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HELIONIA CERES, ENTRE HISTÓRIA E A LITERATURA: Rosália das Visões, em

uma análise que desmitifica a Mulher.

Joedsa Wanessa Oliveira1

Resumo: A crítica marxista se ocupa de perceber além da forma literária os detalhes,


e tenta estabelecer conexões necessárias em detrimento de seu principal objetivo que é
explicar uma determinada obra e o que a compõe além do imaginativo. O presente ensaio tem
por prioridade esclarecer sobre como encontrar realidades existentes no conto Rosália das
Visões que compõe a obra literária fantástica de Heliônia Ceres. Trata-se de um estudo inicial
sobre o transito entre literatura e seus conceitos formais, realidade objetiva, história e
sociedade, onde a ênfase está no caminho a ser traçado para dar uma nova leitura a textos
literários, usufruindo da crítica marxista, do método de Marx, e refletindo sobre diálogo, a
investigação de elementos extras formais, para encontrar nessas obras realidades escondidas.

Palavras-chave: História-Literatura-Marxismo

Premissas de análise: Lukács e Eagleton esclarecendo sobre a forma e a totalidade

É um tanto hesitante pensar em como seria uma escrita disforme, em não estruturar
um texto antes de escrevê-lo. Quando escrevo um conto, penso em como ele tem que ser
iniciado mediado e finalizado. Relaciono a priori todos os elementos que vou utilizar e isso
ajuda a dar sentido a escrita, a levá-la adiante. Não é comum também que façamos uma
leitura que não tenha uma organização das palavras, então pensar a literatura sem uma teoria,
é tarefa quase impossível, por mais que algumas correntes de pensamento teórico definam o
que é literatura, outras têm outras definições e dentre elas o Marxismo norteia que definir a
literatura é um trabalho complexo, desafiante, porém necessário. Então pensamos em três
premissas importantes.

Pensar num texto literário de forma crítica, diga-se de forma analítica, não extermina
a ideia de pensá-lo como um texto que não tenha tido uma estrutura pré-determinada, um
modo, uma técnica de como começar a escrevê-lo, definir seus elementos pré-textuais e tudo

1
Professora, graduada em História, e Mestranda no curso de História Social-PPGH, UFAL.
E-mail:joedsa.wanessa@gmail.com.
o que ele irá possuir para ganhar um sentido literário2. De acordo com a crítica marxista
existe uma relação tênue entre escrever e colocar sua escrita numa forma. A forma é
necessária para que a escrita se torne legível, compreensível, isto é, a forma é uma função
estética3 da literatura. Assim como na vida cotidiana, tantas vezes estamos preocupados com
a estética, do corpo, da casa, na arte também há essa preocupação com a estética. Deixar este
trabalho estético, assim como depois da sua pintura seca, o pintor emoldura sua tela, é um
trabalho formalista, assim dialeticamente falando, a forma e o escrito estão em dicotomia,
relacionados ao fim. A relação forma e conteúdo (vendo o conteúdo como sendo as palavras,
enredo, cenário, a estória enfim, elementos que compõe o conto, já abarcando aqui as
determinações e conexões já citadas) existem e não se pode pensar em não haver uma
necessidade mútua dos dois objetos, sim a forma pode ser um objeto e o conteúdo outro, mas
vamos pensar a forma com Terry Eagleton4 quando disse que: “ao selecionar a forma, por
tanto o escritor descobre que sua escolha está limitada ideologicamente.”(2011, p. 54),
percebemos que não pode se negligenciar a forma, ao contrário, é aqui que me permito a
tentativa de explicar o por que de não partir de uma mera interpretação de um texto literário,
ou de recortar suposto elemento formal e produzir uma explicação rasa sobre ele. A produção
de análises nesta categoria, a de análises formais, é limitada, por isso a existência das
abstrações, desta maneira, esse pressuposto que mesmo evidenciando certa crítica, continuará
a esconder informações significativas presentes nessa produção.

A digressão5 das principais funções da literatura, inclusive a sua função estética diante
da questão de um texto possuir uma forma, é extremamente importante na análise crítica que
segue. O viés a ser seguido é o de não limitar a obra as suas questões formais que
representam interpretações e incompletude, diante da vastidão de um complexo que pode ser
um texto literário. Por exemplo: certo personagem tem tais características psicológicas em
função da forma escolhida para o objeto literário, mas até que ponto elas nos interessam além

