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PROVA DE TEORIA DA LITERATURA

1) O que é teoria?
R: Diante da impossibilidade de defini-la, a teoria da literatura, enquanto ciência
estabelece algumas concepções sobre a forma como era estudada no século XIX,
revelando-se contra o subjetivismo, o psicologismo e os estudos biográficos. Sendo o
subjetivismo uma concepção impressionista, vale ressaltar que a falta do
conhecimento acerca da teoria literária gera uma percepção pessoal e valores muito
próprios com relação a determinado texto literário. Desse modo, Compagnon acredita
que na medida em que a teoria da literatura se propõe a ser crítica, atenta-se, então,
para a desconstrução do senso comum em torno da literatura conforme acontece em
questionamentos como: “O que o autor quis dizer?” ou “Onde está a beleza do texto?”
por exemplo. Nesse sentido o conceito de originalidade se perde ao longo do tempo,
porém, a teoria da literatura se preocupa em combater o senso comum se construindo
contra a concepção literária do que vem a ser “belo”, por ser esta uma questão da
Estética. Questões como essas, são frequentes diante da literatura que se constrói em
paralelo com a pedagogia, tal como a literatura infantil no Brasil principalmente no
século XX, com a proposta de ensinar às crianças as lições de moral e cívica. Assim, a
teoria da literatura tem como objetivo desfazer a ideia romântica de originalidade dos
textos literários, propondo substituir essas questões por outras, pois ler um texto
significa se perguntar sobre as condições de como esse texto é construído. Portanto,
segundo Compagnon a teoria da literatura acontece quando às premissas do discurso
corrente não são mais aceitas como teoria evidente, expondo como construções
históricas tais questões e questionando o senso comum sobre literatura. Nesse
ínterim, a literatura surge com critério de evidenciar o estudo de um texto fundado em
concepções linguísticas, se dedicando aos princípios materiais do texto, desde estudos
de rima à construção de gênero textual.

1) O que é literatura?
R: Existem hipóteses de que a literatura a princípio vem a ser um romance ficcional,
uma escrita imaginativa ou mesmo uma escrita empregada de maneira particular.
Todavia, segundo os Formalistas Russos a literatura é percebida por um critério de
estranhamento, pois quanto menos corriqueira um tipo de linguagem esta se torna
mais literária. Nesse rastro, no esforço de estabelecer a distância em relação ao que
seria não literário cria-se a literariedade, entretanto, esta não se fortalece enquanto
conceito devido à dificuldade de compreensão de “linguagem comum”, bem como,
pela dificuldade de sua definição. Por outro lado, existem várias narrativas que são
consideradas literárias que não obrigatoriamente se configuram a partir de uma
linguagem de estranhamento em relação à linguagem comum. Esse critério de
estranhamento serve como análise sobre determinado texto, porém não concebe uma
investigação literária em todas as suas formas. Sob o mesmo ponto de vista, a
literatura possui uma escrita que não teria uma intenção clara. Nesse sentido, Paul Du
Man considera que “o principal interesse teórico da teoria da literatura consiste na
impossibilidade de sua definição”, pois, a teoria da literatura leva em consideração não
apenas o texto e seu aspecto linguístico ou material, mas também o contexto literário.
Além disso, a teoria da literatura não se preocupa em ensinar a escrever, pois seus
objetivos são tanto a crítica quanto à história. Para tanto, Compagnon concorda que a
teoria da literatura se propõe a questionar a crítica intrinsecamente e a história
extrinsecamente, uma vez que a crítica sugere uma espécie avaliativa enquanto que a
história não está ligada aos aspectos do livro, mas sim com a história de fato. Assim, a
teoria da literatura torna-se um “lugar” de questionamento sobre a função crítica do
subjetivismo. Se dedicando ao questionamento construído a partir da desconstrução
da literatura, ou seja, é crítica da crítica.

2) O que é um autor?
R: O principal sentido de “autor” vem da possibilidade do argumento e da criação de
algo, pois que o autor enquanto contexto literário estaria entre o escritor que está fora
do texto, e o narrador, que está dentro do texto. Segundo Gumbrecht, a invenção da
palavra autor é algo moderno e que nasce quando o homem ocupa um papel central
no campo do saber, criando então, o seu próprio sentido de mundo. Nesse ínterim, a
noção de criação de um ponto de vista na modernidade se torna importante para a
percepção das mudanças na capacidade de raciocínio. Igualmente, o homem tende a
olhar o mundo de forma subjetiva porque em algum momento isso foi inventado pelo
próprio homem e, com isso, é possível concordar com a filosofia Marxista ao dizer que
a noção de que existe um indivíduo diferente do outro é burguesa. Seguindo o mesmo
raciocínio, tal ideia está ligada ao conceito de propriedade, que continuamente vai se
modificando ao longo da modernidade. Por isso, combater a noção de autoria seria
defrontar a ideia de um conjunto de valores essencialmente moderno, logo, o autor se
torna autor a partir do momento em que assina (registra) seu nome em determinada
obra, livro, pintura, pressupondo uma visão particular de mundo. Além disso, a noção
de autor tende a delimitar as funções de um texto, pois o autor é aquele que tem uma
ideia própria de visão de mundo. Nessa resolução, a teoria da literatura busca criticar
a ideia dos sentidos do texto, pois com a “morte do autor” o leitor pode se apropriar
da obra atribuindo-lhe outro sentido. Sobretudo, a função do autor sobre o texto pode
ser modificada com a morte do autor, pelo que diz a sua obra e não a intenção do
autor em determinado texto. Dessa maneira, o autor não tem autoridade em relação
ao texto que escreve, mas sim o leitor, que está lendo e interpretando subjetivamente
tal leitura. Assim, nasce o autor e a intenção subjetiva a que ele se propõe ao verificar
que a intenção de um diálogo é instável, bem como a noção de autoria. Portanto,
percebe-se também que o autor é um elemento que confere estabilidade aos sentidos
de um texto.

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