisas longas e
eretas;
4. Cedros, objetos elevados e altos ou edifícios, torres de igrejas,
monumentos, mirantes, todos aparecem como símbolos genitais
masculinos;
5. Objetos com junção penetrativa, como armas de qualquer espécie:
facas, punhais, espadas, lanças, sabres, armas de fogo. Também
agulhas, bisturis, curetas e outros instrumentos cortantes capazes de
penetração para procedimentos médicos ou cirúrgicos são importantes
símbolos de órgãos genital masculino;
6. Objetos que expelem líquidos, como torneiras, regadores ou fontes.
Seguindo por pipetas, seringas, clisteres e até extintores de incêndio são
incluídos;
7. Objetos que podem ser alongados, como as lâmpadas que pendem
do teto e o batom extensível. Telescópios e antenas de automóveis são
igualmente conhecidos;
8. Objetos alongados que são seguros pelas mãos, entre eles: lápis,
canetas, martelos e outros. Os que têm algum tipo de tampa como a
caneta, pode significar o pênis incircunciso ou o clitóris;
9. As lixas de unas, possivelmente porque se esfregam para cima e
para baixo, também se conhece como símbolo específico;
10. As máquinas, com seu mecanismo potente, assemelham- se ao
mecanismo também potente do aparelho genital;
11. Vários instrumentos musicais podem ser incluídos, além de
secadores de cabelos, etc.;
12. Objetos que se elevam contra a gravidade, como: balões, foguetes,
papagaios e pássaros. A cegonha mostra-se especialmente adequada
para representar o órgão masculino, com as pernas e pescoços longos e
CONCEITO GERAL
O mito de Édipo
É conhecida a lenda e o mito de Édipo. Ele é a grande vítima de uma
maldição que tinha por objetivo punir Laio, seu pai, Rei de Tebas. Ele
vivera um amor proibido com Cresipo, o qual cometera suicídio, temendo
seu pai, o Rei Pélope. Este diante da morte do filho, amaldiçoa Laio e seus
descendentes.
Laio ouve do Oráculo de Apoio: "Se tiver um filho, será morto por ele e sua
mulher o esposará". Temendo a maldição, quando Jocasta dá à luz, este
poupa-lhe a vida e o entrega a um pastor que o leva ao Rei Pólilo, de
Corinto, sendo criado por ele como filho.
Anos mais tarde Édipo vem, a saber, que é adotivo e, angustiado,
consulta o Oráculo de Apoio, ouvindo dele: "matarás teu pai e casarás
com tua mãe". Desesperado com esta profecia, Édipo abandona o lar. Na
fuga, chega a uma encruzilhada e, num acidente, discute com o cocheiro.
E agredido pelo senhor, reage com grande violência, matando os dois.
Segue seu caminho, isto é, o seu destino.
Chegando a Tebas, Édipo, para entrar na cidade, tem que decifrar o
enigma da Esfinge, monstro que amedronta e mata as pessoas.
— "Qual é o animal que de manhã tem 4 pés, ao meio dia tem dois e
ao entardecer tem 3?" Responde Édipo:
— "O homem, que na infância se arrasta sobre os pés e mãos, na idade
adulta anda e na velhice recorre à ajuda de um bastão." Édipo decifra o
enigma da esfinge e esta, vencida, se atira do despenhadeiro, deixando
Tebas livre. Aclamado pelo povo, Édipo recebe por prêmio a mão da
rainha Jocasta e o trono. Nasce dessa união: Etéocles, Polinice, Ismênia
e Antígona.
Depois de anos de prosperidade, uma peste se abate sobre Tebas.
Consultado, o Oráculo de Apoio diz que o castigo é divino, pois a cidade
abriga o assassino de Laio. Édipo envia todas as pessoas do reino a
procurá-la, disposto a não poupar esforços para encontrá-lo e dar-lhe o
localizada na relação do ego com o superego. Mas essa é apenas uma parte
dela que, por assim dizer, está psiquicamente presa pelo superego e assim
se torna reconhecível; outras cotas da mesma força, quer presas, quer
livres, podem estar em ação em outros lugares não especificados. Se
tomarmos em consideração o quadro total formado pelos fenómenos de
masoquismo imanentes em tantas pessoas, a reação terapêutica negativa
e o sentimento de culpa encontrados em tantos neuróticos, não mais
poderemos aderir à crença de que os eventos mentais são governados
exclusivamente pelo desejo de prazer." (Freud, ESB, vol. XXIII, p. 276.)
É bom lembrar que se trata do Freud de 1937, já em traslado de Viena
para Londres. Como se vê, o sábio, na maturidade, tem a coragem de
submeter-se à autocrítica.
Mas convém prolongar um pouco a questão da culpabilidade como vista
pela psicanálise freudiana, não obstante a permanência de aspectos
obscuros. Perguntemos a Freud: como ele vê os sentimentos de
inferioridade? Que outra coisa seriam se não confissões de culpa?
Assim depõe o Mestre:
Aceitações serão sempre da ESB — Edição Standard Brasileira das Obras
Completas de Freud, publicadas pela IMAGO Editora durante a década
de 70. É conveniente relembrar que esta edição é acusada de
interpretações.
..."complexo de inferioridade" é um termo técnico quase nunca usado em
psicanálise. Para nós, ele não comporta o significado de algo simples
nem, muito menos, de algo elementar.