2
Advindo da literatura, da arte de escrever uma ficção.
3
“lugar do comportamento estético” vide, Prólogo da obra “Estética” em Anuário Lukács 2017, pp.11.
4
Critico literário marxista inglês que escreveu sobre o que é a literatura para o marxismo em Marxismo e crítica
literária, entre outras obras como A ideia de cultura, que faz uma abordagem do que é a cultura e quais suas
modificações teóricas ocorridas de acordo com as mudanças cíclicas da história. A leitura dele me foi de
extrema importância e clarificação sobre as questões de forma, e suas relações com base e superestrutura,
particularmente em seu capítulo forma e conteúdo, o qual estou discorrendo agora.
5
Premissa 1.
de interpretar sua personalidade? Tentar expor mais que uma ideologia, decodificar as ideias
dentro dessa forma, escutar a fala de um personagem, tirá-la do papel, trazer para a realidade
sua “aflição” “angustia”, internalizar e depois externalizar, refletir sobre essa fala, esse
cenário, essa atitude trazem de informação apropriada à descoberta de algo que não está
propriamente dito. E neste caso o desfecho de um conto, romance, enfim, que é pensado
fantasioso, aciona respostas para certas aflições históricas, que vivemos hoje ao longo de
muitos anos de opressão, por exemplo, as de gênero. Essencialmente a análise trata dessas
questões que veem com a História adentrar o campo Sociedade, e o distanciamento da
estética é a uma tomada de consciência necessária, de que o sistema burguês se infiltra nas
mais adversas situações, o chamado Capitalismo6 e toda a degeneração causada pela sua
implantação, sólida, mas não indestrutível. Tomando está posição como ponto de partida,
para compreender que na arte e na literatura também ocorre uma teorização aplicável, algo
sobre “especialidade”, que as colocam em função das ideologias para serem usadas de acordo
às necessidades políticas ou sociais de determinado sistema vigente, no caso do estudo feito,
as observações necessárias sobre a realidade regional das Alagoas, sobre as questões de
gênero, é perspectivar essas leis de uso, dentro do que me é permitido e conhecido. Em
analogia a este uso de uma obra para fins ideológicos, lembro Guernica7 do Pintor Pablo
Picasso, de 1937. Onde a obra foi usada, embora não com tanta clareza, ideologicamente
como forma de manifesto antifascista e ficou conhecida como o marco da arte como livre
expressão na idade moderna, o que representa a análise feita é mais ou menos isso: dialogar8
Rosália das visões com a história e encontrar nela mensagens sociais, que aqui, digam
respeito a questão do gênero feminino na literatura.

6
Expressão a qual me refiro ao atual sistema econômico. O mundo da alienação, da “felicidade” e da
“facilidade”. Para Marx, o capitalismo é o mais alto nível de desenvolvimento econômico que chegou a
humanidade, junto com todo esse glamour vem essa falsa sensação de facilidade que permeia também a arte,
permitindo seu uso para as mais diversas relações. Relacionado à arte, as concepções criadas por este mundo
ocultam as diversas conexões existentes num texto literário, por exemplo, diminuindo seus componentes um a
um e relacionando seu conteúdo a meras relações de uma causa que surte um efeito. Esse foi o mundo burguês
que eu conheci fazendo as leituras na área da crítica literária marxista, o mundo da brevidade, onde tudo é
resumível e simplificável.
7
A obra foi usada para um estudo de caso iconográfico por Carlo Ginzburg, em sua obra Medo, reverência,
terror Quatro ensaios de iconografia política, 2008. Onde há uma introdução da noção de Pathosformel, que é
uma indução de sentimentos feita pelo direcionamento emocional através de imagens. Pare entender a analogia
ler 4. A espada e a lâmpada: Uma leitura de Guernica*, p.70.
8
Premissa 2.
Todavia, creio que não temos aqui a necessidade de entrar em uma discussão sobre as
ideologias, mas é de extrema ordem evidenciar que o meio para propagar qualquer ideia é o
meio ideológico. Voltando a teoria aplicável atrelada aos interesses de dominação, não
poderia ser na arte ou na literatura de maneira contrária, a tudo o que o capitalismo se
apropria, tentando impossibilitar ou ocultar um reconhecimento satisfatório das várias
camadas de realidades existentes em uma obra de arte, aqui no conto de Ceres. E em
entendimento desse conto como um complexo de informações também históricas, de teor
social para a crítica marxista, é notório que a forma literária é uma imposição política que
suprime muitas vezes literalmente as conexões diretas de fato estabelecidas entre a obra e
tudo que lhe adorna, é o estético a ser obedecido, onde há a apropriação das técnicas de
escrita, juntamente com as influências, fazendo com que o conteúdo, a narrativa seja ou não
admirável. As grandes escolas e também o Marx, partem de que as melhores literaturas já
feitas foram as realistas. O Realismo realmente produziu, em alto nível, inclusive no Brasil,
obras magníficas, então não negligenciando a forma, aplicando aqui apenas como a opção
pioneira do leitor para ler o texto, que nela está e só depois da escolha mergulhar no texto e
usar sua subjetividade a respeito de seu conteúdo. E ainda a respeito da forma determinada,
da questão ideológica onde cabem desde os elementos formais à abstração, que devem ser
conciliadas para que haja completude no entendimento do texto, e aqui seu pensamento se
equipara ao de György Lukács9, devido à atenção ao fator de não negligenciar a forma, que
nos vem repleta de conteúdo, que deixa de ser observado, tantas vezes. Elucidando que, o que
se pretende é uma análise crítica, não formal, mas que não negligencia a forma, devido à
questão da essencialidade que esta possui. A análise buscou criar um novo olhar para a leitura
do conto onde o autor é a peça chave, que mesmo se apropriando de uma forma,
sistematizada por uma ideologia, escreve, no caso de Ceres, em seu nível literário, sobre o
que é de fato importante em sua perspectiva de mundo e manda seu recado através da forma.

