Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“Mas ainda que essas obras nasçam de tais contextos, seus significados não se restringem a
eles.” além de que “(...) estão sujeitas a um leque de interpretações.” (EAGLETON, 2017).
Podemos considerar que obras como “Gênese” são consideradas por alguns
como fatos, e para outros, como ficção. Em seu texto, Eagleton traz um questionamento
referente à “linguagem de forma peculiar”, “violência organizada contra a fala comum”. O
afastamento, de determinada maneira, da fala com a qual esbarramos em nosso
cotidiano, seja por meio da tessitura, ritmo, ressonância das palavras “superaria o
significado abstrato.” Nesse caso, abordando como talvez, a desconformidade entre o
significante e o significado, tal qual como apontariam os linguistas.
Não se queria definir, de fato, a literatura, mas sim a literaturidade, analisando os usos
“especiais” da linguagem. Ou seja, pelo contexto, de certa maneira se poderia considerar algo como
literário. Entretanto, de fato não há nenhuma propriedade específica para demarcar como tal. Eagleton
destaca que todos os textos, a partir do momento que são trabalhados da maneira correta, podem ser
considerados estranhos.
“(...) ‘literatura' pode ser tanto uma questão daquilo que as pessoas fazem com a escrita como daquilo que a
escrita faz com as pessoas.” (EAGLETON, 1983, p. 10).
“Na maioria dos textos práticos, não temos muita escolha sobre o significado.” (EAGLETON, 2017.)
Já no texto em resumo, o autor menciona que, um texto pode começar em outras áreas,
tais quais como filosofia, história, e posteriormente passar a ser considerado literatura. Isto também é
possível. Alguns textos podem nascer literários, mas outros, se tornar literários. Estamos
longe de ter clara a distinção entre maneiras “prática” e “não prática” de nos relacionarmos com a
linguagem. Por isso, é válido considerar que valor é um termo transitivo. Quando ocorrem
transformações profundas, é possível que devido a estas, sociedades não atribuam valor a
determinadas obras consideradas literatura atualmente. Obras literárias, podem e são reescritas
inconscientemente pelas sociedades que as acessam, de tal forma que classificar algo como literatura
é extremamente instável.
A proporção que, nos deparamos com a ideologia, maneira pela qual o que dizemos se
relaciona com a estrutura do poder e relações de poder da sociedade na qual vivemos.
Portanto, literatura não é apenas aquilo que queremos chamar de literatura. Os juízos
de valor para tal são historicamente variáveis não ao gosto particular, mas aos pressupostos pelos
quais certos indivíduos ou comunidades exercem e mantêm o poder sobre os outros.
Podemos concluir neste breve resumo que, Eagleton pretende trazer pontos relevantes
sobre a questão: O que é a literatura, mas principalmente como defini-la. Mas, também se pode
absorver que, esta questão não pode ser respondida imediatamente com os meios que achamos
“comuns” ou “certos”, e em cada possível tentativa de definição há um ponto a se considerar para
refutá-la. E, esclarece que nem tudo que pensamos que pode ser e que é literatura de fato está correto.
BIBLIOGRAFIA:
EAGLETON, Terry; DUTRA, Waltensir. Teoria da literatura: uma introdução. São Paulo: Martins
Fontes, 1983.