O sentimento de inferioridade possui fortes raízes eróticas. Uma criança
sente-se inferior quando verifica que não é amada, e o mesmo se passa
com o adulto. O único órgão corporal realmente considerado inferior é o
pênis atrofiado, o clitóris da menina. A parte principal do sentimento de
inferioridade, porém, deriva-se da relação do ego com o superego; assim,
como o sentimento de culpa, é expressão da tensão entre eles. Em
conjunto, é difícil separar o sentimento de inferioridade do sentimento de
culpa talvez seja correio considerar aquele coma o complemento erótico
do sentimento moral de inferioridade. " (ESB. Vol XXII, p. 85.)
Há mais. Em "Além do Princípio do Prazer" (capítulo 3°) Freud analisa
aqueles indivíduos que nunca traem, mas são sempre traídos. Aqueles
que inexoravelmente recebem como paga de seu altruísmo toda sorte de
ingratidões e ofensas. São pessoas perseguidas por uma fatalidade
exterior, uma "neurose de destino". Freud coloca a causalidade desses
fatalismos, no próprio inconsciente. Usa expressões inovadoras como
compulsão à repetição. (Diríamos, hoje, compulsão a um "script".) Mas
acrescenta outra palavra forte, defendendo uma característica
"demoníaca" nas pessoas.
É claro que nem tudo nos sonhos funciona perfeitamente. Pode acontecer
também que, a nível de consciência, inconsciência e pré-consciente, os
efeitos do sonho sejam diferentes. Poderá haver satisfações em um nível
de consciência, ansiedade em outro nível.
Quanto à existência de culpa nos sonhos, o melhor é aproveitar e analisar
as experiências do próprio Freud. Ilustram, com perfeição, a ideia de
culpabilidade.
Posteriormente, Freud institui os conceitos de ego (consciente) e superego
(inconsciente controlador). Mas sempre se serviu dos sonhos para melhor
entender o psiquismo. Acumulando exemplos consegue estruturar os
dois conceitos de condensação* e deslocamento**. São esses que
explicam o mecanismo dos atos falhos, esquecimentos, "lapsus linguae".
Trata-se de atos repletos de ambiguidade, que atendem a desejos
reprimidos sem desafiar as forças restritivas.
Consequência dessa constatação é que a psicanálise tem um componente
determinista. Pois não há casualidade nos atos falhos. Eles acontecem
inevitavelmente no psiquismo.
*Processo que transfere um sentimento, emoção ou desejo de um grupo
de ideias para uma só ideia" (Cabral, 1971,. 79.) **“
... transferência de emoções ou fantasias do objeto a que estavam
originalmente associadas, para um substituto; transferência da libido de
uma forma de expressão para outra." (Cabral, 1971, p. 99) Outra
consequência é que toda a Patologia Psíquica pode ser considerada uma
consequência da interpretação onírica. É a terapia "em vigília", usando a
objetividade da mensagem dos sonhos. Freud o constatou,
4.3.2 — Libido
A libido é tida como força despertadora do prazer. Ego e libido estão
relacionados com o passado mais longínquo do ser humano. Libido,
segundo Freud, está ligada às forças instintivas da vida sexual. Povos
que ambicionaram crescer e dominar foram levados a exercer uma
autonegação dos seus impulsos, sobretudo os excessos sexuais, para
preservar sua autoconservação*. Mais uma vez os tabus ligados à
contenção sexual se prestam a ocasiões de sentimento de culpa.
Em psicanálise o termo libido é hoje usado para:
*Através dos mandamentos, sob a liderança de Moisés, o povo judeu,
sublimou seus impulsos por razões religiosas, valorizou a família
monogâmica e marcou presença na história. Diferentemente das cerca de
10.000 culturas, que, segundo antropólogos, já desapareceram até hoje.
"Qualquer manifestação instintiva que tenda para a conservação da vida
(sinônimo Eros) em vez de morte (sinônimo Thanatos).,. até chegarmos
ao conceito genérico de energia vital" ... ... a definição inicial (de Freud)
já ganhou ressonância histórica: libido é a expressão direta ou indireta
de um desejo sexual". (Cabral, 1971, p. 223)
4.3.6 — Melancolia
A melancolia pode ser incluída na continuação do tema narcisismo. A
partir do narcisismo e do "ideal de ego" surge um "agente crítico"
provocador da melancolia. Esta lembra a ansiedade do fracasso. O
melancólico tem um estado de ânimo derrotista, perde o interesse pelo
amor e sente inibição por qualquer tipo de atividade.
Freud aproxima a melancolia do luto. Neste a perda gira no nível da
consciência. Na melancolia não se tem consciência da dimensão da
perda. E pode transformar-se em estado permanente ou mania. O
melancólico pode identificar-se com seu eu narcisista. Daí brota o ódio
por si mesmo. Este sofrimento próprio tende a conduzir a uma
autossatisfação do tipo sádico. "A autotortura na melancolia, sem dúvida
agradável, significa, do mesmo modo que o fenômeno correspondente na
neurose obsessiva, uma satisfação das tendências do sadismo e do ódio
relacionadas a um objeto, que retornaram ao próprio ego do indivíduo
nas formas que vimos examinando. (...) A catexia erótica do melancólico
no tocante a seu objeto sofreu assim uma dupla vicissitude: parte dela
retrocedeu a identificação, mas a outra parte, sob a influência do conflito
devido à ambivalência, foi levada de volta à etapa de sadismo que se acha
próxima do conflito. " (ESB, vol. I, p. 284)
O próprio ego se abandona pelo fato de ser odiado pelo superego. O
melancólico passa a esperar do superego a mesma salvação que lhe viria
através do pai ou de alguma Entidade Protetora, como o próprio Destino.