Até aqui eu tentei clarificar que, tanto para Eagleton como para Lukács existe a
possibilidade de através da crítica marxista em análise, que se concretize o reconhecimento
de que em toda obra de arte, inclusive na literária, existem expressões da realidade. O

9
Filosofo Marxista Húngaro, que se debruçou não só à crítica, mas também se dedicou a superação de
“vacilações e idealismo político, e concluiu suas obras, acima de tudo com a preocupação em torno da teoria do
materialismo. Na literatura dedicou-se à estética e “aos princípios humanizadores da atividade artística e literária
constituíram o ponto alto de sua produção.” Fonte: http://www.institutolukacs.com.br/quem.
conteúdo de um texto literário se molda de acordo com o que se coloca dentro de determinada
forma, mas a forma não irá, mesmo com toda sua bagagem ideológica, determinar
literalmente o que há nele, ou seja, o que se pode ou não dizer ali. Assim entre agora em
evidencia o talento do autor, o que adentra a questão da História Intelectual, e esse talento
para escrever não parte da técnica, ele independe. Assim como se por magia existe a
possibilidade de se fazer uma crítica onde existe a continuidade de um trabalho já feito antes
através de uma análise formal. É como se ao escrever o autor já esperasse esse complemento,
não que a obra seja incompleta, não! Mas a descoberta através do diálogo da obra com suas
conexões externas a sua realidade impressa, que um crítico teve a intuição de desvendar em
através de sua leitura, além de uma interpretação, buscando um conhecimento profundo
sobre. Entendamos que, assim como podemos recorrer ao diálogo metodológico da obra, digo
toda, elementos internos com os externos, como o que se pensa a respeito da mesma, o que se
relata de sua existência dentro da totalidade, as ligações com a superestrutura, também ocorre
à metodologia de camuflagem no corpo textual, o que seria os fatores que impedem a obra de
ser vista como um complexo de informações sociais, o que seria ordinário, a forma já
sabemos também por que ela deve estar lá, agora resta saber o mais importante, o além do
trabalho imaginativo, intelectual10, assim disse Lukács em seu ensaio sobre literatura:

Em oposição aos preceitos burgueses (que se apoiam na concepção tosca e


antidialética própria do marxismo vulgar), é preciso frisar bem que esta concepção
penetra nas raízes mais profundas entranhadas no terreno, mas nem por isso nega a
beleza das flores. (LUKÁCS, 1997, p.41).

Essa afirmação diz muito a respeito da investigação, do método de Marx, e é preciso


ir à essência dos objetos para chegar a uma explicação concreta, sobre ele, que o dignifique e
legitime a subjetividade do crítico. Numa análise crítica realizada através dessa corrente de
pensamento não existe menosprezar, muito menos relevar a forma literária, e é aqui que os
dois teóricos se encontram. Ambos não negligenciaram a forma literária, a crítica marxista
não negligencia de maneira alguma seus moldes e seus elementos em seu corpo textual, ao
contrário, os embute em toda a estrutura da obra em dialética, e ainda a conecta com seu
exterior. Isso significa apenas enxergar além, concluir um pensamento. Interpretações e
análises formais de qualquer texto literário tem seu valor, porém a conectividade com a
10
Sem deixar de especificar que em seus cadernos sobre a questão intelectual Gramsci, reconhece que todo o
trabalho humano é essencialmente intelectual, seja ele demandado de esforço físico ou não. Vide “Os
intelectuais e a organização da cultura”.
totalidade que a envolve dará sua explicação11. Essa explicação é a síntese da abstração.
Então não é a questão fazer um recorte de determinado elemento e analisar, mas sim usá-lo
como ponto de partida para chegar às mais diversas determinações que essa abstração
contém. A limitação ideológica que a forma literária impõe, não é para a crítica marxista uma
dificuldade, mas sim uma determinação a mais dentro desse complexo.

Procede aqui envolver a História enquanto disciplina nessa análise ser um desafio,
porém mesmo sendo escassos os escritos de Marx sobre literatura, deixa-se o viés para o uso
de seu método, o que significa que os estudos literários obtiveram lucro. Mesmo destacando a
ausência de uma obra completa sobre teoria literária, o método deixado é louvável e eficaz
também para estes estudos. Essa citação fundamentada da teoria materialista, da parte de
Lukács acentua a importância enquanto a unidade da História como ciência, e progride dando
espaço a estudos dialéticos em diversos objetos. A escassez de escritos literários de Marx,
não foi impedimento para que surgissem estudos estéticos, literários. Então, com base na
dialética deixada por ele, disse:

Nem a ciência, nem os seus diversos ramos, nem a arte, possuem uma história
autônoma, imanente que resulte exclusivamente da sua dialética interior. A
evolução em todos esses campos é determinada pelo curso de toda a história da
produção social, no seu conjunto: e só com base neste recurso é que podemos ser
esclarecidos de maneira verdadeiramente científica os desenvolvimentos e as
transformações que ocorrem em cada campo singularmente considerado.
(LUKÁCS, 1997, p.12).
A conclusão que se tira, das reflexões acima sobre o método, mesmo com a escolha de
uma forma literária, de uso de técnicas e até mesmo a presença de uma forte teoria literária
muito enraizada, e teorizada em que o marxismo é, ou só pode ser vinculado aos estudos
sobre economia política, é revisada aqui. Dar o entendimento de que toda produção, seja ela
de qual área for, nos pensamentos humanos, ou sobre sociedade, política, e economia, podem
ser estudada através do método de Marx, da dialética, é uma das propostas aqui. Além do
trabalho sociológico, e a questão de se teorizar sobre a Literatura, de se criar aparatos para
estudos, além das questões de isolamento de fato, de separação do que define o que é um

11
Em Eagleton, encontrei o termo explicar, a partir dele, construí toda a minha explicação a respeito da leitura
que fiz do conto “Rosália das Visões”. Nesse sentido, eu não faço uma análise de sua forma e elementos. De
modo mais direto, explico um aspecto específico da sua obra que me chamou a atenção desde a primeira leitura
que realizei de um conto de Ceres, que me pareceu esclarecer questões de gênero e contemporaneidade, em sua
literatura, ao menos em alguns de seus contos. Premissa 3.
texto literário, e todas as suas funções, em termos de formas, gêneros literários, interpretações
unívocas, todas essas maneiras de se olhar um corpo textual, existe também o caminho do
diálogo com ele, e suas determinações objetivas, seu encontro à subjetividade, e sua conexão
com elementos não intrínsecos a ele, é um trabalho investigativo em busca de algo que algo
que não se pode ver, mas que se descobre.

Rosália das Visões: Entre a literatura e a História.

Os dois Mundos

Acima as premissas suscitam um imenso viés sobre novas formas de leitura para as
obras literárias, formas essas que estendem um pensamento além da criação de regras e
conceitos a serem seguidos em análises literárias encontra-se não debate sobre forma e
conteúdo na literatura, onde o diálogo teórico acima afortuna a análise, que obviamente é
também composta pela minha subjetividade, mas também muito mais do que isso, é a
tentativa de aprofundar a leitura do conto Rosália das visões a uma perspectiva histórica.
Identificar recados sociais para determinados leitores é uma das maiores intenções deste
estudo, o que além de imaginativo e literário esse conto possui?

Consideravelmente renomada e homenageada, Heliônia Ceres12, além de contista,


também foi autora de peças teatrais e também contribuiu para a academia, com suas
pesquisas sobre autores alagoanos. Mulher13e muito culta, foi destaque na academia alagoana
de letras, tem uma vasta trajetória não só na cultura local, mas era também especialista em
língua e literatura italiana, teoria literária e linguística aplicada, não cabendo aqui citar seus
grandes trabalhos, de tão numerosos que são.

Meus primeiros contatos com a literatura de Ceres foram de extrema preciosidade


subjetiva, e as minhas primeiras observações, quando iniciei a leitura do livro Olho de
Besouro (1998) composto por doze contos, foi à forma natural, desmitificada, desprovida de
preceitos ou conceitos como aparece o homossexualismo em sua obra. Tema que sempre foi

12
Contista, Pesquisadora, Professora, Intelectual coletiva do movimento feminista e Fundadora do CEDIM
(https://pt-br.facebook.com/cedimal/) também presidiu a Associação Alagoana Pró-Mulher e foi vice-presidente
da Federação Alagoana pelo Progresso Feminino (https://www.historiadealagoas.com.br/federacao-alagoana-
pelo-progresso-feminino.html)
13
Tonada em Simone de Bouvoir.
tradado com ignorância ao largo da história e que é ainda recorrente o tratamento nos dias
atuais. O exemplo da naturalidade veio com a personagem Jacques do conto Meu amor
estrangeiro, que planejava com seu amante algo de ruim para sua esposa. E esse não foi à
única personagem homossexual, travesti, e também transexual, muito menos o único conto
que tratou do tema. Assim como também exibe a factualidade ao criar personagens
femininas, que tomam decisões, muitas vezes complexas, que envolvem coragem e astúcia,
como Rosália, no conto Rosália das Visões, o objeto desta análise. A narrativa fantástica de
Ceres me presenteou com leituras prazerosas, o que é uma das eficácias da literatura, mas
também me abriu a percepção da investigação, o que é um viés da História. Refletir sobre até
que ponto eu poderia encontrar neste conto fantástico, mais que uma criação imaginativa,
encontra-se em sua obra debates ocultos sobre gênero e sexualidade, entre outros, o ocultismo
também. As reflexões sobre uma interpretação histórica de um desses temas me vieram
acompanhada de questões sociais que necessitavam ser discutidas para além da literatura, no
âmbito social. A leitura abrange atmosferas que poderiam passar despercebidas se não
houvesse sobre elas um olhar historiográfico.

