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CANDIDO MENDES
MATERIAL DIDÁTICO
Impressão
e
Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
CONTEMPORANEIDADE ............................................................................... 34
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 72
3
INTRODUÇÃO
a) Pré-história:
Nesse período da história as doenças eram atribuídas a fatores
espirituais, ou seja, os espíritos ruins provocavam as doenças e somente os
sacerdotes ou pajés das comunidades eram capazes de intervir sobre esses
espíritos. Há indícios desses tratamentos nas pinturas rupestres encontradas
em cavernas e em crânios humanos descobertos por arqueólogos que
apresentavam perfurações (indícios de trepanação, uma intervenção cirúrgica
primitiva onde se fazia um furo no crânio, o qual permitiria a saída dos espíritos
malignos) (STRAUB, 2014).
Com o passar dos anos, há aproximadamente quatro mil anos, há
registros das primeiras associações entre higiene e saúde, e algumas
comunidades passaram a melhorar a higiene pública para evitar a infestação
por vermes (STONE; COHEN; ADLER, 1979 apud STRAUB, 2014).
d) Século XIX
Com o decorrer do tempo, algumas teorias na área da saúde foram se
disseminando, dentre elas destacamos as deias de Pasteur, que realizou uma
série de experimentos para mostrar, por exemplo, como os métodos de
esterilização podem eliminar os germes, os quais não surgem por geração
espontânea, a exemplo do que se pensava anteriormente. As teorias de
Pasteur também serviram para elucidar a ideia de que vírus, bactérias e outros
microrganismos podem invadir o corpo humano e fazer com que o seu
funcionamento torne-se inadequado (STRAUS, 2014).
Pasteur não dispôs de condições adequadas para descobrir quais
microrganismos eram responsáveis por determinada doença, já em 1876,
Koch, através de pesquisas com camundongos, conseguiu identificar o bacilo
causador de antraz em ratos, o que sinaliza um grande avanço na área das
doenças causadas por esses tipos de contaminações (FONSECA; CORBO,
2007).
e) Século XX
Época em que a medicina era mais embasada no estudo da anatomia
e da fisiologia, em detrimento dos pensamentos e emoções. Predomina o
modelo biomédico de saúde, que sustenta que as doenças sempre têm causas
20
Tendência Resultado
1. Aumento da expectativa de vida. Reconhecer a necessidade de cuidar melhor
de nós mesmos para promover a vitalidade
no decorrer de uma vida mais longa.
2. O surgimento de transtornos Educar as pessoas para evitar
relacionados com o estilo de vida comportamentos que contribuam para essas
(por exemplo: câncer, AVE, doenças doenças (por exemplo: fumar e ter uma dieta
cardíacas). com teores elevados de gordura).
3. Aumento nos custos da assistência à Concentrar esforços em maneiras de
saúde. prevenir a doença e manter uma boa saúde
para evitar esses custos.
4. Reformulação do modelo biomédico. Desenvolver um modelo mais abrangente da
saúde e da doença – a abordagem
biopsicossocial.
científica a etiologia das doenças (suas causas e origens); promover a saúde;
prevenir e tratar doenças, além de promover políticas de saúde pública e o
aprimoramento do sistema de saúde pública (STRAUB, 2014).
A tabela a seguir mostra determinadas tendências na área da saúde
que moldaram a psicologia da saúde:
UNIDADE 6 – PSICOSSOMÁTICA
6.1 Definição
Conforme já foi mencionado anteriormente, o estudo da psicossomática
vem propor uma visão diferente daquela enfatizada pelo modelo biomédico. A
psicossomática propõe a compreensão do homem a partir de um olhar
biopsicossocial, ao postular, em linhas gerais, que muitos sintomas e doenças
surgem em decorrência de questões subjetivas, as quais precisam ser
trabalhadas em busca da saúde do paciente.
pessoas costumam não acreditar, por exemplo, em suas dores. Essas reações
negativas das pessoas frente à doença psicossomática deixam o paciente
ainda pior.
O psicólogo hospitalar e da saúde precisa conhecer a psicossomática,
pois em alguns casos, o profissional é apontado como a última esperança,
após idas e vindas a diferentes médicos especialistas sem nenhum sucesso
em seu tratamento. Este profissional poderá trazer benefícios para o paciente
através de um tratamento que visa abordar as causas subjetivas do
adoecimento, ou mesmo para prevenir o surgimento do problema e seu
reaparecimento.