Mas vê-se abandonado de todos e prefere morrer.
Se analisados em termos do Complexo de Édipo, o melancólico e o
enlutado se equivalem. Poderíamos pensar no Édipo Rei, se autopunindo
com os dois alfinetes de ouro que usou para cegar- se. E Freud quem o
ressalta "Aqui está novamente a mesma situação que fundamenta o
primeiro grande estado de ansiedade do nascimento e a ansiedade devida
à separação da mãe protetora”. (ESB, vol. XIX, p. 75)
4.4 — O sonho de Freud e o Complexo de Édipo Aí veio o sonho de
outubro de 1987. Como tudo é curioso! A entrada do onírico na sagrada
metodologia científica dá muito que pensar. Os poetas e artistas não se
surpreendem, pois esta metódica lhes é familiar há muito tempo.
Pois a embrionária psicanálise deve muito a um sonho de Freud.
Aconteceu a alguns dias antes do aniversário de morte de Jakob Freud,
seu pai. Deixemo-lo falar.
"Ser completamente honesto consigo mesmo é uma norma. Um único
pensamento de valor genérico revelou-se a mim. Verifiquei, também no meu
caso, o apaixonamento pela mãe e ciúmes do pai, e agora considero isso
como um evento universal do início da infância (...”).
apontam que o desejo da mãe pelo pai orienta a filha para esse amor e ao
filho propõe um modelo com que se identificar. O que a mulher deseja, a
inveja peniana, enfim a definição da mulher em Freud se dá pela ausência
do pênis. Não existe a mulher e sim um não-homem.
6) Outra polemica é se existe de fato um sujeito anterior à sedução,
que não esteja conectado ao amor materno. A maioria dos psicanalistas
divide o desenvolvimento humano em fases, sendo que a existência da
criança precede ao amor à mãe*. Outros teóricos, afirmam que a criança
só o é pela preexistência do amor materno, mesmo em casos de
orfandade, abandono, etc. Haveria na concepção amor e desejo maternos,
impulso suficiente a dar a partida na vida psíquica da criança.
7) De qualquer forma, o amor recupera a alma humana do abismo.
Que o seja da barbárie, da loucura, da morte. A panaceia psicanalítica é
o amor edípico. Uma linha da sociobiologia, que tem certa penetração,
definiria o amor e o Complexo de Édipo como formas de sobrevivência e
perturbação do homem, frente aos desafios da natureza. Nesta linha a
culpabilidade cósmica teria outra dimensão.
8) Como pensamento final nenhuma frase de efeito se faz necessária.
Basta lembrar como a Psicanálise chamou o homem para o centro de
suas reflexões. Vem atendendo ao ideal socrático: só vale a pena ser
vivida uma vida que pode ser examinada.
*É a opinião esposada por Melanie Klein (1972).
Abordagem terapêutica
O TP é uma doença onde fica clara a necessidade da integração entre as
abordagens farmacológica e psicoterápica no tratamento do paciente. Os
ataques de pânico podem ser controlados com medicamentos
antidepressivos em baixas doses. Já os sintomas fóbicos raramente
melhoram espontaneamente, mesmo após o controle das crises,
requerendo uma abordagem psicoterápica.
Os medicamentos antidepressivos, particularmente aqueles com ação
predominante no sistema serotoninérgico (alguns tricíclicos, como a
clomipramina, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como
p. ex. a fluoxetina, a paroxetina e os inibidores da monoamino-oxidase),
e os benzodiazepínicos (especialmente o alprazolam) propiciam melhora
rápida dos ataques de pânico, havendo supressão dos mesmos em
algumas semanas na maioria dos pacientes.
A evitação fóbica requer abordagem psicoterápica, para que o paciente se
sinta seguro para retornar a suas atividades cotidianas, sem as
limitações impostas pelo medo de ter novas crises. Aspectos relacionados
a psicodinâmica da personalidade serão aprofundados visando explorar
situações de conflito que possam ser desencadeadoras das crises. A
experiência assustadora de perda de controle sobre as próprias emoções
parece ser central nessas pessoas.
Muitos dos portadores de TP se descrevem como pessoas medrosas,
nervosas e tímidas na infância, passaram por experiências de desconforto
em relação a sentimentos agressivos, lidando mal com tais sentimentos
e referem que seus pais eram assustadores, críticos e controladores.
Tendo uma personalidade frágil, frequentemente tomada por vivências de
vazio e desamparo, necessitam de um outro para suprir tais funções. É
tarefa do psicoterapeuta auxiliar a pessoa a construir referencias
internas que possam promover melhor integração das vivências,
preenchendo o espaço vazio que tanto a angustia.
Como a própria pessoa reconhece que seus pensamentos ou atos são sem
sentido, ela procura disfarçar tais manifestações, evitando conversar
sobre esse assunto e relutando em procurar auxilio médico psiquiátrico.