A construção da crítica se inicia com o que seus personagens querem falar e serem,
que não poderiam falar e ser na objetividade, na realidade, no mundo real, e aqui estão os
reflexos da vida real. Sei dos desafios de desmitificar a personagem e a narrativa já
denominada fantástica presente nesse conto, e foi por isso que tentei trazer ao máximo o viés
da subjetividade à tona. Em Rosália das Visões de 1984, sua quinta publicação, existe um
forte diálogo entre a sua personagem principal e a força vital de uma mulher real. Devido às
explicações anteriores sobre a literatura e seus conceitos aplicáveis, na teoria literária, é
intrínseca a ideia de que um conto é um composto de elementos que dizem respeito a suas
características e forma, e obedecem todas as regras e seu autor se utilizou de técnicas de
escrita para a sua criação. E essa criação, por ser literária, necessita, além de tudo, do talento
desse autor. Observar que essas análises formais já remoídas caracterizam-se além da
interpretação, implica na fragmentação desses elementos imanentes a obra recortando
personagens, cenários, narrativas, foco narrativo, e outros elementos intrínsecos à obra. Nesta
análise eu preciso de todos os elementos juntos e além de tudo interligados com o mundo
externo ao conto. É uma questão de ir além de uma interpretação. Então lhe convido a olhar
comigo este conto com uma perspectiva, dialética e histórica do gênero feminino.
Ficando claro que o trabalho é despretensioso, revelando-se uma aproximação inicial
em relação ao objeto, e tenta mostrar não aspectos apenas literários desse conto, mas também
históricos. Vamos retomar o pensamento de Eagleton, em suas considerações sobre a forma e
superestrutura, pretendo fazer uma pequena analogia, me apropriando de uma fala de
Nascimento, a qual ela deixa claro que “o fantástico é a primeira inspiração para o estudo” e
nesses dois mundos, o mundo real e o mundo do conto pretendem dar início a análise. Em
seus mais de 22 contos fantásticos, definidos como dentro de todos os padrões de criação
literária, e outros não mesmo ainda que se encaixem apenas tecnicamente. Eu, ao contrário
dos formalistas tenho uma proposta de leitura para esses contos que não se delimitam
diretamente na definição de seu gênero conto fantástico, mas sim, dialogar sobre esses dois
mundos e entender que podemos ler lembrando que além da personagem fictícia e toda sua
estória, existe uma vida objetiva ligada a ele e esse é o segundo mundo. As ligações de
elementos do texto com elementos de fora do papel, o trânsito entre o que é real e o que é
imaginário, é um trabalho fascinante.

Inicialmente é necessário entender e perceber que as conexões entre o texto e o que


está na história, são perceptíveis quando se lê fazendo conexões. Assim: por que isso? Por
que aquilo? Ouro fator importante é ter a consciência de que os dois mundos, o do conto e o
real estão em sincronia, mas que a realidade do texto estará sempre aquém à realidade do
ambiente real. O que faz essas realidades estarem em distinção é o fato de que as técnicas de
criação literárias e as ideologias se infiltram em todas as épocas e lugares. Porém a dialética
possibilita que existam dois mundos em um só, e esses mundos a partir da eficácia da
literatura podem estar em plena conexão, seja a partir das perspectivas do leitor, ou de seu
autor, do seu narrador, do mundo da personagem, enfim sejam expostos através de conexões.
E essas conexões, através do meu olhar, é o caminho a ser seguido para desvendar o quanto
do que se queira no conto e nesse caso, o quanto de realidade sobre o gênero feminino, e a
colocação de Rosália enquanto mulher nesse conto, de uma autora também mulher, pode
existe nele e diante dos olhares sobre a forma literária, incluindo a assertiva de Eagleton,
explicando o entendimento de Lukács, sobre as formas degenerativas de se fazer análise
literária, e concluindo uma das outras formas mais viáveis pode ser a análise feita através da
observação de historicidade que lhe é atribuída, de forma já condensada, já que o pressuposto
aqui é garantir que a História é uma ciência primordial ao estudo do homem, em suas
sociedades. Assim a perspectiva dessa análise é entender algo que nela possa ser de valor
para a construção histórica, nesse caso na história das mulheres, aqui se encaixa o que seria o
tempo real que Ceres (ou seu narrador) escolheu para deixar no conto Rosália das visões
vestígios de suas ideias, de como gostaria de agir, e a escolha da forma regida pela ideologia
açucareira e patriarcal alagoana, poderia limitar sua escrita. O que estou tentando deixar claro
é que isso não aconteceu, essa ideologia foi perfurada pela sua escrita. A forma escolhida por
ela, o enquadramento em um gênero, não limitou sua obra, nem a impediu de agregar valores
reais a sua escrita criativa, ao que é denominado por criação literária, obra fictícia e etc.
Ainda segundo a forma, o que impediria esse desenvolvimento, essa perfuração até as raízes e
por que não sementes que geraram essa obra, é a dissociação dos elementos de uma
determinada obra, causada pela conjectura econômica que vivem as sociedades, e também a
individualização em geral, que impossibilitam de certa forma uma verdadeira compreensão,
explicação, ou um diálogo que ela possa ter com o mundo real e objetivo em sua atuação
como intelectual e feminista.