Para a psicossomática, infere-se que cada indivíduo possui um modo
peculiar de viver e adoecer, dessa forma, o tipo de doença e a época em que a
mesma ocorre se relaciona com a história de vida de cada indivíduo, a
natureza dos conflitos intrapsíquicos, a forma de lidar com esses conflitos.
Disso, conclui-se que cada sintoma orgânico possui um significado emocional
para o paciente, sintoma esse que oferece alívio dos conflitos emocionais
(HISADA, 2003).
A psicossomática relaciona-se à lesão do órgão que não cede ao
tratamento. Os sintomas surgem em situações onde ocorrem fatos marcantes
na vida do indivíduo, as quais ocasionam no indivíduo sensação de perda, luto
ou sobrecarga afetiva (JESUS, 2002).
Segundo McDougall (2000), as manifestações psicossomáticas são
compreendidas como dificuldades de simbolização e verbalização de
sentimentos.
A seguir, algumas definições de psicossomática: “Estudo das relações
entre as emoções e os males do corpo”. (HOWARD; LEWIS, 1999, p. 6).
Schiller (2003) mostra que a psicossomática da medicina, da psicologia
e da psicanálise diferem-se entre si. Não é nosso objetivo realizar essas
diferenciações, porém vale a pena ressaltar que a medicina e a psicologia
descendem da visão de Descartes do dualismo entre o corpo e a alma, o que já
foi abordado em outra seção. A psicanálise mostra que, na verdade, a divisão
existente não é entre mente e corpo, mas entre corpo e organismo. Corpo e
organismo são entidades distintas. O corpo é formado pelas representações
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Assim,
a) Transtornos gastrintestinais
Observa-se uma íntima ligação entre as emoções e a alimentação
desde os primeiros dias de vida do bebê, assim, a influência dos fatores
emocionais nos transtornos gastrintestinais é muito frequente.
Nas desordens gastrointestinais, a adaptação harmoniosa da atividade
gastrointestinal ao estado geral do organismo está perturbada. O sistema
digestivo é extremamente sensível às tensões. O apetite envolve-se na defesa
contra a ansiedade e a depressão, fatores relacionados a transtornos como
anorexia nervosa, bulimia e obesidade (HISADA, 2003, p.37). Essas condições
já foram mencionadas num outro momento nesse mesmo material e serão
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pormenorizadas num outro momento desse curso, por isso as mesmas serão
apenas citadas aqui.
Segundo Bitelman (2004), pacientes com queixas de gastrite ou úlcera
duodenal costumam apresentar conflitos relacionados ao trabalho, à vida
familiar e afetiva. Essas questões desencadeiam os sintomas dolorosos
mesmo que o paciente esteja fazendo tratamento medicamentoso.
Outros distúrbios do sistema digestório que se relacionam ao estado
emocional do indivíduo envolvem o intestino: colite ulcerativa, diarreia crônica,
constipação crônica, síndrome do cólon irritável (SII), doença de Crohn.
A colite ulcerativa é um estado de inflamação crônica dos intestinos.
Seus sintomas são dores abdominais, diarreia que pode ser acompanhada de
muco e sangue, desidratação, febre, vômitos, falta de apetite e acentuada
perda de peso. Observa-se que o primeiro episódio da doença ocorre quando o
paciente vive uma situação que requer algum tipo de realização para a qual ele
se sente despreparado. A colite surge como uma saída inconsciente do
indivíduo para a saída que era esperada dele. São pessoas com antecedentes
de dificuldades na expressão da agressividade, com características de
submissão, que apresentam perfeccionismo e rigidez. “Na colite mucosa temos
uma desordem da função fisiológica do cólon causada pela atividade excessiva
do sistema nervoso parassimpático, atribuída à tensão emocional” (HISADA,
2003, p.48).
A diarreia crônica caracteriza-se pelo aparecimento de fezes líquidas
e frequentes, a qual pode aparecer sozinha ou combinada com outras doenças.
É desencadeada pela angústia aguda, em situações em que o indivíduo se
sente submetido a uma exigência excessiva e à agressividade (HISADA, 2003).