O transtorno obsessivo compulsivo inicia em geral no fim da
adolescência, por volta dos 20 anos de idade e atinge cerca de 2 em cada
100 pessoas. A doença pode se manifestar em crianças também. Em geral
a doença evolui com períodos de melhora e piora; com o tratamento
adequado há um controle satisfatório dos sintomas, embora seja pouco
frequente a cura completa da doença. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a prevalência do TOC é de 2% no mundo
inteiro.
Muitos portadores de TOC apresentam também outros transtornos como:
fobia social, depressão, transtorno de pânico e alcoolismo. Alguns
transtornos mentais como a tricotilomania (arrancar pelos ou cabelos), o
distúrbio dimórfico do corpo (ideia fixa de que há um pequeno defeito no
corpo, em geral na face) e a síndrome de Tourette (síndrome dos tics)
parecem estar relacionados ao TOC.
Pesquisas recentes mostram que o TOC é uma doença do cérebro na qual
algumas áreas cerebrais apresentam um funcionamento excessivo. Sabe-
se também que o neurotransmissor serotonina está envolvido na
formação dos sintomas obsessivo-compulsivos. Acredita-se também que
as pessoas que tem uma predisposição para a doença, reagem
excessivamente ao estresse. Tal reação consiste nos pensamentos
obsessivos, que por sua vez geram mais estresse, criando assim um
círculo vicioso.
O tratamento do transtorno obsessivo compulsivo envolve a combinação
de medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos utilizados são os
antidepressivos, em geral em doses elevadas e por tempo bastante
prolongado. A psicoterapia mais estudada é a terapia comportamental,
através da qual o paciente é estimulado a controlar seus pensamentos
obsessivos e rituais compulsivos. Outras formas de psicoterapia auxiliam
o paciente a lidar com as situações de ansiedade que agravam a doença.
Introdução
Há, frequentemente, uma dúvida frequente sobre as diferenças entre
psicólogo, psiquiatra, psicanalista e psicoterapeuta. Embora, estes
profissionais possam trabalhar em campos ligados à saúde mental e
Desenvolvimento psicossomático
Poder-se-ia analisar este assunto levando-se em consideração os pontos
de referência de Freud, Melanie Klein, etc.; abordando-se aspectos
emocionais ou descrever, como é feito nos livros básicos de pediatria, as
diferentes idades em que aparecem fenômenos denunciadores de
maturidade neurológica, projetada no soma da criança, tais como sentar,
ficar de pé, andar, falar, etc.
Entretanto, decide-se deixar de lado tal tipo de exposição, porque
dificilmente alguém conseguiria expressar tão bem o desenvolvimento
emocional da criança, como fizeram os dois primeiros autores, enquanto
o segundo aspecto citado está bem caracterizado nos trabalhos de Gesel.
Tendo o exposto como ponto de partida e levando-se em consideração os
autores, procuraremos discutir o desenvolvimento do bebê dentro de um
contexto psicossomático, porém, representativo dos sinais clínicos
facilmente observáveis em consultórios e trazidos pelas mães. Isto
significa que as manifestações do bebê em sinais clínicos são capazes de
influenciar reações maternas que atuarão de novo no bebê.
Sabemos que a criança ao nascer, vive a fase dita oral e que, nos
primeiros meses de vida, tudo leva à boca, explorando esta área com
intensidade. É comum a mãe estar amamentando e o bebê virar a cabeça,
deixando o seio pelo fato da manta que o envolve tocar algum ponto
próximo da boca. Isto é reflexo, normal, mas às vezes não entendido pôr
quem cuida do bebê. Um comportamento aludido pela mãe foi o seguinte:
Temos certeza de que este bebê, contido pela mãe inicialmente, poderá
passar dessa contenção exterior para uma contenção interna, que
chamamos de sua força de vida, sem qualquer problema ou medo.
Ainda mais, partindo da não-integração para a auto exploração, não terá
necessidade de se manter coeso pôr forças externas e, portanto,
dispensará com o crescimento, naturalmente, as chupetas, o chupar
dedos e outras atitudes e objetos que lhe conferem segurança.
Na medida em que cresce, é claro que, enquanto se auto explora, também
percebe o mundo a sua volta e dirige toda a possível admiração para ele.
Assim, é comum ver um nenê de meses arregalar os olhos quando o carro,
onde está, passa pôr lugares claros e escuros alternadamente. Quem já
não viu uma criança, no seu primeiro ano de vida, olhando a sombra de
sua mão na parede ou a poeira do ar refletida na luz que entra no seu
quarto.
Nesta altura de nossa descrição, precisamos enfocar algo interessante
que, pôr incrível que pareça, suscita dúvidas e ansiedade nas mães.
A partir de alguns meses, o bebê emite sons. São comuns o ah gu, gu,
gu-ru, gr...Ah!!! e isto até que é bem aceito. Todavia, as mães temem que
a emissão de sons guturais irrite a garganta do bebê e o torne doente.
É claro que este medo é devolvido ao bebê pôr parte da mãe ansiosa.
Aqui, de novo, o que é prazer para o bebê tornou-se desprazer para a mãe
que a nível de “transferência” tenta controlar a vida e os sentimentos do
filho. Interessante como essas mães se sentem liberais e verbalizam a
ponta do iceberg, como se ela representasse o iceberg inteiro.
Gostaria que os pais entendessem que o afundamento do navio é
ocasionado pela grande parte do gelo submerso e invisível.