A questão também é confluente com o fato de interpretar. A interpretação é um fato


em uma leitura. E com esse fato vem à questão de que nem toda interpretação será igual, cada
leitor terá a sua. E aqui está a alienação. Cada leitor vai ler e interpretar a obra de acordo com
suas possibilidades, e também de acordo com sua atuação na sua sociedade. São várias as
formas de perceber e ler. É importante interpretar, porém só essa via a ser seguida se torna
perigosa, temos que alcançar o pensamento de que as ideologias capitalistas se infiltram em
vários nos mais diversos espaços e também pode estar num texto literário. E assim surge a
motivação para explicação do que foi lido, e não findar em interpretar. Ainda aqui, está
presente a questão das limitações das análises formais, ideológicas, ou analógicas. Essas
causam a perda do significado real, talvez histórico, talvez o recado que o autor queira dar
para a sociedade que o lê. Assim a crítica marxista tem a função de desmantelar ideias do
formalismo especializado, do que foi evolutivo de forma degenerativo ao real significado
literário encontrado em Raymond14. Existe na crítica marxista a proposta de quebrar o

14
O estudo do ensaio é inicial, é algo o que pretendo maturar, mas não poderia deixar de citar Raymond
Williams (1921-1988) que foi um novelista, nascido no Reino Unido e que contribuiu para com o marxismo
suas ideias sobre cultura e literatura. Formado na Universidade de Cambridge, me foi de grande valia ler sua
obra Marxism, estructuralism and literary analysis, 1981, onde percebi através de suas palavras que sua escolha
pela literatura não foi uma alternativa consciente, assim como também não foi para mim. Essa leitura me foi de
silêncio ideológico que é imposto ideologicamente num texto literário. Assim me faço
entender: “ A tarefa do crítico não é a de completar a obra, mas de buscar o princípio de seu
conflito de significados e mostrar como tal é produzido pela relação da obra com a
ideologia.” (EAGLETON, PP.69, 2011).

Assim esclarecidas às questões acima, eu me debruço cuidadosamente, sobre o que


podem me dizer elementos extraordinários a leitura, a obra, e a conexão entre o mundo de
Ceres com o mundo de Rosália, ocorre através do elemento intrínseco, ao texto: o narrador.
Conectar o mundo de Rosália com o mundo de Ceres não é tão difícil. Essa conexão pode ser
concretizada observando aspectos da vida social, visão política, posição social da autora e as
atitudes da sua personagem. Assim tenho que enfatizar que em sua trajetória pelas letras, a
autora foi muito premiada, sua carreira de escritora não só de contos, mas de peças teatrais e
romances, fez parte de inúmeros projetos. Fez parte do Gogo da Ema, participou de várias
lutas e resistências de mulheres na história do estado de Alagoas, em suas atividades em prol
da luta das mulheres é algo que vejo como relevante nessa construção, aliás, foi de onde
surgiu a minha inquietação. Então para pensar o mundo de Ceres no conto, o que é narrado,
sua posição na sociedade que vivia me diz muito sobre sua obra, e não apenas por interpretá-
la como já foi mencionado, mas sim através da pesquisa sobre sua atuação em vida social. A
escolha do texto “Rosália das visões” não foi aleatória, e também não permissiva a
demonstração de erros de interpretação e muito menos de análises anteriores. Mas sim por
poder ter a oportunidade de mostrar a nova leitura da obra, apresentando alguns detalhes
ainda não de todo explorados, antevendo seus precedentes nas causas femininas, e retratando
mais que uma escritora em Ceres, e para entender o recado dela ao seus leitores, é necessário
observar seus inúmeros cargos e entre seus vários trabalhos, destacando a sua atuação como
presidenta da associação Alagoana pró mulher, vice-presidenta da Federação Alagoana pelo
Progresso feminino (FAPPF), conselheira do Conselho Estadual de Defesa dos direitos da
mulher,(CEDIM) Diretora da Gazeta Feminina e tendo em vista essas atribuições além de
mulher, mãe e professora, não pode ser ignorado o achar que seus contos são relatos de
experiências que ela possa ter passado ou viu em sua atuação, ou que viu alguém passar, sem

grande valia para continuar meu estudo sobre meu tema que é apenas um prelúdio de uma tese a qual pretendo
me ater com mais profundidade.
por a prova seu talento, juntamente com ele a ideia de elevar sua obra, na qual conseguiu
adicionar um conteúdo progressista e contribuir para a História das Mulheres na sociedade
usando suas personagens femininas, e até outras gays, travestis, tornando as suas narrativas
atuantes na sociedade do mundo conto, e quebrando o silencio ideológico, fazendo essas
pessoas serem vistas no mundo real, através da literatura. Assim a militância feminina ativa
de Heliônia Ceres precisou, em minha análise, ser legitimada aqui, e por isso a decisão de
explicar a personagem Rosália através de esse olhar.