A Síndrome do Cólon Irritável ou Síndrome do Intestino Irritável (SII)
apresenta sintomas como dor abdominal e alterações no hábito intestinal
(oscilação entre diarreia e constipação intestinal). Os conflitos psíquicos
apresentados por esses pacientes podem ser oriundos da infância e, em
muitos casos, o médico especialista volta-se apenas aos sintomas físicos,
deixando de lado os fatores emocionais que podem se relacionar à doença, o
que pode fazer com que o tratamento e a cura do paciente demorem ainda
mais (BITELMAN, 2004).
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b) Transtornos cardiovasculares
A hipertensão arterial é uma patologia relacionada à pressão do
sangue contra as paredes das artérias. Segundo a SBH (2014), a tabela a
seguir mostra os níveis das pressões sistólica e diastólica no organismo
humano. Observem quando ela é considerada normal e os casos onde já se
considera que há hipertensão.
Tabela 03: Definições e classificações dos níveis de pressão arterial no consultório em mmHg
c) Transtornos da pele
Ao investigar a história de vida dos pacientes com problemas de pele,
observa-se a falta de contato físico entre mãe e bebê durante o seu primeiro
ano de vida. “Problemas de pele parecem estar relacionados à privação de
contato físico sofrida dos primeiros anos de vida.” Os pais apresentam
dependência e insegurança em relação à sua figura materna; já as mães se
mostram ansiosas, superprotetoras, com hostilidade disfarçada em ansiedade.
Na adolescência esses problemas de pele podem simbolizar a ansiedade
vinculada à heterossexualidade emergente nessa etapa da vida (HISADA,
2003, p.59).
As doenças infecciosas da pele podem ser causadas pela presença de
bactérias, portanto seu tratamento costuma ser antibioticoterapia. Elas também
podem surgir após períodos de queda do sistema imunológico (que sofre
influência do estado psíquico), o que favorece o surgimento de infecções
oportunistas. “Atualmente, muitos profissionais da saúde reconhecem que
manifestações da pele representam uma exteriorização de problemas internos
não resolvidos, de ordem física ou emocional” (BITELMAN, 2003, p.353).
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e) Cefaleia e enxaqueca
Cefaleia e enxaqueca são dois tipos de dores de cabeça. Às vezes
torna-se difícil distinguir uma da outra, mas, dentre os sintomas, enquanto que
a cefaleia tensional se caracteriza normalmente apenas pela queixa dolorosa a
enxaqueca também pode apresentar distúrbios visuais denominados aura, dor
apenas de um lado da cabeça, náuseas e vômitos (VIEIRA, 2003).
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UNIDADE 7 – DOR
Pode-se afirmar que a dor é única, pois cada um sente a dor de uma
forma e sua vivência também é particular. A dor não resulta apenas da lesão
tecidual, como sempre é importante considerar o homem como um ser
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Frente ao paciente com dor é sabido que não cabe ao psicólogo tratar
a dor em si, não basta saber a etiologia da dor, é necessário também buscar
compreender o sofrimento pelo qual o paciente está passando.
podem não ter apenas um componente negativo, podem também trazer algum
tipo de benefício ao doente.
REFERÊNCIAS
JESUS, Maria Ângela das Graças Santana de. Histeria: um conto no corpo;
fenômeno psicossomático: um ponto no corpo. 70f. Dissertação (Mestrado em
Psicanálise), Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2002.
KOERICH, M. S.; MACHADO, R. R.; COSTA, E. Ética e bioética: para dar início
à reflexão. Texto Contexto Enfermagem, 2005 Jan-Mar; v. 14, n.1, p.106-110.
ROCHA, Roseli Lopes da. Aspectos psicológicos em pacientes com dor crônica
In: ANGERAMI-CAMON, Valdemar Augusto (org). Psicossomática e a
psicologia da dor. São Paulo: Pioneira / Thomson Learning, 2001.
SALVATO, Rafaela. Dermatite atópica. S.d. Disponível em:
http://rafaelasalvato.com.br/dermatologia/tratamento-dermatite-atopica-
florianopolis/ Acesso em 22 abr 2015.
SPITZ, Rene. O Primeiro ano de vida. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
TEIXEIRA, Manuel J.; FIGEIRÓ, João A. B.; YENG, Lin T.; PIMENTA, Cibele A.
de M. Tratamento multidisciplinar do doente com dor. In: CARVALHO, Maria
Margarida M. J. de (org). Dor: um estudo interdisciplinar. São Paulo: Summus,
1999.