Vejam que a mãe é bombardeada em todos os seus sentimentos pelas
experiências do bebê que utiliza dos seus meios de comunicação
possíveis para expressar o que sente.
Uma fala uma língua que, se o outro quiser enquadrar dentro dos
parâmetros convencionais, o entendimento não será possível.
É o bebê “falando” e mãe tentando entender.
O outro quer impor suas condições convencionais e culturais e o primeiro
busca compreender, não para agradar alguém, mas simplesmente pelo
prazer de conhecer.
É a mãe “falando” e o bebê conhecendo a seu modo, sem ligar para a mãe.
Ou se reveste de imenso respeito pelo bebê ou a relação torna- se
impossível, prejudicial a ele.
Fica claro que, se quisermos falar sobre este assunto até o fim, não
conseguiremos. Pôr isso e para terminar o capítulo, diríamos que essas
primeiras relações são básicas para a saúde do bebê e da família no
futuro.
No restante da evolução esta base vai sempre reaparecer, se foi bem
assentada, sob forma de saúde e se mal assentada, como estigma de
doença.
Bibliografia: MELLO, Adolpho Menezes – Psicossomática e Pediatria –
HEALTH, 1996
breai down foi precipitado pelo nascimento de seu irmão, prova inegável
de que alguém outro ocupara seu espaço pré e pós-natal, e grande parte
de seu tratamento comigo foi dedicado a ajudá-la a realizar um
nascimento psicológico e a diminuir a sua total dedicação à sensualidade
como único tema de sua vida.
Durante sua permanência no útero, Gianni ficava agarrado ao cordão
quase constantemente, ficando rigidamente imóvel, e precisou ser
resgatado pôr uma cesariana, tendo o obstetra comentado sobre a sua
“firme imobilidade”. Gianni continua obsessivamente rígido e se agarra a
rotinas e a pessoas da mesma maneira como se agarrava ao cordão.
É como se, já no útero, ele estivesse se mantendo coeso através daquilo
que Bick descreveu como “formação de uma Segunda pele” (Bick, 1968)1,
e continuou a fazê-lo.
Pina foi um feto audaz e ativo, que se imobilizou depois que um
deslocamento de placenta quase resultou em aborto. Ela continuou a ser
ativa e audaz, embora com uma considerável angústia claustrofóbica,
quase anoréxica, e medo de ser “levada embora pelas águas”.
O fato mais impressionante é que todos os gêmeos heterozigóticos
revelaram diferenças acentuadas nos comportamentos individuais e nos
padrões característicos de inter-relacionamento antes do nascimento,
padrões estes que se mantiveram depois do nascimento. Dividir o mesmo
ventre não pareceu afetar muito o temperamento básico de cada criança,
embora após o nascimento cada um revelasse sinais claros de ter sido
fortemente afetada pelo fato de ter compartilhado seu espaço com um
outro ser.
Enquanto feto Marco foi muito menos ativo e “extrovertido” do que sua
irmã gêmea Délia, e esta diferença se manteve durante a lactância e a
infância, apesar da preferência dos pais de Marco. Marco era maior que
Délia e nasceu primeiro, mas após o Nascimento Délia tomou a dianteira;
Délia continuou a ser uma criança alerta e interessada, enquanto Marco,
como sua mãe disse: “A única coisa que ele deseja na vida é dormir”.
Quanto pequenos, eles comumente colidiam ao passar pôr soleiras de
portas, e Délia, menor e mais ágil, costumava passar primeiro.
Lucas e Alice tinham temperamentos diferentes antes e depois do
nascimento, embora fossem gentis e afetuosos um com o outro tanto
antes como depois. Lucas era menor, mais ativo, foi o primeiro a nascer.
Eles se acariciavam mutualmente dentro do útero, do mesmo modo como
mais tarde, com um ano de idade, viriam a se acariciar, ficando cada um
de um lado da cortina. Aos quatro anos, Lucas estava tomando a
dianteira sobre Alice em suas tarefas escolares e seus contatos sociais.
Seu passado pré-natal está, no entanto, muito presentes neles. Lucas
brinca com carrinhos e faz o carro pequeno ganhar a corrida. Alice faz
Natureza e ambiente
Apesar de considerarmos relevante a interação do herdado com o
ambiente, a maioria de nós tende a ver o indivíduo como moldado
basicamente pôr forças e impulsos intrínsecos ou pôr forças parentais, e
falando de modo geral, forças ambientais.
escuridão a qualquer hora do dia. Quando a sua mãe comenta que eles
agora se odeiam e, no entanto, não conseguem viver um sem o outro,
podemos nos perguntar quanto de sua dependência mútua pode ter sido
alimentada pelo fato de que eles ficavam sempre sozinhos no quarto e pôr
conseguinte cada um podia somente socorrer ao outro, de forma que eles
tiveram que depender um do outro até mesmo para aprender a andar e a
falar.
Muitos dos pais das crianças pequenas também pareciam estar lá para
ajudar. Embora Peter pudesse ter sido considerado como uma criança
“normal” pôr muitos padrões, sua mãe sensível ficou preocupada com o
efeito de seu desprezo pôr ela e pôr mulheres em geral, bem como seu
esforço constante em exercer algum tipo de controle, pudessem ter em
sua vida futura. A mãe de Alexandre, após notar suas reações frenéticas,
quando ainda no seu ventre, a qualquer música dissonante, e mais tarde
preocupada com sua tendência a acidentar-se, o trouxe para tratamento
tão logo pôde, e tinha uma atitude de muito apoio. Embora suas filhas
lhes retribuíssem muito pouco, tanto os pais de Tina-Vera quanto os de
Tilda pareciam prontos a fazer qualquer coisa para ajudá-las.