Quem é Rosália?

Na análise sobre a personagem Rosália, em sua reconstrução, a partir de uma


perspectiva histórica, é necessária a observação da militância feminina ativa de Heliônia
Ceres e os estudos sobre os perfis das mulheres em determinadas épocas. Esse fato pode ser
legitimado nesse novo olhar, na ligação subjetiva que há entre a personagem e sua vida no
mundo do conto e a interferência da vida real da autora que está no mundo objetivo. No conto
Rosália das visões, sua escrita pode não possuir ao certo uma ligação psicológica direta com
a obra e a sua realidade, não se trata da autora ter tido a influência de sua própria vida na
escrita dessa obra, ou de alguém a quem tivesse proximidade, mas sim a possibilidade de
haver uma relação entre a obra e as realidades histórica das mulheres, ao curso da História.
Os contatos sociais de Ceres e sua atuação política em sua atuação nos vários setores que ela
esteve à frente estão todos ligados à defesa da mulher. Ainda que a crítica marxista negue as
relações diretas e mecânicas, necessário saber que há uma influência dessas bases ideológicas
da autora em sua escrita.

Na leitura do conto Rosália das visões encontra-se além do que lhe é intrínseco a obra
e a forma literária sobre o que já observamos nas quais me fazem chegar a respostas para
algumas indagações sobre a personagem Rosália. Existe a narração de uma lembrança de
Rosália que me remete ao Contexto Histórico do Brasil oitocentista, quando vestiam os
mortos com as roupas de seus santos devotos, os mortos de boas condições financeiras, e
eram expostos na igreja, “Novamente a Lembrança de Rosália na igreja, o caixão branco
vestida de santa.” (CERES, Rosália das Visões, [doravante R.V], PP.5). Vê-se também nesse
trecho da narrativa outro ponto importante “Sinto que por tudo isso Irineu me ponha no asilo.
Ele já me pôs uma vez para ficar com minhas terras, que horror!” (R.V. PP.6) a mulher
fragilizada de um relacionamento, Rosália, uma mulher, oprimida por um marido? OS pontos
reais do conto são a variação de posição dos bancos da igreja, e o corpo de Rosália em estado
de decomposição, esses são elementos fundamentais para a evasão do conto para a realidade,
e uma determinação do passar do tempo na narrativa, é aqui que me atenho ao ser histórico
que Rosália representa. Aqui culmina o cerne da minha questão: desmitificar através dessa
análise Rosália encontra-la através de abstração na História. A abstração vai existir pelo fato
de haver um vácuo ideológico que leva Rosália a ser um mistério no conto. Ainda
percebendo a relevância histórica do conto, no campo da História Social, onde se encontra
Rosália num caixão no meio de igreja sendo velada por tantas outras almas sem face, pessoas
que recorriam à religião como forma de consolo–a narrativa mostrando sinais da vida privada
de uma mulher– “Rosália estava morta, vivera sempre tão sozinha ali permanecia no átrio da
igreja parodiando sua vida” (R.V PP.5) o resumo da vida de Rosália é sua morte, no conto ela
viveu e morreu, passou pela vida sem que pudesse ser percebida, o retrato não tão antigo de
uma mulher no meio social.

Sartre, e a existência, no conto.

A ideia de Sartre15 no conto, não é tão só atribuída à atmosfera do conto, a ideia de


existência, e suas peculiaridades, como também ao nível intelectual da autora, e dentro do
conto a frase “A existência não é qualquer coisa que se deixe conceber de longe: é preciso
que seu sentido nos penetre, se detenha em cima de nós, ponha-nos um peso intenso no
coração, como um grande animal imóvel, porque a não ser assim nunca se saberá o que ela
é...” (R.V PP.8) desmitifica a ideia de que a mulher, a mulher como ser social e ativo na
história, não existe para viver como viveu Rosália, a existência histórica da mulher se torna
aqui base para o entendimento não só do que a análise formal no texto, mas também nos dá
uma brecha para a história aparecer. Se houve uma modificação nos bancos, houve um passar
de tempo e o tempo é cíclico, Rosália estava morta, mas a mulher de Irineu – a personagem
representante do machismo de uma sociedade cheia de vestígios patriarcais – uma mulher que
fala de existência e lê Sartre não nasceu, nem teria mais potenciais históricos, correntes
ideológicas para passar pela vida sem deixar sua marca. Uma mulher como tantas outras que