Infelizmente, as condições destas crianças pareciam estar, desde o
nascimento, além da possibilidade de qualquer ajuda que os pais
pudessem dar. Somente os pais de Thomas haviam criado experiências
traumáticas para ele antes e depois de seu nascimento, mas a atitude
posterior da mãe para com ele melhorou consideravelmente.
1– Bick, E. (1964) ‘Notes on Infant Observation in psycho- analytic
training’,
International Journal of Psycho-Analysis 45: 558-66
2– Breuer, J. e Freud, S. (1893) Studies on Hysteria, Standard Edition of
the Complete Psychological Works of Sigmund Freud (SE) 2.
Bibliografia : PIONTELLI, Alessandra – De Feto a Criança – Imago, 1995
Sabe-se hoje, portanto, que a medicina não mais descobre causas únicas
para as patologias, como s pensou no final do século passado e até
meados deste século. Tem sido descoberta apenas condições necessárias,
mas não suficientes para que a enfermidade adquira seu aspecto e
localização que podem então caracterizá-la naquele momento. Assim, “o
achado de uma causa não nos exime da tarefa de investigar no terreno
dos significados inconscientes, do mesmo modo que o achado de um
motivo psicologicamente compreensível não nos exime da investigação
das causas eficientes através das quais o transtorno se realiza como uma
transformação de configuração dos órgãos e suas funções. Em lugar de
serem incompatíveis, ambas as interpretações da enfermidade podem ser
contempladas como as duas faces de uma mesma moeda”, conforme nos
afirma Chiozza (1995, p. 16)1. No início de nosso século, surgiram alguns
trabalhos de orientação psicodinâmica, como o de Elida Evans, que em
1926, em seu livro A psycholocal study of cancer (apud Simonton, 1987),
relatou, a partir do acompanhamento de cem pacientes de câncer, ter
percebido que muitos destes haviam, pouco antes do aparecimento da
doença, perdido um ente querido ou uma
função social. Evans concluíra que tais pessoas haviam investido muito
na sua identidade em um objeto ou papel individual ao invés de
desenvolver sua própria identidade. Quando perdiam esse objeto ou
função, tais pacientes entravam em contato com eles mesmos, sem terem
recursos internos para isso. Foi a partir de 1950 que começaram a surgir
muitos trabalhos de orientação psicossomática estudando a estrutura de
personalidade dos pacientes com câncer.
Esse assunto tem despertado o interesse de muitos pesquisadores
mesmo em áreas estranhas ao referencial psicossomático. À medida que
se sofisticaram as técnicas de pesquisa, os estudos passaram a incluir
fatores de risco e prevenção; a evolução da doença e tratamentos; os
estudos dos doentes que sobreviveram muito tempo e o luto.
Embora o referencial que aqui se propõe seja o da psicossomática, parece
que cabem alguns breves comentários a respeito de alguns estudos
realizados com outros referenciais teóricos, mas que podem nos subsidiar
nesta exposição. Esses estudos identificam fatores de risco psicossocial
para o surgimento do câncer, dentre os quais o estresse, traços de
personalidade e hábitos pessoais.
O conceito de estresse* foi formulado nos anos 20 deste século pôr Hans
Selye, químico de origem austro-húngaro, que trabalhava na
Universidade de McGill, Montreal< Canadá. Selye, trabalhando com
animais de laboratório, percebeu que quando estes eram submetidos a
situações hostis, das quais não podiam se defender, apresentavam
diversas alterações orgânicas, como o esgotamento de algumas glândulas
*O estresse
Derivada da palavra inglesa stress, o termo era originalmente empregado
em física, no sentido de traduzir o grau de deformidade sofrido pôr um
material quando submetido a um esforço, ou tensão. Em 1936 Hans
Selye introduziu a expressão no jargão médico e biológico, expressando o
esforço de adaptação dos mamíferos para enfrentar situações que o
organismo perceba como ameaçadoras a sua vida e a seu equilíbrio
interior.
Para a adequada compreensão do papel que, ao longo dos próximos
capítulos, se atribuirá ao estresse, às emoções e aos conflitos psíquicos
na gênese das doenças, alguns aspectos fundamentais do estresse – como
originalmente proposto pôr Selye – precisam ser aqui discutidos.
Em primeiro lugar, cabe lembrar que os seres vivos assim permanecem –
isto é, com vida – enquanto conseguirem manter um estado de equilíbrio
interior chamado pôr Cannon de homeostase. Segundo tal concepção,
qualquer percebida pelo organismo nesse status quo seria sentida como
ameaça a sua vida – enquanto sistema organizado – e desencadearia toda
uma situação de alarme e preparação para fazer face ao perigo.
À percepção dessa ameaça, o cérebro emitiria ordens para a mobilização
de defesas e o sistema simpático seria ativado, com a consequente
descarga de catecolaminas no sangue. Imagine-se, para facilitar a
compreensão, a situação hipotética de um rato perseguido pôr um gato.
Ao dar-se conta do perigo, todo o organismo do rato, em resposta à
descarga adrenérgica ordenada pelo cérebro através do simpático,
prepara-se para fazer face à ameaça: o coração “bate” mais rápido e mais
forte, de forma que mais sangue (energia) seja fornecido aos músculos; a
respiração se acelera e, consequentemente, mais oxigênio é disponível;
as pupilas dos olhos se dilatam, e assim o animal enxerga melhor; os
pêlos se eriçam na esperança (vã no caso) de apresentar aspecto
assustador ao inimigo. Todas essas alterações caracterizam o estresse,
ou a tensão a que o organismo do rato está submetido naquele momento
de perigo.
Se não nos parece útil multiplicar os exemplos nem dar pôr extenso as
páginas que tratam do perfil psicológico dos diabéticos, é porque essa
abordagem de tipo fenomenológico globalizante (mas que não é destituída
de referências à moral puritana anglo-saxônica da época) só nos parece
suscitar no leitor sentimentos ambivalentes. Estes nos parecem ter
apenas como equivalente a própria ambivalência do autor que,
entregando-se a vastas generalizações, exprime uma ressalva, ao insistir
no fato de que não se enquadram as pessoas tomadas individualmente!
Os exemplos clínicos parecem passíveis de suscitar a mesma reserva, se
bem que Flanders Dunbar seja capaz de sensibilidade e precisão em suas
observações.
Com G. Engel e seus colaboradores (1955- 1960), a ênfase é posta na
noção de perda do objeto ( real ou imaginária ) e nos sentimentos de perda
da ajuda e da esperança, que a acompanham como elementos
desencadeantes da doença. É o que a língua inglesa pode exprimir em
uma síntese surpreendente pôr meio da dupla expressão: giving up/given
up e helplesness/hopelessness.
Essa abordagem encontrou confirmação nos trabalhos estatísticos feitos
nos Estados Unidos, os quais revelam um aumento significativo da taxa
de mortalidade no ambiente próximo de um sujeito, no ano seguinte ao
de seu falecimento.
A. Mitscherlich (1965) desenvolve, pôr sua vez, a teoria de uma defesa
bifásica: as perturbações psicossomáticas aparecem quando os pacientes
portadores de distúrbios neuróticos não são mais capazes de enfrentar
uma perda de objeto, real ou imaginária, utilizando mecanismos de
defesa neuróticos. È a teoria da ressomatização dos afetos elaborada pôr
Max Schur (1955).
Em suma, para esses autores que, desde Alexander, constituem uma fase
mais científica de trabalhos feitos pôr psicanalistas a propósito de
pacientes com distúrbios somáticos, parece que esses distúrbios sejam
compreensíveis a partir do mesmo modelo que rege o conflito
intrapsíquico, podendo os doentes psicossomáticos parecer, via de regra,
portadores de neuroses particularmente severas.
Nesse caso, estaríamos tomando – se bem que de forma diferente – a
perspectiva antiga especialmente defendida pôr J.
C.Heinroth, primeiro ao introduzir, em 1818, a expressão
“psicossomática” para designar os distúrbios somáticos nos quais a
origem psíquimica seria determinante. Perspectiva que foi rapidamente
combatida pôr F. Jacobi com o termo “somato- psíquico”, buscando pôr
a ênfase na origem puramente somática dos distúrbios, os quais podiam
acarretar, mas apenas secundariamente, repercussões psíquicas.
pulsão sexual sobre a função auto conservativa, uma vez que qualquer
órgão ou parte do corpo é passível de servir zona erógena (Concepção
psicanalítica das perturbações psicogênicas da visão, 1910); mas, além
do mecanismo de conversão, não poderíamos levantar também o
problema da somatizações – naturalmente, dentro de quadro conceitual
já modificado – nas quais seria subjacente um mecanismo que implica
uma transformação do âmbito do desejo para o da necessidade, pôr um
processo regressivo ?
Essa transformação está presente também em outras formações clínicas,
como, pôr exemplo, na toxicomania. Nas adições, conforme já foi
apontado pôr diversos autores, encontra-se uma peculiar distorção da
lógica pulsional na qual, pôr uma estranha metamorfose, as
características mais básicas da pulsão sofrem uma alteração substancial.
Essa “perversão da pulsão” se dá em duas linhas principais: primeiro,
pôr uma fixação exacerbada ao objeto, à moda do fetichismo, transgride-
se a lei da contingência do objeto para a satisfação da pulsão; e, em
segundo lugar, ocorre uma transgressão que busca recolocar todo o
universo do desejo – “eu quero a droga para o meu deleite” – no nível da
necessidade – “eu preciso da droga para a minha sobrevivência”
(Gurfinkel, 1986). A
12.1 A relação
O investigador nada sabe de um paciente que encontra pela primeira vez.
E vai ter que saber muito. Como deverá proceder para conduzir a longa
12.7 Os antecedentes
O interesse pelas origens mais ou menos distantes e pela evolução, na
vida do paciente, de qualquer elemento de sua organização constitutiva,
dinâmica ou econômica, é permanente. Pode dar lugar a uma busca
sistemática, a propósito de períodos ou de momentos relativamente
recentes, ou mais antigos, da idade adulta, da adolescência, da
puberdade, do período de latência, da infância ou da primeira infância:
períodos ou momentos relativos, a maioria das vezes, ou a fatos de ordem
“traumática” (acontecimentos familiares, pôr exemplo), ou a fenômenos
naturais do desenvolvimento (de ordem edipiana inicial, ou da
puberdade, pôr exemplo) relacionados a certas idades determinadas pelo
investigador.