15
Filosofo Francês representante do Existencialismo. A questão intelectual para Sartre era vista como
representação e assiduidade ativista dentro da sociedade. Vide, O Existencialismo, sua obra de 1946 publicada
na França.
estava a ver Rosália num caixão, e que aprendera com elas o que eram os ruídos da solidão.
Rosália que talvez tenha sido uma santa, católica, exemplo de pureza e sua exposição na
igreja seria o preço a pagar ao exemplo que foi em vida, e esse espelho que era Rosália se
torna uma sombra, para outras mulheres que vivem épocas difíceis em vida e assim “Dos
16
compartimentos vazios, dos lugares desertos das palestras mortas” dos pensamentos sem
eco jamais liberto dessas lembranças que restavam de uma vida sem passado, por isso vinha
rezar. Era uma boa coisa a fazer em meio à vida sem maiores ocupações. E assim Rosália era
um espelho morto da vida de sua observadora, que passa a refletir sobre sua vida através da
imagem de Rosália. Em sua forma escolhida a autora nos deixa transparecer que sua atuação
política na vida e seu posicionamento em favor das mulheres, através não só da imagem de
Rosália, mas nessa mulher –narradora– que se encontra perdida, amedrontada, solitária e
omissa a si. Essa tomada de posição é crucial para que se desfeche o conto também de uma
maneira não só finalista, mas também histórica, onde realidades do conto fantástico, dos
bancos que mudam de posição na igreja, no corpo sem carne de Rosália, saem da atmosfera
fantástica e traz a tona uma historicidade de uma dentre tantas mulheres as quais Heliônia
Ceres pode ter tido ávido contato.

No desfecho do conto: “Vamos resolver o caso de tuas terras, não temas nada” onde a
narradora fala para ela mesma como se fosse Rosália, em uma tomada de consciência de
existência, “Qualquer motivo que as houvesse trazido á igreja se apagava (...). Resolvera ser
igual a todos os outros, pôr o grande peso no coração e assumir coisas imprevistas. Através
desse ato de revolta, passaria finalmente a existir.” (R.V. PP.9) o feminismo aparece neste ato
de coragem de ir à busca das soluções de seus dilemas e tomar suas decisões. Assim esse
tempo do texto é o tempo propenso à ligação do mundo imaginário ao mundo real, ao mudo
da autora feminina, aqui as palavras do papel se misturam com o ambiente real e objetivo,
cotidiano de Heliônia Ceres. A hora em que o tempo se mostra cíclico, e desfecho real entre a
forma e o que cabe nela, a escolha de Ceres, desse tipo de forma literária para ir além dos
pensamentos de uma época, uma mulher que não poderia ser mais uma Rosália, onde seus

16
Ver o conto Rosália das Visões também no livro: O olho de Besouro, pp. 5-9. HD livros e Editora, publicado
em 1998, nesta publicação há um Caderno de tarefas e um manual do professor, um paradidático para a
disciplinas de Gramática e Literatura, para alunos do ensino médio.
“olhos se tornariam mais claros, os ouvidos mais nítidos e de sua mente escapavam, uma por
uma todas as sombras da igreja, até mesmo se apagava a sombra de Rosália”. (RV.PP.9)

Está era Rosália, Rosália das Visões, que causou visões, a mulher caricaturada do
Patriarcado, o exemplo de pureza a ser seguida, a mulher oprimida pelo marido, com posses,
mas sem voz, a mulher adoecida pela repressão de seus próprios desejos, uma das tantas
mulheres que passaram pela vida sem ter “a quem dizer alô” 17
. Essa mulher que não era
Heliônia Ceres, mas também foi uma mulher que não devemos ser ou se tornar18 enquanto
mulheres ativas socialmente, seres históricos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CERES, Heliônia. Rosália das visões. Editora Canopus, 1984.

CERES, Heliônia. Olho de Besouro. Editora HD livros, 1998.

COELHO, Aurelino. A dialética na oficina do Historiador: Ideias arriscadas sobre

COUTINHO, Carlos Nelson. Luckás Proust e Kafka: Literatura e Sociedade no século


XX. CV. Brasileira, 2005.

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EAGLETON, Terry. Teoria da literatura um introdução. Editora Martins fontes São


Paulo

EAGLETON, Terry. Marxismo e Crítica Literária. Editora UNESP, 2011.

ESTEVÃO, Adriana Gisele (PG-UEL) e DUARTE, Patrícia Cristina de Oliveira (UENP/CJ-


PG-UEL). Uma proposta de análise dialógica do conto a moça tecelã, de Marina Colasanti.

17
Ver no conto pp.7
GINZBURG, Carlo. Medo, reverência, terror: Quatro ensaios de iconografia política,
2008.

LUKÁCS, Georg. Ensaios sobre literatura. In: Introdução aos Escritos Estéticos de
Marx e Engels. Tradução de Leandro Konder- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A,
1945.

MASSAUD, Moisés. A criação literária. Editora Melhoramentos.

NASCIMENTO, Maria de Lourdes. Conto: O ponto de encontro e do espanto na


narrativa fantástica de Heliônia Ceres. EDUFAL, 2011.

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USP, São Paulo, n.65, p. 210-224, março/maio 2005.
WILLIAMS, Raymond. Palabras- chaves- um vocabulário da cultura e da Sociedad-
Ediciones Nueva Visión.
WILLIAMS, Raymond. Marxism, structuralism and literary analysis. Editora NLR,
1981.

FONTES ON LINE:

http://www.institutolukacs.com.br/quem;

http://cpdoc.fgv.br/equipe/LucianaHeymann

https://www.facebook.com/cedimal/ .

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