Assim, a atenção recai ao menos:
-Quanto à estrutura, sobre o desenvolvimento organizador do Pré-
consciente e de seus pontos de partida inconscientes: relações com a
mãe, desde a gravidez até um ano, nos setores de excitações e para-
excitações, conforme as funções em ponta evolutiva; separações; mães
substitutas; figura paterna; frequência e idades das mudanças de
situação; acontecimentos que favorecem ou desfavorecem as
organizações da sensório-motricidade, das linguagens e, globalmente, de
todas as ligações internas e externas habituais.
DISCIPLINA 14 ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta
na adolescência ou início da idade adulta. Sua frequência na população
em geral é da ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40
casos novos para cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se
que há cerca de 1,6 milhão de esquizofrênicos; a cada ano cerca de
50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira vez. Ela atinge em
igual proporção homens e mulheres, em geral inicia-se mais cedo no
homem, por volta dos 20-25 anos de idade, e na mulher, por volta dos
25-30 anos.
Quais os sintomas?
A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando diversas áreas
do funcionamento psíquico. Os principais sintomas são:
1.delírios: são ideias falsas, das quais o paciente tem convicção absoluta.
Por exemplo, ele se acha perseguido ou observado por câmeras
escondidas, acredita que os vizinhos ou as pessoas que passam na rua
querem lhe fazer mal.
em forma de vozes. O paciente ouve vozes que falam sobre ele, ou que
acompanham suas atividades com comentários. Muitas vezes essas vozes
dão ordens de como agir em determinada circunstância. Outras formas
de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas podem ocorrer também
na esquizofrenia.
3.alterações do pensamento: as ideias podem se tornar confusas,
desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil de
compreender. Muitas vezes o paciente tem a convicção de que seus
pensamentos podem ser lidos por outras pessoas, ou que pensamentos
são roubados de sua mente ou inseridos nela.
4.alterações da afetividade: muitos pacientes tem uma perda da
capacidade de reagir emocionalmente às circunstancias, ficando
indiferente e sem expressão afetiva. Outras vezes o paciente apresenta
reações afetivas que são incongruentes, inadequadas em relação ao
contexto em que se encontra. Torna-se pueril e se comporta de modo
excêntrico ou indiferente ao ambiente que o cerca.
5.diminuição da motivação: o paciente perde a vontade, fica desanimado
e apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia.
Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente.
Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações da
motricidade, desconfiança excessiva, indiferença, podem aparecer na
esquizofrenia. Dependendo da maneira como os sintomas se agrupam, é
possível caracterizar os diferentes subtipos da doença. A esquizofrenia
evolui geralmente em episódios agudos onde aparecem os vários
sintomas acima descritos, principalmente delírios e alucinações,
intercalados por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos.
Disciplina 16 ALCOOLISMO
Detecção
Alguns questionários práticos foram desenvolvidos para ajudar a levantar
a suspeita de problemas com o álcool. O mais simples deles é conhecido
como CAGE (sigla em inglês, que se refere a palavras das perguntas que
são formuladas) e foi desenvolvido por Mayfield e colaboradores (Mayfield,
D.; McLeod, G.; and Hall, P. The CAGE questionnaire: Validation of a new
alcoholism instrument. American Journal of Psychiatry 131:1121-1123,
1974).
Consiste de quatro perguntas:
1.Você já tentou diminuir ou cortar ("Cut down") a bebida?
2.Você já ficou incomodado ou irritado ("Annoyed") com outros porque
criticaram seu jeito de beber?
Tratamento
O tratamento do alcoolismo é bastante complexo e depende do tipo de
quadro que o paciente apresenta. Em termos genéricos, o primeiro passo
é evidentemente a conscientização do problema e a interrupção total do
uso de bebidas alcoólicas (abstinência). A chamada "desintoxicação" pode
ser feita em casa ou, em casos mais graves, em hospital, mas sempre sob
cuidado médico. Nesse período é feita também a avaliação e o tratamento
dos danos físicos e mentais decorrentes do álcool.
Após a recuperação inicial, segue-se a manutenção da abstinência. A
maioria dos trabalhos mostra que a abstinência deve ser total e completa.
Uma "bebidinha" de vez em quando abre caminho novamente para a
dependência na grande maioria dos casos. Assim é preciso muito esforço
e muito apoio para que a pessoa fique distante das bebidas alcoólicas e
de outros produtos que contem álcool.
Há alguns medicamentos que podem ajudar a manter a abstinência, os
quais devem ser prescritos e seu uso acompanhado pelo médico. O mais
conhecido deles é o dissulfiram. Este medicamento deve ser tomado
diariamente; ele provoca uma reação extremamente desagradável se a
pessoa que o está utilizando ingere mesmo pequenas quantidades de
álcool. Com isto cria-se uma aversão ao uso do álcool. Outros
medicamentos, entre eles o naltrexone, diminuem a vontade de beber e
podem contribuir na recuperação.
AVISO LEGAL
Essa apostila foi produzida pela Sociedade Internacional de
Psicanálise de São Paulo.
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